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Ergonomia

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Origem e Evolução da Ergonomia

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Ms. Cristhiane Eliza dos Santos

Revisão Textual:
Prof. Esp. Márcia Ota
Origem e Evolução da Ergonomia

Fonte: iStock/Getty Images


Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos:
• Introdução ao Tema
• Leitura Obrigatória
• Material Complementar

Objetivos
• Apresentar e discutir a origem e evolução dos conceitos de ergonomia até os dias de
hoje, bem como os conceitos de antropometria, fisiologia e biomecânica

Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o
último momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.

Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo,
você poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou
alguns dias e determinar como o seu “momento do estudo”.

No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões


de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e
auxiliarão o pleno entendimento dos temas abordados.

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns
de discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além
de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço
de troca de ideias e aprendizagem.
UNIDADE
Origem e Evolução da Ergonomia

Introdução ao Tema
Antes de darmos início aos nossos estudos, é de grande importância contextualizarmos
a ergonomia, bem como seus elementos: antropometria, biomecânica e fisiologia.

Há, nos dias de hoje, uma série de definições para a ergonomia. Entretanto, nesse
contexto, recomenda-se considerar que a ergonomia deve ser a interação mais harmônica
possível entre homem, sistema e ambiente.

Desse modo, entendemos que não seria adequado considerar isoladamente


a ergonomia do trabalho, nem tão pouco seria adequado, nesse cenário, deixar de
considerar o trabalhador.

Retomando a definição proposta, é importante compreender que, nesse contexto, a


interação deve ser entre homem (trabalhador), sistema (método de trabalho, tanto para
manufatura quanto para prestação de serviços) e ambiente (meio ambiente, em que o
trabalhador está exposto na situação do trabalho e os riscos, aos quais está exposto:
riscos físicos, mecânicos, químicos, biológicos e, claro, ergonômicos).

Para tanto, será “pano de fundo” de toda a nossa abordagem a aplicação da ergonomia
não apenas para saúde e segurança do trabalhador, mas também como finalidade
principal, a aplicação da ergonomia como “vetor” de eficiência nas organizações. Não
uma “eficiência” movida pela premiação monetária, ou ainda, movida pela coerção na
relação de subordinação tipo “quem pode manda… E quem tem juízo obedece”. Mas sim,
a busca da eficiência sustentável, que está apoiada no reconhecimento do trabalhador
como “ser humano” e não como “meio de produção”, conforme “propalado em verso
e prosa” no período “pós-revolução industrial”.

Nesse sentido, a motivação é o “combustível” para eficiência e a ergonomia é o meio


de obtenção da tão procurada e ansiada “eficiência sustentável”.

Cabe ressaltar que, em muitos fóruns, a questão da sustentabilidade é meramente um


modismo. Sem dúvida, é uma visão. Visão essa que não compartilhamos.

Assim como a ergonomia e tantos outros assuntos, a sustentabilidade também possui


várias definições. E, mais uma vez, propomos o uso de uma definição de sustentabilidade
que vem ao encontro das nossas discussões: sustentabilidade é coexistência. Digo,
sustentabilidade é existir ao mesmo tempo que outros elementos sem, com isso, haver a
“canibalização” de um em detrimento ao outro.

Vamos esclarecer: uma empresa, para existir, deve ter lucro; razão de ser de qualquer
organização que não seja filantrópica, do terceiro setor. Temos a sustentabilidade
econômica ou financeira. A sociedade, eu e você, precisamos de água para sobreviver.
E a água é só um expoente da equação da vida e sem o qual não sobrevivemos,
todavia, também precisamos considerar o ar, sem o qual também não há vida. Temos
a sustentabilidade ambiental. A vida moderna, tanto nas organizações como na vida
cotidiana, tornou-se dependente da energia, seja elétrica, fóssil ou de qualquer outra
natureza. Há pesquisas que indicam que cada um de nós, nos dias de hoje, com a

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energia que consome para sua rotina, teria, em média, de 200 a 300 escravos para
gerar essa mesma energia necessária ao seu conforto e/ou necessidades. Temos a
sustentabilidade energética.

Para que haja vida próspera na dita sociedade civilizada, é necessário que haja um
equilíbrio entre os recursos energéticos, econômicos, alimentícios, tecnológicos, etc.
Esse é o conceito de sustentabilidade supracitado, em que o grande desafio é a busca
pelo equilíbrio. É a busca da capacidade de existir ao mesmo tempo. A coexistência dos
recursos, em que só faz sentido se houver a vida propondo a interação mais harmônica
possível entre homem, sistema e ambiente.

Podemos afirmar que, sob uma perspectiva mais ampla, tanto a definição de ergonomia
como a de sustentabilidade trazem consigo um tom subjetivo pela sua grandeza. De fato,
é um “macrovisão” absolutamente abrangente. Todavia, nos traz à luz a discussão e uma
profunda reflexão sobre o papel de cada um de nós em um mundo sustentável, tanto
na “macrovisão” subjetiva e quase holística como no desdobramento ou “detalhamento
operacional” da aplicação desses conceitos.

Assim sendo, a “microvisão” bem mais objetiva e de aplicação imediata nos permite
planejar e “operacionalizar” em um contexto muito menor e bem mais perto de cada
um nós, transcendendo o campo das possibilidades para “realidades”, transformando
o questionamento subjetivo e holístico para algo de aplicação objetiva e imediata com
a seguinte pergunta: O que posso fazer para viver melhor no trabalho e na vida? A
resposta dessa pergunta nos permite a presentar, então, todo o conteúdo que será
discutido a seguir.

Além disso, é importante salientar que o conteúdo dessa unidade está dividido da
seguinte maneira:

7 - Fisiologia
6 - Biomecânica
5 - Antropometria
4 - Evolução da
3 - Objetivos da ergonomia

2 - Origem da ergonomia

1 - Definição da ergonomia
ergonomia

Bons estudos!

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UNIDADE
Origem e Evolução da Ergonomia

Leitura Obrigatória
O conceito de ergonomia é relativamente antigo; todavia, só ganhou popularidade a
partir da Segunda Guerra Mundial. Os armamentos eram “desenvolvidos”, pela primeira
vez na história, olhando para o usuário final a fim de “otimizar” a utilização de uma
maneira geral. Na verdade, procurando “enxergar” a interação entre produto e usuário
para melhorar a assertividade nessa interação entre produto e usuário. Então, surge a
ideia de aplicação da ergonomia como meio de busca pela eficiência nas operações.
Nesse caso, especificamente, procurando fazer com que o armamento “se adaptasse”
ao soldado. Com isso, aumentando a assertividade de uso. Assim, usando melhor o
recurso para ter maiores e melhores resultados.

Dado o sucesso dessa iniciativa, no pós-guerra, a ergonomia teve seus conceitos e


aplicações popularizadas como “vetor” de eficiência nas organizações.

Importante destacar que a ergonomia traz em seu bojo um viés de sustentabilidade.

Há muitas definições sobre sustentabilidade. Nesse fórum, entende-se que a mais


adequada seria a COEXISTÊNCIA. Sustentabilidade é coexistência, existir ao mesmo
tempo. Um “elemento” existindo, ao mesmo tempo que outro “elemento”, sem, com
isso, um prejudicar ou comprometer o outro. Por exemplo, a organização, para existir,
tem que ter lucros. Porém, esses lucros não devem ser obtidos comprometendo à saúde
e segurança do trabalhador.

Para a composição desse cenário, é importante trazer à luz outros elementos, tais
como: a antropometria. O que é antropometria, quem usa e para que serve? Biomecânica.
O que é, quem usa e para que serve? E guardamos ainda os mesmos questionamentos
para fisiologia.

Assim sendo, além dos títulos indicados no plano de ensino, pode tornar sua
experiência mais rica, a leitura de outros títulos a esses assuntos relacionados. Por isso,
explore a bibliografia obrigatória proposta na unidade estrutural. Afinal, é recomendável
que você, enquanto aluno, amplie seus estudos com pontos de vista de autores diversos.

Para tanto, recomendamos que explore o acervo digital


disponível na Biblioteca Virtual Universitária. Então,
siga os seguintes passos:
Após entrar em sua “área do aluno”, disponível em:
https://siaa.cruzeirodosul.edu/alunos/novo_login.jsp,
no menu à esquerda da tela, clique em “E-books –
Bib. Virtual Universitária”. No topo da tela que abrirá,
haverá um campo de busca para autor, título, assunto,
etc. Então, digite “ergonomia” e clique na capa que
aparecer como resultado. Desse modo, terá a seguinte
interface de leitura:

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Note a seta ao lado direito da tela para avançar página a página, assim como perceba
que os ícones no rodapé da tela correspondem a determinadas funções, entre as quais:
ampliar a visualização (zoom), marcar a obra como favorita, imprimir trechos que
escolher e pular para um número específico de página.

Definição e evolução da ergonomia


Definição da ergonomia
O conceito de ergonomia está relacionado com a concepção do trabalho e remonta
a história do homem na Terra:

A primeira definição de trabalho conhecida está nas Sagradas Escrituras em Gênesis


3: 17 b, 19:
“Disse, pois, o Senhor Deus ao ser humano: maldita é a terra por tua causa; em fadiga
comerás dela todos os dias da tua vida. Do suor do rosto comerás teu pão, até que
tornes a terra; pois dela foste tomado; pois és pó, e ao pó tornarás. ”

É conclusivo que a ideia de trabalho está relacionada com a noção geral de sofrimento
e pena. (Bíblia, 1995).

Há muitas definições sobre ergonomia. Vamos apresentar algumas delas.

Primeira definição de ergonomia proposta pelo IEA diz que a ergonomia é o estudo
científico da relação entre o homem e seus meios, métodos e ambientes de trabalho.
Seu objetivo é elaborar, com a colaboração de diversas disciplinas científicas que a
compõem, um corpo de conhecimentos que, numa perspectiva de aplicação, deve ter
como finalidade uma melhor adaptação ao homem dos meios tecnológicos de produção
e dos ambientes do trabalho e da vida.

A segunda definição de ergonomia proposta pelo IEA em 2000, bem mais recente,
dá conta de que a ergonomia (ou fatores humanos) é a disciplina científica que visa à
compreensão fundamental das interações entre os seres humanos e outros componentes
de um sistema, e a profissão que aplica princípios teóricos, dados e métodos com o
objetivo de otimizar o bemestar das pessoas e o desempenho global dos sistemas. Segundo
Falzon (2009), ainda na segunda definição proposta pelo IEA em 2000, esclarece-se
que a palavra Ergonomia deriva do grego Ergon [trabalho] e nomos [normas, regras,
leis]. Trata-se de uma disciplina orientada para uma abordagem sistêmica de todos os
aspectos da atividade humana.

Assim, ilustramos a premissa de que além de ser uma disciplina “nova”, em especial
no Brasil, o conceito vem sendo continuamente revisto buscando uma “ampliação
conceitual de escopo”. Nesse contexto, torna-se importante destacar que, com o passar
do tempo, a “ergonomia” “aumenta de tamanho”. Quanto mais a sociedade demanda
de sustentabilidade de meios e recursos, mais atual a disciplina de torna e, ainda, a
amplitude de aplicação se multiplica.

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UNIDADE
Origem e Evolução da Ergonomia

Os profissionais que praticam a ergonomia, os ergonomistas, contribuem para


planificação, concepção e avaliação das tarefas, empregos, produtos, organizações,
meios ambientes e sistemas, tendo em vista torná-los compatíveis com as necessidades,
capacidades e limites das pessoas.

Note que, conforme apontado anteriormente, é evidente a ampliação do escopo da


ergonomia. Se compararmos, atentamente, as duas definições do IEA, observaremos
que há uma evolução significativa na percepção do conceito de trabalho e de quem
o executa vindo ao encontro com a “Escola das relações humanas” e em oposição à
“Escola da Administração Científica de Taylor”, especificamente, no reconhecimento da
força de trabalhador (homem) como ser humano.

Além disso, é possível também constatar uma “preocupação” no sentido de adequar,


harmonicamente, a interação da força de trabalho humano com os sistemas, de maneira
que a especificação do trabalho laboral não venha prejudicar à saúde do homem e nem
tão pouco venha a comprometer sua força de trabalho futura.

Ainda na segunda definição do IEA, o universo da ergonomia é dividido em


três dimensões:
· Ergonomia física: está relacionada com as características da anatomia
humana, antropometria, fisiologia e biomecânica e sua relação à atividade
física. Os tópicos relevantes incluem o estudo da postura no trabalho, manuseio
de materiais, movimentos repetitivos, distúrbios musculoesqueléticos
relacionados ao trabalho, projeto de posto de trabalho, segurança e saúde.
· Ergonomia cognitiva: refere-se aos processos mentais, tais como:
percepção, memória, raciocínio e resposta motora, conforme afetem as
interações entre seres humanos e outros elementos de um sistema. Os
tópicos relevantes incluem o estudo da carga mental de trabalho, tomada de
decisão, desempenho especializado, interação homem computador, stress
e treinamento, conforme esses se relacionem a projetos envolvendo seres
humanos e sistemas.
· Ergonomia organizacional: refere-se à otimização dos sistemas sociotécnicos,
incluindo suas estruturas organizacionais, políticas e processos. Os tópicos
relevantes incluem comunicações, gerenciamento de recursos de tripulações
(CRM - domínio aeronáutico), projeto de trabalho, organização temporal
do trabalho, trabalho em grupo, projeto participativo, novos paradigmas
do trabalho, trabalho cooperativo, cultura organizacional, organizações em
rede, teletrabalho e gestão da qualidade.

Para “dar conta” da amplitude dessa dimensão e poder intervir nas atividades do
trabalho, é preciso que se reconheça que a aplicação da ergonomia e seus elementos
DEVEM ser multidisciplinares e que não apenas os ergonomistas, mas todos os
profissionais envolvidos nas questões relacionadas à saúde, segurança do trabalhador
e eficiência nos processos tenham uma abordagem multidisciplinar de todo o campo
de ação da disciplina, tanto em seus aspectos físicos e cognitivos, como sociais,
organizacionais, ambientais, etc. Contudo, pode-se dizer que ergonomia está apoiada
em três pilares fundamentais:

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De um lado, o objetivo centrado nas organizações e sua busca incansável pela
eficiência, produtividade, confiabilidade, qualidade, durabilidade, etc. a fim de serem
mais competitivas, reduzindo custos. De outro, o objetivo centrado no ser humano,
considerando-se segurança, saúde, conforto, facilidade de uso, motivação, etc. E, ainda,
um terceiro pilar que representa a “macro-organização” trazida, cada vez mais forte
e atual, com o conceito da sustentabilidade de meios e recursos. A referida “macro-
organização” olha a sociedade, as mudanças de atitudes, hábitos e costumes que a
tecnologia nos traz e, com isso, a “popularização” da ideia de escassez de recursos.

Sob o enfoque de projeto do trabalho, a ergonomia é definida por Barnes (2008) como
o meio de encontrar a mais eficiente combinação entre homem e máquinas, equipamentos
e materiais no ambiente de trabalho e cita que o objetivo da ergonomia é a adaptação das
tarefas ao ambiente de trabalho às características sensoriais, perceptivas, mentais e físicas
das pessoas e, como resultado, obtém-se, então, melhores projetos de equipamentos,
sistemas homem-máquina, de produtos de consumo, métodos e ambiente de trabalho.
Um exemplo que “ilustra” perfeitamente a definição de Barnes é, exatamente, a aplicação
da ergonomia na Segunda Guerra Mundial, conforme citado anteriormente.

No Brasil, contamos com a ABERGO – Associação Brasileira de Ergonomia, que


é uma associação sem fins lucrativos que tem como finalidade o estudo, a prática e a
divulgação das interações das pessoas com a tecnologia, a organização e o ambiente,
considerando as suas necessidades, habilidades e limitações.

Origem da Ergonomia
A ergonomia surgiu em meados da Segunda Guerra Mundial em virtude da
complexidade de manuseio de armamento e dispositivos de ataque. Todo planejamento/
investimento feito no desenvolvimento de materiais bélicos não seria inútil, se o
“operador” (soldado) não soubesse como fazê-lo. E, ainda, frente aos horrores da
guerra, muitos soldados desenvolviam doenças psiquiátricas. Com isso, para amenizar
o impacto, tanto de manuseio como da saúde mental dos soldados e procurar “manter
a produtividade”, grupos multidisciplinares foram mobilizados para entrarem como
“suporte” no cenário da guerra.

A curiosidade nesse cenário é que não se considera apenas a ergonomia física que,
hoje em dia “populariza” essa disciplina; no universo da ergonomia, também se leva em
conta as questões psicoemocionais que não são “males” físicos, mas psíquicos.

É interessante, ainda, chamar atenção ao fato que a visão do trabalhador dessa


época era, em sua maioria, de que era um meio de produção. O trabalhador não era,
popularmente, aos olhos dos “donos de fábrica” visto como “homem”. Assim sendo,
“um meio de produção”, tal qual um dispositivo ou uma ferramenta, não deveria ter
“males” desenvolvidos pelo homem como “doenças psiquiátricas”.

Esse foi um avanço importante na definição ou redefinição do conceito de ergonomia.


O trabalhador ou, no caso, soldado, é um homem e como tal deve ser considerado. Há
limites, tanto físicos como psicoemocionais que, para o bom resultado das tarefas, deve
ser identificado e considerado.

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UNIDADE
Origem e Evolução da Ergonomia

Mais especificamente, a ergonomia nasceu em 12 de junho de 1949, data em que se


reuniu, pela primeira vez na Inglaterra, um grupo de cientistas e pesquisadores motivados
em discutir essa “nova disciplina” interessada em discutir e formalizar esse novo campo
de pesquisa multidisciplinar da ciência que propunha uma interação harmônica entre
homens e sistemas.

Todavia, já em meados de 1857 um polonês, Wojciech Jastrzebowski já havia


publicado um artigo sob o título “Ensaios de ergonomia ou ciência do trabalho, baseada
nas leis objetivas da ciência sobre a natureza”. Essa publicação, em essência, propunha
o estudo dos movimentos do corpo humano e sua aplicação no “trabalho”.

Entretanto, a ergonomia só veio adquirir status de disciplina mais organizada na


primeira metade de 1950 com a fundação da Ergonomics Research Society, na
Inglaterra, no pós-guerra. Os membros dessa organização, muitos deles pesquisadores,
disseminavam seus conhecimentos e propunham a aplicação da ergonomia na indústria
e não somente na área militar como era difundido até então.

Objetivos da Ergonomia
Conforme citado anteriormente, o objetivo da ergonomia é estudar a interação entre
o homem e os sistemas, considerando fatores físicos e psicológicos a fim de obter ganhos
em eficiência para os sistemas (empresas), bem como a manutenção da saúde por parte
dos colaboradores, procurando reduzir a fadiga, estresse, erros e acidentes e, ao mesmo
tempo, ser eficiente, tornando a organização competitiva. Nesse cenário, a eficiência
produtiva, bem como a motivação, é consequência direta da assertividade dessas ações.

Para o “exercício e aplicação da ergonomia”, conforme discutido até agora, é preciso


deixar claro que não é o empenho de apenas um colaborador, ou ainda, a contribuição
de uma área específica de conhecimento que vai obter resultados esperados. É preciso
contar com grupo multidisciplinar composto por representantes de várias áreas da
organização, tais como: médico do trabalho, psicólogos dos recursos humanos, técnicos
da segurança do trabalho, representantes da operação, engenheiros da produção,
engenheiros do desenvolvimento do produto ou serviço e do processo, profissionais
da manutenção e demais áreas que possa se fazer necessário. E, ainda, além do grupo
multidisciplinar, é preciso ter o conhecimento de que, se necessário, profissionais de
outros campos de conhecimento devem ser convidados a participar dos projetos de
ergonomia tais como: Psicologia, Anatomia e Fisiologia, Organização do Trabalho,
Design e Métodos de Avaliação, Tecnologia da informação, entre outros.

Evolução da Ergonomia
Discorrendo sobre a ergonomia, é imprescindível citar as definições, a origem, mas,
para um completo entendimento da aplicação da ergonomia nos dias de hoje, não
podemos deixar passar despercebido os precursores da ergonomia.

Vamos a eles!

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Já foi mencionado, nessa seção, que identificamos nas escrituras da Bíblia a noção
de trabalho “penoso” dedicado ao homem para a sua sobrevivência, trazendo consigo a
ideia de que “ter que trabalhar” seria a “recompensa” pelo pecado. Vimos também que
a noção de ergonomia acompanha a necessidade de trabalho que o homem tem a partir
da sua necessidade mais básica, que é caçar para comer. Ainda na pré-história, quando
o homem era nômade, precisava caçar para comer e quando a comida começava a faltar
em uma determinada região, os homens migravam para outra. E, quando saiam para a
caça, procuravam uma pedra que melhor se encaixasse a sua mão a fim de usá-la como
arma e auxiliar na caçada. Nota-se que desde a pré-história, ainda que intuitivamente, o
homem procura por dispositivos que o auxiliem no trabalho.

É importante chamar a atenção para o fato que de que o homem, desde os primórdios
da história, procura meios que auxiliem nas suas necessidades mais básicas, nesse caso,
na adaptação de “meios ou ferramentas” que potencializem seus resultados... A pedra
em forma de arma “facilitaria” sua tarefa de subsistência que era caçar para comer.

Essa ideia também esteve presente na era da produção artesanal que antecedeu
a Revolução Industrial, onde os artesãos procuravam adaptar as tarefas às
necessidades humanas.

A Inglaterra foi “arrastada” para a Revolução Industrial a partir da formação de uma


classe burguesa ávida por consumir bens, pelo êxodo dos ingleses do campo para a
cidade e, ainda, o domínio da tecnologia da máquina a vapor.

Essa união de fatores promoveu a Revolução Industrial na Inglaterra, evento esse


que mudou a face do mundo. A onda da “produção de bens” em escala industrial (larga
escala) invadiu a Europa rapidamente por uma questão de proximidade geográfica e
subsequentemente, a América.

As primeiras fábricas que surgiram nesse cenário eram sujas, escuras, barulhentas e
perigosas; era o ambiente de trabalho de milhares de pessoas. As fábricas dessa época
em nada parecem com o ambiente industrial nos moldes que conhecemos hoje em dia.

Naquela época, o trabalho era realizado por homens, mulheres e crianças que tinham
jornadas de trabalho de até 18 horas por dia e, constantemente, submetidos a castigos
físicos, sem férias, sem indenizações de qualquer espécie e o pagamento pelo trabalho
era feito diariamente.

No final do século XVIII e início do século XIX, surge, nos Estados Unidos da América,
um simples operário que revolucionaria a maneira de se produzir bens industrialmente (em
larga escala), seu nome é Frederick Winslow Taylor. Ele estudou e tornou-se Engenheiro
Mecânico e, no ambiente que conhecia, foi de simples operário a gerente industrial,
promovendo estudos sistêmicos acerca de como organizar a produção e melhorar a
sua eficiência. Esses estudos transformaram-se em publicações que preconizavam uma
maneira sistêmica, científica de analisar o trabalho, buscando redução de movimentos
e aumento da eficiência. A essa “maneira científica” de “organizar o trabalho” deu-se o
nome de Administração Científica ou Taylorismo.

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UNIDADE
Origem e Evolução da Ergonomia

Na Europa, mais especificamente na Alemanha e França e países escandinavos,


em meados de 1900, surgiram estudos sobre a fisiologia humana voltada ao trabalho
(fisiologia do trabalho) e gastos energéticos na tentativa de migrar os conhecimentos
sobre fisiologia desenvolvidos em laboratório para ambientes extremos, tais como: minas
de carvão, fundições e outras situações, onde a energia gasta para realizar o trabalho
humano era máxima e o ambiente extremante agressivo à saúde humana.

Ao redor do mundo, muitos esforços foram mobilizados para realização de estudos


relacionados sobre os movimentos do corpo, como: fadiga muscular, fadiga psicológica,
aptidão física, postura no trabalho, desenvolvimento de mobiliário, iluminação, ventilação,
temperatura, ruído, umidade, vibração, etc.

Todos esses conhecimentos que foram acerca da combinação harmônica entre homens
e sistemas acumulados em todas as partes do planeta foram de grande valor na ocasião
da Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945) com a finalidade de desenvolver projetos e
promover a construção de materiais bélicos sofisticados, tais como: submarinos, tanques,
radares, navios, aviões, sistemas contra incêndio, etc. Além do alto custo de cada um
desses produtos, o operador (soldado) no manuseio dessas “máquinas” era exposto a
condições de extrema fadiga física e psicológica. Assim, estudos foram promovidos por
equipes multidisciplinares a fim de melhorar a adaptação do homem ao sistema, ou seja,
do soldado às máquinas bélicas no campo de batalha.

A ergonomia do pós-guerra, em tempos de paz, era frequentemente ridicularizada


por sua “falta de credibilidade” que perdurou até o Departamento de Defesa dos EUA
desenvolver pesquisas em Universidades e Centros de Pesquisa Especializados.

A fim de tornar mais consistente “essa viagem no tempo” acerca da evolução da


ergonomia, é importante aprofundar o conhecimento sobre a organização do trabalho e a
Administração Científica do Trabalho que propiciou grandes contribuições para essa matéria.
Para tanto, apresentamos, resumidamente, a “Administração Científica do Trabalho”.
Conforme citado, o ícone da Administração Científica é o Engenheiro americano,
Frederick Winslow Taylor (1856 – 1915). Taylor começou sua vida profissional
como simples funcionário de uma empresa metalúrgica americana e chegou, como
engenheiro mecânico, ao nível do que se conhece de estrutura organizacional nos dias
de hoje, a diretoria industrial tendo passado também pelo nível gerencial. Pelo fato de
iniciar sua vida profissional como simples operário, nessa função, teve a oportunidade
de vivenciar o que a sociologia do trabalho chama de código de trabalho. Código de
trabalho é quando os funcionários de um determinado setor de uma empresa definem
regras próprias quanto ao ritmo de trabalho e, muitas vezes, regras próprias para o
método de trabalho também. Por isso, mais tarde, Taylor definiu os funcionários como
“indolentes”; oportunamente retornaremos a essa afirmação.

Ao receber sua primeira promoção, Taylor, como qualquer líder, inclusive nos dias de
hoje, passou a ser cobrado por resultados. Como era conhecedor de como o trabalho
era realizado em sua empresa, sabia que era vital para seu sucesso profissional organizar
a parte feia, suja e desorganizada da empresa chamada de produção.

Precisamos relembrar que o advento da “Revolução Industrial” ainda era novo para
sociedade no mundo inteiro. Não tinha tido tempo para o “simples trabalhador” ter
frequentado uma escola para APRENDER o ofício do trabalho “confinado” na indústria...
O modelo de trabalho que havia sido herdado por gerações era o trabalho artesanal.

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Como não havia nenhum histórico anterior relacionado a estudos específicos sobre
organização da produção ou eficiência do processo produtivo, Taylor pode realizar, sem
nenhum tipo de cobrança ou expectativa, seus experimentos acerca do que imaginava
ser uma empresa organizada e eficiente. Fez muitos testes tipo tentativa e erro. O
resultado desses testes e observações fez com que publicasse sua teoria de organização
do trabalho conhecido como “Princípios da Administração Científica” que consistia
primeiramente na divisão do trabalho.

A Administração Científica do Trabalho pregava que, para se obter ganhos de eficiência


na produção de todo trabalho a ser realizado, esse “trabalho todo” deveria ser dividido
em tarefas simples e repetitivas e que o funcionário deveria ser treinado nas suas
tarefas seguindo rigorosamente a “prescrição da tarefa”. Naquela época, o funcionário
recebia por dia e não tinha um vínculo formal de trabalho na forma de “emprego”
como conhecemos hoje. Antes de seu método, não existia nenhuma recomendação
da sequência de atividades que deveriam ser feitas ou como essas atividades deveriam
ser feitas. Cada um fazia, mais ou menos, o que queria da forma que queria e com a
“carga de trabalho” que achava justa pelo seu ganho diário, ou seja, um funcionário
que trabalhava muito ganhava o “mesmo dinheiro” que um funcionário que trabalhava
pouco; logo, a realização do trabalho era nivelada por baixo. E Taylor sabia disso, sabia
que havia uma boa parcela de ineficiência aceita pelo formato de trabalho da época.
Foi nesse cenário que, ao dividir o trabalho, impôs uma sequência de trabalho, posto
a posto de trabalho. Definiu que, em cada posto de trabalho as tarefas deveriam ser
feitas de maneira simples e repetitivas. Foi uma maneira inteligente de definir um fluxo
contínuo de produção além de tentar garantir que o trabalho fosse feito, sempre, da
mesma maneira e, como consequência distribuiu a carga de trabalho uniformemente
entre os operários em cada um dos seus postos der trabalho.

Na prescrição da tarefa dos postos de trabalho, procurava pensar na tarefa e rever os


movimentos de maneira a eliminar os movimentos desnecessários a fim de economizar
tempo e energia. A fim de tornar o trabalho mais eficiente e menos exaustivo ao
operário, começou-se a medir o trabalho no tempo, o que mais tarde e, até os dias de
hoje, seria chamado de “cronoanálise”. Além de dividir o trabalho, passou a definir
a sequência e fazer a prescrição da tarefa, também foi definido um ritmo de trabalho
na produção com as esteiras móveis. A esteira móvel a que nos referimos, nesse
momento, não é a esteira móvel de Ford que foi a precursora da produção em massa.
A esteira móvel de Ford veio mais tarde. A “esteira móvel de Taylor” foi, de acordo
com o contexto apresentado, um elemento para aumentar a quantidade e qualidade
produzida como meio de consolidação do seu modelo de análise científica do trabalho.

Além de todas as preocupações de relativas à organização da fábrica bem como


sua eficiência, preocupou-se também em organizar o espaço fabril ordenando os
elementos; máquinas, ferramentas, dispositivos e até o próprio trabalhador de
maneira eficiente na fábrica.

Taylor foi muito criticado em sua obra, pois se afirmava que ele rebaixava o homem a
condição de animal. Dizia que o estudo do método de trabalho deveria ser executado
por uma parte da empresa composta por pessoas que deveriam ser estudadas e
devidamente preparadas para isso. Não deveria, jamais, ser dado ao simples funcionário
a autonomia de decidir o que, como e quando fazer. Afirmava-se, que Taylor definia
o simples funcionário como “acéfalo”, ou, pouco dotado de inteligência e incapaz de
tomar decisões racionais; dizia também que o trabalho deveria ter um método definido
com ritmo a fim de “impedir” que funcionário “burlasse intencionalmente” os índices
de eficiência esperados, hoje em dia poderíamos dizer que não era desejado que o
simples funcionário “encostasse o corpo”, e, com essa situação, afirmava-se que Taylor
havia rotulado o simples funcionário de indolente, ou se preferir, vagabundo.

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Origem e Evolução da Ergonomia

Será que a intenção de Taylor era realmente “rebaixar o trabalhador a uma condição de
animal”? OU Será que Taylor, conhecedor da falta de qualificação do “trabalho confinado”
dentro da fábrica e, sabendo que, frente ao ritmo frenético de produção que se propunha
não haveria tempo nem meios de garantir a criação de competências necessárias ao simples
trabalhador, optou, em seu modelo de “trabalho confinado”, qualificar não a fábrica toda,
mas um grupo pequeno de profissionais dedicados à definição do método de trabalho e a
definição dos níveis de produtividade esperados?

Taylor, para “motivar” seus funcionários, oferecia prêmios para ganhos em produtividade;
quem produzisse mais, ganhava mais. Surge aí a ideia de remuneração variável, ou
conforme conhecemos nos dias de hoje, participação nos lucros e resultados.

Todavia, nem sempre os princípios de Taylor eram devidamente empregados.


Frequentemente, o tempo definido para execução da tarefa e, muitas vezes o próprio
método eram definidos por quem sequer conhecia a fábrica e, impossíveis de serem
cumpridos. Os funcionários sentiam-se oprimidos pela gerência da fábrica e, reagiam
descumprindo as normas (prescrição da tarefa) e danificando, intencionalmente, os
equipamentos além de não se sentirem minimamente comprometidos com a qualidade.

Curiosidade: você se lembra da “reengenharia” dos americanos Michael Hammer e James


Champy? Reengenharia é um modelo de reestruturação da empresa criado em meados
dos anos 1990 para atender às necessidades de mercado. Consiste em utilizar um número
menor de colaboradores, porém, mais qualificados. Todavia, assim como os princípios da
Administração Científica de Taylor, a reengenharia também foi gerenciada, eventualmente,
por profissionais de reputação duvidosa e o modelo foi utilizado “como desculpa” para
justificar demissão em massa. Em muitos fóruns, a reengenharia é criticada e mal vista
justamente por ser vista como a “foice do desemprego sem critério”. O conceito do modelo
é muito interessante e poderia ter sido, talvez, uma releitura para a definição de eficiência.

Por se sentir vítimas de um ambiente absolutamente coercitivo, houve reclamações


generalizadas por todo país (EUA), envolvendo inclusive os sindicatos. O
descontentamento era tão grande que Taylor foi chamado a se explicar no Congresso
Nacional Americano sob o argumento de que, nesse “novo método de trabalho”,
trabalhava-se mais (produzia-se mais) e ganhava-se a mesma quantidade em dinheiro
além de ser coercitivo.

Taylor defendeu-se dizendo que, na Administração Científica, o trabalhador não


trabalhava mais, trabalhava melhor. Como havia uma grande preocupação com a
economia de energia do trabalhador através da racionalização dos movimentos, ele
trabalhava menos, produzia mais e ainda tinha prêmio relativo ao seu desempenho.

Segundo a física, toda ação requer uma reação e como reação à Administração
Científica de Taylor, ou Taylorismo, surge a Escola das Relações Humanas onde seu
ícone é Elton Mayo.
Anteriormente a “Escola das Relações Humanas” a noção de trabalho era relacionada
à pena bem como na Bíblia. E a imagem de operário era relacionada a quem não tem
vontade, direitos ou, sequer, dores.

Em meados da década de 1920, Mayo promoveu uma pesquisa que revolucionou a


relação homem x trabalho na empresa Western Electric em Hawtorne, EUA.

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Mayo pretendia estudar os efeitos da iluminação na eficiência da fábrica. Separou um
grupo de trabalhadores da produção e colocou-os num ambiente isolado da produção.
Nesse espaço, não havia a presença do “capataz”, encarregado ou supervisor de
produção nos dias de hoje. Muitas vezes, o capataz era coercitivo a ponto de castigar
fisicamente o operário.

Mayo forneceu iluminação adequada e a produção aumentou. Em um segundo


momento, Mayo reduziu a iluminação e a produção continuou a subir. Esse foi
chamado o efeito Hawtorne, em que Mayo concluiu que a eficiência na produção
não era explicada ou justificada apenas fatores físicos, havia o componente humano
que deveria ser identificado, reconhecido e valorizado. Os operários escolhidos para
esse estudo receberam atenção especial e, ao saberem que estavam sendo filmados,
sentiram-se valorizados.

Ao contrário da proposta de Taylor, em que o operário era analisado isoladamente,


Mayo propôs, a partir do efeito Hawtorne, a humanização da produção, criando
incentivos morais e psicológicos. Afinal, posto que o trabalho é um meio de vida
e não de morte, não precisa ser “penoso”. A partir do efeito Hawtorne, surge um
novo campo de pesquisa conhecido como sociologia industrial e, com ela, os grupos
autônomos com tarefas mais integradas nos moldes da organização do trabalho como
conhecemos nos dias de hoje.

Conforme já citado anteriormente, o conceito de ergonomia vem sendo ampliado dia


após dia. Quanto maior o conhecimento das pessoas, em geral, sobre o que vem a ser
ergonomia e suas respectivas aplicações, não só o conceito fundamental se consolida,
como também se aperfeiçoa, de acordo com a resposta da sociedade.

No Brasil, não há cursos de graduação que formem ergonomistas; todavia, há uma


grande variedade de cursos de pós-graduação nessa área para os mais diversos profissionais
que vão desde a engenharia até disciplinas ligadas à saúde, psicologia e sociologia.

A maioria das empresas que aplica a ergonomia não tem uma área composta de
ergonomistas, mas possui um grupo de profissionais ligados, direta ou indiretamente, à
execução do trabalho e suas derivações.

Na organização moderna, em um ambiente cada vez mais competitivo, não é raro as


empresas “incorporarem” a preocupação com a ergonomia e segurança do trabalho até
porque existem normas brasileiras que regulamentam a relação empregador x empregado.

A fim de aplicar devidamente ergonomia em toda sua amplitude, muitas empresas


criam e mantêm o “COMITÊ DE ERGONOMIA”, que é um grupo de profissionais
multidisciplinar a fim de “garantir” que, nessa organização, as interações entre homens
e sistemas acontecem harmonicamente. Esse grupo deve-se reunir periodicamente e
planejar a aplicação de ações imediatas, além de planejar eventos futuros, guardando a
premissa de “Melhoria Contínua”.

De acordo com IIda (2005), há profissionais ligados à saúde do trabalhador, à


organização do trabalho, ao projeto de máquinas e equipamentos, trazendo consigo
sua contribuição em conhecimentos úteis que devem ser considerados na solução de
problemas ergonômicos, dentre os quais destacam-se:

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UNIDADE
Origem e Evolução da Ergonomia

Médicos do trabalho: podem ajudar na identificação dos locais que provocam


acidentes ou doenças ocupacionais a realizar acompanhamentos de saúde e, ainda,
criar um dossiê de “histórico de dor” por setor. Essa prática vai servir para orientar
o “Comitê de ergonomia” na revisão de processos de trabalho atuais e no projeto de
novos processos de trabalho.

Engenheiros de projeto: contribuem nos aspectos técnicos, procurando adequar


máquinas e ambiente de trabalho.

Engenheiros de produção: procuram distribuir o trabalho sem sobrecarga,


estabelecendo um fluxo racional de materiais e postos de trabalho; devem estudar os
métodos de trabalho, tempos e postos de trabalho.

Engenheiros de segurança e manutenção: identificam áreas, máquinas e processos


de trabalho que podem oferecer risco ao trabalhador.

Desenhistas industriais: ajudam na adaptação de máquinas e equipamentos, projeto


do posto de trabalho e sistemas de comunicação.

Psicólogos: são comumente envolvidos na análise dos processos cognitivos,


relacionamentos humanos, seleção e treinamento de pessoal e podem dar sua
contribuição no estabelecimento de novos métodos.

Enfermeiros e fisioterapeutas: devem procurar agir preventivamente no histórico


de dor e lesões ocupacionais. Quando a prevenção não tiver sido possível, atuam na
recuperação desses trabalhadores.

Programadores de produção: podem contribuir definindo, na medida do possível,


um fluxo contínuo de produção e evitando trabalhos noturnos.

Administradores: podem atuar na elaboração de cargos e salários mais justos,


melhorando a autoestima do trabalhador.

Compradores: devem ser conhecedores dos princípios de ergonomia a fim de


procurarem adquirir máquinas, equipamentos e materiais mais limpos, seguros,
confortáveis e menos tóxicos.

Quando não existe um grupo multidisciplinar, que aqui chamamos de “Comitê


de ergonomia”, apoiado incondicionalmente pela alta administração ou quando a
organização dá os primeiros passos dentro do universo da ergonomia, muitas vezes, a
ergonomia é aplicada de acordo com a ocasião que é feita e, segundo IIda (2005) apud
Wisner (1987), como “ergonomia de ocasião” é classificada em concepção, correção,
conscientização e participação.

Ergonomia de concepção: quando a abordagem ergonômica nasce com a ideia


inicial sobre uma máquina, equipamento, mobiliário e processo de fabricação e/ou
prestação de serviços. O projetista já pensa na aplicação final de seu produto e/ou
serviço dentro dos preceitos da ergonomia.

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Ergonomia de correção: quando o problema já existe, seja histórico de dor física ou
alguma patologia psíquica desenvolvida pela natureza do trabalho feito, é necessária a
mobilização de profissionais capacitados nessas áreas específicas a fim de corrigir esse
histórico já existente.

Ergonomia de conscientização: ainda que a empresa forneça EPI’s (equipamentos


de proteção individual), ainda que haja palestras de integração quando o trabalhador inicia
seu trabalho na empresa, ainda que a empresa disponibilize equipamentos ergonômicos
para os funcionários e os engenheiros e fisioterapeutas promovam treinamentos sobre
os movimentos corretos em novos processos, o trabalhador PRECISA entender que
toda essa mobilização de recursos é para ele, todavia, depende dele o trabalho correto.
É preciso preparar devidamente o trabalhador por meio de palestras de informação
e conscientização da sua própria responsabilidade para manutenção da sua própria
saúde e motivação no ambiente de trabalho. Altos investimentos são feitos por parte
das organizações e, sem a devida participação do trabalhador, todos esses esforços, bem
como os investimentos mobilizados por parte da empresa de NADA valem. A dor vai
existir, o assédio moral vai existir, o afastamento e o aumento nos custos, bem como
a perda de eficiência vai persistir. Por mais que seja oneroso “parar” a operação para
palestras, ainda é bem mais barato do que perder os investimentos de energia, tempo e
dinheiro para “aplicar devidamente a ergonomia”.

Ergonomia de participação: é quando o trabalhador ou usuário participa do processo


de desenvolvimento de máquinas, equipamentos, mobiliário e processo de fabricação e/
ou prestação de serviços. A ergonomia de participação é efetiva quando o trabalhador
ou usuário já possui conhecimentos prévios sobre o que vem a ser ergonomia.

Traçando um paralelo entre o conceito de ergonomia e o conceito de qualidade,


igualmente atuais em constante ampliação de escopo, sabemos que, quando o conceito
de qualidade invade toda organização, podemos entender que a organização ampliou o
escopo de tal forma que tomou, invadiu toda organização. Para essa situação, é possível
afirmar que a empresa chegou ao estágio de qualidade total.

A “Qualidade Total” está relacionada ao grau de maturidade organizacional que a


empresa possui. Quando uma organização é capaz de definir objetivos claros voltados a
qualidade, disseminar e gerir esses objetivos em todos os níveis hierárquicos e em todos
os colaboradores, é possível afirmar que o “conceito” de qualidade total “invadiu” toda
a organização.

Da mesma maneira, quando o conceito de ergonomia é construído e consolidado em


toda a organização, é possível afirmar que a macroergonomia foi atingida pela empresa.

Sempre onde há trabalho humano, em qualquer segmento de mercado, inclusive


em nossa vida cotidiana, deve haver ergonomia. No ato de um estudante levar uma
mochila para escola, deve haver ergonomia de correção na ou conscientização sobre
como carregar a mochila, as duas alças devem ser usadas, uma em cada ombro. Caso
seja possível, as mochilas com rodinhas devem ser escolhidas.

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UNIDADE
Origem e Evolução da Ergonomia

Antropometria
Segundo Iida (2005) a origem da antropometria remonta-se à Antiguidade, pois
egípcios e gregos já observavam e estudavam a relação das diversas partes do corpo.
O reconhecimento dos biótipos remonta-se aos tempos bíblicos e os nomes de muitas
unidades de medida utilizadas, hoje em dia, são derivados de segmentos do corpo. A
antropometria trata das medidas do corpo humano. Aparentemente, medir as pessoas
seria uma tarefa fácil, bastando, para isso, ter uma régua, trena e balança. Entretanto, isso
não é tão simples assim, quando se pretende obter medidas representativas e confiáveis
de uma população composta de indivíduos dos mais variados tipos e dimensões.

Uma das muitas aplicações das medidas antropométricas na ergonomia é relacionada


com o dimensionamento do espaço de trabalho, desenvolvimento de mobiliário, definições
dos espaços internos dos automóveis, ferramentas e dispositivos, além de melhor
definição do “tamanho humano” relacionados a roupas e equipamentos, principalmente
com os avanços tecnológicos associados às coordenadas tridimensionais da engenharia
e da biomecânica. Com isso, amplia-se a possibilidade do uso da tecnologia supracitada
em procedimentos diagnósticos e construções de próteses ortopédicas, por exemplo.

A antropometria divide-se em:


· Antropometria estática: Refere-se a medidas gerais de segmentos corporais
com o indivíduo em posição estática (parado).
· Antropometria dinâmica: Refere-se a pequenos movimentos realizados por
segmentos corporais nos três planos de secções anatômicas.
· Antropometria funcional: Refere-se à análise dos movimentos específicos
de uma atividade considerando os três planos de secção e delimitações
anatômicas em um posto de trabalho.

Biomecânica
A biomecânica é o estudo da mecânica dos organismos vivos. É parte da biofísica.

Mas o que é biofísica?

A biofísica é uma ciência interdisciplinar que aplica as teorias/métodos da física para


resolver questões de biologia e busca enxergar o ser vivo como um corpo, que ocupando
lugar no espaço e transformando energia, existe num meio ambiente que interage com
este ser. Importante notar que aspectos elétricos, gravitacionais, magnéticos e mesmo
nucleares estão na fundamentação de vários fenômenos biológicos e, portanto, podem
ser tratados pelos conhecimentos das ciências físicas. Além disso, é estudada por
algumas ciências da saúde e biológicas, como: Biologia, Biotecnologia, Enfermagem,
Fonoaudiologia, Medicina, Odontologia e principalmente na Biomedicina, Engenharia
Biomédica, Fisioterapia e Terapia Ocupacional.

Em resumo: biofísica é o estudo da matéria, espaço, energia e tempo que ocorrem


nos Sistemas Biológicos.

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A Biomecânica externa estuda as forças físicas que agem sobre os corpos enquanto a
biomecânica interna estuda a mecânica e os aspectos físicos e biofísicos das articulações,
dos ossos e dos tecidos histológicos do corpo.

A Biomecânica, além de ser, atualmente, uma ciência com laboratórios específicos e


diversos níveis de pesquisas, nas Universidades, é também uma especialidade e uma disciplina
oferecida pelos Cursos superiores de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional.

As referências iniciais relativas à análise dos aspectos biomecânicos dos movimentos


corporais – humanos e animais – remontam à antiguidade clássica e pertencem a
Aristóteles, que registrou as primeiras observações sobre o ato de caminhar do Homem e
dos animais, como consequência da ação dos membros inferiores e patas contra o solo.

O meticuloso estudo dos movimentos do corpo, biomecânica, tem apresentado


resultados surpreendentes no esporte de alto desempenho. Em decorrência, grupos de
profissionais multidisciplinares estudam os movimentos dos atletas com todos os recursos
que a tecnologia permite e desenvolve, a partir de necessidades específicas e personalizadas,
um programa de treinamento dedicado “àquele atleta”. São fisioterapeutas, ortopedistas,
professores de educação física, especialistas em condicionamento físico, nutricionistas e
fisiologistas. Assim, o esporte de alto rendimento, para tornar o atleta competitivo em
âmbito mundial, mobiliza muitos recursos e grandes quantias em dinheiro.

As observações de Aristóteles, que aparecem na História como as primeiras


explicações para o gesto de deambulação (passeio, movimento) humana, foram
ratificadas quase dois mil anos depois pela Terceira Lei de Newton. Mas a história, ainda,
haveria que caminhar muito para transportar impressões observacionais subjetivas em
quantificação do gesto, que só foi iniciada a partir da invenção da fotografia.

Essa invenção representou o surgimento de uma nova possibilidade metodológica para as


pesquisas sobre aspectos do movimento corporal e deu origem a um ramo da Biomecânica
conhecido como cinemetria, que propicia o congelamento dos movimentos, o registro e,
consequentemente, a quantificação geométrica por meio dos instantâneos – ou fotograma –
possibilitando sua descrição precisa. Até os dias atuais, esse tipo de aplicação da fotografia
à biomecânica consiste num dos principais meios de obtenção de informações sobre a
geometria do movimento e é denominada Fotogrametria não Cartográfica.

Fisiologia
A fisiologia (do grego physis = natureza, função ou funcionamento; e logos =
palavra ou estudo) é o ramo da biologia que estuda as múltiplas funções mecânicas,
físicas e bioquímicas nos seres vivos. De uma forma mais sintética, a fisiologia estuda
o funcionamento do organismo. Além disso, é estudada em diversas áreas, inclusive
da saúde como Biomedicina, Educação física, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia,
Fonoaudiologia, Medicina, Medicina Veterinária, Nutrição, Odontologia, psicologia,
Terapia Ocupacional, dentre outras biológicas.

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UNIDADE
Origem e Evolução da Ergonomia

A fisiologia dos dias de hoje, biologia grega do passado, socorre-se dos conhecimentos
proporcionados pela física para explicar como decorrem essas funções vitais segundo
os princípios físicos. Efetivamente, os conceitos da Biologia são indissociáveis da Física
(ainda que aqui se fale de Física num sentido mais lato, incluindo a b química). Para quem
estuda a fisiologia integrada é importante o domínio da anatofisiologia.

A fisiologia é dividida, classicamente, em: fisiologia vegetal e fisiologia animal.

O campo de estudos da fisiologia animal estende os métodos e ferramentas de


estudo da fisiologia humana para espécies não humanas. Além disso, a fisiologia vegetal
emprega técnicas de ambos os campos citados anteriormente. Seu escopo e temas
são tão diversos quanto à diversidade da vida que existe no planeta. Por isso, pesquisas
em fisiologia animal tendem a concentrar-se no entendimento de como as funções
fisiológicas mudaram ao longo da história evolutiva dos animais.

Outros campos de estudo importantes têm surgido na fisiologia, tais como: a pesquisa
em bioquímica, biofísica, biologia molecular, biomecânica e farmacologia.

A fisiologia tem várias subdivisões independentes:


· A eletrofisiologia ocupa-se dos fluxos de elétrons no funcionamento dos
nervos e músculos e do desenvolvimento de instrumentos para a sua medida.
· A neurofisiologia estuda a fisiologia do sistema nervoso.
· A fisiologia celular ou biologia celular trata do funcionamento das células
individuais.
· A ecofisiologia tenta compreender como os aspectos fisiológicos afetam a
ecologia dos seres vivos e vice-versa.
· A fisiologia do exercício estuda os efeitos do exercício físico no organismo,
em especial no homem.

Alguns aspectos do funcionamento dos animais estudados pela fisiologia:


· Respiração;
· Circulação;
· Reprodução;
· Digestão;
· Cardiovação (sistema circulatório).

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Leitura
Bases Biomecânicas do Movimento Humano
É importante, além da ergonomia, considerar também os elementos que a compõem, tais
como: biomecânica, fisiologia e antropometria.
Atento(a) a esses aspectos, sugerimos, como leitura complementar, material relativo ao
estudo do movimento e biomecânica.
Para acessar esta obra, acesse o link abaixo.
Disponível em: https://goo.gl/cEZamh

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UNIDADE
Origem e Evolução da Ergonomia

Referências
Sites acessados:

[1] http://www.abergo.org.br - Acessado em maio de 2016.

Barnes, R. M. Estudo de movimentos e de tempos: projeto e medida do trabalho. São


Paulo. Editora Blucher, 1977.

Iida, I. Ergonomia, projeto e produção. São Paulo. Editora Blucher, 2005.

Ergo e Ação – Engenharia de Produção da Universidade Federal de São Carlos: http://


www.simucad.dep.ufscar.br/ptbergoacao.htm

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Ergonomia
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Marco Legal

Responsável pelo Conteúdo:


Profa. Ms. Cristhiane Eliza dos Santos

Revisão Textual:
Profa. Esp. Márcia Ota
Marco Legal

Fonte: iStock/Getty Images


Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos:
• Introdução ao Tema
• Leitura Obrigatória
• Material Complementar

Objetivos
• Apresentar e discutir o marco legal da ergonomia, suas definições e aplicação das
normas regulamentadoras do trabalho, bem como suas interações.
• Trazer à luz do conhecimento do aluno as premissas da “Comunicação de acidente de
trabalho” – CAT.

Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o
último momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.

Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo,
você poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou
alguns dias e determinar como o seu “momento do estudo”.

No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões


de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e
auxiliarão o pleno entendimento dos temas abordados.

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns
de discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além
de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço
de troca de ideias e aprendizagem.
UNIDADE
Marco Legal

Introdução ao Tema
Um dos principais objetivos, no mundo de hoje, é a produção máxima com um custo
mínimo e, recentemente, com o menor uso de recursos possível.

O modelo de produção enxuta, de uma maneira bem sucinta, foi a “adaptação” da


produção de bens em larga escala (produção em massa), só que com eliminação total de
desperdícios. A ideia de “eliminação total de desperdícios”, no século XXI, demanda de
mais uma releitura...

Alguns autores afirmam que, nesse momento, a sociedade mundial passa pela terceira
onda da Revolução Industrial, que é a “onda da tecnologia”. Para “refrescar” a memória,
a “primeira onda” foi a da bomba hidráulica e da máquina a vapor. A “segunda onda”
foi a do aço e da energia elétrica.

A releitura da produção de bens em larga escala com eliminação total de desperdícios,


na “terceira onda” da Revolução Industrial, que é a “onda da tecnologia da informação”
deve ser: a produção de bens em larga escala com utilização racional de recursos.
Causando, assim, o menor custo social, humano, financeiro, ambiental, etc.

Apoiada nas premissas de sustentabilidade surge a um modelo de produção. A


produção limpa.

A “Produção limpa” tem a preocupação de produzir bens em larga escala, com


racionalização de recursos sem agredir o meio ambiente, a sociedade, o trabalho e o
emprego, os lucros, a saúde e segurança do trabalhador, etc...

Os dias de hoje nos trazem uma realidade, em que vivenciamos “vários momentos”
ao mesmo tempo. É quase um “choque histórico”! Temos ao nosso redor organizações
que utilizam trabalho infantil e escravo. Os telejornais e documentários não nos deixam
esquecer dessa realidade! Outras organizações subjugam seus trabalhadores com tom
coercitivo e exploratório, burlando a lei e corrompendo a fiscalização. Existem, ainda,
organizações, nos dias de hoje, que são verdadeiros exemplos de “boas práticas” nas
ações que realizam...

Com isso, podemos pensar nos conceitos de segurança e de ergonomia que podem
e devem atuar em conjunto com um fator imprescindível na redução dos custos: a
tecnologia e a sustentabilidade.

A fim de regulamentar as relações entre empregador e empregado e conter a


exploração do trabalho humano, procurou formalizar as regras de desenvolvimento do
trabalho humano em ambientes específicos com o objetivo de proteger e manter a vida
do trabalhador, bem como regulamentar as relações entre “empregador” e “empregado”.

Existem normas que definem essa relação que são conhecidas como Normas
Regulamentadoras do Trabalho e derivam da Consolidação das Leis do Trabalho
sancionada pelo, então, Presidente da República Federativa do Brasil, Getúlio Vargas,
em 1943.

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Já afirmamos anteriormente que o conceito de ergonomia remonta a história do homem
na Terra. O trabalho para o homem nômade era sair à caça para garantir sua sobrevivência.

Bem mais tarde, quando surge o trabalho remunerado, ou seja, o trabalho humano
assalariado, aparece também a preocupação com eficiência, competitividade, lucros e,
talvez, a exploração do trabalhador. Muitas vezes, a preocupação com lucros rouba a cena
de tal forma que não há espaço para preocupação com o trabalho humano nem com as
condições de trabalho. Com o passar do tempo e o desenvolvimento da sociedade, houve
a necessidade de formalizar, em forma de lei, as relações entre empregador e empregado.

Para sua informação e organização, o conteúdo total da unidade está distribuído em


6 (seis) assuntos relevantes ao tema, conforme diagrama:

1 ·· Trabalho Assalariado

2 ·· Regulamentação do Trabalho no Brasil

3 ·· NR’s

4 ·· NR-17 - Ergonomia

5 ·· Interação das NR’s

6 ·· CAT

Leitura Obrigatória
Surgimento do Trabalho Assalariado
Nos primórdios da Idade Média, com o progresso das cidades e o uso do dinheiro,
os artesãos tiveram opção de abandonar o trabalho na lavoura e viver do seu ofício. No
início, dependiam exclusivamente do seu trabalho e familiares para obtenção do seu
sustento e abastecer a necessidade de uma população pequena, mas crescente. Aos
poucos, as cidades foram crescendo e a demanda aumentando, o que implicou em uma
contratação de mão de obra, trazendo à tona os aprendizes, os quais trabalhavam em
troca de alimento ou até mesmo dinheiro e alguns obtinham recursos para abrirem sua
própria oficina. Com isso, os detentores dos meios de produção (oficina, ferramentas)
passaram a acumular riquezas.

Um processo lento de ruptura das relações feudais separou, de forma gradativa,


o trabalhador dos meios de produção, no campo e nas manufaturas. O camponês,
que aos poucos foi se transformado em trabalhador livre, viu-se obrigado a vender sua
força de trabalho para sobreviver. Enfim, o domínio burguês do trabalho percorreu uma
trajetória que se iniciou no crescimento das populações das cidades no fim da Idade
Média, alimentado pela expansão dos mercados internacionais. O interior da Europa
modificou-se com os resultados dessa expansão: a manufatura substitui o artesanato, a
divisão do trabalho corporativo desapareceu diante da divisão do trabalho nas oficinas
e, mais tarde, nas fábricas.

Seguindo a linha do tempo, com o mercantilismo cada vez mais forte, nasce a
necessidade de aumentar os níveis de produção e, com isso, surge a Revolução Industrial.

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UNIDADE
Marco Legal

No cenário da Revolução Industrial, os detentores dos meios de produção eram os


donos de indústrias que tinham como sua maior preocupação o lucro, a acumulação de
riquezas a partir da utilização desses seus meios de produção e da utilização do trabalho
humano. O mundo estava em efervescência e a possibilidade de acumular riquezas era
“deslumbrantemente possível”.

Foi nesse cenário que, por engano ou não, houve a exposição do trabalho humano
na forma de longas jornadas de trabalho, até 18 horas por dia, trabalho feminino e
infantil além de algumas organizações exporem seus trabalhadores a castigos físicos.
Mesmo com a Administração Científica de Taylor essas questões não foram amenizadas.
Além disso, frequentemente e equivocadamente, muitas pessoas acreditavam que era o
“taylorismo” que impunha essa dinâmica ao trabalho. Em resposta ao taylorismo veio
Elton Mayo com o “Efeito Hawthorne”, conforme apresentado anteriormente.

Ao redor do mundo, governos se mobilizaram para, de alguma maneira, impor limites


a relação capital-trabalho ou empregador-empregado a fim de acabar com a exploração
do trabalho humano.

Na Itália, surge a “Carta del Lavoro” no governo de Benito Mussolini.

Regulamentação do trabalho no Brasil


A situação no Brasil não era diferente, embora nossa Revolução Industrial tenha
ocorrido muito depois.

Com o fim da escravidão, houve necessidade de mão de obra que começou a vir
da Europa para suprir a necessidade no campo, uma vez que o Brasil da época era
essencialmente agrícola. Com a nossa Revolução Industrial, começou a migração desta
mão obra do campo para as cidades, da mesma forma as condições de trabalho eram
precárias, mas no caso do Brasil, havia uma diferença, os migrantes europeus tinham
ideais, trazendo, assim, um movimento sindical para luta contra abusos.

Para regulamentar esta relação, em 1939, é criada a Justiça do Trabalho no governo


de Getúlio Vargas.

Em 01 de maio de 1943, ainda no governo Vargas, através do Decreto-Lei n° 5.432


é criada a CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas), que tem como objetivo principal
regulamentar as relações individuais e coletivas do trabalho.

Este decreto foi assinado em pleno Estádio de São Januário (Vasco da Gama), lotado
de trabalhadores comemorando esta conquista.

Segue abaixo a transcrição do art. 1º da CLT:


“Art. 1º - Esta Consolidação estatui as normas que regulam as relações individuais e
coletivas de trabalho, nela previstas. ”

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Normas regulamentadoras do trabalho
As Normas Regulamentadoras (NRs), embora estejam contidas no Capítulo V,
Título II, da CLT, foram aprovadas somente em 08 de junho de 1978, através da
Portaria N° 3.214.

As NRs tratam especificamente da Segurança e Medicina do Trabalho e são


obrigatórias para todas as empresas brasileiras regidas pela CLT. As NRs são elaboradas
e/ou modificadas por comissões tripartites compostas por representantes do governo,
empregados e empregadores.

As Normas Regulamentadoras organizam-se, conforme se segue:


Normas Regulamentadoras:

NR 1 - Disposições Gerais:
As NRs são de observância obrigatória pelas empresas privadas e públicas e pelos
órgãos públicos de adminsitração direta e indireta, que possuam empregados regidos
pela Consolidação das Leis do Trabalho - (CLT). A NR1 estabelece a importância,
funções e competência da Delegacia Regional do Trabalho.

NR 2 - Inspeção Prévia:
Todo estabelecimento novo, antes de iniciar suas atividades, deverá solicitar aprovação
de suas instalações ao órgão do Ministério do Trabalho e Emprego.

NR 3 - Embargo ou interdição:
A Delegacia Regional do Trabalho, à vista de laudo técnico do serviço competente que
demonstre grave e iminente risco para o trabalhador, poderá interditar estabelecimento,
setor de serviço, máquina ou equipamento, ou embargar a obra. (CLT, Artigo 161,
incisos 3.6|3.4|3.7|3.8|3.9|3.10).

NR 4 - Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina


do trabalho:
A NR 4 estabelece os critérios para organização dos Serviços Especializados em
Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT), de forma a reduzir os
acidentes de trabalho e as doenças ocupacionais. Para cumprir suas funções, o SESMT
deve ter os seguintes profissionais: médico do trabalho, engenheiro de segurança
do trabalho, enfermeiro do trabalho, técnico de segurança do trabalho, auxiliar de
enfermagem, em quantidades estabelecidas em função do número de trabalhadores e
do grau de risco.

NR 5 - Comissão Interna de Previenção de Acidentes (CIPA):


As empresas privadas, públicas e órgãos governamentais que possuam empregados
regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) ficam obrigados a organizar e
manter em funcionamento uma Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CLT,
Artigo 164, Incisos 5.6|5.6.1|5.6.2|5.7|5.11 e Artigo 165, inciso 5.8) [3] A Comissão
Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA - tem como objetivo a prevenção de acidentes
e doenças decorrentes do trabalho, de modo a tornar compatível permanentemente o
trabalho com a preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador.

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UNIDADE
Marco Legal

NR 6 - Equipamento de Proteção Individual:


Para os fins de aplicação desta NR, considera-se Equipamento de Proteção Individual
(EPI) todo dispositivo de uso individual, de fabricação nacional ou estrangeira, destinado
a proteger a saúde e a integridade física do trabalhador. A empresa é obrigada a fornecer
aos empregados gratuitamente. (CLT - artigo 166 inciso 6.3, subitem A - Artigo 167
inciso 6.2)

NR 7- Programa de Contole Médico de Saúde Ocupacional:


Esta NR estabelece a obrigatoriedade da elaboração e implementação, por parte de
todos os empregadores e instituições que admitam trabalhadores como empregados,
do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional - PCMSO, cujo objetivo é
promover e preservar a saúde do conjunto dos seus trabalhadores.

NR 8 - Edificações:
Esta NR estabelece requisitos técnicos mínimos que devam ser observados nas
edificações para garantir segurança e conforto aos que nelas trabalham.

NR 9 - Programa de Prevenção de Riscos Ambientais:


Esta NR estabelece a obrigatoriedade da elaboração e implementação, por parte de
todos os empregadores e instituições que admitam trabalhadores como empregados, do
Programa de Prevenção de Riscos Ambientais, através da antecipação, reconhecimento,
avaliação e consequente controle da ocorrência de riscos ambientais existentes ou que
venham a existir no ambiente de trabalho.

NR 10 - Serviços em Eletricidade:
Esta NR estabelece os requisitos e condições mínimas exigidas para garantir a segurança
e saúde dos trabalhadores que interagem com instalações elétricas, em suas etapas
de projeto, construção, montagem, operação e manutenção, bem como de quaisquer
trabalhos realizados em suas proximidades.

NR 11-Transporte, Movimentação, Armazenagem, e Manuseio de Materiais:


Esta NR estabelece normas de segurança para operação de elevadores, guindastes,
transportadores industriais e máquinas transportadoras. O armazenamento de materiais
deverá obedecer aos requisitos de segurança para cada tipo de material.

NR 12 - Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos:


Esta NR estabelece os procedimentos obrigatórios nos locais destinados a máquinas e
equipamentos, como piso, áreas de circulação, dispositivos de partida e parada, normas
sobre proteção de máquinas e equipamentos, bem como manutenção e operação.

NR 13 - Caldeiras e vasos de Pressão:


Esta NR estabelece os procedimentos obrigatórios nos locais, onde se situam as caldeiras
de qualquer fonte de energia, projeto, acompanhamento de operação e manutenção,
inspeção e supervisão de inspeção de caldeiras e vasos de pressão, em conformidade
com a regulamentação profissional vigente no país.

NR 14 - Fornos:
Esta NR estabelece os procedimentos mínimos, fixando construção sólida, revestida
com material refratário, de forma que o calor radiante não ultrapasse os limites de
tolerância, oferecendo o máximo de segurança e conforto aos trabalhadores.

• NR 15 - Atividades e Operações Insalubres:


Esta NR estabelece os procedimentos obrigatórios, nas atividades ou operações
insalubres que são executadas acima dos limites de tolerância previstos na Legislação,
comprovadas através de laudo de inspeção do local de trabalho. Agentes agressivos:
ruído, calor, radiações, pressões, frio, umidade, agentes químicos.

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NR 16 - Atividades e Operações Perigosas:
Esta NR estabelece os procedimentos nas atividades exercidas pelos trabalhadores que
manuseiam e/ou transportam explosivos ou produtos químicos, classificados como
inflamáveis, substâncias radioativas e serviços de operação e manutenção.

NR 17- Ergonomia:
Esta NR visa estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de
trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar
um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente, incluindo os aspectos
relacionados ao levantamento, transporte e descarga de materiais, ao mobiliário, aos
equipamentos e às condições ambientais do posto de trabalho e à própria organização
do trabalho.

NR 18 - Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção:


Esta NR estabelece diretrizes de ordem administrativa, de planejamento e de organização,
que objetivam a implementação de medidas de controle e sistemas preventivos de
segurança nos processos, nas condições e no meio ambiente de trabalho na indústria
da construção.

NR 19 - Explosivos:
Esta NR estabelece os procedimentos para manusear, transportar e armazenar
explosivos de uma forma segura, evitando acidentes.

NR 20 - Líquidos Combustíveis e Inflamáveis:


Esta NR estabelece a definição para líquidos combustíveis, líquidos inflamáveis e Gás de
petróleo liquefeito, parâmetros para armazenar, como transportar e como devem ser
manuseados pelos trabalhadores.

NR 21 - Trabalhos a céu aberto:


Esta NR estabelece os critérios mínimos para os serviços realizados a céu aberto, sendo
obrigatória a existência de abrigos, ainda que rústicos com boa estrutura, capazes de
proteger os trabalhadores contra intempéries.

NR 22 - Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração:


Esta NR estabelece sobre procedimentos de Segurança e Medicina do Trabalho em
minas, determinando que a empresa adotará métodos e manterá locais de trabalho
que proporcionem a seus empregados condições satisfatórias de Segurança e
Medicina do Trabalho.

NR 23 - Proteção Contra Incêndios:


Esta NR estabelece os procedimentos que todas as empresas devam possuir, no tocante
à proteção contra incêndio, saídas de emergência para os trabalhadores, equipamentos
suficientes para combater o fogo e pessoal treinado no uso correto.

NR 24 - Condições Sanitárias e de Conforto nos Locais de Trabalho:


Esta NR estabelece critérios mínimos, para fins de aplicação de aparelhos sanitários,
gabinete sanitário, banheiro, cujas instalações deverão ser separadas por sexo,
vestiários, refeitórios, cozinhas e alojamentos.

NR 25 - Resíduos Industriais:
Esta NR estabelece os critérios para eliminação de resíduos industriais dos locais de
trabalho, através de métodos, equipamentos ou medidas adequadas, de forma a evitar
riscos à saúde e à segurança do trabalhador.

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UNIDADE
Marco Legal

NR 26 - Sinalização de Segurança:
Esta NR tem por objetivos fixar as cores que devam ser usadas nos locais de trabalho
para prevenção de acidentes, identificando, delimitando e advertindo contra riscos.

NR 27 - Registro Profissional do Técnico de Segurança do Trabalho no Ministério


do Trabalho:
Esta NR estabelecia que o exercício da profissão de técnico de segurança do trabalho
dependia de registro no Ministério do Trabalho, fosse efetuado pela SSST, com
processo iniciado através das DRT.

Esta NR foi revogada pela portaria Nº 262 de 29 de maio de 2008 (DOU de 30


de maio de 2008 – Seção 1 – Pág. 118). De acordo com o Art. 2º da supracitada
portaria, o registro profissional será efetivado pelo Setor de Identificação e Registro
Profissional das Unidades Descentralizadas do Ministério do Trabalho e Emprego,
mediante requerimento do interessado, que poderá ser encaminhado pelo sindicato
da categoria. O lançamento do registro será diretamente na Carteira de Trabalho e
Previdência Social – CTPS.

NR 28 - Fiscalização e Penalidades:
Esta NR estabelece que fiscalização, embargo, interdição e penalidades, no cumprimento
das disposições legais e/ou regulamentares sobre segurança e saúde do trabalhador,
serão efetuadas obedecendo ao disposto nos decretos leis.

NR 29 - Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho Portuário:


Esta NR regulariza a proteção obrigatória contra acidentes e doenças profissionais,
alcançando as melhores condições possíveis de segurança e saúde dos trabalhadores
que exerçam atividades nos portos organizados e instalações portuárias de uso privativo
e retroportuárias, situadas dentro ou fora da área do porto organizado.

NR 30 - Segurança e Saúde no Trabalho Aquaviário:


Esta norma aplica-se aos trabalhadores das embarcações comerciais, de bandeira
nacional, bem como às de bandeiras estrangeiras, no limite do disposto na Convenção
n.º 147 da Organização Internacional do Trabalho - Normas Mínimas para Marinha
Mercante, utilizado no transporte de mercadorias ou de passageiros, inclusive naquelas
utilizadas na prestação de serviços, seja na navegação marítima de longo curso, na
de cabotagem, na navegação interior, de apoio marítimo e portuário, bem como em
plataformas marítimas e fluviais, quando em deslocamento.

NR 31 - Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho na


Agricultura, Pecuária, Silvicultura, Exploração Florestal e Aquicultura:
Esta NR tem por objetivo estabelecer os preceitos a serem observados na organização
e no ambiente de trabalho, de forma a tornar compatível o planjamento e o
desenvolvimento das atividades da agricultura, pecuária, silvicultura, exploração florestal
e aqüicultura com a segurança e saúde e meio ambiente do trabalho.

Para fins de aplicação desta NR, considera-se atividade agroeconômica, aquelas que,
operando na transformação do produto agrário, não alterem a sua natureza, retirando-
lhe a condição de matéria-prima.

NR 32 - Segurança e Saúde no Trabalho em Estabelecimentos de Saúde:


Esta NR tem por finalidade estabelecer as diretrizes básicas para a implementação de
medidas de proteção à segurança e à saúde dos trabalhadores dos serviços de saúde,
bem como daqueles que exercem atividades de promoção e assistência à saúde em geral.

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Para fins de aplicação desta NR, entende-se como serviços de saúde qualquer
edificação destinada à prestação de assistência à saúde da população e todas as ações
de promoção, recuperação, assistência, pesquisa e ensino em saúde em qualquer
nível de complexidade.

A responsabilidade é solidária entre contratante e contratado quanto ao cumprimento da


NR 32. A conscientização e colaboração de todos é muito importante para prevenção
de acidentes na área da saúde.

As atividades relacionadas aos serviços de saúde são aquelas que, no entendimento


do legislador, apresentam maior risco devido à possibilidade de contato com
microorganismos encontrados nos ambientes e equipamentos utilizados no exercício
do trabalho, com potencial de provocar doenças nos trabalhadores.

Os trabalhadores diretamente envolvidos com estes agentes são: médicos, enfermeiros,


auxiliares e técnicos de enfermagem, atendentes de ambulatórios e hospitais, dentistas,
limpeza e manutenção de equipamentos hospitalares, motoristas de ambulância, entre
outros envolvidos em serviços de saúde.

NR 33 - Segurança e Saúde no Trabalho em Espaços Confinados:


Esta NR tem por objetivo estabelecer os requisitos mínimos para identificação de
espaços confinados e o reconhecimento, avaliação, monitoramento e controle dos
riscos existentes, de forma a garantir permanentemente a segurança e saúde dos
trabalhadores e que interagem direta ou indiretamente nestes espaços.

Espaço confinado é qualquer área ou ambiente não projetado para ocupação humana
contínua, que possua meios limitados de entrada e saída, cuja ventilação existente
é insuficiente para remover contaminantes ou onde possa existir a deficiência ou
enriquecimento de oxigênio.

NR 34 - Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção e


Reparação Naval:
Esta NR trata de nove procedimentos de trabalhos executados em estaleiros:
trabalho a quente; montagem e desmontagem de andaimes; pintura; jateamento e
hidrojateamento; movimentação de cargas; instalações elétricas provisórias; trabalhos
em altura; utilização de radionuclídeos e gamagrafia; e máquinas portáteis rotativas.

Esta NR tem por finalidade estabelecer os vários requisitos mínimos e as medidas


de proteção à segurança, à saúde e ao meio ambiente de trabalho nas atividades da
indústria de construção e reparação naval.

NR 35 -Trabalho em Altura:
A NR-35 estabelece os requisitos mínimos e as medidas de proteção para o trabalho
em altura, como o planejamento, a organização e a execução, a fim de garantir a
segurança e a saúde dos trabalhadores com atividades executadas acima de dois metros
do nível inferior, onde haja risco de queda.

NR 36 - Norma Regulamentadora sobre Abate e Processamento de Carnes e


Derivados:
Disponibiliza para consulta pública o texto técnico básico de criação da Norma
Regulamentadora sobre Abate e Processamento de Carnes e Derivados pela Portaria
N.º 273 de 16 de agosto de 2011.

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UNIDADE
Marco Legal

Aplicação da NR-17 - Ergonomia


Conforme cita SESI, 2008 a Norma Regulamentadora 17, cujo título é Ergonomia,
visa estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às
condições psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de
conforto, segurança e desempenho eficiente. A NR 17 tem a sua existência jurídica
assegurada, em nível de legislação ordinária, nos artigos 198 e 199 da CLT.

Documentos complementares
• ABNT NBR ISO/CIE 8995 1:2013 – Iluminação de ambientes de trabalho
(interno). Vigente a partir de 21/03/2013.

• Capítulo V do Título II da CLT - Refere-se à Segurança e Medicina do Trabalho.

• CLT Título III Normas Especiais do Trabalho. Capítulo I – Disposições


especiais sobre duração e condições de trabalho e Capítulo III - Da Proteção do
Trabalho da Mulher.

• Convenção OIT 127 - Peso máximo das cargas que podem ser transportadas
por um só trabalhador.

• Instrução Normativa INSS/DC nº 98, de 05 de dezembro de 2003 – Aprova


Norma Técnica sobre Lesões por Esforços Repetitivos (LER) ou Distúrbios
Osteomoleculares Relacionados ao Trabalho (DORT) em substituição da Ordem
de Serviço INSS/DSS nº 606/98.

• Nota Técnica MTE/SIT/DSST nº 060, de 03/09/01 - Ergonomia – indicação


de postura a ser adotada na concepção de postos de trabalho.

• Portaria MPAS nº 4.062, de 06/08/87 - Reconhece a Tenossinovite como


doença do trabalho.

• Portaria MTb nº 3.751, de 23/11/1990 - Alteração já efetuada no texto.

Importante
Em função do momento atual, em que o consumismo e globalização estão em alta e as
indústrias necessitando de um aumento de produtividade, os turnos de trabalho estão cada
vez mais comuns, criando problemas com efeitos na saúde e vida social. Então, poucas
pessoas se adaptam adequadamente às alterações dos “relógios biológicos”. Veja:

• O turno de trabalho é necessário nas situações, em que a produção contínua


não pode ser interrompida por razões técnicas e/ou econômicas ou quando o
trabalho exercido envolve interesses da coletividade, como, por exemplo, serviços
de transporte, hospitais e outros serviços de utilidade pública.

• Os trabalhadores de turno podem sofrer condições de sono alteradas, problemas


estomacais e outros. Este tipo de trabalho pode trazer outros distúrbios no
ritmo biológico normal. A temperatura do corpo, por exemplo, varia durante

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o dia, tendo, normalmente, sua mínima de manhã e sua máxima à noite. Isto
coincide com outras mudanças no sistema circulatório, nos tecidos, nas atividades
hormonais e cerebrais que estão adequadas para o trabalho durante o dia e sono
durante a noite.

• Este ritmo biológico não se inverte completamente na mudança dos turnos. Sabe-
se que a adaptação completa não acontece, mesmo depois de várias semanas.
Esta é a razão pela qual o trabalho noturno é mais penoso e porque o sono do dia
é mais curto e menos compensador que o sono normal da noite.

• O trabalho em turno deve ser programado e adaptado para evitar que o trabalhador
se isole socialmente. Para melhorar as condições dos trabalhadores por turnos, é
recomendável agir em duas áreas:

Melhorar a programação dos turnos


• Reduzir a carga horária de trabalho.
• Permitir maior flexibilidade, para que os trabalhadores escolham seu turno de
trabalho no caso de turnos fixos.
• Garantir o revezamento. Uma variação com mais equipes geralmente é mais
favorável, já que ela reduz a necessidade de ajuste e a frequência de turnos noturnos.
• Adequar períodos de descanso adequados entre os turnos.
• Garantir dias de descanso, principalmente aos finais de semana.
• Variar o período dos turnos.

Melhorar as condições de trabalho e de vida:


• Fixar pausas para as refeições e outros intervalos durante o turno.
• Fornecer lugares para comer e outras instalações com comidas quentes e bebidas.
• Fornecer serviços de transporte.
• Assegurar serviços de primeiros socorros e supervisão médica.
• Fornecer locais para descanso e lazer durante os intervalos de trabalho.
• Melhorar as condições de vida.
• Melhorar o acesso à atualização profissional e às atividades sociais.

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UNIDADE
Marco Legal

Interação das Normas Regulamentadoras do trabalho

Figura 1 – Normas regulamentadoras do trabalho - Ministério do Trabalho e Previdencia Social


No país, estão em vigência 36 normas regulamentadoras do trabalho. Algumas delas
são de aplicação em “trabalhos específicos”. Há outras, entretanto, de aplicação geral,
digo, aplicação em todas as cadeias de suprimentos, em todo tipo de trabalho regido
pela CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). São os “blocos” em destaque.

Retomando estudos anteriores, organizações, que estejam iniciando sua caminhada


rumo à implementação da “ergonomia”, podem ter recursos limitados aplicando a
ergonomia de ocasião.

Imagine-se em uma situação, na qual você seja convidado ou convocado para planejar
a estruturação da implementação da ergonomia em uma organização.

O tema é complexo, todavia, nesse momento, no que diz respeito, somente às normas
regulamentadoras, vamos propor um “caminho inicial” para atender aos requisitos
legais sem, com isso, se perder na complexidade de aplicação de todas as normas
regulamentadoras do trabalho.

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Vamos propor uma modelo de análise/aplicação, partindo das normas de apliação
geral para, posteriormente, partir para as normas de aplicação específicas.
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NR-4

1 2 4
SESMT

NR-17 NR-5
ERGONOMIA CIPA

Definir atividade Demais NR-2 NR-3 NR-28


NR-9
principal da normas PPRA Inspeção Embargo ou Fiscalização e
empresa regulamentadoras Prévia Interdição penalidades
do trabalho NR-15 NR-6
SALUBRIDADE EPI’s

NR-7
PCMSO

Figura 2 – Interação entre as normas regulamentadoras de trabalho – Imagem gerada pelo autor

1. Inicialmente, deve-se definir a atividade principal da empresa. Oficialmente, a


atividade principal da empresa consta no documento de CNPJ (cadastro nacional
de pessoa jurídica) da empresa.

2. Identificada a atividade principal da empresa, deve-se verificar qual ou quais


normas regulamentadoras do trabalho de “aplicação específica” se aplicam à
natureza da atividade da empresa. As normas de “aplicação específica” estão
identificadas, conforme figura 1, na cor acinzentada.

3. Seguindo do fluxo numérico da figura 2 identificamos, no centro, da sequência


circular a NR-9 que diz respeito ao Programa de Prevenção de Riscos Ambientais.
A aplicação dessa norma tem como objetivo identificar os riscos, aos quais o
trabalhador está exposto em ocasião da sua atividade laboral, sendo: riscos físicos,
químicos, mecânicos, biológicos e ergonômicos, conforme tabela a seguir:

Tabela descritiva de riscos.

Tipo de Risco Químico Físico Biológico Egonômico Mecânico


Cor Vermelho Verde Marrom Amarelo Azul
Microorganismos Má postura do corpo em
Fumos Metálicos Ruido e ou som muito Equipamentos inadequados,
(Vírus, bactérias, relação ao posto
e vapores alto defeituosos ou inexistentes
protozoários) de trabalho
Gases asfixiantes Oscilações e vibrações Lixo hospitalar, Trabalho estafante e Máquinas e equipamento sem
H, He, N e CO2 mecânicas doméstico e de animais ou excessivo Proteção e ou manutenção
Pinturas e névoas Falta de Orientação Risco de queda de nível,
Ar rarefeito e ou vácuo Esgoto, sujeira, dejetos.
em geral e Tratamento lesões por impacto de objetos
Solventes Jornados dupla e ou Risco de queda de nível,
Agentes (em especial os voláteis)
Pressões elevadas Objetos contaminados
trabalho sem pausas lesões por impacto de objetos
Causadores Ácidos, bases, sais, Contágio pelo ar e ou
Frio e ou Calor e radiação Movimentos repetitivos Cargas e Transportes em geral
álcoois, éters e etc. Insetos
Lixo em geral, fezes
Picadas de animais (cães, Equipamentos
e urina de animais, Risco de fogo, detonação de
Reações Químicas insetos, repteis, roedores, inadequados e
contaminação d solo explosivos, quedas de objetos
aracnídeos e etc.) não ergonômicos
e água
Aerodispersóides no Alergias, intoxicações e Fatores psicológicos Risco de choque elétrico
Ingestão de produtos
ambiente (poeiras de queimaduras causadas (não gosta do trabalho, (corrente contínua
durante pipetagem
vegetais e minerais) por vegetais pressão do chefe e etc) e alternada)

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UNIDADE
Marco Legal

A identificação dos riscos e sua criticidade serão “dados de entrada” para as seguintes
normas regulamentadoras:
· NR-4 SESMT - Serviços especializados em engenharia e medicina do trabalho;
· NR-5 CIPA – Comissão interna de prevenção de acidentes;
· NR-6 EPI’s – Equipamentos de proteção individual;
· NR-7 PCMSO – Programa de controle médico e saúde ocupacional;
· NR-15 Atividades e operações insalubres;
· NR-17 Ergonomia (contemplada diretamente na NR-9 como “risco
ambiental”.

Perceba que, de acordo com a figura, não somente a NR-9 dá início a todo o ciclo de
implementação das normas regulamentadoras, como fornece elementos para a gestão
das demais normas de maneira que se retroalimentem continuamente, mantendo o
modelo atualizado, vivo.

4. Na fase final do ciclo de implantação, estando os elementos anteriores de acordo


com as normas e “conversando entre si”, pode-se subter a NR-2 (Inspeção prévia).
Caso haja algum “descumprimento da norma”, em sendo, especificamente uma
obra da constução civil, é submetido a EMBARGO. Em sendo qualquer outro
segmento de mercado, é submetido à interdição, conforme NR-3 (Embargo ou
interdição). As regras para fiscalização e o rigor de aplicação das penalidades
estão na NR-28 (Fiscalização e penalidades).

O ciclo se repete continuamente.

Segurança do trabalho – Comunicação


de acidente do trabalho
A Comunicação de Acidente do Trabalho – CAT foi prevista inicialmente na Lei nº
5.316/67, com todas as alterações ocorridas posteriormente até a Lei nº 9.032/95,
regulamentada pelo Decreto nº 2.172/97.

A Lei nº 8.213/91 determina no seu artigo 22 que todo acidente do trabalho ou


doença profissional deverá ser comunicado pela empresa ao INSS, sob pena de multa
em caso de omissão.

Cabe ressaltar a importância da comunicação, principalmente o completo e exato


preenchimento do formulário, tendo em vista as informações nele contidas, não apenas
do ponto de vista previdenciário, estatístico e epidemiológico, mas também trabalhista
e social e é regulamentado pela PORTARIA Nº 5.051, de 26 de fevereiro de 1.999.

CAT é um formulário que a empresa deverá preencher comunicando o acidente do


trabalho, ocorrido com seu empregado, havendo ou não afastamento, até o primeiro dia
útil seguinte ao da ocorrência e, em caso de morte, de imediato à autoridade competente,
sob pena de multa.

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Recomendações gerais:
Em face dos aspectos legais envolvidos, recomenda-se que sejam tomadas algumas
precauções para o preenchimento da CAT, dentre elas:
·· Não assinar a CAT em branco.
·· Aoassinar a CAT, verificar se todos os itens de identificação foram devidos e
corretamente preenchidos.
·· O atestado médico da CAT é de competência única e exclusiva do médico.
·· O preenchimento deverá ser feito à máquina ou em letra de forma, de
preferência com caneta esferográfica.
·· Não conter emendas ou rasuras.
·· Evitar deixar campos em branco.
·· Apresentar a CAT, impressa em papel, em duas vias ao INSS, que reterá a
primeira via, observada a destinação das demais vias.

O formulário “Comunicação de Acidente do Trabalho – CAT” poderá ser substituído


por impresso da própria empresa, desde que esta possua sistema de informação de
pessoal mediante processamento eletrônico, cabendo observar que o formulário
substituído deverá ser emitido por computador e conter todas as informações exigidas
pelo INSS.

Observação: A empresa deverá comunicar o acidente do trabalho, ocorrido com seu


empregado, havendo ou não afastamento do trabalho, até o primeiro dia útil seguinte
ao da ocorrência e, em caso de morte, de imediato à autoridade competente, sob pena
de multa variável entre o limite mínimo e o teto máximo do salário-de-contribuição,
sucessivamente aumentada nas reincidências, aplicada e cobrada na forma do artigo
109 do Decreto nº 2.173/97.

Deverão ser comunicadas ao INSS, mediante formulário “Comunicação de Acidente


do Trabalho – CAT”, as seguintes ocorrências:
a) Acidente do trabalho, típico ou de trajeto, ou doença profissional ou do trabalho
– CAT inicial.
b) Reinício de tratamento ou afastamento por agravamento de lesão de acidente
do trabalho ou doença profissional ou do trabalho, já comunicado anteriormente
ao INSS – CAT reabertura.
c) Falecimento decorrente de acidente ou doença profissional ou do trabalho,
ocorrido após a emissão da CAT inicial – CAT comunicação de óbito.

A comunicação será feita ao INSS por intermédio do formulário CAT, preenchido em


seis vias, com a seguinte destinação:

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UNIDADE
Marco Legal

1ª via – ao INSS;

2ª via – à empresa;

3ª via – ao segurado ou dependente;

4ª via – ao sindicato de classe do trabalhador;

5ª via – ao Sistema Único de Saúde – SUS;

6ª via – à Delegacia Regional do Trabalho – DRT.


· A entrega das vias da CAT compete ao emitente da mesma, cabendo a este
comunicar ao segurado ou seus dependentes em qual Posto do Seguro Social
foi registrada a CAT.

Tratando-se de trabalhador temporário, a comunicação referida neste item será feita


pela empresa de trabalho temporário.

No caso do trabalhador avulso, a responsabilidade pelo preenchimento e


encaminhamento da CAT é do Órgão Gestor de Mão de Obra – OGMO e, na falta
deste, do sindicato da categoria.

Para este trabalhador, compete ao OGMO e, na sua falta, ao seu sindicato preencher
e assinar a CAT, registrando nos campos “Razão Social/Nome” e “Tipo” (de matrícula)
os dados referentes ao OGMO ou ao sindicato e, no campo “CNAE”, aquele que
corresponder à categoria profissional do trabalhador.

No caso de segurado especial, a CAT poderá ser formalizada pelo próprio acidentado
ou dependente, pelo médico responsável pelo atendimento, pelo sindicato da categoria
ou autoridade pública.

São autoridades públicas reconhecidas para esta finalidade: os magistrados em geral,


os membros do Ministério Público e dos Serviços Jurídicos da União e dos Estados,
os comandantes de unidades militares do Exército, Marinha, Aeronáutica e Forças
Auxiliares (Corpo de Bombeiros e Polícia Militar).

Quando se tratar de marítimo, aeroviário, ferroviário, motorista ou outro trabalhador


acidentado fora da sede da empresa, caberá ao representante desta comunicar o acidente.

Tratando-se de acidente envolvendo trabalhadores a serviço de empresas prestadoras


de serviços, a CAT deverá ser emitida pela empresa empregadora, informando, no
campo próprio, o nome e o CGC (Cadastro Geral de Contribuintes) ou CNPJ (Cadastro
Nacional de Pessoa Jurídica) da empresa onde ocorreu o acidente.

É obrigatória a emissão da CAT relativa ao acidente ou doença profissional ou do


trabalho ocorrido com o aposentado por tempo de serviço ou idade, que permaneça ou
retorne à atividade após a aposentadoria, embora não tenha direito a benefícios pelo
INSS em razão do acidente, salvo a reabilitação profissional.

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Neste caso, a CAT também será obrigatoriamente cadastrada pelo INSS.

Tratando-se de presidiário, só caberá a emissão de CAT quando ocorrer acidente ou


doença profissional ou do trabalho no exercício de atividade remunerada na condição de
empregado, trabalhador avulso, médico-residente ou segurado especial.

Na falta de comunicação por parte da empresa, podem formalizá-la o próprio


acidentado, seus dependentes, o sindicato da categoria, o médico que o assistiu ou
qualquer autoridade pública.

A comunicação a que se refere este item não exime a empresa da responsabilidade


pela falta de emissão da CAT.

Todos os casos com diagnóstico firmado de doença profissional ou do trabalho devem


ser objeto de emissão de CAT pelo empregador, acompanhada de relatório médico
preenchido pelo médico do trabalho da empresa, médico assistente (serviço de saúde
público ou privado) ou médico responsável pelo PCMSO (Programa de Controle Médico
de Saúde Ocupacional – previsto na NR nº 7), com descrição da atividade e posto de
trabalho para fundamentar o nexo causal e o técnico.

No caso de doença profissional ou do trabalho, a CAT deverá ser emitida após a


conclusão do diagnóstico.

Quando a doença profissional ou do trabalho se manifestar após a desvinculação do


acidentado da empresa onde foi adquirida, deverá ser emitida CAT por aquela empresa
e, na falta desta, poderá ser feita pelo serviço médico de atendimento, beneficiário ou
sindicato da classe ou autoridade.

A CAT poderá ser apresentada no Posto do Seguro Social – PSS mais conveniente
ao segurado, o que jurisdiciona a sede da empresa, do local do acidente, do atendimento
médico ou da residência do acidentado.

Deve ser considerada como sede da empresa a dependência, tanto a matriz quanto a
filial, que possua matrícula no CGC ou no CNPJ, bem como a obra de construção civil
registrada por pessoa física.

Comunicação de reabertura
As reaberturas deverão ser comunicadas ao INSS pela empresa ou beneficiário,
quando houver reinício de tratamento ou afastamento por agravamento de lesão de
acidente do trabalho ou doença ocupacional comunicado anteriormente ao INSS.

Na CAT de reabertura, deverão constar as mesmas informações da época do


acidente, exceto quanto ao afastamento, último dia trabalhado, atestado médico e data
da emissão, que serão relativos à data da reabertura.

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UNIDADE
Marco Legal

Comunicação de óbito:
O óbito decorrente de acidente ou doença ocupacional, ocorrido após a emissão da
CAT inicial ou da CAT reabertura, será comunicado ao INSS através da CAT comunicação
de óbito, constando a data do óbito e os dados relativos ao acidente inicial. Anexar a
Certidão de Óbito e, quando houver, o laudo de necropsia.

Figura. 3 – Formulário parcial de Comunicação de Acidente do Trabalho


Fonte: www.previdencia.gov.br

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Livros
CLT interpretada.
MACHADO, Costa. CLT interpretada. Editora Manole, 2º edição. São Paulo. 2009.

Leitura
Constituição Federal Interpretada
Inicie suas leituras pelo capítulo II da Constituição (Dos Direitos Sociais) Art. 7°, incisos
XXII, XXIII, XXVIII e XXXIII, ou seja, da página 64 a 65 e 67 a 69 da obra de Costa
Machado, Constituição Federal Interpretada, disponível na Biblioteca Virtual Universitária.
Para acessar esta obra, Acesse o link a seguir.:
Disponível em: https://goo.gl/cEZamh

CLT
Inicie suas leituras pelo capítulo V do Seção II a V da CLT, ou seja, da página 33 a 37,
CLT - 2016, disponível na Biblioteca Virtual Universitária.
Para acessar esta obra, Acesse o link a seguir.:
Disponível em: https://goo.gl/cEZamh

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UNIDADE
Marco Legal

Referências
BARNES, R. M. Estudo de movimentos e de tempos: projeto e medida do trabalho.
São Paulo. Editora Blucher, 1977.

IIDA, I. Ergonomia, projeto e produção. São Paulo. Editora Blucher, 2005.

Ergo e Ação – Engenharia de Produção da Universidade Federal de São Carlos: http://


www.simucad.dep.ufscar.br/ptbergoacao.htm

Sites Visitados
[1] http://www.abergo.org.br - Acessado em maio de 2016.

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Ergonomia
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Ergonomia no Trabalho e na Vida

Responsável pelo Conteúdo:


Profa. Ms. Cristhiane Eliza dos Santos

Revisão Textual:
Profa. Esp. Márcia Ota
Ergonomia no Trabalho e na Vida

Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos:


• Introdução ao tema
• Enfoques do trabalho
• Dimensionamento do posto de trabalho

Fonte: Thinkstock/Getty Images


• Análise ergonômica do trabalho
• Ferramentas da ergonomia
• Ergonomia na vida
• Orientações para Leitura Obrigatória

Objetivos
• Apresentar e discutir a aplicação da ergonomia no trabalho, tanto manufatura quanto
prestação de serviços;
• Discutir sobre o projeto e o dimensionamento do posto de trabalho na indústria e na
prestação de serviços;
• Um outro assunto a ser explorado é a ergonomia na vida: o aluno será “convidado” a
uma reflexão sobre a aplicação da ergonomia no transporte público, em hospitais, em
residência de idosos, etc.

Caro (a) aluno (a),


Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o último
momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material trabalhado
ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.
Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você
poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns
dias e determinar como o seu “momento do estudo”.
No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões
de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e
auxiliarão o pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns
de discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo,
além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico
espaço de troca de ideias e aprendizagem.
Bons estudos!
UNIDADE
Ergonomia no Trabalho e na Vida

Introdução ao tema
Nesta unidade, trataremos sobre todos os detalhes necessários à definição ergonô-
mica do trabalho e do posto de trabalho. Nesse contexto, abordaremos a ergonomia
como vetor de eficiência nas organizações. “Trabalhar direito para trabalhar melhor e
não trabalhar mais...”

Além disso, é importante salientar que vamos rever todos os assuntos abordados até
o momento! Para iniciarmos, que tal definir o que vem a ser o “posto de trabalho”?

O posto de trabalho, seja na manufatura, seja na prestação de serviços, é o local ou


ambiente que você fica maior parte do seu tempo acordado. Se o local de trabalho não
for minimamente agradável, o trabalhador tende a desenvolver “males” psicoemocionais
tais como a depressão.

Segundo Iida (2005), posto de trabalho é a configuração física do sistema homem x


máquina x ambiente. É uma unidade produtiva envolvendo o homem e o equipamento
que ele utiliza para realizar o trabalho, bem como o ambiente que o circunda. Um posto
de trabalho equivaleria a uma célula, onde o homem seria o seu núcleo. Um conjunto
de células constitui o tecido e um órgão, análogos aos departamentos, fábricas
ou escritórios.

Note que, se o posto de trabalho e o trabalho nele executado trouxerem “agressividade”


ao trabalhador, não vai haver NADA que o motive. Logo, esse trabalhador vai realizar
um trabalho ineficiente.

As organizações são compostas por pessoas. Pode ser uma organização de


tecnologia como a IBM ou o Google. No Google, independentemente do tamanho
que essa organização tenha atingido, os donos entrevistam os “candidatos aos cargos”
pessoalmente, logo após sua contratação porque acreditam que, mesmo sendo uma
empresa que “vende tecnologia”, precisa ser composta de pessoas talentosas, criativas,
comprometidas e motivadas. A ergonomia é motivacional. As pessoas, para produzirem,
precisam ter algum tipo de prazer com o que fazem.

Há dois enfoques para analisar o posto de trabalho: um taylorista e outro ergonômico.


Por isso, chamo sua atenção que, em muitas vezes, esses “enfoques” coincidem.

A “análise ergonômica do trabalho – AET” é um “método ou modelo” descrito


no NR-17 e que deve ser seguido. Será apresentada uma discussão abrangente sobre
o tema.

Contextualizando o dimensionamento do posto do trabalho com a AET, torna-se


indispensável apresentar as “ferramentas da ergonomia”, tais como rula, reba, Niosh e
o questionário nórdico.

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Relembrando...
A ergonomia não nasceu na segunda grande guerra, mas ganhou “popularidade”
a partir dela! Essa popularidade surgiu a partir da efetividade da interação entre
produto e usuário. A popularidade surge, de fato, quando se deseja aplicar a
ergonomia na indústria.

A aplicação e o conhecimento da ergonomia na indústria hoje são crescentes,


mas não se pode afirmar que seja um assunto e uma prática com amplo espectro
de popularidade. Mas, felizmente, é crescente. Todavia, a verdadeira popularidade
do conceito pode estar relacionada com a aplicação da ergonomia não somente
no local de trabalho, mas também em casa, durante um passeio com os amigos,
em pequenos gestos advindos de uma mudança de comportamento que nasce com
a conscientização.

Esses assuntos estão organizados em cinco unidades, conforme diagrama a seguir:

1 Enfoques do trabalho
2 Dimensionamento do posto de trabalho
3 AET - Análise ergonômica do trabalho
4 Ferramentas da ergonomia
5 Ergonomia na vida

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UNIDADE
Ergonomia no Trabalho e na Vida

Enfoques do trabalho
Segundo Iida (2005), o enfoque taylorista é baseado na economia de movimentos,
em que as pessoas envolvidas na definição do processo e do posto de trabalho devem
desenvolver um método de trabalho que melhor atenda aos objetivos corporativos
da organização. Identificamos os elementos do “enfoque taylorista do trabalho” no
diagrama abaixo.

Iida (2005) define que o enfoque ergonômico é baseado na análise biomecânica da


postura e nas interações entre o homem, sistema e o ambiente.

O enfoque ergonômico tende a desenvolver postos de trabalho que reduzam


exigências biomecânicas e cognitivas, procurando colocar o trabalhador em uma
boa postura de trabalho. Os objetos a serem manipulados devem ficar dentro da
área de alcance dos movimentos corporais. As informações devem ser colocadas em
posições que facilitem a sua percepção. Em outras palavras, o posto de trabalho deve
envolver o trabalhador como uma “vestimenta” bem adaptada, em que ele possa
realizar o trabalho com conforto, eficiência e segurança sem prejudicar a saúde física
e psicoemocional. Identificamos os elementos do “enfoque ergonômico do trabalho”
na tabela abaixo.

· Método padrão;
· Tempo padrão;
Enfoque Taylorista · Uso do corpo humano;
· Arranjo físico do posto de trabalho;
· Projeto das ferramentas, máquinas e dispositivos.

· Limitar os movimentos osteomusculares nos postos de trabalho;


· Evitar contrações estáticas na musculatura;
Enfoque ergonômico · Promover equilíbrio biomecânico;
· Evitar extresse mental.

Vamos dicutir os elementos de ambos enfoques do trabalho e, posteriormente,


“compará-los”.

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Enfoque Taylorista
Antes de iniciarmos as discussões sobre o enfoque taylorista e o enfoque ergonômico,
faz-se necessária uma explanação sobre a organização do trabalho sob um ponto de
vista mais amplo, antes do posto de trabalho, na fábrica.

O que se conhece de “organização do trabalho”, ainda, nos dias de hoje, é ilustrado,


conforme figura a seguir:

Fonte: Acervo do conteudista

O “trabalho” tem características diferentes na manufatura e na prestação de serviços.


Segundo Slack (1999), o trabalho na manufatura pode se organizar de cinco maneiras
diferentes e, na prestação de serviços, de três maneiras.

Fonte: Acervo do conteudista

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UNIDADE
Ergonomia no Trabalho e na Vida

O processo por projeto, na manufatura, tem como característica principal ser um


processo com longo tempo de execução desde a concepção até a entrega do produto ao
cliente. É um processo que tem baixo volume e alta variedade (alto grau de complexidade
no projeto). É completamente personalizado para atender à necessidade do cliente. Um
exemplo: a contrução de uma estrada. O processo é personalizado.
O processo tipo jobbing também tem baixo volume e alta variedade, mas o que o
diferencia do proceso por projeto é o tempo de execução. No processo tipo jobbing,
o tempo de execução é bem menor. Imagine que a construção de shopping center é
um processo por projeto e uma loja específica desse shopping, também personalizado
à necessidade de um cliente específico. A loja, que é uma parte do shoping é o alvo da
citada personalização.
O processo em lotes é o mais comum na manufatura. A partir de uma proposta de
produto padrão, abre-se a possibilidade de “alguma personalização” para atender o cliente.
Imagine que você vai comprar uma cadeira qualquer. O fabricante oferece um estofamento
em tecido simples. Como a sua necessidade é adquirir uma cadeira para laboratório, o
revestimento não pode soltar partículas nem “fiapos”, não pode ser de tecido. O fabricante
oferece, então, a opção de revestimento de couro sintético que é aceita em uso laboratorial.
O pedido é feito e o fabricante produz um lote limitado com o revestimento solicitado;
por isso, esse tipo de processo é classificado como médio volume e média variedade. O
processo é medianamente padronizado e medianamente personalizado.
O tipo de processo em massa é aquele em que os agentes trasformadores ficam parados
enquanto os agentes transformadores de movimentam. Como exemplo, citamos a esteira
móvel de Ford, grande ícone da produção em massa com alto volume de produção e baixa
variedade (pouca complexidade no produto), o produto é padronizado.
Por fim, na manufatura, temos o processo contínuo. Nele não existe nenhum tipo
de variedade só altíssimo volume. Por exemplo, uma empresa que fornece água ou
energia elétrica.
Na prestação de serviços, há três tipos de processos que são completamente diferentes
dos processos da manufatura, mas que se assemelham na classificação, segundo volume
e variedade.
Na prestação de serviços, os serviços classificados como “serviços profissionais” são
prestados por profissionais com registro de formação reconhecido (diploma) que os
possibilitem prestarem determinado tipo de serviço. O profissional fica longos períodos
na presença do cliente a fim de atender à sua necessidade específica. É um processo
de baixo volume e alta variedade. É um serviço com proposta personalizada para cada
cliente. Como exemplo, podemos citar um cirurgião plástico. Processo de serviço
completamente personalizado.
Em seguida, na prestação de serviços, há os serviços profissionais. Esse tipo de processo
de prestação de serviços é classificado como médio volume e média variedade. A partir de
uma proposta de serviços padrão, é possível alguma personalização para atender o cliente.
Como exemplo, podemos citar o balcão que vende frios na padaria. O fatiamento dos frios
é padrão, porém há a possibilidade de pedir ao atendente que o corte mais fino ou mais
grosso. Tipo de processo com média personalização e média padronização.

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Os serviços em massa, na prestação de serviços, são processos que procuram atender
a grande maioria dos usuários. Para atender um grande número de usuários, o processo
deve ser padronizado. Esse tipo de serviço também é conhecido como autosserviço e
classificado com alto volume e baixa variedade.
Agora que já apresentamos como o “trabalho” pode ser realizado dentro de uma
organização, vamos partir para o detalhe da concepção do processo no posto de trabalho.

Método padrão
Em princípio, a definição do método de trabalho deve ser feita na ocasião do
desenvolvimento do produto. Todavia, nada impede e é altamente recomendável que se
realize uma revisão ou redesenho dos processos a partir da análise método de trabalho
a ser aplicado ao trabalhador no posto de trabalho.

Para tanto, pode-se utilizar os seguintes passos como roteiro:


·· realizar uma descrição detalhada do método, especificando os movimentos
necessários e a sequência dos mesmos;
·· fazer um desenho esquemático do posto de trabalho, mostrando o posicionamento
das peças, ferramentas e máquinas, com as respectivas dimensões;
·· listar as condições ambientais (iluminação, gases, poeiras) e outros fatores que
podem afetar o desempenho.

Tempo padrão
O tempo padrão referido nessa seção é a “medida” do trabalho no tempo. Existem
vários caminhos para a definição do tempo padrão: tabela de tempos predefinidos a
partir de micromovimentos (MTM – method time measurement), takt time ou definição
de tolerâncias relativas a necessidades pessoais e fadiga.

A aplicação do MTM, nos dias de hoje, com a finalidade de definição do tempo


padrão é discutível em função dos recursos tecnológicos disponíveis atualmente. Todavia,
há uma corrente de pensamento que defende a aplicação do MTM, como princípio
integrador entre mão de obra humana e automação industrial (cybercomputing). O takt
time é amplamente usado em indústrias de origem alemã. O modelo considera o tempo
total que trabalhador fica dentro da empresa e desconta o horário de almoço e algum
tempo para necessidades pessoais. Nem sempre a fadiga é considerada.

Olhando sob o ponto de vista da sustentabilidade do trabalho, a empresa deve ter


o lucro adequado a suas necessidade para poder continuar oferecendo emprego e o
trabalhador deve ter a saúde e a segurança respeitada. Esse cenário acolhe o modelo de
medida do trabalho baseado na cronoanálise (medida do trabalho no tempo). Ao tempo
lido no relógio ou no cronômetro, acrescenta-se um coeficiente ou fator de correção
ao tempo, considerando as necessidades pessoais e a fadiga. O coeficiente de correção
“corrige o tempo lido no cornômetro para mais” a fim de “compensar” as perdas de
eficiência com a fadiga e as necessidades pessoais. A OIT (organização internacional

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UNIDADE
Ergonomia no Trabalho e na Vida

do trabalho sugere que seja acrescentado ao tempo total de trabalho mais 5% desse
tempo dedicado às necessidades pessoais. Estudos apontam que, em mais de 98% dos
trabalhos “salubres” que não agridem a saúde do trabalhador, o coeficiente de correção
ao tempo lido no relógio ou no cronômetro deve estar na faixa de 6 a 10%, dependendo
do quão “fatigante” essa tarefa deve ser.

Hora de trabalho por turno 8,5


Capacidade gargalo 568
Volume pedido pela montadora 560
Índice de refugo 5,59%
Índice de regufo (Linha) 12,23%
Percentagem de tempo atribuído para necessidades pessoais 5%

Setor Tempo seco Necessidades Outras M.O. /Turno Qtde. de Número de


(min) pessoais (min) tolerâncias (%) (Qtde) tarefas Turnos (Qtde)
Dublagem (PVC) 0,15 0,16 6 3 3 1
Aplicação de pricing 0,13 0,14 6 2 2 1
Prensagem 3,42 3,59 5 2,5 1,125 2
Corte no robô 0,45 0,17 7 1 1 1
Refilar casco 0,53 0,56 6 1 1 1
Lixamento 1,40 1,47 6 3 1 1
Limpar casco/Ref. Toc. 2,16 2,27 7 4 1 1
Aplicar cola/virola 3,96 4,16 9 6 1 1
Rasgos do alto falante 0,64 0,67 7 1 1 1
Distanciadores 0,46 0,48 7 1 1 1
Fixação da pestana 0,42 0,44 6 1 1 1
Inspeção/bucha trava 0,45 0,47 6 1 1 1
Embalagem 2,51 2,64 6 4 1 1

Setor Tempo Cap. horária Cap. diária Sobrecapacidade/ Ocupação Total de


balanc. (Qtde) (**) (Peças) (**) (Peças) gargal (%) diária (H) pessoas (Qtde)
Dublagem (PVC) 0,17 359 3055 438% 1,56 3,00
Aplicação de pricing 0,17 415 3525 521% 1,35 2,00
Prensagem 1,70 33 568 0% 16,77 5,00
Corte no robô 0,51 104 885 56% 5,38 1,00
Refilar casco 0,59 89 759 34% 6,27 1,00
Lixamento 0,52 101 862 52% 5,52 3,00
Limpar casco/Ref. Toc. 0,61 87 738 30% 6,45 4,00
Aplicar cola/virola 0,76 70 593 4% 8,03 6,00
Rasgos do alto falante 0,72 73 623 10% 7,67 1,00
Distanciadores 0,52 102 866 53% 5,50 1,00
Fixação da pestana 0,47 113 958 69% 4,97 1,00
Inspeção/bucha trava 0,50 105 894 57% 5,33 1,00
Embalagem 0,70 75 641 13% 7,43 4,00
(**) Capacidade tendo em conta o índice de refugo. Total 33,0
Fonte: Acervo do conteudista

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Capacidade Produtiva x Necessidade da montadora
4000
Dublagem (PVC)
3500 Aplicação do primer
Prensagem
Corte no robô
3000
Capaciade produtiva diária (por peça)

Refilar casco
Lixamento
2500 Limpar casco/ref. tec.
Aplicar cola/virola
2000 Rasgos do alto falante
Distanciadores
Fixação da pestana
1500
Inspeção/bucha trava
Embalagem
1000

500 Necessidade da
montadora

0
Atividade
Fonte: Acervo do conteudista

É possível definir como tempo padrão sendo o tempo necessário, a um operador


experiente, para executar o trabalho usando um método padrão, incluindo-se aí
as tolerâncias de espera, (por exemplo, aguardar a máquina a completar o ciclo), as
ineficiências do processo produtivo e as tolerâncias para fadiga (dependem da carga de
trabalho e das condições ambientais).

É preciso ser analisado também o uso do corpo humano no posto de trabalho, o


arranjo físico do posto de trabalho e o projeto das ferramentas, utensílios, dispositivos e
equipamentos que devem ser usados no posto de trabalho, seguindo os passos, conforme
a seção a seguir.

Uso do corpo humano


Recomendações a serem seguidas no uso do corpo humano na definição do método
de trabalho:
·· A duas mãos devem iniciar e terminar os movimentos no mesmo instante.
·· As duas mãos devem ficar inativas ao mesmo tempo.
·· Os braços devem mover-se em direções opostas e simétricas.
·· Devem ser usados movimentos manuais mais simples.
·· Deve-se usar quantidade de movimento (massa x velocidade) a favor do
esforço muscular.
·· Devem-se usar movimentos suaves, curvos e retilíneos das mãos (evitar
mudanças bruscas de direção).
·· Os movimentos “balísticos” ou “soltos” terminando em anteparos são mais
fáceis e precisos que os movimentos controlados.
·· O trabalho deve seguir uma ordem compatível com o ritmo suave e natural
do corpo.
·· As necessidades de acompanhamento visual devem ser reduzidas.

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UNIDADE
Ergonomia no Trabalho e na Vida

Arranjo físico do posto de trabalho


· As ferramentas e materiais devem ficar em local fixo.
· As ferramentas, materiais e controles devem localizar-se perto dos seus locais
de uso.
· Os materiais devem ser alimentados por gravidade até o local de uso.
· As peças acabadas devem fluir por gravidade (quando possível).
· Materiais e ferramentas devem localizar-se na mesma sequência do seu uso.
· A iluminação deve permitir uma boa percepção visual.
· A altura disposto de trabalho deve permitir o trabalho em pé, alternado com
trabalho sentado.
· Cada trabalhador deve dispor de uma cadeira que possibilite uma boa postura.

Projeto de ferramentas, máquinas e dispositivos


· O trabalho estático das mãos deve ser substituído por dispositivos de fixação,
gabaritos ou mecanismos acionados por pedal.
· Deve-se combinar a ação duas ou mais ferramentas.
· As ferramentas e os materiais devem ser pré-posicionados.
· As cargas de trabalho com os dedos devem ser distribuídas de acordo com as
capacidades de cada dedo.
· Os controles, alavancas e volantes devem ser manipulados com alteração
mínima de postura do corpo e com maior vantagem mecânica.

Enfoque ergonômico
Limitar os movimentos osteomusculares nos postos de trabalho
· Os movimentos repetitivos devem ser limitados a 2000 por hora.
· Eliminar tarefas com ciclos menores que 90 segundos.
· Eliminar tarefas repetitivas sob frio ou calor intenso.
· Providenciar micropausas de 2 a 10 segundos a cada 2 ou 3 minutos.

Evitar contrações estáticas na musculatura


· Permitir movimentações para mudanças frequentes de postura.
· Manter cabeça na vertical.
· Usar suportes para apoiar braços e antebraços.
· Providenciar fixações e outros tipos de apoios mecânicos para aliviar a ação
de segurar.

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Promover equilíbrio biomecânico
·· Alternar tarefas altamente repetitivas com outras de ciclo mais longos.
·· Aumentar a variedade de tarefas, incluindo tarefas de inspeção, cargas e limpezas.
·· Não usar mais de 50% do tempo no mesmo tipo de tarefa.
·· Evitar os movimentos que exijam rápida aceleração, mudanças bruscas de
direção ou paradas repentinas.
·· Evitar ações que exijam posturas inadequadas, alcances exagerados ou cargas
superiores a 23 kg.

Evitar extresse mental


·· Não fixar prazos ou metas de produção inatingíveis.
·· Evitar regulagens muito rápidas das máquinas.
·· Evitar excesso de controle e cobranças.
·· Evitar competição exagerada entre membros do grupo.
·· Evitar remunerações por produtividade.

Resgatamos conceitos já vistos anteriormente: a aplicação da ergonomia em seus


primeiros passos e a ergonomia de ocasião:

Fonte: Iida (2005)

Vivemos um momento, no qual somos capazes de presenciar uma organização que


“passa pela revolução industrial”. E, ao mesmo tempo, por vezes do “outro lado da rua”,
uma organização que pode ser referência em boas práticas. Apesar de “tendermos”
a afirmar que a melhor das concepções é a do enforque ergonômico do trabalho, é
necessário ressaltar que só chegamos ao conceito ergonômico porque vivenciamos o
enfoque taylorista do trabalho.

O enfoque taylorista teve sua relevância durante muitas décadas da nossa história
e ainda, nos dias de hoje, tem sua participação garantida. Lembremos que a visão
mecanicista do trabalho não é a mais adequada a ser aplicada atualmente na era
da informação.

Todavia, precisamos considerar que é o começo de uma caminhada. Muitas vezes,


uma longa caminhada. Torna-se muito difícil para um profissional “cheio de ideias
modernas e inovadoras”, com o enfoque ergonômico do trabalho dentro da bolsa e

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UNIDADE
Ergonomia no Trabalho e na Vida

na ponta da língua, colocar em prática em uma organização conservadora que vê o


trabalhador como meio de produção. Isso pode desanimar o profissional de tal sorte que
pode desistir da área.

Para que esse equívoco não aconteça é importante que o profissional tenha
conhecimento das duas concepções de trabalho, tanto a taylorista que tem seu inegável
valor, como a ergonômica com presença garantida em época de escassez de recursos e
com um forte viés de “sustentabilidade”.

Conheça e considere as duas concepções. Tenha familiaridade suficiente para, se


necessário, fazer uso das duas concepções, promovendo um modelo adequado a esta ou
aquela organização, respeitando a cultura organizacional e os princípios éticos e morais
de cada caso.

Dimensionamento do posto de trabalho


O dimensionamento correto do posto de trabalho é uma etapa fundamental para o
bom desempenho da pessoa que ocupará esse posto.

Com a crescente difusão da ergonomia no mundo e a gradativa valorização dos seus


conhecimentos, muitas de suas recomendações transformaram-se em normas técnicas.
Essas normas não são obrigatórias. Porém, quando seguidas, garantem certo padrão
mínimo de qualidade e melhoram a intercambialidade de componentes e sistemas.
A ISO (International Standard Organization) iniciou, na década de 1980, um esforço
para normatizar as medidas antropométricas em todo o mundo. Desde, então, foram
elaboradas mais de 30 normas relacionadas com a ergonomia, entre elas:
· ISO 6385 – Ergonomics principles in the design of work systems;
· ISO 9241 – Ergonomic requirements for office work with visual display terminals;
· ISO 11064 – 1 – Ergonomic design of control room layout.

O posto de trabalho deve ser dimensionado de forma que a maioria dos seus usuários
tenha uma postura confortável. Para isso, diversos fatores devem ser considerados:
· postura adequada do corpo;
· movimentos corporais necessários;
· alcance dos movimentos;
· medidas antropométricas dos ocupantes do cargo;
· necessidade de iluminação;
· necessidade de ventilação;
· dimensões das máquinas, ferramentas, dispositivos e mobiliário em geral;

16
·· interação com outros postos de trabalho;
·· altura do posto de trabalho;
·· alcances normais e máximos das mãos;
·· espaço para acomodar pernas e realizar movimentos laterais do corpo;
·· dimensionamento das folgas;
·· altura para visão e ângulo visual e;
·· interação com o ambiente externo.

Dimensões recomendadas para projeto do posto de trabalho com computador.


Fonte: Iida (2005).

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UNIDADE
Ergonomia no Trabalho e na Vida

Análise ergonômica do trabalho


A análise ergonômica do trabalho é uma apreciação dos problemas relacionados ao
trabalho, saúde e segurança do trabalho na organização, seguindo as premissas da NR-17.

Segundo as diretrizes da NR-17, a análise ergonômica do trabalho deve cumprir os


seguintes elementos:
• Análise da demanda: Definição do problema. É o efeito, como o problema se
apresenta. A AET pode ser a busca pela causa do problema.
• Análise da tarefa: Análise das condições de trabalho. Análise do processo
de trabalho.
• Análise da atividade: Análise do comportamento e atitudes do homem no trabalho.
• Diagnóstico: É o resultado, formal, da análise feita sobre a lacuna entre o que foi
encontrado (tarefa real) e como deveria estar (tarefa prescrita).
• Recomendações: São providências que devem ser tomadas a fim de resolver
o problema.

Pode haver um “mecanismo” sistêmico, um documento corporativo como um


“procedimento” na organização que “dispare” a elaboração da AET ou a sua revisão
(atualização), conforme apresenta a figura a seguir.

Problema Indicador AET


1 2 3

1. É como o problema se apresenta, o efeito.


2. É elemento que indica algum “descompasso” entre a situação “real” e a
“prevista”. Pode estar relacionado ao clima organizacional, ao absenteísmo,
às questões motivacionais. A área de recursos humanos pode dar uma grande
contribuição ao processo.
3. Deve ser escolhido um posto de trabalho e a ele dedicada a análise dos 5
elementos contidos na NR-17, conforme citado anteriormente.

A norma recomenda que a AET pode ser feita pelo técnico de segurança do trabalho
ou pelo engenheiro de segurança do trabalho. O laudo ergonômico DEVE ser feito por
um ergonomista.

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O ergonomista é um profissional da área da saúde: médico ou fisioterapeuta que
tenha passado por uma “especialização” adequada que capacite o profissional a exercer
as funções de ergonomistas.

A análise ergonômica do trabalho e o laudo ergonômico são documentos diferentes


realizados por profissionais com competências diferentes.

A análise ergonômica do trabalho pode ser feita ou refeita a qualquer momento,


porém, citamos oito das causas mais comuns de demanda pela AET.
1. Atender às disposições da NR-17 procurando, em casos onde o processo
de trabalho já existe, aplicar o enfoque ergonômico do trabalho promovendo
eficiência, qualidade, conforto, saúde, segurança, etc.
2. Auditoria do Ministério do Trabalho e do Emprego. Quando houve ou vai haver
a visita de um fiscal do trabalho. Em ocasião dessa visita, deve acontecer uma
auditoria do trabalho na organização. Essa auditoria pode ser resultado de uma
denúncia, de uma reclamação trabalhista ou uma auditoria periódica de rotina.
3. Atender às auditorias dos sistemas de gestão: OHSAS (segurança do trabalho),
ISO 14.000 (Gestão ambiental), ISO 9000 (qualidade em processos), etc.
4. Causas trabalhistas: em razão de uma reclamação trabalhista feita por parte de
um colaborador ou ex-colaborador, pode ser elemento de defesa por parte da
organização, a AET dando conta do “funcionamento” do método de trabalho
realizado pelo reclamante.
5. Absenteísmo. A fim de investigar o absenteísmo em uma organização pode ser
realizada a AET.
6. Melhoria de processo. A fim de promover melhora no rendimento de suas
operações para ser competitivo na era da informação, a organização pode
recorrer a AET para promover uma análise nos processos de trabalho a fim de
obter ganhos de eficiência sustentáveis, promovendo o lucro sem agredir a saúde
e segurança do trabalhador.
7. Empresa proativa. Sem nenhuma motivação de “caráter obrigatório” (cumprir
legislação) a organização, proativamente, procura elaborar preventivamente,
“problemas” futuros relacionados a DORT, eficiência, absenteísmo, motivação
e questões legais.
8. CAT (Comunicado de acidente do trabalho). Para abrir um CAT, precisa da
AET para saber se há nexo causal entre o “mal” relatado pelo trabalhador e sua
atividade laboral. Havendo nexo causal, o médico do trabalho pode diagnosticar
uma doença ocupacional.

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UNIDADE
Ergonomia no Trabalho e na Vida

Ferramentas da ergonomia
Para promover o dimensionamento do posto de trabalho, a partir do enforque
ergonômico, podemos fazer uso de algumas ferramentas que procuram identificar a
probabilidade de desenvolvimento de doença ocupacional. A fim de promover uma
análise ergonômica adequada e técnica do posto de trabalho, são utilizadas as ferramentas
auxiliares aplicadas à ergonomia.

Essas ferramentas têm como características:


· fácil aplicação;
· rapidez em obtenção de resultados;
· resultado objetivo;
· reconhecimento internacional;
· uso para identificação de funções de maior risco;
· estudo comparativo após melhorias;
· efeito judicial;
· comercial.

Existem muitos métodos de análise de riscos ergonômicos encontrados na literatura


disponível, delineados para determinar e quantificar a exposição a fatores de risco
devido à sobrecarga biomecânica dos membros superiores, entre eles destacam-se
aqueles que evidenciam de forma qualitativa a presença de características ocupacionais
que podem levar o “avaliador” em direção à possível presença de um risco, aqueles
que, por outro lado, na base de checklist, permitem um rápido enquadramento
do problema e aqueles mais complexos que podem caracterizar a multifatoriedade
da exposição. Não existem métodos de avaliação de risco que podem atender
completamente a todos os critérios. Apesar disso, alguns deles se apresentam mais
completos em sua formulação.

Nesse cenário, abordaremos alguns dos métodos aplicados à ergonomia:


· Niosh;
· Rula;
· Reba e;
· Questionário Nórdico.

20
Rula
Método de estudo desenvolvido para ser usado em investigações ergonômicas de
postos de trabalho, onde existe a possibilidade de desenvolvimento de LER/DORT EM
MEMBROS SUPERIORES.

O método RULA avalia: postura, atividade muscular e força.

Segundo Pavani e Quelhas (2006), o método RULA (Rapid Upper-limb assessment) é


um instrumento ágil e veloz que permite obter uma avaliação da sobrecarga biomecânica
dos membros superiores e do pescoço em uma tarefa ocupacional. Como os próprios
autores Mc Atamney e Corlett (1993) enfatizam, esse método deve ser utilizado em
um contexto de avaliação ergonômica geral. Essa afirmação parece evidente pelo fato
que o output principal do método é o de identificar a necessidade de uma análise mais
profunda do risco com outros métodos; portanto, é um instrumento de investigação
genérica como o de outros checklist.

O determinante de risco ergonômico, nesse método, é representado pelas posturas


assumidas pelos trabalhadores na jornada de trabalho. As posturas avaliadas são as
adotadas pelos membros superiores, o pescoço, o tronco e os membros inferiores. A
avaliação de risco é feita a partir de uma observação sistemática dos ciclos de trabalho,
pontuando as posturas, frequência e força dentro de uma escala que varia de 1 (um),
correspondente ao intervalo de movimento ou postura de trabalho, em que o fator de risco
correlato é mínimo até ao valor 9 (nove), no qual o fator de risco correlato é máximo. Essa
pontuação é fundamentada na literatura especializada em biomecânica ocupacional.

Nível de ação Pontuação Intervenção


1 1-2 A postura é aceitável se não for mantida ou repetida por longos períodos
2 3-4 São necessárias investigações posteriores; algumas intervenções podem se tornar necessárias
3 5-6 É necessário investigar e mudar em breve
4 >7 É necessário investigar e mudar imediatamente

Nível de intervenção para os resultados do método RULA.


Fonte: www.simpep.feb.unesp.br/anais/anais_13/artigos/282.pdf

Reba
É usado para avaliar a exposição dos trabalhadores a fatores de risco.

Segundo Pavani e Quelhas (2006), o método REBA (Rapid Entire Boby Assessment)
foi desenvolvido por Hignett e McAtamney (2000) para estimar o risco de desordens
corporais a que os trabalhadores estão expostos. As técnicas utilizadas para realizar
uma análise postural têm duas características que são a sensibilidade e a generalidade.
Uma alta generalidade quer dizer que é aplicável em muitos casos, mas provavelmente
tenha uma baixa sensibilidade, quer dizer que os resultados obtidos podem ser pobres
em detalhes. Porém, as técnicas com alta sensibilidade, em que é necessária uma
informação muito precisa sobre os parâmetros específicos que se medem, parecem ter
uma aplicação bastante limitada.

21
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UNIDADE
Ergonomia no Trabalho e na Vida

O método REBA é uma ferramenta para avaliar a quantidade de posturas forçadas


nas tarefas, nas quais são manipuladas pessoas ou qualquer tipo de carga animada,
apresentando uma grande similaridade com o método RULA e como este, é dirigido
às análises dos membros superiores e a trabalhos, em que se realizam movimentos
repetitivos. Esse método inclui fatores de carga postural dinâmicos e estáticos na interação
pessoa-carga e um conceito denominado de “a gravidade assistida” para a manutenção
da postura dos membros superiores. Isso quer dizer que é obtida a ajuda da gravidade
para manter a postura do braço, onde é mais custoso manter o braço levantado do que
tê-lo pendurado para baixo. Foi concebido inicialmente para ser aplicado nas análises de
posturas forçadas adotadas pelo pessoal da área médica e hospitalar como auxiliares de
enfermagem, fisioterapeutas e etc.
A avaliação de risco também é feita a partir de uma observação sistemática dos ciclos
de trabalho, pontuando as posturas do tronco, pescoço, pernas, carga, braços, antebraços
e punhos em tabelas específicas para cada grupo. Após a pontuação de cada grupo, é
obtida a pontuação final, em que se compara com uma tabela de níveis de risco e ação
em escala que varia de 0 (zero), correspondente ao intervalo de movimento ou postura de
trabalho aceitável e que não necessita de melhorias na atividade até ao valor 4 (quatro),
onde o fator de risco é considerado muito alto, sendo necessária a atuação imediata.

Nível de ação Pontuação Nível de risco Intervenção e posterior análise


0 1 Inapreciável Não necessário
1 2-3 Baixo Pode ser necessário
2 4-7 Médio Necessário
3 8 -10 Alto Prontamente necessário
4 11 -15 Muito Alto Atuação imediata

Verificação dos níveis de risco e ação do método REBA.


Fonte: www.simpep.feb.unesp.br/anais/anais_13/artigos/282.pdf

Niosh
Em 1981, nos Estados Unidos, sob iniciativa do National Institute for Ocupational
Safety and Health – NIOSH, patrocinou-se o desenvolvimento de um método para
determinar a carga máxima a ser manuseada e movimentada manualmente numa
atividade de trabalho.
O método Niosh foi revisto em 1991, sendo proposto o limite de peso recomendado
(LPR) e o Índice de levantamento (IL).
Ao determinar o LPR e o IL, estima-se o risco de lesão naquela situação, naquele
posto de trabalho.
Deve-se respeitar o peso que uma pessoa possa levantar em situação de trabalho,
onde 90% dos homens e, no mínimo, 75% das mulheres o façam sem lesão.
Assume que tarefas de levantamento e de abaixamento de pesos têm idêntico
potencial para causar lesões lombares.

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Cálculo
“H” é a distância horizontal em centímetros entre o maléolo e a pega da carga.

Neste software utilize valores entre 25 e 63cm.

Para valores menores que 25cm, o método NIOSH


diz que o fator relativo a “H” na equação do “LPR”
deve ser igual a um, ou seja, (25/H)=1.

Para valores maiores que 63cm, o método NIOSH


diz que o fator relativo a “H” na equação do “LPR”
deve ser igual a zero, ou seja, (25/H)=0. Isto faz com
que o “LPR” seja igual a zero.

“V” é a distância vertical em centímetros entre o chão e a pega da carga.

Neste software utilize valores até 175cm.

Para valores maiores que 175cm, o método NIOSH


diz que o fator relativo a “V” na equação do “LPR”
deve ser igual a zero, ou seja, {1- [0,003 x (V-75)]}.
Isto faz com que o “LPR” seja igual a zero.

“D” é a distância vertical em centímetros percorrida pela carga durante a tarefa


de levantamento.

Levantamento de Carga

Neste software utilize valores até 175cm.

Para valores maiores que 175cm, o método NIOSH diz que o fator relativo a “V” na
equação do “LPR” deve ser igual a zero, ou seja, {1- [0,003 x (V-75)]}. Isto faz com que
o “LPR” seja igual a zero.

23
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UNIDADE
Ergonomia no Trabalho e na Vida

“A” é o ângulo de torção do tronco em graus. Neste software, utilize valores entre
1 e 135°, já que o método NIOSH diz que para valores maiores que 135° o fator relativo
a “A” na equação do “LPR” deve ser um igual a zero, ou seja, [1-(0,0032 x A)]=0.
Isto faz com que o “LPR” seja igual a zero.

“F” é o Fator Frequência determinado de acordo com a tabela abaixo, que leva em
consideração a Frequência com que o trabalhador levanta a carga, a duração do trabalho
de levantamento de carga e o valor de “V”.

“QP” é a qualidade de pega durante a tarefa de levantamento. Seus valores são dados
conforme a tabela abaixo:

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“LPR” é o Limite de Peso Recomendado em Quilogramas, ou seja, a carga máxima
que o trabalhador pode levantar sem que haja danos a sua saúde.

Seu cálculo é feito conforme a fórmula abaixo:

LPR = 23 x (25/H) x [1 - (0,003 x IV - 75I)] x [0,82 + (4,5/D)] x [1 - (0,0032 x A)] x F x QP

“IL” é o Índice de Levantamento, calculado de acordo com a seguinte fórmula:

IL = P/LPR

Menor que 1
Bom

Deve-se fazer vigilância no posto de trabalho para manter o Índice de


Levantamento baixo.
Entre 1 e 2
Razoável

Deve-se fazer uma seleção ergonômica, que é o aconselhamento do


trabalhador para mudanças nos métodos de trabalho.
Maior que 2
Ruim

Deve-se utilizar uma máquina ergonômica. O trabalhador não pode


carregar esta carga.
Notas
O método NIOSH diz que a medida que o valor de IL aumenta se afastando
de 1, o nível de risco aumenta.
Para quantificar melhor os resultados, este software considera, assim como
muitos Ergonomistas, o valor de IL entre 1 e 2 como um risco considerável,
a ponto de serem necessárias mudanças nos métodos de trabalho, e um IL
maior como sendo risco máximo.

Questionário Nórdico
O questionário nórdico foi desenvolvido para autopreenchimento. Há um desenho
dividindo o corpo em 9 partes. Os trabalhadores devem responder “sim” ou “não” para
3 situações envolvendo essas 9 partes:
·· Você teve algum problema nos últimos 7 dias?
·· Você teve algum problema nos últimos 12 meses?
·· Você que deixar de trabalhar algum dia nos últimos 12 meses devido
ao problema?

O questionário é distribuído juntamente com uma carta explicando os objetivos do


levantamento e solicitando a colaboração. Segue-se um bloco de caracterização do
sujeito, pedindo para indicar o sexo, idade, lateralidade (destro, canhoto, ambidestro).
Finalmente, indica-se onde devem ser entregues os questionários preenchidos e faz-se
um agradecimento pela colaboração.

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UNIDADE
Ergonomia no Trabalho e na Vida

Formulário – Questionário Nórdico


Fonte: http://arquivosedfisica.blogspot.com.br/2013/05/qnso-questionario-nordico-de-sintomas.html

Segundo Iida (2005), o questionário é válido, sobretudo, quando se quer fazer um


levantamento abrangente, rápido e de baixo custo. Ele pode ser usado quando se quer
fazer um levantamento abrangente, rápido e de baixo custo. Ele pode ser usado para
se fazer um levantamento inicial das situações que requerem análises mais profundas e
medidas corretivas. Os dados podem ser processados eletronicamente, para identificar
os principais problemas posturais em uma empresa. Além disso, pode ser utilizado como
diagnóstico preliminar a ser usado no primeiro pilar da primeira fase de implantação do
Comitê de Ergonomia.

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Ergonomia na vida
A Revolução Industrial mudou a face do mundo. Foi um período de efervescência
mundial. Nessa época, a concepção do que era trabalho também mudou. Conforme
visto anteriormente, antes dessa revolução, o trabalho era artesanal e o artesão detinha
os meios de produção que era o “fator” gerador de riqueza para economia da época.

Com a Revolução Industrial, os meios de produção passaram a ser de propriedade do


dono da indústria. Para que uma pessoa comum, sem título de nobreza e sem herança
pudesse sobreviver, deveria ser operário das indústrias, uma vez que, nesse cenário, não
havia mais espaço para o trabalho artesanal. Criou-se, então, o estereótipo de que todas
as pessoas, para serem bem-sucedidas, deveriam ser “operárias” da indústria.

Nesse contexto, o trabalhador era mais uma peça do sistema, “um meio de produ-
ção”. Esse “modelo de produção” que definia a interação entre homem e sistema era
extremamente agressivo para o ser humano, todavia era socialmente aceita, mesmo com
a publicação do trabalho de Elton Mayo conhecido como “Efeito Howthorne”, que foi o
precursor da sociologia industrial! Essa configuração do meio veio sofrer uma influência
mais consistente na década de 1960 nos Estados Unidos da América.

Em meados da década de 1960, um fundo de pensão de norte americano queria


definir o perfil do trabalhador da indústria automobilística a fim de definir o quanto
de contribuição deveria fazer periodicamente e por quanto tempo deveria contribuir
para que com chegada da “velhice” tivesse um rendimento para sua subsistência. Algo
parecido com o que, no Brasil, chamamos de aposentadoria.

Essa pesquisa do fundo de pensão forneceu a informação necessária, entretanto,


trouxe outra informação que foi bombástica!

Identificou-se, a partir dessa pesquisa que, nos próximos dez anos, haveria uma
queda na oferta de emprego da manufatura e um crescimento proporcional no setor
de serviços.

Tantos esforços foram empregados na tecnologia e nos meios de produção que


chegou a um determinado momento que a indústria estava fabricando mais carros
do que as pessoas estavam dispostas a comprar. Com isso, começou a sobrar carros
nos pátios e as indústrias precisavam manter seus custos, mas, se mandassem todo o
excedente de funcionários embora, mergulhariam os Estados Unidos em uma grande
recessão. Lembrando que, nessa época, a indústria automobilística era a base da
economia americana.

Então, decidiu-se, para não promover demissões, reduzir a jornada de trabalho. Com
a redução da jornada de trabalho, os operários que ainda tinham emprego e dinheiro
descobriram o entretenimento em seu tempo livre. Foi nesse contexto que o trabalho na
prestação de serviços nasceu, tomou forma e ganhou o mundo e criou a tendência de
liberar o trabalhador daquelas tarefas que exigem esforços fatigantes de natureza simples
e repetitiva, uma oposição à Escola da Administração Científica de Taylor. A partir daí,
houve uma redistribuição social da força de trabalho.

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UNIDADE
Ergonomia no Trabalho e na Vida

Segundo Iida (2005), a ergonomia, desde a sua origem, vinculou-se ao estudo de


atividades militares e de produção industrial, onde os objetivos e critérios são estabelecidos
com relativa precisão. Com sua recente expansão para o setor de serviços, houve a
incorporação de um novo contingente de profissionais interessados na ergonomia, pois
o conceito de ergonomia extrapolou as áreas de fisiologia, psicologia e engenharia
porque incorporou o conhecimento de várias outras áreas, tais como informática,
ciências sociais, arquitetura e urbanismo, desenho industrial, administração, biologia,
ecologia, legislação e assim por diante.

Hoje, estende-se ainda o conceito de ergonomia para além de homens trabalhadores,


mulheres, crianças e portadores de deficiência. Os critérios ergonômicos aplicados,
atualmente, vão além de questões ligadas à eficiência, segurança e produtividade, passou-
se a considerar critérios mais subjetivos e interesses mais difusos, tais como conforto,
qualidade de vida, bem-estar social, satisfação dos clientes etc.

Segundo Iida (2005), o homem moderno passa cerca de 25% do seu tempo no
ambiente de trabalho. O resto desse tempo é gasto no ambiente doméstico, meios de
transporte e locais públicos.

A aplicação da ergonomia em casa, em lugares públicos, meios de transporte,


hospitais e agricultura deve ser feita de maneira diferente da indústria, pois é necessário
definir o tipo de usuário de serviços, bem como os critérios de desempenho. Segundo
Iida (2005), a população de usuários tende a ser mais ampla e diversificada e os objetivos
mais difusos. Assim sendo, os critérios a serem aplicados tenderão a ser mais amplos,
incorporando-se valores e comportamentos sociais de pessoas e de grupos.

Ergonomia nas atividades domésticas


Há uma grande preocupação na ergonomia doméstica, pois envolve homens,
mulheres e crianças além de idosos. Nesse contexto, o dimensionamento “do posto de
trabalho”, prioritariamente feminino, estende-se por toda a casa e pode ser definido a
partir de uma pesquisa com método sociológico para identificar os tipos de espaços e
arranjos internos no comportamento dos seus ocupantes.

A cozinha é um espaço prioritário nas residências, principalmente nas famílias de


baixa renda. É o centro da produção de alimentos e, durante o dia, o espaço onde
acontecem as interações entre os seres da família. Boa parte dos acidentes domésticos
acontece na cozinha. A cozinha só perde o lugar de destaque para a sala de estar à noite,
quando a família promove atividades de lazer ligadas à televisão.

O trabalho doméstico é considerado de média intensidade, mas o gasto energético


pode variar de acordo com a frequência em que atividades como arrumar a cama,
esfregar e lavar paredes e janelas, passar a ferro são realizadas.

Segundo Iida (2005), comparando o trabalho industrial em linhas de produção,


o trabalho doméstico tem a vantagem de ser bastante variado, permitindo frequentes
mudanças de postura e inserção de pausas durante o trabalho. Contudo, muitos trabalhos

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domésticos exigem posturas inadequadas. Por exemplo, para cuidar de bebês ou varrer o
chão, adotam-se posturas com curvatura dorsal, que podem provocar dores lombares. Isso
pode ser resolvido colocando-se objetos a serem manipulados em uma altura adequada ou
usando-se a flexão das pernas para abaixar-se.

Além disso, para prevenir lesões, os fabricantes de móveis e quem desenvolve o


projeto desses móveis devem considerar as dimensões antropométricas dos usuários a
fim de adequar a ergonomia a vida doméstica. É a aplicação da ergonomia de concepção,
conforme visto anteriormente. Os fabricantes de utensílios de limpeza doméstica, em
detrimento ao custo de fabricação, deveriam priorizar vassouras e pás de lixo com cabos
mais longos, por exemplo.

Ergonomia do ensino
Nos países desenvolvidos, as crianças passam cerca de 20% da sua vida nas escolas.
Em países mais pobres, a “jornada de ensino” é menor, mas nem por isso menos
importante, posto que os orçamentos nos países mais pobres é menor e o bom uso
desse dinheiro, mesmo que em menor quantidade que nos países desenvolvidos, deve
ser muito bem empregado.

As escolas brasileiras usam o método de aulas verbais expositivas. Esse método tem
suas limitações em termos de aprendizado em virtude da monotonia e da fadiga causada
aos alunos. O método de aula verbal expositiva limita o aluno à carteira. A carteira
estudantil pode ser considerada o “posto de trabalho do estudante” e proporciona uma
situação estática da musculatura, dificultando a circulação.

O mobiliário escolar, para todas as idades, deve ser pensado ergonomicamente,


utilizando os conceitos de antropometria e mobilidade. A postura em que o estudante
é submetido em “seu posto de trabalho” deve ser considerada a fim de prevenir lesões.

As instituições de ensino também devem preocupar-se com o ambiente, ao qual seus


clientes são submetidos: iluminação, ruído, temperatura, ventilação, cores e monotonia.

Ergonomia nos transportes


Em termos de transporte, vamos discorrer sobre o transporte rodoviário de cargas e
o transporte urbano, ambos responsáveis por uma participação relevante na economia
e também grande fonte geradora de acidentes que, muitas vezes, causam a morte.

O transporte de cargas feito por caminhões de dois e três eixos e carretas e o código
de trabalho aceito como comum nesse segmento demarcado expõe o motorista há muitas
horas seguidas na direção. A situação postural do motorista em seu “posto de trabalho”,
sentado e em alerta constante, assemelha-se à condição do estudante em situação estática
de musculatura e dificuldade de circulação dos membros inferiores e a monotonia.

Segundo Iida (2005), os acidentes em transporte resultam da interação do motorista


com o veículo, a estrada e o fluxo de tráfego. Naturalmente, as estradas congestionadas

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UNIDADE
Ergonomia no Trabalho e na Vida

de caminhões, carros, cheias de buracos e obstáculos e o veículo em más condições de


manutenção favorecem o acidente. Estatísticas da polícia rodoviária atribuem cerca de
80% dos acidentes em estradas a causas humanas, ou seja, imperícia do motorista. A
duração do trabalho, o horário de trabalho e a idade dos motoristas podem ser elementos
que favoreçam os acidentes nas estradas.

O transporte urbano enfrenta outros tipos de problemas. Em virtude do crescimento


desordenado das grandes cidades (regiões onde a oferta de emprego é maior), os
trabalhadores com renda menor acabam indo morar na periferia dos grandes centros.
Por definição, a periferia é uma região longe dos grandes centros e, provavelmente, longe
do trabalho. Por isso, muitas pessoas gastam de três a quatro horas só de transporte
entre ida e vinda do trabalho além de contar com ônibus, trens e metrô, sempre muito
lotados de gente.

Os ônibus ainda são o meio de transporte mais utilizado em virtude do preço do


investimento de trens e metrôs. O maior problema dos ônibus é a altura que deve
ser vencida para entrar e sair do ônibus (degraus muito altos), além da questão de
acessibilidade aos portadores de deficiência. O número de veículos “adaptados” é baixo.
As dimensões dos assentos e dos corredores também devem ser pensadas no sentido da
ergonomia de concepção.

Ergonomia no projeto de escritórios


Ergonomia no projeto de escritórios deve-se tomar como pontos de atenção,
principalmente, a posição sentada em frente ao computador que é extremamente
fatigante em virtude do campo de visão e da postura de trabalho, mas também devem ser
consideradas a mobilidade nos corredores e a disposição dos elementos no espaço (layout).
Além disso, o mobiliário utilizado nesse ambiente deve ser pensado ergonomicamente.
O mobiliário ergonômico é mais caro, todavia é uma medida profilática na prevenção de
lesões e doenças ocupacionais.

Ergonomia no hospital
Segundo Falzon (2009), o hospital manteve, na década de 1960, as estruturas
herdadas do hospital do século XIX. Os cuidados hospitalares eram dispensados, nessa
época, por ordens religiosas. As condições de trabalho passavam em segundo plano,
aos próprios olhos das pessoas que atuavam com muita frequência como “benévolas”.
A questão do trabalho não se colocava. A própria noção de hospital evoluiu ao longo
da história. De asilo para os pobres, o hospital de tornou centro de atendimento para
o tratamento, de ensino e de pesquisa. Os profissionais não são mais unicamente
os médicos auxiliados por um conjunto de pessoas polivalentes e devotadas. Esses
profissionais não se adaptam mais a qualquer preço e reivindicam, de maneira insistente,
uma melhoria das condições de vida e de trabalho. Além de práticas terapêuticas serem
aplicadas, também há o componente humano, não de quem está enfermo, mas de
quem cuida da enfermidade do paciente. Existe um fator emocional muito grande na

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composição desse cenário tanto por parte do corpo de enfermagem, como por parte
dos médicos. A interação entre o ser humano do corpo clínico: médico ou enfermeiro
com o paciente e a família do paciente pode tornar-se desgastante, por exemplo, com
prognóstico terminal de um paciente. Nos cursos de graduação dessas carreiras, há uma
carga horária bem extensa de psicologia médica.

O mundo mudou, a sociedade mudou e o modelo assistencial dos hospitais deve


se adaptar também. A despeito de toda tecnologia mobilizada para a área da saúde o
componente humano, a humanização dos serviços de saúde não pode ser colocada em
planos de menor importância, porque não só nesse segmento, mas em todos os outros
segmentos, onde houver a interação entre homens e sistemas, o fator humano deve ser
priorizado. Não podemos esquecer nossas raízes “industriais”; afinal, todos somos filhos
e netos da Revolução Industrial e da influência direta ou indireta que o Taylorismo nos
traz. Mas devemos nos lembrar das palavras de Charlie Chaplin: “Não sois máquinas,
homens é o que sois”.

Ergonomia na agricultura
A agricultura é um setor crítico nas sociedades. No passado, a agricultura tinha uma
importância de destaque, pois era a responsável pela alimentação dos seres. Todavia, a
agricultura perdeu gradativamente sua importância, principalmente no sentido da oferta
de emprego.

A agricultura volta à cena na sociedade sob o apelo de alimentos saudáveis, alimentos sem
agrotóxico que são chamados de orgânicos. Como a produtividade é menor dos alimentos
cultivados sem agrotóxicos, obviamente, o preço é maior. O que pode causar estranheza, em
um primeiro momento em virtude do paradoxo preço x produto, nesse caso dos alimentos
sem agrotóxicos, o alto preço não é um limitador do consumo, muito pelo contrário, o preço
alto é um atrativo, pois sugere ao comprador um produto mais saudável.

É necessário descrever, analisar e compreender o trabalho agrícola para que se possa


aplicar adequadamente a ergonomia.

Além disso, é preciso conhecer os processos, onde a ergonomia deve ser aplicada
não só em função de segurança, mas também da carga de trabalho. Se possível, deve-
se reduzir o transporte de carga manual pesada e usar, se for o caso, equipamentos de
proteção individual adequados à atividade laboral que está sendo realizada. A postura de
trabalho é um importante fator de observação e estudo.

A concepção do trabalho e todas as suas vertentes são importantes, mas também


é de suma importância que as pessoas ligadas a esse tipo de trabalho considerem
também as consequências de anos de trabalho inadequado e considerar, sobretudo, que
as atividades agrícolas são realizadas ao ar livre e em grandes extensões de terra por
um grande longo período de tempo (ciclo de cultivo de determinada cultura) além de
ferramentas, utensílios e dispositivos ligados à atividade laboral.

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UNIDADE
Ergonomia no Trabalho e na Vida

Orientações para Leitura Obrigatória


O conceito de ergonomia é relativamente antigo, todavia, só ganhou popularidade a
partir da segunda guerra mundial. A fim de “otimizar” a utilização de armamento de uma
maneira geral, os mesmos eram “desenvolvidos”, pela primeira vez na história olhando
para o usuário final, procurando “enxergar” a interação entre produto e usuário para
melhorar o sucesso dessa interação. Então, surge a ideia de aplicação da ergonomia como
meio de busca pela eficiência nas operações. Nesse caso, especificamente, procurando
fazer com que armamento “se adaptasse” ao soldado e aumentando a assertividade de
uso. Assim, usando melhor o recurso para ter maiores e melhores resultados.

Dado o sucesso dessa iniciativa, no pós-guerra, a ergonomia teve seus conceitos e


aplicações popularizadas como “vetor” de eficiência nas organizações.

Além disso, a ergonomia traz em seu bojo um viés de sustentabilidade. Importante


destacar que há muitas definições sobre sustentabilidade. Nesse fórum, entende-se que a
mais adequada seria a COEXISTÊNCIA.

Sustentabilidade é coexistência, existir ao mesmo


tempo. Um “elemento” existindo ao mesmo tempo
que outro “elemento”, sem, com isso, um prejudicar
ou comprometer o outro. Por exemplo, a organização,
para existir, tem que ter lucros. Porém, esses lucros
não devem ser obtidos comprometendo a saúde e
segurança do trabalhador .

Será também apresentada, nesta unidade, a aplicação


da ergonomia fora da indústria, na vida cotidiana das
pessoas através da ergonomia doméstica: carga de
trabalho doméstico, acidentes, etc. Ademais, será
abordada a ergonomia no ensino, nos transportes, em
escritórios em espaços públicos em serviços médicos
hospitalares e na agricultura.

Assim sendo, além dos títulos indicados no plano


de ensino, a leitura de outros títulos a esses assuntos
relacionados pode tornar sua experiência mais rica.

Portanto, explore a bibliografia obrigatória proposta na


unidade estrutural. Afinal, é recomendável que você amplie
seus estudos com pontos de vista de autores diversos.

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Livros
Constituição Federal Interpretada
MACHADO, Costa. Constituição Federal Interpretada. Editora Manole. São Paulo.
2010. Inicie suas leituras pelo capítulo II da Constituição (Dos Direitos Sociais) Art. 7°,
incisos XXII, XXIII, XXVIII e XXXIII, ou seja, da página 64 a 65 e 67 a 69 da obra.

CLT
CLT. Editora Manole. São Paulo. 2016. Inicie suas leituras pelo capítulo V do Seção II
a V da CLT, ou seja da página 33 a 37 da obra.

CLT interpretada
MACHADO, Costa. CLT interpretada. Editora Manole, 2º edição. São Paulo. 2009.

Leitura
Consolidação das Leis do Trabalho
O Decreto-Lei 5.452, de 1 de maio de 1943, que é a nossa Consolidação das Leis
Trabalhistas (CLT), especificamente no Capítulo V do Título II (relativo à Segurança e
Medicina do Trabalho).
https://goo.gl/U15ifx

33
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UNIDADE
Ergonomia no Trabalho e na Vida

Referências
IIDA, ITIRO. Ergonomia: projeto e produção. São Paulo, Edgard Blucher, 2009.

FALZON, PIERRE. Ergonomia. São Paulo, Edgard Blucher, 2010.

GUERIN, F.; LAVILLE, A. Compreender o trabalho para transformá-lo. A prática da


ergonomia. São Paulo, Edgard Blucher, 2010.

MORAES, A. Ergonomia: conceitos e aplicações. Rio de Janeiro, 2AB, 2012.

GOMES FILHO, J. Ergonomia do objeto: sistema técnico de leitura ergonômica. São Paulo:
Escrituras, 2010.

SLACK, N.; CHAMBERS, S. Administração da Produção. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009.

BARNES, R. M. Estudo de movimentos e de tempos: projeto e medida do trabalho.


São Paulo. Editora Blucher, 1977.

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Ergonomia
Inserir Título Aqui
Inserir Título Aqui
Gestão da Ergonomia

Responsável pelo Conteúdo:


Profa. Ms. Cristhiane Eliza dos Santos

Revisão Textual:
Profa. Esp. Márcia Ota
Gestão da Ergonomia

Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos:


• Introdução ao tema
• Leitura Obrigatória
• Material Complementar

Fonte: iStock/Getty Images


Objetivos
• Apresentamos como objetivos dessa unidade aplicar e gerir a ergonomia. Será discutido
também Sistemas de gestão que possuam interface com a ergonomia: OHSAS 18.000
(segurança do trabalho), ISO 26.000 (diretrizes em responsabilidade social) e SA 8.000
(responsabilidade social).

Normalmente com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o
último momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.

Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você
poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns
dias e determinar como o seu “momento do estudo”.

No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões


de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e
auxiliarão o pleno entendimento dos temas abordados.

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de
troca de ideias e aprendizagem.

Bons Estudos!
UNIDADE
Gestão da Ergonomia

Introdução ao tema
Nesta unidade, abordaremos pontos importantes para o planejamento, aplicação
e gestão da ergonomia e a devida interface com sistemas de gestão internacional
pertinentes ao assunto.

Podemos afirmar que a gestão da ergonomia é mais um desdobramento da ergonomia.


Não menos técnico que a medicina do trabalho ou as normas e legislação dedicada ao
assunto, mas, multidisciplinar como a ergonomia “exige”.

Ao longo dos nossos estudos, discorremos sobre a definição e evolução da ergonomia


e promovemos uma abordagem específica sobre os elementos legais de aplicação da
ergonomia. Além disso, apresentamos e ilustramos a ampliação do escopo da ergonomia,
“extrapolando” as fronteiras da indústria, bem como discutimos a ergonomia na vida e
nos serviços públicos de qualquer população: nos transportes, na escola, nos hospitais.

É importante destacar que a aplicação da ergonomia na agricultura apresenta-se em


destaque no sentido de trazer à luz a discussão sobre a escassez de recursos necessários
à sobrevivência; água e a oferta de alimentos para uma população crescente.

Então, traremos, nesta unidade, normas internacionais que parametrizam a aplicação


e gestão da ergonomia, salientando que, em organizações multinacionais, essa visão
mais generalista é imprescindível.

Não é raro presenciarmos a afirmação de que a aplicação da ergonomia é cara e


complexa, sendo APENAS possível para empresas com recursos e de grande porte.

Os sistemas de gestão surgem, nesse contexto, para desmistificar a complexidade da


implantação e gestão da ergonomia. A quantidade de recursos necessários depende do
tamanho da organização. Assim sendo, a aplicação da ergonomia é possível para todo
tipo de organização que seja regida pelo regime CLT.

Nossa unidade final “ pretende ser”, não só uma unidade de fechamento dos nossos
estudos, mas também “uma provocação”, um convite à reflexão sobre a aplicação
prática da ergonomia no trabalho e na vida.

Portanto, nossa “unidade de estudos” está dividida em quatro partes, conforme


ilustra diagrama:

1 - Visão Geral 2 - Sistemas 3 - Normas de 4 - OHSAS 18.001 -


de gestão responsabilidade Saúde e
social segurança do
trabalho

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Leitura Obrigatória
O conceito de ergonomia é relativamente antigo, todavia, só ganhou popularidade a
partir da segunda guerra mundial. A fim de “otimizar” a utilização de armamento de uma
maneira geral, os mesmos eram “desenvolvidos”, pela primeira vez na história olhando
para o usuário final, procurando “enxergar” a interação entre produto e usuário para
melhorar o sucesso dessa interação. Então, surge a ideia de aplicação da ergonomia como
meio de busca pela eficiência nas operações. Nesse caso, especificamente, procurando
fazer com que armamento “se adaptasse” ao soldado e aumentando a assertividade de
uso. Assim, usando melhor o recurso para ter maiores e melhores resultados.

Dado o sucesso dessa iniciativa, no pós-guerra, a ergonomia teve seus conceitos e


aplicações popularizadas como “vetor” de eficiência nas organizações.

Além disso, a ergonomia traz em seu bojo um viés de sustentabilidade. Importante


destacar que há muitas definições sobre sustentabilidade. Nesse fórum, entende-se que a
mais adequada seria a COEXISTÊNCIA.

Sustentabilidade é coexistência, existir ao mesmo tempo. Um “elemento” existindo ao


mesmo tempo que outro “elemento”, sem, com isso, um prejudicar ou comprometer o
outro. Por exemplo, a organização, para existir, tem que ter lucros. Porém, esses lucros não
devem ser obtidos comprometendo a saúde e segurança do trabalhador.

Será também apresentada, nesta unidade, a aplicação da


ergonomia fora da indústria, na vida cotidiana das pessoas
através da ergonomia doméstica: carga de trabalho doméstico,
acidentes, etc. Ademais, será abordada a ergonomia no
ensino, nos transportes, em escritórios em espaços públicos
em serviços médicos hospitalares e na agricultura.

Assim sendo, além dos títulos indicados no plano de


ensino, a leitura de outros títulos a esses assuntos relacionados
pode tornar sua experiência mais rica.

Portanto, explore a bibliografia obrigatória proposta na unidade estrutural. Afinal, é


recomendável que você amplie seus estudos com pontos de vista de autores diversos.
Para tanto, recomendamos que explore o acervo digital disponível na Biblioteca
Virtual Universitária.

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7
UNIDADE
Gestão da Ergonomia

Visão geral
Esta unidade tem como objetivo a aplicação da Gestão da Ergonomia e os Sistemas
de Gestão relacionados.

Dentro de um sistema de gestão como OHSAS 18001 (Segurança e Saúde


Ocupacional), são incluídas diversas ações ergonômicas, adequadas de acordo com a
necessidade da organização, dentre elas: Análises Ergonômicas, Perícias, Formação
de Comitês, Educação e Treinamento em Ergonomia, Analise de Projetos, Programas
Preventivos e Corretivos, dentre outros, de acordo com as demandas apresentadas.

Mas, antes, vamos esclarecer um pouco um assunto que, por vezes, acaba causando
alguma confusão.

Portanto, vamos falar um pouco sobre as normas de responsabilidade social e no que


estão fundamentadas para, depois, entrar na OHSAS, que será nosso principal objetivo.

Importante notar que esta unidade não será um Guia de Implementação da OHSAS,
mas vamos abordar os itens que precisam ser compreendidos para que o profissional em
questão possa dar sua contribuição para o Sistema de Gestão.

Sistemas de gestão
A partir da identificação dos processos de uma organização, identificando-se entradas e
saídas, deve-se estabelecer um sistema de controle / verificação com o objetivo de obter-se
informações “vivas”, sempre atualizadas que reflitam a real situação da operação. Com
isso, os líderes seriam capazes de tomar decisões assertivas.

Para que uma empresa tenha um “sistema de gestão”, ela pode “caseiramente” criar
um conjunto de “ações padronizadas” que “garantam” os critérios de qualidade a serem
atingidos, sistematicamente pela organização.

O conjunto de normas e procedimentos mais conhecidos são as normas da série


ISO 9000.

Salienta-se que a família de normas ISO (International Standart Organization) 9000


originou-se na Suíça na década de 80.

Em virtude da formação e consolidação do Mercado Comum Europeu, surgiu a


necessidade de estabelecerem-se padrões que norteassem as operações de negócios
neste bloco.

Surge, então, em 1987, a primeira versão de normas ISO 9000. Essa versão era
extremamente burocrática e continha 20 elementos.
• Em 1994, o enfoque deixou de ser de controle da qualidade para garantia
da qualidade.
• Em 2000, o enfoque passa a ser gestão por processos.

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• Em 2008, foram pequenas alterações mais relevantes voltadas para a gestão de
recursos passando a considerar as competências.
• Em 2015, grandes mudanças estruturais, a questão da gestão de risco passou a
ser considerada.

Da década de 1980, a sociedade passou por grandes “revoluções”. Em boa


parte, relacionadas aos avanços tecnológicos advindos da tecnologia da informação.
As “facilidades” proporcionadas pela tecnologia acabaram por promover grandes
mudanças nos hábitos e costumes das pessoas. A sociedade mudou. A dinâmica dos
mercados e, com ela, a competitividade mudou. A política mudou. A empresa mudou.
O emprego mudou.

O acesso à informação tornou o “mundo menor”. A necessidade de “normas de


qualidade” extrapolou os limites do “processo” (método de trabalho) para trazer à luz
questões relacionadas a meio ambiente, saúde e segurança do trabalho, responsabilidade
social entre outras.

A ISO série 14.000 – Gestão Ambiental é uma norma de relativamente simples


aplicação, mas, em um dos seus requisitos, pede-se que sejam seguidas as legislações
ambientais vigentes no local da unidade a ser certificada. No caso do Brasil são mais de
80.000 leis relacionadas ao meio ambiente. Deve-se considerar também a hierarquia
das leis: municipal, estadual e federal que, em muitos casos, são divergentes. Deve ser
aplicada a lei mais rígida, independente da hierarquia das leis.

Existem outras normas que não pertencem à família ISO, mas são igualmen-
te certificáveis:
• Normas de segurança: OHSAS 18.000 – abordadas, mais profundamente, ainda,
nesta Unidade.
• Responsabilidade social: SA 8.000 (norma criada a partir do “escândalo da Nike”,
quando veio a público a submissão do ser humano ao trabalho escravo – regime de
escravidão – sem condições dignas de trabalho).

Normas de Responsabilidade Social


As normas de Responsabilidade Social, como a ISO 26.000 e a SA 8.000, têm com
base 7 princípios:
• Accountability: Ato de responsabilizar-se pelas consequências de suas ações e
decisões, respondendo pelos seus impactos na sociedade, na economia e no meio
ambiente, prestando contas aos órgãos de governança e demais partes interessadas,
declarando os seus erros e as medidas cabíveis para remediá-los.

Obs.: Optou-se por não traduzir este termo, porém uma aproximação razoável
seria responsabilização.
• Transparência: Fornecer às partes interessadas de forma acessível, clara,
compreensível e em prazos adequados todas as informações sobre os fatos que
possam afetá-las.

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UNIDADE
Gestão da Ergonomia

• Comportamento ético: Agir de modo aceito como correto pela sociedade - com
base nos valores da honestidade, equidade e integridade, perante as pessoas e a
natureza - e de forma consistente com as normas internacionais de comportamento.
• Respeito pelos interesses das partes interessadas (Stakeholders): Ouvir,
considerar e responder aos interesses das pessoas ou grupos que tenham interesses
nas atividades da organização ou por ela possam ser afetados.
• Respeito pelo Estado de Direito: O ponto de partida mínimo da responsabili-
dade social é cumprir integralmente as leis do local onde está operando.
• Respeito pelas Normas Internacionais de Comportamento: Adotar prescrições
de tratados e acordos internacionais favoráveis à responsabilidade social, mesmo
que não haja obrigação legal.
• Direito aos humanos: Reconhecer a importância e a universalidade dos direitos
humanos, cuidando para que as atividades da organização não os agridam direta ou
indiretamente, zelando pelo ambiente econômico, social e natural que requerem.

Analisando os princípios das normas de responsabilidade social, fica claro que


devemos focar na OHSAS 18001.

OHSAS 18001 – Saúde e Segurança


do Trabalho
Vale lembrar que todas as normas possuem basicamente a mesma estrutura,
mudando apenas seu o foco e todas elas estão baseadas na ISO 9001. Esse fato
permite que se tenha um sistema de gestão integrada, tendo uma base comum para
todas as normas.

A ISO 9001 tem como princípio ciclo do PDCA, também conhecido como ciclo de
melhoria contínua. Já que a OHSAS 1800 é nosso foco de estudo e tem como base a
ISO 9001, é necessário compreender esse princípio.

Importante também citar que OHSAS estruturalmente é muito semelhante a ISO


14001, sendo muito comum a implementação das normas em conjunto, formando um
Sistema de Gestão Integrada.

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A figura abaixo descreve de maneira muito simples o Ciclo do PDCA:

Definição da meta
Análise do problema
Padronização dos Análise das causas
resultados obtidos Elaboração dos planos
de ação

A P

C D Treinamento
Verificação dos
Execução dos
resultados
planos de ação

Fonte: Acervo do Conteudista

Conforme demonstrado na figura acima do Ciclo do PDCA, o sistema de gestão é


algo vivo que está sempre sendo retroalimentado, ou seja, em constante evolução, isto
independente de ser na área de qualidade, ambiental ou de segurança.

A OHSAS, que é o nosso foco, retrata a preocupação da empresa com a integridade


física de seus colaboradores e toda a cadeia envolvida, incluindo fornecedores.

Como toda implementação, é necessário que haja uma estruturação.

De uma forma resumida, segue a estruturação de um sistema de gestão:


• Formação;
• Divulgação;
• Documentação;
• Controle de Documentos e Dados;
• Controle Operacional;
• Preparação e Resposta a Situações de Emergências.

Política
Todo este processo inicia-se com a definição de uma Política, a qual deve contemplar
as diretrizes gerais sobre higiene e segurança.

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Gestão da Ergonomia

A política de deve refletir o máximo comprometimento da alta direção da empresa


com a prevenção de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais, assim como a
promoção de ambientes seguros e saudáveis para que os seus profissionais possam
realizar suas atividades em condições isentas de perigos ou sob condições controladas de
riscos, reduzindo, assim, a ocorrência de perdas.

A Política é um compromisso da empresa e vai dar as diretrizes para a implementação


do sistema de gestão, como se fosse o alicerce de uma construção. Tudo vai se apoiar
nesta política.

Após definição da Política, é necessário definir os riscos significativos. Para isso,


utilizamos um processo de identificação, análise, avaliação e controle dos riscos laborais.

Identificação de Perigos e Avaliação e Controle de Riscos


Interessante, neste momento, estabelecer um procedimento para poder identificar
estes riscos, bem como os critérios para poder analisá-los que pode ser alguma forma de
pontuação. Importante definir um número em cima deste critério para poder classificar
este risco como significativo ou não significativo.

No caso dos riscos significativos, deve se estabelecer as ações necessárias para


minimizá-los.

Importante também determinar como estes riscos são monitorados.

O modelo a seguir é uma sugestão para determinar o grau de risco e as ações de


controle e/ou mitigação.

Realizar a Realizar a
Planejar o Planejar as
Identificar análise análise Controlar
gerenciamento respostas
os riscos qualitativa quantitativa os riscos
de riscos aos riscos
dos riscos dos riscos

Fonte: Acervo do Conteudista

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Avaliação da

Situação Operacional
Importância do

Temporalidae

Significativo
Ações de Controle e/

Probabilidade

Grau de Risco
Item Atividade Perigo Dano

Frequência/
Gravidade
ou Mitigação

Atividade Ruído em Desconforto PPRA - Programa de


1 Adminis- Ambiente acústico, N A 1 2 2 NÃO Prevenção de Riscos
trativas Administrativo estresse, fadiga Ambientais
Atividade Calor em Climatização de
Desconforto
2 Adminis- ambiente N A 1 2 2 NÃO Ambientes (ar
térmico
trativas administrativo condicionado)
Agentes
Atividade Doenças Manutenção do sistema
microbio-
3 Adminis- infecto- N A 1 2 2 NÃO central de climatização
lógicos (ar
trativas contagiosas (condomínio)
condicionado)
Atividade Plano de Emergência do
Queimaduras,
4 Adminis- Incêndio E A 3 1 3 SIM Condomínio; Sistema de
asfixia
trativas Combate a Incêndios
Desconforto
Limpeza Ruído em PPRA - Programa de
acústico,
5 e Conser- Ambiente N A 1 2 2 NÃO Prevenção de Riscos
estresse,
vação Administrativo Ambientais
fadiga
Limpeza Calor em Climatização de
Desconforto
6 e Conser- ambiente N A 1 2 2 NÃO Ambientes (ar
térmico
vação administrativo condicionado)

Esta planilha leva em conta, para determinação do grau de risco, a gravidade x fre-
quência/periodicidade a fim de, então, determinar se a atividade é significativa ou não.

Note que mesmo para todos os casos existem ações de controle e/ou mitigação, mas,
no caso onde o grau de risco fez com que a atividade fosse significativa, temos um plano
de emergência.

Risco Ergonômico
Não é tarefa das mais simples quantificar fatores como satisfação, bem-estar, cansaço,
dor, etc. Dentro deste contexto, podemos dizer que nasce o conceito de Risco Ergonômico.

Risco, segundo a norma OHSAS 18001 é a combinação da probabilidade e gravidade


(consequência) de um determinado evento fator de risco (ou perigo) ocorrer.

Contudo, “Fator de risco” é expressado por uma situação ou fonte potencial de


danos em termos de acidentes pessoais, doença, danos materiais, danos ao ambiente de
trabalho ou a combinação dos mesmos.

Muitos profissionais estão acostumados a analisar as questões do trabalho, segundo


a ótica do PPRA (9º norma regulamentadora do trabalho – programa de prevenção de
riscos ambientais), onde existem índices de aceitação ou de exposição. Exemplos típicos
são ruído e temperatura.

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UNIDADE
Gestão da Ergonomia

Neste caso, quando inseridos no contexto ergonomia, esses profissionais “saem à caça”
das posturas incorretas, das cadeiras antiergonômicas, das bancadas em altura inadequa-
da. Esquecem que pessoas são pessoas e, como tal, são passíveis de emoções e sensações.

O trabalho de gerenciamento de riscos ergonômicos (finalidade da metodologia)


permite identificação precoce de possíveis problemas (quando ressaltamos “possíveis”
tratamos de ações proativas), facilidade na aplicação e envolvimento de todos os
envolvidos – gestores e operadores.

O trabalho inicia-se com a identificação da demanda de trabalho, com a participação


dos gestores de cada área e dos trabalhadores de setor. Neste ponto, são identificados
pontos críticos e problemas do dia a dia, segundo diferentes visões. São quantificados
ainda índices de afastamentos, queixas, características da população de trabalho,
qualificação, dentre outros (Figura abaixo).

Descrição dos operadores Descrição do gestor


Posto de Observações
Problemas Problemas
trabalho Pontos críticos Pontos críticos do analista
do dia a dia do dia a dia
A Afastamentos
B Queixas frequentes
C Idade
Sexo
Qualificação
Tempo de serviço
Tempo de função
Índices de produção
Tecnologia utilizada
Gestão de pessoas

As situações devem ser filmadas e fotografadas e, em seguida, segue-se ao confronto


entre tarefa (é uma ação com começo meio e fim, é preestabelecida) e atividade (ações
cotidianas, sempre vão se repetir!). O distanciamento entre a tarefa e a atividade resulta
no Motivo (como e por que determinadas ações acontecem).

Requisitos Legais e Outros


Importante lembrar que temos uma legislação complexa que rege as relações do
trabalho e passa por constante evolução. Portanto, é de extrema importância, sempre,
analisar a legislação, bem como sua evolução, verificando sempre se o sistema está
contemplando a mesma, principalmente no que se refere a responsabilidades.
Estabelecendo-se “um link” entre as atividades identificadas com a legislação aplicável,
minimiza-se a possibilidade de descumprimento de alguma lei, tornando o sistema de
gestão mais eficiente.
Também é muito importante haver um procedimento de como é levantada a legislação
aplicável e de como se evidencia que a mesma está sendo cumprida. (Mais à frente, vamos
falar um pouco de controle de documentos.)

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Passos para tratamento da legislação:

Identificação Acesso Aplicabilidade Interpretação Implementação Conformidade

Os Requisitos Legais podem ser:

Federal

Estadual

Municipal
Outros requisitos aplicáveis, tais como:

Licenças

Códigos

Normas
Regulamentos
(entre outros)

Por exemplo:

Requisitos Legais – Saúde e Segurança do Trabalho


• Normas Regulamentadoras (NRs);
• Instruções Normativas do Ministério do Trabalho;
• Portarias do Ministério do Trabalho;
• Portarias da ANVISA e Ministério da Saúde;
• Leis Federais, Estaduais e Municipais.

Requisitos Legais – Meio Ambiente


• Resolução CONAMA;
• Portarias IBAMA;
• Instruções Normativas;

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• Portarias Ministério Transportes;


• Portarias de Órgãos Estaduais;
• Leis Federais, Estaduais e Municipais.

Falando especificamente de ergonomia, temos a NR 17 que trata somente deste


assunto, já abordada nas unidades anteriores juntamente com outras NR’s que se
relacionam entre si. Não poderíamos deixar de citar também a importância da ergonomia
no nexo-causal entre outros.

Acidentes, Incidentes, não conformidades, ações corretivas


e ações preventivas
Segundo a OHSAS, o tratamento de acidentes, incidentes e não conformidade
deverão ser tratados e investigados de forma a adotar medidas para reduzir quaisquer
consequências oriundas de acidentes, incidentes ou não conformidades; iniciar e
concluir ações corretivas e preventivas; confirmar a eficácia das ações corretivas e
preventivas adotadas.

Esses procedimentos devem requerer que todas as ações corretivas e preventivas


propostas devem ser analisadas criticamente durante o processo de avaliação de riscos,
antes da implementação.

Qualquer ação corretiva ou preventiva adotada para eliminar as causas das não
conformidades, reais e potenciais, deve ser adequada à magnitude dos problemas e
proporcional ao risco de SSO verificado.

A empresa deve implementar e registrar quaisquer mudanças nos procedimentos


documentados, resultantes de ações corretivas e preventivas.

Para determinação das causas, faz-se necessária a utilização de algumas ferramentas,


como por exemplo:

Diagrama de
Causa-Efeito Diagrama de
Gráfico de
Concentração
Pareto
de Defeito

Folha de Diagrama
Controle de Dispersão

Histograma
7 Ferramentas Gráfico de
da Qualidade Controle

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O papel fundamental do profissional em questão, neste cenário, não é o fato de
dominar uma das ferramentas, mas sim ter ciência que, de certa forma, estará utilizando
seu conhecimento técnico sob a orientação de um profissional, por exemplo, da
qualidade, a fim de que se aplique uma dessas ferramentas para que a causa raiz do
acidente, incidente ou não conformidade e que as ações propostas sejam, de fato, para
erradicar a raiz do problema, ou seja, a ação deve ser para a causa e não para o efeito.

Mas, de qualquer forma, é importante saber da existência dessas ferramentas, mas


a mensagem que deve ficar clara aqui é que todas as ações devem além de erradicar a
causa e não o efeito devem ter sua eficácia verificada e devem evitar a reincidência.

Responsabilidade e Autoridade
Outro ponto fundamental para a eficiência do sistema é estabelecer claramente
as responsabilidades, além de comunicá-la por toda a organização. Por isso, dentro
de um sistema de gestão, sempre haverá documentação para que fiquem claro,
no Manual, Procedimentos e Instruções de Trabalho (hierarquia de documentos
relativos a um sistema de gestão da qualidade), quem são os responsáveis pelas mais
variadas atividades dentro do sistema de gestão. Importante salientar que nem só as
responsabilidades, tanto do auditor quanto do auditado estão descritas, mas também
as responsabilidades.

Treinamento e Competências
Os treinamentos e competências também devem ser considerados, uma vez que os
responsáveis para implementar, gerenciar, treinar e auditar também os procedimentos
da organização.

Por se tratar de um assunto técnico e também regido por legislação, a formação se


faz necessária.

E, dentro de um sistema de gestão, o especialista, em questão, também é um


multiplicador, principalmente nos casos ergonômicos, em que muito do que for
implementado poderá passar por uma reeducação.

Objetivos principais da Gestão Ergonômica Industrial


• Melhorar o nível de conforto dos postos de trabalho através de melhoria e
capacitação;
• Classificar os postos de trabalho e seus riscos ergonômicos;
• Criar e capacitar comitês de gerenciamento por áreas e parceiras;
• Criar e capacitar grupos de solução por áreas e parceiras;
• Envolver todos os funcionários na busca do conforto e produtividade através da
melhoria contínua;

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• Diminuir e controlar queixas médicas relacionadas a doenças ocupacionais, quase


acidentes e acidentes;
• Diminuir o absenteísmo provocado por doenças ocupacionais.

Como já citado anteriormente, nosso objetivo aqui não é fornecer um guia de implan-
tação da OHSAS 18001, mas sim demostrar qual o papel do profissional da ergonomia
dentro do sistema de gestão e a importância fundamental dos seus conhecimentos técni-
cos para a eficiência e eficácia do sistema de gestão, atuando deste o estabelecimento da
Política, passando pelo levantamento dos riscos juntamente com as propostas para sua
erradicação e/ou mitigação, levantamento da legislação aplicável, monitoramento dos
riscos, preparação de planos de atendimento a emergências, participando de equipes
multidisciplinares para análise da causa de acidentes, incidentes e /ou não conformida-
des, também propondo ações para erradicação das causas, bem como análise de sua efi-
cácia. Não vamos nos esquecer também da importância da multiplicação dos conceitos,
através de treinamentos, acompanhamentos in loco; enfim, podendo até ser um auditor
do sistema de gestão.

Espero que o objetivo de demostrar a importância da visão sistêmica que o profissio-


nal, em questão, deve ter, bem como a importância da ergonomia no sistema de gestão,
conforme OHSAS, tenha alcançado seu propósito.

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Livros
CLT Interpretada
MACHADO, Costa. CLT interpretada. Editora Manole, 2º edição. São Paulo. 2009.

Leitura
Constituição Federal Interpretada
Inicie suas leituras pelo capítulo II da Constituição (Dos Direitos Sociais) Art. 7°, incisos
XXII, XXIII, XXVIII e XXXIII, ou seja, da página 64 a 65 e 67 a 69 da obra de Costa
Machado, Constituição Federal Interpretada, disponível na Biblioteca Virtual Universitária.
Para acessar esta obra, Acesse o link a seguir
Disponível em: https://goo.gl/cEZamh
Além da Constituição é importante salientar que o Decreto-Lei 5.452, de 1 de maio
de 1943, que é a nossa Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), especificamente no
Capítulo V do Título II (relativo à Segurança e Medicina do Trabalho).

CLT
Inicie suas leituras pelo capítulo V do Seção II a V da CLT, ou seja da página 33 a 37,
CLT - 2016, disponível na Biblioteca Virtual Universitária.
Para acessar esta obra, Acesse o link a seguir
Disponível em: https://goo.gl/cEZamh

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Gestão da Ergonomia

Referências
IIDA, ITIRO. Ergonomia: projeto e produção. São Paulo, Edgard Blucher, 2009.

FALZON, PIERRE. Ergonomia. São Paulo, Edgard Blucher, 2010.

GUERIN, F.; LAVILLE, A. Compreender o trabalho para transformá-lo. A prática da


ergonomia. São Paulo, Edgard Blucher, 2010.

MORAES, A. Ergonomia: conceitos e aplicações. Rio de Janeiro, 2AB, 2012.

GOMES FILHO, J. Ergonomia do objeto: sistema técnico de leitura ergonômica. São


Paulo: Escrituras, 2010.

SLACK, N.; CHAMBERS, S. Administração da Produção. 3. ed. São Paulo: Atlas,


2009. <https://topergonomia.wordpress.com/2008/04/18/voce-sabe-o-que-e-risco-
ergonomico/> acessado em junho de 2016.

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