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História e surgimento da Psicologia Cognitiva

Desde a Antiguidade, a Filosofia, através de Platão e Aristóteles, desejava


entender como o homem constrói o conhecimento, o que determina seus pensamentos,
comportamentos e sentimentos. A cognição já aparecia como um objeto de investigação
necessário para o entendimento da humanidade. Somente a partir do século XVII é que
podemos encontrar as raízes filosóficas da Psicologia Científica, que teve início no
século XIX com Wilhelm Wundt. Ideias como o Racionalismo, o Mecanicismo, o
Empirismo e o Positivismo foram fundamentais para a constituição da Psicologia como
ciência e é perceptível sua influência no desenvolvimento das escolas psicológicas
posteriores.

O Mecanicismo apresenta o conceito de que tudo no Universo funciona como


uma grande máquina.

O racionalismo, ou a consideração de que o conhecimento deve ser pautado na


razão humana, vai ser utilizado por Descartes, também no século XVII, para construir
sua conhecida obra Discurso sobre o método (e sua argumentação para a construção do
conhecimento científico). Em contraponto ao Racionalismo cartesiano, surge um
movimento, na Inglaterra, que considerava a construção do conhecimento pautada na
experiência.

John Locke (1632-1704) rejeitava a noção de ideias inatas e acreditava que o ser
humano nascia como uma tabula rasa, ou tela em branco, e que, a partir de sua
experiência no mundo, por meio do contato dos órgãos sensoriais com a qualidade física
da matéria, as pessoas constroem o conhecimento acerca do mundo.

O Empirismo também influenciou a metodologia de construção do


conhecimento científico que nascia na época. Segundo essa noção, só é válido o fato
passível de verificação objetiva. John Locke ainda influenciou a Psicologia com outros
conceitos, tais como a Teoria do Associacionismo e as ideias simples e complexas.

Outro conhecimento filosófico fundamental para a Psicologia (e as outras


ciências) é o Positivismo de Auguste Comte (1798-1857). Segundo este filósofo, o
conhecimento válido seria aquele passível de observação empírica. Qualquer ideia
pautada na metafísica, na especulação ou na religião deveria ser ignorada, visto que não
sustentava ou levava ao entendimento dos fatos reais.
Todas essas noções filosóficas foram fundamentais para a construção da
Psicologia como ciência, no século XIX, e da Escola Cognitiva na década de 1950.

O Mecanicismo influenciou todo o pensamento psicológico ao comparar a


mente humana a uma máquina, segundo o qual, se fosse possível chegar a seus
elementos básicos e entender sua organização, seria possível compreender e predizer
seu funcionamento. O Mecanicismo influenciou diretamente o Behaviorismo e a própria
Psicologia Cognitiva.

Quanto ao Behaviorismo, a influência encontra-se na ideia de reduzir o


comportamento a seus elementos básicos para ser possível sua observação e sua
experimentação no sentido de compreender seu funcionamento e poder predizê-lo
posteriormente.

Na Psicologia Cognitiva, o Mecanicismo é facilmente percebido na comparação


da mente humana, em sua constituição e funcionamento, com as máquinas calculadoras,
os computadores e a inteligência artificial.

O Racionalismo influenciou a constituição da Psicologia na diversidade de


objetos elencados para estudo, como a mente ou consciência, o pensamento lógico ou
racional, a resolução de problemas entre outros.

Com relação ao Positivismo e ao Empirismo, sua influência no método de


construção do conhecimento é fundamental, sem o qual não se poderia chamar a
Psicologia moderna de científica. Pode-se dizer que a Psicologia Científica nasce com
uma preocupação cognitiva.

Desde seu início, os objetos escolhidos para estudo centravam-se na mente ou


consciência, na sua constituição, construção e funcionamento.

As primeiras escolas, até o surgimento do Behaviorismo com sua preocupação


relacionada ao método de construção do conhecimento psicológico, trazem os
problemas da estruturação da mente, seu funcionamento e a função da consciência para
o ser humano. Os behavioristas conseguiram o que desejavam.

A notoriedade que a Psicologia obteve, nos Estados Unidos, na figura de


Skinner, e a aplicabilidade das teorias do condicionamento clássico e operante são fatos
irrefutáveis. Até hoje as teorias da aprendizagem produzidas por Pavlov, Thorndike,
Watson e Skinner são utilizadas em escolas, na educação dos filhos, em empresas, no
treinamento de animais, nas relações interpessoais e na clínica psicológica.

Um dos sistemas psicológicos que apontam negativamente para o mecanicismo


do Behaviorismo é a Psicologia da Gestalt. Sua crítica centrava-se não no objeto
proposto pelos Behavioristas, o comportamento, mas na descontextualização do
comportamento que acarretava uma visão distorcida do fenômeno. A Gestalt irá criticar
esta abordagem [Behaviorismo], por considerar que o comportamento, quando estudado
de maneira isolada de um contexto mais amplo, pode perder seu significado (o seu
entendimento) para o psicólogo.

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