Você está na página 1de 9

UNIVERSIDADE ROVUMA

FACULDADE DE CIENCIAS ECONOMICAS E EMPRESARIAIS


CURSO DE LICENCIATURA EM CONTABILIDADE E FISCALIDADE

Ficha de leitura
INTRODUCAO AS CONTAS DA CLASSE I.
 Conceitos e Generalidades.
 Principais Divisionárias
 Conta 1.1-Caixa
 Conta 1.2-Bancos
 Conta 1.3- Outros Instrumentos Financeiros
 Exercícios

DEFINIÇÃO DAS CONTAS DA CLASSE I- MEIOS FINANCEIROS


Comecemos pela definição de MEIOS FINANCEIROS: O Plano Geral de
Contabilidade (PGC) Define os Meios Financeiros, como sendo os recursos líquidos de
pagamento disponíveis na empresa ou nas instituições bancárias e que a empresa pode
dispor através da movimentação das contas bancárias. Este conceito ainda inclui os
títulos negociáveis de grande liquidez (de curtíssimo prazo), tais como, acções,
obrigações, títulos de participação, entre outros, na condição de que os mesmos
constituam aplicações financeiras realizadas pela empresa com o objectivo de negociá-los
(“revendê-los”) a curto prazo.
Resumidamente, a classe de Meios Financeiros engloba: Dinheiro em caixa (cofre)
Dinheiro da empresa disponível nas instituições bancárias; Aplicações da empresa em
títulos negociáveis de curtíssimo prazo (Dinheiro aplicado nos investimentos
financeiros de curto prazo (aplicacao de accoes em bolsa de valores, designados de
equivalentes de caixa)
Contas Subsidiárias da Classe I- Meios Financeiros
Conforme o PGC, constituem principais contas e subcontas desta classe as seguintes:
1.1-Caixa
1.2- Bancos
1.2.1- Depósitos à Ordem
1.2.2- Depósitos com Pré-Aviso
123- Depósitos com Prazo
1.3- Outros Instrumentos Financeiros
1.3.1-Derivados
1.3.2- Detidos para Negociação
1.3.3- Outros Instrumentos Financeiros ao Justo Valor através dos Resultados
Conta CAIXA: Conceitos e Generalidades, Movimentação. Gestão de Caixa.
Funcionamento do Fundo Fixo de Caixa.

Definição e Enquadramento
A conta inclui os meios de pagamento líquidos e disponíveis na empresa, tais como,
moedas, notas e cheques recebidos de terceiros.

Caracteristicas destas contas do meio Circulante Financeiro


Estas contas aumentam pelos debitos e diminuem pelos creditos.
Nota: O saldo desta conta deve ser sempre devedor ou, no mínimo, nulo e nunca e credor.
Gestão de Caixa: Fundo Fixo de Caixa
O controlo e conferência periódica de caixa são atribuídos à uma pessoa (tesoureiro) a
quem cabe todas as responsabilidades pelos pagamentos e recebimentos de caixa.
Para o controlo dos movimentos efectuados com os valores em caixa, o tesoureiro utiliza
uma folha de caixa (diário/razão auxiliar de caixa), que pode adoptar o seguinte formato:

Data Operações /historico Entradas Saídas

TOTAL
Resumo dos
movimentos
do caixa
Saldo inicial
Mais: entradas
Menos: saídas
Saldo final

O recibo e Venda a Dinheiro (VD) constituem os documentos-base para a movimentação


de caixa, sendo o elemento comprativo do pagamento através de caixa.

Como funciona o Fundo Fixo de Caixa?


O controlo e conferência de caixa são atribuídos à uma pessoa a quem serão exigidas
todas as responsabilidades dos valores à sua guarda que è o tesoureiro. Para suprir
pequenas falhas, poderá ser atribuído a esse responsável um subsídio mensal, além do
ordenado, designado subsídio para falhas, com o qual deverá cobrir as falhas ou faltas
que se verificarem nos valores à sua guarda.

Movimentação
Debita-se:
pelas vendas e prestações de serviços efectuadas a dinheiro;
pelos recebimentos de clientes;
pelos levantamentos efectuados em banco para reforço de Caixa.
Pelas diferenças de cambio favoráveis

Credita-se:
pelos pagamentos efectuados em numerário;
pelos depósitos efectuados em numerário;
pelas diferenças de cambio desfavoráveis.

Exemplo 1
O saldo de caixa da Empresa “ABC, Lda.”, em 30/06/N era constituído pelos seguintes
elementos, em MT:
Cheques..................... 24.000,00
Moedas e Notas...........8.000,00
Durante o mês de Julho de N, tiveram lugar os seguintes factos contabilísticos
(resumidos):
Cobranças a clientes....................................128.500,00
Depósitos de cheques..................................130.000,00
Pagamento de despesas diversas....................3.500,00
Levantamento para reforço do fundo fixo......5.000,00

Bancos
Esta conta integra todos os meios de pagamento que a empresa pode dispor através de
movimentação de contas bancárias e de aplicações de tesouraria de curto prazo e de
disponibilidade imediata

Movimentação
É conta do activo, debitada
Pelos depósitos efectuados e operações equivalentes (desconto de letras, cobrança de
títulos, ordens de transferência de terceiros, juros vencidos, etc.) e

Creditada
pelos levantamentos e operações equivalentes (cheques, ordens de pagamento e de
transferência a terceiros, comissões e despesas de serviços bancários, etc)
O saldo da conta de bancos é devedor ou nulo e representa os meios monetários à
disposição da empresa depositados em bancos

Resumindo, a conta "depósitos à ordem", geralmente, debita-se pelos depósitos feitos


pela empresa e por terceiros, por contrapartidas diversas (1.1-caixa e 4.1-clientes) e
credita-se pelos levantamentos ou pagamentos realizados por contrapartida, de 4.2, 6.2,
6.3, etc.

Conferência de saldos de bancos


Periodicamente, deverão ser conferidos os saldos existentes em cada uma das contas
bancárias com o saldo contrário indicado através do extracto fornecido pelos bancos.
Encontradas as diferenças deverão ser indicadas, justificadas e corrigidas.
Esta conferência de valores designa-se reconciliação bancária. Não existem
procedimentos específicos para as reconciliações bancárias, sendo feita normalmente em
cada mês.

Exemplo 2
Considere que a empresa “BETA, Lda.”, apresentava, em 02/01/N, na sua conta à ordem
do banco "B2B, SA", 210.500,00.
Durante o mês de Janeiro/N, ocorreram os seguintes factos patrimoniais:
Dia 5: Cheque n° 8719, no valor de 158.500,00, a favor do fornecedor Andrade M.
Andrade.
Dia 18: Cheque n° 8720, no valor de 10.000,00, para constituição do fundo fixo de caixa.

Dia 24: Clientes pagam 230.000,00 por transferência bancária.


Dia 31: Nota de débito (ND) n° 90911 do banco ʺB2B,SAʺ, referente a despesas bancárias
de impressão do livro de cheques, no valor de 500,00.
Pretende-se:
a) Lançamento no diário de controlo bancário da empresa das operações acima
descritas.
b) Saldo final de bancos, em 31/01/N.

Renciliação Bancária
Para os contabilistas e gestores, é importante verificar os registos contabilísticos no final
de cada período (mês), através da realização das reconciliações bancárias. O extracto
bancário deve ser comparado com o livro de registo de movimentos bancários da
empresa, para apurar e justificar as possíveis diferenças entre ambos.
A Renciliação Bancária é uma técnica contabilística que tem por objectivo apurar,
justificar e rectificar as possíveis diferenças que possam existir entre os movimentos e
saldos entre os registos da empresa e o controlo do banco sobre a mesma conta bancária
da empresa.
Uma das possíveis rectificações a fazer é quando os saldos das contas de depósitos à
ordem não são iguais aos dos extractos bancários, neste caso, ter-se-á que realizar a
respectiva reconciliação bancária.
Para o efeito, o saldo do extracto bancário terá que ser reajustado pelos valores
contabilizados pela empresa e ainda não contabilizados pela instituição bancária e,
analogamente, o saldo da conta de depósitos à ordem da empresa deve ser reconciliado
tendo por base os valores contabilizados pelo Banco e ainda não contabilizados pela
empresa.

Modelo de Reconciliação Bancária


EMPRESA
BANCO
CONTA N°
Reconciliacao a : 31.M. Ano
Saldo na contabilidade XXXXXX
Mais: Pagamentos na contabilidade e nao no banco
Cheque n
Cheque n
Menos: Recebimentos na contabilidade e nao no
banco.
Dep/dd.mm.aa
Bord/dd.mm.aa
Menos: Pagamentos na banco nao na contabilidade
Cheque n
Cheque n
Mais: Recebimentos no banco nao na contabilidade
Dep/dd.mm.aa
Dep/dd.mm.aa
Saldo apurado xxxxx
Diferenca 0,00
Saldo no banco Xxxxxx

Exemplo 3
A empresa Lúcia Pulveira Lda., apresenta no razão da contabilidade , um saldo em
31.07. 2023 na conta corrente n 123456 do banco XXXX, no valor de 64.920,00,
enquanto que no extrato bancário o saldo na mesma data e de 74.670,00.
Sabe se que no mesmo mês de julho do mesmo ano ocorreram os seguintes factos:
a) A empresa pagou o fornecedor ABC no valor de 2.300,00, mediante emissão de
cheque n 876 em 30.07, do banco XXXX.
b) Em 15.07 e 25.07 foram creditados valores na conta corrente n 123456 do banco
XXXX, nos valores de 1.800,00 e 6.000,00 respectivamente
c) Em 28.07 foi feito um pagamento no valor de 2.800,00, referente ao empréstimo
mútuo concedido a Lúcia Pulveira , cujo o recibo não foi enviado a contabilidade.
d) A empresa pagou, 22.07, a nota fiscal n 212, emitida pelo posto de abastecimento
de combustível, no valor de 5.000,00 com o cheque n 875.
e) Em 29.07, a conta corrente 123456 foi debitada pelo banco pelo banco Lúcia
Pulveira no valor de 50,00 pela taxa bancaria
f) Em 13.07, um deposito no valor de 2500, que foi contabilizado pela empresa e
creditado erroneamente noutra conta corrente pelo banco
Pede-se:
Elaboração da reconciliação bancaria do mês de Julho do ano de 2023, da conta 123456
do banco XXXX em nome de Lúcia Pulveira

Conta 1.3-Outros Instrumentos Financeiros


Conforme o PGC, nesta conta estão reunidas as aplicações de Tesouraria resultantes dos
seus excedentes. Os títulos negociáveis, como também são conhecidos, é uma conta do
activo que destina- se ao registo dos valores mobiliários cujo horizonte temporal seja
inferior a 1 (um) ano (para a negociação no mercado secundário).

Exemplos de Títulos Negociáveis: Acções e obrigações.


Acção – Corresponde a uma fracção do capital da empresa (sociedade anónima)
identificativo de uma parte do seu património.
Obrigação – Corresponde a um título de dívida emitido pela empresa ou pelo estado
mediante o qual os mesmos se obrigam ao respectivo reembolso e pagamento de juros.

Contabilização dos Títulos Negociáveis


O tratamento contabilístico dos títulos negociáveis assemelha-se ao dos depósitos a
prazo.
De acordo com o PGC, as subcontas de 1.3- Outros Instrumentos Financeiros, por
contrapartida de 1.1/1.2.1 ou 4.6, conforme seja a pronto pagamento ou crédito e
debitam-se pela aquisição dos títulos mobiliários (acções e obrigações), e creditam-se
pela sua alienação ou resgate.

Notas importantes:
A aquisição dos títulos negociáveis, geralmente é antecedida da respectiva subscrição
pública (compromisso de compra).
A emissão dos títulos negociáveis pode ser ao par (pelo seu valor nominal), acima do par
(com prémio) e abaixo do par (com desconto).
Na alienação, pode haver ganhos ou perdas financeiras, conforme o valor de venda seja
superior ou inferior ao valor nominal.

Exemplo 4
A sociedadeʺDELTA, Lda.ʺ, registando um excesso de liquidez, decidiu realizar no
exercício de N as seguintes operações:
Aquisição, por cheque, de 2.000 acções da Sociedade ABC, S.A., pelo preço de
100,00/cada, valor nominal.
Compra, por cheque, de 500 obrigações de SIGMA, Lda., por 1.000,00/cada, valor
nominal.
Aquisição, por cheque, de 10.000 acções da Sociedade PAC, S.A. por 100,00/cada, valor
nominal.
Venda de 2.500 acções da Sociedade SPAC, S.A. Preço de cotação das acções à data:
150,00/cada. O valor fir recebido imediatamente por transferência bancária.
As obrigações da SIGMA pagam juros de 10%, valor recebido por transferência bancária.
Com a informação anterior, pretende-se:
a) Registo no diário da empresa das operações efectuadas.
b) Saldo da 1.3-Outros instrumentos financeiros, em 31/12/N.

Você também pode gostar