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Imperialismo ou Subimperialismo?
O conceito de imperialismo varia de acordo com o tempo em que se encontra e
com o autor que escreve. Entre os principais autores sobre o tema, destaca-se John
Hobson com o livro “Imperialism: a study” de 1902. Nesse livro, Hobson utiliza como
exemplo as dinâmicas entre colônia e metrópole. Para ele, o imperialismo se dá através
da subordinação dos países frente às metrópoles, pois essas colônias seriam incapazes
de se autogovernar. Em análise, Hobson afirma que o imperialismo é uma prática
benéfica para certos grupos industriais e financeiros do país, apesar de não favorecer a
nação como um todo. Dessa maneira, Hobson chama de parasitas econômicos do
imperialismo esses grupos que enriquecem através do desfavorecimento da nação
(HOBSON, 1902).
Ruy Mauro Marini sua tese sobre o Subimperialismo corroborada por Mathias
Luce. Ambos acreditam que o subimperialismo (LUCE, 2007)
(...) é produto histórico das contradições históricas provocadas no capitalismo
brasileiro, como consequência da nova fase da divisão internacional do
trabalho, marcada pela diferenciação interna da burguesia e pela lógica de
cooperação antagônica e o impasse políticop que resultou do amálgama de
todos esses fatores, no curso da crise de realização irrompida nos anos 60,
que refletia as leis próprias da economia dependente , em particular as
contradições verificadas no ciclo do capital.
Dessa maneira, a posição que o Brasil ocupa no cenário atual é fruto de versas
análises, sendo elas as que defendem que o país está desenvolvendo uma relação
imperialista frente aos outros países da América do Sul, as que defendem essa relação
ser subimperialista, e ainda as que defendam que o Brasil está atuando como semeador
de crescimento econômico.
Fato é que, para um país ser imperialista, não é necessário que haja confronto
armado. Um país pode muito bem exercer pressões pressões políticas e/ou econômicas
para alcançar seus objetivos.
Pode-se descrever a ação brasileira como subimperialista no conceito de
Marini, visto que, ao mesmo tempo em que exerce sua influência sobre a América do
Sul e expande seus investimentos nela, ainda é uma participação pequena frente aos
Estados Unidos que também influenciam a América do Sul e possuem grande
participação no PIB brasileiro. Além disso, o Brasil simultaneamente apoia e discorda
de ações do estado americano, cooperando antagonicamente, pois a integração regional
promovida por Lula atende tanto a interesses brasileiros como Americanos. Portanto, o
Brasil ainda não seria um país imperialista tendo em vista o seu baixo poderia militar,
que é necessário na defesa de seus interesses, e também porque o país ainda é mais
receptor do que transmissor de invertimentos (BIGIATO; BERRINGER, 2012).
Por outro lado, as ações brasileiras podem ser imperialistas tendo o país
exercido influência econômica nos países vizinhos, os quais adentraram de maneira
lenta e hoje detém parte de seus investimentos nacionais. Segundo Zibechi, a relação do
Brasil com os outros países da América do Sul se assemelha a reação que os países de
centro têm com os da periferia. Como exemplo: o IIRSA tem o objetivo de integrar a
América do Sul e resolver seus problemas internos e pretende facilitar, através da
execução de projetos físicos e troca nas legislações, normas e regulamentos nacionais, o
comercio e desenvolver e integrar as infraestruturas de transporte, energia e
telecomunicações. Esses projetos do IIRSA atende interesses nacionais, na medida em
que o Brasil deseja escoar sua produção pelo pacifico e as empresas brasileiras que
constroem grande parte da infraestrutura proposta pelo IIRSA são financiadas pelo
BNDES. Os processos desencadeados pela IIRSA vêm sendo implementados em
silêncio sem a participação dos grupos civis, evitando o debate (ZIBECHI, 2012).
Seguindo o conceito de imperialismo proposto por Hobson, Zibechi afirma que
essas empresas que foram financiadas pelo BNDES não trazem quaisquer melhorias
sociais ou ambientais nos países em que estão instaladas.
Para tanto, a discussão sobre o papel do Brasil ainda não chegou a um
consenso. Os dados apresentados acima podem funcionar para a defasa de qualquer uma
das ideias.
Conclusão
Após as discussões apresentadas em texto sobre o papel do Brasil na região sul
americana, pode-se concluir que o país se tornou uma hegemonia regional através dos
investimentos feitos em suas empresas que se expandiram e se globalizaram. Na mesma
medida, o país ainda não é totalmente independente do capital estrangeiro e nem se
posiciona contra os interesses americanos, mesmo quando vão de encontro aos seus. O
Brasil também não investe na indústria bélica como outros países considerados
imperialistas.
Por tanto, em um universo micro levando em consideração apenas as relações
entre Brasil e América do Sul, pode-se afirmar que o Brasil exerce um papel
imperialista. Porém, não podemos separar realidades e desconsiderar as influencias
externas na América do Sul, assim sendo, é correto afirmar que num centexto global, o
Brasil exerce um papel subimperialista, pois ainda é muito dependente de outros países
como os Estados Unidos.
Bibliografia
AMIN, Samir. Imperialismo: passado e presente, Tempo, Rio de Janeiro, nº 18, 2005,
pp. 77-123.
_____, Caio Martins. Teoria do Imperialismo: John Hobson. In.: Revista de Iniciação
Científica da FFC, v. 7, n.2, 2007, pp. 126-139
HOBSON, John. A. Imperialism, a study. James Pott Company, New York, 1902.
Disponível em: <http://files.libertyfund.org/files/127/0052_Bk.pdf, Acessado em:
13/06/2016>