A automatização da pesquisa acadêmica: desafios da produção de trabalhos autorais e
inovadores em face da ascensão da inteligência artificial
O professor e jurista brasileiro, Calmon de Passos, em seu livro “Direito, Poder,
Justiça e Processo: julgando os que nos julgam”, elucida bem a questão da busca pelo conhecimento. Diz ele que o conhecimento é algo que o ser humano precisa buscar, não é dado, é adquirido. Partindo dessa premissa, a pesquisa acadêmica é também uma investigação que se faz sobre determinado assunto, buscando o aprofundamento, investigando o máximo de dados referentes ao que se propõe explicar. O pesquisador se debruça sobre o tema, se envolve com o processo da coleta de dados, de observar e organizar as informações, assim como desenvolver hipóteses que o levem à parte prática, e à vivência empírica, que o conduz às conclusões . Diante disso, entende-se que o processo de pesquisa não é algo simples, há etapas que precisam ser seguidas e a todo tempo avaliadas com o devido cuidado, isso demanda comprometimento e tempo daquele que pesquisa. Em contrapartida, com a ascensão da inteligência artificial, o processo de produção torna-se cada dia mais mecânico, percorrer um caminho mais rápido, ou seja uma forma de obter dados de maneira imediata, pode acomodar o pesquisador. Neste sentido, pesquisas são produzidas em maior volume, mas sem um diferencial e a qualidade necessária. O desenvolvimento de material acadêmico não consiste apenas em organizar ideias que já estão prontas, mas também buscar informações, ir à campo quando necessário e olhar com os próprios olhos aquilo que se pesquisa, é experienciar o processo. E durante o desenvolvimento, é possível que haja mudanças, que muitas convicções sejam desconstruídas e outras surjam, e essa é uma das faces mais sublimes da pesquisa, ela tem o poder de mudar os envolvidos, mas só é possível quando se vivencia todas as etapas. Em suma, a inteligência artificial traz uma facilidade atrativa, este conjunto de tecnologias que pode traçar padrões e de maneira rápida, apontar resultados, acaba por fazer com que haja uma padronização de estilos de pesquisas. O grande desafio é vencer este obstáculo, é trazer o desejo de pesquisar, é fazer com que o observador queira vivenciar e entender plenamente seu objeto de pesquisa, assim o material adquirido será muito do que ele buscou e portanto, criativo e inovador, não apenas um amontoado de informações automatizadas.