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Objetivo da Unidade:
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📄 Contextualização
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Há, nos dias de hoje, uma série de definições para a ergonomia. Entretanto, nesse contexto,
recomenda-se considerar que a ergonomia deve ser a interação mais harmônica possível entre
homem, sistema e ambiente.
Desse modo, entendemos que não seria adequado considerar isoladamente a ergonomia do
trabalho, nem tão pouco seria adequado, nesse cenário, deixar de considerar o trabalhador.
Castellà et al. (2006) definem os riscos psicossociais em quatro grandes categorias: falta de
autonomia ou influência para desenvolver o trabalho; excesso de exigências psicológicas no
trabalho; ausência de suporte social e baixa ou má qualidade da liderança da organização que não
oferece o apoio necessário ao trabalhador; e insuficientes recompensas laborais.
Veloso Neto (2014 apud VELOSO NETO, 2015, p. 8) define que as diversas facetas dos fatores de
risco psicossociais no ambiente de trabalho podem ser categorizadas em dez conjuntos, os quais
se desdobram em 33 elementos distintos de risco psicossocial. Por exemplo, o estresse
decorrente da intensificação dos ritmos laborais e do aumento das jornadas de trabalho; a
sobrecarga ocupacional; a escassa autonomia profissional; a ausência ou a inadequação de
recursos e equipamentos laborais; as elevadas exigências afetivas e o envolvimento emocional; a
ocorrência de assédio sexual, moral e bullying; a falta de um sistema de avaliação de
desempenho; o consumo de substâncias psicoativas (drogas, álcool etc.); a ausência de uma
estrutura para representação dos trabalhadores; a discriminação no acesso a oportunidades
dentro da organização (progressão na carreira, faixa salarial e recrutamento); a impossibilidade
Importante!
O termo “riscos psicossociais” está predominantemente associado a fatores
Para tanto, será “pano de fundo” de toda a nossa abordagem a aplicação da ergonomia não
apenas para saúde e segurança do trabalhador, mas também como finalidade principal, a
aplicação da ergonomia como “vetor” de eficiência nas organizações. Não uma “eficiência”
movida pela premiação monetária ou, ainda, movida pela coerção na relação de subordinação tipo
“manda quem pode, obedece quem tem juízo”. Mas sim, a busca da eficiência sustentável, que
está apoiada no reconhecimento do trabalhador como “ser humano” e não como “meio de
produção”, conforme propalado em verso e prosa no período pós-Revolução Industrial.
Nesse sentido, a motivação é o “combustível” para eficiência e a ergonomia é o meio de obtenção
da tão procurada e ansiada “eficiência sustentável”.
Assim como a ergonomia e tantos outros assuntos, a sustentabilidade também possui várias
definições. E, mais uma vez, propomos o uso de uma definição de sustentabilidade que vem ao
encontro das nossas discussões: sustentabilidade é coexistência. Digo, sustentabilidade é existir
ao mesmo tempo que outros elementos sem, com isso, haver a “canibalização” de um em
detrimento ao outro.
Vamos esclarecer: uma empresa, para existir, deve ter lucro; razão de ser de qualquer organização
que não seja filantrópica, do terceiro setor. Temos a sustentabilidade econômica ou financeira. A
Para que haja vida próspera na dita sociedade civilizada, é necessário que haja um equilíbrio entre
os recursos energéticos, econômicos, alimentícios, tecnológicos etc. Esse é o conceito de
sustentabilidade supracitado, em que o grande desafio é a busca pelo equilíbrio. É a busca da
capacidade de existir ao mesmo tempo, ou seja, a coexistência dos recursos, em que só faz
sentido se houver a vida propondo a interação mais harmônica possível entre homem, sistema e
ambiente.
Podemos afirmar que, sob uma perspectiva mais ampla, tanto a definição de ergonomia como a
de sustentabilidade trazem consigo um tom subjetivo pela sua grandeza. De fato, é uma
“macrovisão”, absolutamente abrangente. Todavia, nos traz à luz a discussão e uma profunda
reflexão sobre o papel de cada um de nós em um mundo sustentável, tanto na “macrovisão”,
subjetiva e quase holística, como no desdobramento ou no “detalhamento operacional” da
aplicação desses conceitos.
Assim sendo, a “microvisão”, bem mais objetiva e de aplicação imediata, nos permite planejar e
“operacionalizar” em um contexto muito menor e bem mais perto de cada um de nós,
transcendendo o campo das possibilidades para “realidades”, transformando o questionamento
subjetivo e holístico para algo de aplicação objetiva e imediata, com a seguinte pergunta: o que
posso fazer para viver melhor no trabalho e na vida? A resposta dessa pergunta nos permite
apresentar, então, todo o conteúdo que será discutido a seguir.
Além disso, é importante salientar que o conteúdo desta Unidade está dividido da seguinte
Introdução
Olá caro(a) aluno(a)! Vamos explorar juntos um universo essencial para compreender e aprimorar
as condições de trabalho: a ergonomia. Nesta breve jornada, discutiremos desde a definição e a
origem dessa disciplina até a sua evolução ao longo do tempo. Abordaremos tópicos-chave,
como antropometria, biomecânica e fisiologia, proporcionando uma visão abrangente sobre o
tema. Ao final, você terá não apenas conhecimento sobre os fundamentos da ergonomia, mas
também compreenderá como aplicar esses conceitos para criar ambientes de trabalho mais
saudáveis e eficientes. Vamos começar essa exploração enriquecedora?
Desenvolvimento
O conceito de ergonomia é relativamente antigo; todavia, só ganhou popularidade a partir da
Segunda Guerra Mundial. Os armamentos eram “desenvolvidos”, pela primeira vez na história,
olhando para o usuário final, a fim de “otimizar” a utilização, de uma maneira geral. Na verdade,
procurando “enxergar” a interação entre produto e usuário para melhorar a assertividade nessa
interação entre ambos. Então, surge a ideia de aplicação da ergonomia como meio de busca pela
eficiência nas operações. Nesse caso, especificamente, procurando fazer com que o armamento
“se adaptasse” ao soldado, com isso, aumentando a assertividade de uso. Assim, usando melhor
o recurso para ter maiores e melhores resultados.
Dado o sucesso dessa iniciativa, no pós-guerra, a ergonomia teve seus conceitos e suas
aplicações popularizadas como “vetor” de eficiência nas organizações.
outro. Por exemplo, a organização, para existir, tem que ter lucros. Porém, esses lucros não devem
ser obtidos comprometendo a saúde e a segurança do trabalhador.
Para a composição desse cenário, é importante trazer à luz outros elementos, tais como a
antropometria. O que é antropometria, quem usa e para que serve? E a biomecânica? O que é,
quem usa e para que serve? E guardamos ainda os mesmos questionamentos para a fisiologia.
Assim sendo, além dos títulos indicados no plano de ensino, pode tornar sua experiência mais
rica, a leitura de outros títulos a esses assuntos relacionados. Por isso, explore a bibliografia
obrigatória proposta na unidade estrutural. Afinal, é recomendável que você, enquanto aluno,
Livro
Recomendamos a leitura do livro disponível no acervo digital da Biblioteca
Virtual, intitulado “Introdução à ergonomia: da prática à teoria”, de Abrahão e
colaboradores.
“E a Adão disse: Visto que atendeste a voz de tua mulher e comeste da árvore que eu te ordenara não
comesses, maldita é a terra por tua causa; em fadigas obterás dela o sustento durante os dias de tua vida.
No suor do rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, pois dela foste formado; porque tu és pó e ao pó
tornarás.”
- BÍBLIA, 1993, p. 4
É conclusivo que a ideia de trabalho está relacionada com a noção geral de sofrimento e pena.
A primeira definição de ergonomia proposta pelo IEA (International Ergonomics Association) diz
que a ergonomia é o estudo científico da relação entre o homem e os seus meios, os métodos e
os ambientes de trabalho. Seu objetivo é elaborar, com a colaboração de diversas disciplinas
científicas que a compõem, um corpo de conhecimentos que, numa perspectiva de aplicação,
deve ter como finalidade uma melhor adaptação ao homem dos meios tecnológicos de produção
e dos ambientes do trabalho e da vida.
A segunda definição de ergonomia proposta pelo IEA, em 2000, bem mais recente, dá conta de
que a ergonomia (ou fatores humanos) é a disciplina científica que visa à compreensão
Assim, ilustramos a premissa de que além de ser uma disciplina “nova”, em especial no Brasil, o
conceito vem sendo continuamente revisto, buscando uma “ampliação conceitual de escopo”.
Nesse contexto, torna-se importante destacar que, com o passar do tempo, a ergonomia
“aumenta de tamanho”. Quanto mais a sociedade demanda de sustentabilidade de meios e
recursos, mais atual a disciplina se torna e, ainda, a amplitude de aplicação se multiplica.
Importante!
Em grande parte dos relatórios/laudos técnicos da área de Saúde e
Segurança do Trabalho (SST), os riscos ergonômicos voltados às dimensões
das ergonomias cognitiva e organizacional não são mencionados e sequer
Para “dar conta” da amplitude dessa dimensão e poder intervir nas atividades do trabalho, é
preciso reconhecer que a aplicação da ergonomia e os seus elementos devem ser
multidisciplinares e que não apenas os ergonomistas, mas todos os profissionais envolvidos nas
questões relacionadas à saúde, à segurança do trabalhador e à eficiência nos processos tenham
uma abordagem multidisciplinar de todo o campo de ação da disciplina, tanto em seus aspectos
físicos/cognitivos como sociais, organizacionais, ambientais etc. Contudo, pode-se dizer que a
ergonomia está apoiada em três pilares fundamentais.
De um lado, o objetivo centrado nas organizações e a sua busca incansável por eficiência,
hábitos e os costumes que a tecnologia nos traz e, com isso, a “popularização” da ideia de
escassez de recursos.
A ergonomia pode ser definida como o meio mais eficiente de encontrar a combinação entre
homens e máquinas/equipamentos e materiais no meio ambiente de trabalho. Seu objetivo
Origem da Ergonomia
A ergonomia, como disciplina, surgiu em meados da Segunda Guerra Mundial, em virtude da
complexidade de manuseio de armamento e dispositivos de ataque. Todo o
planejamento/investimento feito no desenvolvimento de materiais bélicos não seria útil, se o
“operador” (soldado) não soubesse como fazê-lo. E, ainda, frente aos horrores da guerra, muitos
soldados desenvolviam doenças psiquiátricas. Com isso, para amenizar o impacto, tanto de
manuseio como da saúde mental dos soldados e procurar “manter a produtividade”, grupos
multidisciplinares foram mobilizados para entrar como “suporte” no cenário da guerra.
A curiosidade nesse cenário é que não se considera apenas a ergonomia física que, hoje em dia,
“populariza” essa disciplina; no universo da ergonomia, também são levadas em conta as
questões psicoemocionais, que não são “males” físicos, mas psíquicos.
É interessante, ainda, chamar atenção ao fato que a visão do trabalhador dessa época era, em
sua maioria, de que era um meio de produção. O trabalhador não era, popularmente, aos olhos dos
“donos de fábrica”, visto como “homem”. Assim sendo, “um meio de produção”, tal qual um
dispositivo ou uma ferramenta, não deveria ter “males” desenvolvidos pelo homem como
“doenças psiquiátricas”.
trabalhador ou, no caso, o soldado, é um homem e como tal deve ser considerado. Há limites,
tanto físicos como psicoemocionais, que, para o bom resultado das tarefas, devem ser
identificados e considerados.
Mais especificamente, a ergonomia nasceu em 12 de junho de 1949, data em que se reuniu, pela
primeira vez na Inglaterra, um grupo de cientistas e pesquisadores motivados em discutir essa
“nova disciplina”, interessado em debater e formalizar esse novo campo de pesquisa
multidisciplinar da ciência, que propunha uma interação harmônica entre homens e sistemas
(LIDA; BUARQUE, 2005).
Todavia, em meados de 1857, um polonês chamado Wolnej Jastrzebowsky, já havia publicado um
trabalho sob o título “Ensaios de ergonomia ou ciência do trabalho, baseada nas leis objetivas da
ciência sobre a natureza” (ABRAHÃO et al., 2009). Essa publicação, em essência, propunha o
estudo dos movimentos do corpo humano e a sua aplicação no “trabalho”.
Entretanto, a ergonomia só veio adquirir status de disciplina mais organizada a partir de 1949, com
a fundação da Ergonomics Research Society, na Inglaterra, no pós-guerra (ABRAHÃO et al.,
2009). Os membros dessa organização disseminavam seus conhecimentos e propunham a
aplicação da ergonomia na indústria e não somente na área militar, como era difundido até então.
Objetivos da Ergonomia
Conforme citado anteriormente, o objetivo da ergonomia é estudar a interação entre o homem e
Para o “exercício e a aplicação da ergonomia”, conforme discutido até agora, é preciso deixar
claro que não é o empenho de apenas um trabalhador ou, ainda, a contribuição de uma área
específica de conhecimento que vai obter os resultados esperados. É preciso contar com grupo
multidisciplinar composto por representantes de várias áreas da organização, tais como: médicos
do trabalho, psicólogos dos recursos humanos, técnicos de segurança do trabalho,
representantes de operação, engenheiros de produção, engenheiros do desenvolvimento do
produto ou serviço e do processo, profissionais da manutenção e demais áreas que possam se
fazer necessárias. E, ainda, além do grupo multidisciplinar, é preciso ter o conhecimento de que,
se necessário, profissionais de outros campos de conhecimento devem ser convidados a
participar dos projetos de ergonomia, tais como: psicólogos, fisioterapeutas, sociólogos,
profissionais de TI, de recursos humanos, advogados, entre outros.
Evolução da Ergonomia
Ergonomia nos Tempos Passados
Discorrendo sobre a ergonomia, é imprescindível citar as suas definições e a sua origem,
contudo, para um completo entendimento da aplicação da ergonomia nos dias de hoje, não
podemos deixar passar despercebidos os seus precursores.
Vamos a eles!
Já foi mencionado, nesta seção, que identificamos nas escrituras da Bíblia a noção de trabalho
“penoso” dedicado ao homem para a sua sobrevivência, trazendo consigo a ideia de que “ter que
trabalhar” seria a “recompensa” pelo pecado. Vimos também que a noção de ergonomia
acompanha a necessidade de trabalho que o homem tem a partir da sua necessidade mais
básica, que é caçar para comer. Ainda na pré-história, quando o homem era nômade, precisava
caçar para comer e quando a comida começava a faltar em uma determinada região, os homens
migravam para outra. E, quando saiam para a caça, procuravam uma pedra que melhor se
encaixasse à sua mão, a fim de usá-la como arma e auxílio na caçada. Nota-se que desde a pré-
história, ainda que intuitivamente, o homem procura por dispositivos que o auxiliem no trabalho.
É importante chamar a atenção para o fato de que o homem, desde os primórdios da história,
procura meios que auxiliem nas necessidades mais básicas, nesse caso, na adaptação de
“meios ou ferramentas” que potencializem seus resultados. A pedra em forma de arma
“facilitaria” sua tarefa de subsistência, que era caçar para comer.
Essa ideia também esteve presente na era da produção artesanal que antecedeu a Revolução
A Inglaterra foi “arrastada” para a Revolução Industrial a partir da formação de uma classe
burguesa ávida por consumir bens, pelo êxodo dos ingleses do campo para a cidade e, ainda, pelo
domínio da tecnologia da máquina a vapor.
Essa união de fatores promoveu a Revolução Industrial na Inglaterra, evento esse que mudou a
face do mundo. A onda da “produção de bens” em escala industrial (larga escala) invadiu a
Europa rapidamente por uma questão de proximidade geográfica e subsequentemente, a América.
As primeiras fábricas que surgiram nesse cenário eram sujas, escuras, barulhentas e perigosas;
era o ambiente de trabalho de milhares de pessoas.
Naquela época, o trabalho era realizado por homens, mulheres e crianças que tinham jornadas de
trabalho de até 18 horas por dia e, constantemente, eram submetidos a castigos físicos, sem
férias, sem indenizações de qualquer espécie e o pagamento pelo trabalho era feito diariamente.
No final do século XVIII e início do século XIX, surgia, nos Estados Unidos da América, um
simples operário que revolucionaria a maneira de produzir bens industrialmente (em larga escala),
seu nome é Frederick Winslow Taylor. Ele estudou e se tornou engenheiro mecânico e, no
ambiente que conhecia, foi de simples operário a gerente industrial, promovendo estudos
sistêmicos acerca de como organizar a produção e melhorar a sua eficiência. Esses estudos se
transformaram em publicações que preconizavam uma maneira sistêmica e científica de analisar
o trabalho, buscando redução de movimentos e aumento da eficiência. A essa “maneira
científica” de “organizar o trabalho” deu-se o nome de administração científica ou taylorismo.
Ao redor do mundo, muitos esforços foram mobilizados para realização de estudos relacionados
sobre os movimentos do corpo, como: fadiga muscular, fadiga psicológica, aptidão física, postura
no trabalho, desenvolvimento de mobiliário, iluminação, ventilação, temperatura, ruído, umidade,
vibração etc.
Todos esses conhecimentos que foram acerca da combinação harmônica entre homens e
sistemas acumulados em todas as partes do planeta foram de grande valor na ocasião da
Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945), com a finalidade de desenvolver projetos e promover a
construção de materiais bélicos sofisticados, tais como: submarinos, tanques, radares, navios,
aviões, sistemas contra incêndio etc. Além do alto custo de cada um desses produtos, o operador
(soldado), no manuseio dessas “máquinas”, era exposto a condições de extrema fadiga física e
psicológica. Assim, estudos foram promovidos por equipes multidisciplinares a fim de melhorar a
adaptação do homem ao sistema, ou seja, do soldado às máquinas bélicas no campo de batalha.
A ergonomia do pós-guerra, em tempos de paz, era frequentemente ridicularizada por sua “falta
de credibilidade”, que perdurou até o departamento de defesa dos EUA desenvolver pesquisas em
universidades e centros de pesquisa especializados.
A fim de tornar mais consistente “essa viagem no tempo” acerca da evolução da ergonomia, é
importante aprofundar o conhecimento sobre a organização do trabalho e a administração
científica do trabalho, que propiciou grandes contribuições para essa matéria. Para tanto,
apresentamos, resumidamente, os princípios de administração científica (TAYLOR, 1976), que
tinham o objetivo de racionalizar o trabalho.
Ao ser promovido pela primeira vez, Taylor, como qualquer líder, passou a ser cobrado por
teoria, conhecida como princípios da administração científica (TAYLOR, 1976), que inicialmente
preconizava a divisão do trabalho.
realização do trabalho era nivelada por baixo. Taylor reconhecia essa ineficiência aceita no
formato de trabalho da época. Diante desse cenário, ao dividir o trabalho, ele impôs uma
sequência de atividades, posto a posto. Definiu que em cada posto as tarefas deveriam ser
simples e repetitivas. Essa abordagem inteligente visava estabelecer um fluxo contínuo de
produção, assegurando que o trabalho fosse realizado de maneira consistente e distribuindo
uniformemente a carga de trabalho entre os operários em cada posto.
Na prescrição das tarefas nos postos de trabalho, Taylor visava eliminar movimentos
desnecessários para economizar tempo e energia. Para tornar o trabalho mais eficiente e menos
exaustivo para os operários, iniciou a medição do trabalho em termos de tempo, precursora do
que hoje chamamos de cronoanálise. Além da divisão do trabalho, Taylor definiu a sequência e
prescreveu as tarefas, estabelecendo um ritmo de trabalho na produção por meio de esteiras
móveis. Vale ressaltar que, nesse momento, a esteira móvel mencionada não é a de Ford, que se
tornou precursora da produção em massa. A esteira móvel de Taylor, conforme apresentado, foi
um elemento para aumentar a quantidade e a qualidade da produção, consolidando seu modelo
científico de análise do trabalho.
Além das preocupações com a organização e a eficiência da fábrica, Taylor também se dedicou a
organizar o espaço fabril, ordenando elementos como máquinas, ferramentas, dispositivos e até
mesmo os trabalhadores de maneira eficiente para aumentar o ganho de capital.
A obra de Taylor recebeu muitas críticas alegando que ele degradava a condição humana ao nível
animal. Defendia que o estudo do método de trabalho deveria ser realizado por uma parte da
empresa composta por pessoas devidamente treinadas para isso, negando ao simples
funcionário a autonomia para decidir o que, como e quando fazer. Taylor era acusado de retratar o
simples funcionário como "acéfalo" ou pouco inteligente, incapaz de tomar decisões racionais.
Ele argumentava que o trabalho deveria seguir um método definido com ritmo para evitar que os
Reflita
Será que a intenção de Taylor era realmente “rebaixar o trabalhador a uma
Contudo, os princípios de Taylor nem sempre eram devidamente aplicados. Com frequência, o
prazo estipulado para a execução das tarefas e, em muitos casos, o próprio método eram
determinados por indivíduos que desconheciam a dinâmica da fábrica, tornando-se impraticáveis.
Os funcionários sentiam-se oprimidos pela administração da fábrica e, em resposta,
desrespeitavam as normas (prescrição da tarefa), deliberadamente danificavam os
equipamentos e não demonstravam o mínimo comprometimento com a qualidade.
Saiba Mais
Você se lembra da “reengenharia” dos americanos Michael Hammer e James
que, nesse "novo método de trabalho", trabalhava-se mais (produzia-se mais) e recebia-se a
mesma quantia, além de ser coercitivo.
Conforme a física, toda ação requer uma reação (terceira lei de Newton) e como reação à
administração científica de Taylor, ou taylorismo, surge a Escola das Relações Humanas, em que
seu ícone é Elton Mayo. Antes dessa escola, a noção de trabalho era associada à punição,
conforme a Bíblia. A imagem do operário era ligada à falta de vontade, de direitos ou até mesmo
ao sofrimento.
Na década de 1920, Elton Mayo conduziu uma pesquisa inovadora sobre a interação entre o ser
humano e o trabalho na Western Electric, nos Estados Unidos da América. Seu objetivo central era
investigar os impactos da iluminação na eficiência da fábrica. Um grupo de trabalhadores foi
isolado do processo produtivo, sem a presença do supervisor coercitivo. Mayo realizou ajustes na
iluminação, resultando em um aumento na produção; posteriormente, reduziu a iluminação, e a
produção continuou a crescer. Esse fenômeno ficou conhecido como o efeito Hawthorne, levando
Mayo a concluir que a eficiência na produção não se explicava apenas por fatores físicos, mas
também por elementos humanos que careciam de identificação, reconhecimento e valorização.
Os trabalhadores envolvidos no estudo foram tratados com atenção especial e, ao tomarem
conhecimento da observação, sentiram-se valorizados.
Ao contrário da abordagem de Taylor, que examinava o operário de forma isolada, Mayo propôs,
impulsionado pelo efeito Hawthorne, a humanização da produção, introduzindo estímulos morais
e psicológicos. O trabalho, considerado um meio de vida e não de morte, não precisava ser
encarado como "penoso". O efeito Hawthorne deu origem a um novo domínio de pesquisa,
denominado sociologia industrial, introduzindo grupos autônomos com tarefas mais integradas,
alinhados com os padrões da organização do trabalho contemporâneo.
Ergonomia Contemporânea
Conforme já citado anteriormente, o conceito de ergonomia vem sendo ampliado dia após dia.
Quanto maior o conhecimento das pessoas, em geral, sobre o que vem a ser ergonomia e suas
No Brasil, não há cursos de graduação que formem ergonomistas; todavia, há uma grande
variedade de cursos de pós-graduação nessa área, para os mais diversos profissionais, que vão
desde a engenharia até disciplinas ligadas à saúde, à Psicologia e à Sociologia. No País, também
há programas de mestrado e doutorado que abordam na grade curricular o tema da ergonomia,
porém não são específicos para a formação de ergonomistas.
A maioria das empresas que aplica a ergonomia não tem uma área composta de ergonomistas,
mas possui um grupo de profissionais ligados, direta ou indiretamente, à execução do trabalho e
às suas derivações.
Na organização moderna, em um ambiente cada vez mais competitivo, não é raro as empresas
“incorporarem” a preocupação com a ergonomia e a segurança do trabalho, até porque existem
normas e leis brasileiras que regulamentam a relação empregador versus empregado, como, por
exemplo, a Norma Regulamentadora 01 (NR-01) e a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
A fim de aplicar devidamente a ergonomia em toda a sua amplitude, algumas empresas criam e
mantêm o “comitê de ergonomia”, que é um grupo de profissionais multidisciplinar, com o intuito
de “garantir” que, nessa organização, as interações entre homens e sistemas aconteçam
Importante!
Na ergonomia, o posto de trabalho é que deve ser adequado ao trabalhador, e
não o contrário. Na concepção do projeto (antes do início das atividades), o
que devem se adequar ao trabalhador, e não o contrário, resultando em um trabalho mais digno,
saudável, seguro e justo.
Vídeo
Mais uma Noite de Trabalho na Desossa
Ficou curioso para ver o funcionamento de uma nória frigorífica e o trabalho
industrial na atividade de corte e desossa de carnes?
mais um noite de trabalho na Desossa .
Quando não existe um grupo multidisciplinar, que aqui chamamos de “comitê de ergonomia”,
apoiado incondicionalmente pela alta administração ou quando a organização dá os primeiros
passos dentro do universo da ergonomia, muitas vezes, ela é aplicada de acordo com a ocasião
que é feita e, segundo Wisner (1987 apud LIDA; BUARQUE, 2005), como “ergonomia de ocasião”,
é classificada em concepção, correção, conscientização e participação.
organização, podemos entender que esta ampliou o escopo de tal forma que a tomou/invadiu.
Para essa situação, é possível afirmar que a empresa chegou ao estágio de qualidade total.
A “qualidade total” está relacionada ao grau de maturidade organizacional que a empresa possui.
Quando uma organização é capaz de definir objetivos claros voltados para a qualidade,
Sempre onde há trabalho humano, em qualquer segmento de mercado, inclusive em nossa vida
cotidiana, deve haver ergonomia. No ato de um estudante levar uma mochila para a escola, deve
haver ergonomia de correção na forma ou conscientização sobre como carregar a mochila; as
duas alças devem ser usadas, uma em cada ombro. Caso seja possível, as mochilas com
rodinhas devem ser escolhidas.
Antropometria
Segundo Lida e Buarque (2005), a origem da antropometria remonta-se à Antiguidade, pois
egípcios e gregos já observavam e estudavam a relação das diversas partes do corpo. O
reconhecimento dos biótipos remonta-se aos tempos bíblicos e os nomes de muitas unidades de
medida utilizadas, hoje em dia, são derivados de segmentos do corpo. A antropometria trata das
medidas do corpo humano. Aparentemente, medir as pessoas seria uma tarefa fácil, bastando,
para isso, ter régua, trena e balança. Entretanto, isso não é tão simples assim, quando se
pretende obter medidas representativas e confiáveis de uma população composta de indivíduos
dos mais variados tipos e dimensões.
Uma das muitas aplicações das medidas antropométricas na ergonomia é relacionada com o
dimensionamento do espaço de trabalho, o desenvolvimento de mobiliário, as definições dos
espaços internos dos automóveis, as ferramentas e os dispositivos, além da melhor definição do
“tamanho humano” relacionados a roupas e a equipamentos, principalmente com os avanços
tecnológicos associados às coordenadas tridimensionais da engenharia e da biomecânica. Com
Biomecânica
A biomecânica é o estudo da mecânica dos organismos vivos. É parte da Biofísica.
A Biofísica é uma ciência interdisciplinar que aplica as teorias/métodos da física para resolver
questões de Biologia e busca enxergar o ser vivo como um corpo, que, ocupando lugar no espaço
e transformando energia, existe num meio ambiente que interage com esse ser. Importante notar
que aspectos elétricos, gravitacionais, magnéticos e mesmo nucleares estão na fundamentação
de vários fenômenos biológicos e, portanto, podem ser tratados pelos conhecimentos das
ciências físicas. Além disso, é estudada por algumas ciências da saúde e biológicas, como:
Biologia, Biotecnologia, Enfermagem, Fonoaudiologia, Medicina, Odontologia e principalmente a
Biomedicina, a Engenharia Biomédica, a Fisioterapia e a Terapia Ocupacional.
Em Síntese
Biofísica é o estudo da matéria, do espaço, da energia e do tempo que
ocorrem nos sistemas biológicos.
A biomecânica externa estuda as forças físicas que agem sobre os corpos, enquanto a
biomecânica interna estuda a mecânica e os aspectos físicos e os biofísicos das articulações,
dos ossos e dos tecidos histológicos do corpo.
A biomecânica, além de ser, atualmente, uma ciência com laboratórios específicos e diversos
níveis de pesquisas nas universidades, é também uma especialidade e uma disciplina oferecida
pelos cursos superiores de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional.
As referências iniciais relativas à análise dos aspectos biomecânicos dos movimentos corporais
– humanos e animais – remontam à antiguidade clássica e pertencem a Aristóteles, que
registrou as primeiras observações sobre o ato de caminhar do homem e dos animais, como
consequência da ação dos membros inferiores e das patas contra o solo.
recursos e grandes quantias em dinheiro. Essa especialidade da medicina ficou conhecida como
medicina esportiva.
As observações de Aristóteles, que aparecem na História como as primeiras explicações para o
gesto de deambulação (passeio, movimento) humana, foram ratificadas quase dois mil anos
depois pela terceira lei de Newton. Contudo, a História, ainda, haveria que caminhar muito para
A Figura 3 exemplifica o estudo de forças da biomecânica sobre o corpo humano. Ela ilustra um
homem segurando uma marreta com o braço estendido a 60 cm do seu ombro. A força peso da
marreta na figura é representada pela força W.
Figura 3 – Homem segurando uma marreta e o estudo das forças
físicas atuando sobre seu corpo
Fonte: Wikimedia Commos
Fisiologia
A fisiologia (do grego physis = natureza, função ou funcionamento; e logos = palavra ou estudo) é
o ramo da Biologia que estuda as múltiplas funções mecânicas, físicas e bioquímicas nos seres
vivos. De uma forma mais sintética, a fisiologia estuda o funcionamento do organismo. Além
disso, é estudada em diversas áreas, inclusive da saúde como Biomedicina, educação física,
Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Medicina, Medicina Veterinária, Nutrição,
Odontologia, Psicologia, Terapia Ocupacional, entre outras biológicas.
A fisiologia dos dias de hoje, biologia grega do passado, socorre-se dos conhecimentos
proporcionados pela física para explicar como decorrem essas funções vitais segundo os
princípios físicos. Efetivamente, os conceitos da Biologia são indissociáveis da Física (ainda que
aqui se fale de Física num sentido mais lato, incluindo a Bioquímica). Para quem estuda a
fisiologia integrada, é importante o domínio da anatomofisiologia.
fisiologia humana para espécies não humanas. Além disso, a fisiologia vegetal emprega técnicas
de ambos os campos citados anteriormente. Seu escopo e seus temas são tão diversos quanto a
diversidade da vida que existe no planeta. Por isso, pesquisas em fisiologia animal tendem a
concentrar-se no entendimento de como as funções fisiológicas mudaram ao longo da história
Outros campos de estudo importantes têm surgido na fisiologia, tais como: a pesquisa em
Bioquímica, Biofísica, Biologia Molecular, Biomecânica e Farmacologia.
Respiração;
Circulação;
Reprodução;
Digestão.
Saiba Mais
Qual a diferença entre a anatomia e a fisiologia?
A Figura 4 ilustra a estrutura do corpo humano (em algumas partes), mostrando os sistemas
circulatório, digestivo e respiratório.
Figura 4 – Ilustração dos sistemas circulatório, digestivo e
respiratório de um ser humano
Fonte: Getty Images
#ParaTodosVerem: figura. A figura mostra o corpo de um ser humano (masculino), dos
pés à cabeça, em cor azul-escuro. São mostrados os ossos e os sistemas: circulatório,
digestivo e respiratório. Fim da descrição.
Em Síntese
Nesta Unidade, tivemos a oportunidade de discutir os seguintes tópicos:
Sites
ACESSE
ACESSE
Ergonomia da Atividade
O site retrata sobre a ergonomia da atividade, que é de cunho da ergonomia francesa, e é
constantemente atualizado com as principais publicações científicas que abordam a ergonomia.
Além disso, há diversas informações sobre cultura de segurança, acidentes de trabalho e gestão
de riscos.
ACESSE
Vídeo
ABRAHÃO, J. et al. Introdução à ergonomia: da prática à teoria. 1. ed. São Paulo: Blucher, 2009.
BÍBLIA. Bíblia Sagrada. Trad. Almeida. rev. atual. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993.
CASTELLÀ, T. et al. Organización del trabajo, salud y riesgos psicosociales: guía para la
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