Aluno: Gabriel Cardoso de Araújo

Turno: noturno

Atividade
1. Explique a descontinuidade renascentista mencionada por Vieira (2018), a partir de
Coseriu (1980) e de Santiago-Almeida (2008)

Segundo coseriu (1980), o foco de estudo da antiguidade grega até o final da idade média é o
sistema linguístico em sua imanência e sincronia, ou seja, reflexão sobre as estruturas e
categorias linguísticas e determinados estados da língua (mais especificamente o grego e latim).
Houve a concorrência do interesse histórico-comparativo e sociocultural.

Na visão de Santiago Almeida (2003), baseado nas reflexões de Coseriu, partilha da ideia de
descontinuidade provocada pelo espírito da intelectualidade renascentista e afirma que, até o
período medieval, o que predomina como foco dos estudos linguísticos foram questões
relativas a teorização sobre a essência da linguagem e a descrição de línguas

2. Levando em conta a leitura do texto de Vieira (2018), explique detalhadamente a

perspectiva do desdobramento linear.

A perspectiva do desdobramento linear seria a compreensão da história dos estudos

linguísticos no ocidente. Que tem como ponto de partida o renascimento ( movimento dos
séculos XIV e XVI, que toma como princípio básico a originalidade e essência. Organizou o
desenvolvimento cultural, artístico, científico, político e a mudança do pensamento europeu)
nessa pespectiva linear, que no caso seria uma mudança para o olhar científico da língua que se
descentra do nicho linguístico-cultural da língua greco- romana. E considera a linguística
moderna como ponto de chegada de um longo processo de aquisição de conhecimentos de
gerações anteriores.

3. Levando em conta a leitura do texto de Vieira (2018), explique detalhadamente a

perspectiva dos campos opostos.

Campo teórico são diferentes momentos ou escolas de produção de conhecimento sobre a

lingua(gem) em dois desdobramentos autônomos, os campos teoricos e doutrinários:

Campo teórico: seria formado pelas escolas de pensamento filosófico e científico voltadas para
a elaboração de princípios explicativos dos fenômenos linguísticos numa pespectiva crítica.

Campo doutrinário: surgiu com os alexandrinos que se apropriaram das primeiras elaborações
teóricas dos filósofos antigos na tentativa de descrição e prescrição do grego da literatura
homerica.
4. A partir de Vieira (2018) e das aulas expositivas, explique as controvérsias natureza x
convenção e analogia x anomalia.

Natureza x convocação seria uma questão relacionada a nomeação de objetos, ou seja, se a

palavra tem relação com o objetivo ou se ele é nomeada apenas por convenção, que no caso
seria o objeto ter um significante que não esteja relacionado diretamente as características do
objeto.

Analogia x anomalia seria um embate linguístico-filosofico da antiguidade que indagava se a

língua grega era constituída por regularidades (anologias) ou irresponsabilidades (anomalias) de
forma e sentido

5. No que diz respeito às partes do discurso, explique, a partir de Vieira (2018), a linha de
continuidade e descontinuidade entre as proposições platônicas, aristotélicas e estoicas
com a exemplificação das partes do discurso propostas em cada momento.

Ao investigar a relação entre a linguagem verbal e as coisas, Platão dividiu a frase em dois
componentes, um nominal –ónoma– e outro verbal –rhêma- . Mas independentemente de
plantão chegou a essa mesma divisão em sua gramática sânscrita, o que posteriormente seria
argumento para a defesa de que a divisão componencial primária registrada na gramática mode
na de diferentes formas - verbo, nome, sujeito, predicado, tópico, comentário - equivaleria a
um princípio universal da linguagem humana

Por sua vez, Aristóteles retoma e define a dicotomia ónoma e rhêma, acrescetando ao par
platônico uma terceira classe syndesmos. Que compreendida a conjunção, artigo, pronome e
provavelmente a preposição, partes cujo o uso "interessava mais ao discurso como arte do a
oração logicamente construída".

Os estóicos dividiram a classe de syndesmos em duas, a dos elementos variáveis (pronome e

artigo) e a dos elementos invariáveis ( preposição e conjunção. Destinaram a classe do ónoma
exclusivamente aos nomes próprios ao passo que colocaram os nomes comuns numa outra
classe, a do prosegoria. Deram aos advérbios uma classe exclusiva: mesótes. Criaram as
categorias de caso, tempo e aspecto.

6. Levando em conta a leitura do texto de Vieira (2018), explique talhadamente a

perspectiva da ramificação e das mútuas influências entre os campos teórico e
doutrinário.

A primeira se da origem na Grécia antiga com Aristóteles, a partir da necessidade de nomear

partes dos discursos, pois eles faziam muito uso da retórica, mas não era somente com essa
finalidade de certos termos e elementos da língua terem uma definição ou signicação. Tinha-se
uma reflexão sobre a língua como uma construção de um sistema nacional.
 A segunda surge depois com os alexandrinos que fazem juízo de valor a língua, essa é língua
"boa" e essa é língua "ruim", dando gatilho para o surgimento da gramática prescritiva. Esse
juízo de valor empregado pelos alexandrinos era para torna a língua culta e universal

7. Explique, a partir de Vieira (2018), como os gramáticos alexandrinos inauguraram a

tradição prescritivo-normativa nos estudos gramaticais.

A partir do momento em que estabeleceram juízo de valor a língua, pelo fato de que a língua no
contexto alexandrino da época havia sofrido alterações, ou seja, tinha várias variantes da
mesma língua.

8. Distinga, com base em Faraco (2008), norma culta, norma-padrão e norma gramatical
contemporânea.

Norma culta: conjunto de fenômenos linguísticos que ocorrem habitualmente no uso de

falantes letrados em situações mais monitoradas de fala e escrita.

Norma padrão: uma variedade da língua, mas que serve de referência para estimular um
processo de uniformização.

Norma gramatical: tradição extremamente conservadora em relação a juízes normativos.

9. Com base em Faraco (2008), discorra sobre a criação do conceito de norma-padrão.

Desde de Antônio de nebrija ( autor daquela que é considerada a primeira gramática de uma
língua moderna - a gramática do castelhano publicada em 1942) se buscou estabelecer, por
meio de instrumentos normativos (gramáticas e dicionários), um padrão de língua para os
Estados centrais modernos, de modo a terem eles um instrumento de política linguística capaz
de contribuir para atenuar a diversidade linguística regional e social herdada da experiência
feudal.

10. Caracterize, a partir de Faraco (2008), citando Milroy (2001), ideologia da língua-
padrão.

Caracteriza tal ideologia como a pespectiva que confunde uma língua com seu padrão, o que é
particularmente o caso cultural da maioria das línguas européias de amplo uso. Lembrando que
boa parte dos métodos e teorias em linguística foram ( e são) elaborados tendo essas línguas
em sua forma-padrão como referência.

11. Discorra, a partir de Faraco (2008), sobre a constituição da norma-padrão no Brasil

Inicialmente o projeto da norma padrão era combater as variedades do português popular. No

século XVlll se buscou implantar uma política que visava calar as línguas indígenas, em especial
a chamada língua geral, no século XIX a intenção era calar as variedades rurais e
(progressivamente) rurbanas. Os formuladores e defensores da norma-padrão se opuseram
com igual furor às características das variedades populares.