Mensagem, p. 67 1. O poema pertence à 3.ª parte da Mensagem, «O Encoberto», inserindo-se em «Os símbolos».
2. O adjetivo usado no título, «Afortunadas»,
relaciona-se com o modo como o poema convoca o mito sebastianista. O adjetivo caracteriza as ilhas onde, de acordo com o poema, «o Rei mora esperando» (v. 13), ou seja, elas são «afortunadas», lugares de sorte e esperança, por constituírem o espaço onde D. Sebastião se prepara para regressar e resgatar a glória de Portugal.
3. O carácter místico da Mensagem revela-se, neste
poema, através da referência a um plano que não é material, mas sim espiritual. Assim, as ilhas afortunadas, envoltas em mistério, são «terras sem ter lugar» de onde vem uma voz que «não é a voz do mar». Só é possível escutar esta voz num estado de semiconsciência, «meio dormindo,/Sem saber de ouvir ouvimos». A voz apela a uma esperança que o povo português (a «criança/Dormente») guarda em si e que o conduzirá a um futuro grandioso, cujas descobertas não serão de ordem material.