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FUNDAMENTOS DE

QUÍMICA
(EXPERIMENTAL)

Professores:
Murilo de Oliveira Souza
Luciano Menini
Ana Paula Figueiredo

Técnicos:
Adriano Azevedo
Rafael Mantovaneli Sousa

ALEGRE

2023
Introdução a Prática 2. Operações de medidas

Objetivo

Realizar os cálculos para medidas de volume; expressar corretamente os resultados obtidos;


calibrar pipetas.

Introdução

Os instrumentos volumétricos são essenciais para qualquer laboratório ou indústria que pretenda
uma correta medição do volume, podendo ter uma grande influência no resultado final.

o Unidades de volume. A unidade de volume é o litro (L).

Transformações para volumes


1 L = 1 dm3
1000 L = 1 m3
1 L = 1000 mL
1 mL = 1000 μL

o O efeito da temperatura nas medidas de volume. O volume ocupado por uma dada massa
de líquido varia com a temperatura. As medidas volumétricas devem tomar como
referência alguma temperatura padrão; este ponto de referência é geralmente 20°C.

o Medida do volume (evitar o erro de paralaxe). É feita comparando-se o nível do mesmo


com a graduação marcada na parede do recipiente. A leitura do nível para líquidos
transparentes deve ser feita na parte inferior do menisco e devemos posicionar o nível
dos nossos olhos perpendicularmente à escala onde se encontra o menisco correspondente
ao líquido a ser medido. Este procedimento evita o erro de paralaxe.

Figura 1. Lendo um menisco de uma proveta (líquidos transparentes e escuros). OBS:


Isso se aplica para a aferição de um balão volumétrico, de uma bureta, de uma pipeta,
etc.
o Medidas precisas de volume

As micropipetas, pipetas, buretas e provetas permitem a transferência, de um recipiente a outro,


de volumes conhecidos, com precisão. OBS: Não devem ser aquecidas.

Proveta: É utilizada para medição de volumes de líquidos, apesar de não ser o mais preciso.

Pipeta graduada: Consiste em um tubo de vidro estreito geralmente graduado em 0,1 mL. É usada
para medir pequenos volumes líquidos. Encontra pouca aplicação sempre que se deseja medir
volumes líquidos com maior precisão.

Pipeta volumétrica: É constituída por um tubo de vidro com um bulbo na parte central. O traço
de referência é gravado na parte do tubo acima do bulbo. É usada para medir volumes de líquidos
com elevada precisão.

Micropipeta: É constituída de um pipetador acoplado a uma ponteira. É usada para medir pequenos
volumes de líquidos com elevada precisão.

Bureta: Assim como as pipetas, as buretas são capazes de dispensar qualquer volume, até sua
capacidade máxima. A precisão alcançável com uma bureta é muito maior do que com uma
pipeta. Uma bureta é um dispositivo composto por um tubo graduado utilizado para conter um
titulante, juntamente com um sistema de válvula, conhecida como torneira da bureta, que
controla o fluxo do titulante.

o Algarismos significativos.

Os dígitos de uma medida a ser registrada são chamados de algarismos significativos. Por
exemplo, na medida 1,5 mL existem dois algarismos significativos, enquanto em 1,57 mL existem
três.

i. um béquer cujo volume é expresso como 2,0 L contêm dois algarismos significativos. Se
essa informação for expressa em mililitros, o ideal seria utilizar 2,0 x 103 mL ao invés de
2000 mL, mantendo os dois algarismos significativos.
ii. 80,1 kg = 3 algarismos significativos
iii. 0,0025 g = 2 algarismos significativos (zero à esquerda não é significativo). Pode ser
expresso como 2,5 x 10-3 g.
o Arredondamento

Arredondar para cima se o último dígito for superior a cinco e para baixo se for menor do que
cinco. Quando o número termina em cinco, arredonde sempre para o número par mais próximo.

i. 31,23 =31,2
ii. 2,678 = 2,68
iii. 2,35 = 2,4
iv. 2,65 = 2,6.

Arredondar os valores apenas no resultado final dos cálculos.

o Erros e desvios experimentais.

Todas as medidas físicas possuem um grau de erro ou incerteza, introduzido pelas limitações
inerentes ao observador, ao método e/ou ao instrumento utilizado. Quando se faz uma medida,
procura-se eliminar as fontes de erro e minimizar esta incerteza, para garantir a confiabilidade
necessária ao resultado obtido.

Exatidão: A exatidão de uma medida tem relação com o seu erro absoluto, ou seja, com a
proximidade entre o valor medido e o valor verdadeiro da grandeza.

Erro absoluto (E): é a diferença entre o valor exato (ou verdadeiro) da grandeza física e o seu
valor determinado experimentalmente.

𝐸 = 𝑋̅ − 𝑋𝑣

𝑋̅ = valor medido e 𝑋𝑣 = valor verdadeiro da grandeza

Erro relativo (E%): expressa o erro da determinação como uma fração da quantidade medida.
𝑋̅ − 𝑋𝑣
𝐸 (%) = 𝑥 100
𝑋𝑣

𝑋̅ = média e 𝑋𝑣 = Valor verdadeiro ou real

Precisão: A precisão de uma determinação está relacionada com a concordância entre as diversas
medidas de uma mesma quantidade (reprodutibilidade). Assim, quanto menor for a dispersão dos
valores obtidos, mais precisa será a determinação.

Desvio-padrão (s): medida estatística que quantifica a dispersão ou variabilidade dos valores em
um conjunto de dados. Ele indica o quanto os valores individuais em um conjunto de dados diferem
da média do conjunto.
Desvio-padrão relativo (RSD ou CV): O desvio padrão relativo é uma medida estatística que
expressa o desvio padrão de um conjunto de dados como uma fração ou porcentagem da média
dos dados.

o Classificação dos erros de medida.

Erros grosseiros: São erros cometidos pelo observador na manipulação da amostra ou do


equipamento. São causados por descuido, falta de habilidade manual ou de capacidade técnica do
observador. Podem ser citados como erros grosseiros: derramar por negligência, líquidos ou
sólidos dos frascos que os contêm; usar equipamento volumétrico sujo, etc. Os erros grosseiros
podem ser evitados através do treinamento do observador.

Erros sistemáticos: Afetam os resultados obtidos de forma constante, tornando-os


sistematicamente maiores ou menores que o valor mais provável da grandeza. Estão relacionados
com as imperfeições dos instrumentos de observação, do método e dos reagentes utilizados. São
fontes desse tipo de erro, por exemplo, a existência de aparelhos volumétricos mal calibrados;
a presença de impurezas nos reagentes; o emprego de padrões de concentração incorreta,
interrupção de uma titulação pouco antes ou depois da viragem correta do indicador, etc. Os
erros sistemáticos podem ser detectados pela comparação dos dados obtidos por diferentes
observadores ou através de diferentes instrumentos do mesmo tipo.

Erros aleatórios: Deve-se a mudanças que ocorrem sem regularidade nas condições de medida,
causadas, por exemplo, por flutuações na corrente ou na diferença de potencial elétrico,
vibrações mecânicas, correntes de ar e interferências eletromagnéticas. A ocorrência desse tipo
de erro não pode ser prevista e frequentemente não pode ser controlada pelo observador.
Entretanto, admite-se que os erros aleatórios sigam a Lei da Distribuição Normal ou Distribuição
de Gauss, podendo, portanto, ser submetidos a tratamento estatístico para a determinação do
valor mais provável a partir de uma série de medidas.

o A calibração de instrumentos volumétricos.

Visa corrigir a diferença entre o valor nominal e o valor verdadeiro. Na determinação do erro de
medição dos instrumentos volumétricos é utilizado o método gravimétrico, que consiste na
determinação da massa de líquido escoado ou contido no instrumento a calibrar e que é
posteriormente convertida em volume através de fórmulas adequadas descritas na literatura.

A análise gravimétrica é a determinação da massa de água escoada ou contida no recipiente a


calibrar na quais se realizam duas pesagens uma com o recipiente cheio e outra com o recipiente
vazio, utilizando água como líquido de calibração, à temperatura de referência de 20°C. Para
determinar qual o volume correspondente à massa escoada ou contida utiliza-se a seguinte
formula descrita na ISO 4787.
Fórmula descrita na ISO 4787

V20 - volume, à temperatura de 20 ºC, em mL


IL - resultado da pesagem com o recipiente cheio com água, em g
IE - resultado da pesagem com o recipiente vazio, em g
ρW - massa específica da água, à temperatura de calibração t, em g mL-1;
ρA – massa específica do ar, em g mL-1 (para temperaturas muito próximas de 20 °C e à pressão
atmosférica normal pode ser usado o valor médio de 0,0012 g mL-1);
ρB - massa específica de referência das massas da balança (para massas conformes com a
OIML33, normalmente utilizados, este valor é de 8,0 g mL-1);
γ - coeficiente de expansão cúbica do material de que é feita o recipiente de medida (vidro
comum = 8,1x10-17 e vidro pirex = 9x10-18), em °C-1;
t - temperatura da água utilizada na calibração, em °C

OBS: O valor de ρW (densidade da água) pode ser consultado na tabela abaixo:

Densidade absoluta da água em várias temperaturas.

A calibração deve ser realizada no mínimo em duplicata, sendo que o erro relativo (E%) entre
as duas medidas não deve ultrapassar 0,1%.
𝑉1 − 𝑉2
𝐸 (%) = 𝑥 100
𝑋𝑚

Onde: V1 e V2 são os volumes da pipeta relativos à medida 1 e à medida 2 e Vm é a média de V1


e V2.
Procedimento (demonstrativo – o professor irá efetuar)

Vidrarias volumétricas

1. Identificar uma micropipeta, pipeta volumétrica, pipeta graduada, proveta e bureta


2. Usar a micropipeta para pipetagem (usar água destilada)

Calibração de uma pipeta volumétrica

1. Lavar a pipeta a ser usada e verificar a sua limpeza.


2. Tarar, numa balança analítica, um frasco erlenmeyer limpo e dotado de rolha esmerilhada
(50 mL).
3. Encher a pipeta, por aspiração com uma pera, com água destilada que esteja à temperatura
ambiente, até acima do traço de aferição.
4. Enxugar a pipeta externamente com papel absorvente para remover gotículas e deixar a
água drenar até que o fundo do menisco esteja coincidente com o traço de aferição.
5. Transferir a água para o erlenmeyer, deixando escoar livremente, enquanto a pipeta é
mantida em posição vertical e a ponta em contato com a parede do erlenmeyer.
6. Ao cessar o escoamento, manter a ponta em contato com a parede durante 5 segundos
para drenagem total da pipeta. NÃO SE DEVE SOPRAR A ÚLTIMA GOTA.
7. Tampar e pesar o erlenmeyer com água.
8. Após a pesagem, anotar a temperatura da água usada para encher o erlenmeyer.
9. Calcular o volume verdadeiro da pipeta.
10. Repetir toda a operação e calcular o valor médio de duas calibrações. Calibrações feitas
em duplicata devem concordar dentro de 0,005 mL.

Exercício I. Ao calibrar uma pipeta volumétrica foram obtidos os seguintes dados:

Temperatura da água = ____________

Experimento em duplicata Peso do recipiente + água (g) Peso do recipiente vazio (g)
1
2

a) Calcule o volume verdadeiro contido na pipeta volumétrica.


b) Calcule o erro absoluto (E) e o erro relativo (E%) para esta medida.
c) Indique os algarismos significativos do volume verdadeiro.
d) Quais os valores do desvio-padrão absoluto (s) e do desvio-padrão relativo (RSD %)
entre as duplicatas
e) Quais métricas referem-se a precisão e quais referem-se a exatidão? Explique.
Referências

SKOOG, D. A., WEST, D. M., HOLLER F.J. Fundamentals of Analytical Chemistry, 7th Edition, Saunders
College Publishing, Orlando, FL, 1996.

ISO 4787 Laboratory glassware - Volumetric glassware - Methods for use and testing of capacity (1984)

Baccan, N., Andrade, J.C., Godinho, O.E.S, Barone, J.S. Química Analítica Quantitativa Elementar, Editora
E. Blücher, 3a. edição, 2001.

Orientações para os Técnicos

1. Deixar todas as vidrarias e equipamentos expostos na bancada.


2. Serão necessários uma pipeta volumétrica de 10 mL, um frasco erlenmeyer com rolha
esmerilhada (50 mL), um béquer de 100 mL, um termômetro, uma pisseta com água
destilada e uma balança analítica.
3. A aula será demonstrativa e, portanto, somente o professor irá efetuar a prática
4. Duplicar as vidrarias (item 1) quando solicitado o uso de 2 laboratórios para a prática.

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