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Modelos conceituais

O estudo de políticas públicas incorporou modelos conceituais desenvolvidos em diferentes


abordagens que, a priori, não foram formuladas com a finalidade de analisar políticas
públicas (DYE, 2009). Esses modelos buscam simplificar a realidade, produzir
generalizações e identificar aspectos relevantes das questões estudadas.

Entre esses modelos, destacamos:


• Modelo institucional;
• Modelo de processo;
• Modelo de grupo;
• Modelo de elite;
• Modelo racional;
• Modelo incremental.

Modelo Institucional
No Modelo Institucional, as atividades políticas geralmente giram em torno de instituições
governamentais específicas. Uma política não se transforma em política pública antes que
seja formulada e implementada por alguma instituição governamental. As instituições
governamentais dão às políticas públicas três características fundamentais: legitimidade
(refere-se às obrigações legais); universalidade (diz respeito à sociedade como um todo ; e
coerção (uso da força legítimo pelo governo).
Além disso, existe uma conexão entre a estrutura das instituições com o conteúdo das
políticas públicas. Dessa maneira, as instituições podem ser configuradas para "destravar"
certas políticas e para "travar" outras, ou então para atender determinados interesses sociais
em detrimento de outros.

Modelo de Processo
No Modelo de Processo as políticas públicas são concebidas como um conjunto de processos
político-administrativos, divididos em uma série de etapas: identificação de problemas,
organização de agenda, formulação, legitimação, implementação e avaliação. Um dos seus
principais objetivos tem sido descobrir padrões identificáveis de atividades ou de
“processos”.

Este modelo possui enfoque na tomada de decisão, pois considera que a forma como as
políticas públicas são formuladas e implementadas podem ou não mudar seu conteúdo,
devido às limitações sociais, econômicas, tecnológicas e ambientais.

Teoria dos grupos


A teoria dos grupos propõe que a interação entre os grupos é determinante para a política.
Dessa forma, os indivíduos com interesses em comum unem-se, formalmente ou
informalmente, para apresentar suas demandas ao governo. Esse conjunto de indivíduos com
interesses compartilhados são chamados de "grupos de interesse".
Neste modelo, a política representa as lutas entre os grupos para influenciar as políticas
públicas. Com isso, a política é orientada pelos grupos que ganham influência e tende a se
afastar das aspirações dos grupos menos influentes. Cabe ao sistema político administrar o
conflito entre os diferentes grupos de interesse.

Teoria da elite
As políticas públicas também podem ser vistas sob o prisma das preferências e valores da
elite governante. A teoria da elite sugere que a sociedade é apática e mal informada no que
diz respeito às políticas públicas, ficando à mercê da elite que molda a opinião das massas
sobre as questões políticas.

Nesta perspectiva, as políticas públicas fluem "de cima para baixo", isto é, das elites para as
massas. Mas o elitismo não significa que as políticas públicas serão contra o bem-estar das
massas.

Modelo Racional

No Modelo Racional, os governos devem optar por políticas cujos ganhos sociais superem os
custos pelo maior valor e devem evitar políticas cujo custos não sejam excedidos pelos
ganhos. Dessa maneira, a racionalidade envolve o cálculo de todos os valores sociais,
políticos e econômicos alcançados (ou sacrificados) por um política pública.

Para selecionar uma política racional, é necessário: (i) Conhecer as preferências valorativas
da sociedade; (ii) Conhecer todas as propostas disponíveis; (iii) Conhecer todas as
consequências de cada proposta; (iv) Calcular o custo/benefício; e (v) Selecionar a proposta
política mais eficiente.

No entanto, Ferreira (2011) aponta algumas barreiras para a formulação racional das decisões
políticas, tais como: a) dificuldade de se traçar benefícios societários consensuais e globais;
b) os formuladores de políticas não são estimulados a tomar decisões com base em objetivos
societários, mas, ao contrário, podem procurar maximizar suas recompensas, poder e status e
c) dificuldades para a coleta de todas as informações necessárias ao conhecimento das
possíveis propostas políticas e de suas consequências, incluindo o custo de coleta de
informações, disponibilidade de informações e o tempo que essa coleta demandaria.

Modelo Incremental
No Modelo Incremental as políticas públicas são vistas como uma continuação das atividades
de governo anteriores, com apenas algumas modificações incrementais. Este modelo é
considerado politicamente conveniente, pois descreve um processo mais conservador de
formulação de políticas. Uma vez que os formuladores aceitam a legitimidade dos programas
e projetos estabelecidos e concordam tacitamente em dar continuidade às políticas anteriores,
realizam-se apenas acréscimos, decréscimos ou pequenos ajustes nos programas e projetos.

Para Ferreira (2011), o uso do incrementalismo decorre de fatores como: a) quando não se
dispõe de tempo, informações ou dinheiro para pesquisar todas alternativas em vigor; b) os
formuladores de políticas aceitam a legitimidade das políticas anteriores por causa da
incerteza quanto às consequências de políticas completamente novas ou diferentes e c)
conveniência para os acordos, visto que apenas modificações nas políticas existentes podem
reduzir possíveis conflitos, manter a estabilidade e preservar o próprio sistema político.

Quadro 1. Síntese dos modelos conceituais.

Model Enfoque Processo


o Político-administrativo

Institu Instituições Formulação, implementação


cional governamentais

De Tomada de decisão Organização de agenda


proces
so

De Grupos de interesse Formulação, legislação e


grupo regulação

De Poder da elite Formulação, legislação e


elite regulação

Racio Avaliação de propostas Formulação e avaliação


nal

Incre Poucas propostas Formulação


mental

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