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Exmo.

Senhor
Juiz de Direito do Tribunal Judicial de […]

[…], maior, divorciado, portador do bilhete de identidade com o nº […], válido até […],
contribuinte fiscal nº […], e […], maior, divorciada, portadora do bilhete de identidade nº […],
válido até […], contribuinte fiscal nº […], residentes em […], vêm, nos termos do disposto no
artigo 18.º, n.º2 do Código da Insolvência e Recuperação de Empresas, apresentar-se à

Insolvência,
Com pedido de exoneração do passivo restante,
E proposta de nomeação de Administrador da Insolvência

O que fazem nos termos e com os fundamentos seguintes:

I – Questão prévia - Do litisconsórcio voluntário ativo

1.º
Os ora requerentes celebraram, entre si, casamento civil, em […], sem convenção antenupcial,
ficando sujeitos ao regime da comunhão de adquiridos, conforme documento que se junta sob
o n.º 1 e cujo teor se dá por integralmente reproduzido.
2.º
Em […], os ora requerentes divorciaram-se, conforme comprova o documento que ora se junta
como n.º 2 e cujo teor se dá por integralmente reproduzido.
No entanto,
3.º
Em […], os requerentes reestabeleceram o relacionamento amoroso, e desde essa data até ao
presente vivem em união de facto, como se de marido e mulher se tratassem.
4.º
Sucede que, os créditos e as dívidas que sustentam a presente apresentação à insolvência
foram contraídos, ou na constância do casamento, ou por ambos, enquanto unidos de facto,
na qualidade de gerentes da sociedade […], envolvendo, portanto, a apreciação dos mesmos
factos.
5.º
Face ao supra exposto, estão preenchidos os pressupostos de que depende a admissibilidade
da apresentação conjunta à insolvência dos requerentes como litisconsortes (art. 32.º CPC e
art. 17.º CIRE), a qual deverá ser deferida em respeito pelo princípio da economia processual.

II – Do enquadramento geral
6.º
Os ora requerentes constituíram, em […], a sociedade comercial por quotas […], pessoa
coletiva n.º […], com sede em […], cujo objeto social consistia em […], como se pode verificar
do documento que ora se junta sob o n.º 3.
7.º
A viabilidade económica da sociedade comercial […] dependia da existência de elevada
liquidez financeira, com vista à realização de transações comercias a pronto pagamento.
8.º
Nessa medida, foram celebrados diversos contratos de mútuo com instituições bancárias,
9.º
Nos quais os ora requerentes, sócios gerentes da sociedade comercial, assumiram-se como
garantes e principais pagadores.

Sucede que
10.º
A partir do ano de […], fruto da estagnação da atividade económica, o mercado de […]
começou a diminuir, acarretando a quebra do volume de negócios e a diminuição dos
rendimentos obtidos pela sociedade comercial […],
11.º
A qual deixou de ter capacidade económica para proceder ao pagamento atempado dos seus
créditos aos seus credores, tendo entrado em incumprimento generalizado no final do ano de
[…], apresentando-se à insolvência, a qual foi declarada em […], no âmbito do processo nº […],
que corre os seus termos no […] Juízo do Tribunal de […].
12.º
Na senda dos incumprimentos perpetrados pela sociedade comercial […], os credores
começaram a exigir dos ora requerentes, na qualidade de garantes e principais pagadores, o
pagamento do valor dos créditos contraídos por aquela sociedade.

Acresce que
13.º
A degradação da situação económica da sociedade comercial […], única fonte de rendimento
dos ora requerentes, determinou que estes deixassem de cumprir com o pontual pagamento
dos créditos por si contraídos a título pessoal.
14.º
A situação supra exposta transparece a ausência de perspetiva de recuperação económica dos
requerentes, e determina a sua apresentação à insolvência, a qual é atual.

II – Das dívidas dos requerentes


15.º
Tal como supra referido, as dívidas dos requerentes advêm, por um lado, da assunção da
qualidade de garantes e principais pagadores nos contratos celebrados pela sociedade
comercial […], em montante que ultrapassa os € […]. (documento n.º 4),
16.º
E por outro, da celebração, em nome pessoal, de diversos contratos de mútuo, entre os quais
para aquisição de dois imóveis, em montante que ascende aos […] (cfr. documento n.º 4),
17.º
Na presente data, as dívidas por cujo pagamento os requerentes são responsáveis ultrapassam
os […] (cfr. documento n.º 4).
III – Dos bens dos requerentes
18.º
Os requerentes são proprietários dos seguintes bens:
19.º
Fração autónoma sita em […], descrita na Conservatória do Registo Predial sob o n.º […], e
inscrita na matriz predial urbana sob o artigo […] da freguesia de […], concelho de […], e
distrito de […] (documento n.º 5);
20.º
Fração autónoma sita em […], descrita na Conservatória do Registo Predial sob o nº […], e
inscrita na matriz predial urbana sob o artigo […] da freguesia de […], concelho de […], e
distrito de […] (documentos n.ºs 7 e 8);
21.º
Duas quotas sociais na sociedade comercial […], pessoa coletiva n.º […], com sede em […], cada
uma no valor de € […], perfazendo o montante global de € […] (documento n.º 9);
22.º
Conta bancária sedeada no Banco […], titulada pelo NIB […];
23.º
Conta bancária sedeada no Banco […], titulada pelo NIB […] ;
24.º
Os requerentes são ainda proprietários do recheio da casa de morada de família, a qual é
constituída exclusivamente por bens imprescindíveis à sua economia doméstica, devendo ser
considerado impenhorável e como tal excluído da massa insolvente (art. 46.º, n.º 2 do CIRE).

IV – Dos credores dos requerentes


25.º
Os requerentes têm como cinco principais credores:
- Banco […], pessoa coletiva n.º […], com sede em […];
- Banco […], pessoa coletiva n.º […], com sede em […];
- Banco […], pessoa coletiva n.º […], com sede em […];
- Banco […], pessoa coletiva n.º […], com sede em […];
- Banco […], pessoa coletiva n.º […], com sede em […].

V – Da composição do agregado familiar e da proposta do valor do rendimento indispensável


ao sustento do mesmo
26.º
O agregado familiar dos requerentes é composto pelos próprios e pelas duas filhas do casal,
[…], de […] anos de idade, e […], de […] anos de idade, conforme comprovam as certidões de
nascimento que se junta como documentos n.ºs 10 e 11).
27.º
Na presente data, os requerentes encontram-se empregados na […], pessoa coletiva n.º […],
com sede em […], onde desempenham as funções de […], auferindo a retribuição mensal
líquida de € […], perfazendo o montante global de € […] valor com o qual têm que prover à sua
subsistência e do seu agregado familiar.

Assim,
28.º
Na hipótese de vir a ser decretada a insolvência e proferido despacho inicial de exoneração do
passivo restante, os requerentes necessitarão que lhe venha a ser atribuído um montante
mensal destinado a custear as despesas essenciais à sua subsistência e do seu agregado
familiar, em valores estimados nos atuais, e que adiante se descrevem:
29.º
Os requerentes e o seu agregado habitam em imóvel próprio de um familiar, e pelo qual não
pagam renda, não despendendo qualquer montante a esse título.
30.º
Com o pagamento das despesas relacionadas com água, luz, gás, telefone e internet, os
requerentes despendem a quantia mensal de € […].
31.º
Com o pagamento das despesas relacionadas com alimentação, vestuário e calçado dos
requerentes e do seu agregado familiar, os requerentes despendem a quantia de € (…).
32.º
Com o pagamento das despesas relacionadas com utilização de transportes públicos nas
deslocações diárias dos requerentes e do seu agregado familiar, os requerentes despendem a
quantia mensal de € […].
33.º
Pelo exposto, e para que os requerentes possam prover pela sua subsistência condigna bem
como do seu agregado familiar, necessitam do valor mensal de € […].

VI – Do pedido de exoneração do passivo restante


Considerando que:
34.º
Os requerentes, no prazo de seis meses a contar do conhecimento da situação de
incapacidade definitiva para cumprir com as suas obrigações, se apresentaram à insolvência
(art. 238.º, n.º 1 al.d) CIRE),
35.º
Preenchem os requisitos de que depende a exoneração do passivo restante,
36.º
Estão dispostos a cumprir com todas as condições que lhes venham a ser impostas nos termos
dos artigos 237.º e seguintes do CIRE,
37.º
E comprometem-se a prestar toda a colaboração ao Administrador de Insolvência que vier a
ser nomeado, manifestando desde já toda a disponibilidade para juntar a documentação ou
prestar os esclarecimentos que vierem a ser considerados pertinentes,
38.º
Requerem que lhe seja concedida a exoneração do passivo restante.
39.º
Mais requerem que, nos termos do art. 248.º, n.º2 do CIRE, lhes seja concedido o pagamento
das custas e demais encargos do processo que venham a ser devidos em prestações
comportáveis no rendimento que, nos termos do art. 239.º, n.º 3 al. b) e i) do CIRE, lhes venha
a ser fixado.
VII – Do pedido de nomeação de Administrador de Insolvência
40.º
Os requerentes, ao abrigo do disposto no art. 32.º, n.º 1 CIRE, propõem para o desempenho do
cargo de Administrador da Insolvência o Sr. Dr. […], com escritório em […], atento o facto de o
proposto Administrador residir na cidade de […] e conhecer de perto a atividade desenvolvida
pela sociedade comercial […]e pelos requerentes, o que poderá facilitar o desempenho do
cargo com vantagens para os credores dos ora requerentes.

Nestes termos e nos melhores de Direito,


encontrando-se os requerentes impossibilitados de
cumprir com as suas obrigações vencidas e vincendas,
requer-se que seja declarada a insolvência,
prosseguindo os seus termos até a final.
Mais requer que, nos termos do disposto no art. 23.º,
n.º2 al.a) e art. 236.º do CIRE, seja concedida a
exoneração do passivo restante,
Deferido o pedido de nomeação do Administrador da
Insolvência, Dr. […],
E ainda deferido o pagamento das custas até decisão
final do pedido de exoneração do passivo restante.

Prova:
- Documental: a ora junta
Em cumprimento do disposto no artigo 24.º do CIRE, juntam em anexo
- Relação e identificação de todas as ações e execuções pendentes contra os
requerentes (documento n.º 12)
- Declaração a que alude a al.c) do n.º1 do art. 24.º CIRE (documento nº 13)
- Relação de bens detidos pelos requerentes (documento n.º 14)
- Notas de liquidação de IRS dos anos de 2010, 2011 e 2012 (documentos n.ºs 15,16 e
178)

Valor: € 5.000,01 (cinco mil euros e um cêntimo)


unta: 17 (dezassete) documentos e duas procurações forenses

E.D.
O Advogado,

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