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MicroRNA

Os microRNAs (miRNAs) são pequenas moléculas de RNA, entre 17 a


25 nucleotídeos, que não codificam proteínas. Essas moléculas ganharam
grande destaque depois da descoberta sobre a sua atuação regulatória na
expressão gênica, como também a relação com vários processos biológicos
descritos na maior parte das patologias humanas. (Jorge et all., 2021)
O mecanismo de ação dos miRNAs é por meio do reconhecimento e
pareamento nos RNA mensageiro (mRNA) alvo, de acordo com a sua
afinidade, ou seja, a complementariedade, modificando o padrão de tradução
dos mRNAs. O pareamento pode ser parcial ou total, tendo a sua força de
interação influenciada pela complementaridade. (Jorge et all., 2021)
As regões onde os miRNAs se ligam no seu alvo são principalmente na
região 3´ não traduzida (UTR), a 5´UTR e até mesmo nas regiões promotoras
do mRNA-alvo. Quando há miRNAs que se ligam na região promotora de um
gene, irá resultar na ativação de sua expressão, mas se os miRNAs se ligarem
nas outras regiões, irá causar o efeito contrário, inibindo a expressão gênica.
As interações entre miRNAs e mRNAs podem resultar na degradação ou na
inibição permanente da tradução, diferenciando apenas no tipo de pareamento,
total ou parcial, respectivamente. (Jorge et all., 2021)
As consequências biológicas de variações em um determinado miRNA
podem ser diferentes, já que cada mRNA pode ser alvo de mais de miRNA,
podendo afetar vários tipos de células, sendo fundamental o considerar o perfil
de mRNA transcritos. Para saber qual o efeito exato de um miRNA específico é
necessário analisar a interação do miRNA com o mRNA-alvo e outros mRNAs
que o mRNA-alvo também interage. (Jorge et all., 2021)
Os miRNAs não estão presentes somente no interior da célula, mas há
aqueles que são liberados para fora das células, sendo encontrado circulando
em diversos fluidos, sendo, nesses casos, chamados de miRNAs circulantes
(c-miRNAs). Os c-miRNAs parecem desempenhar um papel importante na
comunicação intercelular, tanto em processos fisiológicos como em
patogênicos. (Jorge et all., 2021)
O primeiro relato da detecção dos c-miRNAs foi em 2008, descrevendo a
presença do miR-155 e miR-21 em diferentes porções no soro de pessoas
saudáveis quando comparadas com pacientes de células B. Depois disso, foi
notado a presença de c-miRNAs em vários outros fluidos, como: fluido seminal,
colostro, urina, saliva, leite materno, lágrimas, líquido amniótico, secreção
brônquica, plasma, líquido pleural, líquido peritoneal e líquido cefalorraquidiano.
A presença dos c-miRNAs em vários fluidos corporais mostra a capacidade de
transferência horizontal, desempenhando uma função pleiotrópica, já que
podem causar efeitos biológicos a curtas e longas distâncias. (Jorge et all.,
2021)
A liberação e o mecanismo de ação dos c-miRNAs é controlado e
evidência um perfil específico em cada fluido corporal, que podem ser usados
como marcadores biológicos, já que podem acarretar variações particulares em
células distintas. As principais vantagens do uso de c-miRNAs como
marcadores biológicos é são alta especificidade e sensibilidade dessas
moléculas; facilidade de obtenção de amostras e alta estabilidade. Isso facilita
a manipulação e exploração como ferramenta, mas a falta de protocolos
padronizados limita o seu uso na prática clínica, principalmente pela carência
de normalizadores universais que possam quantificar os c-miRNAs nos fluidos,
com intenção de comparar os resultados. (Jorge et all., 2021)
Nos indivíduos com transtorno do espectro do autismo (TEA) os perfils
de expressão dos miRNAs são degradados e matrizes diferentes, incluindo
saliva, sangue e tecidos celebrais. Um estudo realizado em amostras de saliva
de dois grupos, um com indivíduos com TEA e outro grupo com indivíduos sem
TEA, identificou um painel de quatro miRNAs expressos diferentemente entre
os grupos. Outro painel de cinco miRNAs salivares mostrou uma precisão de
90% na detecção de distúrbios do desenvolvimento, incluindo TEA. (Masini et
all., 2020) (Hicks et all., 2020)
A regulação negativa do miR-6126 foi detectada em amostras de sangue
de adultos com TEA. Da mesma forma, Ozkul et al. identificaram uma
diminuição consistente e uma ligeira redução em seis microRNAs (miR-19a-3p,
miR-361-5p, miR-3613-3p, miR-150-5p, miR-126-3p e miR-499a-5p) no soro
amostras de crianças com TEA e seus familiares não afetados em comparação
com controles saudáveis. (Masini et all., 2020) (Ozkul et al.,2023)
HICKS, S. D. et al. Saliva microRNA differentiates children with autism from
peers with typical and atypical development. Journal of the American
Academy of Child & Adolescent Psychiatry, v. 59, n. 2, p. 296–308, fev.
2020. Acesso em: 12 nov 2023. Disponível em:
https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0890856719302102#abssec
0010

JORGE, A. L. et al.. MicroRNAs: understanding their role in gene expression


and cancer. . Einstein (São Paulo), v. 19, p. eRB5996, 2021. Acesso em: 11 nov
2023. Disponível em: https://doi.org/10.31744/einstein_journal/2021RB5996
MASINI, E. et al. An averview of the main genetic, epigenetic and
environmental factors involved in autism spectrum disorder focusing on synaptic
activity. International Journal of Molecular Sciences, v. 21, n. 21, p. 8290, 5
nov. 2020. Acesso em: 12 nov 2023. Disponível em:
https://doi.org/10.3390/ijms21218290

OZKUL, Y. et al. A heritable profile of six miRNAs in autistic patients and mouse
models. Scientific Reports, v. 10, n. 1, 9 jun. 2020. Acesso em: 12 nov 2023.
Disponível em: https://www.nature.com/articles/s41598-020-65847-8

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