Você está na página 1de 14

Teoria e Sistemas

Desde o séc. V a.C., Platão, Aristóteles e outros filósofos gregos já refletiam


sobre temas como a memória, a aprendizagem, a motivação, a percepção, os
sonhos e o comportamento humano. Até o final do século XIX, a filosofia estudava
a natureza humana por meio da especulação, da reflexão e intuição. Isso se
modificou quando os estudiosos passaram a aplicar os instrumentos e métodos
das ciências físicas e biológicas sobre o estudo do comportamento humano.
Quando os pesquisadores passaram a utilizar a observação e experimentação
para o estudo a mente, a psicologia começou a se desvincular de suas raízes
filosóficas.
No final do século XIX, os psicólogos definiram o objeto de estudo
da psicologia e estabeleceram os métodos de estudo. O método
científico foi adotado como recurso para tentar entender o
comportamento humano e sua relação com a mente. O psicólogo
alemão Wilhelm Wund implantou o primeiro laboratório de psicologia
do mundo em 1879, em Leipzig, na Alemanha.
Nos jardins reais da Europa, durante o século XVII, aparece uma forma de
divertimento que envolve figuras mecânicas e movimentos, onde a água,
correndo em tubulações subterrâneas, operava bonecos mecânicos que se
movimentavam, tocavam instrumentos musicais e produziam sons
semelhantes a palavras. Placas de pressão ocultas, ativadas quando eram
pisadas, empurravam a água pelos encanamentos e maquinários que moviam
as estátuas. Essas formas de diversões da aristocracia refletiam e reafirmavam
o fascínio pela máquina, no século XVII. O interesse pela máquina influenciou
a direção da psicologia posterior.
Trata-se do mecanicismo, que entendia o universo como uma
grande máquina, onde todos os processos naturais eram
determinados mecanicamente, e portanto poderiam ser explicados por
meio das leis da física. Essa ideia teve origem na física, que partia do
entendimento de que tudo o que havia no universo poderia ser
reduzido em partículas de matéria em movimento.
Se o universo funcionava como uma máquina e estava
sujeito às leis de medida e cálculo, este seria então
previsível. A observação e a experimentação se tornaram os
fundamentos da ciência, seguidas pela medição. Entendendo
que havia um determinismo, onde todo ato seria determinado
por situações passadas.
O relógio era a metáfora perfeita do mecanicismo. Os relógios eram, na época,
uma sensação tecnológica, exercendo um enorme impacto sobre o pensamento
humano em todos os níveis da sociedade. Por sua regularidade e precisão, os
filósofos consideravam os relógios como modelos para o universo físico,
encarando o mundo como um vasto relógio. Acreditava-se que a harmonia e a
ordem do universo podiam ser explicadas tal como a regularidade dos relógios.

Do mesmo modo que o relógio poderia ser desmontado e seu funcionamento


poderia ser entendido por meio da análise e da redução de seus componentes,
acreditava-se que se poderia compreender o universo físico, tal como uma
máquina, analisando e reduzindo suas partes. O reducionismo passa a ser
utilizado como um método de análise em todas as ciências.
Além de entender o universo como uma máquina, organizado, previsível,
observável e mensurável, os seres humanos também passaram a ser entendidos
do mesmo modo. O mecanicismo possibilitou a ideia de que os seres humanos
eram regidos por leis mecânicas e que os mesmos métodos experimentais e
quantitativos podiam ser utilizados na pesquisa sobre a natureza humana.
O estudo sobre o ser humano foi deixando de ser metafísica e especulativa
para utilizar a observação e a experimentação científica, entendendo que o corpo
funciona de acordo com princípios mecânicos, onde as leis da física e da
mecânica explicariam o movimento e a ação. O corpo passou a ser visto como
uma máquina que poderia ser explicada pelas leis mecânicas.
Por conta do determinismo, passou a se entender que o corpo mecânico se
movimenta e se comporta de maneiras previsíveis, desde que se saiba quais são
os estímulos determinantes. As ideias complexas seriam frutos da composição de
ideias simples, o que corresponde a teoria da associação, na qual ideias simples
ao serem vinculadas formam ideias complexas.
A análise da vida mental deveria se operar por meio da redução a
elementos mais simples, e a associação destes para compor as ideias
complexas. Tal como os relógios podiam ser reduzidos às suas peças e
componentes menores, podendo ser montado outra vez para formar a
máquina complexa, seria possível fazer o mesmo com as ideias.
Atomicismo
● O atomicismo é uma filosofia que considera a realidade como composta
por unidades fundamentais indivisíveis chamadas “átomos”.
● Esses átomos seriam os blocos básicos da existência e, portanto,
também da mente e do comportamento humano.
● Na psicologia, o atomicismo influenciou a ideia de que a mente poderia
ser analisada em partes elementares, como sensações, percepções e
emoções.
● No entanto, essa abordagem foi gradualmente superada à medida que os
psicólogos buscaram entender a mente como um todo integrado, em vez
de apenas como a soma de partes isoladas.
Mecanicismo
● O mecanicismo é uma visão de mundo que considera o universo como uma
grande máquina, onde todos os processos naturais são determinados
mecanicamente.
● Essa ideia teve origem na física, que via o universo como um sistema
previsível, sujeito às leis da física.
● Os relógios eram frequentemente usados como metáfora para o
mecanicismo, pois eram vistos como modelos precisos e regulares do
funcionamento do mundo.
● Na psicologia, o mecanicismo influenciou a busca por explicações
causais e a aplicação do método científico para entender o
comportamento humano.
● No entanto, essa abordagem também foi gradualmente superada
à medida que os psicólogos reconheceram a complexidade da
mente e a necessidade de considerar fatores além da mera
causalidade mecânica.

Você também pode gostar