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Liderança e Desenvolvimento de Equipes
Liderança e Desenvolvimento de Equipes
w w w. u n i s u l . b r
Universidade do Sul de Santa Catarina
Liderança e
Desenvolvimento
de Equipes
UnisulVirtual
Palhoça, 2014
1
Créditos
2
Desirée de Souza Freccia de Carvalho
Liderança e
Desenvolvimento
de Equipes
Livro didático
2ª edição
Revisão e ampliação de conteúdo
Alessandra de Oliveira
Dâmaris de Oliveira Batista da Silva
Viviane Bastos
Designer instrucional
Carmelita Schulze
UnisulVirtual
Palhoça, 2014
3
Copyright © Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por
UnisulVirtual 2014 qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição.
Livro Didático
658.314
C32 Carvalho, Desirée de Souza Freccia
Liderança e desenvolvimento de equipes: livro didático / Desirée
de Souza Freccia Carvalho ; design instrucional Carmelita Schulze. –
2. ed., rev. e ampl. / por Alessandra de Oliveira, Dâmaris de Oliveira
Batista da Silva, Viviane Bastos – Palhoça : UnisulVirtual, 2014.
119 p. : il. ; 28 cm.
Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-7817-632-7
4
Sumário
Introdução | 7
Capítulo 1
A liderança no contexto organizacional
autor: Desirée de Souza Freccia de Carvalho
Revisão e Ampliação de conteúdo: Dâmaris de Oliveira
Batista da Silva. | 9
Capítulo 2
O exercício da liderança
autor: Desirée de Souza Freccia de Carvalho
Revisão e Ampliação de conteúdo: Dâmaris de Oliveira
Batista da Silva. | 31
Capítulo 3
Trabalho em equipe
autor: Desirée de Souza Freccia de Carvalho
Revisão e Ampliação de conteúdo: Viviane
Bastos. | 51
Capítulo 4
Temas contemporâneos em liderança e o desafio na
formação de equipes
autor: Desirée de Souza Freccia de Carvalho
Revisão e Ampliação de conteúdo: Alessandra de Oliveira
e Dâmaris de Oliveira Batista da Silva. | 77
Referências | 111
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Introdução
Como você pode observar, são muitas as perguntas que podemos fazer sobre
liderança. Buscamos responder nesse livro algumas delas, pelo menos, as feitas
acima. Claro, como afirmamos também em algumas passagens desse livro, em
Administração não há fórmulas mágicas, isto é, receitas acabadas para cada
um dos âmbitos de atuação dessa atividade. O que existem são estudos que
demonstram a viabilidade de alguns caminhos para se alcançar os objetivos
da atividade, no caso, da atividade de gestão de pessoas no que diz respeito
à liderança. Assim, esse livro demonstra, com base em teorias acadêmicas
científicas, caminhos para desenvolver a liderança, de modo a se formar equipes,
já que, como veremos, equipes conseguem atingir resultados qualitativos muito
superiores a grupos de trabalho.
Esperamos que esse livro contribua não apenas para sua compreensão do
fenômeno da liderança, mas para que você consiga internalizar atitudes
que lhe possibilitem trabalhar em equipe, algo essencial para seu constante
desenvolvimento não só profissional, mas também pessoal.
Bons estudos!
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Capítulo 1
A liderança no contexto
organizacional
autor: Desirée de Souza Freccia de Carvalho
Revisão e Ampliação de conteúdo: Dâmaris de Oliveira Batista da Silva.
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Capítulo 1
Seção 1
Desafios organizacionais contemporâneos
Autor: Desirée de Souza Freccia de Carvalho
Revisão e Ampliação de conteúdo: Dâmaris de Oliveira Batista da Silva
Você já deve ter constatado que o diferencial competitivo das organizações está
nas pessoas que as constituem. Estudos de caso de empresas que obtiveram
sucesso atestam tal afirmação, como, por exemplo, Google, 3M, MacDonalds,
para citar alguns. As pessoas são o polo da criatividade, inteligência e emoção
– fenômenos cruciais para a invenção de novos produtos e serviços, motivação
para bem atender o cliente e surpreender as metas propostas.
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Liderança e Desenvolvimento de Equipes
Usar esses conteúdos faz-se entender que o líder é uma figura indispensável
para realizar a articulação entre a missão, visão, valores e as pessoas de uma
organização. Ele é elemento importante para a efetivação dos conteúdos que
servem de norte a uma organização.
Exemplo
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Capítulo 1
1 - Em relação ao Ensino:
2 - Em relação à Pesquisa:
3 - Em relação à Extensão:
4 - Em relação à Gestão:
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Liderança e Desenvolvimento de Equipes
1.3 - que o processo educativo prepare o aluno para o mercado e para a vida;
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Capítulo 1
Para criar, manter e gerenciar com eficiência uma organização, sabemos que
estes 3 elementos (Missão, Visão e Valores) são extremamente importantes, visto
que por meio deles a empresa define:
•• o que faz;
•• como faz;
•• para que faz;
•• quando faz;
•• como quer ser conhecida pelos outros (clientes, parceiros,
concorrentes e colaboradores).
Sem a Empresa conhecer a si mesma, seus limites e possibilidades, objetivos e
crenças, a liderança das pessoas ficará mais difícil. Tais definições são o início
da articulação dos integrantes, de todos que direta ou indiretamente fazem a
organização existir e acontecer cotidianamente.
Para explicitar isso, relacionando arte e vida, lembramos a seguinte fala de Lewis
Carroll (2002) por meio dos seus personagens:
“O senhor poderia me dizer, por favor, qual o caminho que devo tomar para sair
daqui? Isso depende muito de para onde você quer ir, respondeu o Gato. Não me
importo muito para onde..., retrucou Alice. Então não importa o caminho que você
escolha, disse o Gato.” (LEWIS, 2014. Disponível em http://www.ebooksbrasil.org/
eLibris/alicep.html, acesso em 02/10/2013).
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Liderança e Desenvolvimento de Equipes
Seção 2
Liderar para quê?
A liderança não é fenômeno atual. Registros históricos apontam o exercício
do liderar a milênios. Percebemos diferenças no conceito, na metodologia, no
objetivo e nas técnicas, mas a presença de uma figura frente a uma equipe, e
conduzindo-a a um objetivo, é prática humana antiga. O que temos, desde
o final do século XX, é a indicação de que o tema cresce de importância. Tal
fato é atestado pelo crescimento das publicações sobre o tema. Livros, artigos
científicos e textos em revistas temáticas – todos apontam para um incremento
da importância do papel do líder.
Toda essa realidade resultou em uma busca acirrada por melhores índices de
qualidade e produtividade nas organizações. Nunca antes se competiu tanto;
afinal novos (e muitos) atores passam a participar da trama das relações. Nunca
nós, os clientes, recebemos tantas ofertas de produtos e serviços, e estas ofertas
nunca foram tão rapidamente copiadas. Os nascidos antes da década de 80
lembram quando para cada produto havia 1 ou 2 marcas disponíveis no mercado.
Com a quebra das barreiras comunicacionais, relacionais e a expansão das
interações internacionais, as opções são infinitas.
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Capítulo 1
[...]
Outro conceito amplamente difundido nessa época foi a administração por objetivos
preconizada por Drucker (1954), pela qual a organização deveria conter indicadores
de desempenho de diversas áreas da organização, e sua mensuração deveria ocorrer
por meio de um conjunto de indicadores provenientes dessas diferentes áreas. Esse
conceito sustentava-se na ideia de integrar diferentes unidades e departamentos
num mesmo plano de controle para se atingir a estratégia organizacional, tal como
previam os primeiros modelos, por exemplo, o francês Tableau de Bord. (EPSTEIN e
MANZONI, 1998).
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Liderança e Desenvolvimento de Equipes
O grande desafio é que, até a década de 1960, grande parte das empresas
realizava suas avaliações de desempenho exclusivamente por meio de indicadores
financeiros e contábeis (JOHNSON e KAPLAN, 1987), o que trouxe insatisfação aos
estudiosos e práticos da área, por dois grandes motivos. Primeiro, porque indicadores
financeiros eram voltados ao curto prazo, num momento em que emergia a ideia
de que o desempenho deveria ser fruto de uma análise das capacidades futuras da
organização. (BUCHELE, 1962). Essas limitações foram superadas, principalmente,
com o advento da Administração da Qualidade Total. Ela trouxe uma filosofia cuja
perspectiva era de longo prazo e que considerava a temporalidade para as medidas
de desempenho, além de direcionar-se com maior ênfase à eficiência, por meio
da utilização de medidas que mensuravam as atividades em relação à qualidade e
padronização dos produtos e processos. (JURAN, 1969). Não obstante isso, muitos
indicadores relevantes para atender às novas expectativas gerenciais não vinham
sendo considerados nas medidas contábeis e financeiras, como os de qualidade,
satisfação do consumidor, satisfação do empregado e inovação.
(ITTNER e LARCKER, 1998).
Dessa forma, no final dos anos 1980 e início dos anos 1990, houve uma exacerbada
busca sobre o que exatamente mensurar (NEELY e outros, 2000), gerando o
levantamento de possíveis dimensões de análise a serem consideradas nesse
processo de avaliação. Culminou-se no desenvolvimento de modelos de avaliação
balanceados entre as multidimensões da organização. (BOURNE e outros, 2000).
Consequentemente, outro conceito que ganhou considerável relevância na área foi a
ideia de se ter um modelo capaz de integrar as diferentes medidas de desempenho.
(BITITCI e outros, 1998). A utilização de indicadores não financeiros em conjunto com
os financeiros passou a oferecer maior sustentação para o controle administrativo das
organizações, que entendiam que os indicadores financeiros eram limitados diante
das incertezas, principalmente, do ambiente externo. (VAIVIO, 1999).
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Capítulo 1
O que se pode perceber nessa evolução cronológica dos modelos e conceitos sobre
avaliação e desempenho é que cada modelo desenvolvido trouxe consigo um viés
voltado especificamente ao elemento novo que ele trazia. Isso não somente coloca
o balanceamento de indicadores em risco, como também coloca a incapacidade de
modelos prontos serem aplicados em organizações e poderem contar com todas essas
variáveis relevantes para uma avaliação e desempenho. Além dessa diversidade de
modelos e conceitos, há, ainda, um movimento dialético da área em elementos centrais,
como: o foco de atuação dos modelos (mensuração de desempenho versus gestão de
desempenho); a perspectiva estratégica do modelo (operacional versus estratégico); a
orientação de usuário das informações (executivos versus stakeholders e clientes); a
abordagem de uso (interna e transacional versus externa relacional). Essas mudanças
alteraram a perspectiva de definições essenciais estáticas para os modelos. Depara-
se, portanto, com um cenário que torna irrefutável a necessidade de se terem modelos
específicos para atenderem os diferentes objetivos estratégicos de cada setor ou tipo
de organização e orientarem-se aos seus reais usuários e finalidades de uso.
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Liderança e Desenvolvimento de Equipes
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Capítulo 1
Seção 3
O que é liderar?
O início desta seção de estudo propõe-lhe uma reflexão. Resgate em sua
memória nomes de líderes que marcaram a história da humanidade em diferentes
contextos. Utilize o quadro a seguir para registrar suas anotações.
Contexto Exemplos
Político
Religioso
Esportivo
Científico
Artístico
Profissional
Empresarial
Social
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Liderança e Desenvolvimento de Equipes
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Capítulo 1
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Liderança e Desenvolvimento de Equipes
Ele foi o único a ser eleito presidente dos Estados Unidos por quatro
1.7 – Franklin Delano Roosevelt. mandatos (1933-1945) e teve que lidar com
duas das maiores crises do século 20: a
Grande Depressão nos anos 1930 e a
Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Num
século em que a democracia passou por
seus principais testes, Roosevelt foi um líder
excepcional, que colocou os Estados Unidos
na condição de maior potência econômica e
militar do mundo e fez a democracia vencer
a ameaça do nazismo, tornando-a o sistema
político mais admirado do planeta. Graças à
liderança de Roosevelt, o sistema
democrático mostrou que pode ser a melhor
resposta em momentos de graves crises
econômicas e políticas, quando a tentação
Fonte: WIKIPEDIA (2014).
totalitária ilude nações inteiras.
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Capítulo 1
Ele liderou uma nação inteira numa das mais pavorosas aventuras
1.8 – Adolf Hitler. da história (estima-se que a Segunda Guerra
Mundial teve como saldo quase 60 milhões de
mortos). Sua enorme capacidade de liderar de
forma demagógica e de insuflar ódio e radicalismo
no povo alemão fez de Hitler um símbolo da pura
maldade dos tempos modernos. Inimigo de todos
os ideais democráticos, ele ironicamente
ascendeu ao poder a partir de eleições e
coligações partidárias num dos períodos mais
democráticos da história alemã. A grave crise
econômica na Alemanha nos anos 30 fomentou a
revolta suficiente na população para que visse a
Fonte: News Magazine (2013).
guerra como uma saída. Hitler soube ser
carismático e ambicioso o suficiente para
aproveitar-se disso e fazer da Alemanha nazista um dos mais
poderosos impérios militares da história.
Lutar sem armas contra aquele que tinha sido um dos maiores
1.9 - Mahatma Gandhi. impérios do mundo foi a missão de Mahatma
Gandhi. Com sua filosofia da não-violência e
sua paixão pela liberdade, ele foi um ícone do
fim do colonialismo. Gandhi tornou-se o mais
proeminente líder do movimento de
independência da Índia em relação ao domínio
britânico ao promover uma crescente
campanha de desobediência civil. Entre os
protestos que liderou estavam o boicote aos
produtos britânicos e a luta contra o tratamento
injusto destinado aos que estavam nas castas
mais baixas no sistema social indiano. Um dos
mais frequentes métodos de protesto de
Fonte: Filosofia esoterica (2014). Gandhi era a greve de fome, que se mostrou
uma arma eficaz à medida que o governo
britânico tinha muito receio de que a sua morte levasse a um
violento levante popular.
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Liderança e Desenvolvimento de Equipes
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Capítulo 1
•• inatista;
•• ambientalista;
•• sociointeracionista.
Acompanhe a seguir uma breve definição de cada uma dessas teorias
psicológicas que podem ser levantadas para explicar a questão da liderança.
3.1 Inatista
Para os inatistas, existiriam manifestações e possibilidades humanas que são
anteriores a qualquer experiência. O ser humano, portanto, insere-se em um dado
contexto impactando-o com suas características que independem da relação
objetiva e prática. A partir dessa forma de pensar, estudaríamos os líderes a partir
do que eles têm de singular e específico em suas histórias individuais. Veremos,
a seguir, teorias acerca da liderança, as quais têm a perspectiva de estudar e
desenvolver líderes a partir de suas competências de habilidades individuais sem
considerar o contexto e suas interferências.
S = sujeito da relação.
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Liderança e Desenvolvimento de Equipes
3.2 Ambientalistas
Os ambientalistas, que têm a Teoria Comportamental (também conhecida como
Behaviorismo) como exemplo, consideram que a mente humana é como uma tábua
rasa. O que isso significa? Tudo o que pensamos, sentimos, desejamos e fazemos
é resultado de nossas experiências com o mundo e com as demais pessoas.
Trazendo tal linha de reflexão para o nosso tema, podemos inferir que as
habilidades de liderança seriam totalmente possibilitadas pelo contexto
onde a pessoa foi criada, as experiências de vida às quais se submeteu, aos
treinamentos que vivenciou. Para essa proposição, a relação entre a pessoa e o
outro seria assim representada.
S O
3.3 Sociointeracionismo
Já para a vertente sociointeracionista, o mundo, a forma de viver e as relações
sociais experienciadas impactuam o sujeito de forma a lhe proporcionar certas
formas de ser, pensar, viver. Essas experiências constroem o sujeito que, por sua
vez, também tem características e possibilidades próprias, pelo fato de ser um
ser humano singular.
S O
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Capítulo 1
•• influenciar atitudes;
•• criar ou modificar comportamentos;
•• mobilizar, inflamar e inspirar;
•• ir à frente e mostrar o caminho;
•• dirigir pessoas. (Maximiano, 1986; Goleman, 2002; Drucker, 1997;
Hersey & Blanchard, 1986; WEBSTER`S, 1999; Newstrom & Keith,
1992).
Líder, portanto, difere-se muitas vezes do chefe. Afinal, este último pode não ter
a característica de realizar ações cooperativas e não coercitivas, algo que é típico
dos comportamentos elencados no parágrafo anterior. Mas, claro, isso não quer
dizer que não se possa ter um chefe que é líder.
•• Spartacus.
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Liderança e Desenvolvimento de Equipes
•• Duelo de Titãs:
Esses filmes, baseados em fatos reais, demonstram, cada um com seu estilo, o
nascimento, a metodologia e os resultados de diferentes estilos de liderança.
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Capítulo 2
O exercício da liderança
autor: Desirée de Souza Freccia de Carvalho
Revisão e Ampliação de conteúdo: Dâmaris de Oliveira Batista da Silva.
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Capítulo 2
Seção 1
O papel da liderança na organização
Sequer é preciso fazer pesquisa apurada para constatar o interesse contínuo
pelo tema liderança. Programas de Pós-Graduação, publicações científicas e
outras do cotidiano estampam em seus títulos tal intenção. Já no senso comum
observamos que há uma crença na diferença entre gestor e líder. O que é ser um
líder? Quem precisa de líder? São perguntas que ecoam em diversas instâncias,
inclusive já foram muito debatidas no âmbito acadêmico. Ao final do séc. XX
Warren Bennis falou que:
Nesta lógica, Bergamini (1994) prosseguia sua reflexão pontuando que o gestor
faz mais uso dos conhecimentos técnico-administrativos, enquanto que o
líder parte do próprio autoconhecimento, aspecto que o habilita a ser menos
controlador das pessoas que compõem sua equipe. O relacionamento do líder é
devotado às pessoas; seus objetivos, crenças e valores direcionam-se a isso. O
gestor seria mais focado na tarefa; e o líder, nas pessoas.
Destaca a autora que ser gestor não significa, necessariamente, ser líder, e
vice-versa. O sujeito líder pode saber trabalhar com a equipe, mobilizá-la
para o alcance dos objetivos, mas ser desprovido de conhecimentos técnicos,
operacionais, dentre outros – algo que, via de regra, deve ou, pelo menos, deveria
pertencer ao gestor.
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Liderança e Desenvolvimento de Equipes
Outros autores, por sua vez, concordam que as duas figuras são importantes
à organização. Gestor e líder, cada qual com sua função e importância, são
indispensáveis à organização. Vejamos o quadro em destaque a seguir para
entender uma explicação para isso.
Dessa forma, cada empresa terá de encontrar sua própria fórmula de liderança,
adequada à sua cultura, ao seu negócio, ao seu mercado. Mas, assim como a nova
economia dita algumas tendências para as organizações, e as que se adaptarem
melhor terão mais sucesso - também os líderes mais aptos a lidar com essas
tendências farão um trabalho melhor.
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Capítulo 2
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Liderança e Desenvolvimento de Equipes
“É claro que liderança pode fazer diferença”, escreveu num artigo para o jornal
Financial Times. Mas é frequente que ela se torne uma tautologia: mostre à imprensa
uma companhia de sucesso e ela lhe mostrará um grande líder. É tão mais fácil do
que tentar entender o que realmente aconteceu.
Algo semelhante aconteceu com Steve Jobs. Talvez não na Apple, mas
seguramente na Pixar. A Pixar fazia aparelhos de imagem. Jobs a comprou porque
pretendia usar a tecnologia em seu próximo computador. Mas alguns funcionários
gostavam de desenhos animados – e conseguiram fazer alguns curta-metragens
com a desculpa de promover o maquinário em congressos. Conforme os desenhos
foram fazendo mais sucesso, o papel de Jobs foi similar ao de Gerstner: deixou a
turma trabalhar. (Por essa permissão, é frequente ouvirmos que Jobs revolucionou a
indústria do cinema.)
Nenhum desses relatos significa que o líder seja desnecessário. Apenas que se
atribui a ele uma visão e um protagonismo irreais, e isso provoca distorções na
maneira como encaramos o trabalho. Como diz Mintzberg: “Toda vez que usamos
a palavra liderança, temos de lembrar que ela isola um indivíduo e trata os demais
como seguidores. É esse o mundo que queremos? De seguidores? Isso tornará
melhores nossas instituições e nossas sociedades?”.
A mistificação do líder pode surpreender o próprio líder. Luiz Ernesto Gemignani, ex-
presidente e atual presidente do conselho da Promon, afirma: “A glamourização me
incomodava. Me sentia até um pouco envergonhado. Mas, às vezes, por interesse
da empresa ou por vaidade, eu aceitava”. Segundo ele, a melhor metáfora para
o líder atual é do jardineiro. “O trabalho é resultado de esforços coletivos. O líder
cumpre um papel importante, talvez um pouquinho mais importante que os outros.
É o maestro da orquestra. Mas é exaltado, as pessoas o aplaudem de pé.”
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Capítulo 2
Nos exemplos em destaque, houve uma pessoa que articulou os objetivos, que
integrou o objetivo da tarefa e mobilizou pessoas criando e/ou possibilitando
as condições necessárias para a execução eficiente. Partimos da perspectiva,
portanto, de que o líder é necessário no contexto organizacional por ser ele o
porta-voz de toda uma cultura organizacional e o mediador entre a organização
e os colaboradores. Com ele pode-se deflagrar o processo de construção de
objetivos e metodologias para o alcance dos resultados estratégicos da tarefa.
Veremos, na próxima seção, que ao longo dos tempos o conceito e demais
aspectos teóricos acerca do tema variaram.
Seção 2
Teorias sobre Liderança
De acordo com as características culturais, históricas e sociais, abordagens
distintas sobre ser líder surgiram. Observaremos, a seguir, que as teorias partem
de práticas, seus limites e possibilidades. Uma necessidade do cotidiano
provoca o desenvolver do estudo, da formulação de explicações que, por sua
vez, transformam o como fazer liderança de pessoas. Cada tempo e seus valores,
cada negócio e suas especificidades, demandam formas de compreensão do que
vem a ser um líder.
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Liderança e Desenvolvimento de Equipes
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Capítulo 2
McClelland et al. (apud Muchinsky, 2004) perceberam ainda que o líder tem
necessidade de liderar. Chamaram tal processo de motivação.
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Liderança e Desenvolvimento de Equipes
•• necessidade de poder;
•• necessidade de realização;
•• necessidade e afiliação.
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Capítulo 2
•• as funções da liderança;
•• os estilos de liderança.
Quanto às funções da liderança, um líder pode ter comportamentos mais
voltados para a tarefa (modo de trabalhar, prazos, aspectos técnicos, por
exemplo) ou voltados às pessoas (manter o grupo, mediar conflitos, incentivar,
dentre outras ações).
Esse foco do líder (na tarefa ou nas pessoas) determinará o seu estilo. Vejamos:
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Liderança e Desenvolvimento de Equipes
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Capítulo 2
Fatores Significados
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Liderança e Desenvolvimento de Equipes
•• Liderança Situacional:
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Capítulo 2
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Liderança e Desenvolvimento de Equipes
•• Poder de coerção;
•• Poder de recompensa;
•• Poder legítimo;
•• Poder do especialista ou do conhecimento;
•• Poder pessoal ou referente.
Podemos observar e identificar o tipo de poder exercido até mesmo pelo discurso
do líder.
O poder legítimo é aquele que existe simplesmente pelo fato de o líder ter
a delegação formal para, ter o “crachá”, ter o cargo. Ele exerce influência
simplesmente por ser oficialmente o superior da equipe.
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Capítulo 2
Na prática, observamos que líderes podem ser conhecidos pelo uso mais
frequente de um ou outro poder, mas ao longo de sua trajetória ele poderá trilhar
pelos diferentes tipos e cada opção está fortemente vinculada à necessidade do
desafio que se apresenta. Assim, por exemplo, o líder conhecido por práticas
e discursos que fazem a equipe vislumbrar a recompensa poderá fazer uso da
coerção em momentos de perigo iminente quando o foco na tarefa e nos prazos
ameaça a conquista de algum resultado.
Na transição destas ênfases, o papel do líder também muda. Hunter (2006) ilustra
este processo quando propõe a necessidade (e já existência) de um perfil de líder
que serve.
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Liderança e Desenvolvimento de Equipes
Aceitar a diversidade
Para liderar grupos heterogêneos, ele aceita a diversidade como riqueza e promove
o que cada pessoa tem de melhor. Sua postura é inclusiva e apreciativa, movendo os
outros para frente.
Compartilhar experiências
Líderes servidores não gostam de ser idolatrados. Preferem ter companheiros de
jornada que compartilham experiências, inspiram-se e fazem sua parte também.
Quanto mais auxilia seus aliados, mais fidelidade obtém.
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Capítulo 2
Ter autoconfiança
O líder servidor sabe da sua competência e tem a consciência expandida. Com mais
confiança, arrisca novas tentativas e não se importa com os erros do aprendizado. Ele
é sensível ao tempo e espera o momento certo para agir. É prudente e objetivo. Usa
o tempo a seu favor. O líder servidor cuida do solo e semeia todos os dias, pois sabe
que uma boa colheita só acontece após muito investimento.
Dar o exemplo
Seu poder emerge da própria coerência, atitude e credibilidade. Tem o magnetismo
natural que exerce pela palavra e pelo exemplo. É mestre. Além de conhecer o que
ensina, o líder servidor sabe a importância de ser o que ensina. Quando surgem
conflitos age como um pacificador, gerando um sentimento de comunidade fraterna.
Ele é generoso e agregador, buscando sempre uma solução cooperativa para
preservar a harmonia das relações.
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Liderança e Desenvolvimento de Equipes
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Capítulo 3
Trabalho em equipe
autor: Desirée de Souza Freccia de Carvalho
Revisão e Ampliação de conteúdo: Viviane Bastos.
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Capítulo 3
Seção 1
O ser humano, um ser relacional
Formar uma organização sinérgica, competente e que procura chegar o mais
perto possível do que o cliente precisa, torna-se cada vez mais fundamental para
a sobrevivência de uma organização.
O ser humano, como se percebe, não vive isolado. De certa forma, somos seres
gregários, precisamos das pessoas para sobreviver, crescer e evoluir. Desde o
nascimento, o ser humano demonstra a enorme necessidade que tem do convívio
e da ajuda de outros seres humanos.
Curiosidade
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Liderança e Desenvolvimento de Equipes
A nossa vida cotidiana é demarcada pela vida em grupo. Estamos o tempo todo
nos relacionando com outras pessoas. Mesmo quando ficamos sozinhos, a
referência de nossos devaneios são os outros: pensamos em nossos amigos, na
próxima atividade (que pode ser assistir a aula de inglês ou realizar nova tarefa
no trabalho e que, provavelmente, envolverá mais de uma pessoa); pensamos no
nosso namoro, em nossa família. Raramente encontraremos uma pessoa que viva
completamente isolada, mesmo o mais asceta dos eremitas levará, para o exílio
voluntário, suas lembranças, seu conhecimento, sua cultura.
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Capítulo 3
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Liderança e Desenvolvimento de Equipes
Schermerhorn (1999, p. 143) afirmou que “os grupos podem ajudar seus membros
a melhorar o desempenho de tarefas e a obter mais satisfação do seu trabalho”.
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Capítulo 3
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Liderança e Desenvolvimento de Equipes
•• interesses comuns;
•• interação provocada pela própria organização formal;
•• movimentação do pessoal dentro da empresa;
•• períodos de lazer, ou seja, os tempos livres.
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Capítulo 3
a. Elas são só formadas com relação a coisas que têm significação para
o grupo. Se a produção é importante, aparecerá uma norma relativa a
ela. Se a ajuda dos membros de outro grupo para completar a tarefa
for importante, surgirá uma norma com relação a isso.
b. Há gradação na aceitabilidade das normas pelos membros do
grupo. Algumas normas são aceitas por todos os membros e de
modo completo, outras tem apenas uma aceitação parcial.
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Liderança e Desenvolvimento de Equipes
No quadro a seguir, você pode observar algumas diferenças entre grupos formais,
informais e equipes:
•• Percepção
•• Motivação
•• Outras prioridades
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Capítulo 3
Assim, indivíduos pró-ativos que conseguem construir sua história são essenciais,
pois um membro de uma equipe precisa constantemente:
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Liderança e Desenvolvimento de Equipes
Alguns papéis são construtivos, outros não são. Veja a seguir alguns exemplos:
•• especialista; •• dominador;
•• avaliador; •• dependente;
•• mediador; •• agressivo;
•• animador; •• vaidoso;
•• líder; •• confessante.
•• observador/ confrontador,
•• planejador.
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Capítulo 3
Seção 2
De agrupamento à equipe
Há todo um desenvolvimento e evolução das pessoas, até estarem prontas para
atuarem em equipes.
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Liderança e Desenvolvimento de Equipes
Quando um grupo sólido, maduro e articulado está apto, é capaz de realizar tarefas,
trabalhos em conjunto; já que as pessoas que o integram possuem laços, sintonia e
eficiência; tornam-se, então, uma equipe para realizar determinada tarefa.
A palavra “equipe” vem do francês antigo equif que designa originariamente uma
fila de barcos amarrados uns aos outros e puxados por homens e cavalos. Um
dia falou-se em equipe de trabalhadores para realizar a obra de puxar os barcos,
uma obra em comum dos homens ou cavalos que lá estavam. (ROBERT LAFON
apud MUCCHIELLI, 1994, s.p.).
Foi entre 1935 e 1946 que Kurt Lewin desenvolveu uma teoria consistente que
avaliava o clima grupal e a influência das lideranças na produção da atmosfera
dos grupos. Lewin argumentava que o clima democrático, autoritário ou o laissez-
faire dependiam da vocação do grupo e do estabelecimento de lideranças que os
viabilizassem. Assim, um grupo com vocação autoritária (entenda-se: um grupo
cujos membros acreditassem nesta forma de organização na sua relação grupal)
necessitaria de um líder autoritário.
O importante desta classificação feita por Lewin foi a descoberta de que os grupos
democráticos são, a longo prazo, os mais eficientes. Já os autoritários têm uma
eficiência imediata, na medida em que são muito centralizados e dependem
praticamente de seu líder. Mas são pouco produtivos, pois funcionam a partir da
demanda do líder, e seus membros são, geralmente, cumpridores de tarefas. Os
grupos democráticos exigem maior participação de todos os membros, que dividem
a responsabilidade da realização da tarefa com a sua liderança. Este tipo de grupo
pode tornar-se mais competente ainda quando sua liderança for emergente, isto é,
quando se desenvolver de acordo com o objetivo ou tarefa proposta pelo grupo.
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Capítulo 3
Assim, é mister afirmar que toda equipe passa antes por uma estrutura, uma
interação de grupo, porém nem todo grupo chega a ser uma equipe, porque
talvez nunca passe, evolua para o patamar da equipe.
Observe o que alguns outros autores sobre o tema apresentam como conceitos
para esses termos.
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Liderança e Desenvolvimento de Equipes
O quadro a seguir apresenta uma síntese dessas diferenças entre grupo e equipe.
65
Capítulo 3
De acordo com Moscovici (2001, p. 5), o grupo que compreende seus objetivos
e está engajado em alcançá-los, de forma compartilhada, pode ser considerado
equipe. Ou seja, “um grupo transforma-se em equipe quando passa a prestar
atenção à sua própria forma de operar e procura resolver os problemas que
afetam seu funcionamento.”
Vergara (apud Fiorelli, 2004) acredita que para um conjunto de pessoas se tornar
uma equipe é preciso que haja um elemento de identidade, elemento de natureza
simbólica, que una as pessoas, estando elas fisicamente próximas ou não.
•• organização;
•• interação;
•• motivação;
•• percepção (seus membros precisam se perceber como participantes
do grupo).
O autor enfatiza que existem grupos com metas comuns que não são equipes,
pois não há interdependência entre os membros que o compõem.
A partir dos diferentes conceitos existentes sobre esses termos, conforme alguns
deles aqui apresentados, é possível estabelecer alguns pontos importantes.
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Liderança e Desenvolvimento de Equipes
Características Características
Funcionam na sistemática
de cada um por si. Logo, se Grupo de pessoas que formam uma
alguém do grupo faltar, a unidade. Se um dos elementos faltar,
parte dele ficará sem ser o outro substitui e o trabalho não
realizada por ninguém que o fica em defasagem.
substitui.
Interdependência é a palavra-chave.
O nível de comprometimento com
o trabalho é maior nas equipes,
É cada um por si; ninguém
pois seus componentes têm mais
toma a iniciativa de ajudar o
oportunidades de tomar decisões
outro.
sobre as tarefas e responsabilidades
de cada um, o que aumenta a
adesão do empregado.
67
Capítulo 3
Positivos Negativos
Melhor tratamento das informações Criação da cultura do “consenso obrigatório”
Redução da ansiedade nas situações de incerteza Redução excessiva da supervisão
Maior geração de ideias Radicalização em torno das decisões tomadas
Interpretação menos rígida dos fatos e situações Sentimento de identidade excessivo
Maior probabilidade de evitar erros de julgamento Redução da ousadia em tomadas de decisão
Simplificação da supervisão (tendência ao conservadorismo)
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Liderança e Desenvolvimento de Equipes
Com vistas a contribuir com este assunto, Robbins (1997, p. 11-12), apresenta
uma matriz que mostra como as equipes podem se tornar disfuncionais. Segundo
o autor, não há apenas uma razão para as equipes não funcionarem, mas a
junção de diferentes aspectos pode comprometer sua eficácia e desempenho.
Problema Sintoma
Falta de vontade de mudar A equipe sabe o que fazer, mas não o faz
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Capítulo 3
70
Liderança e Desenvolvimento de Equipes
Dentre os demais autores que abordam o assunto, há outro que vale ser
mencionado por também propor uma divisão dos tipos de equipes. Dubrin (2003)
relaciona 5 tipos de equipes, que são:
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Capítulo 3
Estágio 1
A equipe:
• cortesia consciente;
• constrangimento;
• entusiasmo;
• comunicação empolada, artificial;
• uma sensação de “lua de mel”;
• sem muitos progressos em relação ao trabalho.
Estágio 2
A equipe:
• está “experimentando”;
• é “tumultuada”;
• preocupa-se em “como poderemos trabalhar juntos”.
• conflito;
• debates e discussões animadas;
• experimentando modos diferentes para trabalhar como equipe;
• algumas tarefas começam a ser cumpridas.
Estágio 3
A equipe:
• está “madura”;
• está executando tarefas;
• preocupa-se em atingir seus objetivos.
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Liderança e Desenvolvimento de Equipes
Estágio 4
A equipe:
Esquematizando o ciclo de vida das equipes de outra forma, podemos ter então:
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Capítulo 3
O quadro a seguir apresenta algumas das razões mais comuns para a resistência
das pessoas às mudanças.
1. Porque se apegam aos seus estilos de vida e passam a acreditar que não existe
nenhuma outra forma de viverem suas vidas. Ou pelo menos alguma outra forma que
valha a pena, por mais degradante e desesperadora que seja a sua condição atual.
2. Porque sabem que pode dar muito trabalho, que é muito complicado e que é
melhor deixar como está do que tentar modificar alguma coisa.
4. Porque acham que podem desagradar umas tantas pessoas a quem não
gostariam de magoar nunca, embora jamais tenham conversado abertamente com
elas sobre as mudanças que desejariam realizar em suas vidas.
7. Porque não sabem em que direção mudar; falta-lhes uma filosofia de vida que
lhes forneça parâmetros do que fazer de suas vidas.
10. Porque acham que já estão velhas demais para pensar nisso.
74
Liderança e Desenvolvimento de Equipes
14. Porque preferem se submeter à vontade dos outros a terem de enfrentar o risco
de fazer suas próprias escolhas.
75
Capítulo 4
Temas contemporâneos
em liderança e o desafio na
formação de equipes
autor: Desirée de Souza Freccia de Carvalho
Revisão e Ampliação de conteúdo: Alessandra de Oliveira e
Dâmaris de Oliveira Batista da Silva.
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Capítulo 4
Seção 1
O lugar da equipe nas organizações
Autor: Desirée de Souza Freccia de Carvalho
Revisão e Ampliação de conteúdo: Dâmaris de Oliveira Batista da Silva
78
Liderança e Desenvolvimento de Equipes
Existe uma realidade que não pode ser ignorada pelas pessoas que lideram esta
“mudança organizacional”, ou seja, a necessidade do envolvimento de todos os
membros da organização no processo constante de inovação.
79
Capítulo 4
Hilsdorf (2005) salienta ainda que, para que aconteça a formação de uma equipe
criativa, faz-se necessário que esta desenvolva as seguintes características:
A máxima do “um mais um é sempre mais do que dois” precisa ser internalizada
e adotada nas empresas, para ampliar sua competitividade. E esta interação, ou
articulação, entre as pessoas que formam a empresa deve ser desenvolvida de
forma profissional e sistemática para fins de maior amadurecimento (que resultará
em sobrevivência) destas empresas no mercado atual.
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Liderança e Desenvolvimento de Equipes
81
Capítulo 4
a. aumentam a produtividade;
b. melhoram a comunidade;
c. realizam tarefas que grupos comuns não podem fazer;
d. fazem melhor uso de recursos;
e. são mais criativas e eficientes na resolução de problemas;
f. significam decisões de alta qualidade;
g. dignificam melhores produtos e serviços;
h. realizam processos melhorados;
i. diferenciam enquanto integram.
Em nível pessoal, subjetivo, temos que entender o ser humano como um ser
focado, que busca realizar objetivo, e que é construído pelas relações. Pelas
relações de pessoas consigo, com o próximo, com a natureza e com o mundo.
Nós somos criaturas sociais. Nós não apenas gostamos da companhia uns dos
outros, mas também buscamos uns aos outros, situação após situação. Bem no
fundo, precisamos dessa interação, da mesma forma que necessitamos de ar,
água e seguro de vida.
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Liderança e Desenvolvimento de Equipes
Os especialistas não estão em perfeito acordo sobre isso. Parece que alguns de nós
demonstram muito menos essa necessidade do que outros. E alguns psicólogos
e antropólogos indicam que existe também uma dimensão da psique humana que
anseia por solidão. Algumas pessoas experimentam isso mais que outras.
Mas, basicamente, podemos dizer que precisamos obter uns dos outros:
•• afeição;
•• afiliação;
•• reconhecimento;
•• troca de ideias; e
•• valorização pessoal (ROBBINS; FINLEY, 1997, p. 15).
É nas relações entre seres humanos que o mundo humano acontece, que a
experiência cristaliza-se e que o aprendizado encontra a terra fértil do crescimento.
Para dar conta de obter a inovação em nossos tempos, inicialmente, esse autor
propõe o desenvolvimento das seguintes dimensões competitivas ligadas à
estratégia da organização:
83
Capítulo 4
84
Liderança e Desenvolvimento de Equipes
É como já dizia o célebre poeta inglês John Donne: “nenhum homem é uma ilha”,
unindo forças todo potencial individual se transforma numa competência coletiva.
Seção 2
Desenvolvendo equipes de trabalho
Pelo que foi estudado até aqui, ao assumir o papel de liderança, isto é, de
responsável pela formação e desenvolvimento de equipes de trabalho, você
precisa inicialmente analisar o nível de comprometimento e de desenvolvimento
dos integrantes da equipe.
85
Capítulo 4
Por processo seletivo •• Os indivíduos que formam este grupo. Por isso a questão
nos referimos tanto do processo seletivo dos integrantes que o devem
à analise do perfil
compor é tão importante.
psicológico (através de
entrevistas, dinâmicas •• O ambiente com sua cultura, as formas de se relacionar,
de grupo, referências...),
as formas de resolver problemas, enfim, de se relacionar,
quanto à análise da
compatibilidade das são fundamentais.
aptidões e habilidades •• E o próprio grupo, com sua história, com a capacidade
do candidato com
o cargo e o papel
de canalizar energia e capacidade de dedicação.
necessário de ser
desempenhado no Todos esses aspectos devem ser levados em conta e
processo grupal.
trabalhados constantemente se queremos desenvolver
equipes.
•• experiência
86
Liderança e Desenvolvimento de Equipes
A conduta que as equipes devem possuir para sua constante evolução consiste,
portanto, em estarem abertas para a interação com as mudanças que acontecem
no âmbito da organização e do mercado; e aprenderem a estar em aprendizagem
contínua para lidar com essas mudanças. O grande foco aqui é, portanto, aprender
a estar em constante processo de aprendizagem. Só assim as inovações serão
possíveis e corre-se um risco menor de a equipe ficar presa a alguma de suas
características de modo a não acompanhar o cenário de mudanças.
Como você já estudou até aqui, a importância do líder formador desta equipe de
alto desempenho é questão de sobrevivência da organização no mercado.
Porém, formar equipes, “times”, não tem sido tarefa das mais fáceis, e dependerá
essencialmente das ações, das intervenções do líder e do retorno que os
membros de sua equipe vão dar a ele.
Observe que, por exemplo, nas capas de revistas como Exame, HSM
Management, Pequenas Empresas e Grandes Negócios, entre outras, não são
mais apenas os empresários e acionistas que ali figuram, ou que as estampam;
e, sim, os administradores, ou seja, os executivos têm ocupado também esse
espaço. Atente-se ao exemplo de Maciel Neto, que já liderou a Ford e hoje lidera
a Suzano celulose e papel.
87
Capítulo 4
A seguir, você estudará seis itens que podem auxiliar nesse processo de
transformação. Mas, atenção: de forma nenhuma servem como receitas.
Fórmulas mágicas na área da gestão são perigosas e a capacidade de
colocação estratégica é a característica da liderança eficiente (qualidade) e eficaz
(produtividade). Logo, é essencial que o líder demonstre, em sua equipe, que ele
busca pela colocação estratégica no cenário da organização e do mercado, não
que segue “fórmulas mágicas”.
88
Liderança e Desenvolvimento de Equipes
Para facilitar sua compreensão, veja como se classificam os grupos por seu
modo de funcionamento de forma evolutiva:
Quadro 4.3 - Classificação de grupos por seu modo de funcionamento e forma evolutiva
89
Capítulo 4
Aproveite os itens 9, 10 e 11, deixados em branco, para você listar grupos dos
quais faz parte!
Observe que alguns são grupos de trabalho que podem obter vantagem,
crescimento, transformando-se em equipes de trabalho. Isto é, são uma equipe
em potencial.
Perceba que é o vínculo entre os integrantes que determina o que é uma equipe
e o que é um grupo. Há vínculo entre os integrantes de um grupo, porém, este
se distingue do vínculo existente entre os integrantes de uma equipe. Fixemos-
nos ainda no tipo de vínculo que existe no grupo: observe, no quadro a seguir, as
influências que sofrem os integrantes de um grupo.
90
Liderança e Desenvolvimento de Equipes
Pode-se dizer que, para formar uma equipe, é preciso engajar todos os
integrantes. Nesse sentido, o comprometimento para o trabalho em equipe
está no processo de comunicação, isto é, dá-se pela disposição de cada
membro ouvir e reagir de forma construtiva às opiniões dos demais, dar
aos demais o benefício da dúvida, prover apoio e reconhecer os interesses
e as realizações dos outros membros. <Fim de destaque>
91
Capítulo 4
92
Liderança e Desenvolvimento de Equipes
Sobre essa questão, Buller (1986 apud SPECTOR, 2002 p. 324) diz que:
93
Capítulo 4
94
Liderança e Desenvolvimento de Equipes
95
Capítulo 4
Aspecto Características
96
Liderança e Desenvolvimento de Equipes
Seção 3
O funcionamento das equipes de alto desempenho
Um objetivo maior que, de alguma forma, interesse a todos e possa ser alcançado
através da contribuição de todos (os integrantes precisam ter consciência disto) é
fundamental, se quisermos formar equipes de alto desempenho.
97
Capítulo 4
98
Liderança e Desenvolvimento de Equipes
Quando o ganso líder se cansa, ele muda de posição dentro da formação e outro
ganso líder assume a liderança. Vale muito a pena este revezamento em tarefas
difíceis; e isto serve tanto para as pessoas quanto para os gansos que voam
longas distâncias.
Mas existe um perfil ideal para o líder e para os integrantes de uma equipe?
Seção 4
Gestão de conflitos em equipes
Em Administração, em especial em gestão de pessoas, como já afirmado aqui,
não existem fórmulas, receitas prontas e fechadas. Porém, existem caminhos,
posturas que geram resultados. E, no que diz respeito ao perfil dos integrantes
de equipes, a postura que deve haver nestes é um certo grau de maturidade.
Sobre esta questão, Gramigna (2002, p. 122) bem se refere: “Cada membro que
já foi selecionado dentro do perfil de maturidade e capacidade técnica para o
cargo, no momento de inserção, precisa compreender realisticamente o papel e a
responsabilidade dele mesmo e de cada um que forma a equipe.”
Por quê?
99
Capítulo 4
Sim! Segundo Robert Bacal (2004, p.68, apud BITENCOURT,2012, 24), “Conflitos
que ocorrem em organizações não, necessariamente, têm que ser destrutivos,
contudo, um gerenciamento eficaz deste processo, requer que todas as partes
envolvidas conheçam a natureza do conflito dentro do ambiente organizacional”.
1. Seja empático
Empatia é a habilidade de se colocar no lugar da outra pessoa. Ela nos ajuda a
compreender as razões, por mais estranhas que pareçam, que levam alguém a
tomar decisões que jamais tomaríamos.
100
Liderança e Desenvolvimento de Equipes
4. Estimule o diálogo
Procure fazer com que as partes apresentem seus argumentos de maneira serena
e de preferência embasados em dados mensuráveis, de forma que as informações
dos dois lados possam ser aproveitadas em uma proposta intermediária.
5. Não se omita
Muitas vezes, o líder se retira antes de resolver o conflito. Se depois de tudo isso
o impasse persistir, decida você. Às vezes, é preciso tomar partido de uma das
posições e encerrar o problema, deixando claro quais os critérios levados em
consideração para decidir.
Seguindo estes cinco passos, com o passar do tempo, as pessoas perceberão que,
com você no comando, a negociação equilibrada sempre será o melhor caminho e
os conflitos em sua empresa diminuirão muito.
Fonte: Lam. Camila. Revista EXAME, 2012. 5 maneiras de lidar com conflitos na sua empresa.
Disponível em <http://exame.abril.com.br/pme/noticias/5-maneiras-de-lidar-com-conflitos-na-sua-
Bacal (2004, apud FERREIRA, 2007, p.2) considera que a chave para
organizações bem sucedidas não passa por estruturas bem definidas ou por
métodos, mas, sim, por criatividade, responsabilidade e adaptação. Nesse
sentido, a organização bem sucedida precisa dos processos de conflitos para
que visões divergentes sejam colocadas de forma aparente e novos modos de
fazer as coisas sejam estimulados.
101
Capítulo 4
Além do exposto, destacamos estes doze mandamentos que dão ênfase às atitudes
e posturas pessoais. Pois, a exigência do trabalho em equipe agrega a atitude como
elemento-chave nas relações de trabalho e nos resultados das equipes.
1. Todos são responsáveis pelo êxito do grupo. Não procure carregar o grupo nas
costas. Estimule cada um a cooperar. Exija do grupo.
2. Se você for tímido não cuide de você. Cuide do outro tímido. Timidez é excesso
de preocupação com você.
11. Aquele que não usa de empatia tem dificuldades de se adaptar ao grupo. Tente
colocar-se no ponto de vista do outro.
102
Liderança e Desenvolvimento de Equipes
• networking;
• custos reduzidos;
• entendimento da informação;
• compartilhamento de informações.
103
Capítulo 4
• videoconferência;
• teleconferência;
• voip;
• mensagens instantâneas;
• e-mails;
Para cada situação, uma ou mais destas ferramentas serão as mais adequadas.
Essa definição fica a critério da equipe juntamente com seu Líder de Projetos.
• reuniões periódicas;
• blog;
• bug tracking;
• documentos compartilhados;
• chat do projeto.
O objetivo disso é evitar que dados sejam julgados insignificantes demais para
serem compartilhados. Dessa forma, o conhecimento mantém-se na equipe e não
nos indivíduos.
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104
Liderança e Desenvolvimento de Equipes
Seção 5
Liderança e gestão de equipes
É consenso entre os pesquisadores das atuais teorias da administração de que
os gerentes precisam cada vez mais se ocupar da atividade de liderar, de fazer os
integrantes da organização darem o seu melhor e estes trazerem a inovação por
meio de sua criatividade.
Fred Fiedler (1981, apud DRUCKER, 1992) assinala que os gerentes eficazes e
dinâmicos são o recurso básico e também o mais escasso de qualquer empresa.
As estatísticas dos últimos anos tornam esse ponto ainda mais evidente. De cada
cem novas empresas que começam, aproximadamente, cinquenta, ou seja, a
metade, fecha no prazo de dois anos. Ao cabo de cinco anos, apenas uma terça
parte ainda está em atividade.
Essa gerência, para Levitz, citado por Marques (1998), consiste da avaliação
racional de uma situação; da seleção de objetivos e propósitos; do
desenvolvimento de estratégias para atingir tais objetivos; da alocação e controle
racional das atividades requeridas para atingir os objetivos selecionados; e da
motivação e compensação das pessoas para realizar o trabalho.
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Capítulo 4
106
Liderança e Desenvolvimento de Equipes
•• da comunicação;
•• da relação das metas de qualidade e produtividade;
•• do desenvolvimento do trabalho de forma participativa;
•• da análise do funcionamento dentro da estratégia da empresa;
•• do fortalecimento do compromisso dos integrantes com os objetivos
organizacionais.
107
Considerações Finais
Que você perceba a diferença existente entre os conceitos de chefe e de líder, que
perceba os ganhos que se tem numa organização quando se é comandado por um
líder e não por um chefe e, cima de tudo, permaneça em permanente processo de
amadurecimento que lhe permita trabalhar em equipe. Pois isso lhe trará ganhos
não só para sua vida profissional, mas também para a sua vida pessoal.
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Referências
111
Universidade do Sul de Santa Catarina
FERREIRA, Orlando; PIVETTI, André; ARAÚJO, Luísa. Abra uma loja para o
sucesso. Rio de Janeiro: Bom Texto, 2007.
112
Liderança e Desenvolvimento de Equipes
HOFSTEDE, G.H. Cultures and organizations: software of the mind. New York:
McGraw-Hill, 1991.
KATZEMBACK, John. The myth of the top management team. Havard Business
Review. v. 75, n. 6. p. 83-91, 1997.
113
Universidade do Sul de Santa Catarina
NEWS MAGAZINE, 2013. Home towns struggle with legacy of Stalin and
Hitler. Disponível em <http://www.bbc.co.uk/news/magazine-21715398>.
Acesso em 20 de fev de 2014.
ROBBINS, Harvey; FINLEY, Michael. Por que as equipes não funcionam. Rio de
Janeiro: Campus, 1997.
114
Liderança e Desenvolvimento de Equipes
115
Sobre os Professores
Conteudistas
Alessandra de Oliveira
É mestre em Educação pela Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL).
Especialista na Abordagem Centrada na Pessoa pelo Centro Universitário La Salle
(UNILASALLE). Ministra disciplinas de Psicologia da Educação, da Aprendizagem,
das Organizações, Liderança e Desenvolvimento de Equipes, e nas áreas de
orientação profissional, educação especial, ludoterapia, metodologia de pesquisa,
gestão de pessoas, aprendizagem organizacional. É Orientadora de estágios, TCC
e monografias em cursos de formação de educadores, psicólogos, administradores
em nível de graduação e pós-graduação, nas modalidades presencial e a distância
na Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL) e no Centro Universitário
Barriga Verde (UNIBAVE). Autora de livros didáticos em EaD da UnisulVirtual.
Viviane Bastos
É psicóloga e mestre em Educação pela Unisul. Com formação em terapia
cognitivo-comportamental, possui cursos na área de educação, administração
e psicologia. Professora nos cursos de graduação da Unisul, modalidades
presencial e a distância. Participou do projeto de cooperação internacional com
Portugal diretamente ligado ao Instituto Politécnico de Leiria, onde trabalhou
na capacitação da equipe de design instrucional da instituição (2007). Autora
(Conteudista) de livros didáticos em EaD da UnisulVirtual.
117
Liderança e Desenvolvimento de Equipes
Esse livro trata do fenômeno da liderança nas
organizações. Mais especificamente, de como a
liderança pode ser fomentada e quais os
principais desafios para ser exercida nas
organizações. Analisa a liderança de acordo com
algumas teorias psicológicas, apresenta diferentes
tipos de liderança e busca demonstrar como ela é
essencial para a criação de equipes. Estas últimas
que são apresentadas como algo essencial para o
sucesso das organizações.
w w w. u n i s u l . b r
9 788578 176327