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Sumário
Introdução ................................................................................................................... 3
Avaliação Pré-Anestésica ............................................................................................ 3
Avaliação de Risco ...................................................................................................... 4
Seleção da Técnica Anestésica ................................................................................... 4
Tipos de Anestesia ...................................................................................................... 5
Anestesia geral ............................................................................................................ 5
ANESTESIA VENOSA............................................................................................... 10
FARMACOLOGIA BÁSICA ........................................................................................ 12
FARMACOLOGIA DOS ANESTÉSICOS VENOSOS ................................................. 17
Referências ............................................................................................................... 38
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Princípios de anestesiologia clínica
Introdução
Avaliação Pré-Anestésica
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Avaliação de Risco
Morbimortalidade
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Tipos de Anestesia
Anestesia geral
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Manutenção
Emergência
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Princípios de anestesiologia clínica
É também chamada de Bier Block, sendo uma opção para procedimentos curtos com
bloqueio de nervo periférico. Em operações de 30-45 minutos na mão/antebraço, como
liberação do túnel do carpo ou redução de fratura do punho, por exemplo, essa técnica é
bastante utilizada. Envolve a colocação de cateter intravenoso na mão, exsanguinação do
braço usando bandagem Esmarch, insuflação de um torniquete e injeção de um
anestésico de curta ação, como lidocaína, através do cateter IV.
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Monitores padrão da ASA são monitores fisiológicos básicos, que incluem oxímetro
de pulso, ECG, medidor de pressão arterial não invasivo e de temperatura. Este último em
situações de risco de mudança significativa da temperatura corporal.
Padrões de monitoramento da ASA também incluem monitorização de dióxido de
carbono o período final da expiração e a quantidade inspirada de oxigênio. Em muitos
pacientes submetidos a anestesia geral, mede-se concentrações de anestésicos expirados
para monitorar a profundidade anestésica e consciência. Nesse contexto, uma
neuromonitorização como a eletroencefalografia processada também pode ser usada em
alguns casos.
Em casos selecionados, a monitorização hemodinâmica invasiva exige a
instalação de cateter intra-arterial, venoso central ou de artéria pulmonar (PAC) ou uma
sonda de ecocardiografia transesofágica (TEE).
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A maioria dos pacientes que recebem anestesia geral/regional vão para uma sala de
recuperação anestésica (SRPA) para monitorização após a cirurgia. A supervisão médica
dessa sala é de responsabilidade do anestesista. Pacientes durante o pós-operatório que
se recuperam completamente podem ser dirigidos para unidade de pré-alta e aqueles que
estão intubados ou gravemente doentes são direcionados para UTI.
ANESTESIA VENOSA
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de anestesia que favorece a ativação dos sistemas psicológicos e, com isso, o paciente
pode apresentar algumas alterações comportamentais, o qual pode passar por
experiências como ilusões ou pesadelos, podendo gerar uma agitação motora. Essas
características fazem com que a cetamina caia em desuso.
• Agonistas α2: dexmedetomidina e clonidina
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FARMACOLOGIA BÁSICA
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Sufentanil 5,6 3
Remifentanil 1,5 1
Midazolam 2,8 4
Etomidato 2 1,5
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SEDATIVOS HIPNÓTICOS
Propofol
O propofol é utilizado em anestesiologia clínica por muitas razões, entre elas o
seu início rápido de ação, paraefeitos mínimos, estabilidade hemodinâmica e, em
algumas situações, uma potencial atividade anti-emética. O propofol é o anestésico
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venoso que tem o perfil farmacológico mais adaptado à administração de infusão contínua.
Características físico-químicas
O propofol (2,3-diisopropilfenol) é um alcalifenol com propriedades hipnóticas.
Esse grupo farmacológico é composto de substâncias insolúveis em solução aquosa,
porém altamente lipossolúveis em temperatura ambiente. O propofol é preparado em
solução a 1% em emulsão leitosa branca, que é constituída de 10% de óleo de soja, 2,25% de
glicerol e 1,2% de fosfato purificado de ovos.
O propofol está disponível em ampolas e frasco-ampolas. A diferença entre
ambas apresentações está na presença ou não do conservante: apenas o frasco-ampolas
apresentam o conservante. Este é responsável por preservar o propofol de contaminação
bacteriana. Por esta razão, o propofol em ampola, por não conter substâncias bactericidas
nem bacteriostáticas em sua composição, deve ser usada apenas individualmente (em no
máximo 1 hora depois de aberto). O glicerol é o agente responsável pela irritação venosa
quando o propofol é administrado por via venosa.
Os pacientes alérgicos a ovos não são necessariamente alérgicos ao propofol, porque
esse tipo de reação está geralmente relacionado com a fração albumina do ovo.
Mecanismo de ação
Trabalhos recentes propõem que a inibição da neurotransmissão de atividade
excitatória e uma ativação da neurotransmissão inibitória são possíveis mecanismos de
ação desse grupo de anestésicos. Estudos realizados em modelos experimentais mostram
que o tipopental e o propofol produzem inibição da liberação de glutamato dependente de
potássio pela ativação de receptores de ácido γ-aminobutírico (GABA). Esse dado sugere que
o estado de anestesia resulta de uma interação entre a transmissão glutaminérgica e
liberação de ácido γ-aminobutírico.
Características farmacológicas
✓ pH 7,0 (discretamente viscosa)
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Farmacocinética
O propofol pode ser comparado ao tiopental quanto aos seus aspectos
farmacocinéticos.
A t1/2ke0 do propofol é de 2,6 minutos, o que faz com que o seu equilíbrio entre a
contração plasmática e dentro do sítio efetor ocorra de forma relativamente lenta.
Conforme definição farmacológica, uma substância alcança o seu equilíbrio entre esses
dois compartimentos quando completa 4,32 vezes a sua t1/2ke0. Assim, no caso do
propofol, este tempo está situado entre 8 e 10 minutos sempre que o método de
infusão tiver como alvo uma dada concentração plasmática.
A dose de indução é de 2 a 2,5 mg/kg, sendo este valor diminuído para 1,5 mg/kg em
pacientes idosos, uma vez que a dose depende das condições clínicas dos pacientes e,
como veremos, os efeitos cardiorrespiratórios são dose- dependentes.
Quando o propofol é comparado ao tiopental, nota-se que este último apresenta
uma t1/2ke0 de 1,17 minutos sendo, portanto, mais rápido que o propofol para igualar as
suas concentrações no plasma e no sítio efetor.
O clearence metabólico sistêmico do propofol é 10 vezes maior que o do tiopental. O
clearance compartimental do propofol e do tiopental gira em torno de 3 a 4L/min/70kg,
um valor aproximado de 60 a 80% do débito cardíaco. O propofol tem um volume de
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Princípios de anestesiologia clínica
distribuição maior que o do tiopental. A elevada lipossolubilidade dos dois fármacos implica
grande deposição deles nos músculos e gorduras por um mecanismos de redistribuição
rápida. Em resumo, pelo fato de o propofol ter um clearance muito mais otimizado que o
do tiopental, temos um tempo de eliminação do propofol muito mais rápido, resultando em
diminuição dos efeitos residuais deste fármaco.
A meia-vida de eliminação (t1/2β) de um anestésico venoso é diretamente
proporcional ao seu volume de distribuição e inversamente proporcional ao seu clearance.
Estudos com cateterização da veia hepática, com o objetivo de avaliar o
clearence hepático do propofol, mostram que somente metade do clearance total foi
realizada por essa via, sendo que a outra metade é realizada de maneira extra-hepática.
As doenças hepáticas parecem implicar um tempo maior para atingir uma situação de
equilíbrio concentração do fármaco no compartimento central por causa do maior volume
desse compartimento nos hepatopatas. Nessa situação clínica, o clearance do propofol não
é alterado e a meia-vida de eliminação é discretamente elevada. As doenças renais não
alteram a farmacocinética do propofol.
Farmacodinâmica
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Sistema respiratório
O propofol é um depressor respiratório de ação central que deprime a frequência e a
profundidade da respiração.
✓ Frequentemente, ocorrem períodos de apneia após a administração de
doses de indução de propofol, sendo mais comuns em pacientes com oxigênio a 100% ou
hiperventilados.
✓ Doses de 6mg/kg/h em infusão contínua durante ventilação espontânea
resultam em depressão de 30% do volume corrente, com consequente elevação da
frequência respiratória no mesmo percentual.
✓ Os fármacos depressores respiratórios (opioides) associados ao propofol
aumentam o poder depressor respiratório.
✓ Em doses sedativas, o propofol causa depressão do volume corrente e do
volume-minuto respiratório, bem como depressão da curva de resposta ventilatória à
hipoxemia.
✓ Esse fármaco não causa alteração do tônus da musculatura lisa brônquica,
como faz o tiopental (contraindicado para pacientes asmáticos).
Sistema cardiovascular
De uma forma geral, todas as drogas anestésicas são depressoras dose-
dependentes do sistema cardiovascular. O propofol é o mais potente depressor
cardiovascular de todos os anestésicos venosos aqui estudados, sendo esta a principal
desvantagem para sua utilização clínica. Devem ser especialmente acompanhados os
pacientes com baixa reserva vascular miocárdica que serão submetidos a esta anestesia.
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Efeito antiemético
A incidência de náuseas e vômitos é mais baixa após a utilização de propofol do que
a utilização de qualquer outro anestésico venoso. Essa característica favorece seu uso em
procedimentos que por si só aumentem a incidência desses sintomas no período pós-
operatório, como, por exemplo, cirurgia de estrabismo em crianças ou cirurgia ambulatorial
(principalmente cirurgias laparoscópicas ginecológicas em mulheres jovens).
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Princípios de anestesiologia clínica
Fase de recuperação
A utilização de propofol para indução anestésica em procedimentos cirúrgicos curtos
resulta em rápida recuperação e retorno precoce das funções psicomotores, quando
comparado ao tiopental e ao metoexital. O propofol, devido às suas características
farmacocinéticas, promove uma recuperação rápida, superior à recuperação pós- anestesia
barbitúrica, embora semelhante ao tempo de recuperação após a utilização isolada de
enflurano e isoflurano (a recuperação é mais rápida com estes fármacos do que a conferida
pelo propofol).
Outros efeitos
O propofol ainda apresenta as seguintes características:
✓ Rápida recuperação e retorno precoce às funções psicomotores
✓ Não potencializa efeitos bloqueadores neuromusculares adespolarizantes ou
despolarizantes
✓ Favorece condições para uma “excelente” laringoscopia e entubação traqueal
✓ Não desencadeia crise hipertermia maligna
✓ Não interfere na liberação do hormônio adrenocorticotrófico e corticoides no
organismo
✓ Não altera função hepática, hematológica, fibrinolítica
✓ Baixo poder alergênico.
Contraindicações e paraefeitos
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Uso clínico
O propofol pode ser usado tanto em indução e manutenção da anestesia, como em
sedação durante cirurgia e na unidade de terapia intensiva. Seus usos e doses são listados a
seguir:
• Indução de anestesia geral: 1 – 2,5 mg/kg intra-venoso, reduzindo a partir de
50 anos.
• Manutenção de anestesia: 80 – 150 µg/kg/min IV com óxido nitroso ou
opioides.
• Sedação: 10 – 50 µg/kg/min IV.
Midazolam (Dormonid®)
O midazolam é o primeiro benzodiazepínico hidrossolúvel, preparado em solução
aquosa sob a forma de sal (cloridrato). É estável nessa solução, podendo ser misturado
com solução salina ou Ringer lactato. Estruturalmente, difere do diazepam pela
incorporação de um íon fluoreto no anel benzênico e de um grupamento imidazólico no lugar
da molécula de oxigênio ligada ao carbono 2 do anel benzodiazepínico.
A principal característica que distingue o midazolam dos outros benzodiazepínicos
é sua hidrossolubilidade dependente do pH a que está submetido, isto é, em pH menor
que 4, um fármaco hidrossolúvel que dispensa a utilização de propilenoglicol para sua
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Farmacocinética
Os três benzodiazepínicos utilizados em anestesia podem ser classificados, de acordo
com o seu metabolismo e
clearance, em fármacos de duração de efeito curta (midazolam), intermediária
(lorazepam) e longa (diazepam).
✓ Metabolismo
O midazolam é eliminado do plasma quase exclusivamente pelo metabolismo; menos
de 1% apenas é eliminado na forma in natura pelo plasma.
Os metabólitos hidroxilados são conjugados e, depois, eliminados pela urina. O
metabólito 1-hidroximidazolam é detectado no plasma em concentrações de 40 a 80%
em relação à concentração do fármaco-mãe, sendo farmacologicamente ativo no nível do
receptor benzodiazepínico. O 1-hidroximidazolam acima de 60 ng/mL em circulação pode
ter uma atividade muito significativa no complexo receptor-canal iônico GABA-
benzodiazepínico. Devido ao seu elevado clearance sistêmico, os níveis plasmáticos
diminuirão de maneira muito mais rápida do que os dos outros benzodiazepínicos. Pode
ser utilizado, portanto, nos procedimentos de curta e média duração.
As seguintes situações clínicas podem alterar a farmacocinética do midozalam:
• Concentração de proteínas plasmáticas: o midozalam, assim como o diazepam, é um
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Farmacodinâmica
✓ Mecanismo de ação
Os benzodiazepínicos têm propriedades hipnótica-sensitivas, ansiolíticas, amnésicas,
anticonvulsivantes, relaxantes musculares (ação central), etc. Essas atividades
farmacodinâmicas são estabelecidas pela ligação com receptores específicos relacionados
espacial e funcionalmente ao receptor GABAA. Foram identificados até o momento dois
subtipos de receptores benzodiazepínicos, tipo I e tipo II (também chamados de BZ1 e
BZ2), de acordo com a sensibilidade de ligação com diferentes substâncias.
✓ Início de ação
O diazepam (mais lipossolúvel) apresenta um tempo de início de ação 3 vezes mais
rápido do que o midazolam (mais hidrossolúvel), embora os dois agentes venosos apresente
um pico máximo de efeito dentro dos primeiros minutos após sua administração venosa.
O anel diazepina do midazolam abre em solução ácidas com pH menor que 4,
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✓ Duração de ação
O diazepam tem um tempo de ação longo, o lorazepam, intermediário e o
midazolam, curto. O diazepam tem uma fase de distribuição rápida, com meia vida de
eliminação de 20 horas. Já o midazolam apresenta meia vida de 5h (4 vezes menor que a do
diazepam). Sendo assim, o midazolam tem uma boa indicação para anestesia ambulatorial.
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são os eleitos para o tratamento a curto prazo (em infusão contínua), enquanto que o
lorazepam é escolhido em caso de tratamento a longo prazo.
• Efeito sobre o metabolismo cerebral: os benzodiazepínicos exercem um potente
efeito sobre o metabolismo cerebral. Doses elevadas (supra-anestésicas) de diazepam e de
midazolam diminuem o fluxo sanguíneo cerebral, diminuem o metabolismo cerebral e o
consumo de oxigênio pelo tecido nervoso.
✓ Sistema cardiovascular
O midazolam confere uma boa estabilidade hemodinâmica, apresentando efeitos
cardiovasculares muito semelhantes ao etomidato (que de todas as drogas hipnótico-
sedativas, é a que melhor apresenta estabilidade cardiocirculatória durante a indução da
anestesia).
✓ Discreto aumento da frequência cardíaca (10%).
✓ Maior decréscimo na pressão arterial média (15 a 25%)
✓ Diminuição não significativa na resistência vascular sistêmica
✓ Diminuição moderada na pressão da artéria pulmonar
✓ Diminuição no volume sistólico de ejeção e no débito cardíaco direito e
esquerdo.
✓ Sistema respiratório
A depressão do sistema respiratório também é dose-dependente: após a
administração de midazolam nas doses de 50 a 150 µg/kg/min, o volume corrente diminui
e a frequência respiratória se eleva na mesma proporção, o que resulta em um
aumento de apenas 10% na pressão parcial expirada de CO2. Deste modo, ocorre uma
pequena alteração do volume minuto.
Contudo, ao ser administrado juntamente a opioides, o midazolam bloqueia a
compensação da frequência respiratória, diminuindo tanto o volume corrente quanto a
própria frequência, diminuindo de forma considerável o volume minuto. A associação de
midazolam com fentanil eleva a incidência de fenômenos hipóxicos em 50%.
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✓ Tônus muscular
Os benzodiazepínicos têm a propriedade de provocar relaxamento muscular de
origem central, a qual tem sido postulada como uma atividade no nível de receptores de
glicina no sistema nervoso central e na medula. O midazolam não tem nenhuma interação
com os bloqueadores neuromusculares, despolarizantes nem adespolarizantes.
Etomidato
O etomidato é um derivado imidazólico carboxilado hidrossolúvel, constituído por
dois isômeros, sendo apenas o isômero + ativo e com função hipnótica. Atualmente, é
fornecido em solução, na concentração de 2mg/mL com propilenoglicol (conservante)
com um pH de 6,9.
Farmacocinética
✓ Metabolismo
O metabolismo do etomidato é hepático, por hidrólise do éster. Seu tempo de
meia vida é de 2,7 minutos (rápido), tempo de distribuição de 29 minutos e tempo de
eliminação (t1/2β), 2,9 a 5,3 horas. A t1/2β relativamente curta e o clearance rápido fazem
do etomidato um fármaco com perfil farmacocinético favorável para administração através
de infusão contínua.
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Farmacodinâmica
Mecanismo de ação
A ação primária do etomidato em nível central é a hipnose bastante efetiva. O
etomidato potencializa o efeito inibitório do ácido γ-aminobutírico (GABA) sobre o receptor
GABAA, hiperpolarizando as membranas pós-sinápticas pelo aumento de condutância do
cloro.
Sistema cardiovascular
De todas as drogas, o etomidato apresenta a melhor estabilidade hemodinâmica,
com mínima repercussão cardiovascular quando utilizada em doses clínicas convencionais.
Causa apenas alterações insignificantes na elevação do débito cardíaco e uma discreta
diminuição na frequência cardíaca, com baixa interveniência na resistência vascular
sistêmica. O etomidato não sensibiliza o miocárdio às catecolaminas.
O etomidato é, portanto, a droga de escolha para pacientes coronariopatas ou com
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distúrbios hemodinâmicos.
Sistema respiratório
Em doses equivalentes, utilizadas durante a indução anestésica, o etomidato causa
menor depressão respiratória do que o propofol e o tiopental. Seus efeitos de depressor
respiratório são dose-dependentes, da velocidade de injeção e da pré-medicação utilizada
(os opioides causam maior depressão respiratória).
O etomidato pode causar breves períodos de soluço ou tosse, embora não cause
liberação de histamina ou aumento da resistência em vias aéreas, podendo ser administrado
com segurança em pacientes asmáticos.
Ocasionalmente, a indução anestésica com etomidato pode ser acompanhada de um
breve período de hiperventilação seguido de apneia (esta é mais prolongada quando há
efeito do propofol).
Sistema endocrinológico
A sedação prolongada com etomidato (por 5 dias, por exemplo) pode causar
insuficiência da suprarrenal. A atividade endócrina específica do etomidato que resulta em
insuficiência suprarrenal é uma inibição, dose-dependente e reversível (com
corticoideterapia), da enzima 11-β-hidroxilase, a qual converte o 11-deoxicortisol em
cortisol e, em menor intensidade, uma atividade inibitória sobre a 17-α-hidroxilase. Essa
inibição resulta na diminuição da ressíntese de ácido ascórbico, o qual é necessário para a
síntese de esteroides humanos. Por causa deste efeito, é preferível não utilizar o etomidato
em casos de choque séptico.
Contraindicações e paraefeitos
✓ Aumento na incidência de náusea e vômitos (30 – 40%). Essa incidência
aumenta ainda mais quando há associação com opioides ou em casos de cirurgias que, por
si só, aumentem a incidência de náuseas e vômitos (correção do estrabismo ou
procedimento ambulatorial)
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Cetamina
A cetamina, responsável por promover uma anestesia dissociativa, tem peso
molecular de 238, sendo parcialmente hidrossolúvel e apresenta sob a forma de solução
límpida cristalina, com pKa de 7,5. Sua lipossolubilidade é 5 a 10 vezes maior do que a do
tiopental. É preparada em uma solução discretamente ácida (pH 3,5 a 5,5). Tem um efeito
antálgico que falta ao tiopental.
Farmacocinética
A administração venosa de cetamina apresenta uma curva típica de relação
concentração plasmática versus tempo. A queda de concentração desse fármaco no plasma
tem característica bifásicas: (1) com uma fase de distribuição rápida e com duração de 45
minutos e (2) outra, de eliminação longa, com duração de horas.
A cetamina não se liga intensamente às proteínas plasmáticas: sua ligação com elas
oscila entre 27 – 47%. As proteínas de ligação com a cetamina são albumina e 1-ácido
glicoproteína.
A cetamina é metabolizada no nível de um sistema enzimático microssomal
hepático. A via metabólica mais importante é a que envolve a N-desmetilação, a qual forma
a norcetamina (metabólito I), posteriormente hidroxilada para originar a
hidroxinorcetamina. Esses produtos são conjugados aos glicuronídeos hidrossolúveis e
excretados na urina.
Farmacodinâmica
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✓ Mecanismo de ação
A cetamina produz inconsciência e analgesia (o único sedativo hipnótico com ação
analgésica) de maneira dose- dependente. A anestesia gerada por sua administração é
denominada de anestesia dissociativa.
O principal sítio molecular de ação de cetamina é o receptor N-metil-D-
aspartato, no qual atua como um antagonista não-competitivo. Além desse tipo de
atividade, também reduz a liberação pré-sinpatica de glutamato. Tem sido sugerido ainda
que a ação sobre os receptores nicotínicos pode ser a responsável pelos efeitos
comportamentais secundários à utilização dessa substância.
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Princípios de anestesiologia clínica
✓ Sistema cardiovascular
A cetamina é o único anestésico venoso que apresenta características
farmacodinâmicas de estimulação cardiovascular, tais como: aumento da frequência
cardíaca, do débito cardíaco, da pressão sistólica-ventricular, aumento do tônus adrenérgico
indireto (liberação de catecolaminas), trabalho cardíaco e consumo de O2 miocárdico. Por
esta razão, pacientes que apresentam doenças cardiovasculares não devem fazer uso desta
droga.
A elevação desses parâmetros hemodinâmicos está associada à elevação do trabalho e
do consumo de oxigênio pelo miocárdio.
In vitro, entretanto, a cetamina evidencia um efeito inotrópico negativo, que parece
ser mediado por sua atuação na corrente iônica através das membranas das células
musculares e neuronais cardíacas. Este efeito depressor da musculatura cardíaca é
importante por contrabalencear os efeitos estimulatórios pré-citados. Existe, portanto, um
efeito de compensação, tendendo a manter a homeostase.
Portanto, a cetamina é depressora direta do sistema cardiovascular e excitatória
indireta deste sistema. Ela é, enfim, a única droga cardiodepressora mas
simpaticoestimulante.
✓ Sistema respiratório
A cetamina utilizada em doses clínicas produz uma mínima depressão respiratória (é
a droga que menos causa depressão respiratória dose-dependente). No entanto, em
pacientes respirando espontaneamente ar ambiente, a cetamina na dose de 2mg/kg IV,
administrada de maneira rápida em bolus (ou associada com opioides), resulta em uma
diminuição significativa na PaO2.
A administração de cetamina na dose de 1 mg/kg causa mínimo efeito respiratório
e, durante partos vaginais, não alterou significativamente os gases arteriais maternos ou
fetais.
A anestesia dissociativa com cetamina produz depressão respiratória somente
quando administrada em altas doses ou muito rapidamente. Doses farmacológicas causam
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Efeitos adversos
✓ Aumento das secreções salivares (sialorreia) e brônquicas mucosas com a
administração de cetamina, tornando necessário o uso de profilático de atropina.
✓ A cetamina produz uma elevação de tônus muscular, com ocasionais espasmos.
✓ A cetamina produz discreta elevação na glicemia, mas não altera os níveis de renina.
Contraindicações
✓ Hipertensão intracraniana
✓ Lesões expansivas intracranianas
✓ Doença isquêmica coronariana grave
✓ Por cursar com aneurisma cerebral
✓ Pacientes portadores de doenças psiquiátricas compensadas ou descompensadas
RESUMO
Hipnóticos intravenosos
- Promovem a inconsciência.
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Referências
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