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Origem e Evolução da Ergonomia

Conteudista: Prof.ª M.a Cristhiane Eliza dos Santos


Revisão Técnica: Prof. Me. Gabriel Henares Eroico
Revisão Textual: Prof.ª Esp. Lorena Garcia Aragão de Souza

Objetivo da Unidade:

Apresentar e discutir a origem e a evolução dos conceitos de ergonomia até os dias de


hoje, bem como os conceitos de antropometria, fisiologia e biomecânica.

📄 Contextualização
📄 Material Teórico
📄 Material Complementar
📄 Referências
📄 Contextualização
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Antes de darmos início aos nossos estudos, é de grande importância contextualizarmos a


ergonomia, bem como os seus elementos: antropometria, biomecânica e fisiologia.

Há, nos dias de hoje, uma série de definições para a ergonomia. Entretanto, nesse contexto,
recomenda-se considerar que a ergonomia deve ser a interação mais harmônica possível entre
homem, sistema e ambiente.

Desse modo, entendemos que não seria adequado considerar isoladamente a ergonomia do
trabalho, nem tão pouco seria adequado, nesse cenário, deixar de considerar o trabalhador.

Retomando a definição proposta, é importante compreender que, nesse contexto, a interação


deve ser entre homem (trabalhador), sistema (método de trabalho, tanto para manufatura quanto
para prestação de serviços) e ambiente, que é o meio em que o trabalhador está exposto na
situação do trabalho e os riscos aos quais está exposto: riscos físicos, mecânicos (acidentes),
químicos, biológicos e, claro, ergonômicos/psicossociais.

Castellà et al. (2006) definem os riscos psicossociais em quatro grandes categorias: falta de
autonomia ou influência para desenvolver o trabalho; excesso de exigências psicológicas no
trabalho; ausência de suporte social e baixa ou má qualidade da liderança da organização que não
oferece o apoio necessário ao trabalhador; e insuficientes recompensas laborais.

Veloso Neto (2014 apud VELOSO NETO, 2015, p. 8) define que as diversas facetas dos fatores de
risco psicossociais no ambiente de trabalho podem ser categorizadas em dez conjuntos, os quais
se desdobram em 33 elementos distintos de risco psicossocial. Por exemplo, o estresse
decorrente da intensificação dos ritmos laborais e do aumento das jornadas de trabalho; a
sobrecarga ocupacional; a escassa autonomia profissional; a ausência ou a inadequação de
recursos e equipamentos laborais; as elevadas exigências afetivas e o envolvimento emocional; a
ocorrência de assédio sexual, moral e bullying; a falta de um sistema de avaliação de
desempenho; o consumo de substâncias psicoativas (drogas, álcool etc.); a ausência de uma
estrutura para representação dos trabalhadores; a discriminação no acesso a oportunidades
dentro da organização (progressão na carreira, faixa salarial e recrutamento); a impossibilidade

de participação nos processos operacionais que requerem tomada de decisão; as relações


empregatícias precárias (trabalho informal involuntário, trabalho temporário e remuneração
inadequada), entre outros.

Importante!
O termo “riscos psicossociais” está predominantemente associado a fatores

relacionados à saúde mental. Por outro lado, o termo “riscos ergonômicos”


geralmente é mais utilizado para destacar os riscos à saúde física, embora
também inclua os riscos psicossociais.

Para tanto, será “pano de fundo” de toda a nossa abordagem a aplicação da ergonomia não
apenas para saúde e segurança do trabalhador, mas também como finalidade principal, a
aplicação da ergonomia como “vetor” de eficiência nas organizações. Não uma “eficiência”
movida pela premiação monetária ou, ainda, movida pela coerção na relação de subordinação tipo

“manda quem pode, obedece quem tem juízo”. Mas sim, a busca da eficiência sustentável, que
está apoiada no reconhecimento do trabalhador como “ser humano” e não como “meio de
produção”, conforme propalado em verso e prosa no período pós-Revolução Industrial.
Nesse sentido, a motivação é o “combustível” para eficiência e a ergonomia é o meio de obtenção
da tão procurada e ansiada “eficiência sustentável”.

Cabe ressaltar que, em muitos fóruns, a questão da sustentabilidade é meramente um modismo.


Sem dúvida, é uma visão. Visão essa que não compartilhamos.

Assim como a ergonomia e tantos outros assuntos, a sustentabilidade também possui várias
definições. E, mais uma vez, propomos o uso de uma definição de sustentabilidade que vem ao
encontro das nossas discussões: sustentabilidade é coexistência. Digo, sustentabilidade é existir

ao mesmo tempo que outros elementos sem, com isso, haver a “canibalização” de um em
detrimento ao outro.

Vamos esclarecer: uma empresa, para existir, deve ter lucro; razão de ser de qualquer organização
que não seja filantrópica, do terceiro setor. Temos a sustentabilidade econômica ou financeira. A

sociedade, eu e você, precisamos de água para sobreviver. E a água é só um expoente da


equação da vida e sem o qual não sobrevivemos. Todavia, também precisamos considerar o ar,
sem o qual também não há vida. Temos a sustentabilidade ambiental. A vida moderna, tanto nas
organizações como na vida cotidiana, tornou-se dependente da energia, seja elétrica, fóssil ou de

qualquer outra natureza. Temos a sustentabilidade energética.

Para que haja vida próspera na dita sociedade civilizada, é necessário que haja um equilíbrio entre
os recursos energéticos, econômicos, alimentícios, tecnológicos etc. Esse é o conceito de
sustentabilidade supracitado, em que o grande desafio é a busca pelo equilíbrio. É a busca da
capacidade de existir ao mesmo tempo, ou seja, a coexistência dos recursos, em que só faz
sentido se houver a vida propondo a interação mais harmônica possível entre homem, sistema e
ambiente.

Podemos afirmar que, sob uma perspectiva mais ampla, tanto a definição de ergonomia como a
de sustentabilidade trazem consigo um tom subjetivo pela sua grandeza. De fato, é uma

“macrovisão”, absolutamente abrangente. Todavia, nos traz à luz a discussão e uma profunda
reflexão sobre o papel de cada um de nós em um mundo sustentável, tanto na “macrovisão”,
subjetiva e quase holística, como no desdobramento ou no “detalhamento operacional” da
aplicação desses conceitos.
Assim sendo, a “microvisão”, bem mais objetiva e de aplicação imediata, nos permite planejar e
“operacionalizar” em um contexto muito menor e bem mais perto de cada um de nós,
transcendendo o campo das possibilidades para “realidades”, transformando o questionamento

subjetivo e holístico para algo de aplicação objetiva e imediata, com a seguinte pergunta: o que
posso fazer para viver melhor no trabalho e na vida? A resposta dessa pergunta nos permite
apresentar, então, todo o conteúdo que será discutido a seguir.

Além disso, é importante salientar que o conteúdo desta Unidade está dividido da seguinte

maneira (Figura 1).

Figura 1 – Divisão dos tópicos desta Unidade

#ParaTodosVerem: Figura. A figura demonstra esta Unidade, dividida em sete tópicos,


sendo eles, respectivamente: 1) definição da ergonomia; 2) origem da ergonomia; 3)
objetivos da ergonomia; 4) evolução da ergonomia; 5) antropometria; 6) biomecânica; e 7)
fisiologia. A divisão começa pelo tópico 1, que está mais baixo que todos os outros
tópicos, e vai até o tópico 7, que é o mais alto de todos. A divisão dos tópicos segue a
trajetória de uma escada, na qual cada tópico representa um degrau. Fim da descrição.
📄 Material Teórico
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Introdução
Olá caro(a) aluno(a)! Vamos explorar juntos um universo essencial para compreender e aprimorar
as condições de trabalho: a ergonomia. Nesta breve jornada, discutiremos desde a definição e a
origem dessa disciplina até a sua evolução ao longo do tempo. Abordaremos tópicos-chave,
como antropometria, biomecânica e fisiologia, proporcionando uma visão abrangente sobre o
tema. Ao final, você terá não apenas conhecimento sobre os fundamentos da ergonomia, mas
também compreenderá como aplicar esses conceitos para criar ambientes de trabalho mais
saudáveis e eficientes. Vamos começar essa exploração enriquecedora?

Desenvolvimento
O conceito de ergonomia é relativamente antigo; todavia, só ganhou popularidade a partir da
Segunda Guerra Mundial. Os armamentos eram “desenvolvidos”, pela primeira vez na história,

olhando para o usuário final, a fim de “otimizar” a utilização, de uma maneira geral. Na verdade,
procurando “enxergar” a interação entre produto e usuário para melhorar a assertividade nessa
interação entre ambos. Então, surge a ideia de aplicação da ergonomia como meio de busca pela
eficiência nas operações. Nesse caso, especificamente, procurando fazer com que o armamento

“se adaptasse” ao soldado, com isso, aumentando a assertividade de uso. Assim, usando melhor
o recurso para ter maiores e melhores resultados.

Dado o sucesso dessa iniciativa, no pós-guerra, a ergonomia teve seus conceitos e suas
aplicações popularizadas como “vetor” de eficiência nas organizações.

Importante destacar que a ergonomia traz em seu bojo um viés de sustentabilidade.


Há muitas definições sobre sustentabilidade. Nesse fórum, entende-se que a mais adequada
seria a coexistência. Sustentabilidade é coexistência, existir ao mesmo tempo. Um “elemento”
existindo ao mesmo tempo que outro “elemento”, sem, com isso, um prejudicar ou comprometer o

outro. Por exemplo, a organização, para existir, tem que ter lucros. Porém, esses lucros não devem
ser obtidos comprometendo a saúde e a segurança do trabalhador.

Para a composição desse cenário, é importante trazer à luz outros elementos, tais como a
antropometria. O que é antropometria, quem usa e para que serve? E a biomecânica? O que é,
quem usa e para que serve? E guardamos ainda os mesmos questionamentos para a fisiologia.

Assim sendo, além dos títulos indicados no plano de ensino, pode tornar sua experiência mais
rica, a leitura de outros títulos a esses assuntos relacionados. Por isso, explore a bibliografia
obrigatória proposta na unidade estrutural. Afinal, é recomendável que você, enquanto aluno,

amplie seus estudos com pontos de vista de autores diversos.

Livro
Recomendamos a leitura do livro disponível no acervo digital da Biblioteca
Virtual, intitulado “Introdução à ergonomia: da prática à teoria”, de Abrahão e
colaboradores.

Definição e Evolução da Ergonomia


O conceito de ergonomia está relacionado com a concepção do trabalho e remonta à história do
homem na Terra. A primeira definição de trabalho conhecida está nas Sagradas Escrituras, dita
por Deus a Adão, em Gênesis 3: 17-19:

“E a Adão disse: Visto que atendeste a voz de tua mulher e comeste da árvore que eu te ordenara não

comesses, maldita é a terra por tua causa; em fadigas obterás dela o sustento durante os dias de tua vida.

Ela produzirá também cardos e abrolhos, e tu comerás a erva do campo.

No suor do rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, pois dela foste formado; porque tu és pó e ao pó

tornarás.”

- BÍBLIA, 1993, p. 4

É conclusivo que a ideia de trabalho está relacionada com a noção geral de sofrimento e pena.

Há muitas definições sobre ergonomia. Vamos apresentar algumas delas.

A primeira definição de ergonomia proposta pelo IEA (International Ergonomics Association) diz
que a ergonomia é o estudo científico da relação entre o homem e os seus meios, os métodos e
os ambientes de trabalho. Seu objetivo é elaborar, com a colaboração de diversas disciplinas
científicas que a compõem, um corpo de conhecimentos que, numa perspectiva de aplicação,

deve ter como finalidade uma melhor adaptação ao homem dos meios tecnológicos de produção
e dos ambientes do trabalho e da vida.

A segunda definição de ergonomia proposta pelo IEA, em 2000, bem mais recente, dá conta de
que a ergonomia (ou fatores humanos) é a disciplina científica que visa à compreensão

fundamental das interações entre os seres humanos e outros componentes de um sistema, e a


profissão que aplica princípios teóricos, dados e métodos com o objetivo de otimizar o bem-estar
das pessoas e o desempenho global dos sistemas. Segundo Falzon (2018), ainda na segunda
definição proposta pelo IEA, em 2000, é esclarecido que a palavra ergonomia deriva do grego
ergon (trabalho) e nomos (normas, regras, leis). Trata-se de uma disciplina orientada para uma
abordagem sistêmica de todos os aspectos da atividade humana.

Assim, ilustramos a premissa de que além de ser uma disciplina “nova”, em especial no Brasil, o

conceito vem sendo continuamente revisto, buscando uma “ampliação conceitual de escopo”.
Nesse contexto, torna-se importante destacar que, com o passar do tempo, a ergonomia
“aumenta de tamanho”. Quanto mais a sociedade demanda de sustentabilidade de meios e
recursos, mais atual a disciplina se torna e, ainda, a amplitude de aplicação se multiplica.

Os profissionais que praticam a ergonomia, os ergonomistas, contribuem para planificação,


concepção e avaliação de tarefas, empregos, produtos, organizações, meios ambientes e
sistemas, tendo em vista torná-los compatíveis com as necessidades, as capacidades e os
limites das pessoas.

Note que, conforme apontado anteriormente, é evidente a ampliação do escopo da ergonomia. Se


compararmos, atentamente, as duas definições do IEA, observaremos que há uma evolução
significativa na percepção do conceito de trabalho e de quem o executa, vindo ao encontro com a
“Escola das relações humanas” e em oposição à “Escola da Administração Científica de Taylor”,

especificamente, no reconhecimento da força do trabalhador (homem) como ser humano.

Além disso, é possível também constatar uma “preocupação”, no sentido de adequar,


harmonicamente, a interação da força de trabalho humano com os sistemas, de maneira que a
especificação do trabalho laboral não venha prejudicar a saúde do homem e nem tão pouco venha
a comprometer sua força de trabalho futura.

Ainda na segunda definição do IEA, o universo da ergonomia é dividido em três dimensões:

Ergonomia física: está relacionada com as


características da anatomia humana, da antropometria,
da fisiologia e da biomecânica e sua relação com a
atividade física. Os tópicos relevantes incluem o
estudo da postura no trabalho, o manuseio de
materiais, os movimentos repetitivos, os distúrbios
musculoesqueléticos relacionados ao trabalho, o
projeto de posto de trabalho, a segurança e a saúde;

Ergonomia cognitiva: refere-se aos processos mentais, tais como:


percepção, memória, raciocínio e resposta motora, conforme afetem as
interações entre seres humanos e outros elementos de um sistema. Os
tópicos relevantes incluem o estudo da carga mental de trabalho, a
tomada de decisão, o desempenho especializado, a interação homem-
computador, o estresse e o treinamento, conforme esses se relacionem a
projetos envolvendo seres humanos e sistemas;

Ergonomia organizacional: refere-se à otimização dos sistemas


sociotécnicos, incluindo suas estruturas organizacionais, suas políticas e
seus processos. Os tópicos relevantes incluem comunicações,
gerenciamento de recursos de tripulações (CRM – domínio aeronáutico),
projeto de trabalho, organização temporal do trabalho, trabalho em grupo,
projeto participativo, novos paradigmas do trabalho, trabalho cooperativo,
cultura organizacional, organizações em rede, teletrabalho e gestão da
qualidade.

Importante!
Em grande parte dos relatórios/laudos técnicos da área de Saúde e
Segurança do Trabalho (SST), os riscos ergonômicos voltados às dimensões
das ergonomias cognitiva e organizacional não são mencionados e sequer

levados em consideração. O foco desses documentos, equivocadamente, se


limita a atentar apenas aos riscos ergonômicos voltados à dimensão da
ergonomia física, que são mais fáceis em “primeira mão” de serem

visualizados. Portanto, há muitos profissionais que, por desconhecimento,


usam o termo “riscos ergonômicos” de forma pejorativa, se referindo apenas
aos fatores físicos do trabalhador. Porém, o termo é muito mais abrangente.

Para “dar conta” da amplitude dessa dimensão e poder intervir nas atividades do trabalho, é
preciso reconhecer que a aplicação da ergonomia e os seus elementos devem ser
multidisciplinares e que não apenas os ergonomistas, mas todos os profissionais envolvidos nas
questões relacionadas à saúde, à segurança do trabalhador e à eficiência nos processos tenham
uma abordagem multidisciplinar de todo o campo de ação da disciplina, tanto em seus aspectos
físicos/cognitivos como sociais, organizacionais, ambientais etc. Contudo, pode-se dizer que a
ergonomia está apoiada em três pilares fundamentais.

De um lado, o objetivo centrado nas organizações e a sua busca incansável por eficiência,

produtividade, confiabilidade, qualidade, durabilidade etc., a fim de serem mais competitivas,


reduzindo custos. De outro, o objetivo centrado no ser humano, considerando-se segurança,
saúde, conforto, facilidade de uso, motivação etc. E, ainda, um terceiro pilar que representa a
“macro-organização” trazida, cada vez mais forte e atual, com o conceito da sustentabilidade de
meios e recursos. A referida “macro-organização” olha a sociedade, as mudanças de atitudes, os

hábitos e os costumes que a tecnologia nos traz e, com isso, a “popularização” da ideia de
escassez de recursos.

A ergonomia pode ser definida como o meio mais eficiente de encontrar a combinação entre
homens e máquinas/equipamentos e materiais no meio ambiente de trabalho. Seu objetivo

consiste em adaptar as tarefas às características físicas, mentais, cognitivas e sensoriais dos


seres humanos para, como consequência, haver um ambiente de trabalho entre homens e
máquinas mais saudável e seguro.

No Brasil, contamos com a ABERGO – Associação Brasileira de Ergonomia, que é uma


associação sem fins lucrativos que tem como finalidade o estudo, a prática e a divulgação das
interações das pessoas com a tecnologia, a organização e o ambiente, considerando as suas
necessidades, as suas habilidades e as suas limitações.

Origem da Ergonomia
A ergonomia, como disciplina, surgiu em meados da Segunda Guerra Mundial, em virtude da
complexidade de manuseio de armamento e dispositivos de ataque. Todo o
planejamento/investimento feito no desenvolvimento de materiais bélicos não seria útil, se o
“operador” (soldado) não soubesse como fazê-lo. E, ainda, frente aos horrores da guerra, muitos
soldados desenvolviam doenças psiquiátricas. Com isso, para amenizar o impacto, tanto de
manuseio como da saúde mental dos soldados e procurar “manter a produtividade”, grupos
multidisciplinares foram mobilizados para entrar como “suporte” no cenário da guerra.

A curiosidade nesse cenário é que não se considera apenas a ergonomia física que, hoje em dia,
“populariza” essa disciplina; no universo da ergonomia, também são levadas em conta as
questões psicoemocionais, que não são “males” físicos, mas psíquicos.

É interessante, ainda, chamar atenção ao fato que a visão do trabalhador dessa época era, em

sua maioria, de que era um meio de produção. O trabalhador não era, popularmente, aos olhos dos
“donos de fábrica”, visto como “homem”. Assim sendo, “um meio de produção”, tal qual um
dispositivo ou uma ferramenta, não deveria ter “males” desenvolvidos pelo homem como
“doenças psiquiátricas”.

Esse foi um avanço importante na definição ou redefinição do conceito de ergonomia. O

trabalhador ou, no caso, o soldado, é um homem e como tal deve ser considerado. Há limites,
tanto físicos como psicoemocionais, que, para o bom resultado das tarefas, devem ser
identificados e considerados.

Mais especificamente, a ergonomia nasceu em 12 de junho de 1949, data em que se reuniu, pela
primeira vez na Inglaterra, um grupo de cientistas e pesquisadores motivados em discutir essa
“nova disciplina”, interessado em debater e formalizar esse novo campo de pesquisa
multidisciplinar da ciência, que propunha uma interação harmônica entre homens e sistemas
(LIDA; BUARQUE, 2005).
Todavia, em meados de 1857, um polonês chamado Wolnej Jastrzebowsky, já havia publicado um
trabalho sob o título “Ensaios de ergonomia ou ciência do trabalho, baseada nas leis objetivas da
ciência sobre a natureza” (ABRAHÃO et al., 2009). Essa publicação, em essência, propunha o
estudo dos movimentos do corpo humano e a sua aplicação no “trabalho”.

Entretanto, a ergonomia só veio adquirir status de disciplina mais organizada a partir de 1949, com
a fundação da Ergonomics Research Society, na Inglaterra, no pós-guerra (ABRAHÃO et al.,
2009). Os membros dessa organização disseminavam seus conhecimentos e propunham a

aplicação da ergonomia na indústria e não somente na área militar, como era difundido até então.

Objetivos da Ergonomia
Conforme citado anteriormente, o objetivo da ergonomia é estudar a interação entre o homem e

os sistemas, considerando fatores físicos e psicológicos, a fim de obter ganhos em eficiência


para os sistemas (empresas), bem como a manutenção da saúde por parte dos operadores,
procurando reduzir a fadiga, o estresse, os erros e os acidentes e, ao mesmo tempo, ser eficiente,
tornando a organização competitiva. Nesse cenário, a eficiência produtiva, bem como a
motivação, são consequências diretas da assertividade dessas ações.

Para o “exercício e a aplicação da ergonomia”, conforme discutido até agora, é preciso deixar
claro que não é o empenho de apenas um trabalhador ou, ainda, a contribuição de uma área
específica de conhecimento que vai obter os resultados esperados. É preciso contar com grupo
multidisciplinar composto por representantes de várias áreas da organização, tais como: médicos
do trabalho, psicólogos dos recursos humanos, técnicos de segurança do trabalho,
representantes de operação, engenheiros de produção, engenheiros do desenvolvimento do
produto ou serviço e do processo, profissionais da manutenção e demais áreas que possam se
fazer necessárias. E, ainda, além do grupo multidisciplinar, é preciso ter o conhecimento de que,
se necessário, profissionais de outros campos de conhecimento devem ser convidados a
participar dos projetos de ergonomia, tais como: psicólogos, fisioterapeutas, sociólogos,
profissionais de TI, de recursos humanos, advogados, entre outros.

Evolução da Ergonomia
Ergonomia nos Tempos Passados
Discorrendo sobre a ergonomia, é imprescindível citar as suas definições e a sua origem,
contudo, para um completo entendimento da aplicação da ergonomia nos dias de hoje, não
podemos deixar passar despercebidos os seus precursores.

Vamos a eles!

Já foi mencionado, nesta seção, que identificamos nas escrituras da Bíblia a noção de trabalho

“penoso” dedicado ao homem para a sua sobrevivência, trazendo consigo a ideia de que “ter que
trabalhar” seria a “recompensa” pelo pecado. Vimos também que a noção de ergonomia
acompanha a necessidade de trabalho que o homem tem a partir da sua necessidade mais
básica, que é caçar para comer. Ainda na pré-história, quando o homem era nômade, precisava
caçar para comer e quando a comida começava a faltar em uma determinada região, os homens
migravam para outra. E, quando saiam para a caça, procuravam uma pedra que melhor se
encaixasse à sua mão, a fim de usá-la como arma e auxílio na caçada. Nota-se que desde a pré-
história, ainda que intuitivamente, o homem procura por dispositivos que o auxiliem no trabalho.

É importante chamar a atenção para o fato de que o homem, desde os primórdios da história,
procura meios que auxiliem nas necessidades mais básicas, nesse caso, na adaptação de
“meios ou ferramentas” que potencializem seus resultados. A pedra em forma de arma
“facilitaria” sua tarefa de subsistência, que era caçar para comer.

Essa ideia também esteve presente na era da produção artesanal que antecedeu a Revolução

Industrial, em que os artesãos procuravam adaptar as tarefas às necessidades humanas.

A Inglaterra foi “arrastada” para a Revolução Industrial a partir da formação de uma classe
burguesa ávida por consumir bens, pelo êxodo dos ingleses do campo para a cidade e, ainda, pelo
domínio da tecnologia da máquina a vapor.

Essa união de fatores promoveu a Revolução Industrial na Inglaterra, evento esse que mudou a
face do mundo. A onda da “produção de bens” em escala industrial (larga escala) invadiu a
Europa rapidamente por uma questão de proximidade geográfica e subsequentemente, a América.
As primeiras fábricas que surgiram nesse cenário eram sujas, escuras, barulhentas e perigosas;
era o ambiente de trabalho de milhares de pessoas.

Naquela época, o trabalho era realizado por homens, mulheres e crianças que tinham jornadas de
trabalho de até 18 horas por dia e, constantemente, eram submetidos a castigos físicos, sem
férias, sem indenizações de qualquer espécie e o pagamento pelo trabalho era feito diariamente.

No final do século XVIII e início do século XIX, surgia, nos Estados Unidos da América, um
simples operário que revolucionaria a maneira de produzir bens industrialmente (em larga escala),

seu nome é Frederick Winslow Taylor. Ele estudou e se tornou engenheiro mecânico e, no
ambiente que conhecia, foi de simples operário a gerente industrial, promovendo estudos
sistêmicos acerca de como organizar a produção e melhorar a sua eficiência. Esses estudos se
transformaram em publicações que preconizavam uma maneira sistêmica e científica de analisar
o trabalho, buscando redução de movimentos e aumento da eficiência. A essa “maneira
científica” de “organizar o trabalho” deu-se o nome de administração científica ou taylorismo.

Na Europa, mais especificamente na Alemanha, na França e em países escandinavos, em


meados de 1900, surgiram estudos sobre a fisiologia humana voltada ao trabalho (fisiologia do

trabalho) e aos gastos energéticos, na tentativa de migrar os conhecimentos sobre fisiologia


desenvolvidos em laboratório para ambientes extremos, tais como: minas de carvão, fundições e
outras situações, em que a energia gasta para realizar o trabalho humano era máxima e o
ambiente extremante agressivo à saúde humana.

Ao redor do mundo, muitos esforços foram mobilizados para realização de estudos relacionados

sobre os movimentos do corpo, como: fadiga muscular, fadiga psicológica, aptidão física, postura
no trabalho, desenvolvimento de mobiliário, iluminação, ventilação, temperatura, ruído, umidade,
vibração etc.

Todos esses conhecimentos que foram acerca da combinação harmônica entre homens e
sistemas acumulados em todas as partes do planeta foram de grande valor na ocasião da
Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945), com a finalidade de desenvolver projetos e promover a
construção de materiais bélicos sofisticados, tais como: submarinos, tanques, radares, navios,
aviões, sistemas contra incêndio etc. Além do alto custo de cada um desses produtos, o operador

(soldado), no manuseio dessas “máquinas”, era exposto a condições de extrema fadiga física e
psicológica. Assim, estudos foram promovidos por equipes multidisciplinares a fim de melhorar a
adaptação do homem ao sistema, ou seja, do soldado às máquinas bélicas no campo de batalha.

A ergonomia do pós-guerra, em tempos de paz, era frequentemente ridicularizada por sua “falta

de credibilidade”, que perdurou até o departamento de defesa dos EUA desenvolver pesquisas em
universidades e centros de pesquisa especializados.

A fim de tornar mais consistente “essa viagem no tempo” acerca da evolução da ergonomia, é
importante aprofundar o conhecimento sobre a organização do trabalho e a administração
científica do trabalho, que propiciou grandes contribuições para essa matéria. Para tanto,
apresentamos, resumidamente, os princípios de administração científica (TAYLOR, 1976), que
tinham o objetivo de racionalizar o trabalho.

Princípios de Administração Científica


Conforme mencionado, o representante proeminente da administração científica é o engenheiro
norte-americano Frederick Winslow Taylor (1856 – 1915). Inicialmente, Taylor ingressou na vida
profissional como um simples trabalhador em uma empresa metalúrgica dos Estados Unidos. Ao

longo de sua carreira, ascendeu ao status de engenheiro mecânico, alcançando, no cenário


organizacional contemporâneo, a posição de diretor industrial e passando também pelo escalão
gerencial. Devido ao seu início como operário, ele teve a oportunidade de experimentar o que a
sociologia do trabalho denomina de código de trabalho. Esse código se refere às normas
estabelecidas pelos trabalhadores de um setor específico de uma empresa quanto ao ritmo e,
frequentemente, ao método de trabalho. Em decorrência disso, Taylor posteriormente
caracterizou os trabalhadores como "indolentes"; retornaremos a essa observação
oportunamente.

Ao ser promovido pela primeira vez, Taylor, como qualquer líder, passou a ser cobrado por

resultados. Consciente da dinâmica operacional de sua empresa, reconheceu a importância de


organizar a área de produção, muitas vezes considerada como a parte desordenada e suja da
empresa.
É crucial recordar que a "Revolução Industrial" ainda era recente na sociedade global. Os
trabalhadores não haviam tido tempo para frequentar escolas e aprender as práticas industriais.
O modelo de trabalho transmitido por gerações era o artesanal. Dada a ausência de estudos

específicos sobre organização da produção e eficiência do processo produtivo, Taylor pôde


realizar seus experimentos sobre a organização eficiente da empresa sem pressões ou
expectativas, acerca do que pensava ser uma empresa organizada e eficiente. Conduziu diversos
testes de tentativa e erro, e os resultados dessas experiências levaram à formulação de sua

teoria, conhecida como princípios da administração científica (TAYLOR, 1976), que inicialmente
preconizava a divisão do trabalho.

A administração científica do trabalho preconizava a divisão das tarefas em simples e repetitivas


para alcançar eficiência na produção. O funcionário era treinado estritamente conforme a
prescrição da tarefa. Naquela época, o pagamento era diário, sem vínculo formal de emprego
como conhecemos hoje. Antes do método de Taylor, não havia recomendações para a sequência
ou a execução das atividades. Cada indivíduo agia de forma mais ou menos autônoma,
determinando a carga de trabalho que considerava justa para sua remuneração diária. Assim, a

realização do trabalho era nivelada por baixo. Taylor reconhecia essa ineficiência aceita no
formato de trabalho da época. Diante desse cenário, ao dividir o trabalho, ele impôs uma
sequência de atividades, posto a posto. Definiu que em cada posto as tarefas deveriam ser
simples e repetitivas. Essa abordagem inteligente visava estabelecer um fluxo contínuo de
produção, assegurando que o trabalho fosse realizado de maneira consistente e distribuindo
uniformemente a carga de trabalho entre os operários em cada posto.

Na prescrição das tarefas nos postos de trabalho, Taylor visava eliminar movimentos
desnecessários para economizar tempo e energia. Para tornar o trabalho mais eficiente e menos
exaustivo para os operários, iniciou a medição do trabalho em termos de tempo, precursora do

que hoje chamamos de cronoanálise. Além da divisão do trabalho, Taylor definiu a sequência e
prescreveu as tarefas, estabelecendo um ritmo de trabalho na produção por meio de esteiras
móveis. Vale ressaltar que, nesse momento, a esteira móvel mencionada não é a de Ford, que se
tornou precursora da produção em massa. A esteira móvel de Taylor, conforme apresentado, foi
um elemento para aumentar a quantidade e a qualidade da produção, consolidando seu modelo
científico de análise do trabalho.

Além das preocupações com a organização e a eficiência da fábrica, Taylor também se dedicou a
organizar o espaço fabril, ordenando elementos como máquinas, ferramentas, dispositivos e até
mesmo os trabalhadores de maneira eficiente para aumentar o ganho de capital.

A obra de Taylor recebeu muitas críticas alegando que ele degradava a condição humana ao nível
animal. Defendia que o estudo do método de trabalho deveria ser realizado por uma parte da
empresa composta por pessoas devidamente treinadas para isso, negando ao simples
funcionário a autonomia para decidir o que, como e quando fazer. Taylor era acusado de retratar o
simples funcionário como "acéfalo" ou pouco inteligente, incapaz de tomar decisões racionais.
Ele argumentava que o trabalho deveria seguir um método definido com ritmo para evitar que os

funcionários intencionalmente burlassem os índices de eficiência esperados, expressando uma


preocupação em impedir que os trabalhadores "encostassem o corpo". Dessa forma, afirmava-se
que Taylor rotulava o simples funcionário como indolente ou, se preferir, vagabundo.

Reflita
Será que a intenção de Taylor era realmente “rebaixar o trabalhador a uma

condição de animal”? Ou será que Taylor, conhecendo a falta de qualificação


do “trabalho confinado” dentro da fábrica e sabendo que frente ao ritmo
frenético de produção que se propunha não haveria tempo nem meios de

garantir a criação de competências necessárias ao simples trabalhador,


optou, em seu modelo de “trabalho confinado”, por qualificar não a fábrica
toda, mas um grupo pequeno de profissionais dedicados à definição do

método de trabalho e à definição dos níveis de produtividade esperados?


Taylor, visando "incentivar" seus operários, instituía prêmios vinculados ao aumento da
produtividade; aqueles que alcançavam maior produção recebiam remuneração adicional. Desse
contexto emerge a concepção de remuneração variável ou, como conhecemos hoje, Participação
nos Lucros e Resultados (PLR).

Contudo, os princípios de Taylor nem sempre eram devidamente aplicados. Com frequência, o
prazo estipulado para a execução das tarefas e, em muitos casos, o próprio método eram
determinados por indivíduos que desconheciam a dinâmica da fábrica, tornando-se impraticáveis.
Os funcionários sentiam-se oprimidos pela administração da fábrica e, em resposta,
desrespeitavam as normas (prescrição da tarefa), deliberadamente danificavam os
equipamentos e não demonstravam o mínimo comprometimento com a qualidade.

Saiba Mais
Você se lembra da “reengenharia” dos americanos Michael Hammer e James

Champy? Reengenharia é um modelo de reestruturação da empresa criado


em meados dos anos 1990, para atender às necessidades de mercado.
Consiste em utilizar um número menor de trabalhadores, porém, mais
qualificados. Todavia, assim como os princípios da administração científica
de Taylor, a reengenharia também foi gerenciada, eventualmente, por
profissionais de reputação duvidosa, e o modelo foi utilizado como
“desculpa” para justificar demissão em massa. Em muitos fóruns, a
reengenharia é criticada e malvista, justamente por ser vista como a “foice
do desemprego sem critério”. O conceito do modelo é muito interessante e
poderia ter sido, talvez, uma releitura para a definição de eficiência.
Sentindo-se vítimas de um ambiente altamente coercitivo, surgiram reclamações generalizadas
por todo o país (EUA), incluindo os sindicatos. O descontentamento era tão significativo que
Taylor foi convocado a prestar esclarecimentos no Congresso Nacional Americano, alegando-se

que, nesse "novo método de trabalho", trabalhava-se mais (produzia-se mais) e recebia-se a
mesma quantia, além de ser coercitivo.

Taylor se defendeu, argumentando que, na administração científica, o trabalhador não trabalhava


mais, mas sim melhor. Devido à preocupação com a economia de energia do operador por meio
da racionalização dos movimentos, ele trabalhava menos, produzia mais e ainda recebia prêmios
relacionados ao seu desempenho.

Conforme a física, toda ação requer uma reação (terceira lei de Newton) e como reação à
administração científica de Taylor, ou taylorismo, surge a Escola das Relações Humanas, em que
seu ícone é Elton Mayo. Antes dessa escola, a noção de trabalho era associada à punição,
conforme a Bíblia. A imagem do operário era ligada à falta de vontade, de direitos ou até mesmo
ao sofrimento.

Na década de 1920, Elton Mayo conduziu uma pesquisa inovadora sobre a interação entre o ser

humano e o trabalho na Western Electric, nos Estados Unidos da América. Seu objetivo central era
investigar os impactos da iluminação na eficiência da fábrica. Um grupo de trabalhadores foi
isolado do processo produtivo, sem a presença do supervisor coercitivo. Mayo realizou ajustes na
iluminação, resultando em um aumento na produção; posteriormente, reduziu a iluminação, e a
produção continuou a crescer. Esse fenômeno ficou conhecido como o efeito Hawthorne, levando
Mayo a concluir que a eficiência na produção não se explicava apenas por fatores físicos, mas
também por elementos humanos que careciam de identificação, reconhecimento e valorização.
Os trabalhadores envolvidos no estudo foram tratados com atenção especial e, ao tomarem
conhecimento da observação, sentiram-se valorizados.

Ao contrário da abordagem de Taylor, que examinava o operário de forma isolada, Mayo propôs,
impulsionado pelo efeito Hawthorne, a humanização da produção, introduzindo estímulos morais
e psicológicos. O trabalho, considerado um meio de vida e não de morte, não precisava ser
encarado como "penoso". O efeito Hawthorne deu origem a um novo domínio de pesquisa,
denominado sociologia industrial, introduzindo grupos autônomos com tarefas mais integradas,
alinhados com os padrões da organização do trabalho contemporâneo.

Ergonomia Contemporânea
Conforme já citado anteriormente, o conceito de ergonomia vem sendo ampliado dia após dia.
Quanto maior o conhecimento das pessoas, em geral, sobre o que vem a ser ergonomia e suas

respectivas aplicações, não só o conceito fundamental se consolida, como também se


aperfeiçoa, de acordo com a resposta da sociedade.

No Brasil, não há cursos de graduação que formem ergonomistas; todavia, há uma grande
variedade de cursos de pós-graduação nessa área, para os mais diversos profissionais, que vão
desde a engenharia até disciplinas ligadas à saúde, à Psicologia e à Sociologia. No País, também
há programas de mestrado e doutorado que abordam na grade curricular o tema da ergonomia,
porém não são específicos para a formação de ergonomistas.

A maioria das empresas que aplica a ergonomia não tem uma área composta de ergonomistas,
mas possui um grupo de profissionais ligados, direta ou indiretamente, à execução do trabalho e
às suas derivações.

Na organização moderna, em um ambiente cada vez mais competitivo, não é raro as empresas
“incorporarem” a preocupação com a ergonomia e a segurança do trabalho, até porque existem
normas e leis brasileiras que regulamentam a relação empregador versus empregado, como, por
exemplo, a Norma Regulamentadora 01 (NR-01) e a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

A fim de aplicar devidamente a ergonomia em toda a sua amplitude, algumas empresas criam e
mantêm o “comitê de ergonomia”, que é um grupo de profissionais multidisciplinar, com o intuito
de “garantir” que, nessa organização, as interações entre homens e sistemas aconteçam

harmonicamente. Esse grupo deve reunir-se periodicamente e planejar a aplicação de ações


imediatas, além de planejar eventos futuros, guardando a premissa de “melhoria contínua”.
De acordo com Iida e Buarque (2005), há profissionais ligados à saúde do trabalhador, à
organização do trabalho, ao projeto de máquinas e equipamentos, trazendo consigo sua
contribuição em conhecimentos úteis que devem ser considerados na solução de problemas

ergonômicos, entre os quais destacam-se:

Médicos do trabalho: podem ajudar na identificação dos locais que


provocam acidentes ou doenças ocupacionais e realizar
acompanhamentos de saúde; e, ainda, criar um dossiê de “histórico de
dor” por setor. Essa prática vai servir para orientar o “comitê de ergonomia”
na revisão de processos de trabalho atuais e no projeto de novos
processos de trabalho;

Engenheiros de projeto: contribuem nos aspectos técnicos, procurando


adequar máquinas e ambiente de trabalho;

Importante!
Na ergonomia, o posto de trabalho é que deve ser adequado ao trabalhador, e
não o contrário. Na concepção do projeto (antes do início das atividades), o

ambiente de trabalho deve ser projetado para se adequar às características


físicas, às características cognitivas e às condições mentais dos operadores.
Em algumas empresas, o que vemos, infelizmente, é o operador tendo que se
adequar forçadamente às disposições físicas do posto de trabalho, devido a
falhas ou até mesmo à ausência do projeto técnico de concepção.
Engenheiros de produção: procuram distribuir o trabalho sem sobrecarga,
estabelecendo um fluxo racional de materiais e postos de trabalho; devem
estudar os métodos de trabalho, tempos e postos de trabalho.

Engenheiros de segurança do trabalho e engenheiros de


manutenção: identificam áreas, máquinas, equipamentos e processos de
trabalho que podem oferecer risco à saúde e à segurança do trabalhador.
O engenheiro de segurança é responsável por cuidar de toda a parte
voltada à prevenção e à mitigação dos riscos. O engenheiro de
manutenção irá cuidar da parte que envolve o conhecimento técnico
específico da manutenção e avisar o engenheiro de segurança caso ele
observe algum risco ou alguma variabilidade que não estava prevista em
projeto. O engenheiro de segurança geralmente não consegue
acompanhar em tempo real a execução das atividades, portanto, é
primordial a delegação de responsabilidades de segurança para os chefes
de setores, pois são eles que estão no dia a dia mais próximos dos
trabalhadores. Tanto o engenheiro de segurança quanto o de
manutenção/chefes de setores precisam ter um espaço aberto de diálogo
com os operadores de campo, para entender a real necessidade e a
dificuldade do trabalho;

Desenhistas industriais: ajudam na adaptação de máquinas e


equipamentos, projeto do posto de trabalho e sistemas de comunicação;

Psicólogos: são comumente envolvidos na análise dos processos


cognitivos, nos relacionamentos humanos, na seleção e no treinamento
de pessoal e podem dar sua contribuição no estabelecimento de novos
métodos;

Enfermeiros e fisioterapeutas: devem procurar agir preventivamente no


histórico de dor e lesões ocupacionais. Quando a prevenção não tiver sido
possível, atuam na recuperação desses trabalhadores;

Programadores de produção: podem contribuir definindo, na medida do


possível, um fluxo contínuo de produção e evitando trabalhos noturnos.
Em empresas frigoríficas que possuem linha de produção, o equipamento nória frigorífica é um
dos maiores vilões da ergonomia em relação ao adoecimento físico e ao adoecimento mental dos
trabalhadores. O equipamento é utilizado para elevar carcaças de aves, bovinos e suínos, em
esquema de subida e descida, para que os trabalhadores possam desossar a carne ou fazer
algum outro tipo de preparo em linha de produção. Essa atividade de desossa, usando a nória, é
um modelo perfeitamente taylorista, o qual consiste em que o trabalhador cumpra sua tarefa, no
menor tempo possível. Portanto, como já dito anteriormente, a tarefa e o seu ritmo de execução é

que devem se adequar ao trabalhador, e não o contrário, resultando em um trabalho mais digno,
saudável, seguro e justo.

Vídeo
Mais uma Noite de Trabalho na Desossa
Ficou curioso para ver o funcionamento de uma nória frigorífica e o trabalho
industrial na atividade de corte e desossa de carnes?
mais um noite de trabalho na Desossa .

Administradores: podem atuar na elaboração de cargos e salários mais


justos, melhorando a autoestima do trabalhador;

Compradores: devem ser conhecedores dos princípios de ergonomia, a


fim de procurar adquirir máquinas, equipamentos e materiais mais limpos,
seguros, confortáveis e menos tóxicos.

Quando não existe um grupo multidisciplinar, que aqui chamamos de “comitê de ergonomia”,
apoiado incondicionalmente pela alta administração ou quando a organização dá os primeiros
passos dentro do universo da ergonomia, muitas vezes, ela é aplicada de acordo com a ocasião

que é feita e, segundo Wisner (1987 apud LIDA; BUARQUE, 2005), como “ergonomia de ocasião”,
é classificada em concepção, correção, conscientização e participação.

Ergonomia de concepção: é quando a abordagem ergonômica nasce com


a ideia inicial sobre uma máquina, um equipamento, um mobiliário e um
processo de fabricação e/ou prestação de serviços. O projetista já pensa
na aplicação final de seu produto e/ou serviço dentro dos preceitos da
ergonomia;

Ergonomia de correção: quando o problema já existe, seja histórico de dor


física ou alguma patologia psíquica desenvolvida pela natureza do
trabalho feito, é necessária a mobilização de profissionais capacitados
nessas áreas específicas, a fim de corrigir esse histórico já existente;

Ergonomia de conscientização: ainda que a empresa forneça EPIs


(Equipamentos de Proteção Individual), ainda que promova palestras de
integração quando o trabalhador inicia seu trabalho na empresa, ainda que
a empresa disponibilize equipamentos ergonômicos para os funcionários,
e os engenheiros e os fisioterapeutas promovam treinamentos sobre os
movimentos mais adequados em novos processos, se não existir um
espaço aberto de diálogo para troca de experiências entre os profissionais
(incluindo o trabalhador), todo esse preparo não irá atingir todo o potencial
de transformar o trabalho. É preciso preparar devidamente o trabalhador,
por meio de palestras de informação e conscientização, sobre sua própria
responsabilidade para manutenção da sua própria saúde e motivação no
ambiente de trabalho;

Ergonomia de participação: é quando o trabalhador ou o usuário participa


do processo de desenvolvimento de máquinas, equipamentos, mobiliário e
processo de fabricação e/ou prestação de serviços. A ergonomia de
participação é efetiva quando o trabalhador ou o usuário já possui
conhecimentos prévios sobre o que vem a ser ergonomia.

Traçando um paralelo entre o conceito de ergonomia e o conceito de qualidade, igualmente atuais


em constante ampliação de escopo, sabemos que quando o conceito de qualidade invade toda a

organização, podemos entender que esta ampliou o escopo de tal forma que a tomou/invadiu.
Para essa situação, é possível afirmar que a empresa chegou ao estágio de qualidade total.

A “qualidade total” está relacionada ao grau de maturidade organizacional que a empresa possui.
Quando uma organização é capaz de definir objetivos claros voltados para a qualidade,

disseminar e gerir esses objetivos em todos os níveis hierárquicos e em todos os trabalhadores, é


possível afirmar que o “conceito” de qualidade total “invadiu” toda a organização.
Da mesma maneira, quando o conceito de ergonomia é construído e consolidado em toda a
organização, é possível afirmar que a macroergonomia foi atingida pela empresa. A
macroergonomia resume-se ao estudo tecnológico da interface entre o homem, a organização, a
máquina e o meio ambiente de trabalho.

Sempre onde há trabalho humano, em qualquer segmento de mercado, inclusive em nossa vida
cotidiana, deve haver ergonomia. No ato de um estudante levar uma mochila para a escola, deve
haver ergonomia de correção na forma ou conscientização sobre como carregar a mochila; as

duas alças devem ser usadas, uma em cada ombro. Caso seja possível, as mochilas com
rodinhas devem ser escolhidas.

Antropometria
Segundo Lida e Buarque (2005), a origem da antropometria remonta-se à Antiguidade, pois
egípcios e gregos já observavam e estudavam a relação das diversas partes do corpo. O
reconhecimento dos biótipos remonta-se aos tempos bíblicos e os nomes de muitas unidades de
medida utilizadas, hoje em dia, são derivados de segmentos do corpo. A antropometria trata das

medidas do corpo humano. Aparentemente, medir as pessoas seria uma tarefa fácil, bastando,
para isso, ter régua, trena e balança. Entretanto, isso não é tão simples assim, quando se
pretende obter medidas representativas e confiáveis de uma população composta de indivíduos
dos mais variados tipos e dimensões.

Uma das muitas aplicações das medidas antropométricas na ergonomia é relacionada com o
dimensionamento do espaço de trabalho, o desenvolvimento de mobiliário, as definições dos
espaços internos dos automóveis, as ferramentas e os dispositivos, além da melhor definição do
“tamanho humano” relacionados a roupas e a equipamentos, principalmente com os avanços
tecnológicos associados às coordenadas tridimensionais da engenharia e da biomecânica. Com

isso, amplia-se a possibilidade do uso da tecnologia supracitada em procedimentos diagnósticos


e construções de próteses ortopédicas, por exemplo.

A antropometria divide-se em:


Antropometria estática: refere-se a medidas gerais de
segmentos corporais com o indivíduo em posição
estática (parado);

Antropometria dinâmica: refere-se a pequenos movimentos realizados


por segmentos corporais nos três planos de secções anatômicas;

Antropometria funcional: refere-se à análise dos movimentos específicos


de uma atividade, considerando os três planos de secção e delimitações
anatômicas em um posto de trabalho.

A Figura 2 mostra o estudo da antropometria em relação ao trabalho de digitação e ao uso do


computador em uma mesa de trabalho. Nós veremos o estudo da antropometria em mais
detalhes no decorrer da disciplina.

Figura 2 – A posição recomendada para o uso do computador em


uma mesa de trabalho
Fonte: Getty Images
#ParaTodosVerem: figura. A figura ilustra o trabalho de digitação de uma pessoa em uma
mesa de computador, e é dividida em duas partes. A primeira, à esquerda, mostra um
homem sentado em uma cadeira de escritório com rodinhas e acento ajustável de altura,
com a coluna vertebral levemente inclinada para trás, com os antebraços apoiados no
apoio de braço da cadeira, olhando para a tela de um computador, que está à altura dos
seus olhos. Ele está digitando em um teclado em frente ao monitor. O apoio de braço da
cadeira está perfeitamente alinhado à altura da mesa. Acima dessa imagem, há um
círculo verde com um sinal de correto, mostrando que essa é a posição correta para se
sentar; a segunda imagem, à direita, mostra exatamente a mesma situação já descrita.
Porém, nela, o homem está com a coluna arqueada para a frente e com a cabeça muito
mais próxima do monitor, forçando sua coluna. Acima da imagem, há um círculo vermelho
com um “X”, mostrando que essa é a posição errada para se sentar em frente ao
computador. Fim da descrição.

Biomecânica
A biomecânica é o estudo da mecânica dos organismos vivos. É parte da Biofísica.

Mas o que é Biofísica?

A Biofísica é uma ciência interdisciplinar que aplica as teorias/métodos da física para resolver
questões de Biologia e busca enxergar o ser vivo como um corpo, que, ocupando lugar no espaço
e transformando energia, existe num meio ambiente que interage com esse ser. Importante notar
que aspectos elétricos, gravitacionais, magnéticos e mesmo nucleares estão na fundamentação
de vários fenômenos biológicos e, portanto, podem ser tratados pelos conhecimentos das

ciências físicas. Além disso, é estudada por algumas ciências da saúde e biológicas, como:
Biologia, Biotecnologia, Enfermagem, Fonoaudiologia, Medicina, Odontologia e principalmente a
Biomedicina, a Engenharia Biomédica, a Fisioterapia e a Terapia Ocupacional.
Em Síntese
Biofísica é o estudo da matéria, do espaço, da energia e do tempo que
ocorrem nos sistemas biológicos.

A biomecânica externa estuda as forças físicas que agem sobre os corpos, enquanto a
biomecânica interna estuda a mecânica e os aspectos físicos e os biofísicos das articulações,
dos ossos e dos tecidos histológicos do corpo.

A biomecânica, além de ser, atualmente, uma ciência com laboratórios específicos e diversos

níveis de pesquisas nas universidades, é também uma especialidade e uma disciplina oferecida
pelos cursos superiores de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional.

As referências iniciais relativas à análise dos aspectos biomecânicos dos movimentos corporais
– humanos e animais – remontam à antiguidade clássica e pertencem a Aristóteles, que
registrou as primeiras observações sobre o ato de caminhar do homem e dos animais, como
consequência da ação dos membros inferiores e das patas contra o solo.

O meticuloso estudo dos movimentos do corpo, a biomecânica, tem apresentado resultados


surpreendentes no esporte de alto desempenho. Em decorrência disso, grupos de profissionais
multidisciplinares estudam os movimentos dos atletas com todos os recursos que a tecnologia
permite e desenvolve, a partir de necessidades específicas e personalizadas, e um programa de
treinamento dedicado “àquele atleta”. São fisioterapeutas, ortopedistas, professores de
educação física, especialistas em condicionamento físico, nutricionistas e fisiologistas. Assim, o
esporte de alto rendimento, para tornar o atleta competitivo em âmbito mundial, mobiliza muitos

recursos e grandes quantias em dinheiro. Essa especialidade da medicina ficou conhecida como
medicina esportiva.
As observações de Aristóteles, que aparecem na História como as primeiras explicações para o
gesto de deambulação (passeio, movimento) humana, foram ratificadas quase dois mil anos
depois pela terceira lei de Newton. Contudo, a História, ainda, haveria que caminhar muito para

transportar impressões observacionais subjetivas em quantificação do gesto, que só foi iniciada


a partir da invenção da fotografia.

Essa invenção representou o surgimento de uma nova possibilidade metodológica para as


pesquisas sobre aspectos do movimento corporal e deu origem a um ramo da biomecânica

conhecido como cinemetria, que propicia o congelamento dos movimentos, o registro e,


consequentemente, a quantificação geométrica por meio dos instantâneos – ou fotograma –
possibilitando sua descrição precisa. Até os dias atuais, esse tipo de aplicação da fotografia à
biomecânica consiste num dos principais meios de obtenção de informações sobre a geometria

do movimento e é denominada fotogrametria não cartográfica.

A Figura 3 exemplifica o estudo de forças da biomecânica sobre o corpo humano. Ela ilustra um
homem segurando uma marreta com o braço estendido a 60 cm do seu ombro. A força peso da
marreta na figura é representada pela força W.
Figura 3 – Homem segurando uma marreta e o estudo das forças
físicas atuando sobre seu corpo
Fonte: Wikimedia Commos

#ParaTodosVerem: figura. Figura em preto e branco que mostra um homem em formato


de desenho, da cintura para cima, com o braço estendido a 90° em relação ao seu tronco,
segurando uma marreta a 60 cm de distância do seu ombro. A força peso da marreta é
representada pela força “W”. Fim da descrição.

Fisiologia
A fisiologia (do grego physis = natureza, função ou funcionamento; e logos = palavra ou estudo) é
o ramo da Biologia que estuda as múltiplas funções mecânicas, físicas e bioquímicas nos seres
vivos. De uma forma mais sintética, a fisiologia estuda o funcionamento do organismo. Além
disso, é estudada em diversas áreas, inclusive da saúde como Biomedicina, educação física,
Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Medicina, Medicina Veterinária, Nutrição,
Odontologia, Psicologia, Terapia Ocupacional, entre outras biológicas.
A fisiologia dos dias de hoje, biologia grega do passado, socorre-se dos conhecimentos
proporcionados pela física para explicar como decorrem essas funções vitais segundo os
princípios físicos. Efetivamente, os conceitos da Biologia são indissociáveis da Física (ainda que
aqui se fale de Física num sentido mais lato, incluindo a Bioquímica). Para quem estuda a
fisiologia integrada, é importante o domínio da anatomofisiologia.

A fisiologia é dividida, classicamente, em: fisiologia vegetal e fisiologia animal.

O campo de estudos da fisiologia animal estende os métodos e as ferramentas de estudo da

fisiologia humana para espécies não humanas. Além disso, a fisiologia vegetal emprega técnicas
de ambos os campos citados anteriormente. Seu escopo e seus temas são tão diversos quanto a
diversidade da vida que existe no planeta. Por isso, pesquisas em fisiologia animal tendem a
concentrar-se no entendimento de como as funções fisiológicas mudaram ao longo da história

evolutiva dos animais.

Outros campos de estudo importantes têm surgido na fisiologia, tais como: a pesquisa em
Bioquímica, Biofísica, Biologia Molecular, Biomecânica e Farmacologia.

A fisiologia tem várias subdivisões independentes:

A eletrofisiologia ocupa-se dos fluxos de elétrons no


funcionamento dos nervos e dos músculos e do
desenvolvimento de instrumentos para a sua medida;

A neurofisiologia estuda a fisiologia do sistema nervoso;

A fisiologia celular ou biologia celular trata do funcionamento das células


individuais;

A ecofisiologia tenta compreender como os aspectos fisiológicos afetam


a ecologia dos seres vivos e vice-versa;
A fisiologia do exercício estuda os efeitos do exercício físico no
organismo, em especial no homem.

Alguns aspectos do funcionamento dos animais estudados pela fisiologia são:

Respiração;

Circulação;

Reprodução;

Digestão.

Saiba Mais
Qual a diferença entre a anatomia e a fisiologia?

A anatomia se concentra no estudo das estruturas do corpo, já a fisiologia,


na explicação do funcionamento dessas estruturas (suas funções).

A Figura 4 ilustra a estrutura do corpo humano (em algumas partes), mostrando os sistemas
circulatório, digestivo e respiratório.
Figura 4 – Ilustração dos sistemas circulatório, digestivo e
respiratório de um ser humano
Fonte: Getty Images
#ParaTodosVerem: figura. A figura mostra o corpo de um ser humano (masculino), dos
pés à cabeça, em cor azul-escuro. São mostrados os ossos e os sistemas: circulatório,
digestivo e respiratório. Fim da descrição.

Em Síntese
Nesta Unidade, tivemos a oportunidade de discutir os seguintes tópicos:

No tópico “Definição da ergonomia”, discutimos o aprimoramento que a


definição de ergonomia sofreu através do tempo, bem como a ampliação do
seu escopo.

Além disso, nessa seção, tivemos a oportunidade de discutir os “tipos de


ergonomia”, que são: a ergonomia física, a cognitiva e a organizacional.

No tópico sobre “Origem da ergonomia”, tivemos a oportunidade de discutir


onde surgiu a ergonomia. Assim, constatamos que o seu marco de origem
foi a publicação de um artigo intitulado “Ensaios de ergonomia ou ciência do
trabalho, baseada nas leis objetivas da ciência sobre a natureza”, em 1857,

por um polonês, Wojciech Jastrzebowski.

Até meados da década de 1940, a ergonomia era um assunto elitizado,


discutido em fóruns específicos entre eruditos.
Na seção “Objetivos da ergonomia”, discutimos assuntos, tais como por qual
motivo estudar e aplicar a ergonomia nos dias de hoje. Em resumo, ela visa
melhorar as condições de trabalho e promover um trabalho mais digno,
saudável e seguro.

Na seção “Evolução da ergonomia”, apresentamos um amplo painel,


passando pela organização do trabalho pós-Revolução Industrial, pelo
surgimento da sociologia do trabalho, até os dias de hoje.

Na seção “Antropometria”, apresentamos os conceitos e citamos algumas

aplicações. Por definição, a antropometria é a medida dos segmentos


corpóreos. A antropometria divide-se em estática, dinâmica e funcional. A
medida “de cada pedacinho do corpo” é importante nas definições de
mobiliário, dos elementos que compõem o posto de trabalho, passando por
dispositivos mobiliários médico-hospitalares, até os móveis planejados de
uma cozinha doméstica.

Em “Biomecânica”, mostramos a importância do estudo dos movimentos do


corpo humano. A biomecânica também foi apresentada como “elemento
agregador” da ergonomia. Desse modo, constatamos que os movimentos do
trabalhador em seu posto de trabalho devem ser correntes com o

dimensionamento desse posto. O dimensionamento, digo, a definição das


dimensões dos elementos que compõem um posto de trabalho deve,
necessariamente, estar relacionada à antropometria, à biomecânica e,
também, à fisiologia.
O último e não menos importante dos “elementos agregadores” da
ergonomia é a fisiologia.

A “Fisiologia”, por definição, é o estudo dos “sistemas do corpo humano”.


Por exemplo: sistema digestivo, sistema respiratório etc.

O estudo da fisiologia no universo da ergonomia se dá, em grande parte, em


função da “ergonomia cognitiva”, que está relacionada aos males
psicofisiológicos, diferentemente da ergonomia tradicional, que coloca o
foco de estudo nas lesões osteomusculares, apenas.
📄 Material Complementar
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Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta


Unidade:

Sites

ABERGO – Associação Brasileira de Ergonomia


A ABERGO é uma associação de ergonomistas do Brasil e possui congressos anuais a respeito
da ergonomia.

Clique no botão para conferir o conteúdo.

ACESSE

Fórum Acidentes do Trabalho


O FórumAT compõe dezenas de pesquisadores que estudam sobre a saúde e a segurança do
trabalho, inclusive com temas voltados à ergonomia.
O espaço tem foco em temas associados à análise e à prevenção de acidentes no ambiente de
trabalho. Seu propósito é fornecer suporte para as atividades de grupos de pesquisa e serviços na

área de saúde do trabalhador, concentrando-se especialmente na segurança ocupacional. As


interações acontecem tanto presencialmente quanto virtualmente, proporcionando discussões
enriquecedoras. Além disso, o espaço disponibiliza materiais de apoio, incluindo casos práticos e
textos, para ampliar o conhecimento e aprofundar as reflexões sobre questões relacionadas à
segurança no trabalho.

Clique no botão para conferir o conteúdo.

ACESSE

Ergonomia da Atividade
O site retrata sobre a ergonomia da atividade, que é de cunho da ergonomia francesa, e é
constantemente atualizado com as principais publicações científicas que abordam a ergonomia.
Além disso, há diversas informações sobre cultura de segurança, acidentes de trabalho e gestão
de riscos.

Clique no botão para conferir o conteúdo.

ACESSE

Vídeo

De quem é a Culpa? A Lógica do Bode Expiatório nos


Acidentes de Trabalho
O vídeo retrata de uma forma descontraída e bem-humorada, um assunto muito sério: a condução
das análises de acidentes de trabalho que são realizadas pelas empresas. Mostra, também, a
discussão da “culpa” e a responsabilidade sobre os acidentes de trabalho.
DE QUEM É A CULPA? A lógica do bode expiatório nos acidentes d…
d…
📄 Referências
Página 4 de 4

ABRAHÃO, J. et al. Introdução à ergonomia: da prática à teoria. 1. ed. São Paulo: Blucher, 2009.

BARNES, R. M. Estudo de movimentos e de tempos: projeto e medida do trabalho. 1. ed. São


Paulo: Blucher, 1977.

BÍBLIA. Bíblia Sagrada. Trad. Almeida. rev. atual. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993.

CASTELLÀ, T. et al. Organización del trabajo, salud y riesgos psicosociales: guía para la
intervención sindical del delegado y delegada de prevención. 1. ed. Madrid: ISTAS, 2006.
Disponível em:
<http://istas.net/descargas/Guia%20Intervenci%c3%b3n%20OrgTrab%20Salud%20def.pdf>.
Acesso em: 23/01/2024.

FALZON, P. Ergonomia. 2. ed. São Paulo: Blucher, 2018.

LIDA, I.; BUARQUE, L. Ergonomia, projeto e produção. 1. ed. São Paulo: Blucher, 2005.

PEREIRA, A. C. L. et al. Fatores de riscos psicossociais no trabalho: limitações para uma


abordagem integral da saúde mental relacionada ao trabalho. Revista Brasileira de Saúde
Ocupacional, São Paulo, v. 45, n. 18, p. 1-9, 2020. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/2317-
6369000035118>. Acesso em: 23/01/2024.

TAYLOR, F. W. Princípios de administração científica. 1. ed. São Paulo: Atlas, 1976.


VELOSO NETO, H. Estratégias organizacionais de gestão e intervenção sobre riscos
psicossociais do trabalho. International Journal On Working Conditions, [on-line], v. 9, n. 1, p. 1-23,
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23/01/2024.

Site Visitado
ABERGO. Disponível em: <http://www.abergo.org.br>. Acesso em: 23/01/2024.

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