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Universidade de Brasília

Instituto de Ciências Humanas – IH


Departamento de História – HIS
Disciplina: História da América 3 – 1º / 2016
Nome: Vitória Gonçalves de Souza Matrícula: 12/0043637

América do Sul: “quintal” brasileiro?


Resumo: O presente artigo tem por objetivo suscitar uma reflexão sobre as
ações tomadas pelo Estado brasileiro em territórios além de suas fronteiras no séc. XXI,
especialmente durante o governo do presidente Lula, tendo em vista a questão de serem
elas imperialistas ou não. Nesse sentido, discutiremos ideias do autor Raúl Zibechi no
livro “Brasil Potência” acerca da história das relações entre Brasil e América do Sul,
entre outros autores como Mathais Luce e Ruy Mauro Marini que discorrem sobre o
conceito de subimperialismo; e o papel do BNDES dentro desse processo.
Abstract: This main objective of this article is to start a reflection upon the
actions taken by Brazil in foreign territories in 21st century, especially during Lula’s
government, in view of the question to be imperialists or not. In this regard, the ideas
from the author Raúl Zibechi in the book “Brasil Potência” will be discussed
surrounding Brazil and South America’s relations, among other authors like Mathias
Luce and Ruy Mauro Marini that write about the concept of subimperialism; and the
role played by BNDES during this process.
Palavras-Chave: Brasil, América do Sul, imperialismo, subimperialismo,
BNDES.
Key Words: Brazil, South America, imperialism, subimperialism, BNDES.
Introdução
O Brasil, sendo um país de proporções continentais, sempre se destacou em
relação aos outros países da América do Sul referente aos campos econômicos e
políticos. Desde o primeiro mandato do governo Lula, a relação entre o Estado e as
principais empresas brasileiras estreitou-se de maneira a financiar o crescimento e
expansão das mesmas. Essas empresas então inicializaram seu processo de crescimento
através de financiamentos, especialmente do Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES), que permitiu a aquisição de outras empresas menores
localizadas na América do Sul, além da inserção das empresas brasileiras no mercado
estrangeiro. Pretende-se analisar se as ações tomadas pelo governo brasileiro têm o
intuito de assegurar o crescimento conjunto da América do Sul frente às outras
economias, ou se essas ações fortaleceram o domínio brasileiro sobre esses países.
No primeiro capítulo expõe-se um breve estudo sobre o papel histórico do
BNDES: desde sua criação até os investimentos que auxiliaram na expansão de
empresas brasileiras além do território nacional.
O objetivo do segundo capítulo é analisar uma série de ações do governo e de
empresas brasileiras que acabaram por interferir economicamente e politicamente em
outros países da América do Sul, tendo em vista seu próprio favorecimento.
No último capítulo a discussão é sobre assertiva de que as ações do Estado
brasileiro são imperialistas em relação aos outros países da América do Sul, tendo em
vista os conceitos de subimperialismo e imperialismo.
BNDES e seu papel no desenvolvimento econômico do Brasil
Getúlio Vargas aproveitou o contexto pós Segunda Guerra, que valorizou as
matérias-primas nacionais em detrimento do mercado europeu, para estreitar suas
relações com os Estados Unidos. Em 1951 foi criado o Fundo de Reaparelhamento
Econômico, cuja função seria assegurar o desenvolvimento planejado por Getúlio. Esse
fundo foi criado após as missões Cook (1942) e Abbink (1948). Entre 19 de julho de
1951 e 31 de julho de 1953 a Comissão Mista Brasil – Estados Unidos (CMBEU),
formada por quase 200 técnicos, aproveitou as análises feitas pelas missões anteriores e
investigou sobre os principais problemas econômicos brasileiros. Essa comissão
encontrou pontos que obstruíam o desenvolvimento do país e disso nasceram 41
projetos ligados à energia e transporte que trariam resoluções. Para gerir o Fundo de
Reaparelhamento Econômico, responsável pela gestão desses projetos, indicou-se a
criação de um banco de desenvolvimento.
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE) foi criado em 20
de julho de 1952 pela lei 1.628 durante o governo de Getúlio Vargas com o intuito de
incentivar o desenvolvimento econômico do país através da modernização das
indústrias. Em 1982, ao completar 30 anos de atividade, houve algumas mudanças como
o acréscimo do Social as suas atividades, sendo então Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES); a gestão do Fundo de Investimento
Social (Finsocial); e a criação do BNDES Participações (BNDESPAR) para capitalizar
as empresas privadas nacionais e fortificar mercado de capitais do país.
Em 2003, primeiro ano do governo Lula, o então presidente convidou o
economista Carlos Lessa para assumir o comando do BNDES. Carlos Lessa favoreceu
quatro linhas de atuação: a promoção da inclusão social, a recuperação e o
desenvolvimento da infraestrutura nacional, a modernização e a ampliação da estrutura
produtiva e, ainda, o estímulo às exportações. Durante os primeiros meses sob a
presidência de Carlos Lessa, os investimentos na área social aumentaram 36% em
relação ao mesmo período do ano anterior.
Guido Mantega assume o comando do BNDES em novembro de 2004 e
desenvolve o Projeto de Ação para Gestão Integrada de Recursos (Agir), com o objetivo
de melhor integrar as diversas áreas do banco e agilizar suas operações. Em 2006,
quando Guido Mantega sai do BNDES para assumir a presidência do Ministério da
Fazenda, o então vice-presidente Demian Fiocca se torna presidente do banco e cria
novos programas em setores prioritários como a geração de energia elétrica,
investimentos em ferrovias nas regiões Norte de Nordeste e os gargalos logísticos. E o
último presidente do BNDES durante o governo Lula foi Luciano Coutinho, que se
manteve na presidência até o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff
em maio de 2016. Destaca-se sobre a presidência de Coutinho a passagem pela crise de
2008 e a criação das Áreas Internacionais (AINT), que visavam a internacionalização da
economia brasileira através do crescimento das empresas brasileiras fora do território
nacional.
Os investimentos do BNDES em empresas privadas brasileiras de fato
colaboraram para o crescimento da economia do Brasil em um âmbito mundial, além de
terem favorecido a reaquisição de empresas que foram privatizadas durante o governo
FHC. Porém, segundo Zibechi, não se pode desconsiderar que o caráter do governo
Lula foi de investidor em mega obras de infraestrutura através de programas estatais
como o PAC e de financiador de grandes empresas para fortalecer grupos econômicos
através do BNDES. Entre as participações do BNDES nesse contexto, pode-se apontar a
fusão entre Sadia e Perdigão em maio de 2009, a fusão dos frigoríficos JBS Friboi e
Bertin em setembro de 2009, a fusão das empresas Votorantim e Aracruz em 2009, a
compra da Brasil Telecom pela Oi e o apoio do estado brasileiro para converter a
Brasken em uma das maiores empresas petroquímicas do mundo.
Também deve-se lembrar que as empresas brasileiras que irão adquirir
importantes papéis na relação entre Brasil e os outros países da América do Sul têm em
sua gênese empresas familiares que cresceram de acordo com o contexto político e
econômico. As primeiras grandes empresas brasileiras foram criadas durante o governo
de Getúlio Vargas, ligadas à exploração de recursos naturais como a Companhia
Siderúrgica Nacional (CSN) fundado em 1941, a Vale do Rio Doce em 1942, e a
Petrobras em 1953 após o Estado Novo. Durante o Regime Militar empresas familiares
de construção como Odebrecht, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez se fortaleceram
através da criação do Banco Nacional de Habilitação (BNH) que previu a execução de
diversas obras: rodovia Transamazônica; barragens de Itaipu, Tucuruí I, Tucuruí II e
milhares de quilômetros de estrada. Após esse período, denominado Milagre
Econômico, as empresas brasileiras se expandiram para outros territórios além das
fronteiras nacionais, instalando-se em países da América Latina.
A partir do processo de fortalecimento de empresas privadas nacionais, era
essencial, segundo o plano de governo do Partido dos Trabalhadores (PT) em 2002, o
fortalecimento da economia nacional através de articulações entre interesses e
coordenação de investimentos públicos e privados tendo em vista gerar crescimento
sustentado. Deve-se lembrar também que empresas de construção financiadas durante o
governo de lula somam ¼ de todas as doações recebidas pelo PT, e que, nos 33 meses
seguintes a eleição de Lula, as empresas receberam 8.5 vezes o valo das doações em
contratos com o estado.
Essas empresas que se expandiram pela América do Sul, decidiram iniciar seu
processo nos países vizinhos, pois além de possuírem afinidades culturais, a
proximidade geográfica reduz parte dos custos do processo de expansão. Esse processo
de expansão culminou com os investimentos brasileiros no exterior entre 2000 e 2008
sendo quase oito vezes maiores que todos os investimentos durante a década de 1990,
sendo que, em 2006, 30.9% desse valor foi investido na América do Sul (BUGIATO;
BERRINGER, 2012). A seguir, inicia-se uma analise desse intercurso brasileiro em
outros países sul americanos.

Brasil e América do Sul no séc. XXI


Segundo Raúl Zibechi, o fato de o BNDES ser acionista na maior parte das
empresas que aproveitaram de seus fundos para se expandirem, deixa claro que uma das
missões do banco é a expansão econômica. Para que o BNDES invista em empresas de
outros países, há a exigência de que parte de suas ações sejam detidas por empresas
brasileiras e isso pode ser visto como uma maneira de fortalecer as empresas brasileiras
em detrimento das outras.
Entre 1995 e 2004 foram realizadas 90 fusões e aquisições de empresas
brasileiras e empresas sul americanas; sendo 32 na Argentina, 4 na Colômbia, Peru e
Venezuela, e 3 na Bolívia.
Essas empresas financiadas pelo BNDES não levam melhorias sociais ou
ambientais aos países em que estão presentes. Pelo contrário, não levam em
consideração as necessidades locais e muitas vezes não auxiliam no desenvolvimento do
país onde estão instaladas, auxiliando e empurrando apenas a economia brasileira.
Entre esses, podemos citar a construção de hidrelétricas binacionais que trazem
benefícios apenas às empresas brasileiras. A indústria brasileira consome 46% da
energia do país, e se beneficiam dessas construções, pois serão elas a erguê-las e a
utilizar da energia. As hidrelétricas que serão construídas em conjunto a Bolívia
produzirão um excedente igual ao consumo energético total da Bolívia. Para o Brasil
são interessantes as construções dessas hidrelétricas, pois fornecerão mais energia para
sua indústria, além de facilitar o escoamento da produção nacional de soja através dos
desvios criados pelas hidrelétricas. Ainda em território boliviano, o Brasil apoiou a
construção de uma estrada pela empresa OAS que passaria pelo Território Indígena e
Parque Nacional Isiboro Sécure (TIPNIS) que faz parte de um projeto de integração da
Iniciativa para a Integração da Infraestrutura Regional Sul-Americana (IIRSA). O
mesmo governo de Evo Morales que apoiou os índios e demarcou suas terras, foi o que
em 2011 aprovou a contratação de um crédito com o BNDES para a construção da
estrada que passaria pelas terras indígenas. (ZIBECHI, 2012).
Em outubro de 2008, o exército brasileiro simulou uma ocupação da Usina de
Itaipu após declarações do presidente paraguaio Fernando Lugo pedindo a revisão dos
termos sobre ela firmados. As obras da Usina Hidrelétrica de Itaipu iniciaram-se nos em
1970 após extensas negociações entre os governos brasileiro e paraguaio. A construtora
responsável pela obra foi a Andrade Gutierrez, que a concluiu em 1984. O custo final
da represa de Itaipu foi 10x maior que o inicial, devido a superfaturamentos e corrupção
das empresas brasileiras, que foram responsáveis pela sua construção. Esse custo
adicional endividou o Paraguai, assim como a Bolívia se endividou na construção de
outra binacional em conjunto com o Brasil. A energia gerada por Itaipu é dividida
igualmente entre os dois países, porém, o Paraguai consome apenas 5% da energia de
sua parte, sendo os outros 95% vendidos para o Brasil a preço de custo. Apesar de uma
promessa brasileira de renegociação do valor da compra do excedente energético do
Paraguai, o Brasil não cumpriu e continua pagando um preço abaixo do mercado pelo
excedente de energia. Segundo Fernando Lugo “Nenhum tradado é sustentável quando
consagra a inequidade nem é eticamente valido quando gera assimetrias que resultam de
um esforço compartilhado”. Essa simulação do exército brasileiro foi, segundo Jose
Elito Carvalho Siqueira chefe do comando militar do sul e Kaiser Konrad, editor da
página brasileira Defesanet, uma maneira de demonstrar aos vizinhos paraguaios que se
necessário, o governo brasileiro estaria disposto a entrar em confronto armado pela
defesa de seus interesses. (ZIBECHI,2012).
Ainda no Paraguai, outro problema que decorreu da entrada dos empresários
brasileiros no país foi o das fronteiras. Eles adquiriram terras em regiões fronteiriças
para facilitar e garantir a eles o controle das fronteiras para escoamento de sua própria
produção. Dessa maneira, as fronteiras são diluídas em favor do estado mais poderoso,
fragilizando o país menos forte. Ainda nesse contexto, entram os brsiguayos: brasileiros
que adquiriram terras legalmente em território paraguaio. A crítica do governo
paraguaio a eles é a extensão de terras que possuem e a produção gerada por elas. Um
dos basiguayos mais representativos é o brasileiro Tranquilo Favero, o maior produtor
individual de soja do país. Ele vem sendo alvo de muitas críticas, especialmente
daqueles que defendem a reforma agrária, alegando que a produção nas terras de Favero
não trás benefícios para a população, fazendo ele parte dos brasiguayos que possuem
55% das terras produtivas paraguaias. (ZIBECHI, 2012).
No Equador, o BNDES financiou parte da construção da represa de São
Francisco em 2000. O contrato para a construção da represa foi firmado pela empresa
brasileira Odebrecht e a empresa pública equatoriana Hidropastaza. Esse contrato
seguiu o formato turn-key, ou seja, a empresa estava autorizada a modificar cláusulas
sem ser necessária a aprovação do estado. O resulto disso foi um acréscimo de 357
milhões de dólares no valor original da obra, causando um prejuízo de 123 milhões de
dólares no governo do Equador, além de inúmeros problemas técnicos, como: parada
das turbinas devido a acúmulo de sedimentos após terem instalado turbinas diferentes
das previstas no contrato; deslizamentos de terra num túnel de 11 km que transportava
águas do rio Pastaza, pois não foi feito o revestimento adequado para evitar esse tipo de
problema; além de terem sido encontrados mais 253 problemas a poucos dias da
inauguração da represa. Dessa maneira, o Equador terminou com um saldo negativo:
uma represa que não funciona, e uma dívida com o BNDES que chegará aos 600
milhões de dólares devido aos juros. (ZIBECHI, 2012).
No Uruguai, a gigante brasileira Ambev controla 98% do comércio de
cervejas; JBS e Mafrig controlam 70% da exportação de carnes; a empresa Camil
controla metade da safra de arroz que é exportada; e, das 10 maiores empresas
exportadoras do Uruguai, cinco são brasileiras. (BIGIATO; BERRINGER, 2012)
(ZIBECHI, 2012).
Na Argentina, a Petrobras adquiriu a Pecom e se tornou o segundo grupo
econômico do país no setor de petróleo e gás, a Ambev comprou a Quilmes, a Camargo
Correa comprou a maior fábrica de cimento do país, a Loma Negra e a JBS adquiriu
unidades da SWIFT, com isso se tornou o maior frigorífico do mundo (BIGIATO;
BERRINGER, 2012).
Assim, pode-se inferir que (ZIBECHI, 2012)
La expansión del capital brasileño en la región es tan potente que está
rediseñando la propiedad de las grandes empresas y de la tierra en buena
parte de los países sudamericanos. Sus modalidades son muy diferentes: en
países como Uruguay se manifiesta en control de la agroindustria y de una
parte de la tierra; en Paraguay pasa por la compra masiva de tierras para el
cultivo de soja y el control de la hidroelectricidad; en Bolivia monopoliza los
hidrocarburos y tiene el control de la producción agropecuaria en Santa Cruz.
En Argentina, por ejemplo, se trata de inversiones en la industria y en
petróleo, y en todos los países se encarga de las grandes obras de
infraestructura, donde sus empresas son tan pujantes que no tienen
competencia posible en la región

Imperialismo ou Subimperialismo?
O conceito de imperialismo varia de acordo com o tempo em que se encontra e
com o autor que escreve. Entre os principais autores sobre o tema, destaca-se John
Hobson com o livro “Imperialism: a study” de 1902. Nesse livro, Hobson utiliza como
exemplo as dinâmicas entre colônia e metrópole. Para ele, o imperialismo se dá através
da subordinação dos países frente às metrópoles, pois essas colônias seriam incapazes
de se autogovernar. Em análise, Hobson afirma que o imperialismo é uma prática
benéfica para certos grupos industriais e financeiros do país, apesar de não favorecer a
nação como um todo. Dessa maneira, Hobson chama de parasitas econômicos do
imperialismo esses grupos que enriquecem através do desfavorecimento da nação
(HOBSON, 1902).
Ruy Mauro Marini sua tese sobre o Subimperialismo corroborada por Mathias
Luce. Ambos acreditam que o subimperialismo (LUCE, 2007)
(...) é produto histórico das contradições históricas provocadas no capitalismo
brasileiro, como consequência da nova fase da divisão internacional do
trabalho, marcada pela diferenciação interna da burguesia e pela lógica de
cooperação antagônica e o impasse políticop que resultou do amálgama de
todos esses fatores, no curso da crise de realização irrompida nos anos 60,
que refletia as leis próprias da economia dependente , em particular as
contradições verificadas no ciclo do capital.
Dessa maneira, a posição que o Brasil ocupa no cenário atual é fruto de versas
análises, sendo elas as que defendem que o país está desenvolvendo uma relação
imperialista frente aos outros países da América do Sul, as que defendem essa relação
ser subimperialista, e ainda as que defendam que o Brasil está atuando como semeador
de crescimento econômico.
Fato é que, para um país ser imperialista, não é necessário que haja confronto
armado. Um país pode muito bem exercer pressões pressões políticas e/ou econômicas
para alcançar seus objetivos.
Pode-se descrever a ação brasileira como subimperialista no conceito de
Marini, visto que, ao mesmo tempo em que exerce sua influência sobre a América do
Sul e expande seus investimentos nela, ainda é uma participação pequena frente aos
Estados Unidos que também influenciam a América do Sul e possuem grande
participação no PIB brasileiro. Além disso, o Brasil simultaneamente apoia e discorda
de ações do estado americano, cooperando antagonicamente, pois a integração regional
promovida por Lula atende tanto a interesses brasileiros como Americanos. Portanto, o
Brasil ainda não seria um país imperialista tendo em vista o seu baixo poderia militar,
que é necessário na defesa de seus interesses, e também porque o país ainda é mais
receptor do que transmissor de invertimentos (BIGIATO; BERRINGER, 2012).
Por outro lado, as ações brasileiras podem ser imperialistas tendo o país
exercido influência econômica nos países vizinhos, os quais adentraram de maneira
lenta e hoje detém parte de seus investimentos nacionais. Segundo Zibechi, a relação do
Brasil com os outros países da América do Sul se assemelha a reação que os países de
centro têm com os da periferia. Como exemplo: o IIRSA tem o objetivo de integrar a
América do Sul e resolver seus problemas internos e pretende facilitar, através da
execução de projetos físicos e troca nas legislações, normas e regulamentos nacionais, o
comercio e desenvolver e integrar as infraestruturas de transporte, energia e
telecomunicações. Esses projetos do IIRSA atende interesses nacionais, na medida em
que o Brasil deseja escoar sua produção pelo pacifico e as empresas brasileiras que
constroem grande parte da infraestrutura proposta pelo IIRSA são financiadas pelo
BNDES. Os processos desencadeados pela IIRSA vêm sendo implementados em
silêncio sem a participação dos grupos civis, evitando o debate (ZIBECHI, 2012).
Seguindo o conceito de imperialismo proposto por Hobson, Zibechi afirma que
essas empresas que foram financiadas pelo BNDES não trazem quaisquer melhorias
sociais ou ambientais nos países em que estão instaladas.
Para tanto, a discussão sobre o papel do Brasil ainda não chegou a um
consenso. Os dados apresentados acima podem funcionar para a defasa de qualquer uma
das ideias.
Conclusão
Após as discussões apresentadas em texto sobre o papel do Brasil na região sul
americana, pode-se concluir que o país se tornou uma hegemonia regional através dos
investimentos feitos em suas empresas que se expandiram e se globalizaram. Na mesma
medida, o país ainda não é totalmente independente do capital estrangeiro e nem se
posiciona contra os interesses americanos, mesmo quando vão de encontro aos seus. O
Brasil também não investe na indústria bélica como outros países considerados
imperialistas.
Por tanto, em um universo micro levando em consideração apenas as relações
entre Brasil e América do Sul, pode-se afirmar que o Brasil exerce um papel
imperialista. Porém, não podemos separar realidades e desconsiderar as influencias
externas na América do Sul, assim sendo, é correto afirmar que num centexto global, o
Brasil exerce um papel subimperialista, pois ainda é muito dependente de outros países
como os Estados Unidos.
Bibliografia

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