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o masculino na vida amorosa, que pode ser inclusive indiferente ao sexo biológico do
objeto eleito para satisfazer seus anseios amorosos? Poderíamos situá-lo, este “tipo” de
amor à moda masculina, como o campo privilegiado pela psicanálise quanto ao assunto
“masculinidade”?
Isso quer dizer que não buscaremos retratar a totalidade daquilo que Freud
houvera dito acerca do masculino. Mesmo que, apesar disso, o fenômeno de
“superestimação” ou “supervalorização sexual”, como demonstraremos, possa assumir
uma posição em relação à qual converge o pensamento freudiana sobre o tema
“masculinidade”, inclusive, servindo-lhe também como parâmetro para tratar de outras
questões ao longo da sua obra.
Inicialmente, iremos nos ocupar dos tipos masculinos no amor.
Disso que Freud acabou de nos dizer, podemos inferir algo que abordaremos na
sequência deste trabalho e que corresponde, no nosso entender, à contribuição sui
generis da psicanálise ao que normalmente concebemos sob a rubrica genérica de
“masculinidade”. Isto é: a extrema importância dada pelos sujeitos masculinos, tanto do
“tipo normal” quanto do “tipo particular” em questão neste ensaio freudiano, à
sexualidade daquela à qual destina seu amor, como determinante na sua escolha de
objeto. Veremos que o desprestígio geral pelas damas ditas “mal afamadas”, comentado
por Freud há pouco e de que voltaremos a tratar na sequência, bem como o fator
“tóxico” ou obsessivo da adoração desse “tipo particular” de amor masculino, é que
ambos se mostram derivados dessas fantasias da puberdade e, de modo ainda mais
distante, da fixação de sentimentos ternos e carinhosos em relação à mãe. Portanto,
embora a importância conferida à sexualidade feminina na eleição do objeto de amor
masculino seja atestada por Freud, o que se sobressai são as correntes ternas ou, dito de
outro modo, os afetos que já não são propriamente ou restritamente sexuais; aos quais
os sexuais, no seu sentido estrito, estão a eles ligados em alguma medida,
indiscutivelmente, só que de que forma “sublimada” depois da puberdade.
Com base na relevância que a sexualidade do objeto feminino assume na escolha
amorosa masculina,
Como teor mais comum desse material patogênico destaca-se a fixação incestuosa,
nunca superada, na mãe e na irmã. Além disso, há que considerar a influência de
impressões penosas acidentais, ligadas à atividade sexual infantil, e os fatores que de
forma geral diminuem a libido a ser dirigida ao objeto sexual feminino. (Freud,
1912/XXX, p. XX).
com vistas aos fenômenos que vão desde aqueles considerados bizarros ou
patológicos até outros que nos são mais banais ou familiares, e destinos da libido do Eu,
após ela ter sido retirada dos objetos por ela anteriormente investidos, que se
manifestam de formas variadas em
relativa a uma certa alocação secundário da libido no Eu; que, inclusive, impõe
limites à suscetibilidade de pacientes neuróticos ao tratamento analítico.
Do início ao fim do ensaio em questão, Freud nos conduzirá por fenômenos que atestam
a necessidade teórica de concebermos, na psicanálise, a existência de um narcisismo
primário, estabelecido ainda nas primeiras experiências infantis, em que a libido [ou
pulsão sexual] se encontraria inicialmente concentrada no Eu.
Para tanto, Freud parte da explicitação das operações psíquicas encontradas naqueles
fenômenos patológicos que nos parecem, à primeira vista, bizarros ou extravagantes.
Para, logo em seguida, demonstrar que essas mesmas operações são realizadas em
outros fenômenos que nos são mais familiares ou banais. Ao fim do caminho que se
inicia pelos extravagantes sintomas daquilo que era conhecido por dementia praecox ou
esquizofrenia, chegaremos àqueles que denunciam o infamiliar presente na relação
amorosa.
Mas não apenas na megalomania expressa pelas parafrenias se pode justificar a primazia
de um narcisismo primário, que está na origem de um secundário resultado da retração
dos investimentos objetais no Eu. A megalomania constatada na observação e
concepções da vida psíquica das crianças e dos povos primitivos também justificam a
existência anterior de um narcisismo primário e, posteriormente, de um secundário.
Pois,