Você está na página 1de 52

1

CENTRO ZONAL NOROESTE

ESTAÇÃO AGRÁRIA DE LICHINGA

SECTOR DE CEREAIS

MANUAL PARA FORMAÇÃO ESPECIALIZANDO NA CULTURA DE MILHO

Elaborado por:

Seninho Júlio Rodrigues

Nelito João Nhamombe

Alberto Naconha

Lichinga,

2020
1

Índice…………………………………………………………………………………………...1
Capitulo I................................................................................................................................................. 2

INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................... 2

TECNOLOGIAS DE USO DE EQUIPAMENTOPARA PREPARACAO DO SOLO NA


CULTUARA DE MILHO ....................................................................................................................... 2

Capitulo II ............................................................................................................................................. 13

TECNOLOGIAS DE FERTILIZAÇÃO DE MILHO ........................................................................... 13

Capitulo III ............................................................................................................................................ 19

TECNOLOGIA DE SEMENTEIRA DO MILHO ................................................................................ 19

Capitulo IV ............................................................................................................................................ 25

TECNOLOGIAS DO MILHO HIBRIDOS .......................................................................................... 25

Capitulo V ............................................................................................................................................. 30

TECNOLOGIA DE IRRIGAÇÃO DO MILHO ................................................................................... 30

Capitulo VI ............................................................................................................................................ 34

TECNOLOGIAS DE MANEIO DE CULTURAS ............................................................................... 34

Capitulo VII .......................................................................................................................................... 35

ALGUMAS DAS PRINCIPAIS DOENÇAS E PRAGAS NO MILHO ............................................... 35

Capitulo VIII ......................................................................................................................................... 39

TECNOLOGIAS COLHEITA E POS-COLHEITA ............................................................................. 39

BIBLIOGRAFICA ................................................................................................................................ 50

Anexo1 .................................................................................................................................................. 51
2

Capitulo I

INTRODUÇÃO
O milho (Zea mays L.) tem sua origem na América Central. É uma espécie que pertence à
família Gramineae/Poaceae. Há mais de 8000 anos que é cultivada em muitas partes do
Mundo (Estados Unidos da América, República Popular da China, Índia, Brasil, França,
Indonésia, África do Sul, etc.). A sua grande adaptabilidade, representada por variados
genótipos, permite o seu cultivo desde o Equador até ao limite das terras temperadas e desde o
nível do mar até altitudes superiores a 3600 metros, encontrando-se, assim, em climas
tropicais, subtropicais e temperados. Esta planta tem como finalidade de utilização na
alimentação humana e animal, devido às suas elevadas qualidades nutricionais, contendo
quase todos os aminoácidos.
Em mocambique o milho é a principal cultura alimentar e o sector familiar contribuiu com
mais de 90% das áreas cultivadas. Porém, os rendimento neste sector são muito baixos
variando entre 0,6 a 1.2 ton/ha. Estes rendimentos são os mais baixos do seu potencil
estimados em 5 a 6,5 toneladas por hectare. verifica-se também que a baixa produtividade
agrícola em Moçambique resulta do baixo uso de insumos de práticas de cultivo tradicionais e
a falta de consciencialização (no uso de praticas agronómicas para o aumento da produção e
produtividade) do produtor, muitas parcelas ainda são cultivadas recorrendo intensivamente
ao trabalho braçal e utensílios manuais, com uma utilização mínima de sementes melhoradas
(10% no caso do milho, 1,8% no caso do arroz), de insumos químicos (4-5%) e tração animal
(11,3%) (TIA (Tratado de Inquérito Agrícola, 2008).

TECNOLOGIAS DE USO DE EQUIPAMENTOPARA PREPARACAO DO SOLO NA


CULTUARA DE MILHO
Existem ainda extensas áreas para produção agrícola e devido as práticas agrícolas usadas
maioritariamente pelas famílias Moçambicanas ainda continuam subaproveitadas.
Atualmente com a modernização do sector agrário e presença de muitas companhias agrícolas
o interesse pela agricultura mecanizada ganhou maior contorno. O uso de equipamentos
agrícolas mecanizados desde a preparação do solo ate a colheita vem por um lado diminuir o
esforço humano e por outro lado maximizar a produção, deste modo revelando a grande
importância na formação e capacitação dos recursos humanos para melhor uso e
aproveitamento destes equipamentos.

Maneio e preparo do solo para fins agrícola

Manejar o solo: significa construir um perfil cultural onde as plantas encontrem um ambiente
ajustado para o pleno desenvolvimento vegetativo e uma harmonia entre as propriedades
físicas, químicas e biológicas, ações de manejo são estratégicas.
3

Preparo do solo: significa construir um leito para o desenvolvimento fisiológico das plantas
cultivadas levando em conta os recursos tecnológicos, humanos e ambientais, ações de
preparo são operacionais.

Conceito: Maneio e preparo do solo são alterações feitas no perfil do solo visando
proporcionar condições favoráveis para sementes por meio do desenvolvimento do sistema
radicular das plantas e infiltração da água no solo.

Efeitos do preparo do solo


 Rompe o solo em agregados (torrões) de diferentes tamanhos (preparo primário)
 Quebra os agregados em torrões menores e nivela o solo (preparo secundário).

Máquinas para rompimento do solo


 Inversão de camada (Charruas/arados);
 Deslocamento lateral-horizontal (Grades);
 Desagregação sub-superficial (Subsolador); e
 Revolvimento rotativo (Enxadas rotativas).

Objectivos do preparo do solo

Melhorar as características químicas, físicas e biológicas do solo

 Quebra de compactação
 Desenvolvimento das raízes
 Retenção de água
 Diminuir erosão
 Controle de plantas daninhas
 Incorporação de fertilizantes e matéria orgânica

Tipos de preparo de solo


1. Preparo convencional: Consiste no revolvimento total da superfície do solo através do
preparo primário e secundário. Faz a descompactação do solo.
Preparo primário (Charruas/arados, subsoladora e grade pesada)

Preparo secundário (Grades e enxada rotativa)

Obs: normalmente 1 lavoura e 2 gradagens dependendo da região.

Possibilidades:

Charrua + Grade media + Grade leve

Grade pesada + Grade media + Grade leve


4

Subsolador + 2 Grades leve

Subsolador + Grade media + Grade leve

Subsolador + Enxada rotativa, e

Mais outras.

Atenção: Grandes riscos de erosão para operações feitas sem critérios técnicos

Precauções:

 Evitar total desagregação do solo


 Sistematização da área (construção de terraços, caixas de contenção e manutenção de
estradas
 Trabalhar em profundidades diferentes de ano para ano.

2. Cultivo mínimo: manipulação mínima possível do solo para implantação da cultura,


reduzir número de operações.

3. Sementeira direta: Solo com cobertura vegetal e consiste na mobilização mínima


possível do solo (na Linha de sementeira/plantio).

Lavoura ou aração do solo para cultura do milho

Conceito de lavoura: constitui-se numa operação de inversão de camadas, (Mobilização


primaria do solo).

O arado corta uma faixa de solo denominada leiva que é elevada e invertida juntamente com
um certo efeito de destorroamento.

Objectivos da lavoura na cultura do milho


 Mobilização primaria de solos
 Incorporação de restos vegetais e corretivos;
 Controle de infestantes
 Controle de pragas
 Coinfecções de terraços (curvas de nível)
 E outros
Classificação das charruas utilizadas para lavoura

Quanto ao tipo de órgão activo temos charruas ou arados de:

 Discos (as mais usuais no nosso pais)


 Aiveca
Quanto a fonte de potência temos de:
5

 Tração animal
 Trator
Quanto a movimentação do órgão activo temos:

 Fixo (os discos ou aivecas trabalham apenas num único sentido)


 Reversível (os discos ou aivecas podem trabalhar que a direita ou a esquerda)
Quanto ao acoplamento a fonte de potência temos:

 Montado (aquelas que o tractor carrega durante o percurso ou manobras)


 De arrasto (aquelas que o tractor arrasta durante o percurso ou manobra)

Componentes principais das charruas utilizadas para lavoura

Charrua de discos

01: Chassi-Sustenta o implemento

02: Torre-Liga o ao engate de 3 pontos do trator

03: Eixo transversal- eixo localizado na dianteira da charrua, transversal ao chassi nas suas
extremidades estão localizados os pinos de engate ao primeiro e terceiro engate do tractor

04: Pino de engate

05: Descanso

06: Cubo-Liga chassi ao cubo de discos

07: Coluna-Permite rotação de discos

08: Limpador de discos

09: Discos lisos

10: Roda guia-Regula profundidade e estabilidade

Charrua de aiveca

01: Chassi

02: Torre

03: Coluna: Liga a aiveca ao chassi.

04: Rastro ou costaneira: Estabilizar lateralmente a charrua

05: Aiveca: inversão e tombamento do solo

06: Facão ou sega circular: Corte preliminar do solo e restos vegetais


6

07: Roda de profundidade: regular a profundidade de operação

08: Relha: orgão activo da charrua

Regulagem e manutenção das charruas utilizadas para lavoura


Quando é regulada a charrua para desenvolver actividade de lavoura, observa-se dois
objectivos fundamentais:
Primeiro: fazer com que as lavouras decoram com profundidades desejadas.
Segundo: Fazer com que haja alinhamento de precisão para evitar formação de sulcos durante
a lavoura.
1. Regulagem da charrua ou arado de disco
Acoplamento

Sequencia:

 Primeiro engatar no braço inferior esquerdo do tractor


 Segundo engatar no braço superior (3 ponto) do tractor
 Por último engatar no braço inferior direito do tractor
Centralização da charrua
 Ajustar os estabilizadores laterais do tractor ate centralizar o arado
 Correto quando as distâncias dos braços inferiores aos pneus forem iguais nos dois lados.
Nivelamento transversal (altura)

 Faz-se na manivela do braço direito do hidráulico do tractor


 Correcto quando os discos estiverem paralelos ao solo quando o tractor colocar a roda no
sulco
Nivelamento longitudinal

 Faz-se no braço superior do tractor alongando ou encurtando


 Correto quando o primeiro disco 5 cm acima do último disco
Regulagem da roda guia
 Angulo (estabilidade) – quanto maior o ângulo maior a força contrária
 Pressão na mola (Profundidade) - quanto maior a pressão da mola menor profundidade, o
milho tem uma profundidade de sementeira recomendada de 5 cm.
Regulagem dos ângulos dos discos

 Horizontal (Largura de corte de cada disco), angulo maior dará maior largura de corte.
 Vertical (Penetração do disco), ângulo maior dará menor profundidade de trabalho.
2. Regulagem do arado de aiveca
 Acoplamento, centralização, nivelamento: idem a charruas de discos
 Profundidade: roda de profundidade
 Estabilidade: rastro ou costaneira.
Como manutenção é indispensável a lubrificação dos pontos.

Gradagem para implantação da cultura do milho


7

Como vimos anteriormente a charrua atua na descompactação do solo ajudando a criar boas
condições físicas para o bom desenvolvimento das sementes e por consequência da cultura do
milho, mais a charrua deixa o solo muito torroado e desnivelado assim a gradagem é
necessária para poder melhorar as condições de sementeira e melhorar a sua germinação.

Funções das grades utilizadas para o preparo secundário do solo


 Desagregar o solo/destorroamento
 Incorporação de restos vegetais e insumos
 Nivelamento do terreno e reduzir bolsões de ar feitos pela charrua

As grades podem ser usadas:

1. Antes da lavoura: para picar a massa vegetal, diminuir o excesso da vegetação que
dificulta na lavoura, esta operação geralmente é feito com grade de disco dentado.
2. Depois da lavoura: a operação mais comum feito com finalidade de desagregar o solo e
nivelar a área para sementeira.

Classificação das grades utilizadas para o preparo secundário do solo

1. Quanto ao órgão activo: existem grades de dentes, grades de molas e grades de discos
(as mais comuns)
2. Quanto a fonte de potência: Grades de tração animal e grades de tração mecânica
3. Quanto ao acoplamento a fonte de potência: Grades de arrasto e montados.
As grades de dentes e molas são utilizados no controle mecânico de infestantes, na
escarificação superficial do solo, ao passo que as grades de disco são as mais usuais no
preparo secundário do solo estas podem apresentar um formato em X denominadas tandem e
as grades set off em forma de V.

As grades tandem são geralmente utilizadas para o nivelamento do solo, e as grades set off
geralmente para corte e destorroamento do solo.

A grade de disco compreende uma classificação sendo:

1. Grades leves: para nivelamento, destorroamento, e incorporação de sementes pequenas


(diâmetro do disco < 24” ou 61 cm, peso/disco < 50 kg, espaçamento entre discos < 20
cm).
2. Grades intermediarias: picar restos vegetais e incorporação de corretivos; discos
dentados, (Diâmetro do disco entre 24 a 30” ou 61 a 76 cm, peso/disco entre 50 a 130
kg, espaçamento entre discos entre 20 a 35 cm)
3. Grades pesadas: preparo primário do solo, demanda alta potência; discos dentados,
(diâmetro do disco > 30” ou 76 cm, peso/disco > 130kg, e espaçamento > 35 cm
Assim as grades de discos são constituídas por:
 Torre ou sistema de engate em 3 pontos
8

 Chassi
 Secções de discos ou conjunto de discos, sendo estas secções constituídos por (eixo da
secção, calota, mancal, suporte do mancal, discos e porcas)
Os discos podem ser:
 De bordas lisas: melhor nivelamento do solo, são mais afiados realizando assim melhor
corte.
 De bordas dentados: maior capacidade de penetração no solo e realizam o corte de restos
vegetais.

Regulagens e manutenção das grades


Ao acoplar uma grade ao tractor é sempre importante manter certos cuidados:
1. Com as mangueiras hidráulicas acople-as no controle-remoto.
2. Abaixe os pneus e coloque o pino responsável pelo deslocamento lateral
3. Levante os pneus e acople o pino de engata a barra de tração do tractor
4. Abaixe os pneus e retire o pino responsável pelo deslocamento lateral.
Cuidados para não esquecer de retirar o pino de deslocamento lateral logo que engatar a grade
ao tractor. Alivie o pino acionando o comando para baixar os pneus. Mantenha a barra de
tração do tractor fixa no centro para transportar a grade. Nunca retire as mangueiras sem antes
abaixar a grade e aliviar a pressão do comando.

Deslocamento lateral (posição do tractor)


Para esta regulagem temos três posições uma centralizada que é utilizada na maioria das
situações e duas laterais sendo uma posição que permite distanciar o tractor do sulco e a outra
posição que permite aproximar o tractor do sulco.

Profundidade de trabalho
Obtem-se através da regulagem do angulo de tração do cabeçalho, ângulo de abertura das
secções dos discos (aumentamos o ângulo de abertura para trabalhar em solos com maior
dificuldade de penetração dos discos e em solos leves e soltos deve se trabalhar com menor
ângulo de abertura.), e os pneus como limitadores de profundidade.
Manobras em cabeceiras com discos no solo
Com as secções dos discos no solo faça as manobras somente para o lado esquerdo (lado
fechado da grade), observe que o terreno gradeado devera ficar sempre a esquerda do
operador
Independentemente do formato e tamanho da área as gradagens são feitas basicamente de
duas maneiras de fora para dentro e de dentro para fora.
Fazer lubrificação dos pontos.

Distribuidor de fertilizantes e correctivos


A cultura do milho tem uma escala de pH que ela exige de 5,5 a 6 para o seu bom
desenvolvimento e crescimento para tal antes da sua implantação e necessário fazer a sua
devida correção.
9

Quando se pretende fazer a correção do solo utilizamos máquinas que Comumente são
chamados de distribuidor de calcário, estas fazem a distribuição de correctivos, fertilizantes
e/ou sementes, estes podem ser de arrasto, montados ou auto propelidos.

Para se saber o que aplicar, quanto aplicar, quando aplicar e o como aplicar, envolve:
nutrição mineral de plantas, química do solo, fertilidade do solo, mecanização agrícola, etc.

Envolve: nutrição mineral de plantas, química do solo, fertilidade do solo, mecanização


agrícola, etc.

Principais problemas na operação

 Distribuição desuniforme
 Alta deriva
 Incorporação superficial (Charruas e Grades)
 Segregação (separação por tamanho)
 Alta higrospicidade (absorção de água)
 Menor fluidez (escoamento)
 Variabilidade de productos
Factores importantes na aplicação

 Dose de aplicação
 Antecedência
 Incorporação (plantio direto, preparo convencional)

Necessidade de calagem: Para se conhecer a necessidade de calagem é através da amostragem


do solo e envio aos laboratórios de solos para a respectiva analise só dai que se pode fazer a
correção de um solo baseado nos resultados obtidos pelo laboratório usando a seguinte
formula:

NC (t/ha) = CTC . (V2 -V1)

PRNT

Onde:

NC = necessidade de calagem (t/ha)


CTC = capacidade de troca de cátions
V2 = saturação de bases a atingir
V1 = saturação de bases que tem no solo

PRNT = poder relativo de neutralização total

Exemplo 1:

Calcular a necessidade de calcário, segundo a análise laboratorial descrito na tabela abaixo:


10

Dados: V% ideal do milho = 80; PRNT = 80

NC=

NC=

NC=2,20 t/ha.

Seleção de máquinas
Considerar sempre:
 Tamanho do terreno
 Uniformidade
 Faixa de regulagem
 Potência exigida
 Outros
Constituição e caracteristicas
 Chassi
 Deposito (capacidade e autonomia)
 Rodado
 Mecanismo dosador e distribuidor:
Mecanismo dosador- define a vazão do producto (volumétrico e gravimétrico)

- Volumétrico: dosa volume conhecido ex: esteiras transportadoras

- Gravimétrico: dosa pela ação da gravidade ex: “cocho”

Mecanismo distribuidor- define a forma e largura de deposição (queda livre, força centrífuga,
e inercia.

Regulagens e manutenção
11

 Velocidade de deslocamento durante a aplicação do calcário na área (6 a 7 km/h)


 Fixar marcha e rotação da TDP do tractor
 Vazão (quantidade de calcário a ser aplicado por área)
Fazer a lubrificação dos pontos, limpeza.

Máquinas semeadoras-adubadoras para cultura do milho


As semeadoras e adubadoras são máquinas que executam duas operações em simultânea
adubar e semear ao mesmo tempo, no mercado existem diversos modelos e marcas para uso
na cultura do milho.

Funções das máquinas semeadoras e adubadoras de precisão utilizados na cultura do


milho

 Fazer sulcos
 Dosar a quantidade de semente e adubo
 Depositar o adubo e semente no sulco
 Regular e fazer cobertura
 Compactar a terra que cobre a semente e adubo
 Corte de palha/vegetação (em sistemas de plantio directo/sementeira directa)

Classificação das máquinas semeadoras e adubadoras


Quanto a forma de distribuição
- Em linha (Semeadoras e adubadoras de precisão- utilizados para grãos graúdos como
o MILHO) e as de fluxo continuo utilizadas para grãos miúdos.
- A lanço (aviões por exemplo)

2. Quanto a forma de acionamento

-Manuais

-Tração animal

-Tractorizados (montados e arrasto)

3. Quanto ao sistema de cultivo

-Convencional

-Plantio direto

Constituição das máquinas semeadoras e adubadoras de precisão


Para que uma semeadora cumpra sua função deve possuir um conjunto de sistemas,
subsistemas e componentes que podem ser subdivididos em:
 Sistema de engate e acoplamento- podem ser de arrasto utilizados para grande área ou
propriedades, e montados utilizados
12

 Estrutura- apoiam se todos os sistemas e componentes da semeadora


 Sistema de marcação de linhas- espaçamento entre linhas de sementeira é um parâmetro
importante na implantação das culturas sendo os marcadores de linha que realizam esta
função
 Sistema de levantamento, transporte e acionamento- permite maior estabilidade em
trafego de estradas com obstáculos, melhor distribuição do peso da máquina sobre os
rodados e garantia para que os rodados não passem sobre as linhas já semeadas.
 Sistema de transmissão- este inicia-se nos rodados na grande maioria das semeadoras,
existe à partir do rodado acionador uma cadeia de engrenagens ate ao eixo vinculado aos
discos dosadores de sementes e fertilizantes que devem girar a velocidades compatíveis a
dosagem de sementes e fertilizantes.
 Sistema de acondicionamento, dosagem, e deposição de sementes- o acondicionamento
de sementes faz em depósitos
 Sistema de acondicionamento, dosagem e deposição de fertilizantes- também faz em
depósitos montados acima das barras superiores da estrutura das máquinas.
 Rompedores de solo- estes fazem o primeiro contacto com o solo cortando a palha e
abrindo sulcos sobre quale os outros componentes vão trabalhar.
 Unidade de acabamento da sementeira- depois dos rompedores inicia-se atuação da
unidade de acabamento com a deposição da semente.
 Plataformas de apoio-as semeadoras e adubadoras de precisão possuem plataformas de
apoio do operador usadas por ocasião de abastecimento e cuidados na sementeira.

Semeadoras adubadoras mais comuns utilizados para cultura do milho, possuem dois tipos de
mecanismos dosadores de semente:

Disco horizontal

Características – disco horizontal


 mais usadas em Moçambique
 erros na população final de sementes
 acertar na escolha antes da semeadura:
- disco;- anel;- tamanho da semente.
Pneumático (vácuo)

Características – pneumáticas
 menor dano mecânico na semente;
 -maior velocidade na sementeira;
 cuidados com velocidade do ar, disco apropriado e raspador;
 maior custo de obtenção.

Regulagens e manutenção das máquinas semeadoras e adubadoras de precisão


13

 Acoplamento- são acoplados a barra de tração do tractor devendo se escolher o orifício de


engate que possibilita o nivelamento longitudinal da máquina
 Marcadores de linha- a semeadora deve manter sempre o mesmo espaçamento entre as
linhas para que consiga isso após as manobras os marcadores de linha devem efectuar uma
marca no terreno.
 Espacamento entre linhas- operação mais desconfortante pois as unidades de sementeira
são fixadas na barra da estrutura da máquina e parafusadas rigidamente, este pode varia de
60 a 90 cm.
 Discos de corte- necessários serem regulados quanto a profundidade de trabalho e pressão
 Hastes sulcadoras e discos- devem ser regulados quanto a profundidade, a pressão sobre
as mesmas, distanciamento dos discos de corte e sua inclinação.
 Controle de profundidade de sementes- realizados por rodas vinculadas aos discos
duplos visando controlar a profundidade de trabalho das mesmas, importante para que se
garanta uma sementeira mais qualitativa.
 Compactação de semente – regulagem feita por pressão
 Dosagem de semente- quantidade de semente depositada a cada metro linear sendo de 5 a
6 sementes depositados na linha.
 Dosador de fertilizante - quantidade de adubo depositado a cada metro linear
 Velocidade de sementeira - factor muito importante fixar uma velocidade recomendada
para que a semeadora realize uma distribuição longitudinal uniforme de sementes de
sementes (qualidade de sementeira), a velocidade vária consoante o modelo da máquina
que pode atingir ate 12 km/h, mais geralmente usamos de 6 a 7 km/h para uma boa
qualidade de sementeira.

A manutenção da semeadora segue os seguintes critérios


 Lubrificação- operação indispensável na mecanização agrícola
 Limpeza- indispensável para os depósitos dos fertilizantes com os seus dosadores

Capitulo II

TECNOLOGIAS DE FERTILIZAÇÃO DE MILHO


Amostragem de solo

É a principal etapa do processo de avaliação da fertilidade do solo e para recomendação de


calagem e adubação. Deve ser feita de maneira adequada, uma vez que no laboratório não se
consegue corrigir os erros cometidos durante a amostragem do solo. Para que a amostra seja
representativa, a área amostrada deve ser a mais homogênea possível. Assim, a propriedade
deve ser subdividida em glebas ou talhões homogêneos, considerando-se a cobertura vegetal,
a posição topográfica, histórico da gleba, e condições de solo como cor, textura e drenagem.
No processo de amostragem trabalha-se com amostras simples e compostas. Sendo que a
amostra composta consiste da mistura homogênea das amostras simples coletadas em cada
gleba homogênea. As amostras simples devem ser coletadas na profundidade de 0-20 cm e o
14

número de amostras simples, para compor uma amostra composta, por glebas homogêneas,
deve ser de 10 a 20 (15 em média). A coleta de amostras simples deve ocorrer em
caminhamento em ziguezague uniformemente distribuída por toda a gleba. No sistema de
sementeira direto amostrar de 0-10 cm de profundidade.

Correção da acidez do solo

De modo geral não está contemplada para a cultura nas condições do sistema de baixa
tecnologia devido aos elevados custos e dificuldade de aquisição do insumo, podendo ser
aplicado cal ou gesso.

Calagem

Nos solos ácidos, o baixo pH e a alta disponibilidade de alumínio tóxico impedem o adequado
desenvolvimento do sistema radicular, prejudicando a absorção de nutrientes e reduzindo a
produtividade. A acidez pode ser corrigida com a aplicação de calcário, que deve apresentar
PRNT maior que 70. A aplicação deve ser feita com base nos resultados da análise do solo, 60
dias antes da sementeira, para propiciar condições de reação do calcário com o solo e,
consequentemente, maiores benefícios para a cultura. Para valores de pH menores que 5,5,
+3 +2 +2
será necessário fazer calagem. A dose é determinada pelo critério do Al e Ca + Mg
trocáveis ou pelo critério da saturação de bases para elevá-la a 60%. A aplicação de calcário
deve ser feita a lanço (espalhado por todo o terreno) e sua incorporação ao solo mediante
aração e gradagem, à profundidade de 20 a 30 cm.

Gessagem

O emprego do gesso agrícola, também denominado fosfogesso, tem sido justificado em duas
situações, principalmente: a) quando da necessidade de cálcio e de enxofre; b) na diminuição
de concentrações tóxicas do alumínio trocável nas camadas subsuperficiais, com consequente
aumento de cálcio nessas camadas, visando “melhorar” o ambiente para o crescimento
radicular. A tomada de decisão sobre o uso do gesso agrícola deve ser feita sempre com base
no conhecimento de algumas características químicas e na textura do solo das camadas
subsuperficiais (20 a 40cm e 30 a 60cm). Sua aplicação deve ser feita a lanço, individual ou
separadamente, com a aplicação do calcário.

Escolha da variedade do milho


A escolha da variedade de milho para produção de sementes deve levar em consideração,
principalmente, a adaptação às condições edafoclimáticas da região e a tolerância a pragas e
doenças.
Assim, as variedades melhoradas de milho, por serem formadas por um conjunto de plantas
com características comuns; por serem material geneticamente estável; e por poderem ser
reutilizadas sem nenhuma perda de seu potencial produtivo, desde que tomados os devidos
15

cuidados em sua multiplicação, permitindo ao produtor produzir sua própria semente a um


preço bem menor, são as mais indicadas para o segmento dos pequenos produtores rurais.
Algumas variedades locais têm demonstrado potencial produtivo igual ou superior ao de
variedades melhoradas de alto rendimento, embora possuam, às vezes, características
indesejáveis, principalmente aquelas relacionadas ao porte das plantas, ciclo e suscetibilidade
ao acamamento e quebramento.

Micronutrientes

Azoto

O azoto é um macronutriente fundamental para se obter a produção potencial da cultura do


milho. Aumenta o teor de proteína do grão (cerca de 70 a 77 % do azoto é exportado para o
grão) e melhora a digestibilidade do milho forrageiro.
O azoto é um nutriente muito solúvel e por isso muito móvel no solo, perdendo-se facilmente
por lavagem ao longo do perfil do solo e saindo para fora da ação das raízes, tornando desse
modo, a sua gestão algo difícil de fazer. Em culturas de sequeiro, a quantidade de azoto
perdida por lavagem é função da precipitação, enquanto em culturas de regadio como por
exemplo o milho, é principalmente consequência da quantidade de água utilizada nas regas
das culturas. Se a quantidade de água aplicada não for a mais correta, ou seja, se a rega não
for bem dimensionada, poderá haver escoamento superficial que provoque o arrastamento do
azoto, ou as perdas de água ao longo do perfil do solo sejam elevadas, causando a lixiviação
deste macronutriente. As perdas de azoto no solo dependem também do próprio solo e da
fórmula química em que o azoto seja aplicado. Se o solo for arenoso, as perdas de azoto serão
semelhantes, qualquer que seja a fórmula química em que o azoto seja aplicado, mas se for
um solo (argiloso, franco-argiloso, etc.).

Absorção de azoto ao longo do ciclo da cultura

A quantidade e o ritmo de absorção de azoto são variáveis ao longo do ciclo do milho. Até ao
estádio de desenvolvimento de 8-10 folhas, as necessidades de azoto no milho são reduzidas,
correspondendo aproximadamente a 10% ou até menos, do total do azoto absorvido. Nesta
fase, as raízes estão ainda pouco crescidas e portanto com pouca capacidade para extrair o
azoto do solo. A partir da fase de 10 folhas e até ao escurecimento total dos estigmas, a
absorção processa-se a um ritmo muito intenso e a quantidade de azoto absorvido pela cultura
corresponde a cerca de 60 a 70% do total absorvido. Na fase de enchimento do grão, a
absorção de azoto volta a ser novamente mais baixa, sendo a quantidade absorvida nesta fase,
aproximadamente 20 a 30% do total absorvido.

Fósforo

O fósforo é um macronutriente principal cujos efeitos principais nas plantas são o de


estimular o desenvolvimento radicular, incrementar a resistência mecânica dos caules
16

(compensa os excessos de azoto), influenciar positivamente a floração, fecundação, formação


e maturação do grão (cerca de 77 a 86 % do fósforo é translocado para o grão) e melhorar a
digestibilidade do milho forragem.
Contrariamente ao azoto, o fósforo (P2O5) é um nutriente pouco solúvel e que pode ser retido
facilmente no solo ficando indisponível para as plantas. Os iões fósforo mais facilmente
absorvidos pelas plantas são o ortofosfato primário (H2PO4-), seguido pelo ortofosfato
secundário (HPO4 2-). Quando o pH do solo é ácido, o ião fósforo tem tendência a ligar-se ao
ferro e ao alumínio, ficando desse modo, indisponível para ser absorvido pelas plantas.
Quando o pH é alcalino o ião fósforo liga-se ao cálcio, formando fosfatos bicálcicos e
tricálcicos (retrogradação do fósforo) que são pouco solúveis e por isso, dificilmente
absorvidos pelas plantas. Por todas estas razões, o fósforo dificilmente se perde por lixiviação
e, apresenta um coeficiente de utilização médio de 20%, ou seja, do fósforo que se encontra
disponível para a planta, ela só consegue absorver em média, 20%, ficando os restantes 80 %
indisponíveis, pelas razões já atrás mencionadas. Assim, é na adubação de fundo ou na
adubação à sementeira que é aplicado todo o fósforo que a cultura necessita. Poder-se-á
considerar exceção a esta regra, as adubações de cobertura realizadas nas pastagens,
normalmente no final do Verão, mas também estas só são possíveis de realizar, pelo facto do
fósforo não se perder por lavagem.

Potássio

O potássio é um macronutriente principal que tem como funções principais aumentar a taxa
fotossintética, melhorando o crescimento para densidades de população elevadas e aumentar a
resistência das plantas à secura. Contribui também para o aumento dos hidratos de carbono
fermentáveis, o que é importante para o milho forrageiro, melhorando a qualidade da silagem.
Depois do azoto, o potássio é o nutriente absorvido em maiores quantidades pelo milho, com
aproximadamente 26 a 43 %, a ser exportado para o grão.
Este macronutriente é absorvido pelas plantas na forma de ião K+, sofrendo menos lavagem
que o azoto, mas mais que o fósforo. Tem no entanto, facilidade em ligar-se às argilas,
principalmente à ilite, ficando desse modo indisponível para as plantas. Por essas duas razões,
considera-se que o coeficiente de utilização do potássio é em média de 40%, ou seja, do total
do potássio disponível, a cultura apenas consegue absorver em média 40%. É um nutriente, tal
como o fósforo, aplicado normalmente em adubação de fundo ou à sementeira, podendo
também ser aplicado em cobertura das pastagens.

Micronutrientes

Designam-se por micronutrientes, os nutrientes absorvidos em menos quantidade pelas


plantas, mas que podem ser limitantes à produção das culturas quando estão em défice ou
tóxicos quando se encontram em excesso. Um exemplo desta situação é o manganês, o qual
por vezes, se destaca mais pela sua toxicidade do que pela sua deficiência. Na cultura do
milho, são importantes os micronutrientes, boro, cobre, ferro, manganês, molibdénio e zinco.
Por vezes, a falta de resposta do milho a alguns destes micronutrientes poderá estar
17

relacionada com níveis adequados de disponibilidade no solo ou devido ao fornecimento


através da aplicação de calcário, por exemplo. A resposta do milho aos vários micronutrientes
é mais evidente em solos arenosos e com baixo teor de matéria orgânica.
Cada vez mais, o objetivo dos agricultores é o aumento da produtividade da cultura do milho,
o que tem conduzido a uma preocupação cada vez maior com a aplicação de micronutrientes
na adubação. O milho apresenta alta sensibilidade à deficiência de zinco, média à de cobre,
ferro e manganês e baixa à de boro e molibdénio. Tal como referimos anteriormente, as
quantidades de micronutrientes requeridos pelo milho são muito reduzidas, mas a deficiência
de um deles pode ter efeito tanto na desorganização de processos metabólicos e redução da
produtividade da cultura como a deficiência de um qualquer macronutriente principal, como
por exemplo o azoto.

Adubação em sementeira (fundo)

A adubação deve ser feita com base na análise do solo, no histórico da área e na produtividade
esperada nas condições em que não tenha condições de fazer análise do solo use 175kg de
NPK/ha. Recomenda-se a utilização de adubos orgânicos de origem animal, como esterco
bovino curtido, gerados na própria propriedade. O uso de adubos orgânicos melhora as
propriedades físicas do solo (porosidade e capacidade de retenção de água), além de aumentar
a fertilidade (CTC, teor de P e de matéria orgânica). Fertilizantes minerais naturais pouco
solúveis, como fosfato natural, Termo fosfato, sulfato de potássio, sulfato de magnésio e
micronutrientes também podem ser utilizados.

Adubação Verde

Simultaneamente a sementeira do milho, sugere-se a sementeira do feijão-de-porco


(Canavalia ensiformis) nas entrelinhas do milho, que será utilizado como adubo verde.

Adubação nitrogenada de cobertura

O milho é uma cultura altamente exigente em elementos nutritivos e, geralmente, responde a


altas adubações. Dentre os nutrientes, destaca-se o nitrogênio, ao qual a planta reage
sensivelmente em altos níveis. Sugere-se a aplicação de 160kg de nitrogênio por hectare, na
forma de uréia ou sulfato de amônio, quando as plantas apresentarem seis folhas
completamente desenvolvidas.

Culturas de Cobertura

No início do sistema de sementeira direta, é importante priorizar a cobertura e o perfil de


fertilidade do solo, principalmente se as áreas apresentarem certo grau de degradação.
Durante o seu crescimento e desenvolvimento, as espécies de cobertura contribuem
efetivamente para a proteção do solo, bem como para a manutenção de seus resíduos vegetais
(palhada) na superfície do solo. A cobertura vegetal (viva ou morta) representa a essência do
sistema de sementeira direta, pois tem efeito na interceptação das gotas de chuva, evitando o
18

impacto direto sobre a superfície do solo, reduzindo a desagregação das partículas, que é a
fase inicial do processo erosivo, reduz a velocidade de escorrimento das enxurradas, melhora
ou mantém a capacidade de infiltração de água, reduzindo o efeito da desagregação do solo e
evitando o selamento superficial, provocado pela obstrução dos poros com partículas finas
desagregadas. Além disso, protege o solo da radiação solar, diminui sua variação térmica,
reduz a evaporação de água e favorece o desenvolvimento de microorganismos, além de
ajudar no controle de plantas daninhas.
Dentre as espécies utilizadas como cultura de cobertura, algumas merecem destaque, por seus
benefícios físico-químicos ao solo, entre elas a aveia-preta, a ervilhaca-peluda e o nabo-
forrageiro, como plantas antecessoras de inverno.
As culturas de milho e da aveia integradas e de forma planejada, no sistema de rotação,
proporcionam alto potencial de produção de fitomassa, com elevada relação C/N, garantindo a
manutenção de cobertura do solo, dentro da quantidade mínima preconizada e por maior
tempo de permanência na superfície.

Em regiões de clima tropical, temperatura e humidade elevadas favorecem a rápida


decomposição dos resíduos vegetais, dificultando a formação de uma camada adequada de
cobertura morta. Além do aumento na velocidade de decomposição do material vegetal,
provocada pelas altas temperaturas, as culturas anuais não produzem quantidade suficiente de
fitomassa, sendo rapidamente metabolizada pelos microrganismos do solo. Sem cobertura, o
solo se adensa mais facilmente, retém menor quantidade de água, atinge facilmente altas
temperaturas e fica mais suscetível à erosão, comprometendo o sistema.
Portanto, na seleção de espécies destinadas à cobertura do solo em sistema de sementeira
direto, deve-se levar em consideração a quantidade e a qualidade dos resíduos vegetais, bem
como sua capacidade de reciclagem de nutrientes, com impacto direto nos atributos químicos,
físicos e biológicos do solo e na resposta das culturas sub sequentes em sistema de sementeira
direto.

Rotação de Culturas

A rotação envolvendo as culturas da soja e do milho merece especial atenção, devido às


extensas áreas que essas duas culturas ocupam e ao efeito benéfico em ambas as culturas o
milho semeado após a soja produziu cerca de 9% mais e a soja semeada após o milho
produziu 5 e 15% mais, quando comparados com a sementeira contínua.
Na implantação e na condução de um sistema eficiente de sementeira direta, é indispensável
que o esquema de rotação de culturas promova, na superfície do solo, a manutenção
permanente de uma quantidade mínima de palhada, que nunca deverá ser inferior a 2,0 t ha-1
de matéria seca. Como segurança, recomenda-se que sejam adotados sistemas de rotação que
produzam, em média, 6,0 t/ha/ano ou mais de matéria seca. A cultura do milho, de ampla
adaptação a diferentes condições, tem ainda a vantagem de deixar uma grande quantidade de
restos culturais, que, uma vez bem manejados, podem contribuir para reduzir a erosão e
melhorar o solo.
19

Capitulo III

TECNOLOGIA DE SEMENTEIRA DO MILHO


Semente do milho

A semente do milho é classificada botanicamente como cariopse, apresenta três partes: o


pericarpo, o endosperma e o embrião. O pericarpo é uma camada fina e resistente,
constituindo a parte mais externa da semente. O endosperma é a parte da semente que está
envolvida pelo pericarpo e a que apresenta maior volume, sendo constituída por amido e
outros carbohidratos. À parte mais externa do endosperma e que está em contacto com o
pericarpo, denomina-se de camada de aleurona, a qual é rica em proteínas e enzimas e cujo
papel no processo de germinação, é determinante. O embrião, que se encontra ao lado do
endosperma, possui primórdios de todos os órgãos da planta desenvolvida, ou sejam não é
mais do que a própria planta em miniatura.
Quando as condições de temperatura e humidade são favoráveis, a semente do milho germina
em 5 ou 6 dias. Para a germinação das sementes, a temperatura do solo deve ser superior a
10ºC, sendo a óptima de 15ºC. Na fase de desenvolvimento vegetativo e floração as
temperaturas óptimas variam de 24 a 30 ºC, sendo as superiores a 40 ºC, prejudiciais à
cultura.

Condições climáticas

O período de crescimento e desenvolvimento do milho é limitado pela água, temperatura e


radiação solar ou luminosidade. A cultura do milho necessita que os índices dos fatores
climáticos, especialmente a temperatura, a precipitação pluviométrica e o fotoperíodo, atinjam
níveis considerados óptimos, para que o seu potencial genético de produção se expresse ao
máximo.

Temperatura

A temperatura possui uma relação complexa com o desempenho da cultura, uma vez que a
condição óptima varia com os diferentes estádios de crescimento e desenvolvimento da
planta.
A temperatura da planta é basicamente a mesma do ambiente que a envolve. Devido a esse
sincronismo, flutuações periódicas influenciam nos processos metabólicos que ocorrem no
interior da planta. Nos momentos em que a temperatura é mais elevada, o processo
metabólico é mais acelerado e nos períodos mais frios o metabolismo tende a diminuir. Essa
oscilação metabólica ocorre dentro dos limites extremos tolerados pela planta de milho,
compreendidos entre 10ºC e 30ºC. Abaixo de 10ºC, por períodos longos, o crescimento da
planta é quase nulo e sob temperaturas acima de 30ºC, também por períodos longos, durante a
noite, o rendimento de grãos decresce, em razão do consumo dos produtos metabólicos
20

elaborados durante o dia. Temperaturas noturnas elevadas, por longos períodos, causam
diminuição do rendimento de grãos e provocam senescência precoce das folhas.
A temperatura ideal para o desenvolvimento do milho, da emergência à floração, está
compreendida entre 24 e 30ºC. Comparando-se temperaturas médias diurnas de 25ºC, 21ºC e
18ºC, verificou-se que o milho obteve maior produção de matéria seca e maior rendimento de
grãos na temperatura de 21ºC. A queda do rendimento sob temperaturas elevadas se deve ao
curto período de tempo de enchimento de grãos, em virtude da diminuição do ciclo da planta.
A planta do milho precisa acumular quantidades distintas de energia ou simplesmente
unidades calóricas necessárias a cada etapa de crescimento e desenvolvimento. A unidade
calórica é obtida através da soma térmica necessária para cada etapa do ciclo da planta, desde
a sementeira até o florescimento masculino. O somatório térmico é calculado através das
temperaturas máximas e mínimas diárias, sendo 30ºC e 10ºC, respectivamente, as
temperaturas referenciais para o cálculo. Com relação ao ciclo, as cultivares são classificadas
pelas empresas produtoras de sementes em normais ou tardias, semi-precoces, precoces e
super-precoces.
As variedades normais apresentam exigências térmicas correspondentes a 890-1200 graus-
dias (G.D.), as precoces, de 831 a 890, e as super-precoces, de 780 a 830 G.D. Essas
exigências calóricas se referem ao cumprimento das fases fenológicas compreendidas entre a
emergência e o início da polinização.

De acordo com o Zoneamento Agrícola para a cultura de milho, as variedades eram


classificadas, em função do ciclo, em três grupos:
Grupo I - necessita até 780 Unidade Calorica (precoce);
Grupo II - necessita entre 780 e 860 U.C. (ciclo médio); e
Grupo III - necessita mais que 860 U.C. (ciclo tardio).
A partir da safra 2009/10, para efeito de simulação, o Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento classifica as cultivares em três grupos de características homogêneas:
Grupo I (n < 110 dias); Grupo II (n maior ou igual a 110 dias e menor ou igual a 145 dias); e
Grupo III (n >145 dias), onde não expressa o número de dias da emergência à maturação
fisiológica.

Humidade do solo

O milho é uma cultura muito exigente em água. Entretanto, pode ser cultivado em regiões
onde as precipitações vão desde 250 mm até 5000 mm anuais, sendo que a quantidade de
água consumida pela planta, durante seu ciclo está em torno de 600 mm. O consumo de água
pela planta, nos estádios iniciais de crescimento, num clima quente e seco, raramente excede
2,5 mm/dia. Durante o período compreendido entre o espigamento e a maturação, o consumo
pode se elevar para 5 a 7,5 mm diários. Mas se a temperatura estiver muito elevada e a
humidade do ar muito baixa, o consumo poderá chegar até 10 mm/dia.
A ocorrência de défice hídrico na cultura do milho pode ocasionar danos em todas as fases.
Na fase do crescimento vegetativo, devido ao menor elongamento celular e à redução da
21

massa vegetativa, há uma diminuição na taxa fotossintética. Após o deficit hídrico, a


produção de grãos é afetada diretamente, pois a menor massa vegetativa possui menor
capacidade fotossintética. Na fase do florescimento, a ocorrência de dessecação dos estilos-
estigmas (aumento do grau de protandria), aborto dos sacos embrionários, distúrbios na
meiose, aborto das espiguetas e morte dos grãos de pólen resultarão em redução no
rendimento. Déficit hídrico na fase de enchimento de grãos afetará o metabolismo da planta e
o fechamento de estômatos, reduzindo a taxa fotossintética e, consequentemente, a produção
de fotossimilados e sua translocação para os grãos.

Fotoperíodo

Dentre os componentes climáticos que afetam a produtividade do milho, está o fotoperíodo,


representado pelo número de horas de luz solar, o qual é um fator climático de variação
sazonal, mas que não apresenta muita variação de ano para ano. O milho é considerado uma
planta de dias curtos, embora algumas variedades tenham pouca ou nenhuma sensibilidade às
variações do fotoperíodo.
Um aumento do fotoperíodo faz com que a duração da etapa vegetativa aumente e
proporcione também um incremento no número de folhas emergidas durante a diferenciação
do pendão e do número total de folhas produzidas pela planta.
Nas condições de Moçambique, o efeito do fotoperíodo na produtividade do milho é
praticamente insignificante.

Radiação solar

A radiação solar é um dos parâmetros de extrema importância para a planta de milho, sem a
qual o processo fotossintético é inibido e a planta é impedida de expressar o seu máximo
potencial produtivo. Grande parte da matéria seca do milho, cerca de 90%, provém da fixação
de CO2 pelo processo fotossintético. O milho é uma planta do grupo C4, altamente eficiente
na utilização da luz. Uma redução de 30% a 40% da intensidade luminosa, por períodos
longos, atrasa a maturação dos grãos ou pode ocasionar até mesmo queda na produção.
Em uma pesquisa avaliando a produção de sementes, verificou-se que o milho semeado em
outubro teve redução na produtividade e no rendimento de sementes beneficiadas, quando
comparado com a sementeira em março, que apresentou 60% a mais na produtividade e
maiores valores no rendimento de beneficiamento nas peneiras 24, 22 e 20 e menores na
peneira 18 e no resíduo final. Essa diferença foi atribuída ao fato de o período de enchimento
de grãos do milho semeado em outubro ter ocorrido no mês de janeiro quando se constatou
um longo período com alta nebulosidade, com grande frequência de período chuvoso durante
o dia, ou seja, com redução na radiação fotossinteticamente activa, necessária para intensificar
o processo fotossintético.

Época de sementeira
22

O período de crescimento e desenvolvimento é afetado pela Humidade do solo, temperatura,


radiação solar e fotoperíodo. A época de sementeira é função destes fatores, cujos limites
extremos são variáveis em cada região agroclimática. A época de sementeira mais adequada é
aquela que faz coincidir o período de floração com os dias mais longos do ano e a etapa de
enchimento de grãos com o período de temperaturas mais elevadas e alta disponibilidade de
radiação solar. Isto, considerando satisfeitas as necessidades de água pela planta. Trabalho de
pesquisa mostra que as épocas em que o rendimento de grãos foram maiores e mais estáveis
foram aquelas em que os estádios de desenvolvimento de quatro folhas totalmente
desenvolvidas e a floração ocorrem sob boas condições de água no solo. Nas condições
tropicais, devido a menor variação da temperatura e do comprimento do dia, a distribuição de
chuvas é que geralmente determina a melhor época de sementeira.

Tratamento da semente

Existem vários patógenos de solo que são transmitidos por sementes, devendo-se fazer o uso
de sementes sadias e do tratamento de sementes com fungicida para a prevenção ou redução
de perdas.
De modo geral, as sementes de milho comercializadas já vêm tratadas. Nos casos de sementes
sem tratamento, recomenda-se o tratamento com fungicidas (sistêmico + contato) que
proporcionam garantia adicional ao estabelecimento da cultura com baixo custo e com
inseticidas para o controle de pragas de solo e daquelas que atacam a cultura nas fases iniciais
de desenvolvimento. Esse assunto será abordado nos tópicos que tratam do controle de pragas
e doenças.
O procedimento normalmente utilizado:
 Humedecer as sementes com água.
 Adicionar o inseticida e, ou fungicida, misturando-se bem.
 Colocar à sombra para secagem durante aproximadamente 1 hora.

Profundidade da sementeira

A profundidade de sementeira está condicionada aos fatores temperatura do solo, humidade e


tipo de solo. A semente deve ser colocada numa profundidade que possibilite um bom
contacto com a humidade do solo. Entretanto, a maior ou menor profundidade de sementeira
vai depender do tipo de solo. Em solos mais pesados, com drenagem deficiente ou com
fatores que dificultam o alongamento do mesocótilo, dificultando a emergência de plântulas,
as sementes devem ser colocadas entre 3 e 5 cm de profundidade. Já em solos mais leves ou
arenosos, as sementes podem ser colocadas mais profundas, entre 5 e 7 cm de profundidade,
para se beneficiarem do maior teor de humidade do solo.
No Sistema de sementeira direta, onde há sempre um acúmulo de resíduos na superfície do
solo, especialmente em regiões mais frias, a cobertura morta pode retardar a emergência,
reduzir o estande e, em alguns casos, pode até causar queda no rendimento de grãos da
lavoura, dependendo da profundidade em que a semente foi colocada. A Tabela abaixo mostra
23

o efeito da profundidade de sementeira sobre a emergência, o vigor e a duração do período de


emergência na cultura do milho.
Contrário a uma crença popular, a profundidade de sementeira tem influência mínima na
profundidade do sistema radicular definitivo, que se estabelece logo abaixo da superfície do
solo.

Profundidade (cm) Emergência (%) Vigor ¹ Duração Média (dias)

2.5 100.0 3.0 8.0

5.0 97.5 3.0 10.0

7.5 97.5 3.0 12.0

10.0 80.0 2.5 15.0

12.5 32.5 0.7 18.0.

Densidade de planta

A densidade de planta, ou estande, definida como o número de plantas por unidade de área,
tem papel importante no rendimento de um campo de milho, uma vez que pequenas variações
na densidade têm grande influência no rendimento final da cultura.
O milho é a gramínea mais sensível à variação na densidade de plantas. Para cada sistema de
produção, existe uma população que maximiza o rendimento de grãos. A população
recomendada para maximizar o rendimento de grãos de milho varia de 40.000 a
80.000plantas.ha-1, dependendo da disponibilidade hídrica, da fertilidade do solo, do ciclo da
Variedade, da época de sementeira e do espaçamento entre linhas. O aumento da densidade de
plantas até determinado limite é uma técnica usada com a finalidade de elevar o rendimento
de grãos da cultura do milho. Porém, o número ideal de plantas por hectare é variável, uma
vez que a planta de milho altera o rendimento de grãos de acordo com o grau de competição
intra-específica proporcionado pelas diferentes densidades de planta.
O rendimento de um campo aumenta com a elevação da densidade de sementeira, até atingir
uma densidade óptima, que é determinada pela variedade e por condições externas resultantes
de condições edafo-climáticas do local e do manejo do campo. A partir da densidade óptima,
quando o rendimento é máximo, aumento na densidade resultará em decréscimo progressivo
na produtividade da lavoura. A densidade óptima é, portanto, variável para cada situação e,
basicamente, depende de três condições: variedade, disponibilidade hídrica e do nível de
fertilidade de solo. Qualquer alteração nesses fatores, direta ou indiretamente, afetará a
densidade óptima.
24

Além do rendimento de grãos, o aumento da densidade de planta também afeta outras


características da planta. Dentre essas características, merecem destaque a redução no número
de espigas por planta (índice de espigas) e o tamanho da espiga. Também o diâmetro do
colmo é reduzido e há maior susceptibilidade ao acamamento e ao quebramento. Além disso,
é reconhecido que pode haver um aumento na ocorrência de doenças, especialmente as
podridões de colmo, com o aumento na densidade de planta.
Esses aspectos podem determinar o aumento de perdas na colheita, principalmente quando
esta é mecanizada. Por estas razões, às vezes deixa-se de recomendar densidades maiores, que
embora em condições experimentais apresentem maiores rendimentos, não são aconselhadas
em campos colhidos mecanicamente.
A densidade de planta, dentre as técnicas de maneio cultural, é um dos parâmetros mais
importantes. Geralmente, a causa dos baixos rendimentos de milho é o baixo número de
plantas por área. Entretanto, para que haja um aumento da produtividade, é necessário que
vários outros fatores, como o nível de fertilidade do solo, o nível de humidade e as variedades
estejam em consonância com o número de plantas por área.

Sementeira mecanizada

A velocidade de sementeira deve se basear no conhecimento do produtor sobre as condições


de operação do equipamento, as condições do solo e as características da semeadora. Deve ser
definida visando a uniformidade na produtividade e na distribuição da semente.
A densidade de planta e a distribuição de sementes são também afetadas pela velocidade na
sementeira. Para semeadora a disco, recomendam-se velocidades não superiores a 5Km/h.
Estudos apontam perdas de produtividade de até 11% ao aumentar a velocidade de 5 para 10
Km/h em semeadora a disco. Semeadora a dedo ou a vácuo podem realizar operações de
sementeira com velocidade de até10 Km/h, desde que as condições de topografia do terreno,
humidade e textura do solo permitam a operação nesta velocidade (é importante consultar o
fabricante). De um modo geral, não se recomenda a semeadora em velocidades superiores a 7
Km/h quando se utilizar essa semeadora.
Aconselha-se que se faça um teste antes da semeadura, operando a semeadora em diferentes
velocidades para, então, se escolher a melhor opção, tendo em vista principalmente a
uniformidade da profundidade das sementes.
Velocidades acima do recomendado aumentam o número de falhas e duplas e prejudicam a
uniformidade da profundidade das sementes. Esses dois fatores reduzem a população de
plantas e aumentam o número de plantas dominadas, prejudicando dois dos principais
componentes do rendimento: o número de espigas por área e o número de grãos por espiga.
Em termos genéricos, verifica-se que variedades precoces (ciclo mais curto) exigem maior
densidade de planta em relação a variedades tardias para expressarem seu máximo
rendimento. A razão desta diferença é que variedades mais precoces, geralmente, possuem
plantas de menor altura e menor massa vegetativa. Essas características morfológicas
determinam um menor sombreamento dentro da cultura, possibilitando, com isto, menor
25

espaçamento entre plantas, para melhor aproveitamento de luz. Mesmo dentre os grupos de
variedades (precoces ou tardios), há diferenças quanto à densidade óptima de planta.
Em situações de áreas irrigadas, ou quando não há restrições hídricas, é aconselhável usar o
limite superior da faixa da densidade recomendada. Um fator importante quando se usa alta
densidade de planta é assegurar que a cultivar usada apresenta grande resistência ao
acamamento e ao quebramento.
De forma análoga ao suprimento hídrico, quanto maior for a disponibilidade de nutrientes
para as plantas, seja pela fertilidade natural do solo ou por adubação, maior será a densidade
para se alcançar o máximo rendimento. As interações mais frequentes entre o nível de
fertilidade e a densidade de sementeira se dão principalmente com a adubação nitrogenada.

Compasso

Depois do teste de germinação vai saber quantas sementes deve colocar em cada covacho.
Após muitos anos de investigação, os compassos do milho em monocultura recomendados
são:
Compasso (m)
Entre linhas Entre plantas na mesma linha Densidade (plantas/ha)
0.75 0.25 53,333
0.75 0.30 44,444
0.80 0.25 50.000
0.80 0.30 41,667
0.90 0.25 44,444
0.90 0.30 37,037
1.00 0.25 40.000

Capitulo IV

TECNOLOGIAS DO MILHO HIBRIDOS


População que está em equilíbrio, permitindo a manutenção das características varietais.
Assim sendo, pode ser usada a mesma semente por dois ou três anos, desde que a variedade
não sofra contaminação, devido ao cruzamento com outras populações de milho.
Mesmo o agricultor, adotando cuidados para que não haja contaminação, deve comprar
sementes novas da variedade no máximo após três anos. Isso porque a variedade é submetida,
na instituição de pesquisa que a obteve, a um processo contínuo de seleção. Dessa forma, o
fazendeiro pode economizar, evitando a compra de sementes todo ano, e manter-se
actualizado usando no máximo, pelo menos um ou dois ciclos anteriores de seleção da
variedade que está sendo comercializada naquele ano.
26

A semente é o insumo fundamental para o desenvolvimento da agricultura, pois é um veículo


compacto, resistente e prático, por meio do qual as cultivares são propagadas no tempo e no
espaço. É provável que seja o insumo com maior valor agregado, pois carrega a constituição
genética da cultivar, fruto de muitos anos de trabalho de pesquisa.

A semente não é grão, pois este serve para o consumo, embora as condições de produção de
grãos e sementes possam ser muito parecidas. A utilização de sementes de boa qualidade
proporcionará ao agricultor maiores possibilidades de sucesso da lavoura e,
consequentemente, da produção. A semente de boa qualidade deve ter alta germinação,
elevada pureza física (não conter impurezas) e ser livre de pragas e doenças. A semente
classificada também facilita o plantio mecanizado.
As principais vantagens do uso de sementes de qualidade são: formação de campos sem falhas
e com população de plantas adequada; melhor uniformidade do tipo, sendo a colheita
facilitada; maior resistência a pragas, doenças e ao acamamento, o que também facilita a
colheita; e maior adaptação ao solo e clima, resultando em maior produção.
Recomenda-se o uso de sementes certificadas, uma vez que o campo de produção de sementes
tem de atender a determinados padrões que garantem a sua boa qualidade. Devem ser
adquiridas sementes produzidas por empresas credenciadas e registradas, ou seja, que tenham
certificado de garantia.
O custo da semente de boa qualidade representa muito pouco para o agricultor. Na
maioria dos casos, não alcança 5% dos custos da lavoura.

O produtor de sementes deve tomar alguns cuidados que normalmente não são observados na
produção de milho para consumo, como:

Escolha do local do campo de produção

Na escolha da área para a implantação do campo de produção, seja ela coletiva ou não, devem
ser consideradas algumas características:
● Boa fertilidade;
● Livre de infestações de plantas daninhas;
● Livre de pragas;
● Livre de encharcamento;
● Não ter sido cultivada com milho nos últimos 2 anos;
● Possibilidade de se estabelecerem pontos confiáveis de aporte de água;
● Possibilidade de ocorrência de ventos predominantes.

Isolamento
Para produzir a semente própria de milho variedade é necessário manter a variedade pura.
Para evitar cruzamentos indesejáveis, o campo de produção de sementes deve estar isolado de
27

outros campo de grãos ou de outros campos plantados com outras variedades de milho, o que
pode ser feito através da diferenciação da época de sementeira ou do isolamento físico.
● Diferenciação da época de sementeira: consiste em implantar o campo para produção de
sementes no mínimo 30 dias antes ou depois de outra sementeira de milho, para evitar que a
floração das duas ocorra no mesmo período e as plantas do campo de sementes sejam
contaminadas.
● Isolamento físico: consiste em conduzir o campo de produção de sementes numa área com
pelo menos 200 a 300 metros de distância de outras lavouras de milho

Modelo de produção de sementes para uso próprio

A base do modelo é a multiplicação de sementes da classe não certificada, com origem


genética comprovada, das categorias Sementes S1 (primeira geração) e S2 (segunda geração)
para uso próprio, ou seja, o material de reprodução vegetal guardado pelas comunidades da
agricultura familiar a cada campanha para sementeira da campanha seguinte e em sua
machamba, admitindo-se a venda de excedentes, comercializáveis dentro das próprias
comunidades, conforme prevê a Lei de Sementes em vigor.

Nesse modelo inclui-se a multiplicação de variedades locais, tradicionais ou crioulas para fins
de sementeira, consideradas como tal as variedades desenvolvidas, adaptadas ou produzidas
por agricultores familiares, assentados da reforma agrária ou indígenas, com características
fenotípicas bem determinadas, reconhecidas pelas respectivas comunidades como bom
material para semeadura e que não se caracterizem como substancialmente semelhantes às
cultivares comerciais.
Independentemente dos casos, as sementes comercializáveis devem ser produzidas a partir de
materiais previamente avaliados e sem prejuízo do cumprimento das normas técnicas e dos
padrões de produção e de comercialização vigentes.

Uso de gerações avançadas de híbridos - O híbrido duplo é obtido pelo cruzamento de dois
híbridos simples.
Cada híbrido simples, por sua vez, é obtido pelo cruzamento de duas linhagens endogâmicas
A característica principal do híbrido é ter grande vigor.
Semeando -se as sementes colhidas de um hibrido e deixando-se suas plantas se acasalarem
ao acaso (2Ç1 geração) /há uma redução em torno de 48% na produção para híbridos simples,
em torno de 36% para híbridos triplos e em torno de 26% para hibridos duplos.
Devido a isso, é recomendável a compra de novas sementes todos os anos, quando o produtor
usa híbridos para o plantio.

A produção de sementes inicia-se pela semente genética, obtida por instituições de pesquisa
que se dedicam ao melhoramento genético. Essas sementes são multiplicadas, obedecendo-se
a um projeto específico denominado "Manutenção de Estoques Genéticos". A partir dai são
28

produzidas as sementes básicas que dão início à sistemática de produção de sementes


fiscalizadas.
Processo geral de produção de sementes de milho -- Semente genética - é aquela produzida
sob a responsabilidade do melhorador, mantendo-se suas características ou a pureza genética.
- Semente pré-básica - Frequentemente, a quantidade de sementes genéticas não é suficiente,
exigindo, assim, uma multiplicação, sob condições rigorosamente contratadas, resultando na
classe chamada "Semente Pré-básica"

- As sementes pré-básicas podem ser consideradas sementes básicas, porém, principalmente


no caso de linhagens ou híbridos simples, estas sementes ainda não são comerciais, porque
linhagens não são comercializadas como tal e a comercialização de híbridos simples é
antieconômica.
No caso de variedades, a semente pré-básica poderia ser comercializada normalmente, se
produzida em quantidade suficiente.
-Semente básica - é a resultante de multiplicação da semente pré-básica, sob a
responsabilidade do serviço de Produção de Sementes Básicas em áreas próprias ou através de
cooperados com fiscalização pelo SPSB.
- Semente fiscalizada - assemelha-se à semente básica, diferindo desta apenas por não haver
sido realizado controle de gerações.

Produção de Híbridos

O processo é idêntico ao geral, mas a fase de semente pré-básica é mais trabalhosa, podendo
ser dividida em, pelo menos, duas etapas.

Procedimentos:
Obter linhagens puras homozigóticas que podem ser reproduzidas. Cruzá-las e selecionar o
melhor cruzamento (híbrido), que pode ser produzido indefinidamente, uma vez que os
genótipos das linhagens podem ser mantidos e multiplicados Conjunto de genótipos (plantas)
que possuem características próprias bem definidas e sofrem cruzamento ao acaso – mantêm
suas características obtidos utilizando o mesmo princípio de gerar endogamia e hibridação
(Shull, 1909)
Fixar e reproduzir os melhores genótipos de uma população indefinidamente.

As principais etapas são:


 Obtenção de linhagens endogâmicas por meio de autofecundações sucessivas
(endogamia);
 Obtenção de híbridos por meio do cruzamento entre essas linhagens endogâmicas
(hibridação).
Linhagem:
Genótipos que possuem aproximadamente 100% dos genes em homozigose (descendentes são
plantas idênticas)
29

Como são obtidas?


Através de ciclos sucessivos de autofecundação (6 – 8 ciclos);
De onde são extraídas?
Populações, variedades sintéticas, híbridos comerciais, etc..

Ampliação das linhagens - As linhagens são semeadas em pequenos campos isolados,


afastados de quaisquer outras culturas de milho, para evitar toda possibilidade de
contaminação, por outras variedades comuns ou mesmo por outras linhagens. As sementes
obtidas destas linhagens são utilizadas para a produção de híbridos simples. Também, as
linhagens não devem ser semeadas em campos anteriormente semeados com milho e, se isto
for necessário, devesse proceder a um controle rigoroso, para se evitar a contaminação por
plantas espontâneas e atípicas.

O cruzamento de uma linha pura A com linha pura B dá origem à semente de


um híbrido simples AxB.

Produção de híbridos simples

Formação de híbridos simples - As linhagens ampliadas formarão os híbridos simples (cada


par de linhagens forma um híbrido simples), que são os materiais básicos para a formação dos
híbridos duplos comerciais.
O método para a produção de híbridos simples é o seguinte:
Em terreno isolado, quer no espaço ou no tempo (épocas diferentes de sementeira)
cuidadosamente preparado, semeia-se na mesma época alternadamente uma linha da linhagem
"A" masculina (d), por três linhas de linhagem "B" feminina e assim consecutivamente
conforme. Cada híbrido simples deve ser produzido isoladamente.
30

A sementeira via de regra, deve ser feito com semeadora a tração animal ou matara, devendo-
se tomar o máximo cuidado para evitar a mistura de sementes das duas linhagens.
Recomendam-se usar semeadoras individuais para a, linhagens masculinas e femininas.
Quando os pendões ou flexas começam a desabrochar, procede-se imediatamente à sua
eliminação completa em todas as plantas da linhagem "B", o que se faz por um simples
puxão. As plantas assim "castradas" tornam-se. Daí por diante, exclusivamente "femininas".
·As suas "bonecas" ou espigas são, portanto, polinizadas pelo pólen produzido pelos pendões
ou flexas das plantas das linhas masculinas" A" (c:').
Todas as sementes colhidas nas linhas "B" são híbridas (A X B).
Na fase de Semente Básica, são formados os híbridos duplos, a partir dos híbridos simples,
geralmente com cooperados, com fiscalização pelo SPSB. Estas sementes produzidas pelos
cooperados. são as chamadas sementes comerciais ou básicas.

Produção de Híbridos Duplos

Os campos de cruzamentos, para obtenção de sementes de híbridos duplos que se destinam


aos agricultores, são instalados similarmente ao campo de cruzamento de linhagens ("A" X
"B").
Semeiam-se dois híbridos simples: (AB) X (CD), alternadamente, na relação de machos para
fêmeas de 1: 4 ou 2:6. O híbrido simples (AB) feminino, cujas plantas serão "castradas", será
cruzado com o híbrido simples (CD) masculino.
Serão semeadas uma ou duas linhas do hibrido simples fornecedor de pólen (CD) -- linhas
masculinas e, inter-caladamente, quatro ou seis linhas do outro híbrido simples a ser castrado
(A B) - linhas femininas.

O período de tempo requerido para a castração de um campo de cruzamento é de


aproximadamente 20 a 25 dias.
O florescimento masculino das plantas se processa, quando a cultura tem cerca de 65 a 80
dias após a emergência das plantinhas. O despendoamento ou "castração" deve ser efetuado
todos os dias, durante a época de florescimento.
Com a obtenção da esterelidade citoplasmática masculina no milho novos horizontes se
abriram- para o estabelecimento dos campos de cruzamentos, para obtenção de sementes
básicas de híbridos duplos. Pelo emprego da esterilidade masculina nos campos de
cruzamentos, dispensa se naturalmente a "castração", tornando a produção de sementes
hibridas de milho mais viável e econômica.

Capitulo V

TECNOLOGIA DE IRRIGAÇÃO DO MILHO


31

Métodos e sistemas de rega


O objetivo da rega é o de fornecer água às plantas na quantidade necessária e no momento
próprio para que desse modo se obtenham níveis de produtividade adequados e inclusive,
melhor qualidade do produto final.
Designa-se por método de rega, a forma pela qual a água é aplicada às culturas, sendo quatro,
os principais métodos de rega: superfície, aspersão, localizada e subrega, sendo conhecidos
dois ou mais sistemas de rega por cada método.
Um método e um sistema de rega adequado é aquele que propicie ao agricultor, a
possibilidade de utilizar a água (um bem cada vez mais escasso e mais caro) com a máxima
eficiência, aumentando a produtividade das culturas, reduzindo os custos de produção e, desse
modo, maximizar o retorno dos investimentos feitos pelo empresário agrícola. A escolha
adequada e criteriosa do método e sistema de rega a utilizar é de extrema importância para o
sucesso das culturas e nessa escolha, vários fatores devem ser considerados. Assim, a opção
pelo método e sistema de rega a utilizar pelo agricultor deverá ser função do tipo de solo, do
clima, das culturas, da topografia, da disponibilidade de água e de energia e, das condições
sócio económicas para as quais o método e o sistema de rega devem ser adaptados.
Método de rega por superfície
No método de rega por superfície, a distribuição da água ocorre por gravidade através da
superfície do solo. Os dois sistemas de rega de superfície são em faixas e em sulcos. Neste
trabalho, apenas referiremos o método de rega por sulcos.

Sistema de rega por sulcos


Na cultura do milho, o sistema de rega por superfície mais adequado é o de sulcos que são
canais em terra, também designados por regos. Neste sistema de rega, a água é fornecida às
cabeceiras das parcelas através de regadeiras em terra ou através de tubos e escoar-se-á nos
sulcos pela ação da gravidade no sentido dos pontos de cotas mais baixas, até atingir a
extremidade dos sulcos. Como durante o escoamento há uma parte da água que se vai
infiltrando no solo, o caudal tem tendência a diminuir no sentido de jusante. O abastecimento
de água aos sulcos dá-se até que seja fornecida a dotação total de água. A partir desse
momento, fecha-se a entrada de água nos sulcos e o volume de água acumulado em cada um
deles escoa-se no sentido de jusante e vai desaparecendo da superfície do solo no sentido de
montante para jusante.
O método de rega por superfície, apresenta como vantagens relativamente a outros métodos,
um menor custo fixo e operacional, não sofre qualquer efeito do vento, apresenta um baixo
consumo de energia e necessita de equipamentos simples. Como desvantagens, é dependente
das condições topográficas do terreno, necessitando de sistematização do mesmo, a
complexidade na realização das regas é maior e se for mal planeado e mal gerido poderá
conduzir a uma baixa eficiência na utilização da água, como por exemplo se os sulcos forem
mal dimensionados. Nos solos com declive até 0,1%, os sulcos podem ser em nível ou com
pouco declive. Quando o declive for até 15%, os sulcos podem ser concebidos em contorno
ou em declive.
Método de rega por aspersão
32

No método de rega por aspersão, a aplicação de água ao solo é realizada através de


aspersores, havendo uma fragmentação do jato de água lançado sob pressão na atmosfera,
caindo sobre a cultura na forma de chuva e atingindo o solo.
Sistema de rega por aspersão convencional
Os sistemas de rega por aspersão podem ser fixos, semifixos e portáteis. Quando os sistemas
são fixos, quer as linhas principais quer as laterais permanecem na mesma posição durante a
rega de toda a área. Nos sistemas de rega por aspersão convencional semifixos, as linhas
principais estão fixas e normalmente enterradas e as linhas laterais movem-se em várias
posições ao longo das linhas principais. Nos sistemas portáteis, tanto as linhas principais
quanto as laterais são móveis.
Os sistemas semifixos e portáteis requerem mão-de-obra para mudança das linhas laterais,
sendo por isso mais adequados para áreas mais reduzidas, normalmente onde haja
disponibilidade de mão-de-obra familiar.

Sistema de rega por aspersão com canhão móvel


A rega por aspersão com canhão móvel consiste basicamente num único canhão móvel, o qual
é montado num carrinho que se desloca longitudinalmente ao longo da área a regar. A ligação
do carrinho aos hidrantes da linha longitudinal é realizada através de uma mangueira flexível
e é a pressão da água que proporciona a propulsão do carrinho. O sistema de rega por canhão
móvel consome muita energia e a sua eficiência depende em muito, do vento, havendo muitas
vezes uma deficiente uniformização na distribuição da água. Além deste aspeto negativo, as
gotas de água produzidas são de elevada dimensão, o que pode provocar crostas nos solos e
em certas culturas, a destruição de flores e a queda do pólen.

Sistema de rega por aspersão com pivô


Nos últimos anos em Portugal, o método de rega por aspersão no milho que mais incremento
tem sofrido é o sistema de rega por pivô, o qual pode ser central, linear e rebocável.
O pivô central é um sistema de rega por aspersão que gira em torno do seu próprio eixo 360o
e em que o fornecimento de água é realizado através de uma adutora e um conjunto de
motobomba, a qual bombeia água de um rio, ribeira, barragem, etc. A área a regar não deve
ser superior a 70 hectares. Este sistema é pois, indicado para regar em círculos ou em setores.
O deslocamento do pivô pode ser linear o que o torna extremamente versátil e tem o seu
rendimento máximo em áreas quadradas ou retangulares, sendo mesmo recomendado, para
áreas retangulares ligeiramente onduladas e sem obstrução.
Pelo facto de ter deslocamento frontal e todas as torres se moverem ao mesmo tempo, no pivô
linear a eficiência e a uniformidade na aplicação da água, dos fertilizantes e dos inseticidas é
maior que no pivô central, havendo uma aplicação de água muito próxima da requerida pela
cultura.
O pivô pode ser rebocável e o qual pode permitir regar áreas de mais de 120 hectares,
podendo regar dois, três ou mais campos, reduzindo desse modo, os custos da rega por
unidade de área, ou seja, permite a utilização do mesmo equipamento em áreas distintas da
33

exploração agrícola. Este sistema tornou a rega mecanizada acessível a um maior número de
agricultores, pelo facto de ser extremamente versátil e económico.
Tal como os outros métodos de rega, também o método por aspersão apresenta vantagens e
desvantagens, sendo uma das principais vantagens a facilidade de adaptação às diferentes
condições de solo e topográficas, mas também o fato deste método permitir uma maior
eficiência de distribuição da água, quando comparado com o método de rega por superfície e,
ainda, ser um método totalmente automatizado e a estrutura, como por exemplo as tubagens,
poderem ser desmontadas e transportadas para outras folhas da exploração ou para outras
explorações agrícolas onde se pretenda regar. Como desvantagens poderão referir-se os custos
de instalação, ser um método de rega que está dependente das condições climáticas,
principalmente do vento, poder facilitar o aparecimento de doenças em culturas mais
suscetíveis a doenças da parte aérea, havendo mesmo culturas que não podem ser regadas por
este método, o que não é o caso do milho e poderá interferir com alguns tratamentos
fitossanitários.

Sistema de rega gota-a-gota com gotejadores


No sistema de rega gota-a-gota com gotejadores a água é aplicada de forma pontual na
superfície do solo. Os gotejadores são instalados na linha da cultura, sobre a linha ou numa
extensão dessa mesma linha. É um sistema em que os gotejadores são sujeitos a entupimentos
frequentes e por isso será necessário que haja uma boa filtragem da água ao longo de todo o
sistema.
Cada vez é mais frequente que as linhas laterais dos gotejadores ou dos tubos porosos, sejam
enterrados de maneira que a água seja aplicada subsuperficialmente. A grande vantagem deste
sistema é a remoção das linhas laterais da superfície do solo, o que será vantajoso em termos
da transitabilidade das máquinas para a realização de diversos trabalhos, tais como aplicação
de produtos químicos, adubações, etc.

Sistema de rega gota-a-gota com fita de rega


O sistema de rega localizada gota-a-gota com fita de rega tem nos últimos anos, suscitado
interesse por parte dos produtores de milho, tendo alguns deles já adotado este sistema de rega
na cultura.
A grande vantagem da fita de rega é ter a capacidade de aplicar água à cultura mesmo com
fraca pressão desta. Além disso, a fita quando comprada pelo agricultor já vem perfurada,
com a distância entre furos pretendida. Normalmente, esta fita é substituída todos os anos,
embora muitas vezes possa ainda estar boa Além de algumas vantagens e desvantagens já
descritas anteriormente, o método de rega localizada apresenta relativamente aos outros
métodos de rega, outras vantagens e desvantagens. Uma grande vantagem da rega com
gotejadores, enterrados ou não, relativamente ao método de rega por aspersão, é que a água
aplicada não molha a folhagem ou o colmo das plantas, o que se torna de extrema importância
em culturas sensíveis a doenças da parte aérea. Mesmo, o sistema de gotejamento superficial
apresenta algumas vantagens relativamente ao gotejamento subsuperficial e que são a maior
facilidade na instalação e verificação de funcionamento do sistema, na própria limpeza e
34

substituição dos gotejadores e/ou da tubagem e também uma maior facilidade na avaliação da
área molhada. Por sua vez, o sistema de gotejamento subsuperficial, tem a vantagem de
reduzir ainda mais a evaporação da água do solo Qualquer um dos sistemas de rega localizada
apresenta relativamente aos outros métodos (superfície e aspersão), uma economia de água
por vezes, bastante significativa.

Capitulo VI

TECNOLOGIAS DE MANEIO DE CULTURAS


O objectivo principal do uso de máquinas de cultivo mecânico é para o controle de plantas
daninhas/infestantes.
1. Factores envolvidos no controle de plantas daninhas
 Tipo de sementeira
 População de plantas
 Plantas daninhas (espécies, grau de infestação e mais)

2. Métodos de controle de plantas daninhas


1. Cultural: consiste em técnicas como reduzir espaçamento, também através da
disposição das propiás plantas
2. Físico: consiste no uso de cobertura morta, choque elétrico,
3. Químico: pulverizações com produtos químicos indicados para uso na cultura do
milho.
4. Mecânico: o processo de controle de infestantes com máquinas chamadas de
cultivadores ou máquinas para cultivo de plantas daninhas, seguindo alguns princípios de
atuação:
 Escarificação superficial
 Amontoa
 Incorporação
 Corte
Tipos de máquinas para controle mecânico de plantas daninhas:

 Manuais
 Tração animal
 Motomecanizados (tem como órgãos activos discos, sulcadores, e a regulagem é feita
através da largura que compreende o espaçamento entre linhas, regulagem da profundidade
alem da velocidade de deslocação.

Controlo de infestantes em pré-emergência


Apesar do controlo de infestantes em pré-sementeira, o agricultor terá que realizar sempre um
controlo em pós-sementeira, o qual poderá ser após a sementeira e antes da cultura emergir
(pré-emergência) ou em pós-emergência da cultura e, por vezes, ambos. Os herbicidas de pré-
35

sementeira terão que ser obrigatoriamente residuais, ou seja, terão que atingir o solo e onde
manterão o seu efeito durante algum tempo, por vezes, 3 ou 4 meses ou até mais. Como a
sementeira direta implica a existência de resíduos na superfície do solo, o controlo de
infestantes torna-se difícil, pois grande parte do herbicida ficará retido nesses mesmos
resíduos (efeito “guarda chuva”), não atingindo o solo e consequentemente, não tendo efeito
nas infestantes. Assim, quando a técnica adoptada é a sementeira direta, ou mesmo a
mobilização reduzida, sistema que também implica muitos resíduos na superfície do solo, o
controlo de infestantes em pré-sementeira não fará sentido. Com a mobilização tradicional do
solo, os herbicidas de pré-emergência serão uma opção para o agricultor e neste caso, várias
substâncias ativas estão disponíveis no mercado, como por exemplo o flufenacete +
terbutilazina (Aspect) a ciprosulfamida + isoxaflutole + tiencarbazona-metilo (Adengo), etc.
Mas, com este sistema de mobilização, o agricultor terá sempre a opção mecânica para
controlar infestantes através da utilização da charrua e/ou do escarificador.

Controlo de infestantes em pós-emergência


Quando o agricultor optar pela sementeira direta, o controlo de infestantes em pós-emergência
é o mais viável, pelas razões anteriormente apontadas. Em pósemergência existem diversas
substâncias ativas que são eficazes no controlo das infestantes no milho, como por exemplo a
tembotriona + isoxadifene-etilo (Laudis), a sulcotriona (Mikado), etc. Normalmente, o
controlo em pós-emergência é efetuado 2 a 3 semanas após a emergência das culturas. O
equipamento agrícola utilizado no controlo de infestantes é o pulverizador de pressão de jato
projetado, quer o tratamento seja em pré-sementeira, pré-emergência ou pós-emergência. No
entanto, em culturas de entrelinha larga como o milho, será possível aplicar o glifosato em
pós-emergência, desde que seja utilizado o pulverizador de campânulas.

Capitulo VII

ALGUMAS DAS PRINCIPAIS DOENÇAS E PRAGAS NO MILHO


A rotação de culturas é uma das principais práticas culturais para o controle de pragas e
doenças.

Doenças
Chephalosporium maydis
É um fungo que entra na planta através das raízes quando o milho é muito jovem, destruíndo
integralmente a planta em 2 ou 3 dias. Os sintomas aprecerem em finais de Julho ou Agosto,
dependendo da data de sementeira. Além das folhas secarem, outro sintoma da doença é a
maçaroca dobrar-se para baixo, acabando o ciclo cerca de um mês mais cedo que o devido. O
milho não consegue encher o grão, originando um peso de mil grãos muito baixo e
consequentemente uma redução significativa da produtividade da planta. Quanto mais cedo
for o ataque mais prejuízos provoca. O ataque é mais grave em solos arenosos e condições de
excesso de humidade, ou seja, em primaveras mais chovosas é de esperar uma maior
36

incidência da doença. Não existem atualmente tratamentos para esta doença, sendo a única
solução semear mais cedo, milhos de ciclos mais longos e arranjar variedades mais resistentes
a este fungo.

Cercosporiose (Cercospora zeae-maydis)


A cercosporiose é uma doença foliar do milho causada por um fungo e os sintomas
caracterizam-se pela existência de manchas de cor cinzenta, normalmente retangulares,
estando as lesões paralelas às nervuras. Com o desenvolvimento dos sintomas, pode ocorrer
necrose de todo o tecido da folha. A melhor maneira de reduzir a doença é a utilização de
variedades resistentes, evitar deixar os resíduos da cultura do milho no solo, fazer rotação de
culturas, por exemplo com o sorgo e o girassol que não são culturas hospedeiras e realizar
adubações de maneira que não haja desequilíbrios nutricionais nas plantas, principalmente na
relação azoto/potássio

Ferrugem - Puccinia sorghi


A ferrugem é uma doença causada pelo fungo Puccinia sorghi que produz uredosporos,
inicialmente de cor alaranjada e que posteriormente evoluem para acastanhados, elipsoidais
de dois a quatro centímetros de diâmetro na página superior e inferior das folhas, nas brácteas
e no colmo. Em ataques mais severos esta doença provoca o dessecamento das folhas.

Fusariose da espiga - Fusarium graminearum (Gibberella zeae), F.moniliforme (G.


moniliformis)
Este fungo provoca a descoloração das brácteas, ficando posteriormente avermelhadas ou
apresentando-se com uma tonalidade rosada. A espiga fica colada às brácteas por micélio
esbranquiçado e dá-se o desenvolvimento de massa micelial cotonosa, na extremidade ou em
toda a espiga, com formação de esporodóquios (cor branca, salmão, rosa ou vermelho). Este
fungo inviabiliza as maçarocas comercialmente, causando por isso, graves prejuízos.

Helmintosporiose
Esta doença pode ser provocada pelos fungos Exserohilum turcicum
Bipolaris maydis, Cochliobolus heterostrophus– teleomorfo e Setosphaeria turcica-
teleomorfo. Estes fungos provocam lesões de cor parda e de forma ovolada, até 10 mm de
comprimento, espalhadas pelas folhas, podendo até afetar as brácteas e as espigas com lesões
necróticas (raça T), provocando manchas no campo de milho e antes da fase de grão pastoso
as folhas ficam completamente secas podendo cair se o ataque for forte.

Pragas
Broca (Sesamia nonagrioides Lef.)
A broca do milho pertence à classe dos insetos, à ordem dos lepidópteros e à família
Noctuidae. Os ataques a plantas muito jovens, normalmente provocam a morte das folhas
centrais. Os danos aprecem em manchas nas searas. Nas plantas atacadas, asfolhas murcham e
as plantas acabam por quebrar devido às galerias escavadas pelas larvas no interior do colmo.
37

As maçarocas podem também ser atacadas causando a destruição quantitativa e qualitativa da


produção de milho.

Nóctuas ou roscas - Agrotis sp.


As principais espécies de roscas que causam estragos no milho são Agrotis ipsilon (Hufnagel)
e Agrotis segetum (Denis & Schiffermüller), pertencentes à ordem dos lepidópteros e família
Noctuidae. As larvas de Agrotis ipsilon alimentamse das folhas, mas são frequentes os
estragos estenderem-se ao pé da planta, ao nível do solo, provocando o seu emurchecimento e
morte. Uma só larva pode destruir várias plantas. Mostram-se dependentes das condições
climáticas as quais influem nas migrações e viabilidade dos ovos. Os ataques de Agrotis
segetum, apesar das larvas serem muito vorazes, aparecem de uma forma dispersa no campo,
enquanto os ataques de Agrotis ipsilon aparecem de uma forma massiva e brutal, em regra,
seguidos da sua migração.

Afídeos - Aphididae spp.


Afídios são homópteros da superfamília Aphidoidea e são vulgarmente designados por
piolhos ou pulgões. Destes, os mais prejudiciais à cultura do milho são Sitobion avenae, A.
metopolophium e Rhopalosiphum maidis. Os afídeos além de produzirem melada, que dá
origem ao aparecimento de fumagina, também provocam o enrolamento e a deformação das
folhas, que ficam com aspeto encarquilhado. As flores e os frutos também podem ser
atacados. Se a intensidade de ataque desta praga for elevada a cultura pode sofrer perdas
diretas na sua produção. São importantes vetores de diversos vírus.

Pragas do armazém
Pragas primárias: são aquelas que atacam sementes e grãos inteiros e sadios e, dependendo da
parte que atacam, podem ser denominadas pragas primárias internas ou externas. As primárias
internas perfuram as sementes e nestas penetram para completar seu desenvolvimento.
Alimentam se de todo o tecido de reserva da semente e possibilitam a instalação de outros
agentes de deterioração.
Exemplos dessas pragas são as espécies Rhyzopertha dominica, Sitophilus oryzae e S.
zeamais. As pragas primárias externas destroem a parte exterior da semente e, posteriormente,
alimentam se da parte interna sem, no entanto, se desenvolverem no interior da mesma.

b) Pragas secundárias: são aquelas que não conseguem atacar sementes e grãos inteiros, pois
dependem que estes estejam danificados ou quebrados para deles se alimentarem. Essas
pragas ocorrem nas sementes quando estão trincados, quebrados ou mesmo danificados por
pragas primárias, e geralmente ocorrem durante o período de recebimento ao de
beneficiamentodos lotes de sementes. Como exemplo,
cita-se as espécies Cryptolestes ferrugineus, Oryzaephilus surinamensis e Tribolium
castaneum.
Existem dois principais grupos de pragas que atacam as sementes armazenadas, que são
besouros e traças. Entre os besouros encontramse as espécies: R. dominica, Sitophilus oryzae,
38

S. zeamais, Acanthoscelides obtectus, Lasioderma serricorne. As espécies de traças mais


importantes são: Sitotroga cerealella, Ephestia kuehniella e Ephestia elutella. Entre essas
pragas, R. dominica, S. oryzae e S. zeamais são as mais preocupantes economicamente e
justificam a maior parte do controle químico praticado nos armazéns. Além dessas pragas, há
roedores e pássaros causadores de perdas, principalmente qualitativas, pela sujeira que
deixam no produto final, que também devem ser considerados no manejo integrado de pragas
(MIP).
Rhyzopertha dominica (Coleoptera,Bostrichidae)
Besourinho dos cereais Os adultos são besouros de 2,3 a 2,8 mm de comprimento, coloração
castanho escura, corpo cilíndrico e cabeça globular, normalmente escondida pelo protórax
Essa praga primária interna possui elevado potencial de destruição em sementes e grãos de
trigo, arroz, milho, cevada, aveia, centeio e triticale, pois é capaz de destruir de 5 a 6 vezes
seu próprio peso em uma semana. É a principal praga na armazenagem, em razão da
incidência e da grande dificuldade de se evitar os prejuízos que causa aos produtos.
Deixa as sementes perfuradas e com grande quantidade de resíduos na forma de farinha,
decorrentes do hábito alimentar. Tanto adultos como larvas causam danos às sementes
armazenadas. Possui grande número de hospedeiros, e adapta-se rapidamente às mais diversas
condições climáticas sobrevivendo mesmo em extremos de temperatura
Sitophilus oryzae e S. zeamais (Coleoptera, Curculionidae)
Gorgulhos dos cereais Essas duas espécies são muito semelhantes em caracteres morfológicos
e podem ser distinguidas somente pelo estudo da genitália. Ambas podem ocorrer juntas no
mesmo lote de sementes, independentemente da espécie de semente onde é encontrada.
É praga primária interna de grande importância, pois pode apresentar infestação cruzada, ou
seja, infestar sementes no campo e também no armazém, onde penetra profundamente na
massa de sementes. Apresenta elevado potencial de reprodução, possui muitos hospedeiros,
como trigo, milho, arroz, cevada, triticale e aveia. Tanto larvas como adultos são prejudiciais
e atacam sementes inteiras. A postura é feita dentro da semente; as larvas, após se
desenvolverem, empupam e se transformam em adultos. Os danos decorrem da redução de
peso e de qualidade física e fisiológica da semente.

Sitotroga cerealella (Lepidoptera, Gelechiidae) traça dos cereais Os adultos são mariposas
com 10 mm a 15 mm de envergadura e 6 a 8 mm de comprimento. As asas anteriores são cor
de palha, com franjas, e as posteriores são mais claras, com franjas maiores. Vivem de 6 a 10
dias.
É praga que ataca sementes intactas (primária), porém afeta mais a superfície do lote de
sementes. As larvas destroem a semente, alterando o peso e a qualidade. Também ataca as
farinhas, nas quais se desenvolve, causando deterioração de produto pronto para consumo.
Ephestia kuehniella e E. elutella
(Lepidoptera, Pyralidae) traças As duas espécies são muito semelhantes. Os adultos são
mariposas de coloração parda, com 20 mm de envergadura, com asas anteriores longas e
estreitas, de coloração acinzentada, com manchas transversais cinza-escuras.
As asas posteriores são mais claras. A fêmea oviposita de 200 a 300 ovos.
39

São pragas secundárias, pois as larvas se desenvolvem sobre resíduos de grãos e de farinhas
deixados pela ação de outras pragas. Seu ataque prejudica a qualidade das sementes
armazenadas, em razão da formação de uma teia sobre a massa de sementes ou mesmo nas
sacarias durante o armazenamento.
Penetra no interior das pilhas de sementes, fazendo a postura nas costuras da sacaria ou bags.
Esta praga é responsável pela grande quantidade de tratamentos em termonebulização nas
UBS, durante o período de armazenamento dos lotes de semente.

Métodos de Controle
O controle dessas pragas depende praticamente de três métodos de controle: inseticidas
químicos líquidos (tratamento preventivo), inseticida natural à base de terra de diatomáceas
(tratamento preventivo), e o expurgo das sementes com o inseticida fosfina (tratamento
curativo). Estes três métodos podem ser usados isoladamente ou em combinação, usando mais
de um em cada UBS.
Armazenamento hermético
Armazenamento hermético: O armazenamento em ambiente hermético é também uma
alternativa não química para o armazenamento de grãos secos a granel. Neste sistema não há
renovação do ar, e o grão, através de sua atividade respiratória, consome todo o oxigênio
disponível. Na ausência de oxigênio os insetos não sobreviverão e os fungos não se
multiplicarão e, portanto, não haverá nenhum dano aos grãos durante todo o período de
armazenagem. O mercado hoje oferece um produto chamado “SILO BAGR” que é
constituído de uma máquina para transporte de grãos e uma bolsa plástica que fecha muito
bem, criando um ambiente hermético.

Capitulo VIII

TECNOLOGIAS COLHEITA E POS-COLHEITA


Apesar das medidas de controlo actualmente utilizadas pelos pequenos agricultores em
Moçambique para a gestão de pragas armazenadoras, S. zeamais e P. truncatus continuam a
devastar o milho armazenado sem protecção adequada e os agricultores continuam a perder a
maior parte dos seus produtos. A resistência de plantas hospedeiras é uma solução atraente
para reduzir as perdas pós-colheita em pequenos agricultores e variedades resistentes de milho
para S. zeamais e P. truncatus foram desenvolvidas em outros países, incluindo o Quênia, o
Zimbábue e a Etiópia. Combinando com métodos de armazenamento eficazes pode ter grande
impacto sobre a segurança alimentar rural.

Colheita de milho

A colheita deve ser efectuada quando o grão atinge um teor de humidade que facilita a
secagem. A colheita com humidade elevada exigira maior tempo de secagem com riscos de
deterioração do produto. Acolheita muito tardia expõe o milho a chuva e ataque de gorgulho.
40

A colheita pode ser efectuada manual ou mecanicamente, dependendo da área e as


possibilidades do agricultor. Na colheita manual, retira-se a espiga do caule com a mão sem
utilização de um instrumento, sendo esta armazenada com ou sem palha. A colheita
mecanizada é efectuada por auto combinadas que colhem o grão, existindo aquelas que
colhem espigas. Elas normalmente são constituídas por uma unidade de apanha, de debulha,
de limpeza, de armazenamento e um sistema de controlo.
Para alcançar boa qualidade de milho é preciso colher a tempo, quando o milho estiver
relativamente seco (maturação fisiológica) ou o milho tenha alcançado o óptimo grau de
desenvolvimento dos grãos. A colheita não pode ser demasiado cedo ou tarde porque o milho
fica de menor qualidade.

Secagem do milho

A secagem é uma das operações chave de pós-colheita dado que todas operações
subsequentes dependem desta. A secagem começa no campo e continua no celeiro ou
armazém. No campo o produtor deve abrir várias espigas de forma aleatória para observar a
secagem devida dos grãos. Geralmente é necessário manter o milho colhido durante um certo
tempo em lugar bem ventilado e a sombra, para que baixe a humidade do grão ou para que
termine o processo de secagem.

O armazenamento dos grãos deve ser feito quando estes tiverem 13% de humidade, num lugar
fechado ou ensacado, desinfestado para poder conservar os grãos por mais tempo, pois, o
milho é facilmente atacado por gorgulho do armazém, causando terríveis perdas dos grãos. O
armazém ou o celeiro deve ter estrados de madeira para não deixar a produção em contacto
com humidade do chão ou das paredes do armazém. Deve ser um lugar seco com boa
ventilação vigiado de ratos, insectos e doenças e proteger do calor intenso. A falta de
observância destes procedimentos pode resultar em grandes perdas.

Para evitar perdas excessivas de milho deve-se assegurar as seguintes condições:


 Guardar somente o milho limpo e pré-selecionado (eliminar todo aquele milho que se
mostre com alguma sintoma de doença ou deformação). Nalguns casos o milho é guardado
ensacado ou a granel. Seja como for o armazenamento a embalagem deve estar limpa e
desinfectada para evitar a contaminação do grão e a perda paulatina da sua qualidade e
quantidade.

 O armazém deve ser um local que fique bem fechado a fim de evitar as perdas por
roubos ou consumo por animais domésticos ou se deteriorem. O local deve proporcionar o
milho guardado as condições que limitem no máximo o processo biológicos dentro dele
(porque são matérias vivas que respiram e podem perder a sua capacidade de germinação ou
poderem alterar a sua composição química).

Antes de armazenar, deve-se preparar o local para evitar a entrada de chuva, limpar e
desinfectar tudo cuidadosamente, assegurar a ventilação para que o armazém não se
41

transforme num centro de reprodução de pragas e doenças. É importante controlar o estado do


produto guardado e retira-lo sempre que mostre sinais de perda da qualidade.

Condições a observar no armazém

Humidade: O estado de um produto que contém água quando a quantidade desta nele contida
não é tão óbvia. Assim, quando um produto contém água, mas não parece tê-la, usa-se a
palavra humidade para descrever esse estado.
Por exemplo, o grão dos cereais pode não parecer conter água, mas ainda a contém. A água
contida no grão é denominada humidade. Este mesmo grão pode conter diferentes níveis de
humidade; quando o grão acaba de ser colhido, contém ainda muita humidade, mas, à medida
que seca no campo, perde alguma quantidade de água, pelo que o teor de humidade torna-se
mais baixo.
O ar contém também humidade, sob a forma de vapor. O ar pode ainda conter diferentes
teores de humidade conforme o estado do tempo. Por exemplo, quando o ar está quente, pode
conter mais humidade do que quando está frio. Assim, à noite, quando o tempo arrefece,
especialmente depois de numa tarde bem quente, o ar, não podendo conter toda a humidade
que continha quando estava quente, deixa que o excesso de humidade caia sob a forma de
cacimba, sobre as plantas e objectos.

Temperatura: Trata-se do estado de calor ou frio de um objecto. Quando falamos do estado


de calor ou frio do ar à nossa volta, falamos de temperatura do ar. Objectos como os grãos de
cereais ficam quentes quando é aplicado calor, e frios quando o calor é removido. A
temperatura é geralmente medida com o termómetro. O termómetro é geralmente marcado em
graus centígrados (°C).

Humidade relativa: É medida em percentagem da quantidade de humidade actualmente


existente no ar num particular momento, comparado com a quantidade máxima de humidade
que esse ar pode conter àquela temperatura. O ar nem sempre contém toda a humidade que
pode conter. Quando o ar contém tanta humidade tanto quanto aquela que pode conter, diz-se
que a humidade relativa é de 100%- assim, a chuva está prestes a cair. Mas, quando este
contém menos humidade, o valor é menor do que 100% (80%, por exemplo), podendo o ar
ainda conter mais humidade.

Energia solar: Trata-se do calor produzido pelo sol.


Hermeticamente fechado: Fechado de tal modo que o ar não possa entrar nem sair.

A importância dos celeiros na conservação e comercialização dos produtos agrícola

Em Moçambique e particularmente no meio rural, grande parte do grão produzido pelo


camponês e pelo pequeno agricultor é guardado para o consumo da farrúlia ou para ser
comercializado, devendo ser armazenado em celeiros. Os celeiros podem tomar variadas
42

formas, desde silos a grandes recipientes de barro ou palha, casas ou compartimentos de uma
casa de habitação rural e tamanhos variados. Os celeiros podem também conter os cereais
e/ou os legumes em forma de espigas ou vagens secas, respectivamente, ou em forma de
grãos, isto após a debulha e a limpeza das espigas. Os produtos agrícolas, base da nossa
alimentação, são produzidos fundamentalmente pelos camponeses e pequenos agricultores.
Estes dependem exclusivamente dos produtos da agricultura para o seu sustento e aquisição
de bens e serviços, que só podem adquirir se tiverem dinheiro.
As perdas dos produtos agrícolas após a colheita são comuns. Produtos como os frutos e
assim que amadurecem, têm de ser colhidos, consumidos ou vendidos tão depressa quanto
possível. O que não é consumido nem vendido apodrece e é deitado fora. Comparativamente,
os tubérculos e as raízes frescas que não sejam logo usadas deterioram-se e são também
jogadas fora. Por outro lado, o grão dos cereais e dos legumes (feijões), que são colhidos
quando maduros e secos e podem ser armazenados por períodos de tempo mais longos, são
susceptíveis ao ataque de insectos, ratos e crescimento de bolores.
Em qualquer um dos três tipos de produtos, as perdas e as deteriorações dos produtos
significam, para o camponês e para o pequeno agricultor, que trabalhou tão duramente para os
produzir, menos alimentos e nutrientes para a família, bem como menos dinheiro arrecadado
pela venda dos produtos produzidos. Nestas condições, também o valor dos produtos no
mercado e a aceitação dos mesmos pelo consumidor são muito baixos.
Assim, o camponês, o pequeno agricultor e o comerciante de produtos agrícolas, em qualquer
nível da cadeia de comercialização, precisam não só de minimizar as perdas mas também de
vender os produtos a preços mais altos. Assumimos, pois, que isto significa colocar o produto
no mercado mais conveniente e vendê-lo também no momento e a preço mais conveniente.

Principais celeiros utilizados para armazenamento: celeiros tradicionais, melhorados e sacos


de junta:
Celeiros tradicionais: baixa ventilação, normalmente armazenada com palha, o milho
permanece muito tempo no campo para secar, não é seguro contra roedores e gorgulho.

1. Silos de barro ou celeiros melhorados


Uso
Para reduzir o nível de perdas e aumentar o período de conservação dos cereais e permitir que
em períodos de carência alimentar haja disponibilidade de alimentos, bem como a
possibilidade de venda a melhores preços, existe agora uma nova tecnologia que é eficaz na
conservação dos cereais para o sector familiar. São os silos de barro ou celeiros melhorados,
que permitem guardar sem perigo de perda o milho e a mapira que a família consome durante
o ano e lhe dá oportunidade de vender o seu produto na época de maior procura por um preço
mais elevado.

Construção
Materiais, como cimento, varas de ferro, arame, estacas, cadeados.
43

A comparticipação do dono do celeiro é na produção dos tijolos de barro e da cobertura do


celeiro.

Benefícios do celeiro melhorado?


Os celeiros recomendados pelo sector de agricultura têm a capacidade de 1ton, o que
corresponde a 72 latas de milho (em média, esta quantidade de milho é colhida numa área de
1ha). Comparemos as receitas do milho vendido logo depois da colheita com as do milho
armazenado no celeiro melhorado e vendido lá para o fim do ano:
• Depois da colheita (Março/Abril), o milho custa cerca de 170,00 Mt a lata, isto é,
aproximadamente 122400,00 Mt/ton;
• No fim do ano o milho é comprado a 400 - 500,00 Mt a lata, o que corresponde a
aproximadamente 28800,00 Mt a 36000,00 Mt/ton.
Por exemplo, quem tinha em 2019.

Especificações técnicas dos celeiros melhorados


• Capacidade do celeiro: 1 tonelada (72 latas de milho de 20 litros)
• Base circular: de betão armado, espessura 6-7 cm, diámetro 130 cm
• Cobertura circular: betão armado, espessura 5 cm, diâmetro 130 cm
• Parede circular: tijolos burro trapezoidais, secados ao ar
• Altura da parede circular: 185 cm
• Altura interior do celeiro: 180 cm
• Maticação de barro da parede circular por fora e por dentro
• Postigo de carga e de manutenção 35 x 50 cm, fechável a cadeado
Janela de descarga de cimento, 10 x 15 cm, fechável a cadeado
• Machessa ou alpendre de protecção

2. Espigueiros ou celeiros feitos de paus, bambus ou palha (celeiro tradicional)


Uso
Os espigueiros ou celeiros de paus, bambus ou palha são também especificamente usados para
o armazenamento de cereais em espigas, isto é, cereais não debulhados.
Têm as vantagens de serem de fácil construção e de muito baixo custo, mas as desvantagens
de serem de difícil manejo, permissíveis aos ataques de gorgulhos, ratos e outros, de terem
pouca durabilidade e terem um período de conservação limitado e curto.

Construção do celeiro
O celeiro deve ser construído:
• Afastado da machamba para evitar que os insectos e ratos passem da machamba para o
celeiro após a colheita e do celeiro para a machamba.
• Num local limpo de capim e sujidades para não atrair ratos e insectos.
• Sem ramos de árvores por cima para evitar que os ratos saltem para o celeiro.

Partes do celeiro tradicional (palha, bambu, estacas e outras)


44

Base do celeiro
Para construir um celeiro tradicional melhorado, monta-se a base do celeiro mais elevada,
colocando-se protecções contra ratos a um metro de distância do chão em cada uma das
estacas.

Corpo do celeiro
O celeiro tradicional melhorado deve ter o seu corpo completamente maticado por dentro e
por fora, por baixo e por cima, para evitar a entrada de insectos, ratos e outros animais.
O corpo do celeiro pode ser feito de diversos materiais, como bambu, tijolos, estacas ou
qualquer material usado localmente; deve possuir uma portinhola de entrada para a limpeza e
enchimento (uma vez o celeiro cheio deve-se cobrir e maticar a porta de entrada) e uma de
saída para retirar o produto durante o ano (fechar sempre após utilização).

Cobertura do celeiro
O celeiro tradicional melhorado deve levar uma cobertura mais larga do que a normal de
forma a proteger o celeiro da água da chuva durante o período de ventos fortes.
A cobertura pode ser amarrada às estacas existentes; quando há necessidade de novas estacas,
estas devem levar protecção contra ratos da mesma altura que as outras protecções.

Técnicas simples que podem ser usadas para melhorar a sua eficiência
Os espigueiros são muito eficazes, particularmente para o armazenamento do milho. Contudo,
podem ser melhorados com a aplicação das seguintes medidas:
Construir armadilhas contra os ratos, sobre as pernas de suporte da plataforma para prevenir o
ataque de ratos.
Pintar as pernas de suporte da plataforma com óleo queimado, incluindo a parte da altura da
perna que está enterrada no solo para controlar o ataque das térmitas.

3. Cestos ou estruturas feitas de cordas, bambu ou palha entrançados


Uso
Os cestos são usados especificamente para o armazenamento de grãos, isto é, de cereais
depois de debulhados, limpos e secos.
Construção
Os cestos são feitos de material disponível localmente, geralmente cordas, bambu ou palha
entrançados. São geralmente feitos em forma arredondada ou rectangular e colocados sobre
plataformas simples.
Os cestos são compostos, geralmente, por duas partes: a secção principal, que constitui o
corpo do cesto e onde se coloca o grão e a parte superior, que é a tampa do cesto. Em cima
desta tampa, os cestos levam um tecto, geralmente feito de bambus e coberto de capim ou
chapas de zinco.
A plataforma que sustém os cestos pode ter de meio a um metro de altura.
45

Os cestos podem durar de um a dois anos, mas podem durar mais tempo se forem feitas as
substituições das cordas nas partes danificadas. A capacidade dos cestos pode variar de 200 a
800 kg de milho, após a debulha.
Os cestos de armazenamento do grão devem ser guardados dentro da casa de habitação ou
numa das casas para a protecção e segurança.
Para facilitar a descarga de grão, deve-se inserir uma lata vazia, aberta dos dois lados, na base
do cesto. A parte da lata que sobressai do cesto pode ser amarrada com plástico ou tapada
com uma rolha, que pode ser retirada sempre que se deseja.

Técnicas simples que podem ser usadas para melhorar a sua eficiência
• Os cestos podem ser maticados por fora com terra, barro ou estrume de vaca, para tomá-los
herméticos e desencorajar insectos.
• Inspecionar os grãos armazenados em cada 6 a 8 semanas, para garantir que o grão é
armazenado em boas condições e remover do cesto, limpar e ressecar, tanto o grão como o
cesto antes do re-armazenamento.

4. Celeiros metálicos
Uso e construção
Os celeiros metálicos são usados especificamente para o armazenamento de grãos, isto é, de
cereais depois de debulhados, limpos e secos e por um período longo, geralmente superior a
seis meses.
Têm sido feitos silos metálicos a partir de chapas de zinco, geralmente com l mm de
espessura.
Têm duas aberturas: uma no topo para enchimento e outra na base para descarga.
Os silos metálicos estão sujeitos a variações de temperatura e humidade, o que pode danificar
os cereais se não houver cuidado no seu armazenamento.

Melhorar a conservação dos produtos


Estima-se que, após o árduo trabalho na machamba, o camponês do sector familiar sofre em
média uma perda de 30 a 40% dos cereais que produz. Esta perda dá-se, principalmente,
durante o período de secagem dos produtos na machamba e de armazenamento nos celeiros.
Os cereais ao serem armazenados estão vivos e são afectados pela chuva, por insectos,
pássaros, macacos, ratos ou fungos. Da mesma forma que o ser humano e os animais
domésticos se protegem das agressões do meio ambiente, temos de proteger os cereais da
humidade, dos insectos e dos animais selvagens.

Em Moçambique, o milho é a principal cultura e a mais armazenada em celeiros. Daí a


importância dada nesta metodologia de conservação. Para se evitar tais perdas é necessário
que se tomem certas medidas, a saber:

Na machamba
Colher na época certa
46

O tempo de permanência do produto na machamba deve ser o menor possível, para evitar o
ataque dos insectos, pássaros e animais selvagens; portanto, colher o produto logo que esteja
seco ou, então, logo que esteja maduro, deixando-o secar junto de casa.

Defender da humidade
Na cultura do milho, por exemplo, quando este fica a secar na machamba, virar a maçaroca
para baixo, para evitar que a água da chuva penetre e provoque a infestação de fungos.

Outras
Semear na época certa para que a colheita seja feita no período seco. Escolher as sementes de
variedades de milho cujas maçarocas tenham ficado totalmente cobertas com a camisa para
evitar que a chuva e os insectos atinjam os grãos. Fazer a rotação de culturas para evitar que
os insectos se multipliquem na machamba em campanha.

Limpar o celeiro
• Limpar e manter livre do capim um espaço de pelo menos 5 metros à volta do celeiro, para
evitar a aproximação de animais e insectos.
• Entre uma campanha e outra, esvaziar o celeiro. Usar fumo para afugentar os insectos que
podem ter ficado no interior, para que estes não ataquem os produtos da nova colheita.

Seleccionar o produto antes de armazenar


• Armazenar somente os produtos livres de insectos e fungos, para evitar a sua introdução e
reprodução dentro do celeiro.
• Certificar-se de que os produtos estão bem secos para evitar o aparecimento e o aumento de
insectos e fungos.
• Guardar os produtos livres de impurezas e de grãos quebrados.
• O produto atacado que não é aproveitável para o consumo deve ser queimado para
destruição dos ovos e insectos que aí existam.
• Verificar regularmente o estado do produto dentro do celeiro e, em caso de existência de
insectos ou fungos, deixar o produto ao sol para afugentar os insectos e reduzir a humidade.
• Plantar eucaliptos no quintal para afugentar os insectos.
• Colocar camadas de folhas de eucaliptos nos celeiros para afugentar os insectos ou misturar
piripíri, tabaco, cinza aos produtos no celeiro.
• Utilizar cães e gatos para eliminar os ratos.
• Construir um novo tipo de celeiro.
5. Armazenamento do grão em sacos
Uso
Os sacos são geralmente usados para o armazenamento do grão de cereais, particularmente
quando este se destina à comercialização e/ou transporte. Note-se que, grande parte do grão
produzido pelos camponeses e pequenos agricultores acaba nas mãos dos comerciantes, por
quem é comercializado e geralmente armazenado em sacos.
47

Construção/Material
Os sacos podem ser feitos de algodão, juta, sisai ou ráfia. Contudo, por causa da porosidade
dos materiais (dos espaços entre as malhas), estes não protegem o grão armazenado da
humidade do ar, dos insectos e dos roedores; e consequentemente, o grão é facilmente atacado
por bolores, insectos e roedores.
Note-se também que a armazenagem em sacos é ligeiramente mais cara, porque os próprios
sacos são caros e não duram mais de duas épocas de colheita. Contudo, apresenta a vantagem
de os sacos poderem ser facilmente movidos e marcados para identificar o tipo de grão e data
de armazenamento.
O grão pode ser facilmente usado, sem, todavia, ser necessário expor todo o lote de grão
armazenado, como também não precisa de estruturas especiais de armazenamento.

Técnicas simples que podem ser usadas para o armazenamento dos grãos em sacos
• Secar bem o grão (até cerca de 11-13% de humidade).
• Lavar, ferver e secar os sacos antes de voltar a usá-los.
• Depois de enchidos e selados, os sacos devem ser empilhados sobre plataformas para
impedir que absorvam humidade do chão e permitir a circulação do ar em baixo e entre os
sacos.
• Inspecionar semanalmente os sacos para garantir que o grão é armazenado em boas
condições. Inspecionar o saco significa: abri-lo, meter a mão na massa de grão e avaliar a
temperatura, a humidade, o cheiro e cor do grão, bem como, inspecionar a existência de furos
causados por insectos ou ratos.
• Armazenar os sacos em local seco, fresco e livre de rachas e buracos no tecto, chão e
paredes.
Antes de armazenar o grão da nova colheita, remover do armazém todos os sacos da colheita
anterior e limpar completamente o armazém.
• Em caso de infestação do grão dos sacos da colheita, abrir todos os sacos, peneirar para
remover insectos, queimar os insectos e o grão severamente infestados e secar o grão ao sol
antes de ensacá-lo de novo.

Outros tipos de recipientes usados para o armazenamento do grão


Outros tipos de recipientes incluem os potes de barro, as cabaças e frascos/garrafas. Contudo,
como estes não são suficientemente grandes para armazenar grandes quantidades de grão são
geralmente usados para armazenar sementes.

6. Celeiros melhorados: bem ventilados, permite colheita precoce, evita roedores, baixo
custo;
7. Armazém: requer secagem inicial do milho; armazenamento do milho em sacos,
permite fumigar para controle de insectos;
8. sacos de junta: fácil manusear; bem ventilado, requer milho seco, fácil controlo de
roedores; fácil transporte
48

9. Armazenamento hermético: O armazenamento em ambiente hermético é também


uma alternativa não química para o armazenamento de grãos secos a granel. Neste sistema
não há renovação do ar, e o grão, através de sua atividade respiratória, consome todo o
oxigênio disponível. Na ausência de oxigênio os insetos não sobreviverão e os fungos não se
multiplicarão e, portanto, não haverá nenhum dano aos grãos durante todo o período de
armazenagem. O mercado hoje oferece um produto chamado “SILO BAGR” que é
constituído de uma máquina para transporte de grãos e uma bolsa plástica que fecha muito
bem, criando um ambiente hermético .

Processamento do milho

O processamento e a armazenagem constituem as atividades pós-colheita a serem


desenvolvidas na unidade de processamento com a finalidade de limpar, classificar (separar
por tamanho) e tratar as sementes vindas do campo de produção para serem armazenadas até
o seu uso nos plantios futuros.
O processamento começa quando da entrada na UBS das espigas pré–selecionadas e secas ao
sol, dando início à seguinte sequência de atividades: recepção/seleção – debulha/trilha –
classificação – avaliação da qualidade – tratamento – embalagem – armazenamento.

Recepção/seleção: tem início com a seleção das espigas e a eliminação das sementes da ponta
e da base das espigas.
● Debulha/trilha: pode ser realizada manualmente, recomendada para pequenas quantidades,
ou com emprego de debulhador motorizado para quantidades maiores. Por decisão da
comunidade ou se as condições de campo não permitirem, a trilha poderá ser realizada na
Unidade, manualmente, ou com uso de trilhadeira mecânica, procurando evitar danos
mecânicos às sementes.
 Classificação das sementes: a separação por tamanho (largura) e formato, com o uso
de peneiras específicas, é essencial para os agricultores que fazem o plantio com tração
mecânica ou animal. O processo de classificação pode ser realizado com o auxílio de peneiras
manuais ou com emprego de máquinas de classificação, com troca das peneiras segundo o
formato das sementes. Tanto em peneiras manuais como na máquina de classificação, as
sementes são separadas em frações compostas de sementes redondas, sementes peneira 24
(maior), sementes peneira 22 (média) e sementes peneira 20 (menor). As frações de sementes
que forem separadas deverão ser ensacadas e arrumadas por lotes no local destinado ao
armazenamento.
Imediatamente após a separação por lotes, deve ser realizada a coleta de amostras de cada um
dos lotes formados, que serão encaminhadas ao laboratório para a realização de análises que
determinarão a qualidade fisiológica das sementes de cada lote: pureza, germinação, vigor e
infestações, entre outros indicadores.
 Embalagem: as sementes devem ser acondicionadas em embalagens semipermeáveis
que permitam a troca de ar. Para o armazenamento de grandes quantidades, elas podem ser
49

guardadas em sacos novos de papel, aniagem ou polipropileno trançado. Em quantidades


pequenas, podem ser guardadas em latões ou tonéis previamente limpos e convenientemente
fechados.
 Expurgo: após a embalagem das sementes, deve ser feito o expurgo com o emprego
de fosfina, produto encontrado no mercado na forma de pastilhas de 3g para expurgo em
sacos de 60 kg (duas pastilhas para um lote de 15 a 20 sacas), ou em comprimidos de 0,6g
para expurgo de sementes ensacadas ou a granel em tonéis (dois a três comprimidos para lotes
de três a quatro sacas ou para cada tonel).
O local do expurgo deve ser plano, preferencialmente com piso de cimento ou terra batida.
Dar preferência a local coberto para proteção contra a chuva e umidade.
Determinado o volume das sementes a serem expurgadas e arrumadas no local destinado ao
expurgo, cobri-las com a lona de expurgo (lona específica e apropriada), de modo a sobrarem,
no mínimo, 20 a 30cm em todas as laterais. Fechar as partes laterais da lona com rolos feitos
de lona plástica e cheios com terra fina ou areia para não permitir a saída de ar.
Deixar duas aberturas pequenas nos cantos, em lados opostos. Colocar a fosfina em
comprimidos ou pastilhas, de acordo com a quantidade de semente, nos dois cantos abertos,
fechando-os imediatamente com os rolos de terra fina ou areia. Deixar coberto por quatro a
cinco dias para que o expurgo seja efetuado com eficiência.
Dois a três dias após o expurgo, as sacas ou tonéis, já devidamente identificadas por cultivar e
por peneiras, devem ser colocadas em local seco, ventilado, livre de umidade e com
temperatura ambiente amena.
 Testes de qualidade: devem ser realizados frequentemente para verificação da
possível existência de carunchos. Testes de germinação expeditos (as sementes boas devem
germinar todas juntas em pelo menos cinco dias) para acompanhamento da germinação das
sementes armazenadas (testes em canteiros de areia) também devem ser realizados a cada seis
meses.
50

BIBLIOGRAFICA

BIAS, C. F., MUTONDO, J., MLAY, G., MAZUZE, F., TOSTAO, E., AMANE, M.,
CHICONELA, T., AMILAI, C., ECOLE, C.C., FALCAO, M., ZACARIAS, A., CUAMBE,
C. Fichas técnicas de culturas. 1 ed. Maputo, 2001.

FATO, P., CHAUQUE, S.P., MULIMA, E. MUTIMBA, A.A.E., SENETE, T.C. e


NHAMUCHO, E. Manual de produção de milho. Maputo, 2011.

OWEN, W.G.H. Manual básico da agricultura. 1 ed. WIM 5 RN. England. Longmans Group
UK Limited, 1984

SÁNCHEZ, C., FISCHER, H., VASCONCELOS, C., MASON, M. O milho-uma cultura de


boa nutrição e de muita energia. Maputo, 2011.
51

Anexo1
Analise socio económica na produção de semente

Actividade/ha Quantidade Valor Unitário Valor Total

Derrube de árvores 1 5000 5000

Destronca 1 5000 5000

Lavoura 1 4000 4000

Gradagem 1 3500 3500

Adubação/Amontoa 1 3000 3000

Sementeira 1 1500 1500

Sacha 2 3000 6000

Colheita 1 2000 2000

Selecção/Debulha 1 2000 2000

Insumos

NPK 175kg 50mt 8750mt

Ureia 150Kg 50mt 7500mt

Pesticida 1L 10000mt 10000mt

Semente 25kg 200 5000mt

Custo de produção 64,250 mt

Resultado

Variedade Quantidade Venda/Unit Venda Total

Zn 523 5000kg 200 1,000,000

Matuba 3000Kg 200 6,00,000

Chinaca 6000kg 200 1,200,000

Tsangano 7000kg 200 1,400,000

Obregon (flint) 5000kg 200 1,000,000

Você também pode gostar