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4 Transcrições e

resoluções do Manual

Nesta secção, apresentam-se materiais que apoiam diversas


atividades propostas ao longo do Manual:
• transcrição de locuções de recursos áudio e vídeo;
• resolução de exercícios;
textos de apoio;
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• modelos de texto;
• outros documentos.
4 Caderno do Professor

página 15 do Manual · Transcrição de locução

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Começo de conversa com Nuno Marçal (entrevista)

Boa noite. Hoje, aqui comigo em estúdio, na TSF, está Nuno Marçal. O Nuno é… Ele não é o Biblio-
móvel, mas ele é o bibliotecário que transporta livros pelo concelho de Proença-a-Nova, é o… enfim, é
a pessoa que leva… Comparo-o um pouco àquele homem que levava gelados, que andava com gela-
dos e que fazia um… ouvíamos aquele barulho e descíamos para ir comprar gelados. O Nuno, em vez
de gelados são livros que é muito mais… para já não se derretem.

Não. Bem, boa noite. Bem-haja pelo convite e bem-haja pelo interesse. É toda uma honra e toda uma sur-
presa estar aqui. […] Embora o Bibliomóvel seja realmente uma biblioteca, ele é mais do que isso; e eu tento
levar muito mais do que apenas e só livros, até porque grande parte ou uma fatia bastante grande de alguns
dos meus utilizadores, frequentadores, visitantes, e que acabam por ser também amigos, muitos deles não
sabem ler nem escrever. Mas de quinze em quinze dias, faça chuva, faça sol ou faça neve, estão lá, no sítio
habitual, não só porque eles estão sempre ali, mas porque, quero eu acreditar, estão à minha espera, nem que
seja só para dizer um bom-dia ou um boa-tarde, ou para contar os sucessos, ou os fracassos da sua vida, ou
as desgraças, ou as dores... E, por isso, uma biblioteca tem de ser muito mais e é muito mais do que só livros
e leitura; e tem mesmo de ser, é obrigatório que seja. [...]

E o Nuno está ligado ao Bibliomóvel desde o início?

Sim, desde o dia 26 de junho de 2006, foi a minha primeira viagem inaugural. […]

Como é que chegou a ser bibliotecário? Já era bibliotecário da Câmara?

Já. Eu era o bibliotecário responsável pela Biblioteca Municipal, de 2000 até 2006.

Tinha estudado Sociologia…

Sim, sou licenciado em Sociologia. […] Tive essa sorte, esse privilégio de ter uns pais que sempre me ali-
mentaram esse gosto…

… o gosto pela leitura?

E pelos livros. Gosto muito de livros, gosto de leitura e adoro bibliotecas! O meu percurso de leitor, se ca-
lhar, não começou numa biblioteca, começou numa livraria. Em Castelo Branco, numa das avenidas principais
onde os meus pais têm uma pastelaria, existia uma livraria, e a minha infância, uma vez que os meus pais es-
tavam ocupados, era passada, principalmente nas manhãs de sábado, sentado num dos patamares, encos-
tado às prateleiras da banda desenhada, a folhear os livros e a ler os livros. O dono da livraria, muitas vezes, ia
tomar um café à pastelaria dos meus pais, fechava a porta e deixava-me sozinho ali, no meio daquele espaço
todo. Algum efeito havia de ter dado e deu nisto: um bibliotecário que gosta muito de livros e gosta muito de
bibliotecas. […]

[A] quantas aldeias [vai]?

Neste momento, são 40. […] Quando começámos o projeto, eram 26 e foram sendo acrescentadas muito
nesta lógica do passa a boca: “Vais àquela, porque é que não vens à minha?” Sei que há aldeias que são maio-
res, mas nunca senti esse chamamento nem nunca ninguém me abordou: “Olhe, ó Nuno, porque é que não
vem aqui a esta?” No entanto, há aldeias onde moram duas pessoas, nem são bem aldeias...

[São] lugares?...

É um lugar que tem uma rua – é a estrada e tem cinco casas – e eu vou lá bater à porta da pessoa. […]

Ana Sousa Dias, “Começo de Conversa”, in www.tsf.pt, 09-01-2018 (consult. em 25-05-2020, adaptado)

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Transcrições e resoluções do Manual

4
páginas 20-21 do Manual · Resolução de exercícios

Separador da Unidade 1
1. A – instruções; B – receita de cozinha; C – ementa | SMS / mensagem | e-mail; D – bula (de medicamento).

2. Por exemplo: rótulo de embalagem, aviso, carta, conta de eletricidade / água, recado, horário de comboios…

3. Por exemplo: notícia, reportagem, crónica, artigo de opinião, crítica, entrevista, texto publicitário…

4. SMS: short message service (serviço de mensagens curtas).

5. Por exemplo: jornais, revistas, rádio, televisão, Internet, cinema, folhetos, placares…

página 22 do Manual · Resolução de exercício e identificação de fontes

Ponto de partida…
1 Entrevista: in revista Voa, Verão 2015, n.º 3 (p. 10)

2 Notícia: www.dn.pt, 27-03-2017 (consult. em 20-05-2020)

3 Texto de dicionário: Dicionário Básico da Língua Portuguesa, Porto Editora (p. 56)

4 Texto publicitário: Ciência Viva | Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica

5 Texto de enciclopédia: A Minha Primeira Enciclopédia 2, Ed. Verbo, 1992 (p. 68)

página 27 do Manual · Transcrição de locução

Que idade tinha a pessoa mais nova a ganhar um Prémio Nobel? (rubrica radiofónica)
Os Nobel são prémios muito importantes! Para um cientista, ganhar um Nobel é como para um jogador de
futebol ganhar a Bola de Ouro ou para um ator ganhar o Óscar.
Todos os anos são atribuídos seis Prémios Nobel: da Física, da Química, da Medicina, das Ciências Econó-
micas, da Literatura e da Paz.
Durante muito tempo, a pessoa mais nova a ganhar um Nobel foi um australiano chamado Lawrence
Bragg. Tinha 25 anos quando ganhou o Nobel da Física, em 1915, juntamente com o pai. Os dois estudaram o
que acontece quando os cristais são atingidos por raios X, os mesmos que são usados nos hospitais para
fazer radiografias. Mas os Bragg usaram-nos para fazer uma coisa muito diferente e também muito útil: a téc-
nica que inventaram permitiu, nos cem anos seguintes, estudar partes muito pequeninas dos seres vivos. Mas
Lawrence Bragg está agora no segundo lugar da lista dos Nobel mais novos.
Em 2014, a paquistanesa Malala Yousafzai ganhou o Nobel da Paz com apenas 17 anos! Recebeu o pré-
mio pela sua luta para que todas as crianças possam estudar e aprender. Infelizmente, nem todas as crianças
do mundo podem ir à escola. Mas Malala e muitas outras pessoas trabalham para que todas tenham esse di-
reito. E é uma coisa muito importante, não achas?
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Leonel Alegre, Pavilhão do Conhecimento, Um minuto de ciência por dia não sabes o bem que te fazia,
Rádio Zig Zag — RTP, 10-04-2017 (consult. em 29-07-2019)

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4 Caderno do Professor

página 31 do Manual · Material projetável

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Daniel Rodrigues — modelo de biografia (artigo de imprensa)

Daniel Rodrigues
Desde que foi premiado no World Press Photo, o fotojornalista, de 30 anos, nunca mais parou: viveu com a tribo Awá, na Amazónia,
retratou os ladyboys tailandeses, embarcou no Iron Train, na Mauritânia, e fotografou os albinos perseguidos em Moçambique.
Publicou em alguns dos meios mais prestigiados do mundo e é, desde há dois anos, colaborador regular do New York Times. Acaba
de ser distinguido como Fotógrafo Ibero-Americano do Ano no concurso de fotografia documental POY Latam. / NELSON MARQUES

2017
Sempre a somar
1987 Desde o World Press Photo, há
Je suis Daniel quatro anos, conquista mais de uma
Nasce a 2 de janeiro em Compiègne, vintena de prémios e distinções
nas margens do rio Oise, no norte de internacionais. O mais recente?
França, filho de dois emigrantes Fotógrafo Ibero-Americano do Ano
portugueses. Com 10 anos, vai viver num dos mais prestigiados
com a avó materna em Riba d’Ave, concursos de fotografia documental
Vila Nova de Famalicão. do mundo.

JOSE COELHO / WORLD PRESS PHOTO


2016
2007 Os perseguidos
À velocidade da luz Colaborador regular do New York
Entra na licenciatura em Física na Times desde 2015, vai para
Universidade do Minho “só para Moçambique retratar a
provar que conseguia”. Fica apenas perseguição dos albinos em
dez dias, o sonho era outro. algumas regiões do continente
africano. O trabalho, com o título
The Hunted, foi publicado no diário
2013 em maio deste ano.
Entre os melhores
Por insistência da namorada na época,
decide concorrer ao World Press Photo
com uma fotografia de miúdos a jogar
futebol num descampado em África.
Torna-se o segundo português a conquistar
um primeiro prémio no concurso,
vencendo a categoria “Daily Life”.
2008 2010
Atrás da câmara Início abençoado
Inscreve-se no curso Três dias antes da vinda a 2015
profissional de Portugal do Papa Bento XVI, O princípio
fotografia do Instituto vai estagiar para o Correio da Publica o primeiro livro de
Português de Fotografia Manhã. Depois começa a fotografia O Princípio, que reúne
no Porto, porque colaborar com a Global uma centena de fotos tiradas em
“nunca quis fazer outra Imagens, agência responsável dez reportagens realizadas pelo
coisa”. “É como respirar, pela fotografia de publicações mundo, da tribo Awá, na Amazónia,
preciso disto para como Jornal de Notícias, aos ladyboys na Tailândia.
viver.” Diário de Notícias e O Jogo.

in A Revista do Expresso, 03-07-2017

página 33 do Manual · Transcrição de legendas

Microcosmos – o povo da erva, de Claude Nuridsany e Marie Pérennou (apresentação de filme)


Mergulhe, por um dia, num mundo desconhecido para uma aventura a uma escala milimétrica. Neste uni-
verso, onde o tempo passa mais depressa: um dia numa hora; uma estação num dia; uma vida numa estação.
Um filme mágico com todos os atores de Microcosmos.

46
Transcrições e resoluções do Manual

4
páginas 44-45 do Manual · Resolução de exercícios

Separador da Unidade 2
1. Contar, relatar.

3. M
 ãe conta história à filha; à mesa, a família relata acontecimentos do dia; leitura de um romance, de um livro
de banda desenhada; visionamento de um filme; álbum de fotografias.

5. Por exemplo: Harry Potter e a Pedra Filosofal, Charlie e a Fábrica de Chocolate, O Rapaz do Pijama às Riscas…

página 47 do Manual · Transcrição de texto gravado

Luis Sepúlveda: o escritor que já foi um gato (reportagem)


Um astrólogo chinês disse um dia a Luis Sepúl- pequenos leitores, mas para pequenos idiotas. Eram
veda que, numa outra vida, o escritor tinha sido o completamente manipuladores. Não gostei.”
gato de um mandarim. “Um gato feliz”, contou ao Decidiu então fazer histórias em que pudesse par-
PÚBLICO em Lisboa. E acrescentou: “Gosto de acre- tilhar valores com as crianças, mas também com os
ditar nisso.” outros leitores. “Valores divertidos de descobrir. Esta
O autor esteve na Feira do Livro a promover a sua história é um hino à amizade e à unidade. Dois seres
nova obra para crianças, A História de Um Gato e de tão diferentes podem ajudar-se. Quero provar com as
Um Rato Que se Tornaram Amigos (Porto Editora). fábulas que é possível unir esforços. Um está velho e
Para “pequenos leitores”, como lhes chama, já tinha limitado porque é cego, outro é pequeno e débil. Mas
escrito A História de Uma Gaivota e do Gato que a são capazes de unir os seus projetos e chegar a algo.”
Ensinou a Voar. Dois livros, dois gatos. “Tenho uma Di-lo com entusiasmo comedido. É a inflexão de voz
química especial com eles. Todos os gatos se aproxi- que nos vai dando conta das emoções.
mam de mim, nenhum se afasta.” Para Sepúlveda, é um “desafio enorme” escrever
Nesta história, um gato velho e cego torna-se para miúdos: “É muito difícil. Trato com muito res-
amigo de um rato minúsculo e fraquinho. Este torna- peito os pequenos leitores. Sei que exigem uma lin-
-se os olhos daquele e virá a ganhar a sua felina cora- guagem direta, são inimigos da ambiguidade. Gos-
gem. “Os gatos e os ratos não são inimigos. A ‘inimi- tam que contemos histórias com frases curtas,
zade’ é um conceito criado pelos humanos. Não gostam de contos de que se possam lembrar.”
existe na natureza. É uma categoria moral, uma in- Mas a maior exigência acontece com os diálo-
venção nossa”, diz Luis Sepúlveda, cuja expressão gos: “Quando uma criança rejeita um diálogo num
do rosto é difícil de descodificar. Parece zangado, livro, rejeita todo o livro. Os pequenos leitores querem
mas não. diálogos que não repitam o que já se contou antes
O autor conta com humor como começou a es- nem que antecipem o que está para vir. Gostam de ir
crever para um público mais jovem: “Vivíamos na adivinhando, imaginando. São muito diferentes dos
Alemanha e o Programa de Leitura [Plano Nacional leitores adultos, que são pouco expectantes.”
de Leitura] era muito bom. Os meus filhos tinham de Fez esta descoberta relativamente aos diálogos
ler três livros por mês. É muito, mas parece-me bem. no “livro da gaivota”, com a ajuda dos filhos e dos fi-
Eram 24 títulos por ano letivo. Um dia, fui à biblioteca lhos dos amigos: “[…] diziam que as descrições esta-
requisitar os livros para aquele mês e bebi um café. vam bem, funcionavam, mas os diálogos não. As
Logo ali, comecei a lê-los com curiosidade. Vi um, vi conversas falhavam porque davam demasiadas pis-
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outro e comecei a enervar-me. Apercebi-me de que tas sobre o que iria acontecer a seguir.” Neste livro,
os livros escritos para crianças não eram para seguiu o mesmo caminho. Nada de antecipações.

Rita Pimenta, in www.publico.pt, 11-06-2013 (consult. em 20-05-2020)

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4 Caderno do Professor

página 52 do Manual · Transcrição de texto gravado

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Ana Pessoa (texto biográfico)

Nasceu em Lisboa em 1982 e começou a escrever histórias aos 10 anos. Os seus textos eram fotocopia-
dos e distribuídos pela turma. Publicou o seu primeiro conto aos 13 na revista do Clube Juvenil Verbo. Quando
era adolescente, era muito mais alta do que os rapazes e as raparigas da sua turma, porque comia muitos
cornetos de morango e jogava vólei na praia de Carcavelos. Também fazia Karaté e escrevia diários. Nessa
época, prometeu a si mesma que nunca iria ser como as pessoas adultas, mas não cumpriu essa promessa.
Estudou Línguas e Literaturas Modernas […] na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Saiu de Por-
tugal aos 22 anos para fazer um estágio de 6 meses e nunca mais voltou, para desgosto dos seus pais. Traba-
lhou como professora na Alemanha e depois como tradutora no Luxemburgo e em Bruxelas, onde ainda vive
com o Henrique, seu marido e primeiro leitor. Publica regularmente no blogue Belgavista.
Tem contos publicados em várias coletâneas e textos premiados em Portugal […] e também noutras para-
gens […] (Espanha e Itália).
Quando crescer, quer ser escritora.
O caderno vermelho da rapariga karateca é o seu primeiro livro.

in http://planeta-tangerina.blogspot.com (consult. em 20-05-2020, com supressões)

páginas 57-58 do Manual · Proposta de resolução

Oralidade | Escrita

1.1. P
 or exemplo:
Esta imagem mostra-nos a embalagem de
um medicamento chamado “Amizade”, con-
tendo “comprimidos-pessoas”. A mensagem é
clara: o “afeto, amor e camaradagem” (isto é, a
amizade) são elementos fundamentais para a
nossa saúde. Sem dúvida, concordamos com
esta opinião sobre a importância dos amigos.
Como seria a nossa vida sem eles para par-
tilharmos as alegrias e as tristezas, para nos rir-
mos, para sabermos simplesmente que pode-
mos contar uns com os outros? Muitas vezes,
uma situação que nos parece negra ganha
novas cores depois de escutarmos as palavras
de um amigo. Por outro lado, um acontecimento
feliz torna-se ainda maior quando há um amigo
por perto para connosco se alegrar.
“Quem tem um amigo tem tudo.”, diz o di-
tado. Na nossa opinião, esta é, realmente, uma
afirmação verdadeira.

48
Transcrições e resoluções do Manual

4
página 62 do Manual · Letra de canção

A paixão (segundo Nicolau da Viola), de Rui Veloso (canção)

Tu eras aquela que eu mais queria


Para me dar algum conforto e companhia
Era só contigo que eu sonhava andar
Para todo o lado e até quem sabe? talvez casar

Ai o que eu passei só por te amar


A saliva que eu gastei para te mudar
Mas esse teu mundo era mais forte do que eu
E nem com a força da música ele se moveu

Mesmo sabendo que não gostavas


Empenhei o meu anel de rubi
Para te levar ao concerto
Que havia no Rivoli

E era só a ti que eu mais queria


Ao meu lado no concerto nesse dia
Juntos no escuro de mão dada a ouvir
Aquela música maluca sempre a subir

Mas tu não ficaste nem meia hora


Não fizeste um esforço para gostar e foste embora
Contigo aprendi uma grande lição
Não se ama alguém que não ouve a mesma canção

Mesmo sabendo que não gostavas


Empenhei o meu anel de rubi
Para te levar ao concerto
Que havia no Rivoli

Foi nesse dia que percebi


Nada mais por nós havia a fazer
A minha paixão por ti era um lume
Que não tinha mais lenha por onde arder

Mesmo sabendo que não gostavas


Empenhei o meu anel de rubi
Para te levar ao concerto
Que havia no Rivoli
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Letra de Carlos Tê

49
4 Caderno do Professor

página 63 do Manual · Transcrição de texto gravado

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O Cavaleiro da Dinamarca (artigo de dicionário de literatura)
Obra de Sophia de Mello Breyner Andresen baseada numa história tradicional do Norte da Europa, […]
publicada em 1.ª edição […], em 1964. […] Este livro de elevada qualidade literária narra a lenda de um cava-
leiro – O Cavaleiro da Dinamarca – que em um dia de Natal diz à família e aos amigos que no ano seguinte não
estará ali com eles, pois decidiu ir em peregrinação à Terra Santa. Enquanto decorre a narração da viagem
vamos assistindo ao contar de algumas lendas e histórias que o Cavaleiro vai conhecendo quando se hospeda
em casa de diversas pessoas, nos vários países por onde passa. Assim se fala não só dos Lugares Santos,
mas também de Veneza, de Giotto, de Dante, de Pêro Dias, das viagens de descobrimento pelo Atlântico-Sul,
etc. Em várias ocasiões, o Cavaleiro da Dinamarca surpreende-se com a beleza de cidades e terras que visita
na sua viagem de regresso, sendo convidado pelos seus anfitriões a estabelecer-se nelas. Mas sempre recusa,
pois prometera à família e aos amigos voltarem a reunir-se na Noite de Natal, na sua casa na Dinamarca, o que
conseguirá após vários transtornos. Obra belíssima na temática e na forma, de uma escrita cativante, fluente e
terna, constitui um marco assinalável na literatura infantil portuguesa de todas as épocas.

António Garcia Barreto, Dicionário de Literatura Infantil Portuguesa, Ed. Campo das Letras, 2002 (p. 118, com supressões)

página 71 do Manual · Proposta de análise de anúncio publicitário

Oralidade
1. Por exemplo:
Num escritório, uma bola feita de papel amarrotado é
empurrada pelo vento, rolando sobre a mesa. À medida que
rola, vai deixando atrás de si as lembranças de uma vida an-
terior: as árvores e a natureza de que era parte e onde havia
lugar também para os animais.
Em terra, a vida seguia o seu curso natural: animais caça-
dores e animais caçados, perseguições e fugas… Até que
surge um problema: um cigarro mal apagado desencadeia
um incêndio florestal.
Agora, não são apenas os animais terrestres que têm
problemas. Também as aves são afetadas pelo incêndio. E,
quando se julgam a salvo junto ao mar, surge nova catás-
trofe: há um navio que derrama petróleo nas águas.
As aves mergulham para caçar peixes, mas o derrame de combustível afeta não só as aves como os
animais e as plantas marinhas. A juntar a isto, há ainda o lixo lançado para o mar.
Nesta “história”, só aparentemente o ser humano está ausente, pois o impacto das suas ações é bem
realçado.
“Estamos todos ligados” é a frase com que termina esta “história”, recordando-nos que as nossas
ações têm consequências que afetam todo o planeta.
A principal intenção deste anúncio é chamar a atenção para a necessidade da conservação da vida
selvagem.

50
Transcrições e resoluções do Manual

4
página 75 do Manual · Textos de apoio à rubrica Oralidade

Nove em cada dez pessoas


respiram ar poluído e contaminado

A Organização Mundial de Saúde revela


que todos os anos morrem sete milhões de pessoas
por causas diretamente relacionadas com a poluição.

© Roman Pilipey / EPA

Na população mundial, nove em cada dez pessoas respiram ar poluído e contaminado, revelou na
terça-feira a Organização Mundial de Saúde (OMS).
Segundo a organização, todos os anos morrem sete milhões de pessoas por causas direta-
mente relacionadas com a poluição e os níveis de contaminação permanecem “perigosamente eleva-
dos” em várias regiões do globo, refere um relatório da OMS.
“O mais dramático é que os valores estabilizaram. Apesar das melhorias alcançadas e dos esforços
postos em prática, a imensa maioria da população mundial, 92%, respira ar contaminado em níveis
muito perigosos para a saúde”, afirmou a diretora de Saúde Pública e Meio Ambiente, María Neira, ci-
tada pela agência EFE.
Segundo os investigadores deste estudo da OMS, os níveis de contaminação do ar têm-se mantido
estáveis ao longo dos últimos seis anos, com ligeiras melhorias na Europa e no continente americano.
Em causa está a poluição com partículas minúsculas que entram profundamente nos pulmões e no
sistema cardiovascular, causando doenças potencialmente mortíferas como derrames cerebrais,
ataques de coração, obstruções pulmonares e infeções respiratórias.
Segundo a OMS, em 2016, o ar poluído no exterior causou a morte a 4,2 milhões de pessoas. A po-
luição de interiores, relacionada, por exemplo, com o uso de tecnologia ou de fontes de energia poluen-
tes na cozinha, terá causado 3,8 milhões de mortes.
Os países mais pobres, na Ásia, África e Médio Oriente, são os que registam a maior percen-
tagem de mortalidade causada pela poluição, que apresenta níveis cinco vezes superiores ao
estabelecido pela OMS.
No esforço de alterar o panorama, a diretora de Saúde Pública e Meio Ambiente da OMS deu como
exemplo a China, que politicamente se propôs reduzir os “níveis de contaminação altíssimos”.
LAB7PICP © Porto Editora

“A poluição ambiental é o maior desafio para a saúde pública mundial”, sublinhou.

in www.dn.pt, 02-05-2018 (consult. em 20-05-2020)

51
4 Caderno do Professor

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Antártida nunca esteve tão PLÁSTICO E OCEANOS:
quente desde que há registos ALGUNS NÚMEROS*
Em 2015, foram produzidos
322 MILHÕES de toneladas de plástico,
o que equivale a 900 vezes o arranha-
‑céus de 102 andares Empire State
Building.

Cerca de 40% destes plásticos


produzidos anualmente são de
embalagens de uso único, ou seja,
usadas apenas uma vez.
Nicky Wilson / EPA Todos os anos mais de OITO MILHÕES
de toneladas de plástico vão parar aos
A temperatura atingiu um novo recorde na Antártida
oceanos, o que equivale ao despejo
na quinta-feira, chegando aos 18,3 graus, valor mais alto
de um camião do lixo cheio de
desde 1961, avança o Serviço Meteorológico Nacional plástico a cada minuto. Existem,
(SMN) da Argentina. […] neste momento, cerca de 150
De acordo com a Organização Mundial de Meteorolo- milhões de toneladas de plástico nos
gia, a península da Antártida está entre as regiões do oceanos.
planeta com aquecimento mais rápido, tendo aumen-
O lixo nos oceanos afeta cerca
tado quase 3 graus nos últimos 50 anos. James Ren-
de 600 espécies marinhas e 15% das
wick, um climatologista da Universidade Victoria, na Aus- espécies que ingerem plástico ou
trália, que já foi membro da organização, confessou ao ficam presas nos detritos
jornal The Guardian que o valor registado este ano, quase encontram-se ameaçadas.
um grau acima do recorde de há 5 anos, é “impressio-
Estima-se que os plásticos causem
nante”.
a morte a cerca de um milhão de aves
A subida significativa das temperaturas, provocada e cem mil mamíferos marinhos todos os
pelas alterações climáticas, tem causado o degelo de anos.
blocos inteiros de glaciares na Antártida. Nerilie Abram,
meteorologista na Universidade Nacional Australiana, […] Em 2050, vai haver mais plástico do
que peixe nos oceanos, a não ser
confessou ao The Guardian que “até os aumentos peque-
que se mudem – rapidamente – os
nos na temperatura podem levar a grandes aumentos na
comportamentos.
energia que derrete o gelo”. “A consequência é o colapso
das ‘prateleiras de gelo’ ao longo da península. É uma Estima-se ainda que, na mesma data
(2050), 99% das aves marinhas tenham
área que está a aquecer muito depressa”, acrescentou,
pedaços de plástico no organismo.
dizendo que “por vezes pode estar quente o suficiente
para usar uma t-shirt”. Estima-se que haja neste momento
Os efeitos do aquecimento global têm também aler- mais de 51 triliões de partículas de
tado os especialistas russos. A cidade de Tyumen, na Si- microplásticos (plástico com menos de
cinco milímetros de diâmetro) nos
béria, tem registado temperaturas de 1,5 graus, quando
oceanos. Uma quantidade
normalmente registaria 13 graus negativos nesta altura do
substancial entra na nossa cadeia
ano e a floresta Taiga está a avançar para o Ártico, se-
alimentar.
gundo o The Moscow Times.
* FONTE:
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
in https://observador.pt, 07-02-2020
(consult. em 10-08-2020, com supressões)
in Notícias Magazine, 15-04-2018 (p. 37)

52
Transcrições e resoluções do Manual

4
página 86 do Manual · Descrição de pessoas – Vocabulário

Palavras para descrever fisicamente uma personagem

Aspeto geral • macio • expressivos


• alto • ondulado • grandes
• arranjado • sedoso • inexpressivos

• atarracado • mortiços

• baixo Rosto • negros

• belo • afilado • pequenos

• delgado • amigável • pestanudos

• de meia-idade • claro • redondos

• descuidado • com barba • verdes

• elegante • com bigode • verdes-esmeralda

• encorpado • comprido • vivos

• esbelto • corado

• estranho • enrugado Nariz


• extravagante • escuro • achatado
• feio • expressivo • adunco

• forte • fino • arrebitado

• frágil • liso • bicudo

• franzino • moreno • delicado

• gordo • oval • estreito

• idoso • pálido • grande

• jovem • redondo • largo

• magro • sardento • pequeno

• moderno • sorridente • pontiagudo

• musculado • saliente

• velho Olhos
• amendoados Boca
Cabelo • arredondados • carnuda
• à escovinha • arregalados • grande
• áspero • azuis • pálida

• comprido • brilhantes • pequena

• curto • castanhos • sorridente

• encaracolado • chorosos • vermelha

• encarapinhado • da cor do céu

• entrançado • da cor do mar

• espetado • encovados
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• liso • esverdeados

53
4 Caderno do Professor

página 86 do Manual · Letra de canção

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Um brinde à amizade, de Boss AC & Gabriel, o Pensador (canção)

Sou carioca de Goa, de Angola e da Guiné Mano, o tempo voa


Cabo Verde, Moçambique, Timor-Leste e São Tomé Vem mais um copo
Macau, Portugal mas vim pela Galicia Tira uma foto
Que a vida é uma delícia temperada nesse sal Um abraço para matar a saudade
Cabral descobriu muito menos do que eu
Os meus descobrimentos não estão nos museus Mano, o tempo voa
Nem nos livros de História mas estão na minha Vem mais um copo
[memória Tira uma foto
E na dos meus amigos que navegam comigo Este som é um brinde à amizade

Há coisas na vida que não se esquecem Sou palavra, melodia, sou de onde tu fores
Os amigos são aqueles que permanecem Lusofonia de todas as cores
Relógio não tem asas mas o tempo voa Sou tuga do Mindelo, angolano de Bissau
Lembro-me desse show no pavilhão em Lisboa São-tomense de Maputo, brasileiro de Portugal
Cantámos, curtimos, ficámos roucos Língua Portuguesa com sotaques diferentes
Mil novecentos e noventa e poucos As nossas gentes no fundo são todas parentes
São fotos gravadas no coração E na diversidade vamos convergindo
Eu brindo com sumo mas conta a intenção... Quem vem em paz é sempre bem-vindo

Mano, o tempo voa Há sempre espaço para mais um


Vem mais um copo E só vendo as diferenças percebemos o comum
Tira uma foto Que um estranho é um amigo que não conhecemos
Um abraço para matar a saudade Amigo é a família que nós escolhemos
E mesmo ao longe, o sentimento perdura
Mano, o tempo voa Enquanto houver música ninguém nos segura
Vem mais um copo Passado, presente, o tempo passa veloz
Tira uma foto Venha o futuro, cheio de coisas boas para nós
Este som é um brinde à amizade
[…]
Te conheci a gente ainda era moleque
Letra de Boss AC (excerto)
Um ideal em comum e uma roda de rap
O meu chapéu na cabeça, o teu boné p’ra trás
Muitas ideias na mente, quanto tempo isso faz!
O tempo voa... e a gente nem vê
E tanta coisa acontece e deixa de acontecer
Se navegar é preciso, se é preciso viver
A amizade é a bússola para não me perder
Com amigos como você, eu sei que eu posso contar
Sempre ao meu lado mesmo estando do outro lado do mar
Por isso eu quero brindar à nossa boa amizade
E a todos os amigos que são de verdade

54
Transcrições e resoluções do Manual

4
página 89 do Manual · Transcrição de estrofes do poema

Estrofes retiradas do poema “Pode ser bom, pode ser mau”

[...] Está a chover? Um calor de rachar?


Foi-se embora? Está a chegar?
Uma vez, deram-me de presente Pode ser bom, pode ser mau.
um rebuçado de mel Um engano, um encontro,
que me deu cabo de um dente um presente, uma desgraça,
e ainda hoje me faz sofrer. um acidente, uma conquista.
Era uma coisa boa e acabou mel Pode ser mau, pode ser bom.
(mal, queria eu dizer). Depende do ponto de vista,
pois tudo, nesta vida, é relativo
De outra vez, caí de um muro, (além de ser muito estranho
mas tão bem que abri um buraco isto de estar vivo).
de onde saiu uma moeda antiga
que valia bom dinheiro. Álvaro Magalhães, Poesia-me!, Ed. ASA, 2016
Para coisa má, foi bem porreiro. (p. 17, com supressões)

página 101 do Manual · Transcrição de locução

O Livro do Dia: Irmão Lobo (crítica radiofónica)


Há livros que começam por ser um encanto para os olhos ainda antes de sabermos o que têm
para nos contar. Irmão Lobo é um livro assim e a responsabilidade disso recai sobre o ilustrador, An-
tónio Jorge Gonçalves, e sobre uma editora que, ainda há bem pouco tempo, foi considerada a me-
lhor a nível europeu no domínio dos livros para a infância – a editora Planeta Tangerina.
A qualidade da edição e a beleza das ilustrações não são, no entanto, os únicos méritos deste
livro. Irmão Lobo é uma história comovente. A menina que a conta tem oito anos e a história desen-
volve-se em capítulos alternados em dois tempos diferentes: aquele em que a família ainda estava
reunida e um momento em que os pais já estão separados e no qual havemos de ficar a conhecer o
que aconteceu no “verão da grande travessia no deserto da morte”. O aspeto traumático da história é
resgatado pela natureza poética de um conto feito de tristezas e alegrias, do confronto entre o sonho
e a realidade. O pai da menina corporiza esta dualidade: tanto pode ser O Grande Chefe Alce Negro,
como O Homem de Gelo nos momentos em que a realidade lhe destrói os sonhos. O irmão lobo do
título é Malik, o grande husky, que, mesmo ausente, há de acompanhar a menina em permanência;
ele e a lista de “algumas das melhores coisas da vida”, todas gratuitas: andar descalço em casa, ouvir
a chuva cair, olhar para a Lua, fazer festas aos animais, acordar de um sonho bom, acordar de um
sonho mau, adiar os TPC, assobiar, ou, pode agora acrescentar-se, ler uma história como esta e olhar
demoradamente os desenhos que a acompanham.
“O Livro do Dia TSF” é Irmão Lobo, de Carla Maia de Almeida, ilustrações de António Jorge Gon-
LAB7PICP © Porto Editora

çalves, edição Planeta Tangerina.

Carlos Vaz Marques, “O Livro do Dia”, in www.tsf.pt, 16-05-2013 (consult. em 20-05-2020)

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4 Caderno do Professor

página 104 do Manual · Sinopse da obra

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Cartas da Beatriz, de Maria Teresa Maia Gonzalez
Em registo de romance epistolar, a autora conduz-nos ao mundo do bullying, no feminino. A história per-
passa os problemas de uma jovem de 14 anos, a Beatriz, que vive atormentada pelas constantes agressões de
um grupo de três colegas da sua escola que, a cada dia que passa, vão transformando a sua vida num autên-
tico pesadelo que gera o pânico. Beatriz vê-se impotente e recorre ao seu pai, escrevendo-lhe. Porém, só
consegue fazer-lhe chegar a última carta…

in www.wook.pt (consult. em 20-05-2020)

página 107 do Manual · Transcrição das legendas do vídeo e proposta de resposta

Chá Lipton (publicidade)


Estamos realmente atentos ao que nos rodeia?
Vivemos num mundo “cafeinado”, sempre com pressa para chegar a algum lado, focamo-nos em pequenos
ecrãs e esquecemo-nos de ver o que realmente importa.
Por isso, criámos uma exposição interativa com uma simples pergunta:
Ajudaria? […]
Mas os atos falam mais alto do que as palavras. […] Estamos realmente atentos ao que nos rodeia?
Fique atento ao que realmente importa.

Oralidade
2. Por exemplo:
• Esta experiência pretende alertar para a necessidade de prestarmos mais atenção ao que nos rodeia.
• Exemplos de outras situações: uma briga entre dois jovens; alguém que deixa cair a carteira; uma criança que
se prepara para atravessar sozinha uma rua movimentada; um indivíduo de cadeira de rodas que não conse-
gue ultrapassar um determinado obstáculo; uma grávida ou um idoso que vão de pé num autocarro.
• Possível ligação entre a experiência e o produto publicitado: no vídeo surge a frase “Vivemos num mundo
‘cafeinado’”, isto é, um mundo agitado (cheio de cafeína), sugerindo-se a necessidade de abrandar o ritmo ou
mesmo de parar. Indiretamente, pretende-se associar as propriedades “calmantes” e “apaziguadoras” do
chá à construção de um mundo mais pacífico, em que estejamos mais disponíveis e atentos aos outros.

página 114 do Manual · Transcrição de locução

Casa-Museu Miguel Torga, RTP Ensina (documentário)


Esta casa foi aberta ao público no dia 12 de agosto de 2007, no dia em que o Adolfo Rocha faria cem anos
que nasceu, o nosso escritor Miguel Torga. Por especial empenho da parte da presidência da Câmara na al-
tura, foi aberta ao público, num ano em que, por coincidência, os Programas de Português focados no Miguel
Torga reduziram um bocadinho. Portanto, nós aqui acabámos por compensar a parte letiva que começou a
diminuir. Seja como for, a grande correspondência em relação à abertura desta casa é por parte das escolas, é
o forte da visita desta casa.
Esta casa fala… mostra muito da personalidade do Miguel Torga. Em todas as referências, nós cada vez
descobrimos aqui mais coisas que falam por ele – nós que estamos aqui desde o princípio. E pronto, nós sa-
bemos que ele foi determinante na construção da casa: ele definiu os espaços, as próprias dimensões aqui

56
Transcrições e resoluções do Manual

4
dentro têm uma lógica que só se justifica com a personalidade do Miguel Torga — isto é um retrato físico dele,
de certa forma, não é? E depois, sabendo nós da questão do Diário que ele escreveu durante décadas da sua
vida, temos aqui imensas referências novamente; claro que se ele fala da sua vivência íntima, do seu dia a dia,
do que fez, onde descansou, os seus “bocadinhos”, é aqui, principalmente neste escritório. Este escritório,
para nós, é emblemático. Tem aqui esta referência, para a qual nós chamamos sempre a atenção dos miúdos
– eles gostam –, porque ele refere este canto como o seu sarcófago, onde fica deitado como um faraó ao pé
do seu tesouro, que seriam então as primeiras edições dos seus livros, que originalmente estavam aqui. Mas
também, curiosamente, é a única divisão que tem uma lareira (a lareira é muito representativa das casas da
Beira Alta e Trás-os-Montes, da zona do Douro, por causa da determinação do clima). Também é a única divi-
são que, tal como a sala de jantar, para além de ser solarenga, mais espaçosa, mais simpática, tem obras de
arte, tem peças de um certo valor e vale a pena também chamar-lhes a atenção para isso.

Ler mais, ler melhor – Casa-Museu Miguel Torga, RTP Ensina (excerto), 2012

página 132 do Manual · Proposta de resposta

Oralidade
1. a. Por exemplo:
Era uma noite escura, apenas iluminada pelo facho de luz de
um farol.
Sentado a uma mesa, o faroleiro escrevia, ouvindo um grupo
de pessoas da povoação em animado convívio. Incomodado, fe-
chou a janela. Subitamente, ouviu um ruído, ao mesmo tempo que
se extinguia a luz do farol. Então, o faroleiro foi verificar o que poderia ter causado a avaria. Porém, quando
pegou na esfera de vidro que refletia a luz, tropeçou e quebrou-a.
Entretanto, apercebeu-se de que um navio se aproximava da costa. A obscuridade era total e o desastre,
iminente. Que fazer?
Abriu a porta e a sua surpresa foi enorme: os convivas, vendo que a luz do farol se extinguira, acorreram,
cada um transportando uma lanterna. E foram essas luzes que permitiram que o navio se desviasse da
costa. A união de todos evitou um grave acidente.

página 133 do Manual · Transcrição de locução

Os livros que devoraram o meu pai, de Afonso Cruz (sinopse)


É a história de um homem que, um dia, desaparece deste mundo. Entra para dentro dos livros e o filho vai
tentar encontrar o pai, lendo exatamente os mesmos livros que o pai tinha lido, ou seja, lendo a biblioteca do
pai (que é, aliás, uma excelente maneira de conhecer as outras pessoas). Nessa viagem, nessa procura pelo
pai, ele irá ler a maior parte, ou vários clássicos da literatura, em especial do século XIX e primeira metade do
século XX, e conhecerá e irá interagir com uma série de personagens desses mesmos livros.

Os livros que devoraram o meu pai | 2010


Direitos vendidos para Brasil, América Latina, Macedónia, Sérvia
LAB7PICP © Porto Editora

Vencedor do Prémio de Literatura Maria Rosa Colaço | 2009

in https://thebookcompany.pt (consult. em 20-05-2020)

57
4

58
3.
Narradores Espaços

• Primeiro narrador: uma mulher, • Obra adaptada: sala de estar do


que tinha sido guarda de farol. farol.
Educação Literária

• Segundo narrador: Billy Bones, • Obra original: um albergue (de nome


uma das personagens da obra de Almirante Benbow) numa baía da
Robert Louis Stevenson. costa de Inglaterra, no cimo de uma
Caderno do Professor

falésia.
Obra

Personagem • Título: A Ilha do Tesouro Tempos


página 140 do Manual · Proposta de resposta

• Autor da obra original: • Obra adaptada: uma tarde de


• Nome: Billy Bones.
Robert Louis Stevenson dezembro, quando a narradora ainda
• Retrato: é um pirata rude do século trabalhava como guarda de farol
• Autora da adaptação:
XVIII; tem um aspeto assustador, (“No tempo em que eu era guarda de
Claire Ubac
com uma cicatriz na face, está mal farol”).
barbeado e tem um rabo de cavalo
“betumado”; tem tiques; traz um • Obra original: ao longo de vários
óculo de cobre. dias, no século XVIII.

Ações narradas

A narradora, uma guarda de farol, descobriu um livro que estava num baú tra-
zido pelo mar. O livro estava em muito mau estado, vendo-se apenas o título, parte
do nome do autor e as ilustrações. Quando ela contemplava uma das gravuras, a fi-
gura aí representada surgiu à sua frente: era Billy Bones, uma das personagens da
obra, que começou a contar a sua versão da história.
Billy Bones herdou um mapa da ilha onde o capitão Flint escondera um tesouro,
sendo por isso perseguido por outros piratas que desejavam apoderar-se do mapa.
Escondeu-se, então, num albergue, numa baía da costa de Inglaterra, que ficava no
alto de uma falésia, de onde vigiava o mar. Para o ajudar nessa tarefa, contava com
Jim, o filho do dono do albergue. À noite, contava histórias da sua vida de pirata aos
habitantes da localidade.

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Transcrições e resoluções do Manual

4
página 140 do Manual · Transcrição de legendas

A Ilha do Tesouro, de Steve Barron (apresentação de filme)

— O tesouro que está a roubar, meu capitão… não é seu, para o roubar!
— Tem uma dívida, senhora.
— Mas esta é a minha casa.
— A partir de amanhã já não.
O sonho de qualquer rapaz é tornar-se homem.
— Quero falar com o homem da casa!
— Eu sou o homem da casa.
E o sonho de qualquer homem…
— Negócio é negócio!
… é o ouro.
— Haverá dinheiro nesta arca?
— Flint enterrou este tesouro e fez um mapa...
— Isto é o destino!
— A minha proposta é preparar uma expedição a esta ilha.
— Ainda queres perseguir a aventura de uma vida, rapaz?
— Sim, senhor.
— É este o nosso navio: o meu “Hispaniola”.
— Jonh Silver, senhor. Posso ter o navio pronto no fim de semana.
— Partiremos logo pela manhã.
— Içar a vela-mestra, senhor Arrow!
— Uma aventura, sr. Hawkins!
— Eu sou o capitão do “Hispaniola” e não vou admitir boatos sobre a nossa expedição.
— O que se diz por aí?
— Que se procura um tesouro.
É o tempo certo para tomar este navio e, na ilha, o tesouro, que é nosso por direito.
— Não confia nos homens?
— Eu não conheço os homens, senhor.
— O que estás a fazer, soldado?
— Afiem as lâminas, rapazes! É tempo da ceifa!
Motim
— Levanta-te!
— Estás a olhar para onde, rapaz?
— Não irei contigo, Silver.
— Temos munições para um combate.
Loucura
— Eu vou caçá-los!
— Estamos a cair como tordos.
— Flint está morto!
— O seu fantasma não está!
Assassínio
— Vais morrer antes de venceres aquele diabo.
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— És um ladrão e um assassino! E também serás enforcado.


— Serás um bom cavalheiro, Jim Hawkins.

59
4 Caderno do Professor

página 143 do Manual · Transcrição de locução

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Parabenizar é português do Brasil, RTP (rubrica informativa)

“Oi, Diogo! Tudo bem? Sou sua fã e não perco um ‘Cuidado com a língua!’, na RTP Internacional. Todos os
meus amigos veem o seu programa e queria muito parabenizar você.”

– Parabenizar…

É comum no Brasil empregar-se o verbo parabenizar como sinónimo de felicitar ou congratular.


Parabenizar – dar os parabéns, felicitar, congratular.
Este é apenas um exemplo simples.

São muitas as diferenças que encontramos entre o português de Portugal e o português do Brasil. Mas
nada de dizer “brasileiro”: no Brasil, falam português!

Brasil Portugal

Zagueiro Defesa
Goleiro Guarda-redes
Usina Fábrica
Bilheteria Bilheteira
Bonde Elétrico*
Camisinha Preservativo
Descarga Autoclismo
Fila Bicha

* Neste vídeo, a palavra “elétrico” surge com a grafia desatualizada.

Cuidado com a Língua!, RTP Ensina, 2008 (consult. em 20-05-2020)

páginas 148-149 do Manual · Resolução de exercícios

Separador da Unidade 3
1. Irmão e filho (em casa); aluno e colega / amigo (na visita de estudo); elemento de um grupo musical (no co-
reto); desportista / amigo (na bicicleta).

2. Por exemplo: na linguagem utilizada e na forma de vestir.

60
Transcrições e resoluções do Manual

4
página 155 do Manual · Transcrição de texto gravado

Alice Vieira (autobiografia)

Nasci no dia 20 de março de 1943 numa rua de Lisboa chamada Almirante Reis,
mas saí de lá com 15 dias de idade… A casa onde eu nasci foi deitada abaixo, e é
hoje uma enorme garagem.
Vivi em muitas ruas diferentes, em muitas casas diferentes, mas sempre em Lis-
boa, que é a cidade mais bonita do mundo.
Desde cedo que os meus brinquedos foram os lápis, as borrachas, os livros.
Aprendi a ler e a escrever sozinha, era muito pequena. E os meus amigos eram as
personagens que eu descobria nos livros que lia. Vivi em casas grandes, com grandes
corredores escuros que rangiam pela noite dentro, e me faziam muito medo, e sem
crianças da minha idade com quem brincar.
Depois cresci e entrei para o Liceu Filipa de Lencastre, onde estudei do 1.º ao 7.º
ano (então era assim que se dizia quando queríamos falar do que é hoje o 5.º e o 12.º
ano). Gostava de português, mas gostava mais de inglês, de francês e de história. A
matemática deu-me muitas dores de cabeça, confesso.
Desde pequena que sempre disse “quando for grande quero ser jornalista” – e fui.
Comecei cedo a escrever em jornais […].
Paralelamente fiz o curso de Filologia Germânica (que hoje se chama Línguas e
Literaturas Modernas, variante Inglês e Alemão) na Faculdade de Letras da Universi-
dade de Lisboa, mas nunca fui professora: o jornalismo tomou sempre o meu tempo
todo.
Casei (com um jornalista), tive dois filhos.
Quando os meus filhos eram pequenos, pediram-me um dia que escrevesse uma
história para eles: e assim nasceu, em 1979, a Rosa, minha irmã Rosa que, nesse ano,
teve o Prémio de Literatura Juvenil do Ano Internacional da Criança. A partir daí não
tive um minuto de sossego, com o jornal todos os dias (trabalhava então no Diário de
Notícias), e as constantes idas a escolas e bibliotecas, e os livros para escrever. Até
que em 1990 tive de optar: e então optei pela literatura. Não me desliguei do jorna-
lismo (quem é jornalista por paixão é jornalista sempre), mas agora já não vou todos
os dias ao jornal. […]
E continuo a escrever livros e a ir a escolas. Vou muitas vezes ao estrangeiro – so-
bretudo à Alemanha, Espanha, França e Suíça – porque os meus livros estão traduzi-
dos em várias línguas, e as escolas desses países também me convidam. Também
vou muito a Inglaterra, mas é porque o meu filho (professor de matemática) e os meus
três netos vivem aí…
Já publiquei dezenas de livros. A maior parte deles são dirigidos a jovens – mas
também tenho uma coleção para os mais pequenos de histórias tradicionais portu-
guesas. No entanto, o que eu gosto mais de escrever é romance. Como, por exemplo,
Os olhos de Ana Marta, Caderno de agosto, A Lua não está à venda, Se perguntarem
LAB7PICP © Porto Editora

por mim digam que voei, Um fio de fumo nos confins do mar, etc.

in www.nonio.uminho.pt (consult. em 20-05-2020, adaptado e com supressões)

61
4 Caderno do Professor

página 160 do Manual · Resolução de exercício

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Teste de verificação de leitura (Guião de Leitura, exercício 1.)

O sonho do Rei – 1.° Ato, Cena I


1. O Rei sonhou que perdeu a coroa, o manto e o cetro, ouvindo gargalhadas femininas e sentindo frio.
2. Entre o Rei e o Bobo estabelece-se uma relação de amizade e cumplicidade, apesar da enorme distância
hierárquica que os separa...

As princesas e os pretendentes – 1.° Ato, Cenas II a IX


3. As princesas têm nomes de flores, que refletem a sua personalidade. Amarílis é hipócrita, tal como a flor
com o seu nome é “artificiosa e enganadora”; Hortênsia é autoritária e agressiva, assemelhando-se às flores
homónimas, que têm “grande porte”, mas “são caprichosas e inconstantes”; Violeta é uma flor e persona-
gem “modesta” mas autêntica (“o seu perfume é tão intenso que nunca passará despercebida onde quer
que se encontre”). Assim, Violeta simboliza a modéstia; Amarílis, a hipocrisia e traição; Hortênsia, a vaidade.
4. Violeta sonhou com o “barulho de armas”; as irmãs riam-se alto e o pai gritava; ela queria ajudá-lo, mas ele
não a conseguia ouvir e dirigia-se para um precipício, acabando por desaparecer.
5. Amarílis e Hortênsia são hipócritas e falsas: com o pai, mostram-se solícitas e lisonjeadoras; com as restan-
tes personagens (e mesmo entre si) são sarcásticas, maldosas e agressivas. Violeta, por outro lado, é afável
e autêntica, tratando as irmãs e o pai com afetividade e bondade, mesmo quando aquelas a desprezam.
6. Esta cena revela a existência, na corte, de um mundo paralelo, constituído por homens e mulheres que
vivem e morrem “por meio tostão”. Repare-se nos seis últimos versos do “coro das criadas”, que são repe-
tidos, no final, por todos (criados e criadas). O ritmo acelerado da canção, com extensas enumerações, su-
gere uma vida intensa de trabalho.
7. Amarílis, Hortênsia e os respetivos pretendentes (Príncipe Felizardo e Príncipe Simplício) encaram o casa-
mento como um negócio, vendo nele uma forma de enriquecimento. Violeta e o Príncipe Reginaldo, pelo
contrário, associam o casamento ao amor.

A pergunta do Rei – 1.° Ato, Cenas X e XI


8. Ao responder, com simplicidade, que quer tanto ao pai “como a comida quer ao sal”, Violeta não é com-
preendida por Leandro. Irado e pensando que Violeta não gosta dele, expulsa a filha mais nova e divide o
reino pelas outras duas filhas – Amarílis e Hortênsia.

De rei a mendigo – 2.° Ato, Cenas I a VIII


9. Amarílis e Hortênsia expulsaram o pai dos seus reinos e este tornou-se um mendigo, vagabundeando, cego,
pelo mundo e tendo como único acompanhante e fiel amigo o Bobo.
10. O pastor conclui que Leandro é o pai da sua rainha (Violeta).
10.1. O pastor dirige-se ao palácio para contar a Violeta o sucedido.

O reencontro – 2.° Ato, Cenas IX a XI


11. O Rei e o Bobo chegam ao reino do pastor que encontraram na gruta – isto é, o reino de Violeta.
12. Violeta serve ao pai comida sem sal; este irrita-se, pois a comida não tem sabor e a filha explica-lhe que a
comida vale pouco se não tiver sal – levando o pai a compreender o sentido das suas palavras quando lhe
disse que lhe queria tanto “como a comida quer ao sal”.
13. Sim – Leandro passa a conhecer melhor as suas filhas (percebendo que, por um lado, Amarílis e Hortênsia
são hipócritas e, por outro, Violeta é autêntica e bondosa) e constata que as palavras podem ser usadas
para lisonjear e mentir. Para além disso, percebe que os discursos simples podem ser mais valiosos (por-
que verdadeiros) do que os discursos elaborados (mas aduladores).

62
Transcrições e resoluções do Manual

4
página 161 do Manual · Transcrição de texto gravado

O sal e a água

Um rei tinha três filhas; perguntou a cada uma delas, por sua vez,
qual era mais sua amiga. A mais velha respondeu:
– Quero mais a meu pai do que à luz do Sol.
Respondeu a do meio:
– Gosto mais de meu pai do que de mim mesma.
A mais moça respondeu:
– Quero-lhe tanto como a comida quer o sal.
O rei entendeu por isto que a filha mais nova o não amava tanto
como as outras, e pô-la fora do palácio. Ela foi muito triste por esse
mundo, e chegou ao palácio de um rei, e aí se ofereceu para ser co-
zinheira. Um dia veio à mesa um pastel muito bem feito, e o rei ao
parti-lo achou dentro um anel muito pequeno, e de grande preço.
Perguntou a todas as damas da corte de quem seria aquele anel.
Todas quiseram ver se o anel lhes servia: foi passando, até que foi
chamada a cozinheira, e só a ela é que o anel servia. O príncipe viu
isto e ficou logo apaixonado por ela, pensando que era de família de
nobreza.
Começou então a espreitá-la, porque ela só cozinhava às escon-
didas, e viu-a vestida com trajos de princesa. Foi chamar o rei seu
pai e ambos viram o caso. O rei deu licença ao filho para casar com
ela, mas a menina tirou por condição que queria cozinhar pela sua
mão o jantar do dia da boda. Para as festas de noivado convidou-se
o rei que tinha três filhas, e que pusera fora de casa a mais nova. A
princesa cozinhou o jantar, mas nos manjares que haviam de ser
postos ao rei seu pai não botou sal de propósito. Todos comiam com
vontade, mas só o rei convidado é que não comia. Por fim pergun-
tou-lhe o dono da casa, porque é que o rei não comia. Respondeu
ele, que não sabia que assistia ao casamento da filha:
– É porque a comida não tem sal.
O pai do noivo fingiu-se raivoso, e mandou que a cozinheira
viesse ali dizer porque é que não tinha botado sal na comida. Veio
então a menina vestida de princesa, mas, assim que o pai a viu, co-
nheceu-a logo, e confessou ali a sua culpa, por não ter percebido
quanto era amado por sua filha, que lhe tinha dito, que lhe queria
tanto como a comida quer o sal, e que depois de sofrer tanto nunca
se queixara da injustiça de seu pai.
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Teófilo Braga, Contos Tradicionais do Povo Português (uma seleção),


Porto Editora, 2015 (pp. 27-28)

63
4 Caderno do Professor LAB7PIC-03

página 161 do Manual · Grelha de registo e resolução de exercício

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A propósito da obra (Guião de Leitura, exercício 3.1.)

Momentos da ação de “O sal e a água”

Situação inicial

Um rei

Complicação

O rei perguntou

As filhas mais velhas

A filha mais nova


Peripécias
Peripécia ➊

Incompreendida e expulsa pelo pai,

Peripécia ➋

Um dia, o príncipe Desfecho

Então, o rei

Peripécia ➌

No dia da boda,

64
Transcrições e resoluções do Manual

4
(Proposta de resolução)

Situação inicial Peripécia ➋


Um rei tinha três filhas. Um dia, o príncipe viu-a cozinhar com roupas
Complicação de princesa e decidiu casar com ela. Também o
O rei perguntou às filhas qual gostava mais dele. pai da princesa foi convidado para o casamento.
As filhas mais velhas responderam através de Peripécia ➌
belas comparações. A filha mais nova respondeu No dia da boda, a princesa cozinhou o jantar,
com simplicidade, comparando o seu afeto à utili- não colocando sal na comida de seu pai. Ao contrá-
dade do sal. rio dos outros convidados, este não comeu, por falta
de sal na comida.
Peripécias
Desfecho
Peripécia ➊
Então, o rei compreendeu o sentido das pala-
Incompreendida e expulsa pelo pai, a filha
vras da filha e pediu-lhe perdão.
mais nova deixou o reino e tornou-se cozinheira num
outro palácio.

página 161 do Manual · Texto de apoio e resolução de exercício

A propósito da obra (Guião de Leitura, exercício 3.2.)

Rei Lear
Tragédia de William Shakespeare escrita entre 1603 e 1606 e representada, pela primeira vez, em 1606. É
apresentada em verso e prosa e constituída por cinco atos. Considerada uma das melhores tragédias do dra-
maturgo, a peça baseia-se na lenda do rei dos Bretões, Lear, cuja primeira versão foi escrita pelo historiador
Geoffrey de Monmouth, no século XII.
A ação inicia-se com a decisão do rei em renunciar ao poder, dividindo o reino em três partes para distribuir
pelas suas três filhas, Regan, Goneril e Cordélia. Antes da legação, Lear pede às filhas que deem provas do
seu amor filial. As duas primeiras, Regan e Goneril, manifestam o seu pseudoamor pela adulação. Lear, satis-
feito, entrega-lhes as partes do reino correspondentes. Posteriormente, as jovens casam respetivamente com
o Duque de Cornwall e o Duque de Albany.
Mas o rei destina o melhor território para a sua filha dileta, Cordélia, a mais nova das três irmãs. Esta afirma
o seu amor filial com toda a simplicidade. Incompreendida, Lear, furioso, deserda-a. Por falta de dote, um dos
seus pretendentes, o Duque de Burgundy, desinteressa-se por ela. No entanto, o rei de França, reconhecendo
as virtudes e o carácter correto de Cordélia, casa com a jovem.
Afastado das funções régias, Lear conserva unicamente o título de rei e um séquito, que o acompanha
quando visita Regan e Goneril. Aos poucos, começa a aperceber-se da falsidade destas filhas. À medida que
envelhece, vai sentindo não só a decadência das suas condições físicas e mentais, como também o abandono
de todos.
Tendo conhecimento de tal situação e da agitação provocada por vários nobres no seu antigo reino, Cordé-
lia envia as tropas francesas em auxílio do pai, para salvá-lo das vicissitudes por que passava. Em vão. É cap-
turada e enforcada por ordem da irmã Regan. Por rivalidades amorosas, esta acaba por ser envenenada por
LAB7PICP © Porto Editora

Goneril, que a seguir se suicida, apunhalando-se. Lear, ao saber da morte da filha Cordélia, morre de desgosto.

in www.infopedia.pt (consult. em 20-05-2020, com supressões)

65
4 Caderno do Professor

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Pesquisa sobre Rei Lear (Material de apoio ao exercício 3.2.)

1. Lê o verbete enciclopédico “Rei Lear”, que se encontra disponível em www.infopedia.pt.

2. Preenche a grelha seguinte, com informação retirada do artigo que leste.

Rei Lear (Infopédia) Validação

❶ Autor

❷ Data de escrita

❸ Género literário
(comédia, tragédia,
conto…)

❹ Origem
(texto em que se baseou)

❺ Enredo
(resumo da ação)

❻ Personagens

3. Confirma que a informação que recolheste é verdadeira. Para isso, faz uma pesquisa sobre a mesma obra
noutras fontes (impressas ou digitais).
À medida que confirmas a veracidade de cada dado, assinala a informação já validada, com ✓.

66
Transcrições e resoluções do Manual

4
(Proposta de resolução)

Rei Lear (Infopédia) Validação

❶ Autor William Shakespeare

❷ Data de escrita Entre 1603 e 1606

❸ Género literário
Tragédia
(comédia, tragédia, conto…)

❹ Origem
Lenda do rei dos Bretões (Lear)
(texto em que se baseou)

O rei Lear decide dividir o reino em três partes pelas três fi-
lhas, mediante provas de amor filial. As duas primeiras adu-
lam-no, recebendo parte do reino; a terceira afirma o seu
amor de forma simples, sendo incompreendida e deserdada
❺ Enredo pelo pai. Com o passar do tempo, Lear envelhece e é aban-
(resumo da ação) donado por quase todos; no entanto, a filha mais nova, en-
tretanto casada com o rei de França, tenta auxiliar o pai, mas
é capturada e enforcada, por ordem de uma das irmãs. Tam-
bém as duas irmãs acabam por morrer (uma envenenada,
outra suicidando-se) e Lear morre de desgosto.

Rei Lear, Regan, Goneril e Cordélia (filhas de Lear), Duque de


❻ Personagens Cornwall, Duque de Albany, Duque de Burgundy (pretenden-
tes das princesas), rei de França (marido de Cordélia).

página 169 do Manual · Transcrição de texto gravado

Excerto do Poema II de O Guardador de Rebanhos


O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
LAB7PICP © Porto Editora

Para a eterna novidade do mundo...

Alberto Caeiro, O Guardador de Rebanhos, in Fernando Pessoa, Poesias – Heterónimos, Porto Editora, 2019 (p. 10)

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4 Caderno do Professor

página 178 do Manual · Transcrição de texto gravado

LAB7PICP © Porto Editora


Excerto do poema “Poesia-me!”
Abre-me e lê-me. Já saboreaste um pedacinho de azul
Devagar e também furiosamente. ou ouviste bater o coração de uma formiga?
Como quem ama. Sabes quantos grãos de tudo
Em troca, poesio-te. há num grão de nada?
Já viste um pezinho de erva a crescer?
O que é isso? Já te aconteceu coincidires com o mundo,
Ficas em modo poético, digamos assim. perfeitamente, sem estares a contar?
A partir daí, não respondo por mim. Pois tudo isso, e mais, pode acontecer
Já caçaste uma alegria em pleno voo? se te poesiar.
Oh, sim, tem que se lhe diga. [...]
Álvaro Magalhães, Poesia-me!, Ed. ASA, 2016 (p. 6)

página 187 do Manual · Transcrição de locução

Lenços de namorados (rubrica informativa)


Com origem no século XVIII, os lenços de namorados eram, segundo a tradição minhota, panos de linho ou
algodão bordados alegremente, com flores e símbolos amorosos, corações, passarinhos a voar e mensagens
em quadras num português muito antigo e com erros ortográficos.
Quem os bordava eram raparigas simples do campo, da região do Minho, que declaravam o seu amor atra-
vés desta forma de código. Depois de bordado, secretamente, faziam chegar o lenço ao seu amado e, se este
usasse o lenço em público, era sinal de que o amor era correspondido, começando assim o namoro, normal-
mente às escondidas.

Máquina do Tempo, Rádio Zig Zag — RTP, 27-11-2017


(consult. em 20-05-2020)

página 187 do Manual · Texto de apoio

Artesanato de Vila Verde – Lenços de namorados (texto informativo)


Há quem defenda que a génese dos Lenços dos Namorados, ou de Amor, se deve aos lenços senhoris dos
séculos XVII e XVIII, transformados posteriormente pelas mulheres do povo, transpondo-lhes uma configuração
mais simples quer nas suas expressões, quer nas técnicas e materiais usados no seu fabrico.
Estes “lenços” integravam o traje das senhoras, podendo ter assumido duas funções: utilidade decorativa e
conquista do namorado.
Assim, quanto à conquista do namorado, quando as raparigas estavam na idade de casar, preparavam o seu
“lenço” bordado através de um pano de linho fino ou de um lenço de algodão com os conhecimentos que pos-
suíam sobre o ponto de cruz, que outrora lhes haviam sido ensinados pelas suas mães ou avós.
Bordado o “lenço”, a rapariga enviava-o ao rapaz que elegera para ser seu namorado. Ela seria correspon-
dida se ele o usasse publicamente, o que a acontecer seria o início de uma relação amorosa.
Entretanto, os “Lenços dos Namorados” foram sofrendo alterações tendo o ponto de cruz sido parcialmente
substituído pelo ponto corrido e o preto e o vermelho inicial deram origem a uma grande diversidade de cores.
Estes “lenços” eram, de facto, expressivos da simplicidade do amor e da ingenuidade dos sentimentos das
raparigas.

in www.portoenorte.pt (consult. em 04-03-2020)

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