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Curso EAD sobre

Saúde Planetária

Módulo 2
Ondas de calor e estresse
por calor
Objetivos deste módulo:

• Definir o conceito de ondas de calor;

• Reconhecer sinais e sintomas de pessoas sofrendo com ondas de calor;

• Compreender o impacto das ondas de calor na saúde;

Lembre-se de acessar o glossário para conferir o significado das palavras destacadas


no texto. Esta é uma ferramenta importante para você relembrar as definições.

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Caso
Estamos no mês de janeiro em Cuiabá - MT e esta semana está sendo uma das mais quentes

do verão de toda a história de registros meteorológicos, chegando a 43ºC. Maria tem 70 anos, é

obesa, hipertensa, apresenta varizes nas pernas. Usa alguns remédios para diminuir sua pressão

de difícil controle - entre eles um diurético. Ela procura a Unidade de Saúde Guimarães do seu

bairro junto da filha, Marlene, por tonturas ao se levantar nos últimos dias. Num desses eventos,

teve uma queda da própria altura em seu quarto. Foi avaliada na Unidade de Pronto Atendimento

e recebeu alta com um remédio para labirintite e indicação de procurar sua Unidade de Saúde

Tuiuiú para encaminhá-la ao otorrinolaringologista para investigação. Marlene reclama que sua

mãe não ingere água suficiente: só toma um pouco de refrigerante “diet” no almoço. A paciente

apresenta um hematoma na fronte e edema nas pernas que passam um pouco dos tornozelos,

Pressão Arterial 100/60 mmHg (10 por 6) e uma Frequência Cardíaca de 64 batimentos por

minuto e Temperatura Axilar 37,°C. A Ausculta Cardíaca e Pulmonar estão normais. Quando

deita e levanta da maca, sente-se como se fosse desmaiar, em nenhum momento durante o exame

físico sente o ambiente girar. O profissional diagnostica lipotímia postural devido aos vários

medicamentos que usa e desidratação acentuada pela onda de calor.

O que a vida de Maria tem a ver com a temperatura do ambiente?


A comunidade está vivendo uma onda de calor?
Qual o papel do profissional da saúde nesta situação?

Descubra ao longo do texto a resposta para essas perguntas.

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O que é uma onda de calor ou evento
extremo de calor?

Não existe uma definição universal do que é uma onda de calor, ou também chamada de
evento extremo de calor, porém de uma maneira geral uma onda de calor é um período de
tempo excepcionalmente quente que normalmente dura dois ou mais dias. A definição de
ondas de calor considera critérios climatológicos e de saúde pública, baseada no potencial de
condições climáticas quentes resultarem em um nível inaceitável de efeitos na saúde, incluindo
aumento da morbi-mortalidade, já evidenciado por diversos estudos.1 Para ser considerada uma
onda de calor, as temperaturas devem estar fora das médias históricas de uma determinada

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área.2 No entanto, a temperatura é apenas um componente da onda de calor, que também
depende da umidade, velocidade do vento e carga da irradiação. As condições climáticas que
podem resultar em riscos à saúde dependem da sensibilidade, aclimatação e adaptabilidade da
população ao calor extremo - ou seja, a vulnerabilidade ao calor.3

Assista ao vídeo “Ondas de calor” produzido pelo Lancet para entender um pouco mais o assunto.

Ondas de calor no mundo? E no Brasil?

Os principais caminhos pelos quais as mudanças climáticas prejudicam a saúde incluem


efeitos diretos, como os do aumento da exposição a altas temperaturas ambientes; efeitos
mediados por sistemas naturais, como efeitos em doenças transmitidas por vetores; e efeitos
mediados por sistemas socioeconômicos, como as consequências para a saúde do aumento
do empobrecimento.4

Todos os anos milhões de pessoas são expostas aos perigos dos extremos de calor e ondas
de calor que podem ser letais. Em 2017 aconteceu um aumento de mais de 18 milhões de
exposições a ondas de calor de pessoas vulneráveis em relação a 2016.5 As ilhas de calor,
criadas em centros urbanos densamente povoados, com telhados escuros, asfalto e outras

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infra estruturas tendem a concentrar o calor solar e impedir sua dispersão.6 Porém, as áreas
rurais são mais vulneráveis a essas mudanças, com menos acesso a água potável e serviços de
saúde em comparação com as áreas urbanas.6

Segundo as recomendações de políticas de saúde para brasileiros do Lancet Countdown


(2018) constatou-se que as ondas de calor em 2014 e 2015 no Brasil duraram mais tempo
que nos anos prévios. O aumento da temperatura e as ondas de calor afetam mais os idosos,
gestantes, crianças, atletas e pessoas com doenças crônicas7,8 (Figura 1). No Brasil entre
2000-2015 a associação entre temperatura e hospitalizações variou conforme a duração da
exposição ao calor, mas também por sexo, idade e região.6

Figura 1.

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Mudanças na temperatura do verão de 2000 a
2017 no Brasil e no mundo.

Fonte: Floss et al (2018)6

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Somente o impacto isolado de aumentar a exposição ao calor já reduz e reduzirá ainda mais
produtividade do trabalho - inclusive no Brasil.6 Por exemplo, aproximadamente 1 bilhão de
pessoas em todo o mundo serão expostas a calor extremo suficiente para impedir o trabalho
físico externo durante pelo menos o mês mais quente após um aumento na temperatura
global de cerca de 2,5 °C acima dos níveis pré-industriais.4

Dessa forma, espera-se que o aumento da exposição ao calor reduza progressivamente a


produtividade do trabalho, principalmente nas regiões tropicais e subtropicais. Um estudo
recente estimou a quantidade de trabalho perdido com a exposição ao calor em três setores
que envolvem diferentes níveis de atividade física (serviço, indústria e agricultura), sob uma
suposição de condições de trabalho sombreadas. No total, estimou-se que 153 bilhões de
horas de trabalho foram perdidas em 2017 (ou 3,4 bilhões de semanas de trabalho) - um

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aumento de 62 bilhões de horas em relação ao ano de 2000 - dos quais 80% estavam no setor
agrícola.4 Populações que trabalham em áreas externas, trabalhadores rurais, trabalhadores
da construção civil, entre outros, sofrerão mais estes impactos. 6

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Figura 2.

Horas de trabalho perdidas ao longo dos anos


no Brasil pelas ondas de calor.

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Fonte: Floss et al (2018)6

Além dos efeitos do calor sobre a capacidade de mão-de-obra, o setor agrícola enfrentará
múltiplos desafios com potencial de impactar a saúde humana e econômica. Podem ser
esperadas alterações na produtividade das culturas, fertilidade do solo e polinização, bem
como modificações na distribuição e dinâmica de pragas e doenças.4 Essas mudanças têm
consequências socioeconômicas a jusante para as populações rurais, agravando os impactos
diretos à saúde relacionados ao calor. Além disso, as áreas rurais são mais vulneráveis a essas

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mudanças, com acesso menos confiável a água potável e serviços de saúde, em comparação
com as áreas urbanas.

Ouça o áudio “Ondas de Calor e nossa saúde” para compreender o atual panorama

Quais são os efeitos na saúde causados pelas


ondas de calor?
A magnitude e a natureza dos riscos à saúde dependem não apenas dos perigos criados pelas
mudanças climáticas, mas também da sensibilidade das pessoas, comunidades e sistemas
naturais expostos a esses riscos e da capacidade das pessoas, comunidades e sistemas de

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saúde para se preparar e gerenciar os riscos crescentes (Figura 3). Por exemplo, um estudo de
modelagem usando dados de 451 locais em 23 países mostrou que, na ausência de adaptação
efetiva, aumentos no excesso de mortes relacionadas à temperatura são projetados em todo
o mundo sob cenários de alta emissão. Grandes aumentos da mortalidade podem ocorrer
entre a década de 2010–2019 e a década de 2090–2099 no cenário de maior emissão de
gases de efeito estufa, variando em média de 3% a mais de 12% nas regiões mais quentes,
como as partes central e sul do país.4

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Figura 3.

Exemplos de possíveis resultados para a saúde e vias de exposição que ligam as mudanças climáticas à saúde
humana, juntamente com fatores que podem influenciar a magnitude e o padrão dos riscos.

Elaborado com base em Haines e Ebi (2019).4


Conheça no Quadro 1 os principais eventos extremos de calor que podem afetar a saúde
humana.

Quadro 1.

Eventos extremos de calor podem levar a um


ou mais dos seguintes efeitos à saúde, em
ordem decrescente de gravidade.

Insolação O tipo mais grave de doença pelo calor é resultado da sobrecarga de


calor corporal. Os sinais de insolação podem incluir uma temperatura

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corporal central superior a 40ºC, perda total ou parcial da consciência e
/ ou capacidade mental reduzida. Sudorese não é um bom indicador, pois
existem dois tipos de insolação:

• Clássica - acompanhada de pouca ou nenhuma transpiração,


ocorrendo geralmente em crianças, doentes crônicos e idosos.

• Exercional - acompanhado por um aumento da temperatura


corporal devido a exercícios extenuantes ou exposição ocupacional em
combinação com o calor ambiente, e onde a transpiração geralmente
está presente.
Causada por perda excessiva de água e sal. Os sintomas podem incluir
Estresse por calor
sudorese intensa, fraqueza, tontura, náusea, dor de cabeça, diarréia e
(ou exaustão pelo cãibras musculares.
calor)

Desmaios por calor Causada pela perda de fluidos corporais através da transpiração e
pela pressão sanguínea reduzida devido à vasodilatação periférica e
hipoperfusão cerebral. Os sintomas incluem tonturas temporárias e
desmaios resultantes de um fluxo insuficiente de sangue para o cérebro
principalmente enquanto a pessoa está em pé (lipotimia/pré-síncope
postural).

Câimbras pelo ca- Causado por um desequilíbrio de eletrólitos resultante de uma falha na
substituição destes eletrólitos perdidos por transpiração excessiva. Os
lor sintomas são fortes dores musculares.

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Erupção por calor Popularmente conhecido como brotoeja é o resultado da inflamação das
glândulas sudoríparas obstruídas e acompanhada de pequenos pontos
(miliaria rubra) vermelhos na pele, o que pode causar uma sensação de formigamento.

Edema por calor O edema induzido pelo calor é frequentemente perceptível nos
tornozelos, pés e mãos, é mais frequentemente visto em pessoas que não
são expostas regularmente ao calor.

Elaborado com base em Health Canada (2005).3

Quem são as pessoas/populações mais afetadas?


Vários grupos são mais vulneráveis a doenças relacionadas ao calor do que a população em
geral. Identificá-los é essencial, confira os principais grupos:

Crianças e idosos: Comparadas aos adultos, as crianças têm uma menor

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resposta de sede à desidratação, menor produção de suor e uma maior proporção de área
superficial e massa, resultando em maior transferência de calor do ambiente. Os sistemas
cardiovasculares dos idosos são menos capazes de compensar o aumento do débito cardíaco
necessário para a dissipação de calor periférica.9,10,11

Pacientes com doenças crônicas: Pacientes com doenças crônicas,


incluindo doenças cardiovasculares, respiratórias, neurológicas e renais, além de diabetes,
apresentam risco aumentado. Além disso, estando confinado ao leito, a incapacidade de
realizar o autocuidado e as doenças psiquiátricas também estão associadas ao risco de morte
durante as ondas de calor.10,11

Pacientes tomando medicamentos: Muitos medicamentos


comumente prescritos aumentam o risco de doenças relacionadas ao calor. Entre eles,
destacam-se os medicamentos “anti” (agentes anticolinérgicos, incluindo anti-histamínicos,
antidopaminérgicos, antidepressivos tricíclicos e antipsicóticos), medicamentos
simpatomiméticos e diuréticos. Medicamentos que causam vômito ou diarréia, como
inibidores da colchicina ou colinesterase, podem contribuir para a desidratação e agravar
doenças relacionadas ao calor.10,11

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Atletas e trabalhadores ao ar livre: A atividade exacerba a produção de
calor e pode ser mais difícil a perda de de calor através do suor no clima quente, especialmente
com aumento da umidade, podendo levar à insolação por esforço. Além disso, pode ser
necessário que atletas e trabalhadores usem equipamentos de proteção que permitam a
dissipação adequada do calor.10

Populações vulneráveis: Fatores socioeconômicos e moradia precária


desempenham um papel fundamental na determinação do risco de doenças relacionadas ao
calor. Residências sem ar-condicionado e nos andares superiores de edifícios onde o calor se
acumula contribuem para doenças relacionadas ao calor. Pacientes com isolamento social ou
falta de moradia também são mais propensos a sofrer doenças relacionadas ao calor.10

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Você conhece o Morro Santana? E as consequências
do estresse por calor e outros estresses?

O Morro Santana é localizado na cidade de Porto Alegre, no Estado do Rio Grande do


Sul no sul do Brasil. Pressionado pela expansão urbana, o Morro Santana é considerado um
dos grandes remanescentes de área natural e refúgio de vida silvestre da cidade, constituído
por rochas graníticas, florestas e campos.12 No entorno do morro, comunidades periféricas
coexistem e se contrastam com condomínios privados. Se por um lado as comunidades
periféricas sofrem para ter acesso a água, saneamento básico e outros direitos, por outro os
condomínios operam na normalidade, com todos os direitos assegurados.13 O convívio de
grandes empreendimentos imobiliários ao lado de comunidades desassistidas é conflituoso
pela pressão por ocupar as áreas verdes que circundam esses locais.13

Somente no verão de 2020, de acordo com o veículo de mídia Repórter Popular, a


comunidade enfrentou pelo menos três incêndios no topo do morro.14 No dia 14 de março,
ocorreu, segundo relatos dos moradores, “o maior incêndio da história”, que por poucos
metros não atingiu as casas.14 Nessa data, os termômetros registraram 38ºC, temperatura
recorde histórica para o mês de março, após uma sequência de dias com temperaturas

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acima da média. Na véspera, a comunidade havia protestado e denunciado a falta de água
recorrente.14

Figura 4.

Incêndio no Morro Santana

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Fonte: Tavares apud Resistência Popular Comunitária (2020).14

O Morro Santana é um exemplo de como populações vulneráveis e os diversos


determinantes tanto sociais, econômicos e ambientais atingem as comunidades.14 As altas
temperaturas, as queimadas, a falta de água e as pressões ambientais afetam a saúde humana,
tanto com estresse por calor, como com outros estresses como na saúde mental, saúde
cardiopulmonar entre outros (acompanhe estes outros aspectos da saúde nos próximos
módulos deste curso).14 Para contornar a situação de precariedade, diversos agentes
comunitários de saúde são ativos na denúncia a respeito dos problemas sociais e ambientais
enfrentados e na proposição de alternativas solidárias, ecológicas e democráticas.14

Assista ao vídeo para aprofundar a discussão.

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Qual a diferença entre estresse por calor e
insolação?

O estresse ou exaustão pelo calor é a doença mais comum relacionada ao calor. O


estresse por calor é uma doença leve a moderada devido à perda de sal e água durante a
exposição ao calor e a falha de mecanismos termorregulatórios fisiológicos, para compensar
o aumento da temperatura corporal devido a temperaturas elevadas, esforço físico ou
metabolismo. Já a insolação é caracterizada por uma temperatura corporal central ≥ 40
ºC com disfunção do sistema nervoso central. Podendo progredir para falha do sistema de
múltiplos órgãos e morte.

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Por que acontece o estresse por calor
e a insolação?

O estresse por calor e a insolação ocorrem quando o calor sobrecarrega a resposta


termorreguladora e a homeostase do corpo. Extremos de temperatura e umidade tornam a
dissipação de calor menos eficiente e podem levar ao estresse por calor e insolação.15

O hipotálamo é responsável pela termorregulação ativando receptores na pele e nos


órgãos viscerais para facilitar a perda de calor e manter uma temperatura normal do núcleo.
O corpo pode trocar calor por condução, convecção, evaporação e radiação.

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Figura 5.

Mecanismos de trocas de calor do corpo com o


ambiente.

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Elaborado com base em Paulke (2008).16t

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Condução é a transferência de calor para um objeto mais frio através do contato direto.
Convecção é a transferência de calor na superfície do corpo por circulação de ar. A radiação
ocorre através da transmissão de ondas eletromagnéticas. A evaporação esfria a superfície
da pele quando o suor muda de líquido para vapor (Figura 5).

Em altas temperaturas do ambiente e aumento da demanda metabólica, a evaporação


do suor é o principal mecanismo de dissipação de calor. Ainda, o débito cardíaco aumenta
durante o exercício para atender às demandas metabólicas esqueléticas o que pode ser
magnificado pelo calor do ambiente. Assim, a circulação é desviada dos órgãos viscerais para
os vasos periféricos para melhorar o resfriamento através da pele. A transpiração evaporativa
também diminui o volume de circulação plasmática, resultando em hipovolemia que prejudica
ainda mais a capacidade do corpo de dissipar o calor. Quando a produção de calor excede a
taxa de perda de calor, a temperatura central aumenta constantemente e aumenta o risco de

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doenças relacionadas ao calor.

Assista ao vídeo “O que fazer em casos de ondas de calor?”

Índice de calor?

Índice de calor visa determinar o efeito da umidade relativa sobre a temperatura aparente do ar.
Em outras palavras, é uma medida para definir qual a intensidade do calor que uma pessoa sente,
variando em função da temperatura e da umidade do ar. Humanos têm o suor como mecanismo de
perda de calor, evaporando com o calor da pele, e assim reduzindo sua temperatura. A água em forma
de vapor, pairando no ar, reduz a taxa de evaporação do suor da pele, e assim faz com que uma pessoa
sinta mais calor em um ambiente com umidade relativa elevada do que outra pessoa em um ambiente
seco de mesma temperatura.17

O índice de calor (Figura 6) pode ser utilizado para auxiliar o profissional e gestores a
tomar decisões sobre a gravidade dos eventos relacionados ao calor. Outro índice conhecido
como Temperatura de Bulbo e Globo úmido (Wet bulb globe temperature meters em inglês), que
leva em consideração temperatura, umidade e luz solar direta radiante para medir o estresse
ambiental causado pelo calor. A Temperatura de bulbo de globo úmido permite o planejamento
em situações de eventos para evitar calor excessivo, principalmente em atividades ao ar livre
e na luz do sol.18

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Figura 6.

Índice de Calor.

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Elaborado com base em Porto Ar Alegre (2020).17

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Você conhece o projeto Porto Ar Alegre?

Esse projeto nasce a partir do II Simpósio de Saúde Planetária de Porto Alegre em 2018,
de uma parceria entre o Grupo Hospitalar Conceição, UFRGS (medicina e engenharia),
UFCSPA, e WONCA (Organização Mundial de Médicos de Família). Surgindo com o objetivo
de coordenar, organizar e implantar junto ao Município e entidades da sociedade civil de
Porto Alegre projetos, atividades e ações relativas ao monitoramento da qualidade do ar
e a conscientização dos males trazidos pela poluição atmosférica, estimulando a adesão
municipal a parâmetros de qualidade mínima do ar (segundo os padrões da OMS) para reduzir
a morbimortalidade por doenças respiratórias, cardiovasculares e câncer em Porto Alegre

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(Figura 7). Um projeto piloto cinco monitores estão em funcionando, com transmissão por
internet dos níveis de poluição por um app em regime experimental.

Acesse o site do Projeto Porto Ar Alegre.

Figura 7.

Imagem capturada do App


Projeto Porto Ar Alegre do
mapa de Índice de calor às
9:45AM durante o verão,
alertando sobre extrema
cautela ao calor em dois
monitores no centro de
Porto Alegre e em um
monitor mais ao sul

Fonte: Porto Ar Alegre (2020).17

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Como identificar estresse por calor / insolação?
E o que fazer inicialmente?

O diagnóstico preciso do estresse por calor ou insolação em adultos baseia-se na


quantificação correta da temperatura central (preferencialmente a temperatura
retal). Pacientes com suspeita de insolação devem ser rapidamente avaliados usando
Advanced Trauma e Life Support (ATLS). O resfriamento precoce reduz a mortalidade e
a morbidade e deve ser iniciado sem demora.19

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Atenção: Deve-se atentar que os antipiréticos (medicações para temperatura elevada como
paracetamol, dipirona, entre outros) não são eficazes no tratamento do choque térmico
causado por insolação e não devem ser usados.

Dividimos em três etapas de severidade (leve, moderada e grave) os eventos relacionados


ao calor, seus sintomas, tratamento e a resposta fisiológica (Quadro 2).

Quadro 2.

Severidade, tipo, sintomas, tratamento


inicial e resposta fisiológica de eventos
relacionados ao calor.
Severidade Tipo Fisiopatologia Sintomas Tratamento
Sair do local com
Vasodilatação cutânea,
Edema extremo, calor, elevar as
Edema por vazamento vascular,
Leve calor resultando em aumento
ocasionalmente extremidades
rubor facial inferiores; diuréticos
do líquido intersticial
não indicado

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Levar para local
Uso excessivo muscular Espasmos fresco e arejado,
Cãibras
por atividade física ou musculares, pele repouso, elevação das
musculares
similar, hiperatividade úmida e fria, pernas, alongamento,
associadas
neuromuscular, depleção temperatura massagem, reposição
ao exercício
de líquidos e eletrólitos corporal normal de eletrólitos /
líquidos por via oral
Erupção de pápulas
Vasodilatação dos ou pústulas
Erupção
vasos da pele com vermelhas, Retire a roupa, resfrie
por calor
dutos / poros de suor principalmente no por evaporação, evite
(miliaria
obstruídos; possibilidade pescoço, membros cremes tópicos
rubra)
infecção secundária superiores, tronco e
virilha
Descanse em
decúbito dorsal, eleve
Vasodilatação periférica as pernas, reidratação
Tontura, ortostase,
Colapso profunda, depleção de oral ou intravenosa;
perda transitória
associado volume e diminuição recuperação
de consciência
Moderada

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ao exercício do tônus vasomotor, prolongada
imediatamente após
(síncope de diminuição do retorno ou fatores de
a interrupção da
calor) venoso e subsequente risco cardíacos
atividade
síncope ou pré-síncope significativos devem
levar a uma avaliação
mais aprofundada
Levar para local
fresco e arejado,
Sede, dor de cabeça,
Disfunção descanse em posição
fadiga, taquicardia,
termorregulatória supina, elevação das
fraqueza, ataxia,
leve, hipovolemia pernas, resfriamento
Exaustão síncope, náusea,
com vasoconstrição e evaporativo,
por calor vômito, diarréia,
hipotensão esplâncnica, reidratação
pele fria e úmida,
disfunção multiorgânica intravenosa ou oral;
temperatura central
precoce resposta atrasada
de 38,3° a 40°C
requer avaliação
adicional
Estado mental Remover do calor;
Disfunção
alterado, convulsões, gerenciar vias
termorregulatória
coma, taquicardia, aéreas, respiração e
grave, resultando
hipotensão, circulação; imersão
em vazamento de
hiperventilação, em água fria /
Grave Insolação endotoxina, síndrome
diaforese (a pele gelada; reidratação
da resposta inflamatória
pode estar úmida ou intravenosa;
sistêmica, apoptose
seca no momento admissão hospitalar
celular e disfunção
do colapso),
multiorgânica
temperatura

Fonte: Adaptado e traduzido de Gauer e Meyers (2019)18

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Importante: No CID 10 os códigos relacionados ao estresse por calor estão agrupados no
item T67.0 “Golpe de calor e insolação”.9 Os objetivos do tratamento são o resfriamento
rápido e o suporte para os órgãos em sofrimento. A urgência e o nível de tratamento são
ditados pela gravidade da doença.

Para casos de estresse por calor leve:

• observação em ambiente fresco/arejado e a hidratação pode ser apropriada para jovens


adultos saudáveis com exame físico normal;

• resfriamento pode incluir a movimentação para uma área mais fria próxima, removendo
o máximo de roupas possível ou o resfriamento ativo (como áreas ventiladas ou

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aplicação de material frio ao corpo)

• hidratação para restabelecer o volume circulante e promover a transpiração.19

Para sintomas moderados a graves:

• comece o resfriamento assim que a via aérea, a respiração e a circulação (se houver)
tiverem sido estabilizadas;

• a imersão em água fria é o método de resfriamento preferido, porém deve-se estar atento
para o fato do efeito de queda contínua da temperatura central mesmo após o paciente
ser removido da imersão. Para prevenir a hipotermia iatrogênica, os pacientes devem ser
removidos do banho de gelo quando sua temperatura central atingir 37,8 °C;

• em atletas, a imersão em água fria está associada à mais rápida taxa de resfriamento e à
menor morbidade e mortalidade;

• considere toalhas / lençóis encharcados de água gelada combinados com bolsas de gelo
na cabeça, região inguinal, axilas e extremidades quando a imersão em água não estiver
disponível;

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• pare o resfriamento quando a temperatura corporal atingir 37,8ºC para prevenir o
desenvolvimento de hipotermia;

• administrar fluidos por via oral ou intravenosa (a via é determinada pela capacidade do
paciente de tolerar líquidos orais) para restabelecer o volume circulante e promover a
transpiração;

• se o paciente parece apresentar hiponatremia sintomática (confusão, convulsões,


fraqueza, náusea ou vômito), considere a possibilidade de suspender fluidos hipotônicos
ou isotônicos até que o sódio sérico possa ser verificado;

• para pacientes com sintomas moderados (dor de cabeça, náusea ou vômito), considerar

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a administração de sódio hipertônico somente se os níveis séricos ou plasmáticos de
sódio estiverem criticamente baixos (<120 mEq /L );

• para os doentes com sintomas graves (confusão ou convulsões), considerar dar solução
salina hipertônica (tal como 3% de solução salina dada como 100 mL de bolus até 3
vezes, 10 minutos de intervalo) e transporte para o hospital;

• para pacientes com insolação, também monitore os níveis de pressão arterial, débito
urinário, pressão venosa central, lactato e creatinofosfoquinase (CPK).16

Tratamento adicional para doenças específicas incluem:

• para exaustão pelo calor por esforço, elevar as pernas;

• para cãibras de calor, alongamento e massagem;

• para erupção cutânea, considere tratamento para prurido associado com medicações
tópicas e/ou compressas frias;

• se houver suspeita de hipertermia devido ao uso de medicamentos, interrompa


medicação, se possível.16

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Se os sintomas não se resolverem com o tratamento, considere outras condições que
se apresentem com aumento de temperatura e alteração do Sistema Nervoso Central. O
prognóstico depende de quanto tempo o paciente ficou exposto ao calor e às complicações
associadas, pacientes com histórico de insolação tem mais chances de ter um novo evento.19

Ondas de Calor e Saúde Mental

Tanto o calor quanto a seca ampliam o risco de suicídio e as visitas aos serviços de saúde
mental aumentam durante as temperaturas mais quentes,20,21,22 principalmente em pessoas

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com condições de saúde mental preexistentes e menor nível socioeconômico.22 No entanto,
os impactos no nível da população têm sido difíceis de caracterizar, pois a maioria das
investigações é qualitativa, local em escala ou limitada apenas aos resultados mais graves
de saúde mental. Embora estejamos começando a entender como o clima influencia outros
fenômenos psicológicos, como cognição, expressão emocional e sono.23,24,25

Usando dados abrangentes de várias décadas para os Estados Unidos e o México, foi
descoberto que as taxas de suicídio aumentam 0,7% nos condados dos EUA e 2,1% nos
municípios mexicanos, com um aumento de 1°C na temperatura média mensal.22

O aumento da taxa de suicídio é parecido tanto em regiões mais quentes quanto mais frias
e não diminuiu ao longo do tempo.22 A análise das mídias sociais quando se tem eventos de
calor mostrou mais de 600 milhões de atualizações com linguagem depressiva demonstrando
como bem-estar mental se deteriora durante os períodos mais quentes.22

As projeções demonstram que se as mudanças climáticas não for mitigada ela poderia
resultar em um adicional combinado de 9 a 40 mil suicídios (intervalo de confiança de 95%)
nos Estados Unidos e no México até 2050.22 As projeções demonstraram que as mudanças
climáticas podem ser tão importantes quanto outros determinantes sociais ou políticos bem
estudados das taxas de suicídio, como recessão na economia, programas de prevenção de
suicídio ou leis de restrição de armas.22

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O que fazer para prevenir estresse por calor, in-
solação e até a morte por calor?

A maioria das doenças relacionadas ao calor pode ser evitada ou minimizada.21 As


estratégias principais incluem a aclimatação; hidratação adequada; vestir roupas largas e de
cor clara; buscar áreas ventiladas e sombreadas, e evitar atividades durante temperaturas
extremas.21 Quando a prevenção não é possível, por exemplo em casos de esportistas em
competições ou trabalhadores de áreas externas, são recomendadas ingestão de água
frequente, ciclos programados de descanso e recuperação e monitoramento rigoroso.21 As
pessoas e comunidade devem estar familiarizados com os sintomas de doenças relacionadas

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ao calor e com o tratamento inicial.

Também, considerar a necessidade de desenvolver um plano de resposta a emergências


relacionadas ao calor em Unidades de Saúde da Atenção Primária declarando alertas
de extremos de calor ou planos de resposta a calor durante ondas de calor. Considere,
como profissional da saúde, fazer listas ou tabelas de pacientes em grupos de alto risco
ou desenvolver outro mecanismo com sua equipe para recuperar ou verificar pacientes
vulneráveis durante ondas de calor. Estar ciente de locais com ar condicionado acessíveis
ao público em sua comunidade, como shoppings, ou outros recursos da comunidade, como
piscinas ou centros de distribuição de água, onde você pode direcionar os pacientes para
alívio dos sintomas durante as ondas de calor.22 Participe da lista de distribuição de alertas
de calor da unidade de saúde pública local para obter mais informações.

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Orientações comunitárias e individuais são aspectos chave para a prevenção primária
dos eventos relacionados ao calor:

• educar os pacientes e aumentar a consciência sobre os fatores de risco, sinais, sintomas


e tratamento do estresse por calor, tanto para pacientes e cuidadores quanto
profissionais de saúde;

• auxiliar o paciente a compreender o seu próprio risco e as ações preventivas que podem
tomar para reduzir os riscos durante eventos de calor extremos;

• informar a comunidade sobre os riscos e perigos do calor é essencial.22

Deve-se estar atento e realizar recomendações para pacientes que já tiveram um evento
de insolação pelo risco mais elevado de um novo evento, bem como pacientes com alto risco

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atletas, idosos, crianças e pacientes com doenças crônicas.

Entenda mais sobre o assunto com a leitura do artigo


“Estresse por calor na Atenção Primária à Saúde: uma revisão clínica”

A relação entre hospitalizações, desnutrição e o


aumento de temperatura no Brasil

Prevê-se que o aquecimento global resulte indiretamente em mais subnutrição,


principalmente ameaçando a produção agrícola.26 Porém, não se sabe se o aumento da
temperatura pode afetar diretamente a desnutrição. Um artigo recente avaliou a relação
entre a exposição ao calor a curto prazo e o risco de hospitalização devido à desnutrição no
Brasil.26

Foi analisada a ligação entre temperaturas médias diárias e hospitalização por desnutrição,
de acordo com a Classificação Internacional de Doenças.26 Os pesquisadores descobriram
que, para cada aumento de 1°C na temperatura média diária durante a estação quente, havia

Página 26
um aumento de 2,5% no número de hospitalizações por desnutrição, principalmente para
indivíduos com mais de 80 anos e entre 5 e 19 anos.26

Estima-se que 15,6% das hospitalizações por desnutrição possam ser atribuídas à exposição
ao calor durante o período do estudo.26 O estudo diz que o aumento do calor pode causar
doenças por desnutrição de várias maneiras:

• reduzindo apetite;

• provocando mais consumo de álcool;

• reduzindo a motivação ou capacidade de fazer compras e cozinhar;

• exacerbar qualquer desnutrição, resultando em hospitalização;

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• piorar a digestão e absorção já prejudicadas pela pessoa, aumentando a morbidade
gastrointestinal;

• prejudique a termorregulação.23

As mudanças climáticas são uma das maiores ameaças à redução da fome e da desnutrição,
especialmente nos países de baixa e média renda. Estima-se que a mudança climática reduzirá
a disponibilidade global de alimentos em 3,2% e, portanto, causará cerca de 30.000 mortes
relacionadas ao baixo peso até 2050.23

Página 27
O que pode ser feito para ajudar Maria?

Maria está com sintomas moderados de estresse por calor, com hipotensão e pré-síncope
postural, provavelmente agravado por polifarmácia. É fundamental o correto diagnóstico de
estresse por calor para poder manejar de acordo: pode-se colocar a paciente em decúbito
dorsal com pernas elevadas, reduzir e/ou suspender diuréticos, e outros anti-hipertensivos
se possível, além de suspender o fármaco “anti-labirintite”, oferecer hidratação vigorosa
com Soro de Reidratação Oral se via oral tolerada, ou endovenoso.

Deve-se monitorar a pressão arterial da paciente. Pode-se considerar exames

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complementares (Hemograma, função renal e creatinofosfoquinase ou CPK, que é
uma enzima importante nesta situação) caso a paciente não apresente melhora com o
manejo inicial. Se não disponível ou se o paciente não responder ao atendimento inicial,
deve-se avaliar a necessidade de transferência para o centro de atendimento hospitalar/
emergencial mais próximo. Considere a transferência ainda mais cedo, após estabilização,
se você estiver localizado em uma área rural ou remota mais distante.

Ao liberar a paciente para casa reforçar monitoramento da Pressão Arterial, hidratação


abundante, e buscar ar-condicionado e/ou lugares sombreados e ventilados (nota - caso a
pressão arterial de Dona Maria comece a se elevar em demasia pode-se considerar reiniciar
anti-hipertensivos lenta e gradualmente). Os profissionais de saúde que atenderam dona
Maria podem ainda ajudar a alertar e orientar a comunidade, visto que provavelmente
outras pessoas também estão sofrendo com o calor excessivo.

com Soro de Reidratação Oral se via oral tolerada, ou EV se necessário. Deve-se monitorar
a tensão arterial da paciente. Pode-se considerar exames complementares (Hemograma,
função renal e CPK) caso a paciente não apresente melhora com o manejo inicial. Ao liberar
a paciente para casa reforçar monitoramento da TA, hidratação abundante, e buscar ar-
condicionado e/ou lugares sombreados e ventilados. (nota - caso a pressão arterial de Dona

Página 28
Maria comece a se elevar em demasia pode-se considerar reiniciar anti-hipertensivos lenta
e gradualmente). Os profissionais de saúde que atenderam dona Maria podem ainda ajudar
a alertar e orientar a comunidade, visto que provavelmente outras pessoas também estão
sofrendo com o calor excessivo.

Sugestões para aprofundamento

Material Porque este material é indicado?

Assista ao vídeo do Le Monde Diplomatique Brasil Nesse debate se discute como o design urbano
discutindo sobre a crise ambiental com repercussão bem pensado pode aumentar a resiliência

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climática considerável em todo o mundo e como isso à extremos de calor, entre outras questões
afeta quem vive nas cidades? Atualmente, a maior parte relevantes para Saúde Planetária.
da população do Brasil vive em ambientes urbanos e
sofre com a escassez de recursos hídricos, temperaturas
extremas e outras alterações no clima que acarretam
em dificuldades para a população das grandes cidades.
Convidados deste programa são Henrique Frota,
coordenador-executivo do Instituto Pólis, e Francisco
Comaru, da Universidade Federal do ABC.:
https://www.youtube.com/
watch?v=iN2fgRE892A&feature=youtu.be

Leia: Xu R, Zhao Q, Coelho M, Saldiva P, Abramson Este artigo (em inglês) analisou o impacto
M, Li S. The association between heat exposure and das ondas de calor na saúde dos brasileiros
hospitalization for undernutrition in Brazil during relacionado com a desnutrição.
2000−2015: a nationwide case-crossover study. PLOS
Medicine. 2019; 16(10): e1002950. Doi 10.1371/
journal.pmed.1002950.
Disponível em:
https://journals.plos.org/plosmedicine/
article?id=10.1371/journal.pmed.1002950

Leia: Barcellos C, Hacon SS. Um grau e meio. E daí? Este artigo com um título chamativo
Cad Saude Pública 2016 Mar; 32(3): e00212315. “Um grau e meio. E daí?” fala sobre os
Disponível em: http://www.scielo.br/scielo. impactos do aumento da temperatura
php?script=sci_abstract&pid=S0102-311X201600030 global e as consequências para a saúde
0301&lng=en&nrm=iso&tlng=pt humana.

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santana/498950460939920/ (citado em Nov 18, 2020).

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solidariedade em tempos de pandemia. Repórter Popular: o povo tem voz! [S.l]; 17 Mar
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clínica. Rev Bras Med Fam Comunidade. 2019 Jan-Dez; 14(41): 1948. Disponível em:
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pnas.1112965109.

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23. Baylis P, Obradovich N, Kryvasheyeu Y, Chen H, Coviello L, Moro E, et al. Weather


impacts expressed sentiment. PLOS ONE. 2018; 13(4): e0195750. Doi 10.1371/journal.
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exposure and hospitalization for undernutrition in Brazil during 2000−2015: a nationwide
case-crossover study. PLOS Medicine. 2019; 16(10): e1002950. Doi 10.1371/journal.

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pmed.1002950.

Página 32
Equipe Responsável:
A Equipe de coordenação, suporte e acompanhamento do Curso é formada por
integrantes do Núcleo de Telessaúde do Rio Grande do Sul (TelessaúdeRS-UFRGS).

Coordenação Geral Conteudistas

Roberto Nunes Umpierre Módulo 2 - Ondas de Calor e saúde

Marcelo Rodrigues Gonçalves Mayara Floss


Enrique Falceto de Barros

Gerência Luís Gustavo Ruwer da Silva

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Ana Célia da Silva Siqueira
Revisão Módulo 2

Nelzair Araujo Vianna


Coordenação Executiva

Rodolfo Souza da Silva


Revisores Gerais

Jacqueline Ponzo
Responsável Teleducação
Enrique Falceto Barros
Ana Paula Borngräber Corrêa
Nelzair Araujo Vianna

Gestão Educacional
Projeto Gráfico
Ylana Elias Rodrigues
Iasmine Paim Nique da Silva

Coordenação do curso
Revisção Ortográfica
Mayara Floss
Angélica Dias Pinheiro
Carlos Augusto Vieira Ilgenfritz

Página 33
Normalização Desenho instrucional

Geise Ribeiro da Silva Ylana Elias Rodrigues

Diagramação e Ilustração Tecnologia da Informação e

Davi Perin Adorna Comunicação

Iasmine Paim Nique da Silva Andrews Vieira Berni

Lorenzo Costa Kupstaitis

Legendas e tradução

Amber Wheatley

Curso EAD | Saúde Planetária


Anna Cláudia Dilda

Camila Alscher Kupac

Carlos Augusto Vieira Ilgenfritz

Luís Gustavo Ruwer da Silva

Héctor Gonçalves Lacerda

Mayara Floss

Divulgação

Angélica Dias Pinheiro

Camila Hofstetter Camini

Carolina Zanette Dill

Laíse Andressa de Abreu Jergensen

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