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Objetivos
• Realizar uma introdução às críticas à Hermenêutica filosófica.
• Apresentar as teses sobre a Hermenêutica de Emilio Betti, Eric D. Hirsch, e
Karl-Otto Apel.
• Apresentar o problema das relações entre as pretensões de sentido e as de
validade na interpretação.
Conteúdos
• O conceito de validação de interpretação.
• A questão da diversidade de interpretações e a diferença entre verdade e
validade.
• Atitude crítica na compreensão e na interpretação.
1) A leitura desta obra deve ser vista como uma indicação dos termos e
tópicos a serem estudados e aprofundados; procure outras informações
e apresentações desses assuntos nos livros indicados nas referências
bibliográficas e em sites confiáveis. Lembre-se de que, na modalidade EaD,
o engajamento pessoal e a organização pessoal dos estudos são fatores
determinantes para o seu crescimento intelectual.
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1. INTRODUÇÃO
Nesta unidade, serão apresentados alguns tópicos
relacionados a debates teóricos atuais em Hermenêutica. Esses
tópicos dizem respeito à compreensão linguística e também aos
aspectos pragmáticos da compreensão em geral. Embora tenham
sido abordados nas grandes teorias fundadoras de Schleiermacher
e Dilthey, as contribuições e acréscimos provenientes dos estudos
linguísticos e teorias da ação fazem parte hoje das discussões
hermenêuticas e estão incorporadas nas teorias recentes, como
é o caso das teorizações de E. Betti, E. D. Hirsch e K.-O. Apel.
O aspecto mais relevante está no posicionamento crítico em
relação às pretensões de universalidade de alguns hermeneutas,
e também no delineamento da reflexão hermenêutica como
capaz de embasar uma atitude crítica frente a pretensões de
validade e objetividade na interpretação.
As propostas hermenêuticas e filosóficas de Heidegger
e Gadamer receberam fortes críticas, no que diz respeito aos
problemas e procedimentos de interpretação, sobretudo em
referência ao deslocamento da teoria hermenêutica para fora das
discussões metodológicas da interpretação de textos. O elemento
central dessas críticas tem seu ponto fundamental na ideia
de que a concepção existencial e ontológica da Hermenêutica
implicaria a impossibilidade do ajuizamento crítico das diferentes
interpretações em termos objetivos. Destacam-se nesse aspecto
as objeções dos hermeneutas Emilio Betti e Eric D. Hirsch. Esta
unidade tratará dessas objeções em detalhe.
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texto, o qual seria determinado pelo seu autor. Com efeito, Hirsch
(1967, p. 207) defende que, de qualquer modo, o problema geral
da interpretação é o de “advinhar o que o autor quis dizer” com
determinada frase ou com seu texto.
Nesse ponto, Hirsch se contrapõe à tese da autonomia
semântica do texto, que ele associa às teorias hermenêuticas
provenientes da influência de Heidegger e Gadamer. Contra essa
autonomia, Hirsch mantém o caráter normativo da intenção
do autor frente a qualquer interpretação ou leitura, pois, do
contrário, o papel do autor seria usurpado pelo crítico ou leitor.
Ainda assim, Hirsch reconhece os problemas associados
à recuperação e à consideração da intenção do autor no
processo interpretativo. Ele elenca quatro tópicos já clássicos
na Hermenêutica e nos estudos literários. Contra o privilégio
normativo da intenção do autor, pode-se mostrar, primeiro, que
o significado de um texto muda, inclusive para o próprio autor;
segundo, que o autor pode ter pretendido, mas não conseguido
expressar um sentido ou significado; terceiro, que, de qualquer
modo, o significado do autor é inacessível e não disponível no
momento da leitura do texto; por fim, que o próprio autor não
tem controle e não sabe o que quer dizer e disse com seu texto.
Todavia, apesar dessas dificuldades, Hirsch entende que
se busca interpretar e compreender justamente a intenção e o
sentido do autor. E, embora eles sejam difíceis de estabelecer,
não seria impossível fazê-lo. Para isso, a teoria do significado de
Hirsch, de saída, supõe a publicidade do sentido e da linguagem, e
também que o sentido é consciente, conquanto o autor em geral
sabe o que quer dizer. Além disso, os textos são reproduzíveis
e, em grande medida, objetos determinados ou, ao menos,
determináveis.
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4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para
você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em
responder as questões a seguir, você deverá revisar os conteúdos
estudados para sanar as suas dúvidas.
1) Reflita sobre os critérios e métodos de validação para interpretações
divergentes e explique a proposta de Emilio Betti.
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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta unidade, consideramos alguns tópicos problemáticos
em relação à Hermenêutica, tendo em vista a possibilidade de um
ajuizamento crítico das pretensões de sentido e da validação de
interpretações. As posições teóricas resumidas estão associadas
à Hermenêutica, mas todas elas contêm algum distanciamento
crítico em relação aos fundamentos e desenvolvimentos da
Hermenêutica moderna, sobretudo aquela que se configurou
como Hermenêutica filosófica. Dois posicionamentos críticos
decisivos para a conformação atual das teorias hermenêuticas
que merecem atenção são representados pelas críticas dos
filósofos Jürgen Habermas (1987, 2000) e Jacques Derrida (1973,
1995).
O que vimos até aqui, ao percorrer as teorizações
hermenêuticas, permite-nos concluir que os sentidos em que
algo pode se dar e ser apreendido por um agente intérprete já
estão pré-antecipados nas estruturações que o perfazem como
agente capaz de compreender e nas articulações e conexões
entre as coisas constitutivas do seu campo de ação.
Enquanto agentes históricos, nós somos precedidos por
outros agentes e agências, por ações e cursos de ações que já estão
em andamento, e também pelos efeitos desses agenciamentos.
O ambiente em que emergimos como capazes de compreender
está todo ele vincado por estruturações e articulações que se
enraízam no passado de nossos cuidadores e educadores. No
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6. E-REFERÊNCIAS
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