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APONTAMENTOS DE

MEDICINA DENTÁRIA
CONSERVADORA I

FMDUP
2021/2022

Catarina Silvério e Francisca Abreu


up201904933/up201907551@edu.fmd.up.pt
CÁRIE DENTÁRIA 1

FISIOPATOLOGIA DA CÁRIE DENTÁRIA 6

HISTÓRIA, DEFINIÇÃO E ETIOPATOLOGIA 11

ETIOLOGIA DA CÁRIE DENTÁRIA 14

MICROFLORA ORAL E CÁRIE DENTÁRIA 19

DIETA E CÁRIE DENTÁRIA 24

FATORES ETIOLÓGICOS SECUNDÁRIOS 26

Risco em Cárie Dentária Erro! Marcador não definido.

Risco em cárie dentária 27

INTRODUÇÃO À ENDODONTIA 72

ESTUDO MORFOLÓGICO DA CAVIDADE PULPAR 73

INSTRUMENTOS ENDODÔNTICOS 84

DIÂMETROS NA PONTA (D1) 84

PREPARAÇÃO BIOMECÂNICA DE CANAIS 95


DENTISTERIA
CÁRIE DENTÁRIA

Saúde Oral: É multifacetada e inclui, mas não se limita à capacidade de falar, sorrir, cheirar,
saborear, tocar, mastigar, engolir e de transmitir um sem número de emoções através de
expressões faciais com confiança e sem dor nem desconforto bem como as doenças do complexo
craniofacial. Além desta definição, outros atributos adicionais relacionais indicam que a saúde oral:
(FDI, 2016) (Vision 2020 Think Tank)
● É uma componente fundamental da saúde assim como do bemestar físico e mental, que
existe de forma contínua e que está sujeita a influências de atitudes e valores por parte de
indivíduos e comunidades;
● Reflete os atributos fisiológicos, sociais e psicológicos essenciais para a vida;
● É influenciada pelas alterações experimentadas pelo individuo, das suas perceções,
expectativas e pela sua capacidade de adaptação a novas circunstâncias.

Um estado em que não há qualquer dor crónica oral e facial, cancro na boca ou na garganta,
ferida oral, malformação congénita como o lábio leporino e a fenda palatina, doença periodontal
(das gengivas), cárie dentária e perda de dentes, nem outras doenças e alterações que afectem a
cavidade oral . (OMS)

Doenças Orais: Non-communicable diseases are the #1 cause of death and disability worldwide.
NCDs – mainly cancer, cardiovascular disease, chronic respiratory diseases, and diabetes – account
for 68% of global mortality, or two out of every three deaths.
● + prevalentes: Cárie Dentária, Doença Periodontal, Cancro Oral, Doenças Genéticas
● The UN Political Declaration, in 2012, recognized in Paragraph 19, "that renal, oral and eye
diseases pose a major health burden for many countries and that these diseases share
common risk factors and can benefit from common responses to non-communicable
diseases“.

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Cárie Dentária (conceito antigo): Doença infecciosa, transmissível e póseruptiva que, quando
abandonada à sua evolução natural, se acompanha geralmente duma destruição progressiva e
centrípta dos tecidos dentários mineralizados. (Pereira A, 1994)

FACTORES ETIOLÓGICOS PRIMÁRIOS: (Tríade de Keyes, Pereira, 1993)

Determinantes em Saúde: Factores que influenciam, isto é, que afectam ou determinam a saúde
dos cidadãos e dos povos. (Francisco George)
● Estima-se que 70% dos determinantes estejam fora do sector da saúde, o que implica que
sejam tidos em consideração nos planos e programas que visam a obtenção de mais ganhos
em saúde.
● Para facilitar a compreensão dos determinantes da saúde tem sido frequente agrupá-los nas
seguintes categorias:
○ fixos ou biológicos (idade, sexo, factores genéticos);
○ sociais e económicos (pobreza, emprego, posição socioeconómica, exclusão social);
○ ambientais (habitat, qualidade do ar, qualidade da água, ambiente social);
○ estilos de vida (alimentação, atividade física, tabagismo, álcool, comportamento
sexual);
○ acesso aos serviços (educação, saúde, serviços sociais, transportes, lazer).

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Cárie Dentária: Resulta da mudança da atividade metabólica oral acompanhada pela alteração
gradual da ecologia do biofilme, onde se desenvolve uma alteração do equilíbrio entre o mineral
dentário e o fluido do biofilme. (Kidd E, Fejerskov O, 2016)

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Fisiopatologia da Cárie Dentária: Entendimento científico de todo o processo de aparecimento
e evolução das lesões de cárie dentária nos tecidos duros do dente.

● Desmineralização: Representação esquemática da produção de ácido pela placa


bacteriana, seguida da desmineralização da estrutura mineral do dente (Featherstone, 1999)

● Localização das Lesões de Cárie:

SUPERFÍCIES LISAS SUPERFÍCIES OCLUSAIS SUPERFÍCIES PROXIMAIS

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Factores de Risco Etiológicos: A presença de um factor etiológico, ou determinante, aumenta
a probabilidade de vir a desenvolver a doença. O conhecimento dos factores de risco ajuda a
aumentar a eficácia de programas preventivos.

● Cárie Ativa/ Inativa

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ESTUDO MORFOLÓGICO DA CAVIDADE PULPAR

Métodos de estudo:

● Laboratoriais

○ Cortes de dentes V-L, M-D e transversais


○ Cortes histológicos seriados
○ Preenchimento da cavidade pulpar e descalcificação do dente
○ Preenchimento da cavidade, descalcificação e diafanização do dente

○ Radiografias

○ Radioisótopos
○ Microtomografia computarizada

● Clínicos

○ Visão direta
■ Apenas nos fornece uma visão limitada da câmara pulpar e
da entrada dos canais radiculares
■ Com o microscópio cirúrgico podemos melhorar esta visão

○ Cateterismo
■ Apenas nos fornece informação táctil da
permeabilidade dos canais
■ Com a experiencia pode dar-nos uma ideia das
curvaturas e direção dos canais

○ Exame radiológico
■ 1º Estudo da cavidade pulpar
● Câmara pulpar
● Alterações fisiológicas
● Alterações patológicas
● Canais radiculares
● Número e direção
● Desvios da normalidade
○ Canais radiculares- ex. 2 raízes canino
● Substâncias anormais
● Calcificações
● Reabsorções internas
■ 2º Estudo da cárie e suas relações com a cavidade pulpar
■ 3º Fraturas radiculares
■ 4º Lesões de origem endodôntica - radiopaco c/ limites bem definidos
■ 5º Reabsorções externas da raíz
■ 6º Estado do osso alveolar

■ Limitações do exame radiográfico


● Imagem bidimensional de um objeto tridimensional

● Imagem distorcida (normalmente aumentada)


● Sobreposições ósseas
○ Abundante tecido ósseo e raízes finas - Arcada zigomática
● Sobreposições dentinárias
● Sobreposições de outras estruturas anatómicas

CAVIDADE PULPAR

● Câmara pulpar
● Sistema de canais radiculares

Cornos pulpares:
● Incisivos – 3 cornos pulpares
● Caninos um corno pulpar
● Dentes posteriores - = nº de cúspides (molares – cúspides distais atrofiadas
=cornos pulpares atrofiados)

Divisão do Canal Principal:

● Terço coronário ou cervical


● Terço médio
● Terço apical
● Número e disposição dos canais por raíz

○ Segundo Weine
■ Tipo I – Um só canal
■ Tipo II – Dois canais que se unem num
■ Tipo III – Dois canais independentes
■ Tipo IV – Um canal que se divide em dois

○ Segundo Vertucci
■ Tipo I – (1)
■ Tipo II – (2,1)
■ Tipo III – (1,2,1)
■ Tipo IV – (2)
■ Tipo V – (1,2)
■ Tipo VI – (2,1,2)
■ Tipo VII –(1,2,1,2)
■ Tipo VIII – (3)

Cavidade Pulpar nos diversos dentes

Incisivo central Incisivo lateral


comp. Médio – 22,5mm comp. Médio – 22mm
Canino superior 1º prémolar superior
comp. médio – 26mm comp. Médio – 20,6mm

2º prémolar superior 1º molar superior


comp. Médio - 21,5mm comp. Médio – 20,9mm

2º molar superior Incisivos inferiores


comp. médio – 20mm comp. médio – 20,7mm

Canino inferior 1º pré-molar inferior


comp. Médio – 25,6mm

2º pré-molar inferior 1º molar inferior

2º molar inferior
comp. Médio – 19,8mm
Modificações morfológicas da cavidade pulpar:
● FISIOLÓGICAS
○ Formação de dentina secundária
● PATOLÓGICAS
○ DIMINUIÇÃO DE TAMANHO
■ Calcificações distróficas
■ Formação de dentina terciária
● Cárie dentária
● Desgaste patológico
● Trabalhos dentários
● Fraturas dentárias
○ AUMENTO DE TAMANHO
■ Reabsorção interna
FISIOPATOLOGIA DA CÁRIE DENTÁRIA

Lesões cavitadas:

Lesões microcavitadas:

Cárie Dentária: S–saliva; P–placa; PA–película aderida; E–esmalte

Tipos de esmalte e sua solubilidade/resistência:

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● Apatite Carbonatada: Integra os cristais de esmalte na fase de erupção do dente sendo
considerado hidroxiapatite com impurezas. Deixa de existir logo após a erupção na zona
mais superficial
○ Não haveria cáries se os dentes fossem constituídos por fluorapatite?
Ogaard(1991) fez um estudo com esmalte humano e tubarão: 3 meses de exposição
a nutrientes cariogénicos Ambos os grupos apresentam lesões, mas são menos
rápidas e profundas nos tubarões.Um outro grupo com dentes de tubarão em
contacto com uma preparação fluoretada não teve cáries. Daqui a conclusão que
flúor disponível na cavidade oral é mais eficaz do que na constituição do dente.

Cárie Dentária: The process of caries lesion formation depends on pathological factors
outweighing the preventive factors present in the oral environment. (Featherstone (2006))

As superfícies dos dentes estão permanentemente a ser expostas a processos de


desmineralização e remineralização; Menos frequentes em pessoas que reúnem características
específicas.
Processo de Desenvolvimento da Cárie Dentária: S–saliva; P–plaque; E-enamel

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1. The presence of saliva is an important influence on caries control, and can work on both
sides of the caries balance. (Pitts 2009)
This was well-demonstrated from existing evidence at the two extremes:
● in xerostomic situations, when caries progression is promoted;
● where saliva is stimulated, as in chewing, when caries remineralization is promoted.

2. Both de- and remineralization processes occur in the mouth, they are dependent on salivary
conditions to determine saturation at any given time. (Featherstone (2006))

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3. The main clinical sign of demineralization has been said to be the white-spot lesion, which
has been identified as having an intact surface zone and subsurface demineralization.
(Silverstone, 1968)

White spot lesion = Non-cavitated lesion = Incipient caries = Early caries lesion

4. This formation of a white-spot lesion makes it easier to identify areas


of demineralization clinically, although the reverse (remineralization) is
not as easily measured or observed clinically. (Wefel 2009)

Diagnóstico da Cárie Dentária - Critério Visual: Uso de Exploradores

● In the ICDAS-system perio probes are used to feel with

● Explorers are not recommended as they may produce traumatic defects

Fisiopatologia da cárie dentária:

● Na remineralização do esmalte criam-se novos cristalites que podem não se agrupar de


forma tão perfeita deixando algumas porosidades.
● Na dentina, para além do conteudo mineral ser menor, os cristais de dentina são mais
pequenos que os de esmalte, por isso o processo de desmineralização é mto mais rápido.
● Para a remineralização se dar é essencial que tenha:
○ Bom fluxo salivar
■ <0,7 ml/min –fluxo muito baixo
■ <1ml/min – fluxo baixo
■ >1ml /min – fluxo normal
○ Viscosidade normal
○ Disponibilidade iónica favorável
● Em qualquer fase da sua evolução a lesão de cárie dentária pode estabilizar!

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MDC TP

Aula TP 1 – Nomenclatura e classificação das cavidades preparadas

1 face - Cavidade simples


2 faces - Cavidade composta
3 ou mais faces - Cav. complexa

Face Oclusal – cavidade O


Faces Mesial e Oclusal - cav. MO (ou OM)
Faces Vest. e Oclusal - cav. OV (ou VO)
Faces Mésio-Ocluso-Distal - cav. MOD …(… )

Cavidade simples Cavidade composta Cavidade complexa


oclusal (O) mésio-oclusal (MO) mésio-ocluso-distal
(MOD)
Nomenclatura das partes constituintes das cavidades preparadas:

1 – Paredes
- circundantes
- do fundo

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2 - Ângulos
- diedros
- triedros
- cavo-superficial

Ângulos diedros
1º grupo – entre paredes circundantes
2º grupo – parede circundante + parede fundo
3º grupo – entre paredes do fundo

Imagem: Ângulos diedros do 1º e do 2º grupo

Ângulos triedros
Formados por três paredes.
Ex: ângulo vestibulo-pulpo-axial.

Imagem: Ângulos diedros do 1º, 2º e Imagem: Ângulo cavo-superficial


do 3º grupo e ângulos triedros (nítido e sem bisel)
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Princípios gerais do preparo cavitário para restaurações com amálgama


de prata

• Forma de contorno
• Forma de resistência
• Forma de retenção

• Forma de conveniência
• Remoção da dentina cariada
• Acabamento das paredes de esmalte
• Limpeza da cavidade

Forma de contorno
É o desenho da cavidade, englobando a cárie e as áreas envolventes que sejam
previsivelmente suscetíveis à progressão da cárie.

Princípios básicos da forma de contorno


1 - Todo o esmalte que não esteja apoiado na dentina deve ser removido.
2 - Os limites da preparação devem ficar em zonas de fácil acesso para a sua
restauração e acabamento.

Forma de resistência
É a forma que deve ter uma cavidade para evitar o risco de fratura, tanto do dente
como do material restaurador.
1 - As paredes circundantes devem ser paralelas entre si e perpendiculares à parede do
fundo ou ligeiramente convergentes para oclusal.
2 - A parede pulpar deve ser plana e paralela ao plano que passa pelos vértices das
cúspides.
3 - Preservar sempre que possível as cúspides, cristas marginais e pontes de esmalte.
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Forma de retenção
É a forma que deve ter uma cavidade para reter o material restaurador.
1 - Princípio de Black: Uma cavidade é por si só retentiva quando a sua profundidade é
igual ou superior à sua largura VL.
2 - As paredes circundantes devem ser paralelas entre si (ou ligeiramente
convergentes para oclusal).
3 - Quando a cavidade não é retentiva, temos que utilizar meios auxiliares de retenção.

Nota: Paredes expulsivas não retêm o material

Forma de conveniência
Conjunto de procedimentos que facilitam o acesso e a instrumentação das cavidades,
especialmente nos casos mais problemáticos. (faces V ou L de molares, cavidades
infragengivais, acesso aos dentes do siso, etc.)

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Remoção da dentina cariada remanescente


Depois de obtida a cavidade, há que “sondar” todas as paredes e remover toda a
dentina amolecida que possa ter remanescido (dentina cariada).

Acabamento das paredes de esmalte


Terminado o preparo cavitário, devemos proceder à raspagem e alisamento das
margens de esmalte, para remover os prismas de esmalte desapoiado.

Classificação artificial (de Black)


Classe I -Cav. preparadas em regiões de má coalescência do esmalte (cicatrículas e
fissuras).

- Superfícies O de molares e pré-molares.


- 2/3 oclusais da superfícies V dos molares inferiores.
- 2/3 oclusais da superfícies P dos molares superiores.
- Superfícies L dos incisivos superiores.

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Classe II - Cavidades preparadas nas superfícies proximais de molares e pré-molares.

Imagem: Cáries que darão lugar a


cavidades preparadas de Classe II

Classe III - Cavidades preparadas nas superfícies proximais de incisivos e caninos sem
remoção do ângulo incisal.

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Classe IV - Cavidades preparadas nas superfícies


proximais de incisivos e caninos com remoção e
restauração do ângulo incisal.

Imagem: Cavidades já preparadas para restauração com resinas compostas

Classe V - Cavidades preparadas no


terço gengival das faces vestibular e
lingual de todos os dentes, desde
que sejam em superfícies lisas.

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Preparo cavitário de Classe I simples para amálgama


1 - Largura VL= 1/3 da distância intercuspidea. Profundidade igual ou ligeiramente
superior à largura VL.
2 - Paredes circundantes paralelas entre si e perpendiculares à parede pulpar ou
ligeiramente convergentes para oclusal.
3 - Parede pulpar plana e paralela ao plano intercuspídeo.
4 - Ângulos do 1º grupo arredondados.
5 - Ângulos do 2º grupo bem definidos ou ligeiramente arredondados.
6 - Ângulo cavo-superficial nítido e sem bisel.

Preparo cavitário de Classe I composta para amálgama (OV)


1 - Caixa oclusal: igual à cavidade simples (O) .
2 - Caixa vestibular:
- Paredes circ. M e D // entre si.
- Parede axial // à superfície externa do dente.
- Parede gengival perpendicular à parede axial.
- Ângulos do 1º grupo arredondados.
- Ângulos do 2º grupo bem definidos.
- Ângulo axio-pulpar arredondado.

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Preparo cavitário de Classe II complexa (MOD)


1 - Caixa oclusal: igual à cavidade de Classe I (O) .
2 - Caixas proximais:
- Paredes axiais ligeiramente inclinadas para oclusal.
- Paredes gengivais // à parede pulpar.
- Paredes V e L ligeiramente convergentes para oclusal.
- Ângulos do 1º grupo arredondados.
- Ângulos do 2º grupo bem definidos.
- Ângulos axio-pulpares arredondados.
A caixa proximal deve ficar afastada do dente adjacente cerca de 0,5 mm (na prática
é a ponta da sonda que deve entrar entre os dois dentes adjacentes) .

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Preparo cavitário de Classe V


1 - Parede gengival ao nível da gengiva marginal livre, acompanhando o seu contorno.
2 - Parede oclusal ao nível do terço gengival da superfície do dente.
3 - Paredes M e D ao nível das zonas mais convexas da superfície do dente.
4 - Paredes circundantes perpendiculares à superfície externa do dente (ficando,
assim, ligeiramente divergentes entre si).
5 - Parede do fundo (axial) convexa, acompanhando a convexidade da superfície
externa do dente.
6 - Ângulos do 1º grupo arredondados.
7 - Ângulos do 2º grupo bem definidos.

Retenções adicionais (com broca de cone invertido) nos ângulos axio-oclusal e axio-
gengival.

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Princípios gerais do preparo cavitário para compósitos

1 – Não fazer extensão preventiva nem formas de retenção.


2 – Todos os ângulos internos (2º e 3º grupo) devem ser arredondados.
3 – O esmalte nas faces estéticas deve ser biselado.
4 – A extensão da preparação só deve ser feita por motivos estéticos

As cavidades são muito simples, eliminando a dentina cariada, procurando a máxima


retenção no esmalte (através do seu condicionamento ácido) e dissimulando a união
entre o compósito e o dente (procurando o mimetismo).

Forma das cavidades


Os ângulos internos (do 2º e 3º grupo) devem ser
sempre arredondados, para melhorar a adaptação
das resinas e evitar a formação de bolhas de ar
nos ângulos.
Para tal, usamos brocas esféricas ou piriformes,
em vez de brocas cilíndricas usadas nos preparos
para amálgama.

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Ataque ácido

15 seg no esmalte seguindo-se 15 seg na dentina


(total de 30 seg no esmalte e 15 na dentina)

Lavagem e secagem suave da cavidade.


Aplicação ativa do adesivo, esfregando-o.
Aguardar 20 seg., evaporar o solvente e
fotopolimerizar 20 seg

Aplicar o compósito por camadas até 2 mm.


Fotopolimerizar cada camada durante 20 segundos.
Cada camada deve contactar com o menor nº
possível de paredes.

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HISTÓRIA, DEFINIÇÃO E ETIOPATOLOGIA
HISTÓRIA DA CÁRIE DENTÁRIA

● Evidência de cárie no homem Neanderthal


○ 150.000 - 35.000 anos A.C

● Também no homem da Rodésia


○ 250.000 a 200.000 A.C.

A cárie dentária será tão antiga como a evolução do homem.

● Porém, a prevalência da cárie diminui quando recuamos no tempo.


○ 10% a 15% no homem primitivo (poucos dentes
afectados)
○ Afetada os adultos, não as crianças.
○ O homem primitivo nutria-se de alimentos fibrosos
○ As suas superfícies oclusais ficavam rapidamente
desgastadas e lisas.
○ Aí não poderiam organizar-se colónias de bactérias
○ Lesões na zona amelocementária vestibular e
interproximal de molares e prémolares, sendo muito
rara na face oclusal (!)

● Ausência relativa de cárie no mundo ocidental, antes do


Sec. XV

● O início das plantações de açúcar no “Novo Mundo”, em


meados do século XVIII, resultou no uso frequente do açúcar na Europa, no século XIX
(pandemia).

● A partir da introdução dos açúcares na dieta das populações, verificou-se um aumento


dramático da incidência de cárie dentária.

● Várias teorias sobre a etiologia da cárie


○ Vermicular (exógena) – 5.000 A.C.
○ Humoral (endógena) – séc V A.C. – Hipócrates
○ Química (exógena) – 1819 – Parmly
○ Parasitária (exógena) – 1843 – Erdl
○ Químico-parasitária (exógena) 1890 – WD Miller
■ Baseou-se em conhecimentos já existentes da ação dos ácidos no
desenvolvimento de cárie (não eram reconhecidos como um produto natural
do metabolismo bacteriano);
■ A cárie acontece devido a ações corrosivas de ácido láctico de bactérias, que
causam lesão no esmalte e a progressão da mesma, no sentido das zonas
mais internas do dente. (exatamente o contrário do que até aí se pensava)
○ Infeciosa (1954) – Orland e col
■ Baseou-se na utilização de animais germ-free colocados num meio favorável
ao aparecimento de cárie dentária, comparando com outros normalmente
colonizados.
■ A cárie acontece devido à presença de microorganismos. (indo de encontro
à teoria de Miller)

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■ Nessa altura foi também possível determinar a importância da dieta na
etiologia da cárie através dos designados estudos de Vipeholm (Suécia)
realizados por Gustafsson (1954) e Quensel (1954) onde se demonstrava que
dietas ricas em açucar estavam relacionadas com uma maior frequência de
lesões de cárie e que as mesmas apresentavam um mais grave padrão de
lesões.

DEFINIÇÃO DA CÁRIE DENTÁRIA

“Doença infecciosa, transmissível e póseruptiva que, quando abandonada à sua evolução natural,
se acompanha geralmente duma destruição progressiva e centrípta dos tecidos dentários
mineralizados” (Adão Pereira, 1994)

Afinal, como aparece a cárie dentária?

● Características da cárie dentária:

○ Doença infecciosa bacteriana e complexa (???)


○ Transmissível (???)
○ Localizada nos dentes
○ Só ocorre após a erupção dentária
○ Provoca destruição por ácidos dos tecidos dentários
○ Doença crónica, pode sofrer agudizações
○ Ainda que progressiva, também pode estabilizar
○ Tem uma etiologia multifatorial.
○ Pode ser prevenida e em certos casos até curada, sem recurso à cirurgia.

“A cárie dentária é uma doença microbiana que afecta os tecidos calcificados dos dentes.”
(Menaker, 1986)

“A cárie dentária é uma forma de destruição progressiva do esmalte, dentina e cemento, iniciada
pela actividade microbiana na superfície do dente.” (Silverstone, 1985)

“A cárie dentária é uma doença bacteriana inespecífica que desencadeia um processo destrutivo
dos tecidos duros dentários iniciado na sua periferia, progride em profundidade, resultando em
perdas de substancia em forma de cavidades. Tanto o seu início como a posterior evolução está
relacionada com a soma de diferentes factores predisponentes e desencadeantes.” (Nadal, 1987)

“Processo patológico localizado, de origem externa, que se inicia depois da erupção, determina
um amolecimento do tecido duro do dente e evolui até à formação de uma cavidade.” (OMS)

● A evolução na conceptualização da definição de cárie dentária assenta nos conhecimentos


mais recentemente adquiridos sobre:
○ a importância da dieta; (Bradshaw, 2013) (Giacaman, 2017) (Cummings, 2017)
○ a composição molecular da estrutura mineralizada dos dentes e seus mecanismos
de resistência à desmineralização. (Krzyściak, 2014) (Gómez, 2015) (Meyle, 2017) (Sejdini, 2018);
○ A influência que alguns de factores de risco e de proteção poderiam assumir na
modelação da expressão clínica dessa doença. (Sheiham, 2000) (Ng, 2014)
○ A integração de algumas estirpes bacterianas no biofilme oral depositado sobre os
dentes que, em determinadas condições, poria em causa a teoria da
transmissibilidade e infecciosidade; (Kuramitsu, 2011) (Sampaio-Maia, 2016)
“Resulta da mudança da atividade metabólica oral acompanhada pela alteração gradual da
ecologia do biofilme, onde se desenvolve uma alteração do equilíbrio entre o mineral dentário e o
fluido do biofilme.” (Kidd E, Fejerskov O, 2016)

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“Resulta da mudança da atividade metabólica oral acompanhada pela alteração gradual da
ecologia do biofilme, que assume um padrão infecioso mediado multifatorialmente, originando,
após a erupção dentária, uma alteração do equilíbrio entre o mineral dentário e o fluido do biofilme
no sentido da desmineralização do tecido dentário, podendo resultar numa cavidade.”
(Paulo Melo) (Adaptado de Kidd E, Fejerskov O, 2016)

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ETIOLOGIA DA CÁRIE DENTÁRIA

Como se origina a Cárie Dentária? GV Black foi quem primeiro estabeleceu a multifatoriedade
de cárie ao considerá-la resultante de restos alimentares, resíduos gelatinosos e ácidos.

FACTORES ETIOLÓGICOS PRIMÁRIOS: (Tríade de Keyes, Pereira, 1993)

DETERMINANTES: Fatores contribuintes que na sua articulação e provável sinergia propiciam a


atuação do estímulo patológico.
● económicos, culturais, ecológicos, psicossociais, biológicos.

FATORES ETIOLÓGICOS PRINCIPAIS

1. Relacionados com o hospedeiro (Dente);

a. Morfologia dentária

i. tamanho e forma dos dentes (na coroa do dente temos 3 superfícies


diferentes, cada uma com grau de desenvolvimento diferente para a cárie
dentária - no molar as superfícies oclusais têm mais risco de cárie dentária, porque
os sulcos são mais propensos a acumular bactérias e comida - oclusais > proximais
> lisas; um indivíduo com arcada dentária larga vai ter mais espaço para
acumular comida e ser mais propenso à cárie dentária.

ii. irregularidades morfológica das superfícies dentárias!"#$%&'#!()*#!+,'-$./'#!


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iii. alterações hipoplásicas do esmalte (o esmalte não é homogéneo)

iv. cronologia de erupção e estabelecimento dos pontos de contacto (o 1º molar


permanente erupciona aos 6 anos e fica em contacto com o molar decíduo;
se o dente decíduo estiver cariado num contacto proximal, o dente
permanente vai entrar em contacto com a cárie)

v. macrodontia1, microdontia2, diastemas3, apinhamentos4 (maior retenção de


resíduos1/ espaços para acumulação de resíduos2/ espaços interdentários3/
maior retenção de resíduos4)

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vi. irregularidades morfológicas das arcadas dentárias (se o paciente tiver muito
tártaro de um lado e menos tártaro do outro, o paciente mastiga para o lado
com menos tártaro)

vii. relações intermaxilares anormais

b. Composição química dentária + Tecidos dentários susceptíveis à dissolução ácida

i. Maturação do esmalte

● Durante o processo de maturação os componentes mais solúveis


(carbonato, magnésio e sódio) dissolvem-se, podendo ocorrer uma
captação de de flúor que conferirá mais resistência ao dente. (este
processo de dissolução é mais crítico no 1º molar)

ii. Classificação dos dentes permanentes por ordem decrescente de


susceptibilidade à cárie

1. Primeiros e segundos molares inferiores (força da gravidade acumula


mais comida nos dentes inferiores)
2. Primeiros molares superiores
3. Segundos molares superiores
4. Primeiro premolar superior
5. Segundos pré-molares superior e inferior
6. Incisivos superiores
7. Canino superior
8. Primeiro pré-molar inferior
9. Incisivos inferiores, canino inferior (se houver cárie nestes dentes é
muito provável que haja nos restantes, porque estes dentes têm na
sua face lingual ductos salivares, logo estão sempre a ser banhados
por saliva)

iii. Susceptibilidade máxima nas superfícies oclusais e superfícies de fóssulas e


fissuras.

● O ataque de cárie tende a refletir condições inerentes aos dentes


Susceptibilidade à cárie das superfícies dentárias lisas.

● O ataque de cárie tende a refletir condições do ambiente oral

iv. Classificação das superfícies interproximais dos dentes permanentes por


ordem decrescente de susceptibilidade à cárie

1. Superfícies mesial e distal dos primeiros molares


2. Superfície mesial do segundo premolar maxilar
3. Superfície mesial do segundo molar mandibular
4. Superfície mesial do incisivo central maxilar
5. Superfície mesial do segundo premolar mandibular
6. Superfície mesial do incisivo lateral maxilar
7. Superfície mesial do primeiro premolar maxilar
8. Superfície mesial do canino maxilar Restantes superfícies

c. Saliva (secreção das glândulas salivares; exsudado gengival microorganismos


células epiteliais restos alimentares exsudado nasal)

15
i. Fluido oral (saliva total)

● É o que normalmente existe na cavidade oral e corresponde ao que é


estudado do ponto de vista clínico, utilizando-se o termo saliva como
sinónimo de fluído oral

● Para efeitos de investigação, saliva total:


○ Microbiana – bactérias, fungos, vírus
○ =9'! (*&,'4*).)! >! ().$20.89'! /'! 0?$*%@4,*'! 0A*#20.20! .)!
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● As interrelações entre os diferentes componentes salivares permitem


que se criem sistemas funcionais com importância vital para o estado
de saúde oral:
○ o sistema regulador do pH;
○ o sistema potenciador da remineralização das estruturas
minerais e inibidor da desmineralização;
○ sistema de acção antimicrobiana;
○ protector das estruturas orais.

ii. Capacidade tampão da saliva

● pH normal da saliva é de 6,5 a 7,5


● A cavidade oral está continuamente a ser confrontada com variações
de pH.
● Cabe aos constituintes da saliva o principal papel para contrariar a
descida de pH durante o metabolismo bacteriano.

● Restabelecimento do pH:
○ As alturas de estimulação salivar – ativação do sistema ácido
carbónico/ bicarbonato
○ Nos períodos de repouso – ação dos fosfatos inorgânicos
para compensar a descida de pH
○ Para valores < 4,5 – ação das proteínas salivares com
funções biológicas específicas (mesmo na superfície do
esmalte)

● Sistema remineralizador da estrutura mineral e inibidor da


desmineralização:
○ A saliva possui um componente inorgânico rico em iões cálcio,
fosfato, flúor, etc,
○ Os iões cálcio e fosfato existentes no meio oral necessários
para a remineralização
○ O flúor presente na saliva e na placa contribui
significativamente para o processo de remineralização.

● Agentes antimicrobianos da saliva


○ Cuja ação contribui adicionalmente para a defesa anti-cárie.
Factores imunológicos (imunoglobulinas p. ex)
○ Fatores não imunológicos

16
○ A sua quantificação e importância na proteção do hospedeiro
estão mal definidos.

● Caraterísticas Salivares!6!GHIJIKGKL!MGNIO7HPHIMG
○ Fluxo
○ Viscosidade – fluidez
○ Capacidade tampão
○ Meio de aporte de flúor ao dente

iii. Fluxo salivar

● Não existe uma correlação linear entre fluxo e cárie.

● Um fluxo salivar adequado é fundamental para compensar a


proliferação de microorganismos na cavidade oral ( Tenovuo, 1997)

● Todos os indivíduos cuja taxa de fluxo salivar esta diminuída serão


mais susceptíveis à cárie dentária, principalmente se essa diminuição
ocorrer abruptamente.

● Volume total segregado diariamente – 500-620 ml (Jenkins, 1999)

● 300 ml durante as refeições e o restante nas fases de repouso

● Diminuição significativa durante o sono

● Conceito de hipossalivação e de xerostomia


○ Hipofunção das glândulas salivares
○ Xerostomia
■ queixa subjectiva de boca seca, pelo doente;
■ pode estar associado ou não à redução do fluxo salivar;
■ por si só não constitui uma entidade nosológica
diferenciada;
■ pode ser resultado da acção patológica ou terapêutica
sobre as glândulas salivares.
■ Principais causas: É difícil no entanto conseguir avaliar
se a xerostomia / hipossalivação são resultado da
doença ou se é a terapia que leva ao problema.
● Alteração das glândulas salivares
● Sarcoidose
● S. de Sjögren
● Irradiação da cabeça e pescoço
● Diabetes
● Doença de Parkinson
● Lupus Eritematoso Sistémico
● Infecções víricas agudas
● Tabaco, cafeína e álcool
● Situação de ansiedade ou de depressão
● Administração prolongada de certos fármacos
○ anti-colinérgicos
○ anti-histamínicos
○ anti-eméticos
○ narcóticos
○ hipnótico-sedativos

17
○ barbitúricos
○ anti-depressivos
○ psicotrópicos

○ Hipossalivação
■ diminuição objectiva do fluxo salivar;
■ Consequências
● Mucosite (a saliva cria uma película sob a
mucosa, que a protege; se a película não
existir, a mucosa fica danificada)
● Disfagia
● Hipersensibilidade dentária (deixa de haver
película aderida)
● Aumento do número de lesões de cárie
● Atrofia das papilas da língua
● Disgeusia
● Candidíase

iv. Fluidez da saliva

● Fluidez ideal: aderir facilmente às superficies dentárias, às mucosas,


e a todas as estruturas orais evitando a desidratação, prevenindo
assim o aparecimento de patologias.

● Viscosa – associada a situações de stress ou pouca ingestão de água

● Diminuição do fluxo e fluidez salivar e desenvolvimento de cáries de


evolução aguda:
○ Aumento do número de bactérias cariogénicas na placa
○ Diminuição da capacidade tampão por deficiência em
bicarbonato de sódio
○ Permanência de hidratos de carbono na cavidade oral
○ Dificuldade na remineralização das lesões

v. Principais funções salivares:

● Protecção das superfícies dentárias e mucosas


● Lubrificação do bolo alimentar, facilitando a mastigação e deglutição
● Prevenção de lesões dos tecidos moles e do esófago
● Aumenta o sentido do paladar (zinco)
● Acelera a eliminação de partículas alimentares a partir da cavidade
oral
● Dissolve os açúcares
● Facilita a eliminação dos hidratos de carbono insolúveis por um
mecanismo enzimático
● Os tampões salivares neutralizam os ácidos orgânicos produzidos na
placa bacteriana
● Os minerais salivares actuam nos tecidos dentários inibindo a
desmineralização e aumentando a remineralização
● A saliva exerce uma acção de reciclagem do flúor ingerido

2. Relacionados com o agente (Biofilme);

18
3. Relacionados com o ambiente (Dieta).
MICROFLORA ORAL E CÁRIE DENTÁRIA
A cavidade oral não deve, nem pode, estar totalmente desinfetada;
temos de ter um equilíbrio sustentável!

MICROFLORA ORAL: (comensais- convivem com o indivíduo sem causar doença)

1. Bactérias

● No recém nascido:
○ A cavidade oral do recém nascido é isenta de bactérias nos primeiros
momentos pós-parto ;
○ Progressivamente colonizada por uma flora que lhe vai sendo transmitida
pela mãe,
○ Na boca das crianças antes da erupção dos primeiros dentes encontra-se
uma baixa prevalência de mutans streptococci devido ao facto deste grupo
de bactérias necessitar de uma superfície não descamativa para colonizar.

● Durante a erupção dos primeiros dentes


○ …estas bactérias são detectadas quando os primeiros dentes decíduos
erupcionam.

● Após a erupção dos primeiros dentes


○ … as bactérias … aumentam com a idade e com o número de dentes
erupcionados na cavidade oral das crianças.

● 1 ml de saliva tem 108 bactérias


● mais de 25000 estirpes bacterianas
● bactérias comensais e patogénicas
● distribuição na cavidade oral

● O st. mutans precisa de superfícies duras para aderir.

2. Vírus (manifesta-se de forma patológica; Herpes Zoster)

● Não se mata o vírus, apenas diminuímos os sintomas.

3. Fungos (Cândida albicans)

● Pessoas mais susceptiveis: com Prótese Dentária e que tomam corticoesteróides


(asma).

4. Parasitas

PELÍCULA ADERIDA: Presente na superfície do dente e constituída por glicoproteínas,


fosfoproteínas e lipídeos salivares, tendo também alguns componentes do fluído crevicular e alguns
produtos bacterianos como por exemplo glicosiltransferases.

● Funções:

○ protecção da superfície do esmalte (lubrificação);

19
○ acção neutralizante dos ácidos;
○ prevenção de aparecimento de cristais;
○ importante no processo de remineralização.

● Os Streptococcus sanguis são dos primeiros microorganismos a colonizarem a película


aderida e cerca de 24 horas depois, a superfície da película adquirida apresenta-se
totalmente coberta de microorganismos, predominando os Streptococcus sanguis,
Streptococcus mitis e Streptococcus mutans e também, com a presença de Veillonella
(Beighton, 2005) (Luo, 2012)

PLACA BACTERIANA: Estrutura com capacidade de adesão às superfícies dentárias lisas, não
sendo deslocada pelas forças exercidas pela língua e fluído salivar no processo fisiológico de auto
limpeza nem através da deglutição. Na primeira fase pode ser removida pela escovagem.

● Matriz (estrutura): Material amorfo composto por polímeros de carbohidratos extracelulares


sintetizados pelas bactérias, por macromoléculas e por outros elementos provenientes da
película aderida, da saliva e fluído crevicular.

○ responsável pela adesão interbacteriana;


○ responsável pela integridade estrutural da própria placa;
○ sintetizada por bactérias gram+ (Actinomyces e estreptococos)

● Formação: A adesão das primeiras bactérias à película salivar ou aderida é seletiva e


envolve adesinas bacterianas de superfície que interagem especificamente com as
proteínas da película. As primeiras bactérias colonizadoras são:
○ est. sanguis,
○ est. Oralis;
○ est. Mitis;
○ Actyinomyces
○ alguns gram- ( Hemophilus sp).

○ Não é sempre a mesma bactéria a iniciar a formação da placa – e foram encontradas


muitas bactérias que não estão classificadas

○ Hipóteses explicativas da formação da placa bacteriana:

■ Hipótese da placa inespecífica: todos os microrganismos presentes no


biofilme estão diretamente relacionados com a doença (quanto maior a
quantidade de bactérias, maior o risco de desenvolvimento da doença).

■ Hipótese da placa específica: a responsabilidade da doença seria apenas de


determinados microrganismos específicos.

■ Hipótese mista: que aglomera as 2 hipóteses anteriores.

■ Hipótese da placa ecológica: mudanças microambientais originam alterações


no biofilme que estariam na génese do desequilíbrio favorecedor da doença.
(exemplo - seleção de microrganismos cariogénicos pelo pH ácido).

BIOFILME: No biofilme as bactérias estão organizadas e comunica; estão normalmente numa fase
de equilíbrio - que é muito diferente dos ambientes de laboratório, onde criamos condições para
proliferarem activamente.

● 700 a 1000 espécies de bactérias (Muitas delas não são detectadas por culturas, mas são
por marcadores de DNA)

20
● Homeostase (vivem juntas)
● 1000 vezes menos sensíveis que as bactérias isoladamente
● É mais do que uma colecção de bactérias
● Grupo com gene expression e fenótipo

● Novas tecnologias para identificar as bactérias do biofilme:


○ Confocal laser scanning microscopy
○ Fluorescence in situ hybridisation
○ Checker board
○ DNA related techniques

● Existem programas de computador que permitem visualizar o crescimento de bactérias


introduzindo diferentes variáveis.

● O biofilme é representado num ecossistema microbiano no qual as bactérias não-mutans


(maioritariamente Strep não-mutans e Actinomyces) são os principais microrganismos
responsáveis pela manutenção da estabilidade dinâmica na superfície do dente (fase de
estabilidade dinâmica).

CÁRIE DENTÁRIA: tem sido associada com diversas espécies bacterianas (cariogénicas)

● Depende do local de colonização:


○ superfícies lisas,
○ superfícies proximais,
○ fossas e fissuras
○ cemento radicular.

BACTÉRIAS CARIOGÉNICAS

● Não existem dúvidas quanto ao elevado poder cariogénico de certas bactérias,


nomeadamente:

○ Estreptococus mutans (grupo)

● fenotipicamente idênticas

● Numa primeira fase os Streptococcus mutans têm capacidade para


formar rapidamente a placa bacteriana nas superfícies lisas dos
dentes:
○ a partir da sacarose da pelicula aderida
○ síntese de polissacarídeos extracelulares (dextranos viscosos
e insolúveis)
○ metabolização, proliferação e produção de ácidos

● NOTA: Se não existir sacarose, será o Streptococcus sanguis a


bactéria com maior afinidade para a película aderida.

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○ bactérias acidófilas (capacidade de subsistir em meios ácidos)
■ Característica mediada por ATPases: sensíveis ao
flúor
○ Atingindo o seu climax cerca das 3 semanas e resultando
numa elevado risco cariogénico

21
○ Lactobacilos
● predominio nas lesões cavitadas (um papel mais importante na
progressão das lesões)
● bactérias acidogénicas
● bactérias acidófilas

○ Estreptococus mutans (espécie)


● na ausência de substrato, produz polissacarídeos intracelulares
● maior capacidade virulenta cariogénica q estp. sobrinus
● principal responsável pelo início da doença
● bact. comensal, patogénico qdo em gds concentrações
● presentes só quando sup. não descamativas

○ Estreptococos sobrinus (espécie)


● Genetipicamente diferentes

○ St. mutans e sobrinus: A produção dos ácidos de origem microbiana e a


subsequente selecção bacteriana do tipo “não mutans” em “pH baixo” desempenham
um papel crítico na desestabilização da homeostase do biofilme, facilitando um
desequilíbrio do processo de desmineralização / remineralização de um nível de
“ganho mineral líquido” para “perda mineral líquida” (fase acidogénica). Desta forma,
uma vez estabelecida a acidificação do meio, os Strep.mutans e outras
microrganismos acidúricos podem ser predominantes (disbiose) e promover o
desenvolvimento da lesão sustentando um ambiente caracterizado pela "perda
mineral líquida" (fase acidúrica). Assim, altas proporções de Strep mutans e/ou
outras bactérias acidúricas podem ser consideradas biomarcadores locais do início
de cárie

● Esta é a razão pela qual se recorre à contagem de colónias destas duas estirpes
como forma de identificar os indivíduos de alto risco para a cárie.

DESENVOLVIMENTO DA PLACA BACTERIANA:

● Os actinomyces aumentam com o tempo


● Vão aumentando as anaeróbias facultativas e as anaeróbias - associado à progressiva
diminuição de oxigénio (causado pelo aumento de espessura do biofilme), que contribui para
a selecção dos microrganismos. (Kuramitsu, 2014)
● Podendo originar um tipo de placa cariogénica
● Interação de st.mutans e veilonela parvula ( é uma bactéria que consome ac. Láctico) é uma
interacção interessante entre ambas – crescem as duas simultaneamente.
● Depois de contacto com clorexidina cada uma das bactérias individualmente é facilmente
morta, mas se forem conjunto já não se verifica o mesmo.

22
CURVA DE STEPHAN

● Importância do pH inicial na acidificação


do meio
● Medição do ph do biofilme com
microssensores
● A actividade metabólica das bactérias na
placa resulta na formação de vários
produtos de pH variável, dependentes da
dieta do hospedeiro. Se os produtos
metabólicos sintetizados pelas bactérias
da placa forem predominantemente
ácidos, fazendo descer o pH para níveis críticos (abaixo de 5,5), ficam criadas as
condições para que se verifique uma desmineralização da superfície do esmalte e
consequente início de uma lesão de cárie.

23
DIETA E CÁRIE DENTÁRIA
Dieta:

● tipo de alimentos presentes na dieta


● tempo que permanecem na cavidade oral
● frequência de ingestão

● Tipo de alimentos:
○ Hidratos de Carbono: sacarose, glicose, frutose, maltose, lactose, amido; Diferentes
níveis de produção de ácido
■ Monossacarídeos e dissacarídeos
■ Polissacarídeos
■ Lactose: leite
● potencial cariogénico
● baixo caseína
● cálcio e fosfatos
■ Amido:
● com a sacarose são os mais frequentes
● polissacarídeo
● potencial cariogénico baixo
● se amido refinado (pão, bolachas) já é diferente
● maior adesão às superfícies
● mais cariogénico quando associado à sacarose
■ Glicose e Frutose:
● com a sacarose são os mais cariogénicos
● monossacarídeos
■ Sacarose:
● mais frequente (amido)
● dissacarídeo - hidrato de carbono refinado
● potencial cariogénico elevado (frutose e glicose)
● bactérias sintetizam polissacarídeos extracelulares
● nutriente energético fundamental para bactérias
● mais cariogénico quando associado ao amido
■ Sacarose e cárie dentária ao longo dos tempos:
● relação cárie quantidade de açúcar
● o inverso tb se verifica
● mais relacionado com cáries proximais
■ Açúcares Livre:
● Free sugars refer to monosaccharides (such as glucose, fructose) and
disaccharides (such as sucrose or table sugar) added to foods and
drinks by the manufacturer, cook or consumer, and sugars naturally
present in honey, syrups, fruit juices and fruit juice concentrates.
● Free sugars consumption varies across Europe from an average of
approximately seven to eight per cent of total energy intake in some
states, to 16 to 17 per cent in others.
● Intake is higher amongst children, ranging from about 12 to 25 per cent

24
of daily calories; a substantial proportion of this may derive from sugar-
sweetened soft drinks.
○ consumo EUA e GB - 40 a 60 Kg/ano
○ Portugal - 29 Kg/ano
○ Europa - 27 a 52 Kg/ano
● Free sugars are the primary necessary factor in the development of
dental caries.
● A dose-response relationship between the sucrose or its
monosaccharide intakes and the progressive life-long development of
caries was demonstrated.
● This situation results in a substantial dental health burden throughout
life.
● De acordo com as orientações da OMS, as crianças e os adultos
devem reduzir o seu consumo diário de açúcares livres para menos
de 10% do seu consumo total de energia. Uma posterior redução para
menos de 5%, ou aproximadamente 25 gramas (6 colheres de chá)
por dia trará benefícios adicionais para a saúde (56).
● Guideline: Sugars intake for adults and children. Geneva: World
Health Organization; 2015.
■ Não são açúcares livres:
● Does not refer to the sugars in fresh fruits and vegetables, and sugars
naturally present in milk, because there is no reported evidence of
adverse effects of consuming these sugars.
● Does not refer to the sugars in fresh fruits and vegetables, and sugars
naturally present in milk, because there is no reported evidence of
adverse effects of consuming these sugars.
● Guideline: Sugars intake for adults and children. Geneva: World
Health Organization; 2015.

○ Tempo na Cavidade Oral:


■ dose
■ consistência física
● sólidos
● líquidos - refrigerantes
■ adesividade
● açucarados adesivos

○ Curva de Stephan: A cárie dentária como doença bacteriana dependente da dieta.

○ Frequência de Ingestão:
■ Superior a seis por dia
■ relação entre frequência de consumo de açúcares e cárie dentária - Reisine
e Douglas 1998

○ Bactérias:
■ multiplicação
■ pH ácido

25
FATORES ETIOLÓGICOS SECUNDÁRIOS
Factores sócio-culturais

● nível socio-económico: Vai interferir nos hábitos dietéticos e de higiene oral, e nas visitas
ao médico dentista.
○ classe social
○ educação
○ hábitos dietéticos
● área de residência: relacionado com nível socio económico, acesso a educação e médico
dentista.
○ urbana
○ sub-urbana
○ Rural
● raça:
○ culturais (coroas de ouro)
○ sociais (importância da estética)
○ económicos (populações subdesenvolvidas)
○ genéticos (japoneses)

Higiene oral

● Dificulta a formação da placa: É difícil encontrar relação entre higiene oral e cárie dentária.
○ crianças
○ adultos
○ idosos

Doenças crónicas: O efeito adverso da xerostomia é comum a muitos fármacos.

● Medicamentos com sacarose


● Compensação das mães

● asma
● S. Sjogren
● d. psiquiátricas

Exposição ao flúor

● Várias formas de disponibilização tópica.


● Potencial remineralizador e de inibição da desmineralização.
● A prevenção e o tratamento de algumas lesões de cárie dentária podem ser conseguidas
por este elemento

Hereditariedade

● estudos em gémeos homozigóticos


● estudos familiares

26
● factores ambienciais
● vários autores sugeriram que a genética contribui significativamente na variação das
características da cárie dentária e que a produção de ácido microbiano seria modulada pelo
ambiente, quer para a dentição temporária, quer para a permanente.
● Alguns trabalhos relacionam a cárie dentária com factores genéticos.

Experiência anterior de cárie

● dentição temporária e CPOD


● contacto com a mãe

● Existe relação entre o índice de cárie dentária dos dentes temporários e o índice dos
dentes definitivos

Grau de apoio médico dentário

● países nórdicos
● realidade portuguesa

Indivíduos em risco

● pré existência de lesões


● elevado nº de colónias de bactérias cariogénicas
● inexistência de hábitos de higiene oral
● elevado consumo de sacarose
● fraca exposição ao flúor
● condição sócio-económica baixa
● alguma doença crónica associada

27
Risco em cárie dentária
Avaliação de risco: A avaliação do risco em saúde oral é um instrumento essencial, na área do
planeamento em saúde, para a identificação precoce dos indivíduos ou grupos potencialmente
susceptíveis de desenvolverem determinadas condições patológicas.

Definição de risco: Risco pode ser definido como a probabilidade de num período de tempo ocorrer
um determinado evento. Essa ocorrência dependerá duma dimensão temporal mas também duma
dimensão de causalidade, em que determinado evento poderá ocorrer após uma exposição
particular.

● Conceito: A probabilidade de um determinado indivíduo, exposto a determinados factores,


desenvolver doença.

Imagem 1. O facto de olharmos para uma boca e vermos os incisivos inferiores cariados, mostra-
nos que esse paciente tem um alto risco para a cárie dentária, porque estes dentes são os menos
propensos à cárie dentária por estarem protegidos pelas secreções das glândulas salivares.

Imagem 2. Grau de risco intermédio: cárie nos incisivos superiores, mas os fatores que provocaram
não afetaram o resto da cavidade oral; devemos avaliar os fatores para entender o porquê de ter
afetado apenas os dentes incisivos superiores.

Imagem 3. Lesões de cárie em superfícies lisas em jovens requer uma atenção especial, porque
são áreas com risco muito pequeno de cárie.
Fatores de risco: podem ser todos aqueles factores que pertencem ao meio físico, ao meio social
que nos rodeia ou que são passados geneticamente. Podem ser usados para estimar a

28
probabilidade de ocorrência da doença. A exposição de uma pessoa a estes riscos pode não
significar que venha a ter a doença.

Quando entrarmos em contacto com os doentes vamos encontrar pessoas a dizer que têm cárie
porque os pais têm cárie, mas este facto não está relacionado com passagem de informação
genética, mas sim com os hábitos de higiene e alimentação daquele meio familiar (contexto socio-
económico e social).
Se prolongarmos os 3 fatores riscos por muito tempo, sabemos que a pessoa está muito suscetível
ao aparecimento de cárie; no entanto é possível o aparecimento de pacientes que não escovam os
dentes sem cárie dentária, devido às propriedades da saliva, por exemplo.

● Os fatores envolvidos no aumento de susceptibilidade ou de resistência a determinada


patologia podem ser uma característica biológica, comportamental ou relacionada com a
exposição a determinado ambiente, bem como com a oportunidade de acesso aos cuidados
de saúde.
● A presença de um factor etiológico aumenta a probabilidade de vir a desenvolver a doença.
○ Se um indivíduo tiver uma cárie ativa e não a tratar, poderá vir a desenvolver mais
cáries, porque o ambiente oral está em desequilíbrio e com predomínio de colónias
cariogénicas, ou seja, está criado um ambiente favorável para o desenvolvimento de
cárie dentária.
● O conhecimento dos factores de risco ajuda a aumentar a eficácia de programas
preventivos.

Os critérios para que uma “característica” seja considerada um factor de risco são:
● Associação do factor com o desenvolvimento da patologia;
● Presença do factor em momento anterior à manifestação patológica;
● Salvaguarda de que outros factores não interferem concomitantemente com os resultados.

Exemplo: Numa primeira análise achou-se que o café era um causador do cancro do pulmão, porque
os fumadores após fumarem tomavam café, logo um fumador tomava mais café que um não
fumador.

Indicadores de risco: Características de determinado indivíduo que indicam a probabilidade de ter


maior susceptibilidade à doença.

Categorias de risco:

Risco Alto Risco Médio Risco Baixo

- Relacionado com hábitos - Temos de descobrir e tratar as - Apenas precisam de ir ao

29
alimentares e de higiene + causas das lesões de cárie; consultório 1 vez por ano, para
problemas na neutralização pela - Se descobrirmos as razões da avaliar a existência de
parte da saliva. cárie, podemos ver o paciente de desequilíbrios orais apenas,
- Temos de tratar o doente 6 em 6 meses. porque este paciente até poderia
(identificar os fatores que ficar 5 anos sem ter uma
contribuem para o elevado risco consulta.
de cárie dentária) para que não
voltem a aparecer cáries; não
podemos tratar apenas as
cavidades.
- Temos de ensinar o paciente a
ter hábitos alimentares
adequados e a praticar uma boa
higiene oral.
1) Comer doces após as
refeições maiores;
2) Não comer após a
lavagem dos dentes.
- Não pode ficar mais de 3 meses
sem ser supervisionado, para
conseguirmos controlar o
aparecimento de novas lesões de
cárie, porque a alteração de risco
não ocorre logo que o paciente
altera os hábitos; quando a
situação fica mais estabilizada
podemos aumentar o tempo entre
consultas.

As características das categorias estarão relacionadas com os factores de risco a que os


indivíduos estarão expostos.

Experiência de cárie é equivalente ao cpo e é diferente de prevalência de cárie.

Avaliação do risco individual: quando as lesões cicatrizam, o nível de risco do doente altera-se.

● Exame objectivo da cavidade oral: experiência de cárie: incluindo número de dentes


cariados, perdidos e obturados;
● Antecedentes pessoais /patologias: incluindo doenças sistémicas, doenças associadas
com a cárie, medicação habitual (com especial atenção à utilização de xaropes e fármacos
xerostomizantes);
● Conteúdo da dieta: ingestão de alimentos cariogénicos, como por exemplo, produtos
açucarados, guloseimas, bolos, refrigerantes ou bebidas gaseificadas fora das refeições;
● Frequência da ingestão de alimentos: tendo em conta a ingestão alimentar num dia normal;
○ A ingestão de gomas (amido + sacarose) é pior do que bebidas açucaradas, porque
a goma cola aos dentes e “dá mais alimento” às bactérias cariogénicas.
● Controlo da placa bacteriana: através da utilização de revelador de placa ou na sua
impossibilidade com uma espátula de madeira, raspar suavemente as superfícies dentárias
dos dentes incisivos, superiores e inferiores, da gengiva para o bordo incisal e verificar se
há acumulação de placa que fique aderente à mesma. Entre cada raspagem dentária, a
espátula deve ser limpa;
● Utilização de fluoretos: tendo em conta que o dentífrico recomendado deverá ter entre
1000 e 1500 ppm de fluoretos;

30
● Motivação para a saúde oral: opinião global do examinador sobre a capacidade e
motivação da criança ou adolescente em conseguir evitar o aparecimento de lesões de cárie.

Bactérias e Saliva: avaliação do risco individual de cárie dentária

31
Se partirmos de um pH baixo, a probabilidade de alcançar os valores críticos de pH é mais alto, por
isso o pH da saliva deve estar sempre acima de 6.

Uma face tem um agar para o St. Mutans e o outro lado tem agar para Lactobacillus, e depois faz-
se uma cultura a 37ºC durante 7 dias, para identificarmos o número de colónias proliferadas e
compararmos com a imagem.

Risco em saúde pública: Apesar de parecer existir uma maioria de indivíduos considerados de
baixo risco as suas necessidades de saúde deverão alocar um conjunto de recursos
substancialmente menor que o grupo de indivíduos classificados como de alto risco mesmo que
estes sejam em menor número.
● Temos de fazer uma cobertura de toda a população, mas temos de ter uma abordagem
mais específica para os grupos de maior risco (estratégias individuais).

32
Factores do Hospedeiro: Risco Individual de Cárie Dentária

● Pré-existência de lesões de Cárie


● Inexistência de hábitos de higiene oral
● Elevado consumo de sacarose
● Elevado nº de colónias de bact. cariogénicas
● Diminuição do fluxo salivar
● Fraca exposição ao flúor
● Presença de Cárie nos incisivos inferiores
● Condição sócio-económica
● Algumas doenças crónicas associadas
● Medicamentos cariogénicos
● Portador de deficiência físico/mental

33
EPIDEMIOLOGIA E CÁRIES CERVICAIS

Estudos epidemiológicos de cárie dentária:

● Registo e manuseamento de dados


○ Como catologar os dados
○ CPOD/DMFT ou CPOS/DMFS
■ CPOD=5 – o que quer dizer?
● tem várias leituras
● pode significar:
○ esta população em média tem 5 dentes cariados
○ esta população pode ter 1 dente cariado e 4 dentes perdidos
○ esta população pode ter 1 dente cariado e 4 dentes obturados
■ Só com C + P + O é que temos alguma informação
■ E as cáries não cavitadas?
■ Nº de dentes cariados perdidos obturados / pessoa
○ Informação sobre a doença na população

Prevalência de cárie dentária: Número de pessoas ou proporção de uma população atingida


pela cárie dentária num dado momento em que é feito o exame (percentagem).
● CPO = 3,4, a prevalência não é 3,4

Experiência de cárie dentária: Número de lesões de cárie dentária, que existem ou existiram
até aquele momento (CPO).

Incidência de cárie dentária: Número ou proporção de pessoas que desenvolvem lesões de


cárie num dado intervalo de tempo especificado, geralmente um ano (percentagem).
● avaliação de doença
● número de novos doentes, num dado intervalo de tempo

Incremento de cárie: Número de novas lesões de cárie que ocorreram num dado intervalo de
tempo especificado, em determinado indivíduo ou como valor médio numa dada população (CPO)
● MUO!#$4*$!VCW!6!*.&,0(0.2'!/0!VCW.

Experiência e gravidade da cárie em Portugal: III Estudo Epidemiológico Nacional das


Doenças Orais

● Livres de cárie e dentes cariados, perdidos e obturados, aos 6, 12, 18, 35-44 e 65-74 anos
● Metas OMS 2020 – 12 anos CPOD < 1,5; 6 anos – 80% livres de cárie

Prevalência aos 12 anos = 47%

34
CÁRIES CERVICAIS | Processo de envelhecimento na cavidade oral: “toda a modificação
irreversível num ser vivo, que seja função do tempo”

● exposição do cimento e retracção gengival e do suporte ósseo


○ a exposição da dentina é muito propensa à cárie dentária
● diminuição do fluxo salivar (xerostomia, devido a medicação)
● menores cuidados higiénicos
● uso de próteses

- Repercussões:

● cárie dentária
● outras patologias orais (Periodontopatias; Cancro Oral, etc)
● Edentulismo (perda de dentes)
● Interação com patologias sistémicas

- Implicações clínicas:

● + periodontopatias
● + lesões de cárie cervicais
● Lesões cariosas cervicais - 70% das pessoas com mais de 50 anos
● Periodontopatias -> 35 anos

Lesões dentárias cervicais:

● CARIOSAS
○ Coronais
○ Corono-radiculares
○ Radiculares

● NÃO CARIOSAS: a perda de estrutura não se deve à cárie dentária


○ Atricção
○ Abfracção
○ Abrasão
○ Erosão

Indicadores Etiológicos:

● Cariosas
○ Placa bacteriana

● Não cariosas
○ Ácidos não bacterianos
○ Mecânicos
○ Forças Parafuncionais

Lesões de cárie cervicais

● Definição: Processos cariosos nas superfícies lisas localizados no terço cervical das
superfícies vestibulares e lingual de qualquer dente.

● Estrutura envolvida: Estritamente nas superfícies coronárias, com origem no seu esmalte,
ou progredirem para a junção amelocementária invadindo as superfícies radiculares
expostas, ou estritamente radiculares.

35
● Classificação:
○ Classificação de Billings - 1 a 4
○ ICDAS - 1 a 6
○ Atividade de cárie - ativa/ inativa

● Dentes mais afetados (predominantemente na zona vestibular; ou na zona palatina/ lingual


quando as pessoas utilizam próteses removíveis acrílicas)
○ Caninos
○ Pré-molares
○ Molares superiores
○ Molares inferiores

(para haver cárie, estes 3 fatores têm de estar presentes, em simultâneo, durante um período de tempo)

Particularidades do idoso

○ Lesões cariosas cervicais - 70% das pessoas > 50 anos


○ Zona cervical
■ topografia clínica concava
■ exposição da junção amelo-cementária
■ Retenção de placa no colo
■ Sem acção de auto –limpeza dos tecidos moles
■ Diminuição do fluxo salivar
○ Etiopatogenia
■ Alteração do pH
■ Dentina radicular menos mineralizada
■ Cemento
■ Streptococcus mutans
■ Lactobacillus
■ Streptococcus sanguis e salivarius
■ Actinomyces naeslundi e viscosus (3ª idade)

36
● Alimentação
○ mais carbohidratos
○ dietas inapropriadas
○ )%*(0.2'#!()*#!+)#2'#'#!0!+01)X'#'#!6!()*#!-5&*%!/0!()#2*1),C!()#!?$0!-*&)(!,02*/'#!
()*#!-)&*%(0.20!.'#!0#+)8'#!*.20,/0.25,*'#

● Avaliação Clínica
○ Localização
■ Quantidade de faces;
○ Extensão
■ gengival
○ Forma
■ Variável;
■ Oval;
■ Plurifocal

● Etiopatogenia
○ Partem da dentina para o esmalte
○ Indivíduos em tratamento periodontal
○ Alteração da flora
○ Bactérias cariogénicas
○ Superfícies menos resistentes

● Critérios de diagnóstico

○ Estrutura afetada ( Profundidade / Extensão )

○ Atividade

37
■ Cárie ativa: Mais extensas que profundas
● Cor: Amarelada, Acastanhada,Branco giz
● Dentina
○ mole ou rugosa
● Bordos
○ irregulares

■ Cárie inactiva
● Cor: Castanha escura; negra
● Superfície: Lisa - brilhante
● Dentina: Reaccional - dura
● Assintomática

● Categorização da lesão

○ Meios de diagnóstico em função do local e da evolução das lesões de cárie dentária

○ Lesões subclínicas / microcavitadas

38
○ Lesões Cavitadas

39
CÁRIE PRECOCE DA INFÂNCIA

A American Academy of Pediatric Dentistry (AAPD) classifica cárie precoce na infância como a
presença de um ou mais dentes decíduos cariados (lesões cavitadas ou não), perdidos (devido à
cárie) ou restaurados antes dos 71 meses de idade (6 anos).

Severe Early Childhood Caries!"#$$%&'!( tipo de cárie mais preocupante

● Qualquer sinal de superfície dentária lisa cariada, com ou sem cavidade, em crianças com
menos de 3 anos de idade;
● 3 aos 5 anos de idade, a criança apresenta mais de quatro, cinco e seis superfícies afetadas
em dentes anteriores decíduos aos 3, 4 e 5 anos, respectivamente.
● ocorre a destruição da coroa dos dentes da criança muito rapidamente, ficando apenas as
raízes na boca da criança
○ mais comum em condições socioeconómicas desfavorecidas
○ dificuldade na mastigação e comunicação
● A prevalência tem aumentado.

“ECC is a public health problem, with more severity in low SES communities, mostly untreated
caries with impact on general health and quality of life in infants and toddlers.”

The prevalence of dental caries in primary teeth is growing rapidly in low and middle income
countries and in these countries with the most severe dental caries.

● Transition towards modern diet and changing lifestyles.


○ Fast Food
● Most of the carious teeth are often left untreated and thus deteriorate to pain.
○ Más condições económicas
● Much impact on oral health, general health, growth and development, and quality of life of
the children's families and community.
● Early childhood caries is prevalent and a very limited number of teeth with ECC are treated.
Many factors are associated with ECC and are not easily modified.

Y! Denominações

● Nursing bottle mouth – cáries de biberão (1962 – Fass)


○ das primeiras nomenclaturas a aparecer
○ depois concluiu-se que o conteúdo do biberão é que causava cárie
● Outras:
○ Rampant caries (destruição muito rápida de toda as coroas dentárias; em 3-4 meses)
○ baby bottle syndrome,
○ milk-bottle syndrome

Y!!Prevalência

40
● Apesar do declínio acentuado da cárie dentária nos países desenvolvidos durante as últimas
décadas, verifica-se que a sua prevalência em crianças de idade pré-escolar permanece
elevada.
● A prevalência das cáries precoces da infância varia entre 1% e 12% nos países
desenvolvidos, chegando a atingir os 70% em comunidades socioeconomicamente
desfavorecidas e em algumas minorias étnicas.

ECC continues to be a pandemic disease worldwide.


Prevalence among children three to five years of age varies.

● United States shows a higher prevalence than European countries with 40% of children
acquiring caries by kindergarten age.
● United Kingdom, 12% of three-year-old children had visible caries.
● In Japan, the National Oral Health Survey in 2011 showed 25% of three-year-old children
experienced caries with dft 0.6.
● 36 to 85% in the Asia region.
● 38 to 45% in Africa.
● 22 to 61% in the Middle East.

Y!!ECC - Pattern and Development

● ECC appears to be rampant and develops rapidly and affects usually-low-risk tooth surfaces.
● As faces mais afetadas são as faces lisas dos incisivos anteriores (face vestibular).
○ Tem a ver com a proteção da saliva
● At age 1, the most affected teeth are upper incisors, central and lateral incisors.
● At age 2, upper incisors remain to be most affected teeth and followed by first molars.
● At age 3 the ECC pattern changes as second lower molars become dramatically affected
along with maxillary central incisors.
● At age 4, the lower molars are most affected.
● The most affected primary teeth and surfaces at age five are second lower molars, upper
central incisors, second upper molars and first lower molars.
● Z./0,!&0,2)*.!&'./*2*'.#!*.*2*)%![F*20!#+'2!%0#*'.#!&).!40!-*,#2!B*#*4%0!&),*0#!40-',0!&)B*2)2*'.!
*.!4'2F!).20,*',!)./!+'#20,*',!2002FD!6!Desmineralização resultante da presença de biofilme;
⅓ cervical da face vestibular dos dentes anteriores, e só depois é que vai para os molares.
● Is not related to tooth anatomy;
● It is primarily linked to feeding practices.
● Behaviour characteristics in the first two years of life contribute to a pattern of ECC.
● Dietary patterns in infancy, characterized by a greater number of highly sweetened foods and
drinks were strongly associated with the incidence of S-ECC in the following years.
● The relationship between caries incidence and the sugar intake suggests the possibility of
benefit from reducing or delaying exposure to sweet items, even if consumption cannot be
eliminated entirely.
○ Ex. dose mínima de açúcar ronda os 8 g por 100 g de cereais

Y!!Caraterísticas

41
● 1º SINAL: presença de manchas brancas e opacas, que são áreas desmineralizadas pela
presença de biofilme
● Terço cervical da face vestibular dos dentes anteriores superiores.
● Superfícies oclusais de molares maxilares, mandibulares
● Caninos Superiores e inferiores
● Excepcionalmente incisivos inferiores

Y!!Observação clínica:

● A evolução é o aparecimento de cavidades com perda de estrutura dentária, se não


interrompida, pode levar a destruição de toda a coroa do dente e com processos infeciosos
radiculares em decorrência da necrose pulpar

ECC is the outcome of a complex process.

Major role in ECC prevalence and distribution:


● Inequalities in social-economic factors (hábitos alimentares a nível familiar e educação do
cuidador)

Other factors influencing on ECC:


● Mother education
● Feeding practices

Y!Etiologia

● As cáries precoces da infância caracterizam-se por atingirem uma população muito


específica.
● Apesar da etiologia das cáries precoces da infância ser semelhante à que ocorre em outros
padrões de cáries coronais e de superfícies lisas, apresenta, no entanto, factores de risco
particulares, pois os mecanismos biológicos de defesa da criança diferem em alguns
aspectos dos mecanismos biológicos do adulto, o que faz com que fatores como a
alimentação tenham um peso maior na cárie dentária nas crianças. O esmalte dos adultos
é menos suscetível a sofrer desmineralização.

Etiologia multifactorial:
● Bacterias cariogénicas
○ A infecção por S. mutans tem um papel importante na instalação e evolução
da doença. A transmissão vertical de microorganismos ocorre principalmente
da saliva das mães com altos níveis de S. mutans. Quando as mães

42
apresentam alta concentração de S. mutans na saliva, os filhos são
infectados precocemente e têm maior prevalência de cárie.

● Carbohidratos refinados
○ O substrato é essencial para a viabilidade, proliferação e agregação celular.
É forte a associação entre frequência de ingestão de carbohidratos,
principalmente a sacarose, e o desenvolvimento da doença cárie, sobretudo
se esse contacto ocorrer entre as refeições e no período de sono, quando o
efeito protector da saliva está ausente, pois o fluxo salivar é reduzido.
○ Utilização indiscriminada do biberão
○ Dormir, mamando pelo biberão
○ Conteúdo do biberão
■ sumos de frutas
■ chás adoçados
■ leite fermentado
■ leite com carbohidratos refinados como farináceos e açúcar
Relação com o uso de biberão:
■ não há relação causal directa
■ há crianças com a doença que não usaram Biberão
■ outras desenvolvem a doença já aos 4-5 anos

● Hospedeiro vulnerável
○ Doenças crónicas
■ medicação contendo sacarose (na forma líquida ou comprimido
mastigável, via oral)
■ administrações repetidas durante a noite
■ ausência de higiene após a administração dos mesmos
○ Crianças que apresentam defeito de desenvolvimento de esmalte
○ Crianças que necessitam tratamentos oncológicos ou reumatológicos podem
estar mais suscetíveis.
○ Parece também haver uma predisposição genética (ainda não totalmente
esclarecida)

● Baixa escolaridade dos pais

● Nível socio-económico baixo

● Primeira visita ao dentista após os 2 anos de idade

● Aleitamento materno indiscriminado após erupção dentária (controverso)

● Uso de chupetas mergulhadas em açúcares

● Factores maternos
○ Cáries activas
○ Contagem elevada de St mutans
○ Consumo de açúcares refinados
○ Tabagismo materno (controverso)
○ Frequência de visitas ao médico dentista

43
ECC is preventable and possible management scheme with common risk factors, following WHO
recommendation for infant feeding and reduction of free sugar intake especially in complementary
feeding in young children

Strategies for management of ECC include all three levels of prevention as early as possible:
● starting with toothbrushing with fluoride toothpaste and
○ 1000-1450 ppm de flúor
● modifiable socio-behavioural factors.

Y!Primary Prevention

● The primary prevention will be the key for ECC management covering promotion of healthy
behaviour and appropriate fluoride use.
● Prevention of ECC should be integrated as part of existing primary health care (PHC)
programme, especially in mother and child health (MCH).
● Health promotion for pregnant women, new mothers and primary caregivers should raise
concern on the common risk factors of ECC by using the WHO recommendation on :
○ breastfeeding until six months of age,
○ no added sugar for complementary feeding up to 2 years and
○ after that limited free sugar intake as per WHO guideline

Y!Secundary Prevention

● Secondary prevention of ECC should focus on the early detection of carious lesions.
● Not only dental personnel but also other health professions and perhaps mothers as well
should be trained how to detect the early sign of carious lesion.
● Oral health check-up record should be integrated into the child's health profile at the well-
child clinic during PHC vaccination period, in every occasion of the child's general health
examination.
● During the periodical visit to the well-child clinic should be regularly emphasized:
○ Diet counselling,
○ proper bottle feeding,
○ especially limited free sugar intake
● Is recommended:
○ Application of fluoride varnish on early carious lesions such as white spot lesions by
trained personnel
○ Sealants with glass ionomer cement on non-cavitated lesions.
○ Parents and caregivers need to be actively involved in dietary and oral hygiene
practices of their children efficiently and routinely.

Y!!Tertiary Prevention

● Tertiary prevention of ECC aims to reduce the negative impact of the untreated frank, open
cavity and improve the quality of life of the children, avoid unnecessary extraction and restore
function.

44
○ Silver diamine fluoride or fluoride varnish can arrest dentine carious lesions.
○ Atraumatic Restorative Treatment (ART) is an alternative option procedure, with glass
ionomer cement as the material of choice for tertiary prevention of ECC.

Y!!Repercussões locais, sistémicas e sociais

A perda precoce dos dentes decíduos deve ser evitada:


● Correcto desenvolvimento e crescimento dos maxilares;
● Correcta organização da oclusão;
● Função mastigatória;
● Função fonética;
● Afecção psicológica;
● Desenvolvimento da doença nas dentições posteriores.

Y!I.@&*'!/)!10#2)89':!&'.#$%2)!.'!(Q/*&'!/0.2*#2):!
● Avaliação da condição dentária;
● tratamentos preventivos ou curativos;
● Motivação para os cuidados orais;
● Controlar os níveis de St. Mutans a fim de diminuir o risco de infecção vertical!

Recomendações da American Academy Pediatric Dentistry (AAPD):

● 1ª consulta no médico dentista entre os 6-12 meses de idade;


● Amamentação nocturna, depois da erupção do 1º dente deve ser evitada
● O copo deve ser introduzido por volta de 1 ano de idade
● Iniciar a escovagem com o aparecimento do 1º dente;
● Evitar a partilha de objectos no meio familiar
● Utilização de pastas fluoretadas com 1500 ppm de flúor
● Tratamentos restauradores só em lesões cavitadas com materiais ricos em Flúor, como o
Ionómero de vidro
● Estratégias de educação e motivação dos pais

Estratégias de motivação: Motivational interviewing counseling

● Menu of dietary and nondietary options for caries prevention.


● Do not let anyone add anything sugary to your child’s bottle.
● Clean your baby’s teeth as soon as they appear. Cleaning can be done with a small soft
toothbrush or face cloth.
● Use a very small amount (smaller than a pea) of fluoride toothpaste.
● Hold your baby when feeding, then lay the baby down to sleep; if the baby wakens, give him
or her water, not milk or juice.
● Limit the time your baby spends sipping and snacking, because the longer he or she takes,
the greater the chance of decay.
● Use a cup.
● Offer snacks no more than two to three times a day.

45
● Bring your child to the dental clinic at least twice a year so the dentist can protect the baby’s
teeth by painting a safe fluoride medicine on them.

Philip Weinstein, Rosamund Harrison and Tonya Benton. Motivating mothers to prevent caries: Confirming the beneficial effect of
counseling. J Am Dent Assoc 2006;137;789-793

46
ETIOLOGIA E DIAGNÓSTICO DAS LESÕES DENTÁRIAS
NÃO CARIOSAS

Há muitas lesões que nada, ou muito pouco, têm a ver com a cárie dentária.

S0#9'!()*#!&'($(!.'!&'%'!/'!/0.20C!0(!B0#2*4$%),C!+',?$0!Q!$()!;'.)!-*.)!/0!0#()%20!6!+'$&'!
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A Lesão Não Cariosa (LNC) é definida como a perda de estrutura dentária, originada a partir de
mecanismos não relacionados com o processo de cárie.

Indicadores etiológicos:

● Ácidos não bacterianos


● Ação Mecânica
● Forças Parafuncionais

Lesões dentárias

47
Atrição está relacionada com o desgaste normal do dente ao longo do dente (mastigação).
Abrasão: Perda progressiva dos tecidos dentários mineralizados ou de uma restauração,
provocadas por agressões mecânicas repetidas (p.ex escovagem) sobre as superfícies dos dentes.
Perda de substância localizada em consequência de um desgaste físico, mas em que se observa o
remanescente da superfície exposta brilhante com textura e dureza normais. Normalmente não é
simétrica. Não ocorre só nas superfícies cervicais dos dentes.

● Abrasão acentuada:
+ dentes anteriores e pré-molares
+ os dentes superiores

● Factores etiológicos:
1- Cachimbo, costureira, pescadores, palitos, ...
2- Ganchos do cabelo
3- Instrumentos musicais
4- Escova dentária/ abrasivos
5- Pastas dentífricas

● Diagnóstico:
○ Atenta recolha de informação da história clínica
○ Pode confundir-se com lesões de abfracção

● A nível cervical a causa mais referida é a utilização sistemática de escovas duras e algum
exagero na força de escovagem.
○ Identificada a causa deve-se aconselhar o paciente a mudar de hábitos.

Abfracção:

● Lesões dentárias cervicais relacionadas com a flexão dentária, a qual origina forças elásticas
e de compressão nos colos dentários com a consequente destacamento dos cristais de
esmalte e perda de tecido dentário.

● Factores etiológicos:
○ Forças parafuncionais
○ Flexão do dente (o ponto máximo de flexão coincide com a região cervical)
○ Rutura das ligações entre os cristais de hidroxiapatite do esmalte
○ Perda de esmalte e dentina subjacente

● Resulta de um excesso de carga oclusal


○ Consequência de perda não compensada de dentes posteriores
○ Prótese que pretende compensar os dentes perdidos e se encontra desadaptada

1- O nº de lesões é maior nos indivíduos idosos


2- tendência em perder restaurações cervicais
3- As lesões podem progredir em torno das restaurações cervicais pré-existentes e estender-
se sub-gengivalmente
4- As lesões raramente ocorrem nas superfícies linguais dos dentes inferiores

48
5- A flexão cervical pode ser causada por forças oclusais
6- Em geral os dentes adjacentes não são afectados
7- As lesões são menos frequentes nos dentes com mobilidade
8 – Afeta mais pré-molares e caninos

● Diagnóstico:
○ Atenta recolha de informação da história clínica
○ Pode confundir-se com lesões de abrasão

Erosão:

● Perda progressiva, dos tecidos dentários mineralizados, por um processo químico que não
envolve uma ação bacteriana.
● Resultando de uma desmineralização ácida (tal como a cárie) difere desta porque é
consequente à ação de ácidos de origem não bacteriana.
● Cada vez mais prevalentes na população.
● Caracterizam-se por não afetarem apenas o terço gengival mas sim a superfície do dente
em toda a sua extensão e em uma ou mais superfícies.

● Origem dos ácidos:


○ Exógena: ingestão frequente de alguns alimentos: sumo de citrinos ou de bebidas
aciduladas (coca-cola), abuso de pickles (ácido acético), bebidas dietéticas/baixas
calorias, produtos farmacêuticos.
○ Endógena: regurgitação do conteúdo gástrico; vómitos frequentes

● Factores etiológicos extrinsecos:


○ Dietéticos (alimentos ácidos, citrinos bebidas carbonadas, geralmente açucaradas e
gaseificadas, …)
■ Tipo de lesão:
● Lesões situam-se nas superfícies vestibulares dos dentes anteriores
(podendo estender-se a todos os dentes e todas as superfícies)
● Caracterizam-se clinicamente por perda do brilho natural do esmalte
● Superfícies amareladas e opacas
● Fase inicial: bordos incisais dos dentes anteriores apresentam-se
finos e transparentes
○ Exposição a ambientes ácidos (certos gases atmosféricos, que se misturam c/ saliva
produzindo soluções ácidas (ex. baterias, ..))
■ Tipo de lesão:
● Desgaste em todas as superfícies dos dentes anteriores

● Factores etiológicos intrinsecos:


○ Regurgitação e vómito (Bulimia, gravidez, alcoolismo...)
○ Regurgitação: Retorno à boca do conteúdo gástrico, sem vómito e sem náuseas
superfícies linguais dos dentes anteriores
○ Tipo de lesão:
■ Desgaste predominante das superfícies palatinas dos dentes superiores
○ Vómito: promove desgaste de todas as superfícies dentárias

49
● Manifestação clínica:
○ Perda de brilho e de textura.
○ Superfícies lisas e baças
○ Amarelecimento dos dentes por perda de esmalte
○ Bordos incisais finos e transparentes
○ Pequenos traços de fratura no esmalte fino
○ Sobreoclusão das restaurações e concavidades oclusais

● Diagnóstico:
1 – História dietética (extensão, frequência, horário no consumo de produtos ácidos)
2 – História médica (avaliação de possíveis efeitos ácidos de origem intrínseca
(refluxo gastro-esofágico)
3 – Exposição a ambientes ácidos
4 – Estudo dos factores salivares

● Sinais e sintomas:
○ Sensibilidade dentária
○ Odontalgias
○ Irregularidades do bordos incisais
○ Escurecimento dos dentes
○ Fraturas bordos incisais
○ Perda morfologia dentária
○ Translucidez incisal aumentada
○ Exposição pulpar

NCCL - You need to consider in NCCLs:

50
1 - the diagnosis – etiological factors (are different in erosion, abrasion, abfraction)
2 - Depth of the lesion – superficial lesions without symptomatology might not need
intervention
3 – the number of teeth involved
4 - Presence of pain or not
5 – structure involved – in erosion there is a demineralization of enamel which is directly
related to treatment options and restorative materials.

51
Métodos de diagnóstico de cárie na prática clínica
K*)1.\#2*&'!/0!&5,*0!/0.25,*)!6!K*)1.\#2*&'!0+*/0(*'%\1*&'!"O]7<!^!K*)1.\#2*&'!&%@.*&'!

Cárie = Cavidade

Meios de diagnóstico convencionais para cavidade: REGISTO CLÍNICO DICOTÓMICO

● Visão
○ Observação clínica (visão)
■ Microcavidades
■ Cavidades
■ Colorações
■ Opacidades
● Sondagem
○ Erro de diagnóstico pelos métodos tradicionais
● Rx
○ Proposta de novos métodos de diagnóstico
● fotoluminescência
● Laser

K*)1.\#2*&'!/0!&5,*0!/0.25,*)!6!K*)1.\#2*&'!0+*/0(*'%\1*&'!"O]7<!_!K*)1.\#2*&'!&%@.*&'!

Observação clínica (consultório):

● lesão subclínica (diagnosticável?)


● lesão inicial
● cavidade
● estrutura afetada (profundidade)
● localização da lesão

● atividade de cárie (ativa e inativa)


○ cárie ativa: Mais extensas que irregulares profundas
■ Cor Amarelada,Acastanhada ou Branco giz
■ Dentina mole ou rugosa
■ Bordos Mais extensas que irregulares
○ cárie inativa: assintomática
■ Cor Castanha, escura negra
■ Superfície Lisa - brilhante
■ Dentina Reaccional - dura

● Estrutura e zona afectada

Lesões de cárie não cavitadas: Diagnóstico precoce


● tratamento medicamentoso

52
Meios de diagnóstico em função do local e da evolução das lesões de cárie dentária

Uma Nova Ferramenta para Diagnóstico de Cárie: ICDAS


(International Caries Detection And Assessment System)

Caries Diagnosis:

● Caries is recorded as present when a lesion in the pit and fissure or on a smooth tooth surface
has an unmistakable cavity, undermined enamel, or a detectably softened floor or wall.
Where any doubt exists, caries should not be recorded as present. WHO – 1997 - Oral health
surveys: Basic methods
○ This was (still is being) used in clinical practice for many years.
● Reviews of visual caries diagnosis have been critical of current methods used in clinical
studies. Bader JD (2002); Ismail AI (2008)
● Use of traditional methods, where the detection threshold is at the level of cavitation, had
either been found to be outmoded or insufficient given the current knowledge of dental caries.
Pitts N (2004) ; Agustsdottir H (2010)

New caries classification methods arise:

1. Nyvad – caries activity; cavitated/non cavitated;

0 – Sound;
1 – Active, non-cavitated;
2 - Active, non-cavitated with microcavity
3 - Active, cavitated;
4 - Inactive, non-cavitated;
5 - Inactive, non-cavitated with microcavity
6 - Inactive, cavitated;
7 – filling
8 – filling with active caries
9 – filling with inactive caries

2. Mount and Hume – surface location and depth of the lesion;

53
3. ICDAS (International Caries Detection and Assessment System (with or without PUFA-
Pulp, Fistula, Abcess) - depth of the lesion;

4. CAST – Caries assessment Spectrum and Treatment (with PUFA) – depth of the
lesions; Pupal envolvement; depth

0 – Sound;
1 – Sealant
2 - Restoration
3 – Carious lesion on enamel
4 – Carious lesion on dentine
5 – Dentine cavity
6 – Dentine cavity with pulpal involvement
7 – Abcess, fistula
8 – Lost
9 – Other

Caries Diagnosis – visual criteria

54
ICDAS: Classificação que pretende conjugar a avaliação clínica e epidemiológica de cárie
dentária;índice com dois dígitos.

1 – Clearly identifies the disease in different stages ( and treatment needs);


2 – Caries disease ceases to be diagnosed as a dichotomy;
3 – It allows a better perception of the evolution of the disease in the oral cavity;
4 - Longitudinal studies are more accurate;
5 – Compatible with WHO index ; previous data can be compared;
6 – Considers partial sealants;
7 – Identifies different filling materials.

● Código para restaurações e selantes:

0 - Sem restauração nem selante


1 - Selante (parcial)
2 - Selante (total)
3 - Restauração a resina
4 - Restauração a amálgama
5 - Coroa de aço
6 - Coroa (porcelana, MC,ouro) ou Faceta
7 - Fractura ou perda da restauração
8 - Restauração temporária

● Código para diagnóstico de cárie:

0 - São
1 - Primeira alteração visivel no esmalte - opacidade clara (Só é visivel após secagem
prolongada com jato de ar ou restrita à fossas e fissuras)
2 - Alteração marcada no esmalte – opacidade clara ou escura
3 - Descontinuidade do esmalte (sem dentina visível)
4 - Cárie de dentina ( sombra cinzenta sob o esmalte)
5 - Cavidade com dentina visível
6 - Cavidade extensa com dentina vísivel

55
Option for ICDAS II

● With information of lesion severity, lesion activity, and restorative materials present, it was
possible to obtain an overview of the most recent trends in caries development and
restorative interventions used to treat it. Finlayson TL (2007); Ismail AI (2008); Agustsdottir H (2010)

● The ICDAS criteria allow accurate recording of the severity of carious lesions, through
noncavitated stages, to frank cavitation, and have been found to increase level of caries
detection over traditional methods. Kuhnisch J (2008)

ICDAS = DMFT?

● There is wide variation in the interpretation / application of the DMF index, should each
investigator adopt the cut point criteria depending on the study you want to compare. (Pitts
2010)
● Considering the methodology described in the 2005-6 portuguese survey we decided to have
the cut point between 4 and 5. D5-6MFT
● For the future we will consider the cut point between 2 and 3. D3-6MFT

A study compared ICDAS with WHO on primary teeth, finding that including all codes of ICDAS
detected greatly higher number of lesions than the WHO basic methods criteria. Kuhnisch J (2008)

ICDAS: Recomendações

● 1ª recomendação geral: A menos que haja uma indicação explicita de perda de dentes por
outro motivo que não a cárie dentária (código 98), deveremos sempre considerar a perda do
dente por cárie (código 97).

56
● 2ª recomendação geral: A ausência de um dente definitivo, aos 12 anos, deve ser sempre
registado como não erupcionado (código 99) a menos que tenha sido extraído por cárie,
motivos ortodônticos ou traumatismo . A ausência de um dente anterior, aos 6 anos deve
sempre registado como não erupcionado (código 99). A ausência de um dente decíduo,
canino ou molar, aos 6 anos deve sempre registado como perdido por cárie (código 97)

● 3ª recomendação geral: Registo do código 2 - As primeiras alterações visuais no esmalte


(lesões mais escuras) nas fossas e fissuras, podem ser observadas com a superfície do
dente molhada. Uma lesão código 2 pode ser de cor branca ou castanha. A lesão branca é
mais facilmente detetada nas superfícies lisas, ou nas vertentes das cúspides junto às fossas
e fissuras. (ver imagens anexas)

● 4ª recomendação geral: Registo do código 4 - sombra visível sobre o esmalte aparentemente


intacto, podendo estar ou não comprometido. Esta sombra é mais facilmente detetável
quando a superfície dos dentes está húmida e pode ter uma cor acinzentada, azulada ou
acastanhada. Em dentes com restauração a amálgama deve distinguir se o brilho provocado
pela restauração dá sombra ou se existe sobra da lesão de cárie. Nestes casos, de
restaurações, para ser considerado o código 4 devem existir sinais de desmineralização na
superfície do esmalte. Este código deve ser usado apenas na superfície de onde a lesão é
originária. (ver imagens anexas)

● 5ª recomendação geral: Registo do código 6– sempre existam raízes de decíduos, sem


presença de dente definitivo.

● 6ª recomendação geral: Dente decíduo e definitivo no mesmo espaço - classifica o dente


permanente

● 7ª recomendação geral: Dentes supranumerários – o ocupante legítimo do espaço é que


deve ser registado

● 8ª recomendação geral: Dentes com bandas ou brackets – examinar as superfícies visíveis

57
ENDODONTIA
EQUIPAMENTOS E INSTRUMENTOS EM DENTISTERIA
OPERATÓRIA

EQUIPAMENTO PARA PREPARAÇÃO DE CAVIDADES:

● Necessidade de diferentes equipamentos para uma correcta preparação dentária


○ Estrutura dentária – elemento de grande dureza
■ Instrumentos suficientemente resistentes para cortar ou desgastar com
eficiência esmalte e dentina, refrigerando
○ Instrumentos rotatórios
○ Instrumentos manuais
○ Laser
○ Sistemas sónicos e ultrassónicos
○ Sistemas jacto-abrasivos

1. SPRAY DE AR E ÁGUA / SERINGA TRÍPLICE

2. EQUIPAMENTOS PARA DESGASTE/CORTE ROTATIVO

a. Turbina
■ Alta velocidade de rotação
■ Refrigeração com água
■ (Iluminação)

b. Micromotor e Contra-ângulo
■ Baixa velocidade de rotação
■ Refrigeração com água
■ (Iluminação)
■ Tem mais torque (mais capacidade de rodar contra resistência)

● Produção de aerossóis
○ Ar comprimido | Spray de água para refrigeração
○ Permite o transporte aéreo de microrganismos e resíduos potencialmente
perigosos
○ Medidas de protecção individual
○ Desinfecção de superfícies

c. BROCAS

■ Constituição – 3 partes
1. Haste
a. Contra-ângulo – Curta, com encaixe
b. Turbina – Curta, sem encaixe, diâmetro
menor
2. Componente intermediária ou colo
a. Une a haste à ponta activa
b. Colos mais curtos permitem melhor acesso
a dentes posteriores
3. Ponta activa
a. Parte de trabalho do instrumento
b. Forma e material que a constituem relacionam-se com a sua
utilização

■ Materiais de fabrico

1. Cortantes (laminadas)
a. Aço
i. Só cortam dentina – acabamento de cavidades em
baixa rotação
ii. Baixo custo
iii. Destemperam facilmente
b. Carboneto de Tungsténio
i. Mais resistente que o aço
ii. Cortam bem ligas metálicas
iii. Libertam menos calor que as adiamantadas
iv. Cortam mal compósitos e cerâmicas e as lâminas
perdem o fio facilmente
v. Laminado das brocas
1. Contínuo
2. Descontínuo
3. Muito cortantes – ideais para remoção de
restaurações com ligas metálicas
vi. Número de lâminas e ângulo da espiral
1. Quanto menor o número de lâminas, maior a
capacidade de corte
a. Vibração desconfortável para o doente
2. As lâminas podem estar dispostas
paralelamente ou em espiral

2. Abrasivas (tipo lixa, rugosas)


a. Diamantadas
i. Preparação de cavidades
ii. Cortam bem compósitos e cerâmicas
iii. Acabamento de compósitos
iv. Duráveis
b. Sistemas de Classificação
i. A versatilidade do seu fabrico possibilita a existência
de formas muito variadas e de difícil classificação
ii. Classificação ISO
1. Forma – geralmente um nome
a. Esféricas
b. Cilíndricas
c. Tronco-cónicas
d. Cone invertido
e. Roda Piriformes
2. Tamanho da ponta activa – décimos de
milímetro
3. Exemplo: 806 314 233 534 012

a. 806 - Material da parte activa (1)


b. 314 - Haste e comprimento total (2 e 3)
c. 233 534 - Forma e tipo de grão da ponta
activa (4)
d. 012 – O maior diâmetro da ponta activa
(5)
4. Dimensões das partículas de diamante
a. Grão grosso
b. Grão médio
c. Grão fino
d. Grão extra-fino

3. Brocas para acabamento


a. Tungsténio: Elevado número de lâminas
b. Diamantadas: Grão fino ou extra-fino

4. Brocas para polimento


a. Contra-ângulo: Vários graus de abrasividade
i. Pontas para polimento e discos abrasivos

5. Manutenção
a. Lavar, desinfectar, limpar e secar
i. Limpeza com “Pedra de Arkansas”
ii. Os desinfectantes são mais eficazes quando utilizados
numa cuba ultrassónica
1. Menos tempo de permanência no desinfectante
resulta em menos degradação das brocas
b. Esterilizar em autoclave até 180ºC

3. EQUIPAMENTOS MANUAIS

a. Instrumental digito-manual

■ Instrumental para examinação


1. Espelho
2. Sonda
3. Pinça

■ Preparação de cavidades
Composição: Cabo; Colo; Ponta activa.
Tipo: Simples, Duplos

1. Escavadores (ou colheres de dentina | ou curetas dentinárias)


a. Remoção de dentina cariada e verificação da dureza das
paredes da cavidade
2. Cinzéis
a. Instrumentos utilizados para planificar e clivar o esmalte
3. Enxadas
a. Instrumentos utilizados para alisar as paredes circundantes de
uma cavidade
4. Machado
a. Clivar e aplainar esmalte e para planificar as paredes V e L
das caixas proximais de preparos cavitários de classe II;
5. Recortadores de margem gengival
a. Para refinamento da cavidade e remoção de esmalte sem
suporte

■ Colocação de material de obturação

■ Escultura/ Restauração/ Acabamento

1. Amálgama
a. Porta-amálgama e Vaso de Dappen
b. Condensadores de amálgama
c. Esculpidor de Hollenback e Instrumento de Frahn
i. Existe uma enorme variedade de desenhos;
1. Desenhar sulcos;
2. Remover o excesso de material

2. Resinas compostas
a. Espátula de ação lateral (Heidemann)
b. Levar o material à cavidade
c. Dar forma ao material
d. Brunidores ou condensadores redondos
i. Adaptar bem o material às margens da restauração;
ii. Deixar a restauração sem irregularidades para facilitar
o seu polimento
iii. Esféricos ou em bola
iv. Em forma de ovo ou bola de rugby
v. Em forma de “chapéu de chinês”
e. Panóplia de instrumentos disponíveis concebidos
especificamente para trabalhar com resinas compostas
i. Variedade de formas, tamanhos e indicações
ii. Utilização de materiais menos aderentes que o aço-
inoxidável
iii. LM–Arte ™ e Kerr CompoRoller™
NOMENCLATURA E CLASSIFICAÇÃO DAS
CAVIDADES PREPARADAS

Classificação das Cavidades Preparadas

Segundo o Número de Faces Envolvidas

1 face Cavidade simples

2 faces Cavidade composta

3 ou mais faces Cavidade complexa

Segundo as Faces Envolvidas

Face Oclusal cavidade O

Faces Mesial e Oclusal cavidade MO (ou OM)

Faces Vest. e Oclusal cavidade OV (ou VO)

Faces Mésio-Ocluso-Distal cavidade MOD …(… )

Nomenclatura das Partes Constituintes das Cavidades Preparadas

Paredes

Circundantes

Do Fundo

Ângulos

D 1º grupo entre paredes circundantes


I
E
D
R 2º grupo parede circundante + parede
fundo
O 3º grupo entre paredes do fundo
S

Triedros Formados por três paredes. Ex: ângulo


vestibulo-pulpo-axial

Ângulo cavo-superficial (nítido e sem bisel)

PRINCÍPIOS GERAIS DO PREPARO CAVITÁRIO PARA


RESTAURAÇÕES
COM AMÁLGAMA DE PRATA
1. Forma de contorno: desenho da cavidade, englobando a cárie e as áreas envolventes que
sejam previsivelmente suscetíveis à progressão da cárie.
a. Todo o esmalte que não esteja apoiado na dentina deve ser removido.
b. Os limites da preparação devem ficar em zonas de fácil acesso para a sua
restauração e acabamento.

2. Forma de resistência: forma que deve ter uma cavidade para evitar o risco de fratura, tanto
do dente como do material restaurador.
a. As paredes circundantes devem ser paralelas entre si e perpendiculares à parede do
fundo ou ligeiramente convergentes para oclusal.
b. A parede pulpar deve ser plana e paralela ao plano que passa pelos vértices das
cúspides.
c. Preservar sempre que possível as cúspides, cristas marginais e pontes de esmalte.

3. Forma de retenção: forma que deve ter uma cavidade para reter o material restaurador.
a. Princípio de Black: Uma cavidade é por si só retentiva quando a sua profundidade é
igual ou superior à sua largura VL.
b. As paredes circundantes devem ser paralelas entre si (ou ligeiramente convergentes
para oclusal).
c. Quando a cavidade não é retentiva, temos que utilizar meios auxiliares de retenção.
4. Forma de conveniência: Conjunto de procedimentos que facilitam o acesso e a
instrumentação das cavidades, especialmente nos casos mais problemáticos.
a. (faces V ou L de molares, cavidades infragengivais, acesso aos dentes do siso, etc.)

5. Remoção da dentina cariada: Depois de obtida a cavidade, há que “sondar” todas as


paredes e remover toda a dentina amolecida que possa ter remanescido (dentina cariada).
a. Escavadores (ou curetas) de dentina

6. Acabamento das paredes de esmalte: Terminado o preparo cavitário, devemos proceder


à raspagem e alisamento das margens de esmalte, para remover os prismas de esmalte
desapoiado.

7. Limpeza da cavidade

Classificação Artificial (de Black) de Cavidades

Classe I Cav. Preparadas em - Superfícies O de


regiões de má molares e premolares.
coalescência do esmalte - 2/3 oclusais da
(cicatrículas e fissuras). superfícies V dos
molares inferiores.
- 2/3 oclusais da
superfícies P dos
molares superiores.
- Superfícies L dos (cicatrículas e fissuras)
incisivos superiores
Classe II Cavidades preparadas Cáries que darão lugar a
nas superfícies cavidades preparadas
proximais de molares e de Classe II
pré-molares.

(superfícies lisas)

Classe III Cavidades preparadas


nas superfícies
proximais de incisivos e
caninos sem remoção
do ângulo incisal.

(sem remoção do ângulo)

Classe IV Cavidades preparadas


nas superfícies
proximais de incisivos e
caninos com remoção e
restauração do ângulo
incisal.
Cavidades já preparadas
para restauração com
resinas compostas
(remoção do ângulo)

Classe V Cavidades preparadas


no terço gengival das
faces vestibular e lingual
de todos os dentes,
desde que sejam em
superfícies lisas.

Preparo cavitário de Classe I simples para amálgama

1. Largura VL= 1/3 da distância intercuspidea. Profundidade igual ou


ligeiramente superior à largura VL.
2. Paredes circundantes paralelas entre si e perpendiculares à parede
pulpar ou ligeiramente convergentes para oclusal.
3. Parede pulpar plana e paralela ao plano intercuspídeo.
4. Ângulos do 1º grupo arredondados.
5. Ângulos do 2º grupo bem definidos ou ligeiramente arredondados.
6. Ângulo cavo-superficial nítido e sem bisel.
Preparo cavitário de Classe I composta para amálgama (OV)

1. Caixa oclusal: igual à cavidade simples (O).


2. Caixa vestibular:
a. Paredes circ. M e D // entre si.
b. Parede axial // à superfície externa do dente.
c. Parede gengival perpendicular à parede axial.
d. Ângulos do 1º grupo arredondados.
e. Ângulos do 2º grupo bem definidos.
f. Ângulo axio-pulpar arredondado.

Preparo cavitário de Classe II complexa (MOD)

1. Caixa oclusal: igual à cavidade de Classe I (O).


2. Caixas proximais:
a. Paredes axiais ligeiramente inclinadas para oclusal.
b. Paredes gengivais // à parede pulpar.
c. Paredes V e L ligeiramente convergentes para oclusal.
d. Ângulos do 1º grupo arredondados.
e. Ângulos do 2º grupo bem definidos.
f. Ângulos axio-pulpares arredondados.

A caixa proximal deve ficar afastada do dente adjacente cerca de 0,5 mm (na prática é a ponta da
sonda que deve entrar entre os dois dentes adjacentes) .

Preparo cavitário de Classe V

1º 2º 3º

Parede gengival ao nível da Parede oclusal ao nível do terço Paredes M e D ao nível das
gengiva marginal livre, gengival da superfície do dente zonas mais convexas da
acompanhando o seu superfície do dente.
contorno.
4º 5º 6º 7º

Paredes circundantes Parede do fundo Ângulos do 1º grupo Ângulos do 2º grupo


perpendiculares à (axial) convexa, arredondados. bem definidos.
superfície externa do acompanhando a
dente (ficando, assim, convexidade da
ligeiramente superfície externa do
divergentes entre si). dente.

(superfícies V ou L)

PRINCÍPIOS GERAIS DO PREPARO CAVITÁRIO PARA COMPÓSITOS

1. Não fazer extensão preventiva nem formas de retenção (não há autoretenção), porque entre
a cavidade e o compósito vamos usar um adesivo, que funciona como uma cola que faz a
retenção).

2. H'/'#!'#!`.1$%'#!*.20,.'#!"ab!0!cb!1,$+'<!/0B0(!#0,!),,0/'./)/'#D!6!+),)!*##'!20('#!/0!
$#),! 4,'&)#! 0#-Q,*)#! '$! 0(! -',()! /0! +3,)C! +',?$0! )#! &*%@./,*&)#! -',()(! `.1$%'#! 40(!
/0-*.*/'#!")(5%1)()<

3. O esmalte nas faces estéticas (superfícies vestibulares dos dentes


anteriores) deve ser biselado (com broca tronco-cónica).

a. Confeção de Bisel 6!KL=HL7!G=HLNIONL7


i. Aumento da área de esmalte no ângulo cavo-superficial;
ii. Melhor Estética;
iii. A extensão deve ser de cera 0,5 mm do limite de esmalte
sadio (o prof recomenda 1,0-1,5mm<!6!4,'&)!)!Wdb!0(!-)&0!
B0#2*4$%),C!.9'!-);0('#!0(!%*.1$)%e!&,*)('#!$()!;'.)!(*#2)!&'(!/0.2*.)!0!
0#()%20C!+',?$0!'!&'(+\#*2'!)/0,0!(0%F',!.'!0#()%20!/'!?$0!.)!/0.2*.)e
iv. Aumentamos a área de contacto do compósito com o dente
v. Apenas na vestibular.
vi. G!2,).#*89'!/'!&'(+\#*2'!+),)!'!/0.20!B)*!#0,!()*#!#$)B0!0!0#202*&)(0.20!
-*&)!(0%F',C!/0*A)!/0!F)B0,!%*.F)!/0!2,).#*89'!0!+)##)!)!F)B0,!$()!#$+0,-*&*0!
/0!2,).#*89'!6!]I]LHI7]O!"'!&'(+\#*2'!&'.-$./0R#0!&'(!)!&',!/'!/0.20<
vii. Por motivos estéticos e mecânicos

4. A extensão da preparação só deve ser feita por motivos estéticos.

As cavidades são muito simples, eliminando a dentina cariada, procurando a máxima retenção no
esmalte (através do seu condicionamento ácido) e dissimulando a união entre o compósito e o
dente (procurando o mimetismo).

Forma das cavidades:

● Os ângulos internos (do 2º e 3º grupo) devem ser sempre arredondados, para melhorar a
adaptação das resinas e evitar a formação de bolhas de ar nos ângulos (o oxigénio é inibidor
da polimerização).

● Para tal, usamos brocas esféricas ou piriformes, em vez de brocas cilíndricas usadas nos
preparos para amálgama.

Procedimento

1. Ataque ácido: 15 seg no esmalte seguindo-se 15 seg na dentina (total de 30 seg no esmalte e
15 na dentina) 6! U,0+),),! )! #$+0,-@&*0! +),)! ,0&040,! '! )/0#*B'e! &'(! ácido fosfórico a 37%
(colorido e em gel, para sabermos onde estarmos a aplicar o ácido e para que este não
escorra) promovemos a rugosidade da superfície
a. o esmalte é mais calcificado que a dentina, por isso tem de ser mais
atacado/condicionado (durante mais tempo que a dentina)
b. 15 segundos na superficie do esmalte e depois enchemos a cavidade com ácido e
voltamos a esperar 15 segundos, ou seja, dá um total de 30 seg de esmalte e 15 seg
dentina, e depois disto temos de lavar muito bem, porque o fosfato de cálcio fica
metido nos canalículos dentinários
c. se o ácido fizer bolhinhas é sinal que está a atacar bem, e o esmalte fica branco seco
(desmineralização bem visível); a dentina não fica branca.

2. Lavagem e secagem suave da cavidade (a dentina tem os túbulos cortados e como a dentina
é um tecido vivo, se secarmos rápido a cavidade, estamos a agredir a dentina / empurrar o
conteúdo citoplasmático dos odontoblastos para os túbulos, e isto vai doer, apesar de ser
reversível.
3. Aplicação ativa do adesivo (20 seg), esfregando-o 20 seg (esfregar bem para ele poder
penetrar na dentina).

4. Aguardar 20 seg. (o adesivo tem um solvente; quando formos fotopolimerizar os monômeros


da resina do adesivo, queremos que esteja lá so a resina, por isso o solvente - água,
acetona, álcool - tem de evaporar), evaporar o solvente e fotopolimerizar 20 seg.

5. Aplicar o compósito por camadas até 2 mm (porque os aparelhos de luz não atravessam +
de 2 mm).

6. Fotopolimerizar cada camada durante 20 segundos.


a. Cada camada deve contactar com o menor nº possível de paredes.

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5 6 Final
INTRODUÇÃO À ENDODONTIA
ENDODONTIA: ramo da Medicina Dentária que estuda a etiopatogenia, diagnóstico, prognóstico,
profilaxia e tratamento das alterações patológicas da polpa e região periapical.
● Estuda a Morfologia, Fisiologia e Patologia da polpa dentária e das regiões peri-radiculares

Necessidades das Ciências Básicas:


● Embriologia
● Histofisiologia
● Pulpo-dentinária
● Anatomia Dentária
● Bacteriologia e Farmacologia
● Radiologia
Embriologia + Histofisiologia Pulpar

Anatomia Dentária: Morfologia da cavidade Pulpar

Colaboração com outras disciplinas: Dentisteria, Prótese Fixa, Periodontologia, Cirurgia Oral

='B)!S*.F)!/0!G2$)89':!L=KOKO=HIG!NLfL=LNGHIJG!6!gZHZNO

● Na endodontia regenerativa o que se pretende é a regeneração do complexo dentinho-


pulpar para além da revascularização do espaço canalar.
● Há autores que sugerem como mais apropriada a terminologia “geração e regeneração
tecidular induzida ou guiada”
ACESSO ENDODÔNTICO
O acesso endodôntico é a chave que abre portas para uma correta preparação biomecânica e
uma obturação hermética dos canais radiculares. (Richard Walton)
● Obtém-se através de uma cavidade de acesso, feita na coroa dentária de modo a obter
uma abordagem direta dos canais no máximo possível da sua extensão
FASES DO T.E.R.

Dentes com polpa viva Dentes com polpa necrosada

1. Diagnóstico 1. Diagnóstico
2. Preparação prévia da boca e dentes 2. Preparação prévia da boca e dentes
3. Anestesia 3. Isolamento
4. Isolamento 4. Cavidade de acesso
5. Cavidade de acesso 5. Esvaziamento dos canais
6. Cateterismo 6. Odontometria
7. Odontometria 7. Esvaziamento dos mm apicais
8. Pulpectomia 8. Preparação biomecânica
9. Preparação biomecânica 9. Desinfeção dos canais
10. Obturação dos canais 10. Obturação dos canais
11. Proservação 11. Proservação
12. Restauração coronária 12. Restauração coronária

● A fase mais importante do tratamento endodôntico radical é a que estamos a executar


no momento.
Abertura coronária: A abertura coronária deve ser precedida de um exame radiológico, que nos
dá informação sobre o volume da câmara pulpar, as suas modificações morfológicas, bem como
sobre o número, aspeto e trajetória dos canais radiculares.

Princípios Fundamentais da Abertura Coronária (Pucci,1954)


1º A abertura coronária deve fornecer acesso direto aos canais, no máximo possível da sua
extensão.

2º A abertura coronária deve incluir todos os cornos pulpares, pelo que todo o teto deve ser
eliminado.
3º O solo da câmara pulpar nunca deve ser lesado pelos instrumentos.
Regras para a execução da cavidade de acesso:
1º Ponto de eleição
2º Respeitar as inclinações dentárias
3º Incluir todos os cornos pulpares
4º Não lesar o solo da câmara pulpar
5º Obter acesso direto aos canais no máximo possível da sua extensão
6º Conservar o máximo possível de estrutura dentária

Técnica para a execução da cavidade de acesso


1º Penetrar na câmara pulpar através do ponto de eleição. Usar brocas esféricas, atuando
de dentro para fora da câmara e trabalhando em baixa velocidade
2º Nos dentes anteriores eliminar a parede lingual e todos os cornos pulpares
3º Nos dentes posteriores eliminar toda a face oclusal da câmara incluindo todos os cornos
pulpares.
4º Alisar as paredes laterais da cavidade resultante usando brocas de ponta
A forma exterior da cavidade resulta da projeção ortogonal da câmara pulpar.

Ponto de eleição: Incisivo

Desgaste compensatório: ombro lingual e bordo incisal


Incisivo Superior Central Incisivo Superior Lateral

Canino Superior 1º Pré-molares Superiores

2º Pré-Molar Inferior 1º Molar Superior

2º Molar Superior Incisivos Inferiores


Canino Inferior 1º Pré-Molar Inferior

2º Pré-Molar Inferior 1º Molar Inferior

2º Molar Inferior

Localização de canais em caninos e incisivos:


● O solo da câmara pulpar é sempre de coloração mais escura que as paredes;
● Os orifícios da entrada dos canais estão sempre localizados na junção do solo com as
paredes.
Pesquisa dos canais nos molares superiores: O canal palatino por ser o mais amplo é o mais
fácil de pesquisar A embocadura do canal mésio-vestibular (MV) encontra-se normalmente por
baixo da cúspide MV Para a pesquisa do canal disto-vestibular, usamos a regra de Marmasse
● Regra de Marmasse: Se traçarmos um semicírculo imaginário cujo diâmetro é a linha que vai
do canal mésio vestibular ao canal palatino, o canal disto vestibular situa-se no quarto de circulo
mais próximo do canal mésio vestibular
Localização dos canais nos molares inferiores: O canal distal é por norma o mais fácil de encontrar.
O canal mésio-vestibular (MV) encontra-se geralmente por baixo da cúspide MV. O canal mésio
lingual (ML) situa-se, normalmente, ligeiramente lingual em relação ao sulco central.

Erros na execução da cavidade de acesso:


1º Cavidade Insuficiente- má preparação biomecânica, perfurações, fraturas de
instrumentos.
2º Lesão do solo camaral- dificuldade na pesquisa dos canais, perfurações
3º Não respeitar as inclinações dentárias- perfurações
4º Eliminação parcial do tecto da câmara- escurecimento da coroa
5º Não diagnosticar uma retração pulpar- destruição da coroa

Dentes Anteriores Superiores Pré-molares Superiores

Molares Superiores Dentes Anteriores Inferiores


Pré-Molares Inferiores Molares Inferiores

Acesso endodôntico em dentes cariados:


● A cavidade de acesso em dentes cariados deve ser precedida da limpeza da cavidade de
cárie;
● Em cáries proximais, para além da remoção do tecido cariado deve proceder-se à
restauração dos dentes, para evitar infiltrações.
INSTRUMENTOS ENDODÔNTICOS

DIÂMETROS NA PONTA (D1)

Secção dos Instrumentos:

Alargadores Limas tipo K

Limas Hedstroem Limas K-Flex

Limas Flex R
MOVIMENTOS DOS INSTRUMENTOS:

● PENETRAÇÃO – comum a todos os


instrumentos
● ALARGAMENTO – Alargadores e
Limas K
● REMOÇÃO – Alargadores e Limas K
● LIMAGEM – Limas K e Limas H
● ALARGAMENTO E LIMAGEM – Limas
K (flexofile,K flex)

Sequência dos Instrumentos:

Tipo de Limagem:

● LIMAGEM CIRCUNFERENCIAL

● LIMAGEM ANTICURVATURA
LIMITE APICAL DA PREPARAÇÃO BIOMECÂNICA:

6!Z=IhO!MI]L=HORKL=HI=PNIG!KO!MG=GS!SI]IHL!MDKDMD!
1 mm DO ÁPICE RADIOLÓGICO; 0,5 mm - 2 mm

6!SI]IHL!MDKDMD!

PREPARAÇÃO DE CANAIS: Técnicas

1. TÉCNICAS MANUAIS
2. TÉCNICAS MOTORIZADAS
3. TÉCNICAS SÓNICAS E ULTRASÓNICAS
● TÉCNICA NORMALIZADA
○ Nesta Técnica os Instrumentos são todos usados com o comprimento de trabalho
total, segundo a sequência correcta
○ Biopulpectomias – até ao Nº 55 ou 60
○ Necropulpectomias – até ao Nº 70 ou 80
○ Só Pode Ser Usada Em Canais Rectos

● TÉCNICA TELESCÓPIA
○ Clem – Step Preparation
○ Weine – Flare Preparation, Step Preparation e Reversal Flaring
○ Martin – Telescope Preparation
○ Schilder – Clean And Shape
○ Brilliant&Christie – Serialization
○ Walton – Telescope Preparation
○ Mullany – Step Back Enlargement
○ Pappin (U.Oregon) – Crown Down
○ Roane – Força Balanceada
● TÉCNICA DA FORÇA BALANCEADA OU DE ROANE
○ 1) O instrumento é introduzido no canal com uma pressão apical moderada e uma
rotação horária de aproximadamente um quarto de volta
○ 2) É exercida uma rotação anti horária com ligeira
pressão apical, de aproximadamente mais de meia
volta, para promover o corte de dentina
○ 3) Remoção, rotação horária com o instrumento livre
no canal e tração coronária
○ 4) Repetem-se os passos anteriores, progredindo no
sentido apical até atingirmos o comprimento de
trabalho

ALARGAMENTO CORONÁRIO “FLARING”:


ERROS DE INSTRUMENTAÇÃO DE CANAIS RADICULARES

Preparação Biomecânica = Instrumentação + Irrigação

IRRIGAÇÃO DOS CANAIS – Finalidade:

● Reduzir o nº de Microrganismos
● Eliminar detritos e resíduos de sangue (rolhão dentinário)
● Lubrificar os instrumentos
IRRIGAÇÃO DOS CANAIS – Normas:

● Nunca irrigar com a agulha travada no canal para permitir o refluxo;


● Injetar com pouca velocidade
● Usar agulhas muito finas
● A eficiência das irrigações só se observar a partir do uso das limas nº30 (irrigação
progressiva)

PROPRIEDADES DE UM IRRIGANTE IDEAL

● Solvente de matéria orgânica


● Baixa toxicidade
● Baixa tensão superficial
● Ação lubrificante
● Possuir capacidade de esterilização (desinfecção)
● Remover a smear layer
● Outros fatores (custo moderado, prazo de validade, fácil de armazenar)

SOLUÇÕES IRRIGADORAS:

● Água destilada
● Água de cal (hidróxido de cálcio)
● Detergentes
● T*+'&%',*2'!/0!#\/*'!"!B5,*)#!&'.&0.2,)8E0#<!6!irrigante mais utilizado em endodontia
o Solvente de Matéria Orgânica!6!($*2'!&$*/)/'!+),)!.9'!0A2,)B)#)(0.2'!+0%'!5+*&0!
6!/*##'%$89'!!/'!+0,*'/'.2'!0!'##'!)%B0'%),
▪ A 0,5% soluto de Dakin
▪ A 1% soluto de Milton (muito usado para desinfetar biberões de vidro)
▪ A 5,25% (lixivia doméstica comum)
▪ A 2,6% (lixivia diluída em água destilada 1:1)
● Peróxido de hidrogénio H2O2 (água oxigenada)
● Clorohexidina
● Quelantes
● Lubrificantes (sabão líquido estéril, glicerina, etc.)
o Glyde File Prep.-gel-EDTA Peróxido de carbamida
o File Care- gel
o Canal Plus- gel
AÇÃO DOS IRRIGANTES
● Concentração
● Temperatura (o hipoclorito com o calor liberta mais cloro, o que aumenta a sua ação)
● Tempo de exposição (quanto mais tempo estiver no canal, maior é a sua ação)
● Ativação (faz com que a solução irrigadora penetre melhor)
o Mecânica
o Sónica
o Ultra sónica
o Laser

TIPOS DE IRRIGAÇÃO
● IRRIGAÇÃO SIMPLES (temos uma agulha de uma seringa com hipoclorito, irrigamos e
temos uma gase esterilizada para aparar o refluxo da solução irrigadora, restos da necrose
pulpar e microrganismos que podem afluir da abertura coronária)
● IRRIGAÇÃO ALTERNADA OU GASOGENEA (GROSSMAN) (irrigar alternadamente com
hipoclorito e peróxido de hidrogénio; o peróxido borbulhava, e pensava-se que ao borbulhar
podia ajudar na eliminação de detritos pulpares, mas hoje em dia não se usa, porque não
sabemos se ao borbulhar estas bolhas saem pela camâra pulpar ou se se introduzem para
além do ápice)
● IRRIGAÇÃO COM ASPIRAÇÃO (a mais comum; introduzimos a agulha solta no canal
radicular, irrigamos lentamente e temos um aspirador com uma ponta muito pequena para
que o refluxo passe para o aspirador)
● IRRIGAÇÃO ACTIVADA POR ULTRASONS

QUELANTES: Destinam-se a facilitar a pesquisa e o alargamento dos canais. Também atuam como
lubrificantes. Podem ser usados para remover a “smear layer”

● LKHGR!5&*/'!02*%0.'/*)(*.'202,)&Q2*&'!"#)%!#\/*&'<!6 utilizado para desmineralizar tecidos


duros
● R-C PREP- mistura de EDTA com ureia e H2O2 (Stewart)
● ENDO-PREPSEM- idêntico ao anterior
● Ácido cítrico a 10%

Remoção da "Smear Layer” dos canalículos dentinários (Barro Dentinário)


● Ultra-sons
● Soluções de ácido cítrico 30 a 40% (a concentração depende do tempo de atuação)
● Soluções de EDTA 15% (Chélasolv) 6!Q!)$2'R%*(*2).20!")!+),2*,!/0!$()!)%2$,)!/0*A)!/0!
)2$),C!+',?$0!-*&)!&F0*'!/0!#)*#!/0!&5%&*'<
● depois da remoção da Smear Layer, há cimento obturador que penetra os canalículos
Dimensões das agulhas

Nota: Para a irrigação devemos utilizar agulhas


muito finas; quanto maior o G, menor o calibre.

● =*H*R!=*?$0%!i!H*2`.*'!6!()*#!-%0A@B0*#
● SS- Stainless Steel / Aço Inoxidável
● A agulha deve estar permanentemente livre no canal, e devemos fazer ligeiros
movimentos de vai-vém, e aspirar.

Acidentes durante a preparação biomecânica

Acidentes da Instrumentação:

1º Formação de Degraus
2º Formação de Degraus com Falsas Vias e Perfurações
3º Perfuração por Diminuição do CT (comprimento de trabalho) em Canais Curvos
4º Modificação da Forma Original do Canal – Cavitação e “Zip” Apical
5º Transporte e Estriação do Foramen
6º Falta de Pesquisa e Preparação de Canais
7º Fractura de Instrumentos

1. Formação de degraus

● Causas:

1º Acesso Insuficiente

2º Acesso Inadequado
3º Instrumentos Rectos em Canais Curvos
1. Degrau Tipo I- há um pequeno degrau na extensão do canal
a. Caso Clínico- obturamos só até ao degrau
2. Degrau Tipo II- o degrau tem o início de um canal
a. Canal artificial
3. Degrau tipo III- patamar a toda a volta do canal

● Nota: instrumentos pré-curvados em canais curvos

4º Saltar Instrumentos (ex. não podemos passar de uma linha 15 para uma 30, diretamente)
5º Movimentos de Alargamento em Canais Curvos
6º Alguns dos Instrumentos Movidos a Motor
7º Irrigação Insuficiente (Rolhão dentário)
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8º Abuso De Quelantes (excesso de corte dentinário; perfuração por desgaste)

Correção de um degrau:

temos de usar uma linha


muito fininha pré-curvada; a
partir do momento em que
conseguimos colocar a lima
no canal, não a tiramos mais
dali, temos de limar a parede
para desfazer o degrau.
2. Formação de falsas vias
de perfuração

3. Formação de falsas vias de Perfuração por diminuição do CT em canais curvos

A nossa referência oclusal deve ser sempre a mesma; neste caso era a raiz mésio-vestibular.
4. Modificação da forma original do canal- “Zip apical” (mais comum nas técnicas manuais)

O canal final deve ser uma réplica do canal inicial.

5. Transporte do Foramen (passa a haver 2 foramens apicais)

Erros da instrumentação:

● Dependentes do operador
○ Inabilidade
○ Falta de preparação técnica
○ Dependentes da natureza Humana
○ Dependentes do “stress” e do tempo disponível

● Instrumentos endodônticos
○ Instrumentos de aço de carbono
○ Instrumentos de aço inoxidável
○ Instrumentos de aço inox melhorado com níquel e molibdénio
○ Instrumentos de Níquel titânio (muito flexiveis)
○ Desenho dos instrumentos
○ Processos de fabrico
○ Pontas inativas (menos suscetíveis de fazer perfurações)

● Técnicas de instrumentação
○ 1958 - Ingle & Levine defendem a padronização
○ 1969 - Clem descreve a “step preparation”
○ 1980 - Abou-Rass et al. Recomendam a limagem anticurvatura
○ 1980 - Marshall & Pappin preconizam a técnica de Oregon “Crown Down
Pressureless Preparation”
○ 1985 - Roane et al. descrevem a técnica da força balanceada
PREPARAÇÃO BIOMECÂNICA DE CANAIS
Conjunto de manobras e técnicas necessárias para esvaziar a cavidade pulpar de restos de polpa,
viva ou necrosada, e prepará-la devidamente para permitir a sua obturação hermética.

GRANDES FASES DO TRATAMENTO ENDODÔNTICO:

● DIAGNÓSTICO
● PREPARAÇÃO DA CAVIDADE PULPAR
● OBTURAÇÃO DOS CANAIS RADICULARES

Tratamento Endodôntico Radical (T.E.R.)

1. BIOPULPECTOMIA
a. Cataterismo- O cateterismo é realizado com um instrumento pré curvado e
com um comprimento de menos 2 a 3 mm que o comprimento radiológico do
dente.
i. Dente com Polpa Viva
b. Odontometria
i. Métodos radiográficos - Regra de Ingle
ii. Métodos eletrónicos
iii. Dentes Vitais - Rx com menos 2-3 mm
c. Pulpectomia (dentes com polpa viva)
i. Preservação do coto pulpar
ii. Instrumentos:
1. Tira Nervos

2. Limas H - ponta romba

2. NECROPULPECTOMIA
a. Esvaziamento do conteúdo necrótico dos canais- É realizado com uma lima
H com menos 5 mm que o comprimento radiológico
i. Dentes com Polpa Necrosada
ii. Método mediato e método imediato
b. Odontometria
i. Métodos radiográficos - Regra de Ingle
ii. Métodos eletrónicos
iii. Dentes necrosados- Rx com menos 5 mm
c. Esvaziamento dos mm apicais
i. mm a mm com irrigações abundante de hipoclorito de sódio
ii. Esvaziamento até ao ápice

ACESSO ENDODÔNTICO - FASES PRÉVIAS:


● Preparação prévia do dente e cavidade oral
● ANESTESIA
● I#'%)(0.2'!/'!&)(+'!'+0,)2\,*'!6!I#'%)(0.2'!)4#'%$2'!&'(!/*?$0!/0!4',,)&F)

Determinação do C.T.

1. Método Radiográfico

a. Mede-se no RX inicial o comprimento do dente


b. Retiramos 2-3mm (D. vitais)
c. Retiramos 5mm (D. necrosados)
d. Introduzimos os instrumentos nos canais (após o esvaziamento - N.)

2. REGRA DE INGLE

a. No RX medimos a distância da ponta do instrumento ao ápice:


1 – O instrumento está a 1mm do ápice (correto)
2 – O instrumento está mais curto do que 1mm do ápice – soma-se os milímetros
necessários, para que fique a 1mm do ápice (limite cdc)
3 – O instrumento passa para além de 1mm do ápice – retira-se os milímetros
necessários, para que se situe a 1mm do ápice (limite cdc)

b. A regra de Ingle baseia-se em que para pequenas distâncias a distorção radiográfica


é desprezível
c. Para distâncias superiores a 3mm, teremos que repetir as radiografias.
d. Normalmente nos dentes necrosados não a aplicámos após a 1º radiografia de
odontometria

3. REGRA DE CLARK OU DA RAIZ VESTIBULAR

a. Destina-se a evitar a sobreposição de objectos e também a saber se estão colocados


do lado vestibular ou lingual.
b. Descrita por Clark em 1909, consiste na realização de uma radiografia ortoradial e
outra em que deslocamos o feixe emissor horizontalmente (para mesial ou para
distal).
c. Se o objecto se deslocar no sentido do movimento do feixe, significa que se encontra
do lado lingual ou palatino. Se ao contrário, se afastar do feixe emissor significa que
se encontra no lado vestibular.
FINALIDADES DA PREPARAÇÃO BIOMECÂNICA

● Eliminar completamente todos os restos do tecido pulpar


● Alisar convenientemente as paredes do canal
● Alargar o canal para permitir a sua obturação hermética
● Dar uma forma circular ao terço apical do canal
● Criar uma forma que evite a dispersão do cimento obturador na região periapical
● Rectificar, dentro do possivel, as pequenas curvas do canal
● Nos canais com polpa infectada contribuir para a sua desinfecção eliminando a dentina
presumivelmente infectada

CRITÉRIOS A OBSERVAR

● Criar ao canal uma forma cónica contínua

● Procurar que o canal mantenha a sua forma original


● Procurar manter o foramen apical na sua posição original, sem alargar em excesso a sua
porção apical
● Criar uma matriz dentinária apical (ou uma forma que evite a dispersão apical)

NORMAS PARA A PREPARAÇÃO BIOMECÂNICA

1º Fazer o cateterismo usando limas pré-curvadas


2º Observar sempre uma correcta odontometria
3º Usar instrumentos normalizados e não saltar números
4º Só passar ao instrumento superior quando o que estamos a usar penetra livremente com
o comprimento de trabalho seleccionado
5º Se encontrarmos resistência, voltar ao número anterior
6º Nos canais curvos, usar sempre instrumentos curvados
7º Nos canais curvos procurar respeitar as grandes curvaturas e usar, sempre, TÉCNICAS
TELESCÓPICAS
8º Se possível, alterne limas K com limas H terminando sempre com limas K para que o
terço apical do canal fique com uma secção circular
9º Antes de começar a instrumentação meditar sempre sobre o tempo e paciência
necessários para finalizar o tratamento

INSTRUMENTOS MANUAIS PARA A PREPARAÇÃO BIOMECÂNICA

● Alargadores
● Limas K
● Limas H
● Limas Unifile (S – File)
● Limas K - Flex
● Limas Flex – R
● Canal Master
● Limas K Flexofile
● Limas Flexicut

INSTRUMENTO NORMALIZADO

INSTRUMENTOS PADRONIZADOS
OBTURAÇÃO DE CANAIS
Fases do T.E.R.
1. Acesso endodôntico
2. Preparação biomecânica de canais
3. Obturação dos canais radiculares

Fase de desinfeção:

● Dentes com polpa viva – Contra indicada


● Dentes com polpa necrosada – Indicada

Necessidade de desinfeção:

Canal antes de ser preparado


(canal esquerdo)

Desinfeção de canais – MÉTODOS:

● CLÁSSICOS (problemas de biocompatibilidade)


○ Meios físicos diatermoesterilização, ionoforese
○ Tricresol formol
○ Paramonoclorofenol canforadov

● ATUAIS
○ Hidróxido de cálcio
○ Clorohexidina
○ Laser

Agentes antimicrobianos:

● Hidróxido de cálcio
● Paramonoclorofenol canforado
● Clorohexidina
● Iodina

Obturação dos canais: A obturação dos canais perpetua as condições de saneamento pré-
existentes Ou obtidas pela preparação biomecânica e quando necessário pela desinfeção dos
canais
● Finalidades da obturação
○ Eliminar espaços vazios – Estufa Natural (37ºC)
○ Impedir a migração bacteriana
○ Impedir a migração de líquidos tecidulares
○ Permitir a deposição biológica do cimento
○ Eliminar a luz do canal
■ Eliminar a luz do canal
● Do canal ao periápice
● Do periápice ao canal
● Dos túbulos ao canal
■ Para impedir a penetração de líquidos tecidulares
● Do periápice ao canal
■ Para evitar a libertação de toxinas e alergéneos
● Do canal ao periápice
○ Manter as condições assépticas no interior do canal (condição existente num dente
vivo)

● Momento da obturação de canais


○ Polpa viva - T.E.R. sessão única (se possível)
○ Polpa necrosada - T.E.R. Em duas sessões, pelo menos
○ “Há escolas que advogam a obturação na mesma sessão da preparação
biomecânica independentemente de haver ou não vitalidade pulpar”

● Condições necessárias para a obturação de canais


1. Canal devidamente preparado
2. Ausência de exsudado no canal (seco)
3. Ausência de dor (sintomas)
4. Ausência de cheiro (sinais)

● Limite apical da obturação


○ Igual ao limite apical da preparação biomecânica
○ 1mm do ápice radiográfico

● Objetivos da obturação canalar


○ Obter uma obturação hermética tridimensional com um material inerte e
biologicamente compatível
○ Manter as condições de sanidade existentes num canal com a polpa vital ou obtidas
pela Preparação Biomecânica (limpeza e conformação) nos canais com a polpa
necrosada
○ Evitar a migração de fluidos tecidulares e de microrganismos e seus produtos do
canal ao periápice e/ou vice versa

Materiais obturadores:

● Atributos de um material obturador ideal:


● Deve ser facilmente introduzido no canal
● Deve selar o canal tanto lateral como apicalmente
● Não deve sofrer contrações após a sua inserção
● Deve ser impermeável aos fluidos orgânicos
● Deve ser bacteriostático, ou pelo menos não favorecer o desenvolvimento bacteriano
● Deve ser radiopaco (para ser visível no interior do canal)
● Não deve manchar as estruturas dentárias
● Não deve ser irritante para os tecidos peri-radiculares
● Deve ser estéril ou facilmente esterilizável antes de inserido
● Deve ser facilmente removido, se necessário
● Não deve causar uma resposta imune nos tecidos periradiculares (nem nos
profissionais)
● Não deve ser mutagénico nem carcinogénico

● Materiais obturadores
○ Sólidos - Cones de ouro, irídio, tântalo, prata, acrílico, titânio
○ Semi-sólidos - Guta Percha
○ Cimentos
○ Pastas

● Uso dos materiais obturadores: Deve usar-se sempre um material sólido acompanhado de
um cimento que se destina a preencher os espaços que permanecem entre o material sólido
e as paredes do canal

1. CONES DE GUTA PERCHA (SEMI-SÓLIDO)

○ Conhecida desde o século XVII - Malásia


○ Múltiplas aplicações (cabos submarinos,
revestimento de impermeáveis, bolas de golfe )
○ Usada em medicina dentária há mais de cem anos
○ Atualmente é usada a balata (América do Sul)
○ Formas cristalinas Alfa e Beta

○ Cones calibrados conicidade 2%, 4%, 6%


○ Cones não calibrados (piratas)

○ Guta-percha injetável
i. Microseal
ii. Ultrafill
iii. Obtura

○ Transportadores de Guta
i. Thermafil
ii. Soft core
iii. Simplifill

○ Óxido de Zinco ~ 66%


○ Guta-percha ~ 20%
○ Ceras e/ou Resinas ~ 3%
○ Sulfatos metálicos ~ 11%
○ Hidróxido de Cálcio
○ Clorohexidina

○ Propriedades Biológicas:
i. Não existem relatos de toxicidade sistémica
ii. Reações alérgicas extremamente raras
iii. Citotoxicidade nula ou muito reduzida
iv. Fibrose
v. Reação de corpo estranho

○ Propriedades:
i. Cones são flexíveis
ii. Boa radiopacidade
iii. Facilmente desinfetáveis
iv. Propriedade anti-microbianas
v. Solúvel em clorofórmio e eucaliptol
vi. Sofre contração após aquecimento
vii. Não adere às paredes dos canais

○ Cimentos Obturadores:
i. À base de Óxido de Zinco
ii. À base de Hidróxido de Cálcio
iii. À base de Resinas
iv. À base de Ionómero de Vidro
v. Cimentos com medicamentos - Formaldeído, Corticosteroides
● Alta toxicidade sistémica
● Alta citotoxicidade
● Neurotoxicidade irreversível
● Reacções Alérgicas
vi. Outros Cimentos
● EZ Fill root canal sealer
● MTA
● Cimento de Fosfato de Cálcio
● Cimentos Compósitos
● Cimentos à base de Silicone
a. Lee Endo
b. Fill RS Roeko

2. HIDRÓXIDO DE CÁLCIO (PASTA ANTI-SÉPTICA)


○ Pastas Reabsorviveis
i. Hidróxido de Cálcio + Água destilada
ii. Pastas de Maísto Iodofórmio + Glicerina Hidróxido de Cálcio + Iodofórmio

Técnicas de obturação:
● Cold lateral compaction
● Warm compaction (warm gutta-percha)
● (a) Vertical
● (b) Lateral
● Continuous wave compaction technique
● Thermoplasticized gutta-percha injection
● Carrier-based gutta-percha
● (a) Thermafil thermoplasticized
● (b) SimpliFill sectional obturation
● McSpadden thermomechanical compaction
● Chemically plasticized gutta-percha
● Custom cone

I - Dentes com rizogénese completa

● Técnica da condensação lateral


● Técnica do cone único ??
● “Técnica da ponta de prata apical”
● Técnicas termoplásticas (Schilder, System B, Thermafil, Obtura II, etc)

II - Dentes com risogénese incompleta

1º - Técnica provisória Hidróxido de Cálcio Hidróxido de Cálcio + Iodofórmio


2º - Técnica definitiva Hidróxido de Cálcio apical MTA Técnica do cone invertido

Dentes com Rizogénese Completa: Técnica da Condensação Lateral

1. Seleção do cone principal de guta-percha Travamento Apical


2. Preparação do cimento obturador
3. Introdução do cimento com uma lima ou com o próprio cone de guta-percha
4. Introdução do cone principal
5. Condensação lateral (uso dos espaçadores)
6. Preparação final da câmara pulpar
7. Radiografia final (avaliação posterior dos resultados obtidos

● Condensadores Laterais

Condensadores manuais Condensadores Digitais

● Seleção do condensador (há vários tipos e diâmetros;


temos de escolher um condensador que alcance o terço
apical da raiz, com o cone inserido no canal)

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/"#"$%&+)&')#1-"#%($)&+%&$-.5./6)7
Selecionamos um cone principal com o calibre do último
instrumento utilizado.
Quando o condensador não passa do colo anatómico do dente, damos por terminada a condensação
lateral, e vamos proceder ao “corte” dos cones de guta (o excesso derrete).

● Condensação vertical (Schilder ou Plugger)

● Termocompactadores McSpaden

● Guta aquecida

● Sistema Thermafil
○ Obturadores de guta
○ Verificadores
○ Forno eléctrico (Thermaprep Plus)
○ Brocas esféricas para turbina (Thermacut)
○ Brocas para desobturação

● Verificadores
○ São instrumentos manuais em Ni-Ti, com uma conicidade de 4% e diâmetros na
ponta ISO
○ Destinam-se a seleccionar os obturadores para cada canal

● Forno Thermaprep Plus


○ Destina-se ao aquecimento dos obturadores

● Brocas Thermacut

● Técnica do cone único


Dentes com Rizogénese Incompleta:

1. Técnica Provisória

● Apexogénese: Apexogénese é definida como um procedimento terapêutico


realizado em dentes com as polpas vitais destinado a promover a continuação do
desenvolvimento fisiológico e a formação do ápice radicular

● Apexificação: Apexificação é um método destinado a induzir a formação de uma


barreira calcificada numa raiz com o ápice aberto ou a continuação do
desenvolvimento apical em dentes necrosados com as raízes incompletamente
formadas.

2. Técnica Definitiva

○ MTA Agregado de trióxido mineral

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