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Matemática

em Montessori
para crianças de 3 a 6 anos

Anotações e Roteiro do Curso

Gabriel M. Salomão
Lar Montessori

Lar Montessori – Gabriel M. Salomão – Todos os direitos reservados.


Este material é vinculado ao curso de Matemática do Lar Montessori e não pode ser
compartilhado de nenhuma maneira e com nenhuma finalidade.

Lar Montessori – Gabriel M. Salomão – Todos os direitos reservados. Este material é vinculado ao curso de Matemática do Lar Montessori e não pode ser
compartilhado de nenhuma maneira e com nenhuma finalidade. 1
A Criança vem Primeiro
(A partir de “Maria Montessori’s Contribution to the Cultivation of the Mathematical Mind”, de Mario
Montessori)

Assim como todas as áreas do currículo, a Matemática vem depois do desenvolvimento da


criança, e serve ao desenvolvimento da criança. É a partir da ótica da psicologia do
desenvolvimento que o currículo deve ser visto.

Psicoaritmética
A autoeducação acontece a partir da atividade individual, espontânea e concentrada.
A essência da autoeducação e da construção da inteligência:
1) Objetos que isolem e materializem abstrações;
2) Técnica precisa de uso dos objetos;
3) Liberdade de atividade.

Fatores que conduzem a explosões de compreensão:


1) Preparação Indireta
2) Formação de Conhecimento Subconsciente
3) Ponto de Consciência

Características do Método Montessori que favorecem o desenvolvimento tranquilo e


entusiasmado da Mente Matemática:
1) Descoberta das Leis Naturais da Criança
a. Existência da Mente Matemática
2) Ambiente com objetos que conduzem à abstração
3) Ambiente de idades mistas
4) Liberdade para a criança continuar trabalhando o mesmo ponto por quanto
tempo desejar, sem pressa
5) Abstração que resulta da experiência individual
6) Respeito ao interesse que surge do período sensível que a criança atravessa
a. Entusiasmo, amor pelo assunto, aparente “precocidade”;
b. Absorção de conhecimento natural, fácil e fonte de alegria
7) Preparação Indireta ou Ponto de Consciência em cada material
8) Isolamento de elementos simples para construção de pensamento complexo
a. Simplicidade e Clareza
9) Disposição para continuar experimentando

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Bases da Aritmética
(A partir de Psychoarithmetics, de Maria Montessori)
Montessori tem um foco importante no funcionamento do sistema decimal.

Primeiro na formação da noção de quantidade, depois na leitura de símbolos (números);

A partir desta base mínima, Montessori apresenta o “todo” dos números à criança, na
forma do sistema decimal e dos fundamentos das quatro operações básicas (soma,
multiplicação, subtração e divisão): Barras, Fusos, Tentos – é o todo, Visão Cósmica.
Depois, os detalhes.

Só depois deste “ciclo básico” de introdução à Linguagem e ao Sistema da Aritmética é


que Montessori começa a trabalhar os detalhes e análises das partes das operações
aritméticas.

“As sementes da Matemática devem ser lançadas com muito, muito cuidado [...]”
Só passamos para o passo seguinte depois da abstração. (p.191)

Montessori insiste que, uma vez aprendida a lógica que subjaz à linguagem e ao sistema
da aritmética, mesmo operações complexas ficam simples, e mesmo números muito
grandes ficam ao alcance de crianças pequenas, o que favorece o interesse e a atividade.

___

As principais bases de todo este documento, bem como do curso de Matemática em


Montessori do Lar Montessori, são:

Livros de Maria Montessori:


Psychoarithmetics
Creative Development in the Child
Advanced Montessori Method, V.2
A Descoberta da Criança

Textos de Mario Montessori:


Horrible Mathematics
Maria Montessori’s Contribution to the Cultivation of the Mathematical Mind

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Barras Vermelhas e Azuis
(Montessori usava a primeira barra em azul! Isso mudou com o tempo)

Dimensões: 2,5cm x 2,5cm x 10-100cm


Antigamente, eram 4cm x 4cm
Sempre alinhado à esquerda.
Começar com crianças que já escrevem ou
pelo menos reconhecem letras e compõem
palavras: aproximadamente a partir dos 4
anos. Porque crianças desta idade já têm alguma noção de quantidade, números e
contagem.
O MATERIAL NÃO INTRODUZ A CONTAGEM, ELE ORGANIZA A MENTE DA CRIANÇA EM
RELAÇÃO À CONTAGEM.
O OBJETIVO DO MATERIAL É SEMPRE ORGANIZAR.

Apresentar organizando e nomeando as barras, pousando a mão sobre cada segmento.

UM
UM DOIS
...
UM DOIS TRÊS QUATRO CINCO SEIS SETE OITO NOVE DEZ

Depois da contagem clássica, contar aleatoriamente e encontrar sucessor (o próximo mais


longo).
O material não tem um único objetivo, mas ele tem um objetivo a ser perseguido de cada
vez, e o adulto precisa saber qual objetivo está sendo buscado em cada apresentação do
material.

Porque as barras são inteiriças (segmentadas, mas inteiras, não “quebradas”), oferecem a
chance de CONTAR e também de PERCEBER RELAÇÕES entre as quantidades:
DIFERENÇAS DE DIMENSÃO
SEQUÊNCIA Se a criança não está numa
escola Montessori e nunca usou
PERCEPÇÃO SENSORIAL DE MAIOR E MENOR
as Barras Vermelhas, primeiro
ela deverá organizar as Barras
E ao mesmo tempo, se introduz o SISTEMA DECIMAL e, Vermelhas e Azuis por tamanho,
sensorialmente, a PERCEPÇÃO DO METRO E DO DECÍMETRO. sem que se conte ou nomeie as
quantidades correspondentes.

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Números de Lixa

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Traçar o número com o dedo enquanto se fala o nome do algarismo.
Material apresentado concomitantemente às letras de lixa.
Cartões pequenos com os números de lixa podem ser pareados com as
barras vermelhas e azuis.

FASES DA APRESENTAÇÃO (ao longo de dias ou semanas)


1º - Apresentar somente as barras vermelhas e azuis, organizando e nomeando.
2º - Apresentar somente os números de lixa, traçando e nomeando.
3º - Apresentar as barras com os cartões numerados – ordenar as barras e depois parear
os algarismos. (Não parear as barras com os números de lixa)

---
Diversas formas de combinar as barras, sempre dentro do limite máximo de DEZ.

Sempre que duas barras são ALINHADAS, ocorre uma soma, USAR E ou MAIS:
NOVE E UM SÃO DEZ
OITO E DOIS SÃO DEZ
SETE E TRÊS SÃO DEZ
Sempre que duas barras são SEPARADAS, ocorre uma subtração, usar MENOS.
As operações que a criança fizer usando as barras podem ser registradas, se ela já
escreve. Inclusive a multiplicação de 5x2=10 e a divisão de 10/2=5
Depois, fazer outras somas, multiplicações, subtrações e divisões.
---
Percpeções para o adulto:
Visualmente, se percebe que a soma total de 1+2+3+4...+10 é 55.
DEZ DEZ
NOVE UM DEZ
OITO DOIS DEZ
SETE TRÊS DEZ
SEIS QUATRO DEZ
CINCO CINCO
10 x (1/2 x 10) + (1/2 x 10) = 1 + 2 + 3 + 4 + 5 + 6 + 7 + 8 + 9 + 10 = 55
n x (1/2 x n ) + (1/2 x n ) = 1 + 2 + 3 + 4 + .......... + n
Ex: 1 + 2 + 3... + 80 = 80 x (1/2 x 80) + (1/2 x 80) = 3200

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Materiais de Unidades Isoladas

Fusos
Usar somente 0 a 9. Não fazer o 10, porque para o 10 não utilizamos unidades isoladas,
mas uma barra de dezena, para que a ordem (unidade, dezena, centena...) fique
evidente.

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Duas caixas com 5 divisões numeradas
+
45 pinos de madeira ou outros objetos.
+
8 pedaços de fita vermelha

1º Juntar todos os pinos (45 -- não contar)


2º Contar os pinos para cada divisão numerada das caixas e alocar.
3º Se estiver correto ao final, retirar cada conjunto, amarrar COM LAÇOS vermelhos e
alocar novamente.
4º Quando a criança perguntar, dizer que o zero é nada, e dar a Lição do Zero.
Portanto: Nas barras, começamos pelas quantidades e pareamos com símbolos.
Nos fusos, começamos com os símbolos e pareamos com as quantidades.
---
Jogo da Memória com Movimento
Pequenos cartões de papel com números em

1 2 3 ... vermelho, dobrados em uma cesta pequena.


Em outra mesa, vários objetos iguais.

O caminho entre uma mesa e outra exige memória, atenção e contagem cuidadosa. No retorno a
criança faz a verificação de seus acertos e erros. A organização dos objetos para contagem pode
seguir logo o formato que utilizaremos, futuramente, nos Tentos.

Os números, então, permanecem dobrados acima dos objetos dispostos, e a professora vem fazer
a verificação do jogo. Na verificação, se a criança pega mais objetos do que o necessário, isso
usualmente corresponde à possessividade (ver: Segredo da Infância), e a professora explica,
gentilmente, que a beleza da atividade consiste em ter o número exato de objetos. Este exercício
se torna, então, mais um exercício da vontade do que uma lição de contagem. (Discovery of the
Child, p,270)

O exercício pode ser coletivo. Observar a criança que pega um 0 e suas reações. Oferecer
orientações de comportamento “é difícil guardar o segredo do zero, e disfarçar, não deixe
ninguém perceber...” – muitas vezes, neste momento, a expressão da criança muda, e ela se sente
digna e orgulhosa.

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Construção da noção de PAR e ÍMPAR (quando a criança estiver pronta para os Tentos):
Descobrir, com a criança, quais Barras Vermelhas e Azuis permitem a operação de
multiplicação e divisão, ex:
2x2=4 e 4÷2=2 ; 3x2=6 e 6÷2=3 ; 4x2=8 e 8÷2=4...
Destacar quais os números que podem ser divididos por 2...

Tentos
Cartões com os
1 2 3 4 5 6 7 8 9
algarismos e 45 objetos
◉ ◉◉ ◉◉ ◉◉ ◉◉ ◉◉ ◉◉ ◉◉ ◉◉ iguais para organizar de
◉ ◉◉ ◉◉ ◉◉ ◉◉ ◉◉ ◉◉ acordo com as
quantidades indicadas.
◉ ◉◉ ◉◉ ◉◉ ◉◉
Tudo vale: pedrinhas,
◉ ◉◉ ◉◉
fichas, conchas,

bonecos, bolas pequenas,
carrinhos...

Na primeira apresentação, organizar os Na segunda apresentação, indicar a


cartões e colocar a quantidade correta de organização de dois em dois, e que há
objetos debaixo de cada um. números em que não “sobra” uma ficha
no final, para que a criança note pares e
ímpares.

Três tempos:
1º - Barras Vermelhas + Algarismos: ofereço as quantidades e a criança pareia os
símbolos.
2º - Fusos: ofereço os símbolos e a criança pareia com as quantidades correspondentes.
3º - Tentos: Não ofereço nada e a criança precisa organizar tanto os símbolos quanto as
quantidades.

Todos os exercícios anteriores, uma vez dominados até 10, podem ser realizados até 20
sem dificuldades maiores (Discovery of the Child, 274).

Nas barras vermelhas e azuis, para formar números entre 11 e 19, utilizar 10 + _ = __ e
utilizar um cartão com o 10 e sobrepor ao zero os cartões de 1 a 9, para representar os
números de 11 a 19. Ir trocando conforme se troca as barras. Só depois que este exercício
estiver claro, seguir para as Placas de Séguin.

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Composição de números com as pérolas/contas
1. Fazer pirâmide com as contas
2. Compor números entre 10 e 19 com as contas (dezena vertical, unidades ao lado)
3. Depois parear com cartões de algarismos usados nas Barras Vermelhas e Azuis, 10
e 1, 10 e 2, 10 e 3... Sem a Placa de Séguin. Depois, seguir para Placa de Séguin.

Depois das Placas de Séguin


Para crianças que já leem e escrevem – exercício de linguagem com prefixos e sufixos que
ajuda a entender a composição dos números:

on ze “Onze” vem do latim UNDECIM, “dez mais um”, ou mais


do ze exatamente “um além, ou passando, de dez”. “Doze” é
tre ze DUODECIM, “dez
quator ze mais dois”. (origemdapalavra.com.br)
quin ze
dezes seis
dezes sete
dez oito
deze nove

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Placas de Séguin
Caixa 1

10 10
1 2 3 4 5 6 7 8 9

10 10
A função deste material é demonstrar a sistematização da
contagem de 10 a 20 (Caixa 1), e depois de 10 a 100 (caixa 2).
10 10 Neste ponto, a criança já trabalhou a formação de números de 11
a 19 nas Barras Vermelhas e Azuis. Aqui, primeiro formamos os
10 10 números com as contas isoladamente, depois com as placas
isoladamente, e depois unimos os dois.
10 10

Os algarismos de 1 a 9 são sobrepostos a partir do segundo número 10 – e o 20 é


oferecido à criança em um cartão separado, escrito pela professora no momento do
exercício, caso a criança demonstre curiosidade por saber “o que vem depois”.

Caixa 2

10 60
1 2 3 4 5 6 7 8 9

20 70
Aqui, se repete o mesmo processo – depois da demonstração do
30 80 sistema decimal. Os cartões com algarismos são sobrepostos
sucessivamente ao zero em cada dezena (21, 22, 23...29, 30, 31, 32,
33....39...). E a quantidade é pronunciada pela professora. A
40 90
demonstração pode, ou não, ser associada ao uso das contas. A
criança pode estar familiarizada com a formação de números
50 pela demonstração do sistema decimal.

Aqui, os algarismos são sobrepostos a partir do primeiro 10, e passam de dezena em


dezena, até alcançarmos o 99. O 100 não cabe aqui, não cabe no espaço da atividade,
porque diferente do 20, o 100 faz parte de outra ordem.

Estimular exercícios com as placas:


- Corrigir o que está fora de ordem;
- Contar de trás para frente;
- Pular um (só ímpares ou só pares);
- Fazer números que colega (ou adulto) pedir.

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O SISTEMA DECIMAL
Começamos pelo Sistema Decimal porque Exemplos: Contar acima de dez é como
para contar e para calcular, ajuda contar novamente de 1 a 9, mas em
muito se pudermos reconhecer o sistema outra ordem.
que sustenta todo esse processo. Contar nove dezenas não é mais difícil
do que contar nove unidades, é só outra
importância.

---

Material Dourado
Não é o material original de Maria Montessori, mas é muito mais acessível e fácil de ser
encontrado, além de satisfazer todas as necessidades para a demonstração do Sistema
Decimal e a composição inicial de grandes números.

A imagem avança para uma apresentação que


Montessori não inclui em seus livros. O mais
importante é apresentar aqui a progressão de 1 a
1000, saindo da unidade simples e chegando à
unidade de milhar. Assim, atravessamos todas as
ordens e alcançamos um novo período,
demonstrando a organização do sistema decimal.

A construção se faz a partir da direita,


matematicamente.
Fonte: montessorialbum.com

Fazer muitos exercícios variados:


Compor cada ordem separadamente com os cartões;
Fazer pareamentos com distância;
Jogo da memória;
Exercício e pares: uma criança pede, e a outra organiza;

FAZER SEMPRE LIÇÕES DE TRÊS TEMPOS, INSISTENTEMENTE

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Composição de Grandes Números

1000 100 10 1
0 0
200 20 2
0
0 0
300 30 3
0
0 0
400 40 4
0
0 0
500 50 5
0
0 0
... ... ...
0

1352
Usando os dígitos, formar números como nas Placas de Séguin, por sobreposição. E então,
formar a quantidade com o Material Dourado, decompondo o número formado e unindo
os dois materiais:

1000 30050 2
1000
0 0
300

50 Deslizar os números para cima, um por cima do outro, e


0 formar o número completo, associando número e
2 quantidade. Depois, desmontar de novo, e dizer que 1352
0 é formado por 1000, 300, 50 e 2.
0
Assim, a criança pode perceber que todo grande número é uma soma de várias ordens.

Fazer todo tipo de exercício para estimular a composição


de grandes números. Exemplos:
- A criança forma os números que quiser;
- ... forma números já escritos em um papel;
- números pedidos por outras pessoas;
- distância;
- memória;
- Só com duas ordens, só com três, obrigatoriamente com quatro...
- a criança pode ir além de 1000

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EXERCÍCIOS PARALELOS

Contagem Linear
Somente depois de entender bem o sistema decimal + formação de números: primeiro o
sistema, depois a linguagem.

1. Decomposição do quadrado (Corrente dos 100)


(é possível com material dourado – ferramenta de contagem específica)
Sobrepor dez dezenas à centena e decompor em seguida:

Contar um por um, etiquetar: 1-10; 10-90-100

Mais tarde: contar de 5 em 5, de 2 em 2...

2. Decomposição do cubo
Empilhar 10 centenas ao lado do cubo do milhar e decompor em seguida:

(é possível com material dourado – ferramenta de contagem específica)


Depois: transformar cubo em centenas, transformar centenas em dezenas,
alinhar as dezenas e contar de forma linear, etiquetar: (1-10; 10-100; 100-1000)
Depois: colocar corrente do 1000 ao lado da corrente do 100
Depois: colocar corrente do 100 ao lado das dez placas que formam o 1000.

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Jogo da Serpente Positiva (somas)

standrewsmontessori.com Nota: fazer placa de listras da adição depois de serpente


da adição; e placa de listras da subtração depois da
serpente de subtração (serpente negativa).

Propósito: tornar as somas de unidades quase automáticas


para a criança – ajuda a preparar para cálculos mentais.

3 caixas: barrinhas coloridas; barrinhas preto-e-branco; barrinhas de dezenas


Barrinhas suficientes para contar até bem longe. Algumas crianças chegam a 2000.

Depois de realizar todas as substituições:

Contar quanto deu no total

Caso se formem centenas, trocar as dezenas por centenas.

Parear barras coloridas formando 10 (7+3, 5+5, 2+8...) e parear ao lado das dezenas

Verificar as quantidades de dezenas + o resto

Mais tarde: separar barrinhas de 7 e ver quantas dezenas tem ali... fazer com todas. Isso
prepara para a multiplicação.

Notas sobre contagem linear:


Na educação convencional, quanto mais longe uma criança consegue contar, mais
avançada ela está, porque a matemática é vista só como linguagem e não como sistema.

Se a Aritmética é apresentada como sistema primeiro, contar até 40 e até 90 tem a


mesma dificuldade, porque as coisas só se repetem.

A ideia da serpente e da contagem linear é tornar as somas simples um processo


automático na mente da criança.

A criança só precisa ser capaz de contar até 10. Mais tarde, juntando as dezenas, ela
terá o resultado completo.

Juntar as dezenas é como juntar um tesouro encontrado aos poucos.

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Tábua de Listras da Adição

Organizar as réguas:

Azuis sem marcas Vermelhas com marcas


à esquerda à direita

Primeiro, posicionar a régua sem marcação, depois a régua com marcação.


Contar a partir do número em azul, com ênfase no 10.

Dois aprendizados principais:


Na soma, a primeira quantidade está dada, é só a segunda que precisa ser contada de
verdade.
Quantas unidades da segunda quantidade são necessárias para chegar até o 10 e
quantas passam do dez e formam o número final.

AS CRIANÇAS GOSTAM DE EXPERIMENTAR COM TODAS AS QUANTIDADES


E GOSTAM DE REGISTRAR AS SOMAS QUE REALIZAM – FOLHETO DE SOMAS
DEPOIS, VERIFICAR NAS TABELAS DE SOMAS

Começar com somas do tipo: 5+1=6, 5+2=7, 5+3=8...


E depois fazer somas que cheguem ao mesmo resultado: 8+1=9, 7+2=9, 6+3=9...

Tabelas de Somas
As tabelas de somas podem ser utilizadas pela criança para preencher folhetos de somas
ou para preencher somas sorteadas aleatoriamente, ou ainda somas indicadas por
colegas ou professores.

O importante é que a criança recorra de novo e de novo às tabelas, para que tenha a
chance de decorar as quantidades por meio da atividade repetida e interessada, e que
utilize as tabelas simplificadas, que indicam algumas propriedades da soma.

Sequência de tabelas:
1. Tabela completa de somas com resultados
2. Tabela de transição com somas repetidas em cinza
3. Tabela sem somas repetidas
4. Tabela de Resultados

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5. Tabela de resultados simplificada
Jogo da Serpente Negativa (subtrações)
Depois de 30 ou 35, colocar um segmento negativo (cinza), que deve ser subtraída da
barrinha anterior. As duas saem do jogo. A cobra diminui rapidamente.
childrenshouse.co.za
Se não for possível subtrair da barrinha
anterior, subtrair da dezena anterior e repor
a coisa toda com o resultado.

Depois: parear segmentos positivos e negativos


e verificar se zera.

Ajuda a criança a formar o conhecimento


subconsciente de todas as combinações.

Vale a pena esperar chegar em 30-35 porque há o risco de se subtrair mais do que a
“cobra” tem de valor positivo, causando confusão à criança. Se isso acontecer, não
entrar em números negativos. Simplesmente anunciar que não há mais como subtrair, e
a serpente acabou.

Tábua de Listras da Subtração


1. Cobrir números acima
2. Subtrair na tábua
3. Escrever resultado

Começar com resultados menores do que nove, e seguir para resultados maiores do que
nove.

Depois, à vontade, com subtrações variadas.

- FIM DOS EXERCÍCIOS PARALELOS -

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Operações Aritméticas com Grandes Números

Um número maior do que 1 é sempre uma soma. Mas as somas sempre acontecem
seguindo o funcionamento do sistema decimal, mudando de ordem sempre que as
quantidades de uma mesma ordem se acumulam dez vezes. É um sistema em
funcionamento.

Definições das Operações:


Soma: Agrupar quantidades diferentes de objetos.
Multiplicação: Agrupar quantidades iguais de objetos.
Subtração: Separar uma parte de um grupo.
Divisão: Distribuir um grupo em partes iguais.

>> As operações são só isso. Todo o mecanismo e o processo das operações, na


verdade, é o Sistema Decimal em funcionamento.

Jogo(s) do Banco – para todas as operações


Para contabilização correta com operações envolvendo grandes números, cada criança
desempenha um papel:

- Clientes (todas as crianças que não desempenham outro papel)


- Contador (a criança responsável pelas trocas)
- Diretor (garante que as operações realizadas estão corretas)
- Registrador (anota as quantidades trazidas pelas crianças e/ou distribuídas pelo
contador)

Jogo do Banco da Adição


1. Crianças formam quantidades, com material + cartões de numeração
O registrador anota as quantidades de cada criança
2. Grupo de crianças traz quantidades (cada criança uma quantidade)
3. Contador organiza por ordem
4. Contador começa a contar e vai trocando conforme completa 10
5. No final, o diretor verifica o número e coloca os algarismos no lugar
6. As crianças podem, então, anotar a soma realizada no papel, usando a anotação
realizada pelo registrador e o resultado organizado pelo Diretor.

Jogo do Banco da Multiplicação


Mesmo funcionamento do Jogo da Soma, mas todas as crianças trazem uma mesma
quantidade para o banco. O contador diz: uma vez ______, duas vezes _______, três vezes
______... opera-se as trocas, chega-se ao resultado, que é organizado e o número é
formado também nos cartões. Tudo é registrado.

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Jogo do Banco da Subtração
Só existe uma quantidade verdadeira, composta com o Material Dourado.
Uma criança pede uma quantidade que só existe nos cartões de numeração.
A quantidade é retirada do total e dada à criança.*
Conta-se o que sobrou, e tudo é registrado.

* Muitas vezes, a quantidade pedida pela criança exige que sejam feitas trocas entre as
ordens.
Começar sempre pelas unidades, e ir retirando (subtraindo) tudo o que é possível.
Ao chegar nas quantidades que não podem ser subtraídas, utilizamos as trocas de ordens
superiores em ordens inferiores.

1 unidade de milhar = 10 centenas


1 centena = 10 dezenas
1 dezena = 10 unidades

Inicialmente, só fazer a subtração e chegar no resultado.

Quando ficar fácil, fazer verificação:


Somar a quantidade restante e a quantidade retirada e verificar se o resultado é a
quantidade originalmente presente. Se sim, deu tudo certo.

“A subtração é uma soma em que um dos números é desconhecido” (Definição racional


de subtração, segundo Montessori)

Demonstração:

40 + ? = 70
? = 70 – 40
? = 30

40 + 30 = 70
Então o resultado da subtração é verdadeiro.

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Pode-se continuar subtraindo até não sobrar nada.

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Jogo do Banco da Divisão – Divisão por um dígito
Na subtração, dividimos uma quantidade em partes diferentes.
Na divisão, dividimos a quantidade em partes iguais.

1. Divisão com um dígito (divisor) sem resto


Verificar pela soma das partes divididas (quociente)

2. Divisão com um dígito (divisor) com resto


Verificar pela soma das partes divididas (quociente) + o resto

3. Com quantidades insuficientes que precisam se transformadas em outras ordens para


que a divisão funcione.

Divisão por Dois Dígitos


Uma quantidade total, ex: 1479 vai ser dividida por 12 crianças.
Forma-se um grupo de 10 e + duas crianças
O grupo de dez recebe um representante. Todas as crianças recebem pulseiras:

Representante 2 crianças (unidades)


da dezena

Restante do grupo
de 10

Dividir a quantidade de forma proporcional:


Um milhar para a dezena, uma centena para cada unidade...
Uma centena para a dezena, uma dezena para cada unidade...
Uma dezena para a dezena, uma unidade para cada unidade...
Até terminar. Deixar resto de lado. Converter sempre que necessário.
Depois, as quantidades do representante da dezena são convertidas e distribuídas para
cada criança do grupo de 10.
VERIFICAR SOMANDO AS PARTES E O RESTO.

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EXERCÍCIOS PARALELOS

Jogo dos Pontos


SÓ REALIZAR DEPOIS DE A CRIANÇA DOMINAR AS OPERAÇÕES COM O MATERIAL
CONCRETO

3.427 + 6.331 + 2.834

Pontos Barras de troca Resultado da Registro do


relativos às linha resultado final
quantidades
10.000

1.000

100

10

Marcar os pontos
Contar os pontos, trocar por risquinhos acima, e registrar os risquinhos restantes
Contar os risquinhos, trocar por risquinhos acima e registrar o restante
Registrar a soma na última coluna

1. Primeiro, registrar os pontos em colunas relativas a cada quantidade somada

2. Depois, agrupar os pontos em grupos de 5.

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Jogo dos Selos
Para todas as operações. Especialmente interessante para subtração.
Destacar da folhinha a quantidade necessária de cada ordem para formar a
quantidade inicial,
por exemplo, 6859
Depois, cortar com uma tesoura a quantidade a ser subtraída,
por exemplo, 4237

1000 100 10 1

1000 100 10 1

100

100

1000 100 10 1

1000 100 10 1

1000 10 1

1000 1

1
100
1
100
1

O resultado é o que resta da quantidade inicial, na parte de cima. Os adesivos são


destacados e colados em uma folha de papel e a operação é registrada a lápis na mesma
folha.

TAMBÉM FAZER SUBTRAÇÕES DINÂMICAS: A QUANTIDADE DE SELOS IMPRESSIONA A


CRIANÇA. PODEMOS CONTINUAR AS SUBTRAÇÕES ATÉ CHEGAR A ZERO.

Todas as outras operações podem ser realizadas com a mesma lógica utilizada em outros
materiais anteriormente. Quando somar ou multiplicar, aproximar as tirinhas e colar
juntas no papel. Quando subtrair, cortar ou separar as tirinhas. Sempre que necessário,
trocar quantidades por ordens superiores ou inferiores.

FIM DOS EXERCÍCIOS PARALELOS


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Problemas de Aritmética
Em todos os exercícios anteriores, vemos o funcionamento do sistema decimal.

As quantidades não se criam nem se destroem, só se transformam, seguindo as leis de


funcionamento do sistema decimal.

Os números representam as quantidades, a dinâmica do cálculo é somente o sistema


decimal em funcionamento.

As operações descrevem situações da vida – isso permite alcançar PROBLEMAS DE


ARITMÉTICA.

Os PROBLEMAS DE ARITMÉTICA podem ser inicialmente criados pelo professor. Depois, é


ideal que sejam criados pelas próprias crianças, para si mesmas ou para serem resolvidos
por colegas.

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Daqui em diante, veremos atividades de análise de operações, para o aprendizado mais


detalhado de cada uma delas.

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Análise da Multiplicação
A multiplicação é resultado da repetição de uma soma – e por isso, qualquer
multiplicação sempre vai formar um retângulo (o quadrado é um retângulo).

Em uma multiplicação: 1000 x 3 = 3000


multiplicando multiplicador produto

Na multiplicação, não importa se multiplicando ou multiplicador vem primeiro.


A ordem nos fatores não altera o produto.

Propriedade Comutativa – A ordem dos fatores não altera o produto

3 x 4 = 12 e 4 x 3 = 12

Fazer o mesmo com várias multiplicações e sempre finalizar transformando o resultado


com o sistema decimal. Para estimular a criança a continuar:
- fichinhas com as multiplicações
- as multiplicações que a criança desejar
- sugestões de adultos
- sugestões de outras crianças
- fazer em grupo, cada um com sua multiplicação
- fazer em dupla, cada criança faz uma “versão” da multiplicação (3x4 / 4x3) e depois
verificam os resultados/produtos.

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Propriedade Distributiva

Ex.1 - (2 + 4 + 5) x 3 = 2x3 + 4x3 + 5x3 Usar uma lousinha ou papel

Ao longo do processo, lembrar de “trocar por uma dezena” sempre que necessário.

Também é válido repetir para a criança o que estamos fazendo, para que ela não perca o
fio da meada.

A criança fará muitas operações utilizando a Propriedade Distributiva para treinar. Use
as mesmas sugestões de atividade da Propriedade Comutativa.

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Ex. 2 – Propriedade distributiva com grandes números

2.326 x 3 = (2000 x 3) + (300 x 3) + (20 x 3) + (6 x 3)

Organizar com o material do sistema decimal (as contas ou o material dourado) e


multiplicar cada ordem separadamente.

Depois de multiplicar, somar e transformar:


10 unidades são 1 dezena
10 dezenas são 1 centena
10 centenas são 1 unidade de milhar

Depois de todas as transformações, verificar o resultado e “formar” o resultado com as


fichas de números dos Grandes Números.

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EXERCÍCIOS PARALELOS
para Análise e Dificuldades de Multiplicação
A multiplicação tem duas dificuldades:
a) Memorização dos produtos da multiplicação (tabuada).
b) Consciência do valor relativo dos dígitos em um número.

Tábua de Multiplicação
5 anos e meio, 6 anos

1 – Colocar o cartão do multiplicando


2 – Colocar o disco acima do multiplicador (o disco vai deslizando para o número ao
lado conforme se avança na tabuada)
3 – Ir escrevendo os resultados conforme se calcula com a tábua, em folheto especial.

A criança pode fazer o folheto e guardar, pode fazer vários folhetos iguais ou diferentes,
pode fazer livretos e pode ler o livreto para decorar... todas as ideias aqui são válidas.

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Depois de a criança fazer cada multiplicação várias vezes com a tábua, podemos oferecer
a ela uma tabela de controle.

Fazer a progressão de tabelas exatamente como fizemos com a soma.

Todas as tabelas de controle que a criança consulta podem, depois, ser construídas pela
própria criança.

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