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8ª Aula Prática

Enfª Géssica Mauro Carvalho


Centro Cirúrgico
centro cirúrgico é definido como uma área complexa
pertencente a um estabelecimento de Saúde que requer
estrutura física, equipamentos e recursos humanos
especializados para assegurar a qualidade do processo
diagnóstico e terapêutico, clínico e cirúrgico com menor
risco e morbimortalidade a todos os pacientes com
indicação cirúrgica.
Deve ter acesso restrito e possuir uma estrutura física que
atenda à legislação sanitária vigente. Segundo o Ministério
da Saúde, o centro cirúrgico é tido como um conjunto de
elementos destinados às atividades cirúrgicas, recuperação
anestésica e pós-operatória
A estrutura física básica para o centro cirúrgico deve
contemplar: vestiários masculinos e femininos com duplo
acesso (área interna e externa do CC); posto de enfermagem;
copa; sala de espera para acompanhantes e familiares; área
de troca de macas; arsenal de materiais esterilizados; área
de escovação (lavabos) com torneiras automáticas ou que
possam ser manobradas sem o uso das mãos; acesso fácil às
demais áreas de assistência como ambulatórios, emergência,
unidade de internação, unidade de terapia intensiva e
unidades de suporte; sala de expurgo; sala de depósito de
material de limpeza (DML); sala de conforto; sala de guarda
de equipamentos; sala de guarda e preparo de anestésicos e/
ou farmácia satélite; sala operatória.
as áreas internas do centro cirúrgico são descritas como:
• Área não restrita: área de circulação livre, não sendo
necessário o uso de roupa privativa. Os ambientes de
apoio do centro cirúrgico devem ser: sala de utilidades,
banheiros com vestiário para os funcionários com barreira
e sala administrativa.
• Área semirrestrita: permite a circulação de
equipamentos e pessoal de modo a não interferir nas
rotinas de controle e manutenção da assepsia da área
restrita. Enquadra-se aqui a sala de recuperação pós-
anestésica.
• Área restrita: possui limites definidos de circulação de
pessoal e equipamentos, com rotinas próprias para o
controle e a manutenção da assepsia. É privativa do
pessoal com uso de uniforme, gorro ou touca e máscara
cirúrgica.
Cirurgia
A cirurgia é uma alteração anatômica do organismo humano,
previamente planejada, com a finalidade de aliviar ou retirar
algum processo patológico. Devemos sempre lembrar que
durante o seu decurso o paciente está totalmente entregue à
equipe cirúrgica, sentindo-se temeroso e inseguro. Por isso, é
necessário respeitá-lo, evitando comentários e considerações
desnecessárias, ainda que ele esteja anestesiado. Adotar uma
medida para benefícios de tranquilizar o paciente, tonará o
procedimento cirúrgico e o processo de recuperação pós-
operatório mais rápido e tranquilo.
Anestesia
A anestesia corresponde a um procedimento médico
mediado por drogas que tem como principal objetivo
bloquear a capacidade do cérebro em reconhecer os
estímulos dolorosos por um período de tempo determinado.
Os riscos que envolvem o procedimento anestésico podem
ter associação com vários aspectos, e os principais são: as
condições do paciente, a especificidade cirúrgica e o tipo de
droga escolhida.
Os tipos mais comuns de anestesias são: anestesia geral,
anestesia peridural ou epidural, anestesia raquidiana e
anestesia local.
Anestesia Geral
A anestesia geral corresponde ao procedimento anestésico
em que ocorre a perda da consciência, o bloqueio da dor e o
relaxamento do paciente operado por meio de agentes
medicamentosos intravenosos e/ou inalatórios.
A anestesia inalatória é feita por via respiratória através de
vaporização, de forma a utilizar gases que contém
medicamentos anestésicos.
Anestesia Venosa é utiliza fármacos administrados
unicamente por via endovenosa, ou seja, medicamento
anestésico é injetado direto na veia.
Anestesia balanceada é uma técnica que combina o uso da
anestesia inalatória e venosa, para aproveitar as melhores
propriedade de cada medicação.
A duração da anestesia geral vai depender do tempo
necessário para a realização da cirurgia.
Efeitos colaterais podem ser causados por reação alérgica,
entrando em choque anafilático após a administração da
anestesia, e pós operatório pode ocorrer náuseas, e vômitos.
Na anestesia geral é comum que a função respiratória seja
complementada com aparelhos chamados ventiladores
mecânicos (ou respiradores artificiais). Nesses casos, os
pulmões são conectados ao aparelho através de um tubo
que é inserido na traqueia do paciente. A intubação
traqueal é um procedimento especializado, realizado pelo
médico anestesiologista, e que, ao contrário do que se pensa
popularmente, costuma conferir grande segurança ao ato
anestésico geral.
Os gases anestésicos mais utilizados para esse tipo de
procedimento são: óxido nitroso, halotano, sevofluorano,
desflurano, isoflurano e enflurano.
Em se tratando de medicamentos intravenosos utilizados
para esse tipo de procedimento, os mais utilizados são:
tiopental, propofol, cetamina, etomidato e os opioides –
fentanil, sufentanil, alfentanil, remifentanil.
Anestesia Regional (Bloqueio)
A anestesia regional ou bloqueio refere-se a um
procedimento anestésico em que há um bloqueio parcial da
sensibilidade à dor, ou seja, o procedimento é realizado
visando ao bloqueio da transmissão da dor somente em
uma determinada região. Pode ser realizada por meio da
injeção de medicamentos anestésicos em plexos nervosos,
bloqueando assim a transmissão da dor para o Sistema
Nervoso Central.
Os dois tipos de anestesia regional mais usados são:
• Anestesia raquidiana (ou raquianestesia).
• Anestesia peridural.
Basicamente, o que diferencia os tipos de anestesia citados é
o espaço do canal medular onde é feita a administração dos
medicamentos anestésicos.
Os medicamentos mais utilizados para a indução da
anestesia regional são: bupivacapina, lidocaína, procaína,
mepivacaína, prilocaína.
Efeitos colaterais:
Infecção no local da injeção, toxidade sistêmica, problemas
cardíacos ou pulmonares e febre.
Anestesia Raquidiana
Para realizar a anestesia raquidiana, uma agulha de
pequeno calibre é inserida nas costas, de modo a atingir o
espaço subaracnoide da coluna espinhal. Em seguida, um
anestésico é injetado dentro do líquido espinhal (liquor) –
bupivacapina, lidocaína, procaína, mepivacaína, prilocaína
–, resultando em bloqueio simpático, bloqueio motor,
analgesia e insensibilidade aos estímulos e produzindo
dormência temporária e relaxamento muscular,
principalmente dos membros inferiores. Por isso é muito
utilizada em cirurgia que requer a anestesia de regiões
infraumbilicais e de membros inferiores.
Efeitos colaterais: pressão baixa, sensação de não conseguir
respirar, formigamento no pós operatório, tremores, coceira
ou irritação na pele e sonolência.
Anestesia Peridural
A anestesia peridural é muito semelhante à anestesia
raquidiana, porém a administração de medicamentos
anestésicos é feita na região peridural e consiste na
manutenção contínua de um cateter nesse espaço, podendo
permanecer com a infusão de medicamentos analgésicos
por horas no pós-operatório.
complicação mais comum das anestesias peridurais é a dor
de cabeça que ocorre quando há extravasamento de liquor
pelo furo feito pela agulha no canal espinhal. Essa perda de
líquido provoca uma redução da pressão do liquor ao redor
de todo o sistema nervoso central, sendo esta a causa da dor
de cabeça.
Anestesia Local
A anestesia local corresponde a um procedimento
anestésico que visa ao bloqueio superficial da dor, sendo
mais utilizada em procedimentos que envolvem operações
superficiais, como na pele. Diferentemente dos outros tipos
de anestesia, esta pode ser realizada por outro especialista
que não seja anestesiologista.
Vale mencionar que esta anestesia compreende a utilização
de uma pequena quantidade de droga anestésica, como a
lidocaína, a rupivacaína e a bupivacaína.
PERÍODO PERIOPERATÓRIO
O termo Enfermagem de centro cirúrgico tem sido substituído
pela expressão Enfermagem Perioperatória. Todo paciente
cirúrgico acaba vivenciando o período perioperatório, que
corresponde ao espaço de tempo da cirurgia, desde o momento
em que ela foi indicada até a alta do paciente pós-cirúrgico.
O período perioperatório subdivide-se em:
• Período pré-operatório: inicia-se quando a decisão da
intervenção cirúrgica é tomada e termina com a entrada do
paciente na sala de cirurgia. Temos, também, o período pré-
operatório imediato, o qual acontece desde a véspera da
cirurgia até o momento em que o paciente é recebido no centro
cirúrgico.
• Período transoperatório: começa quando o indivíduo entra
na sala de cirurgia e finda quando é transferido para a sala de
recuperação pós-anestésica. Ou seja, tem início desde a entrada
do paciente no centro cirúrgico, com seu recebimento e
avaliação na recepção, até seu encaminhamento para
recuperação pós-anestésica.
• Período pós-operatório: começa com sua admissão na
sala de recuperação anestésica e finaliza com a alta clínica
ou domiciliar. Pode ser subdividido em: pós-operatório
imediato, que corresponde ao momento da alta da sala de
cirurgia até a alta da sala de recuperação pós- -anestésica;
e pós-operatório mediato, que compreende o espaço de
tempo entre a saída da sala de recuperação pós-anestésica
até o momento de alta hospitalar.
CLASSIFICAÇÃO DAS CIRURGIAS
Pode-se classificar as cirurgias com base em suas
características quanto à finalidade, ao porte, ao momento
operatório e ao potencial de contaminação.
Quanto à finalidade
1) Diagnóstica: quando se extrai uma biópsia para
explorar o local.
2) Curativa: quando uma massa tumoral é extirpada ou um
apêndice é removido.
3) Reparadora: quando múltiplas feridas são corrigidas.
4) Cosmética ou de Reconstrução: quando há colocação
de próteses mamárias, seja por estética ou por
reconstrução de mama, devido à extirpação (por
exemplo, em caso de câncer de mama que necessitou de
mastectomia).
Quanto ao porte
De acordo com o tempo da cirurgia
1) Cirurgia de porte I: duração de até duas horas.
2) Cirurgia de porte II: duração de duas a quatro horas.
3) Cirurgia de porte III: duração de quatro a seis horas.
4) Cirurgia de porte IV: duração acima de seis horas.
De acordo com a característica e o tipo de cirurgia
• Cirurgia de grande porte: grande probabilidade de perda
de fluidos e sangue. Exemplo: cirurgia de emergência.
• Cirurgia de médio porte: média probabilidade de perda
de fluidos e sangue. Exemplo: cirurgia vascular, cirurgia de
cabeça e pescoço.
• Cirurgia de pequeno porte: cirurgia com pequena
probabilidade de perda de fluidos e sangue. Exemplo:
cirurgias oftalmológicas, cirurgias da otorrinolaringologia.
Quanto ao momento operatório
• Cirurgia de emergência: necessidade de procedimento
cirúrgico imediato. Exemplo: trauma de baço.
• Cirurgia de urgência: procedimento cirúrgico pode ser
realizado em até 24 horas do agendamento. Exemplo:
obstrução intestinal.
• Cirurgia eletiva: cirurgias programadas realizadas
durante o dia ou noite, conforme agendamento cirúrgico.
Exemplo: lipoaspiração estética
Quanto ao potencial de contaminação
1) Cirurgias limpas: aquelas realizadas em tecidos estéreis
ou passíveis de descontaminação, ausência de processos
infecciosos ou inflamatório local ou falhas técnicas.
Cirurgias que não ocorrem penetrações em trato digestivo,
respiratório ou urinário. Cicatrização por primeira intenção.
2) Cirurgias potencialmente contaminadas: realizadas em
tecidos de difícil descontaminação, ausência de processo
infeccioso e inflamatório. Cirurgias limpas com drenagem.
Penetração em tecido digestivo, respiratório e urinário.
3) Cirurgias contaminadas: realizadas em tecidos
traumatizados recentemente e abertos, colonizados por
flora bacteriana abundante, cuja descontaminação seja
difícil ou impossível, bem como todas aquelas em que
tenham ocorrido falhas técnicas grosseiras na ausência de
supuração local. Presença de inflamação aguda na incisão e
cicatrização de segunda intenção, grande contaminação a
partir do tubo digestivo, urinário ou respiratório.
4) Cirurgias infectadas: todas as intervenções cirúrgicas
realizadas em qualquer órgão ou tecido em presença de
processo infeccioso, supuração local, tecido necrótico,
corpos estranhos e feridas de origem suja.
Os profissionais que compõem a equipe cirúrgica são:
• Cirurgiã ou cirurgião chefe: é de sua competência
planejar e executar o ato cirúrgico, comandar e manter a
ordem no campo operatório.

• Cirurgião ou cirurgião assistente: tem o melhor acesso


ao órgão que será operado, ou tem como dever dar o
melhor acesso ao cirurgião principal. Faz incisões e
suturas, corta fios e afasta órgãos para facilitar a
intervenção. Ajuda o cirurgião em todos os passos. Em
alguns procedimentos utiliza-se dois assistentes.
• Instrumentador cirúrgico: é responsável por fornecer e
controlar as matérias que o cirurgião e seu assistente necessitam
para o procedimento cirúrgico.

• Anestesista: cabe a ele a escolha e a execução da melhor


anestesia para cada caso. Planejar e executar a assistência pré-
clínicas durante o ato anestésico.

Após a cirurgia, é de sua responsabilidade assistir o paciente na


sala de recuperação pós-anestésico.
• Circulante ou profissional de enfermagem de sala: cabe a este
o pronto e eficiente atendimento ás solicitações da equipe,
fornecendo suporte a todos (anestesista, instrumentador
cirúrgico e assistente).
O que a equipe cirúrgica deve saber:

∙ Não usar adornos como anéis, brincos e relógios;

∙ Utilizar óculos de proteção e máscara cirúrgica durante todo o procedimento;

∙ Não esquecer de perguntar quais os fios que serão usados nos procedimentos;

∙ Não encostar em qualquer local estéril depois de paramentado;

∙ Não elevar as mãos próximo ao rosto ou abaixo da cintura;

∙ Utilizar EPIs necessários para proteção no procedimento.


O que a equipe cirúrgica deve fazer:

∙ Não dar as costas para os campos do paciente ou para mesa e pacotes estéreis abertos;

∙ Manter os instrumentos limpos, organizados nos seus devidos lugares; a pinça de


antissepsia não deverá voltar para a mesa do instrumental;

∙ Retirar sempre o material deixado em cima do paciente e separar todo o material perfuro
cortante utilizado ao final da cirurgia;

∙ Quando for utilizar o álcool ou tintura de benjoim solicitar ao circulante para desligar o
bisturi elétrico.
CUIDADOS DE ENFERMAGEM COM A
FERIDA CIRÚRGICA
Segundo Fernandes (2016), a equipe de Enfermagem é
muito importante no tratamento de feridas, pois a maioria
dos casos são acompanhados, inicialmente, por ela. É
necessário que o profissional tenha domínio no
conhecimento teórico para que haja um acompanhamento e
tratamento eficaz. Qualquer tratamento escolhido de forma
equivocada poderá prolongar ainda mais o tratamento da
ferida. Assim, cabe ao(a) enfermeiro(a) a realização da
evolução da ferida cirúrgica, sendo imprescindível avaliar
todo seu aspecto a fim de decidir, juntamente com a equipe
médica, qual o melhor tratamento a ser seguido.
Nesse sentido, alguns elementos devem ser minuciosamente
avaliados e registrados. Vejamos:
• Área de abrangência e extensão da lesão: define a área onde está
localizada a lesão através de medidas de largura e comprimento,
devendo ser anotados periodicamente para realização de
comparação e evolução da ferida.
• Aspecto da área adjacente: a área que se estende ao redor da
ferida (perilesional) deve ser observada especificando se ela se
encontra: íntegra, lacerada, macerada, com presença de eczema,
celulite, edema, corpos estranhos ou sujidades.
• Aspecto da lesão: tipo de tecido predominante (granulação\
esfacelo\necrose). • Características do Exsudato: importante durante
a avaliação observar a presença de exsudato, a quantidade e a
qualidade tem ligação direta a suas condições, devendo portanto ser
evidenciado o tipo de exsudato, coloração, o volume, se muito ou
pouco, se fluido ou espesso, purulento, hemático, seroso ou
serossanguíneo, além da presença ou não de odor.
• Dor: na pele encontramos uma variada rede de terminações
nervosas sensitivas, nos permitindo a realizar estímulos mecânicos,
térmicos e dolorosos provenientes de meio externo. Devem ser
levados em consideração todos os aspectos relacionados à dor: a
existência ou não, tipo de dor apresentada (pontada, queimação,
ardência ou latejante), tempo e intensidade, se cessa com uso de
analgésicos e se vem acompanhada de sinais flogísticos.
• Infecção: a pele representa uma barreira
consideravelmente eficaz contra agentes patogênicos.
Quando ocorre uma lesão, essa barreira é rompida,
facilitando a penetração de agentes patogênicos. Os mais
comuns são Staphylococcus e Streptococcus. Sabe-se que
alguns microrganismos estão se tornando cada vez mais
resistentes, como o Staphylococcus aureus e o Streptococcus
aureus, podendo causar graves prejuízos à ferida e ao
paciente, retardando o processo de cicatrização
(FERNANDES, 2016).
A identificação precoce de infecção nas feridas é
fundamental para determinar o tratamento com coberturas
apropriadas e remover os tecidos desvitalizados. Deve-se
identificar sinais clínicos de infecção como a presença de
exsudato purulento com odor. É imprescindível avaliar e
registrar a presença dos sinais de inflamação: rubor, calor,
edema, febre.
Os tipos de tecido encontrados em uma
ferida pós operatória
• Tecido de granulação: Com coloração rósea ou
avermelhada, é de extrema importância no processo de
cicatrização; aparentemente brilhante e úmido, é rico em
colágeno. Localizado na superfície da lesão, é indolor,
porém sangra ao mínimo toque; sendo assim, deve-se ter
muito cuidado na realização da limpeza e no curativo. Esse
tecido não pode ser friccionado ou removido; deve ser
protegido e mantido em meio úmido para proliferar até
que se torne um tecido fibroso.
• Tecido epitelial ou de epitelização: Aparece na ferida
como um novo tecido róseo e brilhante (pele) e desenvolve
se a partir das bordas, favorecendo o fechamento da ferida.
Com o passar do tempo, o epitélio torna-se mais espesso e
sedimentado.
• Tecido macerado: Caracterizado pela borda
esbranquiçada, essa característica ocorre devido ao
excesso de umidade na ferida pelo aumento da exsudação.
A permanência de coberturas por longos períodos sem
substituição também contribui para umidade excessiva;
portanto, ao perceber que a o curativo está saturado, deve
ser realizada a limpeza e a troca de cobertura antes do
prazo máximo.
• Esfacelo (necrose de liquefação: É descrito como uma
membrana fibrosa, composta pelo conjunto de células
mortas acumuladas no exsudato. Pode ter presença de
bactérias e leucócitos, com aparência de tecido fibrinoso,
que se adere ao leito da ferida. Pode cobrir grandes áreas.
É considerado um tecido inviável e deve ser removido.
• Fibrina: Proteína formada no plasma a partir da ação da
trombina sobre o fibrinogênio, é a principal componente
dos coágulos sanguíneos.
• Tecido necrótico: Resultante da morte celular e tecidual,
com consequência perda da função orgânica e do
metabolismo de forma irreversível. Tem como
característica coloração preta, marrom ou acastanhada.
• Necrose caseoso: Ocasionada por infecções tuberculosas,
com características de um queijo, tornando-se friável, com
coloração que varia do esbranquiçado ao acinzentado.
• Necrose gangrenosa: Pode ser chamada de gangrena. Em
alguns casos, se não for revertida com o tratamento, leva à
amputação do membro por ela acometido. Neste tipo de
necrose, o tecido sofre alterações por agentes externos
como, por exemplo, bactéria; o tecido, por ser úmido ou
seco, torna-se endurecido e escuro com presença de
proliferação de microrganismos na lesão com odor pútrido.
• Necrose coagulativa: Esse tipo de necrose é o mais
comum; ocorre devido à isquemia tecidual, muitas vezes
por pressão contínua.
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM
PERIOPERATÓRIA
A enfermagem perioperatória, como já mencionamos, pode ser
entendida, segundo Almeida (2015, p. 9), como “a assistência de
Enfermagem prestada ao paciente que irá ser submetido a um
procedimento cirúrgico e que está inserido nos períodos pré,
trans e pós-operatórios”.
para a viabilização da assistência de Enfermagem perioperatória,
as ações desta equipe devem contemplar:
1) A assistência de Enfermagem integral, individualizada e
documentada em todas as fases perioperatórias (pré, intra e
pós) com a realização do registro das ações adequadas em
cada uma dessas fases, preferencialmente em impresso
próprio.
2) O levantamento e a análise das necessidades individuais do
paciente a ser submetido ao procedimento anestésico-
cirúrgico e a realização do planejamento da sua assistência.
3) A colaboração e elucidação do paciente, acompanhantes e
familiares na compreensão do problema de saúde,
preparando-os para a cirurgia.
4) Possibilitar a redução ao máximo dos riscos inerentes ao
ambiente cirúrgico.
5) A provisão de medidas que minimizem a inquietação e a
ansiedade do paciente, colaborando para a sua recuperação.
A Sistematização da Assistência de Enfermagem
Perioperatória (SAEP) deve ser realizada com base em uma
assistência integral continuada, participativa,
individualizada, documentada e avaliada, devendo atender
aos seguintes propósitos:
1) Ajudar o paciente e a família na compreensão do
tratamento anestésico-cirúrgico proposto e no preparo
para tal evento.
2) Diminuir ao máximo os riscos decorrentes da utilização
dos materiais e equipamentos necessários para o
desenvolvimento desses procedimentos.
3) Prever, providenciar e controlar os recursos humanos.
4) Reduzir ao máximo os riscos inerentes ao ambiente
específico do centro cirúrgico e da recuperação pós-
anestésica.
Transoperatório
A recepção do paciente no centro cirúrgico é realizada pelo
enfermeiro que confirma a chegada, confere o termo de
consentimento da cirurgia, verifica o estado geral do
paciente, a presença de prontuário, de exames laboratoriais
e do preparo realizado, faz a confirmação do jejum e da
retirada de próteses e adornos, finalizando com um exame
físico simplificado a verificação dos sinais vitais e, junto
com os demais membros da equipe, a realização do
protocolo da cirurgia segura.
Já na sala operatória, as ações de enfermagem devem seguir
a prescrição de enfermagem transoperatória e o registro de
todas as etapas até o término da cirurgia, apontando as
intercorrências, alterações hemodinâmicas, balanço hídrico,
utilização de materiais especiais de órteses e próteses,
passagem, de cateteres, sondas, drenos e a realização de
curativos.
Pré-operatório imediato
Nesta fase, recomenda-se a realização do histórico de
enfermagem, do exame físico, dos diagnósticos e das
prescrições para o pré-operatório e o transoperatório.
Ressalta-se que muitos pacientes possuem a indicação de
realizar o preparo cirúrgico meses antes da cirurgia, como:
regime alimentar, diminuição do tabagismo ou controle
glicêmico.
A avaliação do paciente nesse período deve considerar o
porte da cirurgia, a duração do procedimento, o tipo de
anestesia, o estado físico geral do indivíduo, sua idade, seu
peso e altura, seu estado nutricional, a gravidade da doença
cirúrgica, os riscos no transoperatório e as possíveis
complicações.
Com base nos dados levantados, o enfermeiro deve, juntamente
com a equipe cirúrgica, formular um plano de cuidados,
considerando os problemas de enfermagem que necessitam de
intervenções para diminuição do risco cirúrgico.
Em suma, esta fase é marcada pelos preparos específicos para a
cirurgia, tais como:
1) jejum oral absoluto, conforme idade.
2) Tricotomia da região a ser abordada, feita em espaço de
tempo mais próximo da cirurgia, preferencialmente no
máximo duas horas antes do procedimento.
3) Higiene corporal, utilizando soluções degermantes quando
indicado.
4) Remoção dos adornos metálicos, próteses metálicas,
esvaziamento vesical.
Todas as ações de enfermagem executadas deverão ser
registradas no prontuário do paciente.
Pós-operatório
A assistência de Enfermagem no pós-operatório imediato
vai da alta do paciente da sala operatória até 2 horas na
recuperação pós-anestésica (RPA).
Cabe frisar que, no pós-operatório, o enfermeiro deve
realizar uma avaliação da assistência prestada no período
perioperatório, avaliar a complexidade do procedimento
anestésico- -cirúrgico a que o indivíduo foi submetido e
realizar o plano de cuidados até que receba alta
Assistência de Enfermagem na recuperação
pós-anestésica
Ao término da cirurgia, e ao término do procedimento anestésico
ao qual o paciente foi submetido, ele é retirado da sala
operatória e encaminhado para a RPA sob a responsabilidade do
anestesiologista e do enfermeiro.
O transporte do paciente recém-operado exige cautela e deve ser
realizado de forma segura, mesmo que a RPA seja próxima, pois
é um período considerado crítico, já que as pessoas se encontram
sob a ação de anestésicos e podem estar inconscientes,
entorpecidas e com uma diminuição dos reflexos protetores.
Na RPA, o paciente deve permanecer em monitorização e
observação constantes até que apresente estabilidade
hemodinâmica, frequência e amplitude respiratória
normalizadas, saturação de oxigênio nos limites de normalidade,
estabilidade da temperatura corporal e do nível de consciência. A
alta do paciente da RPA é de responsabilidade do anestesiologista.
Principais recomendações para a admissão de Enfermagem do paciente na
recuperação pós-anestésica:
1) Conferir a identificação do paciente.
2) Orientar o paciente sobre o término da cirurgia e sua permanência na
RPA.
3) Explicar os procedimentos e as atividades a serem realizadas durante a
sua permanência na RPA.
4) Garantir a privacidade do paciente.
5) Verificar o procedimento anestésico cirúrgico realizado e a equipe
responsável.
6) Realizar exame físico.
7) Monitorar frequência cardíaca, pulso, pressão arterial, temperatura,
saturação de oxigênio, dor pós-operatória e nível de consciência.
8) Manter as vias aéreas permeáveis.
9) Instalar a nebulização com oxigênio úmido, de acordo com a necessidade
10) Verificar a localização e fixação de drenos, sondas e
condições do curativo cirúrgico, observando sinais de
sangramento, distensão e desconforto abdominal, assim
como a verificação da perfusão periférica.
11) Promover conforto e aquecimento do paciente.
12) Evitar a lesão de nervos e tensão muscular, apoiando e
acolchoando corretamente as zonas de pressão e
proeminências ósseas, além de manutenção do
alinhamento corporal, sempre em posição anatômica.
13) Zelar pela segurança do paciente, deixando as grades
laterais do leito elevadas.
14) Aplicar o índice de Aldrete e Kroulik ou algum outro,
preestabelecido pela instituição, segundo a gravidade do
paciente.
15) Observar náuseas e vômitos, recorrendo às manobras que
impeçam a aspiração pelo paciente.
16) Implementar intervenções de início imediato, como, por exemplo,
a administração de analgésicos e antieméticos, conforme prescritos
17) Verificar, anotar e identificar a data dos drenos e sondas, assim
como dos débitos e características das secreções.
18) Observar a queixa de retenção urinária, realizar manobras para o
estímulo da diurese espontânea e/ou proceder com o cateterismo
vesical de alívio ou de demora, conforme prescrito. 19) Fazer balanço
hídrico, se necessário.
20) Manter e observar as infusões venosas e atentar-se para possíveis
infiltrações e irritações cutâneas nos locais de inserções dos cateteres.
21) Minimizar os fatores de estresse, evitando ruídos desnecessários
que possam perturbar o paciente.
22) Identificar os diagnósticos de Enfermagem, propor as intervenções
pertinentes, avaliar os resultados obtidos e registrar tais dados.
23) Comunicar as intercorrências ao anestesiologista, a exemplo de
alterações no nível de consciência, nos sinais vitais, nos resultados dos
exames laboratoriais, em sangramentos não esperados e queixas
dolorosas.
Escala de Aldrete e Kroulik
A escala de Aldrete e Kroulik é um método que avalia as
condições fisiológicas dos pacientes submetidos a
procedimentos anestésicos. Esse índice avalia o sistema
cardiovascular, respiratório, nervoso central e muscular
utilizando parâmetros clínicos de fácil verificação, como
frequência respiratória, pressão arterial, nível de
consciência e porcentagem de saturação de oxigênio no
sangue, que é realizado com oxímetro de pulso. Cada
parâmetro clínico avaliado é pontuado de 0 a 2 pontos, cuja
soma de pontos vale 10. O uso de escala de Aldrette (Quadro
2) tem como objetivo sistematizar a observação das
condições fisiológicas dos pacientes em SRPA de um modo
simples e objetivo.
Paramentação cirúrgica descartável
O uso da paramentação cirúrgica descartável tem como
finalidade a formação de uma barreira microrganismo no
sitio cirúrgico do paciente, oriundo dele mesmo, dos
profissionais, matérias equipamentos e ar ambiente.

Antes de iniciar a paramentação e inserir os EPIs


necessários, lave as mãos com água e sabão ou higienize
com solução alcoólica 70%.

Os EPIs paramentação cirúrgica descartável são:

∙ Avental cirúrgico;
∙ Mascara descartável;
• Gorro descartável;

• Propé descartável.

Os EPIS (equipamento de proteção individual) protegem


diretamente o corpo do profissional, no sentindo de evitar
riscos de contaminações e de acidentes, já os EPCs
(Equipamento de Proteção Coletiva) visam alertar para os
cuidados necessários diante do risco presente no centro
cirúrgicos.
Vale ressaltar, que, devido às doenças transmissíveis por
substâncias orgânicas dos pacientes como por exemplo, a
Aids e a Hepatite B, adicionou-se o uso de óculos ou
máscara protetoras dos olhos como EPIs, componentes da
paramentação cirúrgica descartável.
Tempos cirúrgicos ou tempos operatórios
São procedimentos ou manobras consecutivas realizadas pelo cirurgião, desde
o início até o término da cirurgia.

De um modo geral as intervenções cirúrgicas são realizadas em quatro (4)


tempos básicos.

Diérese: (dividir, cortar, separar) separação dos planos anatômicos ou tecidos


para possibilitar a abordagem de um órgão ou região (cavitaria ou superfície),
é o rompimento da continuidade dos tecidos pode ser classificada em:

Mecânica (instrumentos cortantes) pode ser:

∙ Punção: drenar coleções de líquidos ou coletar fragmentos de tecidos


(agulhas, trocarters);

∙ Secção: dividir ou cortar tecidos com uso de material cortante (bisturi,


tesouras, lâminas) = segmentação de tecidos;
∙ Divulsão: afastamento dos tecidos nos planos anatômicos sem cortá-
los (afastadores, tesouras com ponta romba);
∙ Curetagem: raspagem da superfície do órgão (cureta);
∙ Dilatação: processo para se aumentar o diâmetro de estruturas físicas
anatômicas (dilatadores específicos);
∙ Descolamento: separação dos tecidos de um espaço anatômico (pinças
descoladoras, específicos).

Física (recursos especiais) pode ser:

∙ Térmica: realizada com uso do calor, cuja fonte é a energia elétrica


(bisturi elétrico);
∙ Crioterápica: resfriamento brusco e intenso da área a ser realizada a
cirurgia (nitrogênio líquido);

∙ Laser: realiza-se por meio de um feixe de radiação, ondas luminosas de


raios infravermelhos, concentrados e de alta potência. Há vários sistemas
laser, mas, o mais utilizado na cirurgia é o laser de CO², que pode ser
facilmente absorvido pela água existente no tecido humano.

Hemostasia: (hemo = sangue; stasis = deter) – processo pelo qual se previne,


detém ou impede o sangramento. Pode ser feito por meio de:

∙ Pinçamento de vasos;

∙ Ligadura de vasos;

∙ Eletrocoagulação;

∙ Compressão.
Hemostasia prévia, preventiva ou pré-operatória:
Medicamentosa = baseada nos exames laboratoriais;
Cirúrgicas = interromper em caráter provisório o fluxo de
sangue para a ferida cirúrgica para prevenir ou diminuir a
perda sanguínea (garrote pneumático, faixa de smarch).
Hemostasia temporária: feita durante a intervenção
cirúrgica para deter ou impedir temporariamente o fluxo
de sangue no local da cirurgia (compressão por
instrumentais – pinças, aplicação de medicações, uso de
hemostáticos).
Hemostasia definitiva: obliteração do vaso sanguíneo em caráter
permanente (sutura, bisturi – eletrocoagulação, laqueadura, uso de
hemostáticos).

Cirurgia propriamente dita ou Exérse: tempo cirúrgico


fundamental, onde efetivamente é realizado o tratamento cirúrgico –
momento em que o cirurgião realiza a intervenção cirúrgica no órgão
ou tecido deseja, visando o diagnóstico, o controle ou resolução da
intercorrência, reconstituindo a área, procurando deixa-la de forma
mais fisiológica possível.

Síntese cirúrgica: junção, união: aproximar ou captar bordas de


uma lesão, com a finalidade de estabelecer a contiguidade do processo
de cicatrização, é a união dos tecidos. O resultado da síntese será mais
fisiológico quanto mais anatômica for a diérese (separação).
Pode ser classificada em:

∙ Cruenta: cooptação, aproximação, união dos tecidos


realizada por meio de sutura permanente ou removível.
São utilizados instrumentos apropriados: agulhas de
sutura, fios de sutura etc.

∙ Ou incruenta: aproximação dos tecidos, a união das


bordas, é feita por meio de gesso, adesivo ou atadura.

∙ Imediata: cooptação ou união das bordas da incisão é


feita imediatamente após o término da cirurgia.
∙ Mediata: aproximação dos tecidos, das bordas é feita após
algum tempo de incisão (algum tempo depois da lesão).
∙ Completa: cooptação, aproximação, união dos tecidos é feita em
toda a dimensão/extensão da incisão cirúrgica.
∙ Incompleta: aproximação dos tecidos não ocorre em toda a
extensão da lesão, mantem-se uma pequena abertura para a
colocação de um dreno.

• O processo mais comum de síntese é a sutura que pode ser:

∙ Temporária: quando há necessidade de remover os fios


cirúrgicos da ferida após fechamento ou aderência das bordas
desta.
• Definitiva ou permanente: quando os fios cirúrgicos não
precisam ser removidos, pois permanecem encapsulados no
interior dos tecidos.
Processo de limpeza até a esterilização das
matérias
A limpeza dever ser realizada o mais rápido possível, em
uma área designada, usando materiais de EPI. Após a etapa
da limpeza com detergente, realiza a inspeção dos itens
quanto a funcionalidade e condições de limpeza. Se o
instrumento estiver necessitando de concerto tem que o
segregas. Além disso, avaliar as condições de lubrificação do
item. Após a inspeção adicionar os itens na embalagem de
uso médico. Os pacotes acondicionados devem ser colocados
no esterilizador com itens leves na prateleira de cima e
itens pesado na prateleira de baixo. Embalagem tipo bolsa
(papel e filme plástico) devem ser colocadas na borda de
frente para a mesma direção. A esterilização a vapor desse
ser usada sempre que possível e autoclaves estão
disponíveis em diversos modelos e dimensões. Certifique-se
dos parâmetros estabelecidos para o funcionamento de
cada equipamento especificamente. Após a esterilização,
inspecionar todos os pacotes para avaliar a viragem do
indicador químico externo.
Cirurgia Ambulatorial
conceito: A cirurgia ambulatorial é a intervenção cirúrgica
programada (agendada) realizada sob qualquer forma de
anestesia (local, loco-regional ou geral) que pode ser
realizada em instalações próprias, com segurança e de
acordo com as melhores práticas médicas, em regime de
admissão e alta médica do paciente no mesmo dia.
A criteriosa seleção dos pacientes e das patologias (doenças)
a serem submetidas a este tipo de procedimento é que
garantem seu sucesso.
O desenvolvimento das técnicas anestésicas e cirúrgicas, a
incorporação de recursos para a prevenção da dor, da
náusea e do vômito, a melhoria da qualidade dos
equipamentos contribuem para o desenvolvimento da
cirurgia ambulatorial.
VANTAGENS PARA O PACIENTE:
• Alteração mínima na rotina do paciente e da família;
• Individualização do cuidado;
• Redução dos riscos de infecção hospitalar;
• Redução da incapacidade física com retorno mais rápido
ao trabalho;
• Diminuição da espera em listas de cirurgias hospitalares.
Fim!
Bons estudos.

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