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FACULDADES INTEGRADAS FACVEST

CURSO DE DIREITO

MAITE DE MEDEIROS VIEIRA BORGES ANTUNES

UMA ANÁLISE SOBRE A IMPENHORABILIDADE DO BEM DE


FAMÍLIA DO FIADOR

LAGES
2009
2

MAITE DE MEDEIROS VIEIRA BORGES ANTUNES

UMA ANÁLISE SOBRE A IMPENHORABILIDADE DO BEM DE


FAMÍLIA DO FIADOR

Trabalho de conclusão de curso apresentado às


Faculdades Integradas FACVEST como parte
dos requisitos para a obtenção do grau de
Bacharel em Direito.
Orientadora: Caroline Ribeiro Bianchini

LAGES
2009
3

MAITE DE MEDEIROS VIEIRA BORGES ANTUNES

UMA ANÁLISE SOBRE A IMPENHORABILIDADE DO BEM DE


FAMÍLIA DO FIADOR

Trabalho de conclusão de curso apresentado às


Faculdades Integradas FACVEST como parte
dos requisitos para a obtenção do grau de
Bacharel em Direito.
Orientadora: Caroline Ribeiro Bianchini

Lages, SC ____/____/2008. Nota _______ __________________________________


Prof.ª Caroline Ribeiro Bianchini

__________________________________________
Prof. Msc. Odinei Bueno Gonçalves
Coordenador do Curso

LAGES
2008
4

AGRADECIMENTOS
5

UMA ANÁLISE SOBRE A IMPENHORABILIDADE DO BEM DE


FAMÍLIA DO FIADOR

Maite de Medeiros V. B. Antunes 1


Caroline Ribeiro Bianchini2

RESUMO

O presente trabalho de conclusão de curso trata da Impenhorabilidade do Bem de Família do


Fiador. Entre os objetivos deste trabalho temos: analisar o instituto do Bem de Família no
Direito Brasileiro, desde sua origem clássica, passando à jurídica nos Estados Unidos até às
atuais peculiaridades do benefício da impenhorabilidade, estabelecido no Código Civil e na
Lei n° 8.009/90 e; verificar o desenvolvimento do instituto do Bem de família no direito
brasileiro; identificar e analisar os principais aspectos jurídicos do instituto, além de examinar
a polêmica questão da impenhorabilidade do mesmo, principalmente em se tratando do Bem
de Família do fiador no contrato de locação. Ao final, verifica-se que o Bem de Família trata-
se de uma importante garantia, visando resguardar o imóvel onde a família reside, tornando,
assim, impenhorável esta residência, bem como os bens móveis que a guarnecem. Com
relação ao imóvel residencial do fiador, observa-se que essa matéria ainda apresenta
divergências tanto na doutrina quanto na jurisprudência brasileira.

Palavras-chave: Impenhorabilidade; Bem; Família; Fiador.

1
Acadêmica do curso de graduação em Direito, da Faculdade de Direito de Lages – FACVEST.
2
Mestre em Direito; Professora Orientadora das Faculdades Integradas da Rede de Ensino Univest.
UMA ANÁLISE SOBRE A IMPENHORABILIDADE DO BEM DE
FAMÍLIA DO FIADOR

Maite de Medeiros V. B. Antunes 3


Caroline Ribeiro Bianchini4

ABSTRACT

This work of completion of this Unseizability Goods Family of Guarantor. Among the
objectives of this study are: to analyze the Institute of Family Well in Brazilian law, from its
classical origin, from the legal in the United States to the peculiarities of the present benefit of
immunity from seizure, established the Civil Code and Law No. 8009/90 and, monitor the
development of the Institute of Family Well under Brazilian law, to identify and analyze the
legal core of the institute and to examine the controversial question of immunity from seizure
of it, especially when it comes to Family Well guarantor of the lease . In the end, it appears
that the Family Well this is an important guarantee in order to protect property where the
family resides, thus making this residence can not be seized, as well as movable property that
the trim. With respect to residential property of the guarantor, it is observed that the material
still shows variations in both doctrine and jurisprudence in Brazil.

Key-words: Well; Unseizability; Family; Guarantor.

3
Academic Course for graduation in Law, Faculty of Law of Lages – FACVEST.
4
Master of Laws, Professor Advisor Integrated College of Education Network Univest.
7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.........................................................................................................................9

1. O BEM DE FAMILIA ..................................................................................10


1.1. Origem...............................................................................................................................10
1.1.1. Bem de família no direito Romano Antigo.................................................................13
1.1.2. Bem de família da Idade Média...................................................................................14
1.1.3. Formação norte-americana do bem de família..........................................................14
1.2. Bem de família no Direito Comparado..........................................................................14
1.3. Conceito.............................................................................................................................14
2. A IMPENHORABILIDADE DO BEM DE FAMÍLIA ..................................................16
2.1. Modalidades......................................................................................................................17
2.1.2. Bem de família convencional........................................................................................14
2.1.3. Bem de família legal......................................................................................................14
2.2. Extensão da Impenhorabilidade: Base Conceitual.......................................................20
2.2.1. Impenhorabilidade e suas exceções no bem de família legal.....................................14
2.2.2. Impenhorabilidade e suas exceções no bem de família voluntário...........................14
3. BEM DE FAMÍLIA E FIANÇA: UMA DISCUSSÃO SOBRE A
IMPENHORABILIDADE......................................................................................................21
3.1. Fiança: conceituação, caracteres, e requisitos...............................................................21
3.1.1. Conceituação..................................................................................................................22
3.1.2. Caracteres .....................................................................................................................22
3.1.3. Requisitos ......................................................................................................................25
3.2. Modalidades e efeitos jurídicos da fiança......................................................................26
3.2.1. Modalidades...................................................................................................................28
3.2.1 Efeitos Jurídicos da fiança............................................................................................29
3.3. A impenhorabilidade do bem de família do fiador.......................................................14

CONCLUSÃO.........................................................................................................................31

REFERENCIAS .................................................................................................................... 32
8

INTRODUÇÃO
9

1.O BEM DE FAMÍLIA

1.1Origem

1.1.1 Bem de Família no Direito Romano Antigo:

O Bem de Família como conhecemos atualmente, teve sua origem nos Estados Unidos
da América, porém, já havia uma instituição semelhante na Roma Antiga.
Segundo Marcione Pereira dos Santos (2003, p.3), “a instituição do Bem de Família
representa uma rara exceção de origem no Direito Civil pátrio, visto ser este calcado,
principalmente, no Direito Romano”. Segundo essa mesma autora o instituto do Bem de
Família teve sua origem no homestead norte-americano, porém encontramos no direito
romano antigo a origem embrionária do bem de família.

Assim havia, na Roma Antiga uma estreita relação entre os deuses lares e o solo,
de maneira que a lareira onde era aceso o fogo sagrado nas casas romanas, de
adoração dos antepassados, impunha uma fixação da moradia, de modo a torná-
la inalienável, visto ser impossível a remoção da pedra-altar com a chama acesa,
e se a chama se apagasse seria considerado uma profanação (SANTOS, 2003,
P.3).

De acordo com Azevedo (1999, p. 22), em Roma não existia o Bem de Família como o
conhecemos hoje, mas sim a família em si “a qual era regida pelo chefe de família que detinha
o poder de tudo e de todos”, ou seja, tinha total controle não apenas da família propriamente
dita, como também dos escravos, dos instrumentos e da propriedade.
Observa-se que em Roma o modelo familiar do bem de família era patriarcal e
baseado num modelo religioso, onde o bem de família era acima de tudo sagrado.

Credie (2004, p. 13), por sua vez, afirma que:

O devedor inadimplente, em Roma, poderia ser vendido como escravo [...] pelo
credor. Com o correr dos séculos, entretanto, foram-se amainando as disposições
desumanas. Proibiu-se a lesão à incolumidade física, bem como a coação da
10

pessoa humana a realizar pela força atos de execução; por fim, certos bens
deixaram de ser executáveis, tais quais os impenhoráveis por lei.

Nesta mesma linha, temos o relato de Álvaro Villaça Azevedo (1999, p. 21) ao expor
que “no Direito Romano, no período da República, havia proibição de alienar patrimônio da
família, pois todo ele tinha caráter de inalienabilidade, dados os rígidos princípios de
perpetuação dos bens dos antepassados, que se consideravam sagrados”.
Como pode-se perceber, ainda de forma muito rudimentar, o Bem de Família teve sua
origem na Roma Antiga, no qual a propriedade estava intimamente ligada à religião e, com
isso, o bem de família também mantinha essa característica religiosa.

1.1.2 Bem de família da Idade Média:

Na Idade Média, a noção de família, tem uma base material, a qual seria o próprio
Bem de Família. Este bem familiar, seja ele as terras de um servo ou os domínios senhoriais,
permanece sempre propriedade da linhagem. O bem é tradicionalmente passado através de
gerações e assim deve ser mantido. Ele é impenhorável e inalienável, sendo que as
dificuldades financeiras da família não podem prejudicá-lo. Ninguém pode arrancá-lo e a
família não tem o direito de vendê-lo ou de trocá-lo. Sendo que na morte do pai, este bem
passa aos seus herdeiros diretos.
Conforme ensina Azevedo (1999, p. 21)

O Bem de Família deteve caráter mais político-econômico do que sócio-jurídico,


visando a assegurar a nobreza e não proteger a família [...]. Na Idade Média, a
propriedade familiar resguardava-se pelos morgadios, mais visando a assegurar a
nobreza, em seu poderio, do que no intuito direto de proteção à família, tendo,
assim, caráter mais político-econômico do que sócio-jurídico.

Diante do acima exposto, tem-se o entendimento de que na Idade Média, religião e


propriedade se confundiam, de tal maneira que quando o chefe de família estava protegendo a
religião familiar de seus antepassados, estava também resguardando sua propriedade.

1.1.3 Formação norte-americana do Bem de Família:


11

O bem de família é um instituto que teve origem histórica, na República do Texas, em


26 de janeiro de 1938, com o Homestead Expedition Act. Esta figura jurídica foi criada com o
objetivo de isentar a pequena propriedade residencial agrícola familiar de qualquer
expropriação, e já diria Ritondo (2008, p. 19): “resguarda a família dos percalços de ordem
econômica, de modo a garantir-lhe o mínimo necessário à sobrevivência”.
O jurista americano Rufus Waples (apud Ritondo, 2008, p.19) conceituou o homestead
como a residência de família, ocupada, consagrada, limitada, impenhorável, e por diversas
formas inalienável, conforme o estatuído em lei.
A grande depressão econômica ocorrida nos Estados Unidos entre os anos de 1837 e
1839, resultante de uma desenfreada atividade especulativa financiada pelos bancos europeus,
que vislumbraram a possibilidade de vastos lucros no novo mundo, foi o fato que
desencadeou a preocupação do legislador texano com o pequeno proprietário e culminou com
a edição da referida lei.
O homestead e as idéias relativas a este princípio, influenciaram e muito, outros
sistemas jurídicos, entre os quais o nosso. De acordo com Pretti (2009, p. 25)

[...]de maneira distinta, no nosso direito a sua essência permaneceu, constituindo


um mecanismo legal de proteção do lar familiar e, consequentemente, da pessoa
na família, a partir da indisponibilidade de certa parcela de seu patrimônio.

No Brasil, a inserção do instituto “bem de família”, se deu de forma problemática,


dificultando sua regulamentação, mas foi introduzida no Código Civil de 1912, sofrendo
algumas mudanças mais tarde, até que foi sedimentada por lei específica, na Lei 8.009 de
1990 e ainda no Código Civil de 2002.

1.2 Bem de Família no Direito Comparado

O bem de família como instituto se originou nos Estados Unidos da América, adotado
como medida legal destinada ao serviço da família devido a contingente penúria econômica.
Em meados do século XIX, foram criadas duas figuras legais, o homestead estadual e o
homestead federal, ambos possuíam em comum a impenhorabilidade e a inalienabilidade da
propriedade. De acordo com Santos (2003, p.12):
12

A instituição do homestead não visou a proteção do calote, mas sim ao resguardo


de se forçar uma solução em um momento de crise, fato este que, ao longo do
tempo, poderia transformar-se em benefício do próprio credor, mediante a
manutenção de condições mínimas para evitar a completa desolação do devedor.

O homestead teve ampla eficácia em todo o território americano, tornando-se o


precursor do instituto no mundo todo e serviu para dar base a diversas legislações.
Na Alemanha, apesar dos diversos projetos, somente em 1920 foi aprovada uma lei
relativa aos patrimônios familiares. Esta Lei foi elaborada para resguardar o terreno concedido
pelo Estado, município ou associação de caráter público, assim como, a residência ou
indústria, constituída pelo proprietário mediante inscrição no registro e cuja destinação seja
em prol da entidade familiar.
Em 1894 foi apresentado ao Parlamento um projeto de lei para regulamentar o bem de
família, denominado de masseria. O imóvel transformado em masseria tornava-se
propriedade da família, sendo impenhorável, inalienável e indivisível; para sua constituição
era necessário observar o rito procedimental previsto em lei, com ampla divulgação e registro
no notário público. Somente as dívidas para melhoramentos indispensáveis no imóvel
poderiam ser objeto de hipoteca.
A masseria foi criada para preservar a exploração agrícola do imóvel, fosse ele
exercido diretamente pela família ou por intermédio de terceiros, mas em benefício do grupo
familiar.
No entanto, a masseria não prosperou e a matéria só foi disciplinada em 1942, pelo
código civil italiano, sob o título de patrimonio familiare, tornando certa quantidade de bens
imóveis ou títulos de crédito, não alienáveis pelos proprietários e não expropriáveis pelos
credores.
Para a constituição do patrimônio familiare é imprescindível a transcrição no cartório
de registros, podendo ser formalizado em favor de um ou ambos os cônjuges, permanecendo
sua eficácia enquanto um dos cônjuges viver ou até os filhos completarem a maioridade.
Em 1904, a Venezuela, sob o pretexto de apresentar dispositivos que velassem pelos
interesses familiares, que visasse a melhoria da situação moral e econômica do povo,
facilitando a aquisição de uma moradia cômoda, sobretudo, que atendesse aos anseios dos
venezuelanos, foi o primeiro país a regulamentar o bem de família, denominando-o de del
hogar.
13

A sua constituição recairia sobre o imóvel urbano ou rural, desde que destinado à
moradia da família.
Todavia, del rogar foi um fracasso, dado o exagerado formalismo existente para sua
instituição. Conforme Santos (2003, p.40):

Para a instituição do del hogar, o Código Civil venezuelano prevê um exagerado


ritual formalístico, preconizado nos arts. 637-639, que consiste, basicamente, no
seguinte procedimento: a pessoa que desejar instituir o del hogar deverá requerer
por escrito ao juiz da localidade do imóvel, instruindo o requerimento com a
discriminação das pessoas em cujo favor está sendo constituído; os limites e
confrontações com os imóveis lindeiros; a prova de seu domínio e a certidão
vintenária do registro de imóveis respectivo demonstrando que não existe
gravame onerando o imóvel sobre o qual vai recair o del hogar.

Apesar de ter sido o primeiro país sul-americano a versar sobre da matéria, o del hogar
não atingiu a eficiência do homestead americano, haja vista, a acentuada dificuldade para
vincular determinado bem àqueles com especial proteção destinados a entidade familiar.

1.2 Definição

A partir de um estudo do desenvolvimento no decorrer da história examina-se o


conceito de bem de família à luz do que preceitua nosso ordenamento jurídico. A Constituição
Federal de 1988 traz como direitos e garantias fundamentais em seu art. 1º, III, o Princípio da
Dignidade da Pessoa Humana:

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos


Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de
Direito e tem como fundamentos:
III - a dignidade da pessoa humana;

A Emenda Constitucional nº 26, de 14 de fevereiro de 2000, acrescentou ao rol dos


direitos sociais do artigo 6º da CF, a moradia, passando a ter a seguinte redação: “Art. 6º São
direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência
social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta
Constituição”.
Tendo em vista o posicionamento da Carta Magna, o direito à moradia vem
acrescentar uma proteção a um direito natural, qual seja a proteção da vida, a saúde e a
liberdade.
14

Assim, o direito à moradia constitui-se indubitavelmente um direito social,


encontrando respaldo perfeito no rol dos direitos de segunda geração.
Conclusivamente, podemos dizer que os direitos sociais se constituem em
direitos fundamentais, e a moradia localiza-se no ordenamento jurídico no plano
hierarquicamente superior dos direitos fundamentais. (PRETTI, 2009, p.20)

O direito fundamental a moradia revela-se como um direito da personalidade, fruto da


dignidade da pessoa humana e integrante do mínimo existencial que assegura uma vida digna,
não podendo, por isso, sofrer qualquer tipo de violação, sendo um bem irrenunciável e
indisponível.
Verifica-se como definição que, o bem de família é o direito a moradia, garantido pela
inalienabilidade e impenhorabilidade do imóvel residencial próprio, específico para assegurar
uma vida digna ao núcleo familiar.

Podemos entender por vida digna aquela em que a família possui pelo menos um
imóvel para acolhê-la. Notadamente sabemos que a realidade brasileira se dista
deste “ideal” e que a grande maioria das pessoas vive em imóveis alugados ou
mesmo sem ao menos uma residência. A lei, acertadamente, procura dar
proteção àqueles que possuem um imóvel, permitindo que a entidade familiar
possa destiná-lo como bem de família, ficando desta forma, isento de penhoras
por dívidas, protegendo o núcleo familiar. (PRETTI, 2009, p.29)

Segundo o entendimento de Credie (2004, p. 5-6)

Deve-se observar que o bem de família envolve direitos, não se confundindo


com o imóvel residencial sobre o qual eventualmente incide. Esse conjunto de
direitos ao recair sobre determinada residência, transforma-se em qualidade dela.
Além de ser atributo que se agrega ao imóvel residencial de entidade familiar, o
bem de família representa ainda uma restrição ao direito de propriedade, uma vez
que o titular do bem perde boa parte do poder de dispor do seu domínio,
passando a possuir um imóvel relativamente inalienável.

Portanto, além de abarcar o direito a propriedade, que também faz parte dos direitos e
garantias fundamentais, previstos no art. 5º, incisos, XXII e XXIII, a moradia se revela como
fruto da dignidade da pessoa humana, a qual não deve sofrer nenhum tipo de violação, ainda
que expressamente previsto na Constituição Federal.
15

2. A IMPENHORABILIDADE DO BEM DE FAMÍLIA

2.1 Modalidades

Por força do Código Civil de 1916, o instituto do bem de família foi introduzido em
nossa legislação, reservado a garantir a proteção ao imóvel e um lar permanente. Inicialmente
a doutrina era unânime em afirmar que somente o marido teria legitimidade para instituí-lo,
por ser ele o “chefe da família”. Ressalva, no entanto, a possibilidade de a mulher fazê-lo se
estivesse ela na direção de sua família, em casos como o de viuvez, por exemplo.
Necessário se faz adentrar a concepção de família no direito brasileiro, para abordar de
maneira mais objetiva o conceito próprio do bem de família.
Com o advento da Constituição Federal de 1988, ficou estabelecida a igualdade entre
homens e mulheres, e ainda a possibilidade de existência de entidades familiares resultantes
da união estável, a monoparental e ainda de famílias unipessoais (desde aqueles que optaram
por uma vida celibatária, até os que restaram solitários, vitimas de um relacionamento
desfeito, por orfandade ou viuvez), evidenciando desta forma as mudanças ocorridas ao longo
dos anos na sociedade, introduzidas na atual constituição.
Observa-se que a Constituição trouxe uma nova roupagem ao direito de família
quando trouxe proteção jurídica às várias espécies. De acordo com Glanz (apud, Ritondo,
2008, p. 5)

O conceito de família, portanto, é necessariamente plural e contemporâneamente


considerado como um conjunto formado por um ou mais indivíduos, ligados por
laços biológicos ou sociopsicológicos, abarcando desde a família unipessoal,
passando pela família monoparental (formada por qualquer dos pais e seus
descendentes) e pela família nuclear (formada por duas pessoas de sexo diverso
ou não, casadas ou em união estável, com ou sem filhos), até chegar à família
formada por pessoas ligadas pela relação de parentesco ou afinidade (a chamada
família extensa).

Quanto ao objeto do bem de família muito se discutiu a respeito. O Código de 1916


trazia como objeto prédio urbano, nada se tratando sobre imóvel rural. O entendimento que
prevaleceu foi o da admissibilidade da aplicação para os dois tipos de imóveis, levando-se em
conta, que o que realmente importa não é a situação geográfica do mesmo, mas a utilização
que se dá a ele.
16

Outro ponto discutível e omisso no Código, é o relativo a extensão do bem de


família, inicialmente foi considerado pela doutrina, como limitado ao
indispensável à fixação do domicílio familiar e suas naturais dependências, das
quais participariam as benfeitorias necessárias e úteis, sem inclusão das
voluptuárias ou suntuosas, nem tampouco chácaras, fazendas, roças, sítios e
quintais.(RITONDO, 2008, p.28)

Entretanto, não era esse o entendimento de todos. Segundo Ferreira Coelho (apud
Ritondo, 2008, p. 28-29)

As chácaras, rocinhas, sítios, ou ainda outra qualquer dependência do prédio ou


casa, domicílio familiar, não podem deixar de ser incluídos no bem de família.
Não é a habitação, simplesmente, que o código afasta da execução por dívidas,
compreende-se também no bem de família as dependências da casa, aquilo que
se torna confortável e de onde a família possa tirar proveito: um quintal, onde
possa ter-se um jardim, uma horta, um pequeno pomar, um pequeno prado, onde
se alimentem alguma vaca e algumas galinhas, são dependências que entram na
isenção do bem de família.

Deste modo, desde a mais valiosa até a mais modesta habitação podem ser reservadas
para servirem de bem de família.
Em nosso ordenamento jurídico há duas modalidades do bem de família: convencional
e legal.

2.1.1 Bem de Família Convencional:

O bem de família convencional está previsto nos artigos 1.711 ao 1.722 do Código
Civil de 2002. Já o bem de família legal está previsto na Lei nº 8.009/90.
Assim, tem-se que o bem de família convencional foi constituído pelo Código Civil de
1916 e, suscitando todas as controvérsias, o mesmo foi alterado pelo Código Civil de 2002.
A grande discussão pairou em torno do termo “entidade familiar”, criticado por
diversos doutrinadores em relação à abrangência do tema, tendo em vista, numerosas e
diferenciadas formações de famílias contemporâneas, englobadas pela constituição, como dito
acima no conceito de família.
Realmente, esta interpretação não pode ser vista de maneira restritiva. O conceito
constitucional de família deve ser tomado na sua acepção plural e indeterminada, firmando
verdadeira cláusula geral de inclusão e dando à norma constitucional maior eficácia e alcance
social possível.
17

Assim, ensina Venosa (ano, p.) que o Direito Civil Moderno deixa de ter uma acepção
restrita de família, desconsiderando como membros da família apenas as pessoas unidas por
relação conjugal ou de parentesco:

Desse modo, importa considerar a família em conceito amplo, como parentesco,


ou seja, conjunto de pessoas unidas por vínculo jurídico de natureza familiar.
Nesse sentido compreende os ascendentes, descendentes, e colaterais de
linhagem, incluindo-se os ascendentes, descendentes e colaterais do cônjuge, que
se denominam parentes por afinidade ou afins. Nessa compreensão inclui-se o
cônjuge, que não é considerado parente.

E ainda, afirma que “em conceito restrito, família compreende somente o núcleo
formado por pais e filhos que vivem sob o pátrio poder ou poder familiar”.
Outro ponto relevante na discussão foi sobre a limitação de valor imposta para
constituição do patrimônio do bem de família.
O Código Civil de 1916 foi omisso quanto ao valor atribuído como limite máximo
para o bem de família, já o novo Código Civil de 2002 em seu artigo 1.711, visa claramente à
proteção da moradia familiar.

Art. 1.711. Podem os cônjuges, ou a entidade familiar, mediante escritura


pública ou testamento, destinar parte de seu patrimônio para instituir bem de
família, desde que não ultrapasse um terço do patrimônio líquido existente ao
tempo da instituição, mantidas as regras sobre a impenhorabilidade do imóvel
residencial estabelecida em lei especial.
Parágrafo único. O terceiro poderá igualmente instituir bem de família por
testamento ou doação, dependendo a eficácia do ato da aceitação expressa de
ambos os cônjuges beneficiados ou da entidade familiar beneficiada.

O caput e o parágrafo único do artigo acima examinado não repetiram o artigo 70 do


código anterior, que deixava explícito somente ser possível a instituição de apenas um imóvel
em bem de família, inovando quanto a limitação de 1/3 que genericamente pode ser instituído
na pluralidade de imóveis, ou seja, a possibilidade de mais de um domicílio para abrigar a
entidade familiar.
Destarte, Cordeiro (2009, p.29) menciona os requisitos para a instituição do bem de
família convencional, sendo estes:

1. O instituidor seja proprietário do bem destinado à bem de família;


2. Os instituidores no ato da instituição não tenham dívidas cujos pagamentos
possam por ele ser prejudicados;
3. A instituição do bem de família seja feita mediante escritura pública
transcrita no registro de imóveis e publicada na imprensa local, e na falta desta, na
capital do Estado.
18

O bem de família convencional é o imóvel residencial próprio, seja urbano ou rural,


que se destina por qualquer dos cônjuges à residência da família, ficando assim, isento de
penhora, a fim de assegurar uma vida digna ao núcleo familiar. (OLIVEIRA, 2001, p.458)
Cumpre observar, ainda, que a Lei nº 8.009/ 1990 e o Código Civil de 2002 coexistem
no ordenamento jurídico brasileiro, na forma do artigo 5º, parágrafo único, da Lei nº
8009/1990. Havendo a constituição voluntária do bem de família, na forma do Código Civil
de 2002, deixará de incidir a Lei nº 8.009/1990, que voltará a ter efeito em caso de
desconstituição do bem de família voluntário.

2.1.2 Bem de Família Legal:

Em meio a grave crise econômica por que passava o país no fim do mandato do
presidente José Sarney, foi editada a medida provisória nº 143, de 8 de março de 1990, com a
estipulação da impenhorabilidade ex lege do imóvel residencial.
Após a tramitação no Congresso Nacional, a medida provisória foi aprovada e
promulgada a Lei nº 8.009, de 29 de março de 1990.
Expressamente sobre o bem, refere-se a lei, inaugurando no Brasil a
impenhorabilidade obrigatória e automática do bem de família, sem atingir a disponibilidade
por parte do proprietário, uma vez que não impõe a inalienabilidade do bem, contrariamente
ao que ocorre com a versão por convencionalidade do bem de família.
O bem de família legal é o imóvel residencial próprio do casal ou da entidade familiar,
bem como os móveis que os guarnecem, isento de penhorabilidade por determinação legal.
Esse imóvel pode ser urbano ou rural. (PRETTI, 2009, p.30)
Na concepção da Lei 8.009/1990, é dispensada a escritura pública ou testamento para a
instituição do bem de família, já que o benefício é criado por lei, sendo irrelevante o fato de o
beneficiário ser ou não devedor.

Artigo 1º - O imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade familiar, é


impenhorável e não responderá por qualquer tipo de dívida civil, comercial, fiscal,
previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos cônjuges ou pelos pais ou
filhos que sejam seus proprietários e nele residam, salvo nas hipóteses previstas
nesta Lei.
Parágrafo único - A impenhorabilidade compreende o imóvel sobre o qual se
assentam a construção, as plantações, as benfeitorias de qualquer natureza e todos
os equipamentos, inclusive os de uso profissional, ou móveis que guarnecem a
casa, desde que quitados.
19

O instituto do bem de família como ato primordialmente convencional vigorou até a


edição da Lei nº 8009, de março de 1990. Através dessa legislação infraconstitucional, passou
a ter vigência entre nós o bem de família legal, que difere do convencional pelo fato de a
impenhorabilidade do bem destinado à moradia da família não mais depender da vontade
prévia do proprietário, podendo ser invocado apenas com base na norma legal.(AINA, 2004,
p.9)
Observa-se que o bem de família legal resguarda esta proteção ao imóvel do casal,
garantindo uma vida digna a família.

2.2 Extenção da Impenhorabilidade: Base Conceitual

Percebe-se hoje que a existência dos bens do devedor é essência no processo de


execução por quantia certa, tendo em vista que não se precisa mais na execução civil que se
pague com a liberdade ou até mesmo com a vida, como na antiguidade.
Contudo, como resolver a situação da execução quando o devedor só possui sua casa
na qual reside com a família ou os móveis que nela guarnecem?
Resolvendo isso, o legislador criou a impenhorabilidade de determinados bens
ponderados essenciais para a conservação do direito da dignidade da pessoa humana, como se
percebe no art. 649 do Código de Processo Civil.
Ainda para conservar a família o legislador instituiu a impenhorabilidade do único
imóvel de natureza residencial do devedor, conforme dispõe o art. 1° da Lei 8.009/1990:

Art. 1º O imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade familiar, é


impenhorável e não responderá por qualquer tipo de dívida civil, comercial,
fiscal, previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos cônjuges ou pelos
pais ou filhos que sejam seus proprietários e nele residam, salvo nas hipóteses
previstas nesta lei.

Ainda, dispõe a Súmula 364 do STJ: “O conceito de impenhorabilidade de bem de


família abrange também o imóvel pertencente a pessoas solteiras, separadas e viúvas".
Assim, leciona o ilustre doutrinador sobre a definição de impenhorabilidade:

Citação com a definição de impenhnorabilidade


20

Conclui-se que, quando não recai sobre um bem qualquer tipo de penhora ou execução
este será impenhorável, pois tal impenhorabilidade pode emanar de lei ou de vontade das
partes.

2.2.1 Impenhorabilidade e suas exceções no bem de família legal:

Não obstante a impenhorabilidade do bem de família legal, por força da Lei n°


8.009/1990, algumas exceções é apresentada pela própria legislação mencionada. O art. 2° da
mencionada lei preceitua algumas ressalvas à impenhorabilidade quando expõe que:
“Excluem-se da impenhorabilidade os veículos de transporte, obras de arte e adornos
suntuosos”.
Dessa forma, verifica-se uma proteção ao credor, uma vez que poderia ficar sem
receber se tais bens fossem igualmente impenhoráveis, pois possuem um alto valor comercial.
Acerca das exceções à impenhorabilidade, o art. 3º, inciso I, da Lei assim diz:

Art. 3º A impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de execução civil,


fiscal, previdenciária, trabalhista ou de outra natureza, salvo se movido:
I - em razão dos créditos de trabalhadores da própria residência e das respectivas
contribuições previdenciárias;

O inciso em comento trata tanto dos créditos trabalhistas quanto das contribuições
previdenciárias, que têm natureza jusfundamental, uma vez que o salário garante o direito à
vida, provendo os meios materiais de sobrevivência do indivíduo, e o direito à previdência
que consta expressamente na Constituição Federal como direito fundamental social (Cordeiro,
2009, 41-42).
Nesse sentido, são os ensinamentos de Credie (2004, p. 83)

Tanto nas execuções trabalhistas promovidas pelo empregado da residência


quanto naquelas do ente previdenciário, sempre que o crédito tiver origem na
mesma relação laboral doméstica [...], ocorrerá a sujeição desse bem cuja
apreensão judicial, pela regra geral, seria interdita. ( 2004, p.83).

Observa-se que, não está a salvo da impenhorabilidade os bens de família quando se


tratar de execução de créditos trabalhistas de empregados da própria residência, eis que
21

mencionados créditos possuem uma importância peculiar, por se referir a natureza


alimentícia.
Mais uma exceção trazida pela lei encontra-se art. 3°, inciso II, da aludida Lei, in
verbis:

Art. 3º A impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de execução civil,


fiscal, previdenciária, trabalhista ou de outra natureza, salvo se movido:
I – [...]
II - pelo titular do crédito decorrente do financiamento destinado à construção ou
à aquisição do imóvel, no limite dos créditos e acréscimos constituídos em
função do respectivo contrato;

O aludido inciso tem por objetivo à proteção do enriquecimento ilícito, pois não seria justo o
devedor não ser executado pelas dívidas que adquiriu para a construção da casa própria.
Assim, todos iram buscar financiamento para a construção de sua moradia, o qual ocorreria
uma numerosa inadimplência e nada lhes aconteceria.
Já no inciso III, o legislador inclui nas exceções à impenhorabilidade os créditos alimentares,
eis que possuem a mesma natureza jurídica dos créditos trabalhistas, ou seja, alimentos.
O artigo 3º, inciso IV, assim diz:

Art. 3º A impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de execução civil,


fiscal, previdenciária, trabalhista ou de outra natureza, salvo se movido:
IV - para cobrança de impostos, predial ou territorial, taxas e contribuições
devidas em função do imóvel familiar;

Ainda, é passível de execução, Bem de Família, por motivo de dívidas decorrentes de


impostos prediais ou territoriais, taxas e contribuições dele oriundas (AZEVEDO, 2004,
p.178).
Outra ressalva que a Lei dispõe está contida no inciso V, que assim descreve: “para
execução de hipoteca sobre o imóvel oferecido como garantia real pelo casal ou pela entidade
familiar”.
Ademais, não seria justo que o imóvel, tido como bem de família, fosse dado em
garantia hipotecária e que este não pudesse ser executado, pois, assim, o credor ficaria sem
ver seu crédito satisfeito.
Acerca da hipoteca, Credie (2004, p.80) afirma que:

O simples fato da possibilidade geral de alienação do Bem de Família


obrigatório não a justifica. Uma coisa é a alienação voluntária, espontânea; outra,
22

a alienação judicial coercitiva na execução por dívida, que repugna às novas


normas. E a hipoteca possibilita essa execução, a apreensão e a hasta
conseqüentes, todas destoantes dos próprios fins sociais almejados.

Com isso, por um lado atende ao interesse dos proprietários do bem de família e por
outro poderá ser utilizado para burlar a lei de impenhorabilidade. Nota-se que há
posicionamentos divergentes na doutrina pátria.
No que se refere a aquisição de produto criminoso, o inciso VI do art. 3° da Lei n°
8.009/1990 assim prescreve:

Art. 3º A impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de execução civil,


fiscal, previdenciária, trabalhista ou de outra natureza, salvo se movido:
VI - por ter sido adquirido com produto de crime ou para execução de sentença
penal condenatória a ressarcimento, indenização ou perdimento de bens.

O Bem de Família adquirido com o produto do crime, na verdade, não pertence ao que
se denomina proprietário, já que, para adquiri-lo subtraiu patrimônio de outrem. Se a lei
protegesse esse tipo de bem estaria, assim, incentivando a prática delituosa (Azevedo, 1990,
p.182).
Como última exceção a Lei nº 8.009/1990 traz disposto em seu inciso VII à execução
movida por obrigação decorrente de fiança concedida em contrato de locação.
Vale lembrar que “as exceções à regra geral da inexcutibilidade do bem de família
obrigatório constituem numerus clausus, ou normas de interpretação restrita. Não admitem,
por essa razão, nenhuma ampliação ou interpretação extensiva” (Azevedo, 1990, p.71).
Desta forma, para o bem de família ser totalmente impenhorável, além de preencher os
requisitos previstos em lei, deve-se ficar de fora das exceções contidas no preceito legal acima
mencionadas.

2.2.2 Impenhorabilidade e suas exceções no bem de família voluntário:

Como ocorre no bem de família legal, no bem de família voluntário também existe
algumas exceções conforme se vislumbra no art. 1.715 do Código Civil, que menciona: “O
bem de família é isento de execução por dívidas posteriores à sua instituição, salvo as que
provierem de tributos relativos ao prédio, ou de despesas de condomínio”.
A norma, portanto, não é absoluta no que diz respeito à impenhorabilidade do bem de
família, a fim de coibir abusos em sua instituição, bem como garantia aos credores, e trazendo
três exceções como escopo.
23

A primeira delas refere-se à execução por dívidas anteriores à constituição do bem de


Família; a segunda diz respeito à execução por dívidas tributárias vinculadas ao imóvel que
constitui seu objeto e, finalizando, a terceira que fala acerca da execução oriunda de despesas
de condomínio relativas ao imóvel.
Assim, o Código Civil de 2002 traz como exceção à impenhorabilidade do bem de
família voluntário quando a dívida for anterior à sua instituição; se tiver relação com os
tributos referentes ao próprio bem ou com as despesas de condomínio.

3. BEM DE FAMÍLIA E FIANÇA: UMA DISCUSSÃO SOBRE A


IMPENHORABILIDADE
24

Afiançar é “sustentar a cabeça do devedor” (Tucci, 2003, p. 106). Assim, tem-se um


conceito dado por Pontes de Miranda do que seria a figura do fiador e que hoje é direcionando
a garantia em juízo do devedor.
Portanto, fiança é um contrato pelo qual uma pessoa se obriga por outra, para com seu
credor, a satisfazer a obrigação caso o devedor não cumpra. Sendo que um dos maiores
problemas judiciais é exatamente o da penhorabilidade de bem imóvel residencial do fiador
em execução decorrente do contrato de locação.

3.1 Fiança: conceituação, caracteres e requisitos

3.1.1 Conceituação:

Toda obrigação deve ser adimplida, essa é a sua destinação. Cabe ao credor prudente
tomar precauções para que isso aconteça. Assim, a primeira providência a se tomar é ver se o
devedor é solvente, ou seja, se possui bens suficientes para arcar com a obrigação (VENOSA,
2007, p.385).
Acontece que nem sempre é possível, pois pode o devedor, no decorrer da obrigação,
sofrer danos em seu patrimônio, não tendo assim como cumprir como o ajustado.
No combate a essas eventualidades o ordenamento dispõe ao credor outras soluções
para facilitar e garantir o adimplemento das obrigações. Sendo o contrato de fiança, um
exemplo disso, pois é uma modalidade de garantia pessoal que dá ao credor uma segurança no
cumprimento das obrigações.
Conceitua-se fiança em uma forma jurídica por meio da qual uma pessoa se
responsabiliza, ante o credor, pelo adimplemento de determinada obrigação assumida por
outrem. A fiança pode ser parcial ou total. Será parcial quando ficar restrita a um limite de
valor determinado, ou, ainda, durante um prazo fixo, e total quando não houver nenhuma
circunstância de limitação (VENOSA, 2007, p.385).
Ensina Venosa (2007, p.385) que “pelo contrato de fiança estabelece-se obrigação
acessória de garantia ao cumprimento de outra obrigação principal”.
O Código Civil, reza em seu art. 818 que “pelo contrato de fiança, uma pessoa garante
satisfazer ao credor uma obrigação assumida pelo devedor, caso este não a cumpra”.
Nesse sentido, explana Diniz (2005, p. 646)
25

A fiança ou caução fidejussória, vem a ser a promessa feita por uma ou mais
pessoas de satisfazer a obrigação de um devedor, se este não a cumprir,
assegurando ao credor o seu efetivo cumprimento. Trata-se de uma garantia
pessoal.

Portanto, verifica-se que a fiança também pode ser contrato gratuito, sendo aquele que
enseja na construção de garantia pessoal e cuja o escopo é diminuir o risco de inadimplemento
de outro contrato ao qual está ligado por vínculo de acessoriedade, ou seja, a fiança é um
contrato acessório que serve de garantia a um contrato principal. Advêm de uma garantia
pessoal porque quem garante é uma pessoa e não o bem, o que pode-se visualiza no penhor e
na hipoteca.

3.1.2 Caracteres:

A primeira característica da fiança é em razão as obrigações do afiançado para com o


fiador, cujo contrato é acessório e, em decorrência, seguem a sorte das obrigações acessórias.
Nesse sentido, é o entendimento de Monteiro:

Fiança é, assim, antes de mais nada, obrigação acessória, que pressupõe,


necessariamente, existência de outra obrigação principal, de que é garantia. [...]
Sem prova da existência do contrato principal, não se pode acionar o devedor
para o cumprimento da obrigação (2007, p.378)

Como segunda característica, a unilateralidade, decorre da circunstância de o contrato


gerar obrigação para só uma das partes, nesse caso o fiador.
Assim também dispõe Monteiro (2007, p.378): “é também contrato unilateral; o fiador
obriga-se para com o credor, mas este nenhum compromisso assume em relação àquele”
Já em relação à formalidade, o Código Civil em seu art. 819, afirma que “a fiança dar-
se-á por escrito”, o que já se manifesta como um contrato formal, admitindo apenas a
modalidade escrita para a sua conclusão.
A fiança é, segundo Ulhoa (ano, p.250), um contrato gratuito porque “as vantagens
econômicas proporcionadas pela execução do contrato beneficiam apenas um dos
contratantes, o credor”.
Ainda, Diniz (ano, p.576) entende que há uma gratuidade, “que incidirá sobre o
crédito concedido ao devedor, pois, em regra, o fiador, não receberá uma remuneração, mas
apenas procurará ajudar o afiançado, pessoa em que, confia e espera, cumprirá a obrigação
assumida”.
26

Assim, trata-se de um contrato gratuito, uma vez que a fiança é prestada de forma
desinteressada, e ainda, refere-se a contrato intuitu personae, eis que é baseado na confiança
que há entre os contratantes.
No entanto, para Monteiro (2007, p.378) fiança “é contrato oneroso em relação ao
credor, mas gratuito, em regra, referentemente ao devedor; nem sempre, porém, pois há casos
em que o afiançado remunera o fiador pela fiança prestada”.
Portanto, pode-se observar que a fiança se reveste de algumas características para ter
sua validade, tais como: unilateralidade, gratuidade, fomalidade, acessoriedade, dentre outras.

3.1.3 Requisitos:

Para que a fiança cumpra com seu objetivo alguns requisitos devem ser observados,
tendo como requisito subjetivo (geral) a capacidade civil, pois somente pessoas capazes
podem ser fiadoras e como requisito objetivo a dependência que a fiança tem da validade e da
exigibilidade da obrigação principal.
Acerca do requisito subjetivo, Diniz (ano, p. 577) aponta que a fiança precisa se
revestir desse requisito para completar a capacidade “[...] pois para afiançar será
imprescindível não só a capacidade genérica para praticar os atos da vida civil, isto é, a
capacidade de administrar bens e aliená-los, mas também legitimação para afiançar”.
Verifica-se que para ocorrer a validade e exigibilidade do contrato de fiança, exige-se
também, a validade e a exigibilidade da obrigação principal, já que a caução fidejussória é
uma garantia deste. Nesse sentido reza o art. 824 do Código Civil, onde “as obrigações nulas
são insuscetíveis de fiança, exceto se a nulidade resultar apenas de incapacidade pessoal do
devedor”.
No ínterim dos requisitos objetivos, observa-se que a fiança só vigorará depois da
existência do contrato principal, e assim elucida o art. 821 do Código Civil: “as dívidas
futuras podem ser objeto de fiança; mas o fiador, neste caso, não será demandado senão
depois que se fizer certa e líquida a obrigação principal do devedor”.
Destarte, verifica-se que o fiador de uma obrigação principal, liquida e certa, não
poderá ser demandado por dívida que não seja válida e exigível. Isso porque, a segurança do
fiador está antes de prestar a garantia, o qual tem que ter ciência do montante a que está se
comprometendo.
27

Ainda, dispõe o art. 823 do Código Civil, que: “A fiança pode ser de valor inferior ao
da obrigação principal e contraída em condições menos onerosas, e, quando exceder o valor
da dívida, ou for mais onerosa que ela, não valerá senão até ao limite da obrigação afiançada”.
Assim, nota-se que a fiança não pode ser mais onerosa que dívida principal, ou seja,
não pode ultrapassar o montante da dívida principal, uma vez que exceder esse limite será
reduzido ao alcance da obrigação afiançada.
Desse modo, para que seja notória a validade da fiança é imprescindível se faça
presente esses requisitos, sob pena de nulidade da caução fidejussória (garantia pessoal).

3.2 Modalidades e efeitos jurídicos da fiança

3.2.1 Modalidades:

A fiança por se tratar de um contrato acessório apresenta diversas modalidades, sendo


ela classificada como convencional, legal e judicial, resultando de contrato, de disposição
legal ou exigência do processo.
Considera-se ainda a fiança em comercial ou civil, sendo que esta tende a garantir uma
obrigação civil e a aquela tem por objetivo a garantia de obrigações de natureza mercantil.
Monteiro (2007, p.380) ressalta que a fiança prestada em contrato de locação de
imóveis é sempre civil.
Deste modo, constata-se que a fiança assume várias formas, ou seja, ela adota diversas
configurações, onde as modalidades são de garantia pessoal (função precípua no universo
negocial) e cada qual com suas condições de validade próprias.

3.2.2 Efeitos jurídicos da fiança:

A fiança produz efeitos, como ocorre em outros tipos de contratos. Pode-se dizer,
assim, que a fiança tem o chamado benefício de ordem ou de excussão, sendo que o fiador só
pode ser cobrado em segundo lugar, ou seja, o fiador, até a contestação do pedido, tem o
direito de que sejam executados primeiro os bens do devedor.
28

Neste sentido, afirma Diniz ( ano, p.583) que o benefício de excussão “é o direito
assegurado ao fiador de exigir do credor que acione, em primeiro lugar, o devedor principal,
isto é, que os bens do devedor principal sejam excutidos antes dos seus”.
Nesse mesmo ínterim traz o Código Civil, em seu art. 827, parágrafo único, que “o
fiador que alegar o benefício de ordem, a que se refere este artigo, deve nomear bens do
devedor, sitos no mesmo município, livres e desembargados, quantos bastem para solver o
débito”.
No entanto, de nada adianta o fiador alegar o benefício de ordem se este não nomear
bens do devedor que estejam livres de execução, para que então o credor do contrato obtenha
seu crédito restaurado. Acrescente-se, ainda, que, o fiador, por força do contrato assindo,
abriu mão do benefício de ordem.
Por isso, verificados os requisitos de validade da fiança e a produção de seus efeitos na
esfera jurídica, tem-se que o benefício de ordem dá ao fiador o direito de ver executados
inicialmente o patrimônio do devedor antes do seu.

3.3 A impenhorabilidade do bem de família do fiador

Com o advento da Lei 8.245/1991, foi alterada a redação original do art. 3° da Lei n°
8.009/1990, o qual trouxe algumas exceções à impenhorabilidade do bem de família do fiador
que antes não fazia menção ou ressalva alguma quanto a este assunto.
No que diz respeito a esse tema, assim dispõe o art. 3º da Lei 8.009/1990 que: “A
impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de execução civil, fiscal, previdenciária,
trabalhista ou de outra natureza, salvo se movido: [...] VII - por obrigação decorrente de
fiança concedida em contrato de locação’’.
No entanto, há grande discussão da constitucionalidade do referido artigo, pois diz-se
que este dispositivo fere o princípio da isonomia, consagrado pelo art. 5º da Constituição
Federal, bem como o direito social a moradia, assegurado pelo art. 6º também da Lei Maior.
Assim, Credie (2004, p, 76) pugna pela inconstitucionalidade desse inciso, pois fere o
direito à moradia, elevado à categoria de direito fundamental pela Emenda Constitucional n°
26 de 2000.
Neste mesmo sentido explana Pablo Stolze Gagliano Filho (2003, p.289)

À luz do Direito Civil Constitucional — pois não há outra forma de pensar


modernamente o Direito Civil —, parece-nos forçoso concluir que este
29

dispositivo de lei viola o princípio da isonomia insculpido no art. 5.º da CF, uma
vez que trata de forma desigual locatário e fiador, embora as obrigações de
ambos tenham a mesma causa jurídica: o contrato de locação.

Destarte, verifica-se nas decisões jurisprudenciais decididas pelo Tribunal de Santa


Catarina nesse prisma:

EMENTA: CIVIL E PROCESSUAL CIVIL - EMBARGOS À EXECUÇÃO DE


TÍTULO EXTRAJUDICIAL LASTREADA EM CONTRATO DE LOCAÇÃO-
PENHORA INCIDENTE SOBRE BEM IMÓVEL DOS FIADORES - BEM DE
FAMÍLIA - IMPENHORABILIDADE - PREVALÊNCIA DOS PRINCÍPIOS
CONSTITUCIONAIS INSCULPIDOS NA EMENDA N.º 26/00 SOBRE O
DISPOSTO NO INCISO VII DO ART. 3º DA LEI 8.009/90 – DECISUM
MONOCRÁTICO QUE TORNOU INEFICAZ A CONSTRIÇÃO -
IRREPARABILIDADE ANTE O ACERTO - RECURSO DESPROVIDO.
(Acórdão: Apelação Cível 2003.019743-5, Relator: Marcus Túlio Sartorato, Data
da Decisão: 31/10/2005)” Nessa mesma temática, decidiu o Superior Tribunal de
Justiça: “RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL E
CONSTITUCIONAL. LOCAÇÃO. FIADOR. BEM DE FAMÍLIA.
IMPENHORABILIDADE. ART. 3º, VII, DA LEI Nº 8.009/90. NÃO
RECEPÇÃO. I - Inadmitem-se as preliminares argüidas em contra-razões à
míngua do necessário pre-questionamento, porquanto não foram objeto de
discussão pelo e. Tribunal a quo (Súmula nº 282 do Pretório Excelso). II - Com
respaldo em recente julgado proferido pelo Pretório Excelso, é impenhorável
bem de família pertencente a fiador em contrato de locação, porquanto o art. 3º,
VII, da Lei nº 8.009/90 não foi recepcionado pelo art. 6º da Constituição Federal
(redação dada pela Emenda Constitucional nº 26/2000). Recurso provido.
(Acórdão: REsp 745161 Relator: Ministro Felix Fischer DJ 26.09.2005 p. 455
Decisão: 18/08/2005)

Portanto, verifica-se que no contrato locatício o locatário responde pelas obrigações


assumidas decorrentes desse contrato, ao passo que o fiador pelo contrato acessório, de
garantia. Ainda que o objeto das prestações sejam as mesmas, os contratos são diferentes, com
requisitos e alternativas próprias.
Nesse mesmo sentido, decidiu o Supremo Tribunal Federal:

EMENTA: CONSTITUCIONAL. CIVIL. FIADOR: BEM DE FAMÍLIA:


IMÓVEL RESIDENCIAL DO CASAL OU DE ENTIDADE FAMILIAR:
IMPENHORABILIDADE. Lei nº 8.009/90, arts. 1º e 3º. Lei 8.245, de 1991, que
acrescentou o inciso VII, ao art. 3º, ressalvando a penhora “por obrigação
decorrente de fiança concedida em contrato de locação: sua não- recepção pelo
art. 6º, C.F., com a redação da EC 26/2000. Aplicabilidade do princípio
isonômico e do princípio de hermenêutica: ubi eadem ratio, ibi eadem legis
dispositio: onde existe a mesma razão fundamental, prevalece a mesma regra de
Direito. Recurso extraordinário conhecido e provido.” (Acórdão: Recurso
Extraordiário 352.940-4 São Paulo; Relator : Min. Carlos Velloso; Decisão:
25/04/2005).
30

Frente a essas situações prevalece o entendimento de que tal dispositivo da Lei


8.009/1990 não foi recepcionado pela Constituição Federal, o qual prevê a penhora do bem de
família do fiador quando o devedor principal não cumprir as obrigações previstas nos
contratos de locação.
Contudo, observa-se que não está pacificado o entendimento frente à matéria, eis que
se deparam divergências na doutrina e na jurisprudência. Contrário ao entendimento
anteriormente citado dispõe Tucci (apud Francisco Barros, 2003, p.45-46) que:

Tenho me manifestado, porém, em sentido contrário mesmo antes da EC n. 26,


ou seja, tenho defendido a ideia de que, em se tratando de bem imóvel, sendo o
mesmo residência de família, ao fiador se estende a impenhorabilidade do único
imóvel que sirva de residência familiar mantendo em vista o fim social da Lei
8.009/90 e a afronta do art. 82 da Lei 8.245 ao valor fundamental de preservação
da dignidade humana (art. 1º, inc. III, da CF), ao princípio da isonomia (art. 5º da
CF).

Decidiu o Tribunal de Santa Catarina, nesse sentido:

EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO DE SENTENÇA.


PENHORA DO IMÓVEL RESIDENCIAL DE PROPRIEDADE DO FIADOR
EM CONTRATO LOCATÍCIO. POSSIBILIDADE. ALEGAÇÃO DE
IMPENHORABILIDADE DO BEM DE FAMÍLIA INCABÍVEL. RECURSO
PROVIDO. (Acórdão: Agravo de instrumento 2005.023582-8; Relator: Joel
Dias Figueira Junior; Data da Decisão: 31/01/2006)

Ainda nesse ínterim, já decidiu o Superior Tribunal de Justiça:

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. LOCAÇÃO. FIADOR.


BEM DE FAMÍLIA. PENHORA. POSSIBILIDADE. PRECEDENTES DESTA
CORTE E DO STF. 1. Nos termos da consolidada jurisprudência desta Corte, é
válida a penhora do bem destinado à família do fiador em razão da obrigação
decorrente de pacto locatício, aplicando-se, também, aos contratos firmados
antes da sua vigência. Precedentes desta Corte e do Supremo Tribunal Federal. 2.
Agravo regimental desprovido.

Por fim, é o entendimento do Supremo Tribunal Federal:

EMENTA: Penhora: bem de família do fiador de contrato de locação:


inexistência de violação ao artigo 6º da Constituição Federal, com a redação
dada pela EC 26/2000. Precedente (RE 407.688, Plenário, 08.02.2006, Cezar
Peluso, DJ 06.10.2006).

Dessa forma, observa-se em tais decisões que, não seria justo que o imóvel dado em
garantia para cumprir obrigações do contrato de locação venha a ser tido como impenhorável,
31

eis que o fiador ao assinar o contrato sabe estar dando em garantia tal bem imóvel, e ainda,
não se pode deixar o locador a quem recorrer, o qual poderá perder o direito de reaver os
frutos da sua locação.
Entretanto, quanto ao contrato de locação, o argumento que se levanta é que sem essa
garantia de penhorabilidade do imóvel do fiador para incentivar a locação, tornar-se-ia difícil
trabalhar no mercado imobiliário.
Observa-se, ainda, que essa exceção a penhorabilidade do bem de família do fiador
não pode decorrer de mera garantia de fiança, mas sim de manifestação expressa deste,
renunciando a impenhorabilidade de seu imóvel residencial.
Sendo assim, conclui-se que nesse ínterim ocorrem muitas divergências doutrinárias e
jurisprudenciais, pois vários são os posicionamentos pugnando tanto pela constitucionalidade,
quanto pela inconstitucionalidade do inciso VII da Lei n. 8.009/1990.
32

CONCLUSÃO
33
34

REFERENCIAS

AINA, Eliane Maria Barreiros. O Fiador e o Direito à Moradia, 2 ed. Rio de Janeiro:
Lúmen Júris, 2004.

AZEVEDO, Álvaro Villaça. Bem de família, 4. ed. ver. ampl. São Paulo: Revistas dos
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DINIZ, Maria Helena. Código Civil Anotado, 6. ed. atual. São Paulo: Saraiva, 2000.

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contratuais e extracontratuais,

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MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de direito civil: direito das obrigações: 2ª


parte: dos contratos em geral, das várias espécies de contrato, dos atos unilaterais, da
responsabilidade civil, v. 5, 35. ed. rev. e atual. por Carlos Alberto Dabus Maluf e Regina
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OLIVEIRA,

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fiança locatícia, Florianópolis: Conceito Editorial, 2009.

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35

SANTOS, Marcione Pereira dos. Bem de família: voluntário e legal, São Paulo: Saraiva,
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TUCCI, José Rogério Cruz e; SICA, Heitor Vitor Mendonça; ALBERTON, Genacéia da
Silva; JÚNIOR, Clito Fornaciari. A penhora e o bem de família da locação, 3. ed. São
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VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: Direito de família.

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