PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ

CURSO DE DIREITO
CÂMPUS TOLEDO – PARANÁ

LARISSA KARLA MALLER

HARD CASE – CASO C.VALE

TOLEDO
2023
PARECER JURÍDICO

Toledo, 15 de novembro de 2023

ASSUNTO: CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS DECORRENTES DA EXPLOSÃO NA

C.VALE EM 26 DE JULHO DE 2023

RELATÓRIO
Em relação ao trágico incidente ocorrido na cooperativa agroindustrial C.Vale em 26
de julho de 2023, que resultou em inúmeras vítimas e danos significativos ao
patrimônio e ao meio ambiente, fomos consultados pela seguradora da empresa para
analisar as possíveis consequências jurídicas frente ao poder público, à esfera
internacional, aos cooperados, aos trabalhadores, às empresas terceirizadas e à
vizinhança, bem como em relação à própria seguradora.

I - RESPONSABILIDADE CIVIL
C.Vale: A empresa C.Vale, como responsável pela estrutura, pode ser
responsabilizada civilmente pelas mortes, ferimentos e danos materiais. Recomenda-
se uma análise aprofundada das condições de manutenção e segurança dos
armazéns, bem como uma avaliação das normas de segurança adotadas.
Empresas Terceirizadas: As empresas terceirizadas que prestavam serviços na C.Vale
podem ser responsabilizadas por eventuais falhas em procedimentos de segurança e
treinamento de seus funcionários.
II - RESPONSABILIDADE CRIMINAL
C.Vale e Responsáveis Técnicos* Pode haver responsabilidade criminal caso se
comprove negligência ou imprudência na manutenção das instalações. É essencial
uma análise pericial detalhada do local e dos equipamentos para determinar as causas
da explosão.

III - RESPONSABILIDADE AMBIENTAL

C.Vale: A empresa pode ser responsabilizada por danos ambientais, exigindo-se a
reparação integral do meio ambiente afetado. Além disso, é fundamental verificar se a
C.Vale possuía licenças ambientais em vigor e se cumpria as normas ambientais
vigentes.

IV - RELAÇÃO COM COOPERADOS E TRABALHADORES

 Cooperados: É necessário avaliar as cláusulas contratuais entre a C.Vale e os
cooperados para determinar a responsabilidade pelas perdas dos produtos
armazenados. Caso a responsabilidade recaia sobre a C.Vale, deverá haver
indenização aos cooperados.
Trabalhadores: Os trabalhadores feridos ou suas famílias podem buscar indenizações
por danos morais e materiais, especialmente se for comprovada a falta de segurança
no ambiente de trabalho.

V - RELAÇÃO COM A VIZINHANÇA

Moradores do Entorno: Os moradores afetados podem buscar indenizações por danos
materiais e morais decorrentes dos abalos em suas casas. Recomenda-se uma
avaliação técnica para estabelecer o nexo causal entre os danos e a explosão.

VI - ESFERA INTERNACIONAL
Trabalhadores Haitianos: No caso dos trabalhadores haitianos falecidos, é
fundamental verificar as leis e tratados internacionais que regem o trabalho migrante
para assegurar que seus direitos sejam protegidos, incluindo compensações para suas
famílias.

VII - CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do exposto, é imperativo realizar uma investigação minuciosa sobre as causas
do incidente e os envolvidos, a fim de estabelecer a responsabilidade de cada parte e
adotar medidas para minimizar os impactos jurídicos para a C.Vale. Recomenda-se a
colaboração com autoridades competentes e especialistas para uma análise técnica e
jurídica aprofundada, visando uma resolução justa e eficaz para todas as partes
envolvidas.
Este parecer reflete as informações disponíveis até o momento e está sujeito a
alterações com base em investigações adicionais.

Local, data
Advogado/ OAB nº
 REFERÊNCIAS

DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: Responsabilidade Civil.

30ª ed. São Paulo: Saraiva, 2015.
MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual de Direito Penal: Parte Geral. 31ª ed. São
Paulo: Atlas, 2015.
LEITE, Eduardo de Oliveira. Curso de Direito Ambiental na Sociedade de
Risco. 7ª ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020.
THEODORO JR., Humberto. Curso de Direito Processual Civil: Teoria Geral do
Direito Processual Civil e Processo de Conhecimento. 55ª ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2014.
TEPEDINO, Gustavo. Código Civil Interpretado conforme a Constituição da
República. 6ª ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2008.
PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e o Direito Constitucional Internacional.
16ª ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2019.
TRINDADE, Antônio Augusto Cançado. Tratado de Direito Internacional dos
Direitos Humanos. 2ª ed. Porto Alegre: Safe, 2018.

LEGISLAÇÃO:

Código Civil Brasileiro. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002.

Código Penal Brasileiro. Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940.
Lei de Crimes Ambientais. Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998.
Código de Processo Civil. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015.
Normas Internacionais sobre Direitos Humanos.