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Capítulos:
1. A Rua;
2. O Clube;
3. A Competição;
4. A Alegria de Jogar;
5. Técnica.
• Não perder de vista a vertente lúdica quando se trabalha com jovens. Deve-
se também mantê-los o máximo de tempo ocupados.
1º Devem familiarizar-se com a bola (os jogadores mais dotados tecnicamente jogarão
mais vezes na equipa inicial). Privilegiar o jogo (desfrutam mais). Pouco a pouco, irem
habituando-se a jogar juntos. Travar com suavidade quem tenha demasiada tendência a
driblar e incentivar o que seja mais retraído a tentar driblar mais vezes. Tentar formar
educativamente os jogadores, tentar não cair em comparações.
Iniciados:
É considerado o grupo principal (onde existe maior potencial). Absorvem tudo, sendo assim
mais fácil trabalhar com eles alguns detalhes. Pode-se explicar-lhes como defender e
atacar (mas sempre com calma). Neste grupo alcança-se o topo do que se pode atingir
durante os anos de formação futebolística.
Juvenis:
O grupo mais complicado (também devido à puberdade). Ter atenção à alegria do jogo (se
as coisas mudarem neste aspeto, o melhor é voltar ao básico e colocar maior ênfase na
diversão que dá o futebol).
Juniores:
A última etapa. Os jogadores começam a ser vistos e tratados como adultos (há a
separação entre jogadores recreativos e os de rendimento). Embora o prazer no jogo não
deixar de ser um elemento central da atividade, há que fazer referência ao jogador que
«quer mais». Os pontos de partida devem ser o desejo de jogar e a vontade de melhorar.
Estes aspetos podem ser estimulados durante o treino, mas também mediante a introdução
de uma espécie de sistema de recompensa. Por exemplo, recompensa em forma de
equipamentos extra que sirva para que o jogador tenha a impressão que conseguiu algo
mais. Para um clube, são umas condições muito fáceis de criar. Dar melhores bolas e
jogarem no campo da equipa principal algum jogo. O importante é o jogador veja que
atingindo determinado objetivo, a sua melhor prestação vá ser recompensada de alguma
maneira. O jogador entregou esse «algo» mais e deseja obter «algo» em troca. Fê-lo no
seu próprio interesse e no do clube.
Comentário Final:
Durante a formação, os jogadores bons devem jogar sempre. Se temos dois bons
Extremos Direitos, por exemplo, não é bom colocar algum no banco só porque é
interessante fazer jogar o outro nessa posição. Fazer se possível que joguem os dois ao
mesmo tempo, um na sua posição habitual e o outro em qualquer outra posição, porque os
jogadores talentosos devem jogar sempre.
• Os jovens quer seja durante os treinos, quer seja durante os jogos devem
acima de tudo divertir-se ao praticar o seu desporto favorito. Por isso, os
aspetos técnicos devem ser abordados em todos os níveis (servem para
todos os jogadores, independentemente do seu nível).
• O mais simples é que cada jogador saiba tanto passar como receber uma
bola. O passo seguinte é provar estas habilidades em equipa. Dois
fundamentos básicos do jogo: passar e receber a bola (é por onde deve
começar qualquer jogador jovem). É a base sobre a qual levantar o edifício
da destreza técnica.
Exercícios técnicos muito simples (controlo da bola), mas que podem ser muito úteis:
Manter a bola no ar: -– Começar com a perna “boa”. Levantar a bola e tentar mantê-
la no ar o máximo de tempo possível. – Quando realizarmos o exercício
razoavelmente bem, tentar executá-lo com outras partes do corpo (perna “má”,
cabeça, coxas, peito, ombros, etc.). – Começando com a bola parada no chão e
levantando-a sem colocar as mãos, podemos realizar este exercício sempre que
quisermos. Tanto a velocidade como a distância à qual enviamos a bola podem ir
aumentando-se. – Aumentar o nível de dificuldade, por exemplo, lançar a bola por
cima da cabeça, dar a volta e recolhê-la antes que toque no solo, e voltar a dar
toques. – Manter a bola no ar com o pé e/ou cabeça também pode ser realizado
com dois jogadores ou em grupo. Pode-se inclusivamente realizar um jogo (tipo
futebol-ténis) onde a bola que toca o solo decide um ponto para uma equipa ou
outra e onde só podem realizar um máximo de 3 toques em campo próprio antes de
passar a bola para o campo adversário. Este jogo pode ter várias variantes: servir
em vólei, 1ª receção com a cabeça, etc. – Apesar da maioria dos aspetos deste
último exercício não serem transferíveis para o jogo, são muito úteis para aprender
a manipular a bola. – Se um jovem quer progredir como futebolista, tem que ter um
perfeito controlo da bola. Sem esta base, é impossível melhorar nos outros aspetos
do jogo como a visão, o passe, as combinações, etc. – É essencial que este tipo de
exercícios, que podem parecer muito simples, se vão realizando com regularidade.
Sobretudo quando o jovem vai crescendo como futebolista (fundamental para se
conseguir uma intimidade especial com a bola tão necessária. – Estes dois simples
exemplos podem ser o ponto de partida para centenas de exercícios que para além
disso podem ser muito divertidos.
6. Da Formação à Prática
• Depois dos exercícios de adaptação à bola, o treino deve orientar-se para o
jogo. É fundamental que os jovens possam jogar sem medo de perder e
desfrutando do jogo;
• Uma ferramenta excelente para começar é a adoção do sistema com 2
extremos (1-4-3-3). Isto é, 1 Guarda-Redes, 4 Defesas, 3 Médios e 3
Avançados. Este sistema é ideal para o processo de aprendizagem porque
permite de uma forma natural, que os jovens vejam-se confrontados com
todos os aspetos do jogo.
7. Driblar e Conduzir
• Por driblar entendemos uma ação na qual o que conduz a bola é capaz de
manter a posse mesmo sobre pressão do adversário. Para treinar o drible,
colocar uma série de cones em fila. Trata-se de que os jogadores tentem,
com a bola no pé, avançar através da fila fazendo slalom. É essencial que
com cada passo a bola seja tocada alternativamente com o exterior e o
interior do pé. Assim que não se trata de impulsionar com força a bola para
ter que correr atrás dela, mas sim tentar sair de cada cone com a bola
colada ao pé. O ponto de partida é melhorar o domínio da bola a longo
8. Chutar e Passar
• De forma igual a outros elementos técnicos, nos remates e passes
sobretudo é importante a técnica básica. Quanto mais relaxadamente se
faça, melhor será a técnica. Rematar forte nem sempre é uma questão de
força. A postura e o equilíbrio do corpo têm que ser adequados. Há 2 coisas
que sobretudo são importantes:
• 1º) a perna de apoio deve estar sempre paralela à bola, por isso, ao apoiar-
se numa só perna, é importante a utilização do braço. Para alguém que
remata com o pé direito, o braço esquerdo deverá estar a par com a perna
de apoio, isto é, colocado para baixo. Durante o movimento do remate, o
corpo deverá estar inclinado um pouco para a frente, pois senão cairá. O
remate pode-se desenvolver sobretudo treinando, isto é, com muitas horas
de prática e rematando sempre tanto com o pé esquerdo como com o
direito. É igual se estes exercícios se realizam lançando a bola contra uma
parede ou num campo de treino com 1 ou vários companheiros. O remate
pode classificar-se em ofensivo ou defensivo. Se um defesa quer enviar a
bola a longa distância, terá que rematar com força. Mas com uma força
distinta à do avançado que remata à baliza. Num remate/passe longo desde
a defesa, o corpo deverá inclinar-se ligeiramente para trás, contactando-se
a bola um pouco mais abaixo do centro. Neste caso, é importante que a
perna continue a trajetória da bola após o golpe. (Beckham; R. Koeman).
• Em contrapartida, se se remata à baliza, o corpo deverá inclinar-se mais
sobre a bola. Uma vez que se deve rematar com mais força, deve-se dar na
bola mais no centro (C.Ronaldo, Bale, Juninho P.). Se se quer dar com o pé
direito, temos que começar com o pé esquerdo, após o qual o corpo girará
bruscamente um pouco para trás. Em seguida dever-se-á lançar todo o
corpo no remate. A perna apenas acompanhará o movimento da bola
depois do golpe; o golpe deve ser seco e explosivo.
• A diferença no remate entre o defesa e o avançado também pode ser
apreciado na postura da cabeça. No caso do defesa, a cabeça inclina-se
ligeiramente para trás, enquanto no caso do avançado a cabeça inclina-se
um pouco para a frente.
• Uma boa postura é imprescindível para rematar bem a bola.
• Se a postura inicial é boa, poderá introduzir-se uma maior parte do pé por
baixo da bola, devido ao qual a superfície de contato será maior e o remate
será mais eficiente.
• Estes princípios básicos podem-se ir melhorando através de um treino
adequado e intenso. Uma vez dominados, pode-se começar a treinar, por
exemplo o passe longo. Logicamente, o mais simples é enviar a bola a
grande distância para algum sítio. Uma vez dominado este passo, pode-se
aumentar o grau de dificuldade, mantendo a distância, mas diminuindo a
altura do passe. Este exercício pode-se aperfeiçoar até acabar no passe
rasteiro, um passe longo rente ao solo que sendo igualmente potente e
distante, é muito mais eficiente por ser mais baixo e mais direto.
• Para este tipo de treino é necessário um bom aquecimento. Antes de
chutar, o corpo tem que estar preparado. Por isso, é importante começar
pouco a pouco. 1º passando a bola desde perto e ir aumentando
gradualmente a distância. Só quando o corpo está bem quente, pode-se
rematar à baliza. Assim evitam-se lesões desnecessárias.
9. Cabecear
• Igualmente ao drible e ao remate, todos, independentemente do nível que
tenham, podem melhorar este aspeto do jogo (exemplo C.Ronaldo).
• Há que começar com cuidado e avançar sem pressa para se obter bons
resultados.
• Uma boa técnica de cabeceamento depende de 4 fatores:
1. Uma boa postura – imediatamente antes do cabeceamento o corpo deve estar
ligeiramente inclinado para trás. É a mesma postura que se adota ao controlar a
bola com o peito. Em seguida, há que projetar o corpo para a bola.
2. Um bom equilíbrio – que se consegue com um bom uso dos braços, que são os
que mantêm o equilíbrio.
3. Sincronização
4. Golpe da bola com a cabeça – Os cabeceamentos podem ser defensivos ou
ofensivos. Nos cabeceamentos defensivos a bola deve ir para cima enquanto nos
ofensivos deve ir para baixo. Os cabeceamentos ofensivos são claramente mais
difíceis.
• O primeiro exercício consiste em situar um jogador frente a outro.
Simplesmente, passam a bola um ao outro com a cabeça. A bola deve ser
golpeada desde algum ponto da frente, um pouco debaixo do centro. Serão
cabeceamentos do tipo defensivo. Se nos doer ao cabecear, será uma
indicação de que o não fizemos bem, porque se a bola é cabeceada pelo
centro da frente, não se sente praticamente nada.
• Se houver progressão, então o grupo pode ver-se ampliado, por exemplo a
6 jogadores. Situam-se duas filas de 3 jogadores uma em frente à outra e
então os jogadores vão mudando as suas posições dentro da fila. Os
jogadores deixam então de se preocupar só com o impacto da bola na
cabeça, mas também com a sincronização com os colegas.
• Este exercício pode também ampliar-se a um círculo de jogadores com um
jogador no centro, o qual entrega a bola com a cabeça a um jogador distinto
do círculo, num determinado sentido. O objetivo deste exercício é dominar
ainda mais a técnica de cabeceamento. Este exercício pode ser enriquecido
com uma ação intermédia, onde os jogadores devam por exemplo controlar
a bola com a cabeça antes de dar um 2º cabeceamento para entregar a
bola.
• Todos os exercícios indicados anteriormente realizam-se estando os
jogadores parados na altura do cabeceamento.
• De novo insisto na importância de se utilizar boas bolas, sobretudo nesta
fase. Uma bola não demasiado pesada nem inchada, mas que salte, é a
ideal.
• Só na 2ª fase a bola é projectada mais alta no ar. Também aqui é
importante ter paciência e não queimar etapas. Começar lançando a bola
ao ar na direção do jogador para que este tenha que devolve-la cabeceando
após salto. Para além da técnica de cabeceamento, enfrentámos aqui um
corpo, que se projeta para trás. Para evitar que a bola fuja na receção, há que deixar o pé
completamente relaxado, pois de outro modo a bola ressaltaria contra ele.
1. Lançar a Bola
Há que começar da forma mais simples possível. Lançar a bola com as mãos com certa
precisão para que o colega a pare, com o grau de dificuldade reduzido ao mínimo.
Naturalmente, a bola pode ser lançada tanto à altura da cabeça, como do peito, da coxa ou
do próprio pé.
2. Lançamento Lateral
É um exercício para 2 jogadores que consiste em que um realize o Lançamento Lateral
para o peito do outro, que deve dominar a bola. É um treino para os dois, uma vez que o
corpo do jogador que lança a bola adota a mesma postura que o jogador que a domina
com o peito.
3. Passe com o Pé
A prática indica que dominar a bola com o pé é mais fácil a partir de um passe forte. A
maioria dos campos são irregulares. Nessas condições, uma bola que chegue demasiado
suave o fará ressaltando irregularmente, e o seu domínio será difícil. Uma bola passada
com força ressalta um pouco contra o pé do recetor, pelo que será mais fácil de dominar.
4. Ritmo de Jogo
Parar e chutar. É melhor realizá-lo em 3 passos. Este exercício requer ser executado
disciplinadamente. Parar a bola, dar um passo à direita e passar com a esquerda, e depois
ao contrário. Aqui também é essencial que a bola seja jogada com rapidez. Se não o
fizermos assim, não se imprime ritmo a este exercício.
5. Receber e jogar
A base deste exercício é golpear a bola só duas vezes. Uma vez para a receber e outra
para passá-la, e executando ambas as ações sempre em movimento. Há que criar a
oportunidade em que a bola recebida se coloque de imediato em circulação. Para praticar
este tipo de jogada o ideal é organizar jogos de 4x2, 4x3 ou 5x3. A jogada rápida é, pois, a
última fase do controlo da bola. Assim teremos coberto todos os aspetos deste capítulo.