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Autor:
Equipe Alexandre Herculano,
Alexandre Herculano, Diego
Pureza
22 de Dezembro de 2022
Sumário
Gabarito ..................................................................................................................................................... 42
Este assunto é “campeão” nas provas de concursos públicos para Carreiras Policiais e, também, para
Carreiras Jurídicas.
Segundo Nestor Sampaio, a sociologia criminal, em seu início e postulados, confundiu-se com certos
preceitos da antropologia criminal, uma vez que buscava a gênese delituosa nos fatores biológicos, em
certas anomalias cranianas, na “disjunção” evolutiva.
O próprio Lombroso, no fim de seus dias, formulou o pensamento no sentido de que não só o crime surgia
das degenerações, mas também certas transformações sociais afetavam os indivíduos, desajustando-os.
Todavia, a moderna sociologia partiu para uma divisão bipartida, analisando as chamadas teorias
macrossociológicas, sob enfoques consensuais ou do conflito.
São exemplos de teorias do consenso a Escola de Chicago, a teoria de associação diferencial, a teoria da
anomia e a teoria da subcultura delinquente.
De outro lado, são exemplos de teorias do conflito o labelling approach e a teoria crítica ou radical.
Sampaio, afirma ainda, que as teorias do consenso entendem que os objetivos da sociedade são
atingidos quando há o funcionamento perfeito de suas instituições, com os indivíduos convivendo e
compartilhando as metas sociais comuns, concordando com as regras de convívio.
Aqui os sistemas sociais dependem da voluntariedade de pessoas e instituições, que dividem os mesmos
valores. As teorias consensuais partem dos seguintes postulados: toda sociedade é composta de
elementos perenes, integrados, funcionais, estáveis, que se baseiam no consenso entre seus integrantes.
Por sua vez, as teorias do conflito argumentam que a harmonia social decorre da força e da coerção, em
que há uma relação entre dominantes e dominados.
Nesse caso, não existe voluntariedade entre os personagens para a pacificação social, mas esta é
decorrente da imposição ou coerção. Os postulados das teorias do conflito são: as sociedades são sujeitas
a mudanças contínuas, sendo ubíquas, de modo que todo elemento coopera para sua solução. Haveria
sempre uma luta de classes ou de ideologias a informar a sociedade moderna (Marx).
Os sociólogos contemporâneos afastam a luta de classes, argumentando que a violação da ordem deriva
mais da ação de indivíduos, grupos ou bandos do que de um substrato ideológico e político.
A criminologia crítica é elaborada com base em uma interpretação da realidade realizada a partir de
um ponto de vista marxista. Trata-se de uma proposta política que considera que o sistema penal é
ilegítimo, e seu objetivo é a desconstrução desse sistema.
Comentários: A assertiva está CORRETA.
A teoria Crítica tem suas bases alicerçadas no marxismo, enxergando o crime como fenômeno
proveniente do sistema capitalista. Tem origem histórica no início do século XX, com o trabalho do
holandês Bonger, que, inspirado pelo marxismo, entende ser o capitalismo a base da criminalidade, na
medida em que promove o egoísmo (que, por sua vez, levaria as pessoas a delinquir). Vale citar alguns
defensores de destaque como Alessandro Baratta (Itália); Rosa Del Omo e Eugênio Raul Zaffaroni
(América Latina).
3. (2018 - CESPE - PC-SE - Delegado de Polícia) Em seu início, a sociologia criminal buscava associar a
gênese delituosa a fatores biológicos. Posteriormente, ela passou a englobar as chamadas teorias
macrossociológicas, que não se limitavam à análise do delito segundo uma visão do indivíduo ou de
pequenos grupos, mas consideravam a sociedade como um todo.
Tendo esse fragmento de texto como referência inicial, julgue o item a seguir, relativo a teorias
sociológicas em criminologia.
Na perspectiva macrossociológica, o pensamento criminológico moderno é influenciado por duas
visões: a das teorias de consenso e a das teorias de conflito.
Comentários: A assertiva está CORRETA. O pensamento criminológico moderno é influenciado por duas
visões:
- uma de cunho funcionalista, denominada teoria de integração, mais conhecida por teorias do consenso;
- uma de cunho argumentativo, chamada de teorias do conflito.
4. (2018 - CESPE - PC-SE - Delegado de Polícia) Tendo esse fragmento de texto como referência
inicial, julgue o item a seguir, relativo a teorias sociológicas em criminologia.
Relacionada a movimentos conservadores e a orientações políticas também conservadoras, a teoria
sociológica do conflito considera que a harmonia social advém da coerção e do uso da força, pois as
sociedades estão sujeitas a mudanças contínuas e são predispostas à dissolução.
Comentários: A assertiva está ERRADA. Não podemos falar em modelo conservador. As teorias do
conflito criticam os posicionamentos tradicionais da teoria do consenso. Os postulados das teorias do
conflito são: as sociedades são sujeitas a mudanças contínuas, sendo ubíquas, de modo que todo
elemento coopera para sua solução. Haveria sempre uma luta de classes ou de ideologias a informar a
sociedade moderna (Marx).
5. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – VUNESP - PCSP) A moderna Sociologia Criminal possui visão bipartida
do pensamento criminológico atual, sendo uma de cunho funcionalista e outra de cunho
argumentativo. Trata-se das teorias:
a) indutiva e dedutiva.
b) do consenso e do conflito
c) absoluta e relativa.
d) moderna e contemporânea.
e) abstrata e concreta.
Comentários: A alternativa B é o gabarito da questão. Pela teoria do conflito temos: Labbeling Aproach ou
etiquetamento e Teoria radical ou crítica. Pela teoria do consenso temos: Escola de Chicago, teoria da
associação diferencial , teoria da anomia e teoria da subcultura do delinquente.
As teorias sociológicas são compostas por dois grandes grupos, subdivididos em outras
escolas, que são as teorias do consenso e do conflito.
A teoria do consenso (ou integração) A teoria do conflito defende que a ordem e
defende que o escopo da sociedade, a coesão sociais são impositivas, caracterizando
convivência harmoniosa, é alcançado quando meios de coerção e dominação de uns e
suas instituições funcionam perfeitamente, sujeição e opressão de outros. Isso se deve
caracterizadas quando as pessoas buscam porque as pessoas não compartilham
objetivos comuns e aceitam respeitar as interesses comuns e o controle social se
normas vigentes. Por tal razão, faz-se alusão presta a assegurar a prevalência de uns sobre
ao maquinário de um relógio, cujo os demais.
funcionamento restará comprometido
quando uma ou algumas de suas peças Esta teoria não é conservadora. É
está/estão defeituosas. Assim, quando progressista.
algumas pessoas compartilham objetivos
distintos do visado para o bem-estar social e,
com isso desrespeitam as normas vigentes,
haverá um incremento no fenômeno
criminológico.
7. (2018 - CESPE - PC-SE - Delegado de Polícia) Em seu início, a sociologia criminal buscava associar a
gênese delituosa a fatores biológicos. Posteriormente, ela passou a englobar as chamadas teorias
macrossociológicas, que não se limitavam à análise do delito segundo uma visão do indivíduo ou de
pequenos grupos, mas consideravam a sociedade como um todo.
Tendo esse fragmento de texto como referência inicial, julgue o item a seguir, relativo a teorias
sociológicas em criminologia.
8. (2017 - VUNESP - DPE-RO - Defensor Público) Assinale a alternativa que contém somente teorias
consagradas na Sociologia Criminal.
a) Teoria do recolhimento e Teoria da reação típica.
b) Teorias Multifatoriais e Teoria “ecológica da escola de Chicago”.
c) Labelling Aproach e Teoria “escatológica da escola de Boston”.
d) Teoria do Processo Crime e Teoria do Processo Penal.
e) Teoria do Livre Arbítrio e Teoria da reação cultural.
Comentários: A alternativa B é o gabarito da questão. Analisando basicamente a questão da delinquência
juvenil, os idealizadores, da Teoria Multifatorial, foram capazes de, a partir da observação e análise de
determinados fatos e dados, identificar a existência de condições variáveis de indivíduo para indivíduo que
potencialmente dariam origem a um comportamento delituoso. Tomado determinado grupo de jovens
infratores, passa-se a uma análise de sua estrutura social, coletando-se dados tais como condição
econômica e social da família, convivência escolar, ausência de entes-queridos etc.
9. (2016 - MPE-SC - MPE-SC - Promotor de Justiça) No âmbito das teorias criminológicas, a teoria da
subcultura delinquente, originariamente conhecida como “Escola de Chicago”, assevera que a
delinquência surge como resultado da estrutura das classes sociais, que faz com que alguns grupos
aceitem a violência como forma de resolver os conflitos sociais.
Comentários: A assertiva está ERRADA. Teorias da Subcultura Delinquente foi desenvolvida por Wolfgang
e Ferracuti (1967), esta teoria defende a existência de uma subcultura daviolência, que faz com que alguns
grupos passem a aceitar a violência como um modo normal de resolver os conflitos sociais.
10. (FCC - DPE-PR - Defensor Público) Com o surgimento das Teorias Sociológicas da Criminalidade
(ou Teorias Macrossociológicas da Criminalidade), houve uma repartição marcante das pesquisas
criminológicas em dois grupos principais. Essa divisão leva em consideração, principalmente, a forma
como os sociólogos encaram a composição da sociedade: Consensual (Teorias do consenso,
funcionalistas ou da integração) ou Conflitual (Teorias do conflito social). Neste contexto são
consideradas Teorias Consensuais:
A) Escola de Chicago, Teoria da Anomia e Teoria da Associação Diferencial.
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11. (PAPILOSCOPISTA POLICIAL – VUNESP - PCSP) De acordo com a Sociologia Criminal, pode-se
citar como exemplo da Teoria do consenso:
a) a Teoria crítica.
b) a Teoria radical.
c) a Teoria das janelas quebradas.
d) a Teoria da associação diferencial.
e) a teoria do conflito
Comentários: A alternativa D é o gabarito da questão. As Escolas Sociológicas são divididas em
consensuais e conflitivas. Pertencem ao grupo consensual a teoria da anomia de Émile Durkheim, a escola
de Chicago de Robert Park, a subcultura delinquencial de Albert Cohen e a associação diferencial de
Sutherland. De caráter conflitivo, surgiu a teoria do Labelling Aproach de Erving Goffman, bem como a
escola crítica de inspiração marxista, também intitulada de teoria crítica da Criminologia.
A Escola de Chicago foi o berço da sociologia americana nos anos 30, tendo como objeto de estudo a
cidade como ente vivo capaz de influenciar as condutas criminosas. Veio em franca oposição ao
Positivismo, tentando trazer um novo marco, novas problemáticas e novos olhares em relação à
criminalidade.
marcada pelo pragmatismo, e, dentre outras inovações que preconizou, destacam-se o método da
observação participante e o conceito de ecologia humana.
O ponto de estudo da Escola de Chicago são as cidades, e mais precisamente às áreas de delinquência,
que diz respeito aos guetos, bairros mais pobres, onde percebem que há uma degeneração física e moral
das pessoas. As casas não são pintadas, há lixo nas ruas, um ambiente em degradação, de modo que
também seus habitantes jogam lixo nas ruas, falam palavrões, vivem de forma imoral.
A Escola de Chicago eleva a cidade à condição de fator criminógeno, não há dúvida em perspectivar que o
sucesso da política criminal, estabelecida por meio de pesquisas, no enfrentamento da criminalidade
decorrerá, também, da adoção de medidas de intervenções urbanas como, por exemplo, planejamento
das cidades, estética das construções, revitalização de áreas degradas e proteção do patrimônio público.
12. (2018 - FCC - DPE-AM - Defensor Público) Sobre as escolas criminológicas, é correto afirmar:
A Escola de Chicago fomentou a utilização de métodos de pesquisa que propiciou o conhecimento da
realidade da cidade antes de se estabelecer a política criminal adequada para intervenção estatal.
Comentários: A assertiva está CORRETA. Com a revolução industrial houve o crescimento dos centros
urbanos e, ao mesmo tempo, crescimento da criminalidade. Com isso, a Escola de Chicago voltou sua
atenção para os estudos dos meios urbanos, chegando à conclusão de que o meio ambiente influenciava a
conduta criminosa. Logo, concluíram também que o crescimento da população nas cidades representava
um crescimento na criminalidade. À luz da Escola de Chicago a cidade era responsável por produzir a
criminalidade.
13. (2016 - CESPE - PC-PE - Delegado de Polícia) Considerando que, conforme a doutrina, a moderna
sociologia criminal apresenta teorias e esquemas explicativos do crime, assinale a opção correta
acerca dos modelos sociológicos explicativos do delito.
a) Para a teoria ecológica da sociologia criminal, que considera normal o comportamento delituoso para o
desenvolvimento regular da ordem social, é imprescindível e, até mesmo, positiva a existência da conduta
delituosa no seio da comunidade.
b) A teoria do conflito, sob o enfoque sociológico da Escola de Chicago, rechaça o papel das instâncias
punitivas e fundamenta suas ideias em situações concretas, de fácil comprovação e verificação empírica
das medidas adotadas para contenção do crime, sem que haja hostilidade e coerção no uso dos meios de
controle.
c) A teoria da integração, ao criticar a teoria consensual na solução do conflito, rotula o criminoso quando
assevera que o delito é fruto do sistema capitalista e considera o fator econômico como justificativa para o
ato criminoso, de modo que, para frear a criminalidade, devem-se separar as classes sociais.
d) A Escola de Chicago, ao atentar para a mutação social das grandes cidades na análise empírica do
delito, interessa-se em conhecer os mecanismos de aprendizagem e transmissão das culturas
consideradas desviadas, por reconhecê-las como fatores de criminalidade.
e) A teoria estrutural-funcionalista da sociologia criminal sustenta que o delito é produto da
desorganização da cidade grande, que debilita o controle social e deteriora as relações humanas,
propagando-se, consequentemente, o vício e a corrupção, que são considerados anormais e nocivos à
coletividade.
Comentários: A alternativa C é o gabarito da questão. Na letra A, o examinador faz referência à Teoria da
Anomia. Na letra B, a Escola de Chicago é uma Teoria do Consenso. Na letra C, é preciso saber que a teoria
da integração é um outro nome dado à teoria do consenso. E na letra E, o examinado faz referência à
Escola de Chicago.
14. (FCC - AL-PB – Procurador) A avaliação do espaço urbano é especialmente importante para
compreensão das ondas de distribuição geográfica e da correspondente produção das condutas
desviantes. Este postulado é fundamental para compreensão da corrente de pensamento, conhecida
na literatura criminológica, como
A) teoria da anomia.
B) escola de Chicago.
C) teoria da associação diferencial.
D) criminologia crítica.
E) labelling approach.
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✓ Teoria Ecológica;
✓ Teoria Espacial;
✓ Teoria da Janelas Quebradas;
✓ Teoria da Tolerância Zero;
✓ Teoria dos Testículos Quebrados.
Segundo esta teoria, a ordem social, estabilidade e integração contribuem para o controle social e a
conformidade com as leis, enquanto a desordem e a má integração conduzem ao crime e à delinquência.
Tal teoria propõe ainda que quanto menor a coesão e o sentimento de solidariedade entre o grupo a
comunidade ou a sociedade, maiores serão os índices de criminalidade.
Tem como principal obra The City: Suggestion for the Investigation of Human Behavior in the City
Environment, dos autores Robert Park e Ernest Burguess.
A teoria ecológica explica o efeito criminógeno da grande cidade, valendo-se dos conceitos de
desorganização e contágio inerentes aos modernos núcleos urbanos e, sobretudo, invocando o
debilitamento do controle social desses núcleos. Com a escola de Chicago, a Criminologia abandonou o
paradigma até então dominante do positivismo criminológico, do delinquente nato de Lombroso, e girou
para as influências que o ambiente, e no presente caso, que as cidades podem ter fenômeno criminal.
Ganhou-se qualidade metodológica. Com os estudos da escola de Chicago criou-se também o ambiente
cultural para as teorias que se sucederam e que são a feição da moderna criminologia.
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15. (2018 - VUNESP - PC-SP - Agente de Polícia) Os conceitos básicos de “desorganização social” e de
“áreas de delinquência” são desenvolvidos e relacionados com o fenômeno criminal de modo
preponderante, por meio da teoria sociológica da criminalidade, denominada como
a) Escola de Chicago.
b) Subcultura Delinquente.
c) Associação Diferencial.
d) Anomia.
e) Labeling approach ou “etiquetamento”.
Comentários: A alternativa A é o gabarito da questão. A reunião, nas áreas degradadas, de determinados
sujeitos, perdedores dos processos ecológicos, notadamente no tocante ao da competição, fará das
mesmas áreas naturais criminógenas, cujo componente central é a desorganização social, causa por
excelência da criminalidade no pensamento da Escola de Chicago.
16. (2018 - CESPE - DPE-PE - Defensor Público) Com relação às escolas e às teorias jurídicas do direito
penal, assinale a opção correta.
(...)
Na primeira metade do século passado, floresceu, na Universidade de Chicago, a chamada teoria
ecológica ou da desorganização social, que considerava o crime um fenômeno ligado a áreas naturais.
Comentários: A assertiva está CORRETA. Na primeira metade do século passado, floresceu, na
Universidade de Chicago, a chamada teoria ecológica ou da desorganização social, que considerava o
crime um fenômeno ligado a áreas urbanas.
Segundo esta teoria, a ordem social, estabilidade e integração contribuem para o controle social e a
conformidade com as leis, enquanto a desordem e a má integração conduzem ao crime e à delinquência.
Tal teoria propõe ainda que quanto menor a coesão e o sentimento de solidariedade entre o grupo a
comunidade ou a sociedade, maiores serão os índices de criminalidade.
17. (2018 - CESPE - Polícia Federal - Delegado de Polícia) Julgue o item a seguir, relativos a modelos
teóricos da criminologia.
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Foi criada na década de 1940 e trata da reestruturação arquitetônica e urbanística das grandes cidades
como medida preventiva da criminalidade. Teve como expoente o arquiteto Oscar Newman, por meio da
==299e1b==
obra Defensible Space, ao qual apresentou uma série de modelos de construção adequados e capazes de
prevenir as pessoas contra a criminalidade.
Originada nos Estados Unidos, a Teoria das Janelas Quebradas foi cunhada pelos criminologistas da
Universidade de Harvard, James Wilson e George Kelling (obra: The Police and Neiborghood Safety – “A
Polícia e a Segurança da Vizinhança”, publicada na revista Atlantic Monthly em 1982), apresentando um
vínculo peculiar entre desordem/descaso e delinquência.
Para entender a conclusão é necessário conhecer as pesquisas empíricas que inspiraram a teoria ora
estudada:
Para o experimento, foram utilizados dois locais, um bairro de classe pobre (Bronx, Nova
Iorque) e outro considerado de alto padrão (Palo, Alto, Califórnia).
Antes que alguns concluíssem de forma limitada e precipitada que a criminalidade estava
vinculada apenas à classe social de cada região, Zimbardo quebrou uma das janelas do
veículo até então preservado que havia estacionado em Palo Alto. Com isso, poucas
horas após a janela ter sido quebrada, o veículo foi completamente destruído por
pessoas que por ali passavam.
A conclusão foi de que, com o exemplo de que algo está abandonado, haverá o recado subliminar de
ausência de vigilância, de abandono, gerando, por conseguinte, a sensação de impunidade. Nesse sentido,
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pessoas que só não praticam crimes por receio da punição passam a não mais enxergar obstáculos para
praticarem suas vontades.
Com isso, o que a Teoria das Janelas Quebradas apresenta para a segurança pública é a ideia de que a
tolerância de delitos menores (aplicando, por exemplo, medidas alternativas ao invés de pena), acaba por
estimular os criminosos a praticarem delitos cada vez mais graves e violentos.
Logo, é de extrema importância aplicar punição com rigor sobre qualquer delito, independentemente da
gravidade, como forma de desestimular a delinquência na prática de crimes mais graves (caráter
preventivo e dissuasório da pena).
Também se evitaria que determinados bairros até então considerados perigosos se tornassem verdadeiras
zonas de concentração da delinquência.
Por fim, destaca-se que a teoria das janelas quebradas inspirou a Política de Tolerância Zero, a seguir
estudada.
É uma filosofia jurídico-política, baseada em decisões desprovidas de discricionariedade por parte das
autoridades policiais de uma organização, as quais agem, seguindo padrões predeterminados no que se
refere à atribuições de punições, independentemente da culpa do infrator ou de situação peculiar que se
encontre.
Inspirada, também, na teoria das janelas quebradas. Para esta teoria a atuação policial deve ser firme, com
rigor, inflexível, até mesmo contra crimes considerados leves ou de menor potencial ofensivo pois, aos
policiais pressionarem os criminosos com firmeza, farão com que estes últimos fujam.
O criminoso, se sentindo intimidado pela polícia, se afastaria por perceber que não teria “vida fácil” em
seus intentos criminosos.
A Teoria da Associação Diferencial parte da ideia segundo a qual o crime não pode ser definido
simplesmente como disfunção ou inadaptação das pessoas de classes menos favorecidas, não sendo ele
exclusividade dessas. A vantagem dessa teoria é que, ao contrário do positivismo, que estava centrado
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no perfil biológico do criminoso, tal pensamento traduz uma grande discussão dentro da perspectiva
social. O homem aprende a conduta desviada e a associa como referência.
Há, em verdade, inúmeras teorias englobadas dentro da terminologia, talhada por Edwin Sutherland,
representante mais conhecido dessas teorias e a quem de atribui o nome teoria da associação diferencial
propriamente dita. Partindo dos preceitos de Chicago, Sutherland notabilizou-se por buscar uma
explicação para a criminalidade de colarinho branco. Segundo ele, os conceitos de desorganização
social, falta de controle social informal e distribuição ecológica não seriam capazes de explicar a
criminalidade dos poderosos, uma vez que estes residiam nas melhores regiões da cidade e não tinham
qualquer desadaptação social ou cultural.
A partir das nove proposições elaboradas por Sutherland sobre a tua teoria, podemos deduzir que para
Sutherland as bases da conduta humana têm suas raízes na experiência cotidiana e no aprendizado que
ela implica. O indivíduo atua de acordo com as reações que sua própria conduta desperta nos outros e que
o comportamento dos outros, desperta nele. Assim, o comportamento individual acha-se
permanentemente modelado pelas socializações da vida cotidiana.
Contrariando as perspectivas que ele denomina “convencionais”, Sutherland propõe que a conduta
criminosa não é algo anormal, não é sinal de uma personalidade imatura, de um déficit de inteligência,
antes é um comportamento adquirido por meio do aprendizado que resulta da socialização num
determinado meio social.
18. (2018 - VUNESP - PC-SP - Auxiliar de Papiloscopista Policial) Segundo a teoria sociológica da
criminalidade denominada associação diferencial, é correto afirmar que
a) é o grau de autocontrole apresentado por um indivíduo que irá determinar sua maior ou menor
propensão ao crime, autocontrole esse que é adquirido por meio da socialização familiar.
b) nos termos propostos por Sutherland, a conduta criminosa não é algo anormal, não é sinal de uma
personalidade imatura, de um deficit de inteligência, antes é um comportamento adquirido por meio do
aprendizado que resulta da socialização num determinado meio social.
c) a tensão entre as metas socioculturais recomendadas pelo sistema social e as reais condições de
alcançá-las pelos meios legítimos, sobretudo para certos indivíduos, cria um rompimento por meio do qual
as normas sociais entram em conflito com os valores de um indivíduo ou de uma subcultura exigindo um
comportamento ilegal para alcance do fim legítimo.
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d) diferentes atos criminosos são intercambiáveis, porque estes mostram as mesmas características como
o imediatismo e o baixo grau de esforço. Assim, as diferenças entre crimes instrumentais e expressivos, ou
entre crimes violentos e crimes não coercitivos, “são sem sentido e enganosas”.
e) as diferenças de aspirações individuais e os meios disponíveis, as oportunidades bloqueadas e a
privação relativa são fatores que, articulados, ocasionam a prática de crimes.
Comentários: A alternativa B é o gabarito da questão. Na letra A, temos a Teoria do Autocontrole de
Michael R. Gottfredson e Travis Rirch. Na letra C, a temos a Teoria da Anomia. Na letra D, conceito que
estão, também, dentro da Teoria do Auto Controle.
19. (2018 - VUNESP - PC-SP - Agente de Polícia) O comportamento criminal é aprendido, mediante a
interação com outras pessoas, resultante de um processo de comunicação, ou seja, o crime não pode
ser definido simplesmente como disfunção ou inadaptação de pessoas de classes menos favorecidas,
não sendo exclusividade destas.
Trata-se, nesse texto, da ideia que é base da teoria sociológica da criminalidade surgida em um
ambiente pós-Primeira Guerra Mundial e denominada como
a) Anomia.
b) Teoria Ecológica do Crime.
c) Associação Diferencial.
d) Subcultura Delinquente.
e) Labeling approach ou “etiquetamento”.
Comentários: A alternativa C é o gabarito da questão. A teoria da associação diferencial tem como
premissa que o crime não pode ser definido simplesmente como disfunão ou inaptidão das pessoas de
classes menos favorecidas, pois isso não é de exclusividade destas. Momento em que se apresenta a
expressão "white-collar crime" (crime de colarinho branco).
Sutherland, defende que comportamento humano tem origem social, e o homem, ao aprender a conduta
desviada, associa-se com referência nela. O indivíduo é convertido em delinquente no momento em que
os valores predominantes no grupo, do qual faz parte, ensinam o delito. Isso pode acontecer
especialmente quando os exemplos de comportamentos criminosos superam os de boa conduta, a
exemplo de famílias com membros envolvidos com a criminalidade, círculo de amizades desvirtuados, etc.
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20. (2018 - CESPE - PC-MA - Delegado de Polícia) De acordo com a teoria de Sutherland, os crimes são
cometidos
a) em razão do comportamento das vítimas e das condições do ambiente.
b) por pessoas de baixa renda, exatamente em razão de sua condição socioeconômica desprivilegiada.
c) em razão do comportamento delinquente herdado, ou seja, de origem biológica.
d) por pessoas que sofrem de sociopatias ou psicopatias.
e) por pessoas que convivem em grupos que realizam e legitimam ações criminosas.
Comentários: A alternativa E é o gabarito da questão. Segundo a Teoria da Associação Diferencial, o
indivíduo desenvolve seu comportamento individual baseado nos exemplos e influências que possui.
Contrariando as perspectivas que ele denomina “convencionais”, Sutherland propõe que a conduta
criminosa não é algo anormal, não é sinal de uma personalidade imatura, de um déficit de inteligência,
antes é um comportamento adquirido por meio do aprendizado que resulta da socialização num
determinado meio social.
As nove proposições de Sutherland são:
1) O comportamento criminal é aprendido;
2) O comportamento criminal é aprendido em interação com outras pessoas em um processo de
comunicação;
3) A parte principal da aprendizagem do comportamento criminoso ocorre dentro de grupos pessoais
íntimos;
4) Quando o comportamento criminoso é aprendido, a aprendizagem inclui técnicas de cometer o crime,
às vezes muito complicadas, às vezes muito simples, e a direção específica de motivos, motivações,
racionalizações e atitudes;
5) A direção específica dos motivos e unidades é aprendida com as definições dos códigos legais como
favoráveis ou desfavoráveis;
6) Uma pessoa se torna delinquente devido ao excesso de definições favoráveis à violação da lei sobre
definições desfavoráveis à violação da lei;
7) As associações diferenciais podem variar em frequência, duração, prioridade e intensidade;
8) O processo de aprender comportamento criminal por associação com padrões criminais e anti-
criminosos envolve todos os mecanismos envolvidos em qualquer outro aprendizado;
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9) Embora o comportamento criminoso seja uma expressão de necessidades e valores gerais, não é
explicado por essas necessidades e valores gerais, porque o comportamento não criminoso é uma
expressão das mesmas necessidades e valores.
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5) A direção específica dos motivos e unidades é aprendida com as definições dos códigos legais como
favoráveis ou desfavoráveis;
6) Uma pessoa se torna delinquente devido ao excesso de definições favoráveis à violação da lei sobre
definições desfavoráveis à violação da lei;
8) O processo de aprender comportamento criminal por associação com padrões criminais e anti-
criminosos envolve todos os mecanismos envolvidos em qualquer outro aprendizado;
9) Embora o comportamento criminoso seja uma expressão de necessidades e valores gerais, não é
explicado por essas necessidades e valores gerais, porque o comportamento não criminoso é uma
expressão das mesmas necessidades e valores.
22. (DESENHISTA TÉCNICO PERICIAL – VUNESP - PCSP) Assinale a alternativa que completa as
lacunas do texto. Os estudos de Sociologia Criminal de Sutherland (Teoria da Associação Diferencial)
estão principalmente ligados aos crimes de _________________ e tiveram como foco
______________________ .
a) genocídio ... a Alemanha
b) organizações criminosas ... a Itália
c) jogo ilegal ... a atual Rússia (ex-URSS)
d) discriminação de gênero ... países do Oriente Médio
e) colarinho branco ... os Estados Unidos da América
Comentários: A alternativa E é o gabarito da questão. A teoria da Associação Diferencial desenvolvida nos
Estados Unidos da América na década de 1930 por Edwin Sutherland, acreditava em uma nova categoria
de criminosos os quais utilizavam de conhecimento técnico, habilidades e influência para praticar
determinados crimes, especialmente aqueles relacionados com a ordem financeira-tributário, lavagem de
capitais e criminalidade organizada, os quais são frutos de um longo processo de aprendizagem.
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A Teoria da Anomia é uma das mais tradicionais explicações de cunho sociológico acerca da criminalidade
é a teoria da Anomia, de Merton (1938). Segundo essa abordagem, a motivação para a delinquência
decorreria da impossibilidade de o indivíduo atingir metas desejadas por ele, como sucesso econômico ou
status social.
23. (2018 - CESPE - Polícia Federal - Delegado de Polícia) Julgue o item a seguir, relativos a modelos
teóricos da criminologia.
De acordo com a teoria da anomia, o crime se origina da impossibilidade social do indivíduo de atingir
suas metas pessoais, o que o faz negar a norma imposta e criar suas próprias regras, conforme o seu
próprio interesse.
Comentários: A assertiva está CORRETA. A Teoria da Anomia é uma das mais tradicionais explicações de
cunho sociológico acerca da criminalidade é a teoria da Anomia, de Merton. Segundo essa abordagem, a
motivação para a delinquência decorreria da impossibilidade de o indivíduo atingir metas desejadas por
ele, como sucesso econômico ou status social.
É uma situação social onde falta coesão e ordem, especialmente no tocante a normas e valores. Então as
normas são definidas de forma ambígua ou são implementadas de maneira causal e arbitrária. Por
exemplo, uma calamidade como a guerra subverte o padrão habitual da vida social e cria uma situação em
que torna obscuro as normas que têm aplicação, ou se um sistema é organizado de tal maneira que
promove o isolamento e a autonomia do indivíduo a ponto das pessoas se identificarem muito mais com
seus próprios interesses do que com os do grupo ou da comunidade como um todo.
A teoria da anomia não interpreta o crime como uma anomalia. Existem dois autores que falam sobre
anomia: Émile Durkheim e Robert Merton. A teoria da anomia insere-se dentro das teorias designadas
como funcionalistas.
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24. (2018 - VUNESP - PC-SP - Agente de Polícia) A teoria sociológica da criminalidade que teve, entre
seus principais autores, Émile Durkheim e Robert Merton é conhecidamente denominada na
criminologia como
a) Escola de Chicago.
b) Teoria Ecológica do Crime.
c) Labeling approach ou “etiquetamento”.
d) Associação Diferencial.
e) Anomia.
Comentários: A alternativa E é o gabarito da questão. Decorrente da perda de referências coletivas
normativas que coordenam a vida em sociedade, ensejando assim um enfraquecimento da solidariedade
social. (marcada pela ausência de normas) - Emile Durkheim e Robert Merton.
25. (2018 - VUNESP - PC-SP - Papiloscopista da Polícia Federal) Na questão, assinale a alternativa
contendo a informação que preenche corretamente a lacuna.
A teoria _______ considera que o crime é um fenômeno natural da vida em sociedade; todavia, sua
ocorrência deve ser tolerada, mediante estabelecimento de limites razoáveis, sob pena de subverter a
ordem pública, os valores cultuados pela sociedade e o sistema normativo vigente.
a) da associação diferencial
b) do etiquetamento ou labelling approach
c) behaviorista
d) da anomia
e) da subcultura delinquente
21
26. (2017 - FAPEMS - PC-MS - Delegado de Polícia) Tendo como premissa o estudo da Teoria
Criminológica da Anomia, analise o problema a seguir.
O senhor X, 55 anos, bancário desempregado, encontrou, como forma de subsistência própria e da
família, trabalho na contravenção (apontador do jogo do bicho em frente à rodoviária da cidade). Por
lá permaneceu vários meses, sempre assustado com a presença da polícia, mas como nunca sofreu
qualquer repreensão, inclusive tendo alguns agentes como clientes dentre outras autoridades da
cidade, continuou sua labuta diária. Y, delegado de polícia, recém-chegado à cidade, ao perceber a
prática contravencional, a despeito da tolerância de seus colegas, prende X em flagrante. No entanto,
apenas algumas horas após sua soltura, X retornou ao antigo ponto continuando a receber apostas
diárias de centenas de pessoas da comunidade.
Assinale a alternativa correta correspondente a esse caso.
a) A teoria da anomia advém do funcionalismo penal, que defende a pertinência da norma enquanto
reconhecida pela sociedade como necessária para a solução dos conflitos sociais, tendo sido arbitrária a
conduta do delegado.
b) A anomia, no contexto do problema, dá-se pelo enfraquecimento da norma, que já não influencia o
comportamento social de reprovação da conduta, quando a sociedade passa a aceitá-la como normal.
c) A atitude dos demais policiais caracteriza o poder de discricionariedade legítimo do agente de
segurança pública, diante da anomia social caracterizada da norma que perde vigência pela ausência de
funcionalidade.
d) A atitude do delegado expressa a representação da teoria da anomia, em que a norma não perde sua
força de coerção social, pois, somente revogada por outra norma, independente do comportamento do
infrator.
e) A teoria da anomia não tem aplicação no caso em análise, pois sob o aspecto criminológico é
necessário que estejam presentes no estudo do fenômeno o delinquente, a vítima e a sociedade.
Comentários: A alternativa B é o gabarito da questão. Anomia significa a ausência de lei. A falta de normas
que vinculem as pessoas num contexto social. Merton segue a linha teórica do funcionalismo. Afirma que
em toda sociedade desenvolvem-se metas culturais que expressam os valores que guiam a vida dos
indivíduos em sociedade.
O pensamento funcionalista considera a sociedade como um todo orgânico, que tem uma articulação
interna. Sua finalidade é a reprodução através do funcionamento perfeito dos seus vários componentes.
Isto pressupõe que os indivíduos sejam integrados no sistema de valores da sociedade e que compartilhem
os mesmos objetivos, ou seja, que aceitem as regras sociais vigentes e se comportem de forma adequada
às mesas.
Para Durkheim, a palavra "função" é empregada de duas maneiras diferentes. Designa ora um sistema de
movimentos vitais, abstração feita de suas consequências, ora a relação de correspondência que existe
entre estes movimentos e alguma necessidades do organismo.
Tais acertivas oriundas da análise orgânica do ser humano foram transpostas para as ciências sociais. A
"maquina social" deve encontrar meios de autopreservação; toda vez que não encontrar, no entanto,
estar-se-á diante de uma disfunção. Em face dessa disfunção, a sociedade deve reagir para que a falha
23
desse sistema seja corrigida e para que se possa voltar ao normal funcionamento da sociedade como um
todo.
O interessante dessa perspectiva é que o combate à disfunção far-se-á não pelo estudo de suas causas,
mas sim pelo exame de suas consequências exteriores.
28. (2019 - CESPE - DF - Defensor Público) Acerca dos modelos teóricos da criminologia, julgue o item
que se segue.
Estabelecida por Durkheim, a teoria da anomia, que analisa o comportamento delinquencial sob o
enfoque estrutural-funcionalista, admite o crime como um comportamento normal, ubíquo e
propulsor da modernidade.
Comentários: A assertiva está CORRETA. A teoria da anomia entende que os crimes ocorrem porque os
indivíduos acreditam ser impossível atingir as metas desejadas através dos meios organizacionais.
Para esta teoria, podemos explicar a criminalidade por meio de uma ótica sociológica sustentando que
determinado comportamento pode ser considerado criminoso por violar o consciente coletivo (valores
comuns da sociedade).
Ademais, afastando das ideias da Escola Positivista, a teoria da anomia afasta a ideia do crime como
anomalia (dispensando estudos biológicos), passando a adotar uma concepção puramente sociológica).
A partir da perspectiva que se enxerga o fenômeno criminal sob o prisma sociológico, a teoria da anomia
chega às seguintes conclusões:
➢ Crime: qualquer comportamento capaz de violar o consciente coletivo, ou seja, lesões aos valores
preponderantes na sociedade;
➢ Pena: passa a ser instrumento de defesa do consciente coletivo e preservação da sociedade.
Mas como definir o que é, de fato, consciente coletivo? Evidentemente, será mais preciso uma análise de
cada grupo social, diagnosticando quais os valores preponderantes em cada local, porém, a teoria da
anomia nos fornece diretrizes mínimas para a correta compreensão do fenômeno criminal: é a estrutura
social responsável por definir os fins e metas culturais dominantes, bem como quais os meios
institucionalizados considerados legítimos.
24
Fins e metas culturais podem ser definidos como os alvos almejados pela maioria dos cidadãos, tais como
a riqueza, o sucesso, qualidade de vida, status social, estabilidade, etc, enquanto que os meios
institucionalizados considerados legítimos são os modelos de condutas consideradas corretas para
atingir os fins e metas culturais, tais como o trabalho, estudos, esforço pessoal, etc.
A partir da ideia acima, Robert King Merton apresenta 5 possibilidades de adaptações distintas de um
sujeito aos meios institucionalizados (alguns legítimos e outros não) visando alcançar as metas culturais:
Exemplo: indivíduo aceita a ideia de que precisa trabalhar para alcançar sucesso
profissional, ainda que dessa forma precise de anos para atingir metas.
b) Inovação: aqui o indivíduo até aceita as metas culturais, todavia, rejeita os meios legítimos elencados
pela estrutura social, passando a praticar condutas desviadas como meio para atingir fins e metas
culturais.
Exemplo: indivíduo quer riqueza e status social (metas culturais dominantes), porém,
rejeita a ideia de trabalho e passa a buscar tais metas por meio de assaltos a mão armada
(meios ilegítimos).
c) Ritualismo: aqui inverte-se os polos do modelo anterior. O indivíduo rejeita as metas culturais, porém,
por meio de um comportamento rotineiro (por hábito) e conformista, permanece respeitando os meios
legitimamente institucionalizados, agindo por toda a vida como se tivesse praticando um ritual.
Exemplo: indivíduo não concorda com a ideia de que só se consegue sucesso ou status
social por meio da riqueza, todavia, mesmo assim permanece em sua rotina de trabalho e
estudos deixando de praticar qualquer conduta delituosa (pratica hábitos ritualísticos
como o trabalho rotineiro mesmo sem acreditar que seu fruto será o sucesso ou que o
sucesso seja mesmo importante).
d) Evasão (retraimento ou inocuização): o indivíduo rejeita tanto as metas culturais quanto os meios
institucionalizados, passando a viver à margem da sociedade.
25
Exemplo: anarquistas, rebeldes sem causa e “revolucionários sociais” que tentam mudar
o mundo por meios imediatistas e bruscos, cuja finalidade é implementar a própria visão
ideal de sociedade.
Em síntese:
A conclusão é de que com o fracasso na perseguição das metas culturais (insucesso, por exemplo), somado
a escassez dos meios institucionalizados (desemprego, desigualdade social, ensino público precário, etc.),
a sociedade caminhará para um estado de anomia, ou seja, estado de desordem com comportamentos
desviados e estranhos às normas sociais (crimes).
Importante frisar que, segundo essa teoria, a prática de crimes em índices mínimos pode ser tolerada por
se tratar de um fenômeno comum e natural, porém, se alcançado índices elevados e alarmantes de
criminalidade, estaremos diante de um estado de desordem social e de caos, com o risco de subversão dos
valores até então dominantes somados com a completa descrença no sistema normativo de condutas,
acarretando no estado de anomia.
A Teoria da Subcultura Delinquente desenvolvida por Wolfgang e Ferracuti (1967). Esta teoria defende a
existência de uma subcultura da violência, que faz com que alguns grupos passem a aceitar a violência
como um modo normal de resolver os conflitos sociais. Mais que isso, sustenta que algumas subculturas,
na verdade, valorizam a violência, e, assim como a sociedade dominante impõe sanções àqueles que
deixam de cumprir as leis, a subcultura violenta pune com o ostracismo, o desdém ou a indiferença os
indivíduos que não se adaptam aos padrões do grupo.
A ideia da subcultura delinquente foi consagrada na literatura criminológica pela obra de Albert Cohen:
Delinquent boys. O conceito não é exclusivo da área criminal, sendo utilizado igualmente em outras
esferas do conhecimento, como na antropologia e na sociologia. Trata-se de um conceito importante
dentro das sociedades complexas e diferenciadas existentes no mundo contemporâneo, caracterizado
pela pluralidade de classes, grupos, etnias e raças.
26
O autor determina que subcultura delinquente se caracteriza por três fatores, o não utilitarismo da ação:
se revela no fato de que muitos delitos não possuem motivação racional; malícia da conduta: é o prazer
em desconcertar, em prejudicar o outro; e negativismo da conduta: mostram-se como um polo oposto aos
padrões da sociedade.
Os seguidores da Subcultura delinquente recebem diversas críticas, por se tratar de uma teoria muito
reducionista, e defender seus ideais grosso modo, pois a respectiva teoria não justifica os delitos
provocados fora das realidades Subculturais. Considera-se também, que nem sempre há harmonia de
valores dentro do mesmo grupo, ou seja, é possível que integrantes não comunguem com todos os
princípios nele desenvolvidos.
29. (2018 - VUNESP - PC-SP - Agente de Polícia) A ausência de utilitarismo da ação, a malícia da
conduta e seu respectivo negativismo são fatores associados à teoria sociológica da criminalidade
denominada como
a) Subcultura Delinquente.
b) Anomia
c) Teoria Ecológica do Crime.
d) Labeling approach ou “etiquetamento”.
e) Associação Diferencial.
Comentários: A alternativa A é o gabarito da questão. A teoria da subcultura delinquente é uma das
escolas sociológicas do consenso. Tem como seus autores Albert K. Cohen (1955): “Delinquent boys: the
culture of the gang” e Willian F. Whyte (1953): “Street Corner Society. The Social structure of an Italian
slum”.
30. (2018 - VUNESP - PC-BA - Delegado de Polícia) No tocante às teorias da subcultura delinquente e
da anomia, assinale a alternativa correta.
a) Uma das principais críticas às teorias da subcultura delinquente é a de que ela não consegue oferecer
uma explicação generalizadora da criminalidade, havendo um apego exclusivo a determinado tipo de
criminalidade, sem que se tenha uma abordagem do todo.
b) A teoria da anomia, sob a perspectiva de Durkheim, define-se a partir do sintoma do vazio produzido no
momento em que os meios socioestruturais não satisfazem as expectativas culturais da sociedade,
27
fazendo com que a falta de oportunidade leve à prática de atos irregulares para atingir os objetivos
almejados.
c) A teoria da anomia, sob a perspectiva de Merton, define-se a partir do momento em que a função da
pena não é cumprida, por exemplo, instaura-se uma disfunção no corpo social que desacredita o sistema
normativo de condutas, fazendo surgir a anomia. Portanto, a anomia não significa ausência de normas,
mas o enfraquecimento de seu poder de influenciar condutas sociais.
d) O utilitarismo da ação é um dos fatores que caracterizam a subcultura deliquencial sob a perspectiva de
Albert Cohen.
e) O sentimento de impunidade vivenciado por uma sociedade é antagônico ao conceito de anomia
identificado sob a ótica de Durkheim.
Comentários: A alternativa A é o gabarito da questão. Uma crítica que essa teoria recebe é que não
fornece um modelo explicativo generalizado da criminalidade, trata apenas de uma criminalidade com
características bastante específicas.
31. (2017 - VUNESP - DPE-RO - Defensor Público) É possível encontrar relatos em reportagens
jornalísticas e em investigações criminais de situações em que teoricamente o poder do Estado não
alcança, exemplo é a teoria de que organizações criminosas mantêm “códigos de condutas” próprios
e que execuções de integrantes das facções são consideradas “justas” dada a gravidade das
“infrações” praticadas dentro das citadas “regras”. Também é possível, ao ouvir uma música com a
expressão “é melhor viver pouco como um rei do que muito como um Zé”, ter a ideia de que o crime
compensaria, pois se fossem respeitadas as regras sociais, a maioria dos jovens não conseguiria
alcançar uma condição de vida satisfatória diante da falta de oportunidades para a ascensão social.
Os fatos sugeridos podem ser usados como exemplos de quais teorias criminológicas, também
chamadas de teorias do consenso?
a) Ecologia do Crime e Desorganização Cultural.
b) Labbelling Approach e Reorganização Cultural.
c) Aculturação e Reação História.
d) Distanciamento e Associação Diferencial.
e) Subcultura Delinquente e Anomia.
Comentários: A alternativa E é o gabarito da questão. A Teoria da Subcultura Delinquente defende a
existência de uma subcultura da violência, que faz com que alguns grupos passem a aceitar a violência
como um modo normal de resolver os conflitos sociais. Mais que isso, sustenta que algumas subculturas,
na verdade, valorizam a violência, e, assim como a sociedade dominante impõe sanções àqueles que
deixam de cumprir as leis, a subcultura violenta pune com o ostracismo, o desdém ou a indiferença os
indivíduos que não se adaptam aos padrões do grupo. Já a teoria da anomia entende que os crimes
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ocorrem porque os indivíduos acreditam ser impossível atingir as metas desejadas através dos meios
organizacionais.
32. (DESENHISTA TÉCNICO PERICIAL – VUNESP - PCSP) Escola Criminológica que tem como
expoente Albert Cohen, e que procura equacionar por meio de respostas não criminais e não punitivas
o comportamento geralmente juvenil que desafia os modelos de produção consumista.
a) Escola da Contracultura Contemporânea.
b) Teoria da Subcultura Delinquente.
c) Escola Socialista Cultural.
d) Teoria do Comunismo Consciente.
e) Teoria do Socialmente Razoável.
Comentários: A alternativa B é o gabarito da questão. Albert Cohen, criminólogo americano Ph.D. em
sociologia pela Universidade de Harvard, no ano de 1955, com a obra Delinquents Boys explicou que todo
agrupamento humano possui subculturas, sejam elas provenientes de seu gueto ou filosofia de vida, em
que cada um se comporta de acordo com as regras do grupo, as quais não correspondem com a regra da
cultura geral. Quando aludidos agrupamentos desenvolvem ideologias criminosas, como os grupos de
extermínio ou homofóbicos, são denominados subculturas delinquentes.
33. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – VUNESP - PCSP) Veículos de comunicação em massa de todo o país
noticiaram, em 12 de junho de 2012, que a região dorsal da estátua do Cristo Redentor de Belo
Horizonte foi pichada naquela madrugada por dois homens, com a inscrição
“...... RONADINHO 49” (sic), em homenagem ao novo craque do Clube Atlético Mineiro. O
comportamento desses indivíduos é relacionado à teoria sociológica
a) da cifra dourada.
b) do Conflito cultural
c) das áreas criminais.
d) da subcultura delinquente.
e) do “labelling approach”.
Comentários: A alternativa D é o gabarito da questão. A subcultura delinquencial pode ser conceituada
como um comportamento de transgressão criado por grupos, os quais o incorporam em sua personalidade
como modo de vida. Para Albert Cohen, são fatores que caracterizam o comportamento desviado: não
utilitarismo da ação, malícia da conduta e seu negativismo.
29
35. (PAPILOSCOPISTA POLICIAL – VUNESP - PCSP) Uma das mais importantes teorias do conflitos;
surgiu nos Estados Unidos nos anos de 1960, e seus principais expoentes foram Erving Goffman e
Howard Becker. Trata-se da
a) Teoria do labelling approach.
b) Teoria da subcultura delinquente.
c) Teoria da desorganização social.
d) Teoria da anomia.
e) Teoria das zonas concêntricas.
30
Para esta teoria a criminalidade, se revela como um status atribuído a determinados indivíduos mediante
um duplo processo: a definição legal de crime, que etiqueta e estigmatiza.
Essa teoria considera que as questões centrais da teoria e da prática criminológicas não se relacionam ao
crime e ao delinquente, mas, particularmente, ao sistema de controle adotado pelo Estado no campo
preventivo, no campo normativo e na seleção dos meios de reação à criminalidade.
No lugar de se indagar os motivos pelos quais as pessoas se tornam criminosas, deve-se buscar
explicações sobre os motivos pelos quais determinadas pessoas são estigmatizadas como delinquentes,
qual a fonte da legitimidade e as consequências da punição imposta a essas pessoas.
São os critérios ou mecanismos de seleção das instâncias de controle que importam, e não dar primazia
aos motivos da delinquência. A tese central dessa corrente pode ser definida, em termos muitos gerais,
pela afirmação de que cada um de nós se torna aquilo que os outros veem em nós e, de acordo com essa
mecânica, a prisão cumpre uma função reprodutora: a pessoa rotulada como delinquente assume,
finalmente, o papel que lhe é consignado, comportando-se de acordo com o mesmo. Todo o aparato
do sistema penal está preparado para essa rotulação e para o reforço desses papéis.
O criminoso deixa de ser visto como um ser intrinsecamente bom ou mal, ou provido de fatores
biopsicológicos que o formatam como delinquente, e passam a ser um fruto de uma construção social
(moldagem da realidade social), proveniente do contato que o agente desviante tem com as
instâncias oficiais.
31
36. (2018 - CESPE - Polícia Federal - Delegado de Polícia) Julgue o item a seguir, relativos a modelos
teóricos da criminologia.
Para a teoria da reação social, o delinquente é fruto de uma construção social, e a causa dos delitos é
a própria lei; segundo essa teoria, o próprio sistema e sua reação às condutas desviantes, por meio do
exercício de controle social, definem o que se entende por criminalidade.
Comentários: A assertiva está CORRETA. Para essa teoria, o criminoso deixa de ser visto como um ser
intrinsecamente bom ou mal, ou provido de fatores biopsicológicos que o formatam como delinquente, e
passam a ser um fruto de uma construção social (moldagem da realidade social), proveniente do contato
que o agente desviante tem com as instâncias oficiais.
37. (2018 - UEG - PC-GO - Delegado de Polícia) Sobre o labelling approach e sua influência sobre o
pensamento criminológico do século XX, constata-se que
a) a criminalidade se revela como o processo de anteposição entre ação e reação social.
b) recebeu influência decisiva de correntes de origem fenomenológica, tais como o interacionismo
simbólico e o behaviorismo.
c) o sistema penal é entendido como um processo articulado e dinâmico de criminalização.
d) parte dos conceitos de conduta desviada e reação social como termos independentes para determinar
que o desvio e a criminalidade não são uma qualidade intrínseca da conduta.
e) no processo de criminalização seletiva o funcionamento das agências formais de controle mostra-se
autossuficiente e autorregulado.
Comentários: A alternativa C é o gabarito da questão. Na letra A, para o Labelling Approach, a
criminalidade, se revela como um status atribuído a determinados indivíduos mediante um duplo
processo: a definição legal de crime, que etiqueta e estigmatiza. Logo, não é um processo de anteposição
entre ação e reação social. Na letra B, a teoria Behaviorista não influenciou o labelling approach. Na letra
D, a conduta desviada” e “reação social” são termos interdependentes e não independentes. Na letra E, o
labeling conduziu ao reconhecimento de que, do ponto de vista do processo de criminalização seletiva, a
investigação das agências formais de controle não pode considerá-las como agências isoladas umas das
outras, autossuficientes e autorreguladas mas requer, no mais alto grau, um approach integrado que
permita apreender o funcionamento do sistema como um todo.
32
d) tem o interacionismo simbólico na sociologia como forte influência para seu desenvolvimento em
ruptura aos modelos de consenso até então imperantes na criminologia.
e) tem sua raiz na sociologia marxista do conflito.
Comentários: A alternativa D é o gabarito da questão. Surgiu nos EUA em 1960, sendo sua premissa
principal que a rotulação dos criminosos cria um processo de estigma aos condenados, com caráter
seletivo e discriminatório, uma vez que a prisão possui uma função reprodutora.
A teoria do labeling approach é uma corrente de pensamentos que serviu como transição do paradigma
etiológico-determinista para a Moderna Criminologia Crítica. Ressalta-se que o paradigma da reação
social deslocou a atenção da ciência criminal da pessoa do criminoso e das causas do crime, para
questionar quem é definido criminoso, porque tal definição e que efeitos surgem da atribuição da
condição desviante. Em razão disso, concentrou-se um estudo dos processos sociais que descambam na
criminalização de condutas e no poder de definí-las. Fala-se mais em criminalização e criminalizado do que
em criminalidade e criminoso. Os principais representantes do labelling approach são: Garfinkel, Goffman,
Erikson, Cicourel, Becker, Schur, Sack, etc.
33
da pessoa do criminoso e das causas do crime, para questionar quem é definido criminoso, porque tal
definição e que efeitos surgem da atribuição da condição desviante.
40. (PERITO CRIMINAL – VUNESP - PCSP) A Teoria do labelling approach, a qual explica que a
criminalidade não é uma qualidade da conduta humana, mas a consequência de um processo em que
se atribui tal estigmatização, também é denominada teoria
a) da desorganização social.
b) da rotulação ou do etiquetamento.
c) da neutralização.
d) da identificação diferencial.
e) da anomia.
Comentários: A alternativa B é o gabarito da questão. Chamada também como teoria do etiquetamento,
teoria da rotulação, teoria interacionista e teoria da reação social por criticar o sistema penal dissuasório
como modelo adequado de resposta ao delito. Para os adeptos desta teoria, o estigma imposto ao preso
através do cárcere além de não recuperar o criminoso colabora para sua exclusão social, impossibilitando a
ressocialização.
Na teoria do labeling approach o enfoque da Criminologia muda e a pergunta passa a ser: por que algumas
pessoas são rotuladas pela sociedade e outras não? A tese central desse paradigma é que o desvio e a
criminalidade não são uma qualidade intrínseca da conduta e sim uma etiqueta atribuída a
determinados indivíduos através de complexos processos de seleção, isto é, trata-se de um duplo
processo de definição legal de crime associado a seleção que etiqueta um autor como criminoso. Em razão
disso, ao invés de falar em criminalidade (prática de atos definidos como crime) deve-se falar em
criminalização (ação operada pelo sistema e sustentada pela sociedade – senso comum punitivo –
etiquetamento).
41. (2019 - Instituto Acesso - PC-ES - Delegado de Polícia) Constitui um dos objetivos metodológicos
da teoria do Labelling Approach (Teoria do Etiquetamento Social) o estudo detalhado da atuação do
controle social na configuração da criminalidade. Assinale a alternativa correta:
34
A) Para o labelling approach, o controle social penal possui um caráter seletivo e discriminatório gerando a
criminalidade.
B) O labelling approach é uma teoria da criminalidade que se aproxima do paradigma etiológico
convencional para explicar a distribuição seletiva do fenômeno criminal.
C) Para o labelling approach, um sistemático e progressivo endurecimento do controle social penal
viabilizaria o alcance de uma prevenção eficaz do crime.
D) O labelling approach, como explicação interacionista do fato delitivo, destaca o problema
hermenêutico da interpretação da norma penal.
E) O labelling approach surge nos EUA nos anos 80, admitindo a normalidade do fenômeno delitivo e do
delinquente.
Comentários: A alternativa A é o gabarito da questão. Tem o controle social como seu principal objeto de
estudo, isto é, o sistema penal e o fenômeno do controle, pois estes criam a criminalidade através dos
agentes do controle social formal que estão a serviço de uma sociedade desigual.
42. (2018 - CESPE - DPE-PE - Defensor Público) Com relação às escolas e às teorias jurídicas do direito
penal, assinale a opção correta.
(...)
A labelling approach enxerga o comportamento criminoso como motivado por razões ontológicas ou
intrínsecas, e não como decorrente do sistema de controle social.
Comentários: A assertiva está ERRADA. O labelling approach é o etiquetamento social do indivíduo
criminoso e está ligado à seletividade no sistema penal. Surgiu na Criminologia Crítica e tem o controle
social como seu principal objeto de estudo, isto é, o sistema penal e o fenômeno do controle, pois estes
criam a criminalidade através dos agentes do controle social formal que estão a serviço de uma sociedade
desigual.
43. (2018 – FUMARC - PC-MG - Escrivão de Polícia Civil) Analise com atenção o trecho abaixo:
“[...] surgido nos anos 60, é o verdadeiro marco da chamada teoria do conflito. Ele significa, desde
logo, um abandono do paradigma etiológico-determinista e a substituição de um modelo estático e
monolítico de análise social por uma perspectiva dinâmica e contínua de corte democrático. A
superação do monismo cultural pelo pluralismo axiológico de pensamento. Assim, a ideia de encarar a
sociedade como um todo pacífico, sem fissuras interiores, que trabalha para a manutenção da coesão
social, é substituída, em face de uma crise de valores, por uma referência que aponta para as relações
conflitivas existentes dentro da sociedade e que estavam mascaradas pelo sucesso do Estado de Bem-
Estar Social”
(SCHECAIRA, Sérgio Salomão. Criminologia. 4. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012. p. 236).
35
44. (2019 - DPE-MG - FUNDEP (Gestão de Concursos) - Defensor Público) Analise o trecho a seguir.
“De acordo com o Infopen, um sistema de informações estatísticas do sistema penitenciário brasileiro
desenvolvido pelo Ministério da Justiça, o Brasil tem a quarta maior população carcerária do mundo.
São aproximadamente 700 mil presos sem a infraestrutura para comportar este número. A realidade é
de celas superlotadas, alimentação precária e violência. Situação que faz do sistema carcerário um
grave problema social e de segurança pública. Além da precariedade do sistema carcerário, as
políticas de encarceramento e aumento de pena se voltam, via de regra, contra a população negra e
pobre. Entre os presos, 61,7% são pretos ou pardos. Vale lembrar que 53,63% da população brasileira
têm essa característica. Os brancos, inversamente, são 37,22% dos presos, enquanto são 45,48% na
população em geral. E, ainda, de acordo com o Departamento Penitenciário Nacional (Depen), em
2014, 75% dos encarcerados têm até o ensino fundamental completo, um indicador de baixa renda.”
DisponíveL em: <http://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/comissoes/comissoes-
permanentes/cdhm/noticias/>. Acesso em: 17 jan. 2019.
Entre as Teorias Macrossociológicas da Criminalidade, qual alternativa a seguir melhor identifica a
realidade do sistema penal e carcerário brasileiro, de acordo com o trecho citado?
A) Teoria da Lei e Ordem, classificada como uma teoria de consenso. Essa teoria parte da premissa de que
os pequenos delitos devem ser rejeitados de plano, fazendo com que os delitos mais graves sejam
inibidos, atuando como prevenção geral.
B) Teoria do Labelling Approach, classificada como uma teoria de consenso. A teoria afirma que o
comportamento criminoso é apreendido, mas nunca herdado, criado ou desenvolvido pelo sujeito ativo.
C) Teoria da Associação Diferencial, classificada como uma teoria de conflito. Referida teoria afirma ser o
capitalismo a base da criminalidade, na medida em que promove o egoísmo, o qual, por sua vez, leva os
homens a delinquir.
D) Teoria do Etiquetamento, classificada como uma teoria de conflito. Afirma que a criminalidade não é
uma qualidade da conduta humana, mas a consequência de um processo em que se atribui ao indivíduo tal
“adjetivo”, principalmente pelas instâncias formais de controle social.
36
Comentários: A alternativa D é o gabarito da questão. Na letra “A”, a Teoria da Tolerância Zero, que é uma
teoria do consenso, decorrente da Escola de Chicago, que se enquadra no “Movimento de Lei e Ordem”.
Na letra “B”, o conceito seria da Associação Diferencial (teoria do consenso), delineada por Edwin
Sutherland. Na letra “C”, temos a teoria da Criminologia Crítica, que vem da teoria do conflito. Essa teoria
critica as posturas tradicionais da teoria do consenso, eis que, ancorada no pensamento marxista, acredita
ser o modelo econômico adotado em determinado local o principal fator gerador da criminalidade.
45. (2018 - FCC - DPE-AM - Defensor Público) Ficaria claro, com ele, que a maneira pela qual as
sociedades e suas instituições reagem diante de um fato é mais determinante para defini-lo como
delitivo ou desviado do que a própria natureza do fato (...).
(Adaptado de: ANITUA, Gabriel Ignacio. Histórias dos pensamentos criminológicos. Rio de Janeiro:
Revan, 2008, p. 588)
A teoria criminológica descrita na passagem acima é conhecida por
a) Escola de Chicago.
b) Associação Diferencial.
c) Escola Positivista.
d) Reação Social.
e) Garantismo Penal.
Comentários: A alternativa D é o gabarito da questão. Conhecida, também, como Teoria do Labelling
Aproach, Interacionismo Simbólico, Etiquetamento e Rotulação.
46. (2016 - CESPE - PC-PE - Delegado de Polícia) Acerca dos modelos teóricos explicativos do crime,
oriundos das teorias específicas que, na evolução da história, buscaram entender o comportamento
humano propulsor do crime, assinale a opção correta.
a) O modelo positivista analisa os fatores criminológicos sob a concepção do delinquente como indivíduo
racional e livre, que opta pelo crime em virtude de decisão baseada em critérios subjetivos.
b) O objeto de estudo da criminologia é a culpabilidade, considerada em sentido amplo; já o direito penal
se importa com a periculosidade na pesquisa etiológica do crime.
c) A criminologia clássica atribui o comportamento criminal a fatores biológicos, psicológicos e sociais
como determinantes desse comportamento, com paradigma etiológico na análise causal-explicativa do
delito.
d) Entre os modelos teóricos explicativos da criminologia, o conceito definitorial de delito afirma que,
segundo a teoria do labeling approach, o delito carece de consistência material, sendo um processo de
reação social, arbitrário e discriminatório de seleção do comportamento desviado.
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e) O modelo teórico de opção racional estuda a conduta criminosa a partir das causas que impulsionaram a
decisão delitiva, com ênfase na observância da relevância causal etiológica do delito.
Comentários: A alternativa D é o gabarito da questão. Na letra A, é a Escola Clássica que defende a ideia
do homem racional e livre-arbítrio. O delinquente é visto como um pecador, pois utilizou seu livre-arbítrio
para o mal. Pune-se porque pecou. Na letra B, o objeto de estudo da criminologia apoia-se em quatro
elementos essenciais: o delito, o delinquente, a vítima e o controle social. Na letra C, o examinador
mencionou o conceito abordado pelos positivitas. Na letra E, o modelo teórico de opção racional estuda a
conduta criminosa a partir das causas que impulsionaram a decisão delitiva, com ênfase na observância da
relevância causal etiológica do delito.
47. (DESENHISTA TÉCNICO PERICIAL – 2014 – VUNESP) A Reforma Penal de 1984, que alterou
integralmente a Parte Geral do Código Penal e editou a Lei de Execução Penal, especialmente em
dispositivos como o cumprimento progressivo da pena privativa de liberdade, bem como a Lei n.º
9.714/98, que reformulou o sistema de penas alternativas, são exemplos concretos da aplicação da
teoria sociológica da criminalidade conhecida como:
a) justiça restaurativa.
b) gradient tendency.
c) labbelling approach.
d) teoria da anomia.
e) terceira escola.
Comentários: A alternativa C é o gabarito da questão. A teoria do etiquetamento ou do labelling approach,
alicerçada no modelo de justiça restaurativa de resposta ao delito, busca solucionar o problema criminal
por meio doacordo e da conciliação entre as partes envolvidas na lide evitando a estigmatização do
criminoso através da prisão, razão pela qual é considerada modelo de teoria conflitiva por confrontar com
a severa sistemática penal adotada no sistema dissuasório, em que a privação da liberdade através do
cárcere é a regra.
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auxiliar a defesa da sociedade contra o crime, se o seu último propósito é defender o homem contra esse
tipo de sociedade.
A criminologia crítica estuda a criminalidade como criminalização, explicada por processos seletivos de
construção social do comportamento criminoso e de sujeitos criminalizados, como forma de garantir as
desigualdades sociais entre riqueza e poder, das sociedades contemporâneas. Para os críticos da
criminologia “o homem é socialmente variável, malgrado sua individualidade”.
Nesse sentido, o núcleo principal da Criminologia crítica ou dialética é a supressão da desigualdade social,
defendendo a tese de que a solução para a problemática do crime depende da abolição da exploração
econômica e da arbitrariedade política sobre as classes dominadas.
A criminologia crítica tem como tese a afirmação de que o desvio nasce do conflitos socioeconômicos e
que esses conflitos, por sua vez, maximizam os efeitos do etiquetamento secundário. Outrossim, a
Justiça é classista, seletiva, tanto no direito quanto no sistema penal.
São propostas dessa teoria: a interpretação do crime sob a perspectiva das classes subalternas, a revisão
dos bens jurídicos protegidos pelo direito penal, a redução da utilização de cárcere como pena, a redução
do desvio social e a interferência nas relações socioeconômicas.
A criminologia crítica trata o conflito como luta de classes, desenhado diante dos modos de produção e da
infraestrutura socioeconômica da sociedade capitalista. É nesse momento que se dá a ruptura do
pensamento crítico com aquele liberal, que não contesta os processos discriminatórios de seleção de
condutas desviadas, além de ter por funcionais e necessários os conflitos sociais que mantêm a sociedade
coesa.
48. (2019 - Instituto Acesso - PC-ES - Delegado de Polícia) A Criminologia Crítica contempla uma
concepção conflitual da sociedade e do Direito. Logo, para a criminologia crítica, o conflito social.
A) se produz entre as pautas normativas dos diversos grupos sociais, cujas valorações são discrepantes.
B) é funcional porque assegura a mudança social e contribui para a integração e conservação da ordem e
do sistema.
C) é um conflito de classe sendo que o sistema legal é um mero instrumento da classe dominante para
oprimir a classe trabalhadora.
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D) representa a própria estrutura e dinâmica da mudança social, sendo o crime produto normal das
tensões sociais.
E) expressa uma realidade patológica inerente a ordem social.
Comentários: A alternativa C é o gabarito da questão. A criminologia crítica estuda a criminalidade como
criminalização, explicada por processos seletivos de construção social do comportamento criminoso e de
sujeitos criminalizados, como forma de garantir as desigualdades sociais entre riqueza e poder, das
sociedades contemporâneas. Para os críticos da criminologia “o homem é socialmente variável, malgrado
sua individualidade”.
A criminologia crítica tem como tese a afirmação de que o desvio nasce dos conflitos socioeconômicos e
que esses conflitos, por sua vez, maximizam os efeitos do etiquetamento secundário. Outrossim, a Justiça
é classista, seletiva, tanto no direito quanto no sistema penal.
Realismo de esquerda - na transição entre a criminologia critica e a criminologia tradicional, tal como a
teoria do labeling “rotulagem”. Nasceu do confronto com as politicas vigentes na altura. Mais forte no
Reino Unido. Entende que o crime é um verdadeiro problema que atinge a classe social nas suas
atividades laborativas.
Esse realismo de esquerda associa o crime à noção de descontentamento. Parte da premissa de que haja
livre arbítrio, mas não vê o crime como manifestação de uma rebelião política: porquanto o delito seria a
manifestação de um anteparo egoísta, descomprometido com a defesa dos interesses da sua classe social.
Logo, o realismo de esquerda também adota algumas concepções utilitaristas, ao mesmo tempo em que
resgatam a preocupação com os fatores do crime.
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b) é uma vertente do abolicionismo penal que defende a superação do direito penal na sociedade atual por
meio de uma política criminal pacifista.
c) entende que não só a reação ao delito, mas o delito em si é um problema verdadeiro que afeta a classe
trabalhadora.
d) é um campo de pensamento conhecido no Brasil como “esquerda punitiva” e que deslegitima
criminalizações, ainda que os pobres sejam os mais atingidos.
e) surgiu na América Latina como forma de contrapor o pensamento criminológico eurocêntrico e
destacar os problemas da realidade local.
Comentários: A alternativa C é o gabarito da questão. O realismo de esquerda na transição entre a
criminologia crítica e a criminologia tradicional, tal como a teoria do labeling “rotulagem”. Nasceu do
confronto com as políticas vigentes na altura. Mais forte no Reino Unido. Entende que o crime é um
verdadeiro problema que atinge a classe social nas suas atividades laborativas.
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GABARITO
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RESUMO ESTRATÉGICO
- Cada um é responsável pela função que lhe é conferida, de modo a contribuir para a
manutenção do corpo social (Funcionalismo).
- Utilizava Inquéritos Sociais (social surveys): bairros e cidades eram investigadas por
meio de índices de criminalidade como meio para se enxergar o real grau de
delinquência localizada.
T. da - Com a expansão dos centros urbanos, surge inevitavelmente, segundo esta teoria,
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Desorganizaçã desorganização social e degradação dos grupos informais de controle social, tais como a
o Social família, círculo de amizades, etc.
(Ecológica)
- Com o enfraquecimento dos meios de controle social informal, haverá também a
diminuição (ou até a perda) de valores positivos como a amizade, o civismo,
companheirismo, dentre outros, até chegarmos à uma sociedade desorganizada. A
desorganização social, por sua vez, será criminógena.
T. Espacial - Restruturação arquitetônica e urbanística das grandes cidades como mecanismo de
Defensável prevenção da criminalidade.
- Apresenta relação entre a impunidade (ou punição insuficiente) e o crescimento da
delinquência.
Política de - Penas firmas para todos os crimes, até mesmo aqueles considerados mais leves, sem
Tolerância Zero possibilidade de penas alternativas (a punição era certa sobre os criminosos).
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produção.
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