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Elisandra Lopes de Freitas


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GUIA PRÁTICO DO

EXAME
NEUROLÓGICO
em
Cães e Gatos
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EXAME
NEUROLÓGICO
em
Cães e Gatos

Elisandra Lopes de freitas


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ÍNDICE
CAPÍTULO

01 Neuroanatomia

CAPÍTULO

02 O Paciente Neurológico

CAPÍTULO

03 O Exame Neurológico

CAPÍTULO

04 Localização da Lesão

CAPÍTULO

05 Diagnósticos Diferenciais
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A neurologia, sem sombra de dúvidas, é uma das áreas mais


desafiadoras dentro da medicina veterinária. Muitos estudantes
ou mesmo veterinários já atuantes a consideram uma
especialidade complexa, existindo um grande tabu sobre seu
aprendizado, não é mesmo?

Não é incomum vermos profissionais relatando um conhecimento


mais defasado nesta área e inseguros para realizar um
atendimento ao paciente neurológico.

Comigo não foi diferente! A neurologia era um assunto pouco


aprofundado durante a graduação e os grandes pilares dessa
disciplina (anatomia, fisiologia...) eram discutidos em momentos
muito diferentes do curso, o que acaba dificultando a curva do
aprendizado. O resultado? Medo, insegurança e até mesmo um
receio de lidar com certos pacientes...

No entanto, sabemos que a casuística de pacientes neurológicos


dentro da rotina de pequenos animais é extremamente relevante,
logo, o domínio dessa área faz toda a diferença para um bom
profissional que busca se diferenciar no mercado de trabalho!

Foi pensando nessa realidade que surgiu a motivação para que


eu escrevesse este e-book.

Com o propósito de facilitar o aprendizado, trazendo o conteúdo


de forma didática e simples, te convido a embarcar comigo nessa
jornada de "descomplicar" a neurologia veterinária de pequenos
animais e a desvendar esse bicho de sete cabeças!

Ao final deste processo, espero que você consiga ter as


ferramentas necessárias para se atualizar e se sentir confiante ao
abordar um paciente neurológico, contribuindo para uma
medicina veterinária de valor!

Vem comigo!
Neuroanatomia
CAPÍTULO
01
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DESCOMPLICANDO A
NEUROANATOMIA NEUROLOGIA DE CÃES E GATOS •
2024

O primeiro grande pilar da neurologia consiste no entendimento


dos conceitos da neuroanatomia funcional. Essa é a base que
possibilitará a sua interpretação dos sinais clínicos observados no
paciente e também a determinação das estruturas possivelmente
afetadas, para que seja possível um adequado diagnóstico.

O objetivo principal da neuroanatomia é descrever a forma como o


sistema nervoso (SN) se organiza, interage entre si e com os
demais sistemas, permitindo uma associação das regiões
topográficas com determinadas funções. Só por esse conceito já é
possível imaginar sua importância para a localização clínica das
lesões neurológicas, não é mesmo?

Quando falamos em sistema nervoso, automaticamente já


pensamos no neurônio, certo? Mesmo não sendo a única célula
deste sistema, o neurônio é sim sua unidade funcional!

Ele é uma célula altamente especializada


na condução de impulsos, com
capacidade única de processamento,
armazenamento e transmissão de
informações que são codificadas em
sinais elétricos.
As informações neuronais são passadas através de sinapses, que
permitem a interação entre os próprios neurônios ou entre eles e
células de órgãos efetores (como os músculos, por exemplo).
Assim, respostas e reflexos são possibilitados por essa
comunicação.

Os mamíferos possuem bilhões de neurônios


com capacidade de realizar, em média, de
1.000 a 10.000 conexões!

O que torna o SN tão competente não é


nem só o número de neurônios, mas a
capacidade de conexões e a possibilidade
de estímulos extremamente especializados
que ele possui!
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A célula neuronal é formada possui uma composição anatômica


padrão, como vemos abaixo:

O corpo celular (também conhecido como "soma") é a porção que


contém o núcleo e as principais organelas responsáveis pela
manutenção da vida celular. Ele possui um número variável de
prolongamentos denominados dendritos, que são projeções
citoplasmáticas em formato de galhos de árvore que atuam como
o terminal de recepção, ou seja, por onde eles captam informações
de outras células.

A informação recebida pelos dendritos passam pelo corpo celular e


se propagam por uma longa projeção, chamada axônio. Alguns
axônios irão possuir um revestimento lipoproteico denominado
bainha de mielina, responsável por otimizar a condução dos
impulsos nervosos; porém, percebam que esse revestimento axonal
não é contínuo, existindo pequenas "falhas" na mielinização... Essas
interrupções são conhecidas como nódulos de ranvier.

Para facilitar o entendimento, vamos


imaginar que o axônio é um fio elétrico: A
bainha de mielina agiria como uma fita
isolante revestindo esse fio. Por sua
capacidade isolante, o impulso elétrico acaba
sendo conduzido apenas nos nodos de
ranvier, literalmente saltando de um nó para
outro! Com isso, a condução do impulso
nervoso acaba sendo muito mais veloz!

A porção final do axônio possui projeções ramificadas, também


assemelhando-se à galhos de árvore, que é a região do terminal
de transmissão, por onde são passadas as informações para as
células efetoras pelas sinapses.
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Os neurônios possuem certas diferenciações que são importantes


para cada função que ele executa. Por esse motivo, é possível
classificá-los de acordo com critérios anatômicos e funcionais.

CLASSIFICAÇÃO ANATÔMICA DOS NEURÔNIOS:

Caracterizado por um corpo celular sem


dendritos e 1 axônio longo que se divide em
duas projeções.

É comum nos neurônios sensitivos periféricos


Unipolar (somáticos ou viscerais) e nos gânglios das
raízes nervosas dorsais da medula (que é
uma porção sensorial).

Caracterizados pela presença de dois polos


axonais.

São sensoriais.

Presentes na retina, no gânglio espiral da


Bipolar cóclea, no gânglio vestibular e no epitélio
olfatório.

É o tipo mais abundante, sendo caracterizado


pela presença de 1 axônio e múltiplos
dendritos formando os terminais de
captação.

Podem ser aferentes ou eferentes no SNC ou


Multipolar motores no SNP.

SNC: Sistema Nervoso Central


SNP: Sistema Nervoso Periférico
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CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL DOS NEURÔNIOS:

De acordo com a sua funcionalidade, existem basicamente 3 tipos


de neurônios:

Sensitivos/Ascendentes: aqueles que vão em


direção ao encéfalo, levando informações sobre
a sensação do dor, toque, temperatura, pressão,
vibração, etc.

Interneurônios: neurônios locais


que se conectam com outro,
modulando a informação, tendo
ação inibitória ou excitatória.

Motores/Descendentes: aqueles que saem do


encéfalo em direção aos órgãos efetores,
produzindo uma resposta/reação.

Apesar de serem a unidade funcional do SN, os neurônios não são


os únicos tipos celulares presentes. As demais células que compõe
esse sistema são denominadas células da glia (ou neuróglia) e
desempenham inúmeras funções, dentre elas sustentação,
nutrição, proteção e isolamento. Vamos descrever cada uma delas:

Astrócitos: responsáveis pela nutrição e


sustentação neuronal; contribuem para a
formação da barreira hematoencefálica.

Oligodendrócitos: responsáveis pela


produção da bainha de mielina no SNC.
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Células de Schwann: responsáveis pela


produção da bainha de mielina no SNP.

Micróglia: responsáveis pela defesa do SN e


fagocitose de fragmentos celulares.

Ependimócitos: responsáveis pelo revestimento


do SN, possibilitando a movimentação do líquido
cefalorraquidiano.

Bom, agora que já conhecemos todas as células do SN e suas


funções, precisamos compreender como esse complexo sistema
funciona. Já falamos que todas as informações são transmitidas
através dos neurônio por sinapses, certo? Mas...

Como ocorrem essas sinapses?

Os neurônios são células excitáveis, capazes de receber, processar


e transmitir informações codificadas em forma de impulsos
elétricos.

O impulso é sempre recebido nos dendritos, que são os


terminais de recepção. Ele passa pelo corpo e percorre
todo o axônio até chegar nas ramificações, que são os
terminais de transmissão. Logo, o sentido do impulso é
sempre unico.

Direção do impulso nervoso

Quando o estímulo chega ao


terminal do axônio, ele precisa
passar para o neurônio seguinte
pelas sinapse. Percebam que as
terminações neuronais não
possuem um contato físico
direto: a transmissão do estímulo
é feita através de um espaço,
chamado fenda sináptica.
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Se não há um contato direto, como um neurônio faz para estimular


o outro nas sinapses? Vejamos:

O neurônio pré-sináptico irá enviar substâncias


químicas (representadas em rosa) pelos terminais
de transmissão.

Essas substâncias químicas são


chamadas neurotransmissores.

Os neurotransmissores caem na fenda


sináptica e se ligam em receptores
(representados em alaranjado) do terminal
de recepção do neurônio pós-sináptico.

Quando ocorre a ligação dos neurotransmissores com os


receptores, um estímulo eletroquímico é gerado no neurônio
seguinte, sensibilizando essa nova célula para a transmissão da
informação através do impulso nervoso.

E como ocorre o impulso nervoso?

Como já vimos, os neurônios são células excitáveis, isso significa


que entre o interior e o exterior da sua membrana citoplasmática
existe uma diferença de potencial elétrico, sendo o interior negativo
em relação ao exterior.

Essa diferença elétrica ocorre por uma


distribuição iônica diferente entre os meios: o
meio interno possui maior quantidade de íons
potássio (K+) e o meio externo maior
quantidade de íons sódio (Na+).

No repouso a diferença de potencial elétrico


é aproximadamente 70mV.

Extracelular
Repouso:
Intracelular
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Um estímulo eletroquímico ocorre


nas sinapses por ligação dos
neurotransmissores aos receptores:

O estímulo produz uma


perturbação na diferença de
potencial elétrico da célula.

Ocorre abertura das bombas de sódio-potássio e


um influxo do sódio para dentro da célula:

Extracelular
Despolarização:
Intracelular

O influxo de Na+ torna o interior da célula positivo


e essa mudança de polaridade origina o
potencial de ação.

O potencial de ação se propaga por todo o axônio

Em seguida, a bomba de sódio-potássio restabelece o potencial


de repouso inicial através do efluxo de sódio (saída pro meio
externo):

Extracelular
Repolarização:
Intracelular

Lembre-se que nos neurônios mielinizados, a


condução do impulso é feita apenas nos nódulos de
ranvier, tornando a transmissão do estímulo muito
mais rápida! Esse é um mecanismo conhecido como
condução saltatória, que pode chegar a uma
velocidade de 400 km/h!!!
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As sinapses podem ser inibitórias ou excitatórias, a


depender do tipo de neurotransmissor que é liberado!
Lembre-se que quem realiza essa modulação são os
interneurônios.

O legal de tudo isso é que quando falamos do impulso nervoso, é


sempre tudo ou nada! Se a despolarização é grande o suficiente,
um potencial de ação é gerado; se não, a célula permanece em
repouso e não há transmissão neuronal. Além disso, múltiplos
potenciais elétricos podem se combinar no axônio em um processo
chamado somatório.

Outro ponto interessante é que a presença de


estruturas mielinizadas (axônios) e não mielinizadas
(corpo celular, por exemplo) vão refletir
macroscopicamente na distinção entre substância
cinzenta e substância branca no SNC. A porção
mielinizada compõe a substância branca, enquanto
a não mielinizada, a substância cinzenta.

Bom, agora que nós já sabemos como ocorre a comunicação entre


as células neuronais, vamos avançar para um estudo topográfico
do SN, entendendo como ele se organiza estruturalmente.

Topograficamente o sistema nervoso pode ser dividido por


diferentes critérios:

Sistema Nervoso Central


Divisão Anatômica: Encéfalo e Medula Espinhal

Sistema Nervoso Periférico


Nervos periféricos

Existe muita confusão sobre essa divisão... Muitos pensam que o


SNC é formado apenas pelo encéfalo, ou podem até confundir e
achar que é apenas pelo cérebro. Mas não se esqueçam que a
medula espinhal também o compõe!

Um dica é lembrar que o SNC é envolto por um arcabouço ósseo de


proteção, que é o esqueleto axial: o encéfalo pela calota craniana e
a medula pela coluna vertebral!
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Divisão Fucional:

Sistema Nervoso Somático Sistema Nervoso Visceral

Via Aferente Via Eferente Via Eferente=


Via Aferente
Sensitiva Motora Sistema Nervoso
Autônomo

Simpático
Parassimpático

O sistema nervoso somático é aquele que vai inervar os órgãos em


contato com o meio externo! A via aferente/sensitiva capta
estímulos e os conduz até o encéfalo, que modula a resposta; a via
eferente, representada pelos neurônios motores, leva a informação
para órgãos efetores, que reagem a tais estímulos de maneira
consciente.

Já o sistema nervoso visceral promove a inervação dos órgãos


internos. Também possuem uma via aferente, representada por
neurônios sensitivos que captam informações das vísceras e
conduzem ao encéfalo, e uma via eferente, que leva a informação
processada do encéfalo aos órgãos.

No entanto, essa via eferente é


automática, não havendo controle
consciente. Ele trabalha "por conta
própria"...

Dentro do sistema nervoso autônomo (SNA) nós temos a resposta


simpática, que é aquela que te prepara para a fuga! Através da
liberação de neurotransmissores excitatórios, ele prepara o corpo
para responder a situações de perigo, estresse e esforço.
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Já o sistema nervoso parassimpático, ao promover a liberação de


neurotransmissores inibitórios, age de forma oposta, preparando o
corpo para situações de repouso e calma.

Veja algumas das principais respostas do SNA:

No SNA, o mediador químico pré-sináptico é a


Acetilcolina (ACh). Quando a resposta é
parassimpática, o mediador químico pós-sináptico
também é a ACh, enquanto no simpático, o mediado
pós-sináptico é a noradrenalina.
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Retornando ao raciocínio da divisão anatômica, já vimos que o SNC


é aquele envolto pelo arcabouço ósseo, sendo composto pelo
encéfalo e a medula espinhal. Vamos entender um pouco mais
sobre cada componente?

O ENCÉFALO:

Erroneamente muitas pessoas confundem o encéfalo com o


cérebro, porém, como veremos, o cérebro é apenas uma das
porções do encéfalo, que apresenta diferentes segmentos.

Numa subdivisão mais simplória, o encéfalo é composto pelo


cérebro, cerebelo e tronco encefálico (sendo cada segmento
correspondente às cores da figura abaixo):

Porém, numa subdivisão mais detalhada, vemos que o cérebro é


composto pelo telencéfalo (uma porção mais cortical, que contém
os hemisférios cerebrais) e o diencéfalo (a base, que contém as
estruturas talâmicas). Já o tronco encefálico pode ser subdividido
em três porções: o mesencéfalo, a ponte (região em que
observamos uma saliência ventral) e o bulbo, também chamado
de medula oblonga.

Telencéfalo Telencéfalo (Corpo Caloso)


(Córtex Cerebral)
Diencéfalo

Cerebelo

Bulbo

Mesencéfalo
Ponte
Encéfalo de um cão e suas subdivisões.
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Os hemisférios ceberais do telencéfalo possuem lobos que


apresentam diferentes funções:

Lobo Frontal: Área motora


Lobo Parietal: Área somatossensorial, responsável pela
interpretação dos estímulos táteis.
Lobo Temporal: Área que recebe os impulsos aferentes do
sistema auditivo e vestibular, interpretando estímulos
sonoros.
Lobo Occiptal: Área responsável pela interpretação dos
estímulos visuais.
Lobo Piriforme: Mais desenvolvido nos animais que nos
humanos, responsável pela percepção olfatória.

Esses hemisférios possuem uma região interna composta


histologicamente por axônios mielinizados (que originam a
substância branca) e uma região mais externa, composta
principalmente por corpos neuronais (dando origem a substância
cinzenta).
Lembre-se que a bainha de mielina é uma
substância lipídica, por isso ela dará essa
coloração mais esbranquiçada ao tecido.

Do ponto de vista funcional, o córtex cerebral, tão importante para


os humanos para o início dos movimentos, é menos relevante para
os cães e gatos para tal função. Isso acontece porque nos
pequenos animais, o ato de caminhar é mais dependente do trato
rubroespinhal (localizado no tronco encefálico), do que do trato
corticoespinhal (localizado na região telencefálica).

O córtex cerebral tem grande importância no processamento das


sensações, estado mental e comportamento.
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O diencéfalo, por sua vez, compreende as


regiões talâmicas, responsáveis por funções
endócrinas, termorregulativas, auditivas,
visuais e nos processos de manutenção da
vigília e níveis de consciência.

O mesencéfalo, a porção mais proximal do


tronco encefálico, possui participação nas vias
visuais e auditivas e é onde se localiza o núcleo
rubro, um acúmulo de neurônios motores
responsáveis pelo início dos movimentos nos
cães e gatos. Nele também está presente o
sistema ativador reticular ascende (SARA),
tendo, portanto, participação no estado
mental.

Entre o mesencéfalo e a ponte há um ponto de


decussação dos tratos sensoriais e motores. Isso
significa que as fibras nervosas se cruzam para o lado
oposto nesse segmento. A relevância clínica é que, se
tivermos uma lesão cranial ao ponto de decussação,
a manifestação clínica será no lado contralateral à
essa lesão.

Na ponte também teremos a presença do


SARA, responsável pelo estado mental. Possui
função no controle autonômico da respiração,
e micção (reflexo do detrusor), além da
passagem de outros tratos sensoriais. Por estar
localizado caudalmente ao ponto de
decussação, teremos sinais clínicos ipsilaterais
às lesões.

Pra finalizar as regiões tronco-encefálicas


temos o bulbo, a porção mais caudal e
próxima da medula espinhal. Nele também
percorre o SARA (que passa em todo o tronco
encefálico e diencéfalo) e estão localizados
núcleos vestibulares; além disso, o bulbo é
importante também no controle de funções
autonômicas (FC, PAS...).
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Mas, afinal... Quem é esse tal de SARA?

O sistema ativador reticular ascendente compreende um


agregado difuso de neurônios, de tipos e tamanhos variados, que
ocupam a porção central do tronco encefálico e se projetam de
forma ascendente em direção ao córtex e demais regiões
encefálicas.
Percebam que diferentes estímulos
(olfatórios, visuais, sensitivos da
proprio/nocicepção...) se concentram
no SARA e se propagam para o
encéfalo.

Tem importante função no controle da atividade elétrica cortical,


participando, portanto, da regulação do estado de sono e vigília.

Por esse motivo, lesões encefálicas que afetam o SARA


usualmente levam à alterações no estado de
consciência do paciente (depressão, delírio, estupor
ou mesmo coma).

O último segmento componente do encéfalo é o cerebelo,


responsável pela coordenação e regulação do ritmo, amplitude e
força dos movimentos.

O cerebelo na verdade não possui neurônios


motores; ele apenas faz as conexões com os núcleos
motores, modulando a resposta de maneira a refinar
a habilidade dos movimentos.

Dentro da região encefálica encontramos também o sistema


ventricular, que nada mais são do que cavitações preenchidas
pelo líquido cefalorraquidiano (LCR/líquor). O líquor é um
ultrafiltrado do sangue, produzido de maneira constante pelo plexo
coroide. Sua circulação é facilitada pelas células ependimárias
ciliares, sendo sempre reabsorvido e estando em constante
renovação.
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Trajeto percorrido pelo LCR:

ventrículos laterais
3º ventrículo

arqueduto mesencefálico
4º ventrículo

cai no espaço subaracnóideo

O líquor possui uma função de proteção mecânica do encéfalo e da


medula espinhal contra choques e pressão. Também atua no
transporte de metabólitos, nutrientes e possui função imunológica.

A coleta e análise do LCR é altamente utilizada para


diagnóstico de diferentes doenças neurológicas.

NERVOS CRANIANOS

São 12 pares de nervos cranianos que se originam no encéfalo e


vão inervar as regiões da cabeça e pescoço, apresentando funções
sensoriais, motoras ou mesmo mistas.

Eles possuem nomenclatura própria e funções específicas. Vamos


conferir?

I - Nervo Olfatório
Sensitivo
Responsável pela condução dos
impulsos olfatórios (olfação).

II - Nervo Óptico
Sensitivo
Responsável pela condução dos
impulsos visuais (visão).

III - Nervo Oculomotor


Motor
Responsável pela inervação dos
músculos extraoculares e inervação
Topografia de onde parassimpática da íris
emergem os 12 pares de (movimentação dos olhos e
nervoso cranianos. contração pupilar).
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IV - Nervo Trocelar VII - Nervo Facial


Motor Misto
Responsável pela inervação do Responsável pela inervação
músculo oblíquo dorsal, sensitiva do interior da orelha
também estando responsável externa e motora dos músculos
pela movimentação dos olhos. da expressão facial. Também
promove inervação
V - Nervo Trigêmio parassimpática das glãndulas
Misto salivares e sublinguais.
Responsável pela inervação
sensitiva da face e motora dos VIII - Nervo Vestibulococlear
músculos mastigatórios Sensitivo
(movimentação da mandíbula). Responsável pela audição e
equilíbrio (função vestibular).
VI - Nervo Abducente
Motor IX - Nervo Glossofaríngeo
Responsável pela inervação Misto
motora dos músculos reto Responsável pela inervação
lateral e retrator do bulbo motoras dos músculos da
(movimentação dos olhos). deglutição, inervação
parassimpática das glândulas
salivares e inervação sensorial da
língua e faringe (deglutição,
paladar e ânsia).

X - Nervo Vago
Misto
Responsável pela inervação
parassimpática e sensorial das
vísceras abdominais e torácicas,
inervação motora da faringe e
laringe (vocalização).

XI - Nervo Acessório
Motor
Responsável pela inervação motora
dos músculos do pescoço.

XII - Nervo Hipoglosso


Topografia de onde emergem
Motor
os 12 pares de nervoso
Responsável pela movimentação da
cranianos.
língua.
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A MEDULA ESPINHAL:

Ainda compondo o SNC, temos a medula espinhal, uma estrutura


tubular formada por tecido nervoso envolto e protegido pelas
vértebras; em toda sua extensão emergem pares de raízes
nervosas.

Nas regiões cervicotorácica e lombossacral há um


espessamento medular, chamado intumescência.
Neles emergem raízes nervosas importantes que
compõem os plexos da musculatura apendicular,
responsáveis pela movimentação.

A medula não apresenta o mesmo


tamanho em toda sua extensão,
ocorrendo uma diminuição
progressiva do seu diâmetro em
sentido caudal, até se afunilar e formar
o cone medular.

Os pares de nervos que emergem da medula e compõem o SNP,


são formados por fibras sensitivas e motoras, sempre emergindo
um par de cada lado.

A raiz dorsal é sempre formada


pela fibra sensitiva, enquanto a
raiz ventral é composta pelo
neurônio motor correspondente.

Cada porção da medula da qual


emergem as raízes nervosas é
chamada de segmento
medular.
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Os segmentos medulares são correspondentes às vertebras, com a


única exceção do trato cervical, onde temos 8 segmentos
medulares e apenas 7 vértebras! Além disso, é preciso entender
que os segmentos medulares são localizados mais cranialmente às
vértebras correspondentes, o que acaba não gerando uma
correspondência completa.

Encurtamento do diâmetro medular em sentido caudal

Vértebras de tamanho constante

Ausência de correspondência vértebra/segmento medular

geram
Variações do comprimento medular em relação
às vértebras.

No cão a medula espinhal termina aproximadamente ao nível da


sexta vértebra lombar (havendo diferenças entre espécies, raças e
porte), enquanto nos gatos ela termina geralmente ao nível da
sétima vértebra lombar.

Outra diferenciação importante da medula espinhal são as porções


das substâncias brancas e cinzentas. Ao contrário do cérebro e
cerebelo, a medula espinhal (bem como o tronco encefálico),
possuem a substância branca na porção externa, envolvendo a
massa cinzenta, interna.

A substância branca é aquela na qual


teremos principalmente axônios
mielinizados. Então, nessa região há um
conjunto de axônios que, quando
trafegam juntos na medula, são
chamados tratos ou ramos. Esses tratos
são denominados de acordo com sua
origem e destino.
ex: trato rubroespinhal, corticoespinhal...

A substância cinzenta, que forma esse


"H medular", é composta principalmente
por corpos neuronais e células da glia. É
a região onde ocorre a integração das
informações e respostas.
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AS MENINGES:

As meninges são três membranas que recobrem todo o SNC,


(encéfalo e medula espinhal), responsáveis pela sua proteção.

A dura-máter é a membrana mais externa,


sendo translúcida, fibrosa, resistente e muito
inervada! No crânio ela é intimamente aderida
ao periósteo, enquanto na medula espinhal ela
não chega a tocar o revestimento ósseo (o
espaço delimitado entre eles é o espaço
epidural).

A aracnoide é uma membrana mais fina e


serosa que recobre toda a superfície interna da
dura-máter; é avascular e possui trabéculas
que formam um espaço entre ela e a
membrana mais interna, chamado espaço
subdural.

Dura-Máter

Aracnoide
Espaço Subdural

Pia-Máter Artéria

No espaço subdural
percorre o LCR!

A pia-máter já é a membrana mais interna,


intimamente aderida ao tecido nervoso. É
altamente vascularizada.
Neurológico
O Paciente
CAPÍTULO
02
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DESCOMPLICANDO A
O PACIENTE NEUROLÓGICO NEUROLOGIA DE CÃES E GATOS •
2024

Consultar um paciente neurológico


costuma ser motivo de medo e
insegurança para muitos profissionais,
sejam recém-formados ou mesmo
veterinários atuantes e mais
experientes. E se eu te disser que existe
uma forma de tornar seu atendimento
melhor, mais direcionado e assertivo?

Um dica valiosa para que você consiga melhorar o seu raciocínio


clínico e evitar a neurofobia, é criando uma metodologia de
atendimento, ou seja, estabelecendo um protocolo com pontos de
abordagem em um ordem bem definida. Dessa forma, além de
ganhar tempo, você ainda evita esquecer de coletar informações
que podem ser relevantes para seu diagnóstico.

Vem comigo que vou te mostrar um método já bem estabelecido


para abordagem do paciente neurológico e como colocar em
prática cada um desses pontos:

1. Resenha
2. Anamnese
3. Exame Físico
4. Exame Ortopédico
5. Exame Neurológico Exceção é feita nos
6. Localização da Lesão pacientes em quadros de
urgência ou emergência,
7. Diagnósticos Diferenciais
como nas convulsões ou
8. Exames Complementares traumas! Neste cenário,
9. Diagnóstico primeiro é necessário
10. Prognóstico estabilizar seu paciente
antes de seguir esses
11. Tratamento
passos.
12. Evolução
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RESENHA:
Como em qualquer outro atendimento clínico, conhecer os dados
do seu paciente é o primeiro passo para iniciar uma linha de
raciocínio. Saber a raça, a idade, o sexo, o porte, seu status
reprodutivo (se é inteiro ou castrado) são algumas informações
que já podem nos ajudar a direcionar a atenção para certas
alterações.

Na neurologia isso não é diferente!

Já é sabido que algumas enfermidades


possuem uma predisposição racial, a
exemplo das discopatias nas raças
condrodistróficas ou hidrocefalia nos
animais braquiefálicos.

A idade também nos traz suspeitas, afinal,


anomalias congênitas se manifestam, em
geral, nos animais ainda jovens, enquanto
quadros neoplásicos são mais frequentes
naqueles de meia idade a idosos.

Embora não hajam afecções neurológicas


com predisposição sexual, o sexo do
paciente também deve ser levado em
consideração pensando em lesões
secundárias, como metástases de
tumores do trato reprodutivo e tremores
por hipocalcemia da lactação, por
exemplo.

ANAMNESE:

Assim como em outras especialidades, uma coleta de dados


minuciosa é extremamente importante na neurologia, pois nos
permite o conhecimento dos antecedentes mórbidos, o estilo de
vida e genealogia do paciente.

Seguir uma metodologia aqui também nos auxilia a evitar a perda


de informações que num primeiro momento podem não parecer
importantes, mas que tornam-se extremamente relevantes para o
desfecho do quadro.
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Busque informações como: Tratamentos periódicos


(vacinação, vermifugação);
Histórico de doenças;
Ambiente em que vive;
Contactantes;
Em seguida, aborde o Alimentação;
motivo da consulta: Atividade física;
Possíveis traumas
Genealogia

O que está
acontecendo? Ao final da anamnese, já
devemos saber se trata-se de
um quadro agudo ou crônico;
Desde quando isso
ocorre? se é de caráter progressivo,
regressivo ou se alterna; se
Como é o são sinais simétricos ou não;
problema? se há histórico de trauma; se
houve tratamento prévio e
quais...

Faça perguntas específicas para o paciente neurológico:

Qual o temperamento usual


do paciente?
Há mudança Faça a mesma pergunta
comportamental? de formas diferentes!
Notou alteração ou Muitos tutores podem
dificuldade de locomoção? omitir informações ou
Quais membros são não dar importância a
afetados? certa ocorrência.
Observa desorientação, andar Questionar a mesma
em círculos, andar coisa de maneiras e em
compulsivo?
momentos distintos pode
Já apresentou tremores, auxiliar a extrair
convulsão?
informações do tutor e a
Consegue se alimentar obter detalhes na
normalmente? anamnese.
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A comunicação com o tutor é um ponto chave! Eles


podem não saber diferenciar quais informações são
relevantes ou não. Além disso, a ansiedade por
resolução pode prejudicar o relato.

Prossiga com um exame físico minucioso, passando por todos os


sistemas. Atente-se para o sistema muscular (há atrofia ou
caquexia?), processos infecciosos que podem debilitar seu
paciente, sinais de intoxicação, distúrbios da micção, presença de
tumores, etc.

Um exame ortopédico também deve ser


realizado previamente. Em muitos momentos
as manifestações clínicas podem ser
semelhantes entre distúrbios osteoarticulares
e neurológicos, como a dificuldade de
locomoção, por exemplo.

Descartando alterações ortopédicas,


seguimos para uma avaliação neurológica
minuciosa.

O grande segredo da abordagem ao paciente


neurológico é não pular etapas! Siga o passo a passo
para que você se acostume com a metodologia e não
deixe escapar informações relevantes.
Neurológico
O Exame
CAPÍTULO
03
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O exame neurológico é uma ferramenta semiológica onde, através


de inspeção, palpação e testes específicos, vamos obter
informações sobre a integridade funcional do sistema nervoso.

Ele, sem dúvidas, é uma das etapas mais importantes da


abordagem do paciente neurológico. Porém, ao chegar aqui, você
já deve estar familiarizado com a neuroanatomia funcional e a
fisiologia do sistema nervoso, ok?

Eu sei que a parte anatômica é complexa e que exige


um estudo constante, mas é necessário o domínio da
função das estruturas e suas interações básicas.
Lembre do passo a passo e entenda que o exame
neurológico nada mais é do que uma ferramenta
para você interpretar.

Para iniciar, vamos apenas relembrar alguns conceitos importantes


e necessários para a avaliação.

Neurônio Motor Superior (NMS) X Neurônio Motor Inferior (NMI)

Para sermos capazes de avaliar a


locomoção do nosso paciente,
NMS que é um etapa essencial do
exame neurológico, é preciso
compreender inicialmente os
mecanismos que possibilitam a
marcha.

NMI

O movimento irá se originar no corpo celular dos NMS no encéfalo:

Dois tratos (um conjunto de Alguns feixes irão fazer uma


neurônios motores conexão com neurônios
superiores) irão percorrer motores inferiores na
toda a medula espinhal: o intumescência
trato corticomedular e o cervicotorácica, enquanto
rubroespinhal outros seguem na medula
e irão se conectar com
NMI’s na intumescência
lombossacra
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Neurônio Motor Superior (NMS) X Neurônio Motor Inferior (NMI)

Os NMI são as fibras


NMS eferentes que inervam
diretamente o músculo e
levam ao movimento.
São também chamados de
alfa-motoneurônios.

NMI

Quem são os NMS?

São todas as fibras neuronais motoras que partem do encéfalo e


migram pela medula espinhal, fazendo conexões com os NMI. Elas
são responsáveis pela modulação/regulação inibitória dos
reflexos e do tônus. Eles também são responsáveis pelo início dos
movimentos voluntários e o controle da postura corporal.

E quem são os NMI?

São todas as fibras neuronais motoras que partem da medula


espinhal e inervam os órgãos efetores. No sistema nervoso
somático, o órgão alvo será uma fibra muscular. Por esse motivo,
quando falamos do sistema de NMI, nos referimos a um alfa-
motoneurônio + as fibras musculares inervadas por ele.

Por que é importante definirmos esses conceitos?

Ao realizar o exame neurológico, precisaremos interpretar respostas


e reflexos para avaliar a integridade das conexões neuronais.
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A resposta é uma reação voluntária frente a um


estimulo; o circuito neuronal obrigatoriamente irá
passar pelo córtex cerebral, onde o estímulo se torna
consciente e é elaborada a resposta.

Em contrapartida, o reflexo é um movimento


involuntário frente a um estímulo. Por ser uma reação
inconsciente, o estímulo não chega ao encéfalo para
ser interpretado (ex: arco-reflexo patelar).

Entendendo o Arco-Reflexo Patelar

1. É feito um estímulo mecânico no ligamento patelar.


2. Receptores proprioceptivos captam a informação e o
estímulo é conduzido pelas fibras aferentes e adentram no
gânglios dorsais da medula.
3. É feita uma conexão direta com o NMI no gânglio ventral;
esse NMI inerva diretamente o músculo.
4. O músculo contrai de forma involuntária.

Se há lesão no NMI, o arco reflexo ficará


comprometido, estando reduzido ou ausente.

Se a lesão for em NMS, o arco reflexo estará


presente/íntegro, afinal, seu trajeto está
preservado, certo? Porém, haverá um
comprometimento da modulação inibitória que o
NMS faz, portanto, sem essa inibição, podemos
encontrar o arco reflexo aumentado!
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Propriocepção

Outro conceito extremamente importante para assimilarmos antes


de entrar no exame neurológico em si é o da propriocepção, que
nada mais é do que o reconhecimento da posição do corpo no
espaço. Essa informação é proveniente de sensores corporais
periféricos (situados em ligamentos, tendões, músculos, sistema
vestibular...) que enviam a informação para o córtex sensorial
(propriocepção consciente) e cerebelo (propriocepção
inconsciente).

Paresia x Plegia

A paresia é definida como uma perda parcial do controle motor,


sendo caracterizado por uma fraqueza de origem neurológica.

Ela pode ser ambulatória, quando existe


a fraqueza mas o paciente ainda é capaz
de de deambular, ou não ambulatória,
quando a diminuição do controle motor é
tanta que o paciente é incapaz de se
manter em estação ou andar.

Já a plegia é definida como uma perda completa do controle


motor, sendo caracterizado por uma lesão neuronal (de NMS ou
NMI), levando a uma incapacidade da contração muscular.

A paresia e a plegia podem sem classificadas como flácida ou


espástica:

A flácida normalmente ocorre por lesão de NMI,


havendo redução do tônus muscular e rápida atrofia
(por denervação).

A espástica normalmente ocorre por alteração de


funcionalidade do NMS, havendo aumento do tônus
muscular e atrofia de desenvolvimento lento (por
desuso).

Haverá aumento do tônus pois o NMS não


fará mais a modulação inibitória, lembra?
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Por fim, a paresia e a plegia podem ainda serem classificadas de


acordo com os membros acometidos:
Monoparesia/plegia: Apenas 1 membro acometido
Paraparesia/plegia: Membros pélvicos acometidos
Hemiparesia/plegia: Tóracico e pélvico do mesmo lado
acometidos
Tetraparesia/plegia: 4 membros acometidos

Ataxia

A ataxia, por sua vez, é definida como uma incoordenação do


movimento que ocorre em detrimento de déficits sensoriais. Pode
ser de origem distinta, a depender da estrutura acometida:

Ataxia Proprioceptiva: Quando há lesão em qualquer


porção do aparelho sensorial, principalmente espinhal.
Caracterizada por arrastar ou cruzar os membros afetados
e rastejar com o dorso dos dígitos.

Ataxia Cerebelar: Quando há lesão mais específica em


cerebelo, gerando comprometimento do refinamento da
marcha. É caracterizada por hipermetria, tremores de
intenção e oscilação do tronco.

Ataxia Vestibular: Quando há lesão no sistema vestibular


periférico ou central. É caracterizada por alterações
posturais (inclinações), nistagmo, estrabismo, perda do
equilíbrio.

Dismetria: Caracterizadas pela realização de


movimentos/passos amplos (hipermetria) ou curtos
(hipometria).

A diferenciação clínica entre paresia ambulatória e


ataxia pode ser difícil em muitos pacientes com
alterações de marcha, portanto, uma avaliação
minuciosa dos reflexos, tônus muscular, presença ou
não de atrofia, são essenciais para um correto
diagnóstico.

Bom, agora que você já sabe os conceitos básicos para a


interpretação do exames neurológico, podemos partir
para o passo a passo dele!
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O QUE VOCÊ Lanterna (luz focal)


PRECISA?
Pinça Hemostática

Martelo Neurológico (”de Taylor”)

Ambiente
Piso Antiderrapante
Tranquilo

Como você pôde perceber, para realizar o exame


neurológico não é necessária nenhuma estrutura
tecnológica ou equipamento especializado... O
conhecimento e uma boa metodologia serão seus
principais instrumentos!

E por falar em metodologia, vamos seguir um passo a


passo de 6 etapas durante a avaliação neurológica,
que deve ser realizada preferencialmente na
sequência abaixo:

EXAME NEUROLÓGICO
EM 6 PASSOS:

1. Estado Mental e Nível de Consciência

2. Postura e Locomoção

3. Reações Posturais

4. Nervos Cranianos

5. Reflexos Segmentares

6. Sensibilidade Dolorosa (palpação e nocicepção)


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1. ESTADO MENTAL E NÍVEL DE CONSCIÊNCIA:

A avaliação do estado mental e do nível de


consciência é o primeiro passo do nosso exame
neurológico e que pode ser realizado já durante a
anamnese. No momento em que você conversa com o
tutor, deixe o paciente solto no consultório e já observe
seu comportamento, sua interação com o ambiente e
com as pessoas.

Um animal sem alterações no nível de consciência estará alerta,


responsivo aos estímulos e interagindo com o novo ambiente
(explorando, farejando...).

É importante saber diferenciar alterações no estado


mental com temperamentos particulares de cada
espécie/indivíduo. Há animais mais medrosos e
desconfiados que podem se esconder ou não interagir
muito. Além disso, os dados da anamnese são muito
importantes, uma vez que alterações do estado
mental podem ser variáveis e não estarem presentes
durante sua avaliação.

O nível de consciência avalia as regiões do tronco encefálico,


córtex e do SARA. Então, perceba que já neste primeiro passo da
avaliação neurológica, conseguiremos diferenciar as lesões
intracranianas das extracranianas.

Classificação do Estado Mental:

Alerta: Responsivo aos estímulos de qualquer natureza.


Depressão/Obnubilação: Sonolento, desorientado, pouco
responsivo aos estímulos; “avoado“, “aéreo“.
Estupor: Responsivo apenas à estímulos de dor.
Coma: Inconsciente e arresponsivo inclusive aos estímulos de
dor.

Também é possível caracterizar a qualidade da consciência do


indivíduo. Alguns animais podem apresentar-se alertas, mas
respondem de forma anormal em certas situações, com
dificuldade em executar tarefas básicas. Tal comportamento
reconhecemos como demência.
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O que caracterizam comportamentos anormais?

1. Head Pressing (incapacidade de superar


obstáculos);
2. Andar em círculos;
3. Vocalização;
4. Mudança de temperamento (cães dóceis
ficam agressivos ou vice-versa);
5. Alterações do sono-vigília

Você pode classificar o estado clínico geral do paciente através de


uma escala de avaliação de consciência, descrita como Escala
AVDN:
1 (A) Alerta

2 (V) Responsivo à estímulos verbais

3 (D) Responsivo à estímulos dolorosos

4 (N) Não responsivo

2. POSTURA E LOCOMOÇÃO:

Nesta próxima etapa do exame neurológico


você já deve avaliar o paciente em um
ambiente mais amplo, preferencialmente com
um piso áspero ou emborrachado, evitando
pisos lisos/escorregadios que possam
atrapalhar a avaliação da marcha.

A postura é definida como a posição das partes do corpo do


espaço. Para que o indivíduo consiga manter uma postura normal,
é necessário um correto funcionamento do córtex cerebral,
cerebelo e o sistema vestibular.

Como funciona?

Receptores periféricos das articulações, visão e do sistema


vestibular carreiam as informações até o córtex cerebral,
cerebelo e sistema vestibular (através das vias sensitivas
aferentes)

Uma resposta é elaborada e enviada aos músculos da cabeça,


pescoço e membros

O indivíduo é capaz de corrigir sua postura e tônus muscular


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Alterações posturais comuns:

Posição da Cabeça:

Head Tilt: Rotação da cabeça para um lado, normalmente


associada a uma lesão vestibular.

Head Turn/Pleurotótono: Giro lateral da cabeça e do pescoço,


normalmente associada a uma lesão talamocortical.

Ventroflexão: Flexão ventral da cabeça e pescoço,


normalmente associada à debilidades neuromusculares ou
distúrbios eletrolíticos (principalmente em gatos).

Os gatos não apresentam o ligamento nucal,


fazendo com que a posição da cabeça seja
dependente exclusivamente do tônus muscular
cervical.

Posição fixa para baixo com rigidez cervical: Impossibilidade


de realizar a dorsoextensão do pescoço, associada à dor
cervical

O paciente assume essa posição


como forma de amenizar a dor.

Posição da Coluna:

Alterações na coluna cervical frequentemente decorrem de mal


formações congênitas ou traumas vertebrais.
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Cifose: Quando ocorre um arqueamento dorsal da coluna,


normalmente associado a dor ou malformações.

Lordose: Quando ocorre um desvio ventral da coluna,


normalmente associado a malformações.

Escoliose: Quando ocorre um desvio lateral da coluna,


também associado a malformações.

Posição dos Membros::

Alterações na posição dos membros ocorrem como consequência


de déficits sensoriais, podendo ser de origem proprioceptiva,
cerebelar ou vestibular. Incoordenado, o paciente buscar alterar a
base de sustentação para conseguir manter-se em estação.

Apoio em base ampla

Apoio em base curta/cruzada

Apoio com os dígitos

Andar plantígrado/palmígrado: Decorrente de alterações


neuromusculares, diabetes nos felinos ou mesmo alterações
ortopédicas (importante descartar).

Apoio em base ampla Andar plantígrado


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Posição do SNC:

São posições características de lesões graves que afetam o


sistema nervoso central.

Rigidez por Descerebração: Decorrente de lesões no tronco


encefálico rostral (mesencéfalo ou ponte). Caracterizada por
uma rigidez extensora dos 4 membros e alteração grave do
estado mental (lembre-se que é onde passa o SARA).

Rigidez por Descerebelação: Decorrente de lesões graves no


cerebelo. Caracterizada por uma extensão dos membros
torácicos, flexão dos membros pélvicos e opistótono.

Postura de Schiff-Sherrington: Decorrente de lesões graves


na transição toracolombar. Caracterizada por uma extensão
rígida dos membros torácicos, mas sem alteração em sua
motricidade. Nos membros pélvicos teremos uma paraplegia
espástica pelo trauma toracolombar. É uma postura
transitória, que não deve ser confundida com lesões mais
craniais pelo acometimento dos membros torácicos.
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Já sabemos que diante de um trauma medular, nós


teremos a manifestação clinica caudal ao ponto da
lesão. No entanto, a postura de schiff-sherrington é
uma exceção. Os sinais em membros torácicos
ocorrem pelo acometimento de células periféricas
(chamadas “border cells”), que são neurônios
inibitórios ascendentes que se projetam cranialmente
e inibem os neurônios motores inferiores dos
membros torácicos, controlando o tônus muscular.

Quando essas células são danificadas em traumas


graves, não teremos mais o controle inibitório do
tônus muscular nos membros torácicos, que irão se
apresentar espásticos, mesmo a lesão sendo
toracolombar!

Exame da Marcha:

Após a análise da postura, é hora de colocar o paciente para se


locomover objetivando a avaliação da marcha. Preferencialmente
em um espaço amplo, de piso não escorregadio, o animal deve
caminhar a passos lentos e em trote, de forma a possibilitar a
detecção de anormalidades biomecânicas e quais membros estão
acometidos.

Ao final do exame devemos ser capazes de responder se há


alteração de marcha ou não, e, em casos de anormalidade, qual é
o problema:

Paresia?
Plegia? *Relembre as características
Ataxia? de cada uma, discutidas no
Dismetria? início deste capítulo!
Claudicação?
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3. REAÇÕES POSTURAIS:

A terceira etapa do exame neurológico é a avaliação das reações


posturais, que nada mais são do que respostas mediante as quais
o animal é capaz de manter sua posição em relação à gravidade.

As reações posturais irão avaliar as mesmas vias da locomoção, as


proprioceptivas e motoras, no entanto, testes são executados para
que consigamos avaliar a possibilidade de alterações mais sutis
que passam despercebidas no exame da marcha.

Animais de grande porte são melhor avaliados no


chão, enquanto animais de pequeno porte podem ser
avaliados sobre a mesa. Mas lembre-se que,
independente do local, é interessantes que ele seja
colocado sobre uma superfície antiderrapante.

Vamos juntos analisar cada teste de


reação:

Posicionamento Proprioceptivo:

Deve-se apoiar o dorso das falanges no chão, suportando o animal


pelo tórax ou pelo abdomen para evitar inclinações do corpo. Na
ausência de déficits proprioceptivos, o animal corrige o membro,
voltando a apoiar com a palma/planta da pata.
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Também pode ser realizada uma variação da técnica, que consiste


na colocação de uma folha de papel abaixo da pata, onde o
paciente pisa e, em sequência, arraste o papel lateralmente. Ele
deverá perceber a mudança de posição e corrigir de forma
imediata a posição do membro (na ausência de déficits).

Déficit proprioceptivo. O
animal mantem o apoio pelo
dorso ou há um atraso no
tempo de correção da
postura.

Carrinho de Mão:

Deve-se realizar um apoio no abdômen e elevar os membros


pélvicos, estimulando o paciente a caminhar em linha reta apenas
com os membros torácicos. Na ausência de déficits, o animal se
move com os membros torácicos como se caminhasse
normalmente.
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Saltitamento:

Deve-se segurar o paciente de forma que a maior parte do seu


peso corporal seja sustentado por um único membro. Em
sequência, promove-se um deslocamento lateral, esperando-se
que, na ausência de déficits, o animal possa deslocar a
extremidade do membro para o lado ao qual se move.

É uma ótima avaliação postural para felinos, mas nos cães de


grande porte pode ser de difícil execução, podendo ser substituída
pela hemilocomoção (descrita a seguir).

Hemiestação/Hemilocomoção:

É a reação onde se avalia o paciente em estação e marcha sobre


bípede lateral. Deve-se erguer o animal de um lado (membro
pélvico e torácico do mesmo antímero) e estimular que ele
caminhe lateralmente para o lado ao qual se apoia. Na ausência
de déficits, o paciente deve saltitar lateralmente a fim de manter-
se em equilíbrio.

Realize o saltitamento apenas em


sentido lateral.
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Posicionamento Tátil:

Deve-se cobrir os olhos do paciente e o sustentar no colo. Em


sequência, direcione-o até a borda da mesa de exame; quando
seus membros tocarem a superfície da mesa, o paciente deve
imediatamente direcionar o membro para apoiar a pata sobre a
superfície.

É um teste difícil de ser realizado em animais de grande porte.

Propulsão Extensora:

Deve-se apoiar o paciente pelas axilas e o erguer do chão pelo


tórax. Em sequência, desça de forma lenta até que os membros
pélvicos toquem o solo. Os pacientes normais irão estender os
membros pélvicos até que eles atinjam o chão e darão alguns
passos para trás para ajustar a postura.
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As reações posturais não são indicadas para a


localização da lesão neurológica. Elas apenas nos
direciona para a existência ou ausência de uma lesão
neurológica.

Na rotina, usualmente são realizados os testes de


posicionamento proprioceptivo e saltitamento. Avalie
seu paciente (temperamento, porte) e execute os
testes possíveis de acordo.

4. NERVOS CRANIANOS:

Relembre que temos 12 pares de nervos cranianos enumerados de


acordo com sua localização anatômica no tronco encefálico, do
mais cranial ao mais caudal. A avaliação dos nervos cranianos é
feita através de testes específicos, onde conseguimos informações
de alguns de seus segmentos.

Esse exame é muito importante


para nos ajudar a diferenciar entre
lesões intra e extracranianas!

Para que possamos dar segmento


à avaliação dos nervos cranianos, é
preciso que você volte algumas
páginas e relembre a função de
cada um deles!

Essa etapa deve ser realizada preferencialmente


sobre a mesa (se o porte do paciente permitir), de
forma a favorecer a contenção. É uma etapa laboriosa
em pacientes muito agitados ou agressivos, podendo
não ser possível realizar o teste completamente com
segurança e assertividade.
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Existe 1 teste específico para cada nervo craniano?

São realizados alguns testes que


avaliam, na maioria das vezes, um
conjunto de nervos cranianos, através
de suas respostas ou reflexos. Vamos
ver quais são eles?

Tamanho e Simetria Pupilar:

Inicialmente avalie o tamanho e a simetria das pupilas sob a luz


ambiente e no escuro. Em seguida, no escuro, projete um feixe de
luz puntiforme sobre as pupilas e avalie a qualidade da sua
contração direta e consensual, afinal, ao incidir a luz sobre um olho,
a pupila do olho contralateral deverá também contrair em
decorrência da decussação das fibras nervosas.

Neste teste avaliamos o NC II


(óptico) e NC III (oculomotor).

Teste do Algodão:

Derrube uma bola de algodão na frente do animal e avalie se ele


consegue enxergar e acompanhar o objeto em queda. É um teste
de acuidade visual, portanto, é importante que seja feito com o
algodão para não gerar estímulos sonoros ou desloque vento.

Neste teste avaliamos o NC II


(óptico).
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É interessante lembrar que é possível termos um


paciente cego sem alteração do reflexo pupilar. Isso
porque também há a participação do córtex cerebral
na visão; portanto, uma lesão cortical pode causar
cegueira central (amaurose), sem que haja
comprometimento do reflexo pupilar à luz.

Resposta à Ameaça:

Inicie assegurando que o paciente é capaz de piscar os olhos,


realizando um leve toque sobre as pálpebras (reflexo palpebral).
Em seguida, movimente sua mão em direção aos olhos do paciente
de forma ameaçadora, porém mantendo uma certa distância final
para evitar a formação de correntes de ar. A resposta normal é o
indivíduo piscar.

Neste teste avaliamos o NC II (óptico),


NC VII (facial), cerebelo ipsilateral e
prosencéfalo contralateral.

Posição Ocular:

Avaliamos a ocorrência de estrabismos ou nistagmos patológicos.


As alterações podem ser evidentes à inspeção visual ou pode ser
necessário realizar movimentos da cabeça para induzir.

Neste teste avaliamos o NC III


(oculomotor), NC IV (troclear), NC VI
(abducente) e o sistema vestibular.

O três nervos citados promovem inervação


dos músculos extraoculares, participando
ativamente no posicionamento do globo
ocular.
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Reflexo Óculo-Cefálico:

Deve-se mover a cabeça do paciente de um lado para o outro e


também de cima para baixo. Num paciente normal, as mudanças
de direção geram uma correção da posição do olho,
caracterizando o que chamamos de nistagmo fisiológico, tendo
fase rápida em direção ao movimento.

Neste teste avaliamos o NC VIII (vestibulococlear)


em suas vias sensitivas e os NC VIII (óptico), NC IV
(troclear) e NC VI (abducente) em suas vias
motoras.

Reflexo Palpebral:

Deve-se realizar um estímulo tátil sobre a região palpebral medial e


lateral, induzindo, na normalidade, o fechamento das pálpebras (o
paciente pisca).

Neste teste avaliamos a porção


sensitiva do nervo trigêmio (NC V) e
motora do nervo facial (NC VII)

Avaliação dos Músculos Mastigatórios:

Inspeção visual e palpação dos músculos mastigatórios, masseter


e temporal, buscando avaliar possíveis assimetrias, atrofias ou
mesmo tumefações.

Neste teste avaliamos a porção


motora do nervo trigêmio (NC V).
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Sensibilidade Nasal:

Deve-se realizar um toque com auxílio de uma pinça sobre o canto


medial do vestíbulo nasal, enquanto os olhos são mantidos
cobertos para evitar uma resposta visual à ameaça.

Neste teste avaliamos a porção


sensitiva no nervo trigêmio (NC V), o
córtex sensorial contralateral e a
porção motora do nervo facial (NC VII)

Simetria Facial:

É feita uma avaliação visual da expressão facial do paciente.


Observe o posicionamento das orelhas, das pálpebras, do planos
nasal e labial.

Neste teste avaliamos a porção


motora do NC VII (facial).

Reflexo de Deglutição e Simetria da Língua:

Deve-se palpar a região faringolaríngea fazendo uma leve


compressão de forma a estimular a deglutição e ânsia de vômito. O
paciente normal pode deglutir algumas vezes ou mesmo lamber o
focinho. Aproveita-se o momento para inspecionar a posição da
língua e sua motricidade.

No teste de deglutição avaliamos o


NC IX (glossofaríngeo) e o NC X
(vago). Com a simetria da língua
avaliamos o NC XII (hipoglosso).
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5. REFLEXOS SEGMENTARES:

A execução dos reflexos espinhais é uma etapa crucial no exame


neurológico, onde avaliamos a inervação destinada à função das
extremidades através do arco reflexo e dos neurônios motores
superiores que os influenciam e modulam.

Portanto, para que haja uma compreensão dessa etapa, relembre


os conceitos de NMI, NMS e arco-reflexo, discutidos anteriormente.

Agora que você já relembrou os


conceitos, vamos entender como
avaliar os reflexos segmentares:

Os reflexos são graduados em 5:

Ausentes (0)
Reduzidos (1)
Normais (2)
Aumentados (3) *No clonus o reflexo é tão aumentado,
Clonus (4) que após o estímulo ocorre um série de
contrações musculares involuntárias, de
forma repetida.

Se temos uma lesão de NMI, o mecanismo arco-reflexo estará


comprometido, certo? Portanto, observa-se uma diminuição dos
reflexos (hiporreflexia) ou sua completa ausência (arreflexia). O
mesmo ocorre com o tônus muscular, onde observamos
hipo/atonia.

Já nas lesões de NMS, o arco-reflexo estará íntegro, no entanto, a


modulação inibitória executada pelos NMS se compromete. Nesse
cenário, os reflexos e tônus podem sim estar normais, mas
usualmente apresentam-se aumentados (hiperreflexia e
hipertonia).

O que define a graduação dos reflexos segmentares é


o grau da lesão!
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Em literatura você poderá encontrar uma série de


reflexos espinhais possíveis de serem executados, no
entanto, alguns deles são pouco confiáveis e podem
não auxiliar na interpretação do exame. Por esse
motivo, vamos comentar apenas sobre aqueles que
apresentam utilidade clínica, ok?

Tônus Extensor:

Deve-se realizar uma pressão suave sobre a superfície plantar ou


palmar dos 4 membros, estando o paciente em pé ou em decúbito
lateral. Em pacientes normais, deve ser fácil flexionar o membro sob
pressão. O tônus extensor avalia o segmento medular C6-T2 nos
membros torácicos e o segmento L4-S1 nos membro pélvicos.

Uma rigidez extensora com


dificuldade de flexão do membro
sugere lesão de NMS, enquanto a
perda completa de tônus com
flacidez sugere lesão de NMI.

Reflexo Flexor de Membro Torácico:

Também chamado de “reflexo de retirada”, é feito aplicando-se


uma pressão sobre dígitos/interdígitos palmares com os dedos ou
com auxílio de uma pinça hemostática. A resposta esperada é a
flexão de todas as articulações do membro (carpo, cotovelo e
ombro).

Avalia-se a integridade do
segmento medular C6-T2 e do plexo
braquial.

Casos de flexão incompleta sugerem lesão de


alguns nervos do plexo ou mesmo de algum
segmento da intumescência.
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Reflexo Patelar:

Com o paciente em decúbito lateral, deve-se suportar o peso do


membro pélvico pela face medial e manter a extremidade em
posição anatômica (nem muito flexionado, nem muito estendido).
Em seguida, é feita uma percussão sobre o ligamento patelar com
um martelo de taylor. A resposta esperada é a contração do
quadríceps, levando a uma extensão rápida e isolada do membro.

O arco-reflexo patelar avalia a


integridade do segmento medular
L4-L6 e do nervo femoral.

Alguns pacientes podem não


permitir a contenção lateral
(felinos principalmente),
podendo ser executado o
teste na posição sentada.

Reflexo Flexor de Membro Pélvico:

É o mesmo princípio do realizado no membro torácico: aplica-se


uma pressão sobre dígitos/interdígitos plantares com os dedos ou
com auxílio de uma pinça hemostática. A resposta esperada é a
flexão de todas as articulações do membro (tarso, joelho e quadril).

Avalia-se a integridade do
segmento medular L6-S2.
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Não devemos confundir o reflexo flexor com a


sensibilidade dolorosa do membro. A resposta
consciente do paciente normalmente vem associada
a movimentos de cabeça, tentativa de morder,
movimento de outra parte do corpo, vocalização, etc.

Reflexo Perineal:

Deve-se realizar um leve toque na região perineal e/ou na mucosa


do esfíncter anal. É esperada a contração do esfíncter anal e a
flexão da cauda.

Avalia-se a integridade do
segmento medular S1-S3 e caudais,
além do nervo pudendo.

Reflexo Cutâneo do Tronco:

Também chamado de “panículo”, é realizado através do


pinçamento da pele na região paravertebral. O estímulo deve ser
iniciado imediatamente cranial à região lombossacra, em sentido
cranial durante todo o trajeto da coluna toracolombar. Deve-se
realizar um pinçamento a cada nível vertebral e em ambos os
antímeros.

Espera-se que haja uma contração do músculo cutâneo do tronco.

Em casos de lesão em algum


segmento medular toracolombar,
o reflexo torna-se ausente cerca
de 2 espaços vertebrais caudais
ao ponto da lesão.
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6. SENSIBILIDADE DOLOROSA

A última etapa do nosso exame neurológico consiste na avaliação


da dor do paciente, uma informação extremamente importante
tanto para nos guiar quanto à localização da lesão, como também
para definir a graduação e o prognóstico das injúrias.

O paciente pode deixar de ser


colaborativo ao exame após o estímulo
de dor, portanto, ela deve ser sempre a
última etapa!

A sensibilidade dolorosa da coluna é avaliada através da palpação


de todo o seu segmento.

No segmento torácico e
lombar, a palpação deve ser
realizada em região dorsal
através de uma pressão digital
entre os espaços
intervertebrais (topografia do
disco). Devemos utilizar os
processos espinhosos como
referência anatômica.

No segmento cervical, a
palpação deve ser realizada
em região ventral, através de
uma pressão digital entre os
espaços intervertebrais

A palpação deve ser realizada no sentido caudal para


cranial, aplicando estímulos de força progressivos!

Por fim, realizamos as provas de sensibilidade superficiais e


profundas, provocando estímulos dolorosos nas
extremidades dos membros com o objetivo de avaliar uma
reação comportamental (vocalização, tentativa de
morder, movimentação da cabeça, etc.).
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A dor superficial é estimulada através de um


pinçamento na pele, enquanto para a dor
profunda deve-se realizar um pinçamento mais
forte, em região de periósteo, cápsula articular,
músculos e/ou tendões.

É importante não confundir o reflexo flexor com a nocicepção. A


sensibilidade dolorosa é uma resposta consciente ao estímulo,
sendo observadas as reações comportamentais.

Observe na foto acima a localização das fibras na medula espinhal


e veja que as nociceptivas (principalmente a profunda) são mais
internas, ou seja, são as últimas vias sensitivas que se perdem em
uma lesão. Por esse motivo a presença de sensibilidade dolorosa é
considerada muitas vezes um fator prognóstico, pois a ausência de
dor profunda pode sugerir lesões graves e com menores chances
de recuperação.

Se o paciente não tiver alterações de locomoção, não


é necessária a avaliação da nocicepção, afinal, se há
função motora, haverá função nociceptiva! Além
disso, se há sensibilidade superficial, não são
necessários estímulos intensos para avaliação da dor
profunda, pois ela também estará presente.

Bom, chegamos ao fim do exame neurológico e sei que a sua


execução e interpretação pode ser muito desafiadora. Lembre-se
de manter a metodologia para dominar a técnica.
Vamos agora seguir para uma outra parte extremamente
importante, que é a localização das lesões neurológicas!
Localização
da Lesão
CAPÍTULO
04
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Todo o conhecimento de neuroanatomia funcional que discutimos


até aqui e todas as informações obtidas com o nosso exame
neurológico tem um propósito muito específico: responder a
pergunta

ONDE ESTÁ
LOCALIZADA A LESÃO?

Saber localizar a lesão é uma das etapas mais cruciais do


atendimento ao paciente neurológico. É o momento em que
conseguimos juntar as informações obtidas no exame e traçar um
raciocínio clínico efetivo sobre o quadro!

Lesões difusas no sistema nervoso são mais difíceis de


serem localizadas; no entanto, quando focais, elas
podem ser identificadas em mais de 90% dos casos
com um bom exame neurológico!

As lesões neurológicas são enquadradas em “síndromes”, que são


um conjunto de sinais clínicos característicos de uma região
específica do sistema nervoso. Vamos avaliar cada uma das delas?

1. SÍNDROME PROSENCEFÁLICA:

São sinais característicos das lesões do encéfalo anterior


(telencéfalo/córtex e diencéfalo).

Relembre no capítulo de
neuroanatomia que o córtex cerebral
possui uma subdivisão em áreas
(lobos) com diferentes funções
sensoriais e motoras, bem como
hemisférios bem delimitados.

Portanto, lesões telencefálicas podem


levar a déficits de motricidade e
proprioceptivos importantes.
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Também é importante relembrar que


as fibras originárias do córtex cerebral
sofrem a decussação ao nível das
pirâmides, numa região posterior ao
prosencéfalo.

Como as fibras se cruzam, se


direcionando para o lado oposto na
medula espinhal, lesões unilaterais em
região prosencefálica irão gerar
déficits motores e proprioceptivos
contralaterais à lesão.

Como a região do córtex cerebral é responsável pela cognição e


interpretação de estímulos diversos, também podemos observar
em um paciente com síndrome prosencefálica, alterações do nível
de consciência e comportamentais.

O acomentimento do diencéfalo irá gerar sinais semelhantes ao


telencéfalo, no entanto, também podemos observar alterações
endócrinas por acometimento do eixo hipotalâmico-hipofisário.

Sinais clínicos característicos da síndrome prosencefálica:

Alterações no nível de consciência, estado mental e


comportamento;

Vocalização, desorientação, disfunção cognitiva;

Andar compulsivo, andar em círculos (para o lado da


lesão);

Síndrome da hemidesatenção: o paciente ignora os


estímulos sensoriais do lado contralateral à lesão;

Déficits proprioceptivos e hemiparesia contralateral à


lesão;

Head pressing, head turn;

Crises epilépticas (muitas vezes é o único sinal);

Alteração da termorregulação, PU/PD, alteração do


apetite (distúbios endócrinos).
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2. SÍNDROME MESENCEFÁLICA:

Lesões do tronco encefálico podem se dividir nas síndromes


mesencefálicas e as pontinomedulares. A síndrome mesencefálica,
como o próprio nome já sugere, diz respeito a lesões específicas do
mesencéfalo.

Relembre que o sistema ativador


reticular ascendente (SARA) passa
bem no centro do mesencéfalo. Como
ele é responsável pelo ciclo do sono-
vigília, lesões mesencefálicas são
comumente associadas a graves
alterações no estado mental.

No mesencéfalo também temos a origem do trato rubroespinhal,


(muito importante para o controle motor nos pequenos animais) e
fibras sensoriais ascendentes. Dessa forma, também podemos
observar déficits motores e proprioceptivos nas lesões
mesencefálicas.

O ponto de decussação das pirâmides é


bem na transição do mesencéfalo e a
ponte. Portanto, os déficits podem ser
contralaterais à lesão nos casos de
injúrias mesencefálicas rostrais ou
ipsilaterais à lesão, nos caos de injúrias
mais caudais.

Outro ponto importante para relembrar, é


que o mesencéfalo é a região de origem de 2
nervos cranianos: o oculomotor (NC III) e o
troclear (NC IV). Nele também se origina o
trato tectotegmento espinhal, responsável
pela inervação simpática do olho.

Injúrias mesencefálicas podem


levar a um comprometimento da
motricidade e inervação simpática
do olho.

SÍNDROME DE HORNER!
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SÍNDROME DE HORNER:

É um conjunto de sinais clínicos decorrentes de lesão


em uma ou mais estruturas do sistema nervoso
simpático que inervam a face.

Caracteriza-se pela presença de ptose palpebral


(pálpebra caída), miose (contração pupilar),
enoftalmia (afundamento do globo ocular) e
protrusão da terceira pálpebra.

Sinais clínicos característicos da síndrome mesencefálica::

Alterações graves no nível de consciência;

Déficits proprioceptivos e hemiparesia (contralateral na


lesão rostral ou ipsilateral na lesão caudal);

Rigidez de descerebração em lesões graves (tetraparesia


espástica dos 4 membros com ou sem opistótono);

Estrabismos, midríase;

Síndrome de Horner.

3. SÍNDROME PONTINOMEDULAR:

Como a ponte e o bulbo/medula oblonga são estruturas muito


próximas no tronco encefálico e uma região de origem da grande
maioria dos nervos cranianos, suas lesões usualmente acarretam
em sintomas semelhantes, caracterizados dentro da síndrome
pontinomedular.
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Todos os nervos cranianos a partir do 5º


par (trigêmio) possuem origem
pontinomedular.

Na ponte também temos a passagem


do SARA, bem como dos tratos
sensoriais aferentes e motores
eferentes. Por esse motivo, lesões
nesse segmento do tronco podem
levar a alterações do estado de
consciência e déficits motores e
proprioceptivos ipsilaterais à lesão.

Obviamente que as lesões são


Afinal, já ocorreu a
determinadas como ipsilaterais
decussação das fibras.
ou contralaterais quando são
simétricas. Nas lesões mais
extensas e difusas, englobando
os dois lados do encéfalo,
veremos o acomentimento dos 4
membros!

Na ponte ainda estão localizados núcleos respiratórios importantes,


enquanto o bulbo abriga estruturas responsáveis pelo sistema
autônomo do organismo.

Sinais clínicos característicos da síndrome pontinomedular:

Alterações no nível de consciência;

Déficits ipsilaterais na avaliação dos nervos cranianos;

Rigidez de descerebração em lesões graves (tetraparesia


espástica dos 4 membros com ou sem opistótono);

Déficits proprioceptivos e hemiparesia ipsilateral à lesão;

Distúrbios respiratórios e alterações na homeostase.


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4. SÍNDROME CEREBELAR:

Lesões focais em cerebelo irão acarretar numa série de sinais


clínicos específicos, descritos dentro da síndrome cerebelar.

Relembre que o cerebelo é quem faz o


refinamento dos movimentos,
controlando a sua amplitude, ritmo e
força, definida como propriocepção
inconsciente.

Sinais clínicos característicos da síndrome pontinomedular:

Ataxia cerebelar sem paresia;

Dismetria/Hipermetria (“movimentos exagerados);

Tremores de intenção e sustentação em base ampla;

Ausência de resposta à ameaça ipsilateral e acuidade


visual preservada;

Disfunções vestibulares; anisocoria possível.

5. SÍNDROME VESTIBULAR:

O sistema vestibular merece um destaque especial quando


falamos sobre localização da lesão. Lesões vestibulares são muito
comuns na rotina, caracterizadas por uma série de sinais clínicos
bastante sugestivos.

Antes de mais nada, precisamos entender... O que é o sistema


vestibular?

Ele nada mais é do que um sistema sensorial


de extrema relevância, responsável pelo
equilíbrio, postura e movimentação corporal,
atuando como uma espécie de “sensor de
movimentos”.
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O sistema vestibular (SV) divide-se anatomicamente em SV Central


e SV Periférico.

SVC Composto por núcleos vestibulares localizados


no tronco encefálico (região de medula
oblonga) e nos tratos cerebelares (lóbulo
floculonodular).

SVP Composto pelo oitavo par de nervo craniano


(vestibulococlear) e por receptores vestibulares
na orelha interna.

Perceba que os núcleos


vestibulares fazem conexão
com os nervos cranianos que
controlam a posição do
globo ocular (NC III, IV, VI).

Na orelha interna, os canais


semicirculares e o vestíbulo
estão envolvidos com as funções
vestibulares (onde se localizam
os núcleos vestibulares),
enquanto a cóclea possui
função auditiva.
O nervo vestibulococlear (NC VIII) se ramifica para percorrer essas
porções; ele, portanto, irá apresentar duas funções distintas,
embora anatomicamente se trate do mesmo nervo.
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E como ocorre o mecanismo sensor do sistema


vestibular?

Perceba que nos canais semicirculares do ouvido há um líquido


chamado endolinfa, que banha o seu interior. O axônio vestibular,
que é a terminação nervosa do NC VIII, adentra os canais
semicirculares através de uma cúpula composta por cílios. Os cílios
do axônio captam o deslocamento da endolinfa quando há
movimentação da cabeça!

Lembre-se que pelos princípios da


gravidade e coesão molecular, as colunas
de água sempre ficam paralelas em
relação à gravidade, mesmo que haja
inclinação do recipiente. O mecanismo do
equilíbrio segue a mesma ideia!

Quando há mudanças de postura, movimento de


cabeça ou dos olhos, a endolinfa se move e
estimula os cílios. Eles irão enviar sinais elétricos
ao cérebro, que será capaz de entender a
orientação do corpo no espaço. Esse processo
ajuda na manutenção do equilíbrio e na
coordenação dos movimentos. Em resumo, o
sistema vestibular agirá como um sensor de
movimento, enviando informações ao cérebro
para que seja mantido o equilíbrio.
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Agora ficou fácil entender o porquê de lesões vestibulares


causarem sinais muito característicos, normalmente associados à
déficits posturais e perda de equilíbrio. Vejamos:

Sinais clínicos característicos da síndrome vestibular:

Head Tilt e perdas de equilíbro (para o lado da lesão);

Andar em círculos não compulsivo;

Estrabismo posicional (ventral ou ventrolateral);

Nistagmo espontâneo e posicional.


*fase rápida contrária à lesão.

E como diferenciar uma síndrome vestibular central da periférica?

Possível

Provável

Possível
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Bom, agora que você já conhece as 5 possibilidades de síndromes


intracranianas, vamos dar sequência para as síndromes
extracranianas, caracterizadas pelas lesões em segmento
medular ou sistema nervoso periférico.

Na medula espinhal, bem como


nas lesões intracranianas,
também ocorre síndromes
neurológicas associadas à
injúrias de um determinado
segmento medular, sendo elas:

Síndrome Cervical: C1-C5


Síndrome Cervicotorácica: C6-T2
Síndrome Toracolombar: T3-L3
Síndrome Lombossacra: L4-S3

Lembre-se que estamos falando de segmento


medular, que não necessariamente corresponde ao
segmento vertebral!

Relembrando o segmento medular:

Também conhecida como


“H medular”, a substância
Na porção dorsal do H
cinzenta é composta pelos
medular emergem fibras
corpos neuronais.
sensitivas aferentes.

Na porção ventral do H
Região de fibras nervosas por
medular emergem as fibras
onde percorrem inúmeros
motoras eferentes, compondo
tratos e fascículos sensoriais e
os neurônios motores
motores.
inferiores.
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Se o paciente apresenta déficits proprioceptivos,


nociceptivos ou incoordenação, sem outros sinais de
lesão intracraniana, suspeita-se de injúria medular ou
de sistema nervoso periférico. Para a localização da
lesão na medula espinhal é essencial que você
domine as funções dos NMS e NMI, portanto, retorne
ao capítulo 2 para relembrar!

Para facilitar, segue uma tabela que resume as


respostas esperadas diante das lesões em NMS e
NMI:

Perceba que a função motora pode estar comprometida de


maneira semelhante nas duas lesões; o que irá direcionar a
localização da lesão é a avaliação dos reflexos e tônus muscular.

Além disso, nas lesões de NMS existe uma


tendência à ocorrência de atrofia de
forma mais leve e crônica. Isso ocorre
porque ainda há a presença de tônus nos
músculos, bem como inervação pelos
NMI’s (embora eles não tenham o
controle voluntário).

Em contrapartida, nas lesões de NMI a


ocorrência de atrofia geralmente é rápida
e mais grave, porque a fibra muscular
passa a não ter nenhuma contratilidade.

Agora vem comigo que vamos ver um exemplo prático para melhor
entendimento!
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DESCOMPLICANDO A
LOCALIZAÇÃO DA LESÃO NEUROLOGIA DE CÃES E GATOS •
2024

Imagine uma lesão medular em região cervical.

A injúria irá acometer apenas os


neurônios motores superiores,
estando os inferiores intactos.

Então vejamos: se o NMI está


preservado, o tônus e reflexos
poderão estar normais, porém,
como a função dos NMS é garantir
uma modulação inibitória destes,
há uma tendência deles se
apresentarem-se aumentados.

O dano sempre será gerado do ponto de lesão para caudal,


portanto, os 4 membros estarão afetados na síndrome cervical.

Agora vamos ver uma lesão cervicotorácica:

Por ser a região de intumescência


cervical, uma lesão
cervicotorácica tende a gerar
danos nos alfa-motoneurônios
que inervam os músculos dos
membros torácicos, bem como
nos NMS que se direcionam aos
segmentos mais caudais
(membros pélvicos).

Então vejamos: aqui os NMI dos torácicos não estarão mais


preservados, então seu tônus e reflexos serão diminuídos ou
ausentes. Já nos pélvicos, os NMI estarão preservados, mas o dano
aos NMS que se direcionam caudalmente, podem levar a um
aumento do tônus e reflexos neles.

Ficou mais fácil entender como funcionam as


síndromes? Então agora vamos ver com detalhes
os sinais esperados em cada uma delas!
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LOCALIZAÇÃO DA LESÃO NEUROLOGIA DE CÃES E GATOS •
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6. SÍNDROME CERVICAL (C1-C5):

Nas lesões medulares não ocorrem


alterações de comportamento ou estado
mental, e os nervos cranianos estarão
preservados!

Sinais clínicos característicos da síndrome cervical:

Tetraparesia/plegia espástica!

Os 4 membros são afetados;

Paciente parésico ou plégico, a depender do grau da


lesão;
Ataxia proprioceptiva nos 4 membros;

Aumento do tônus extensor e dos reflexos nos 4 membros;

Dor cervical espontânea ou mediante manipulação


(flexão, extensão e lateralização do pescoço);
Pode ocorrer retenção urinária ou síndrome de Horner.

A ocorrência ocasional da síndrome de horner em


lesões cervicais ou cervicotorácicas se justifica pela
passagem das fibras simpáticas por essas regiões
quando elas saem do encéfalo em direção ao plexo
braquial e quando retornam em direção ao olho.

7. SÍNDROME CERVICOTORÁCICA (C6-T2):

Lembrem-se que por ser a região da


intumescência cervical, teremos afetados
os alfa-motoneurônios que inervam a
musculatura torácica e os NMS que se
direcionam aos membros pélvicos.

Teremos estado mental, comportamento e nervos cranianos


também preservados.
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Sinais clínicos característicos da síndrome cervicotorácica:

Os 4 membros são afetados;

Paciente parésico ou plégico, a depender do grau da


lesão;
Ataxia proprioceptiva nos 4 membros;

Lesão de NMI nos torácicos, com tônus e reflexos


diminuídos ou ausentes;

Lesão de NMS nos pélvicos, com tônus e reflexos normais


a aumentados;
Dor cervical espontânea ou mediante manipulação
(flexão, extensão e lateralização do pescoço);

Pode ocorrer síndrome de Horner.

6. SÍNDROME TORACOLOMBAR (T3-L3):

Nas lesões toracolombares os membros


torácicos estarão preservados, afinal, o
ponto de lesão é caudal a eles, certo?

Estarão comprometidas as fibras descendentes dos NMS e as


ascendentes proprioceptivas, não havendo regulação inibitória
pelo NMS nos membros pélvicos. Além disso, o estado mental,
comportamento e nervos cranianos devem estar preservados.

Sinais clínicos característicos da síndrome toracolombar:

Paraparesia/plegia espástica!

Apenas os membros pélvicos estarão afetados;

Paciente parésico ou plégico, a depender do grau da


lesão;
Ataxia proprioceptiva nos membros pélvicos;

Aumento do tônus extensor e dos reflexos nos membros


pélvicos;
Dor toracolombar espontânea (cifose) ou mediante
palpação;
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Postura de Schiff-Sherrington em lesões graves;

Pode ocorrer retenção urinária (com bexiga espástica);

Alteração do reflexo panículo;

7. SÍNDROME LOMBOSSACRA(L4-S3):

É a região da intumescência lombar, então


teremos afetados os alfa-motoneurônios
que inervam a musculatura pélvica.

Assim como na síndrome toracolombar, os membros torácicos


estarão preservados, bem como o estado mental, comportamento
e nervos cranianos.

Sinais clínicos característicos da síndrome lombossacra:

Paraparesia/plegia flácida!

Apenas os membros pélvicos estarão afetados;

Paciente parésico ou plégico, a depender do grau da


lesão;
Ataxia proprioceptiva nos membros pélvicos;

Tônus extensor e reflexos diminuídos ou ausentes nos


membros pélvicos;
Dor lombar durante a palpação;

Retenção ou incontinência urinária.

Injúrias em região lombossacra mais caudal, entre L6-L7-


S1, podem acometer apenas o nervo isquiático, que faz a
inervação da musculatura flexora do joelho, preservando o
nervo femoral, que faz a inervação da musculatura
extensora do joelho. Nesse casos específicos, mesmo
sendo lesão de NMI, o reflexo patelar pode estar presente e
normalmente dá até a falsa impressão de estar
aumentado. Mas vejam bem, isso não é por uma lesão
NMS, mas sim por um comprometimento da inervação dos
posteriores de coxa! Esse quadro é denominado
hiperrreflexia do patelar!
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Até aqui você viu todas as síndromes que acometem o SNC, seja
ela intra ou extracraniana; no entanto, há também lesões que
podem acometer o SNP! Como clinicamente é difícil diferenciar
neuropatias periféricas de afecções musculares, as enfermidades
neuromusculares acabam sendo abordadas em conjunto.

Perceba aqui todo o trajeto percorrido pelo nervo


periférico, desde sua via sensitiva que se direciona
ao H medular, até a porção motora que inerva o
órgão efetor. As afecções neuromusculares podem,
então, serem classificadas de acordo com a
topografia das lesões:

Radiculopatias: Lesões localizadas nas raízes dos nervos


periféricos.
Neuropatias: Lesões localizadas nos nervos periféricos
propriamente ditos.
Juncionopatias: Lesões nas placas neuromusculares.
Miopatias: Lesões localizadas nos músculos especificamente.

8. NEUROPATIAS PERIFÉRICAS:

Independente da localização das lesões


periféricas, a apresentação clínica será
semelhante.

Como também se trata de uma afecção


extracraniana, o estado mental,
comportamento e os nervos cranianos
estarão preservados.
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Sinais clínicos característicos das neuropatias periféricas:

Podem apresentar-se como mono ou polineuropatias;

Tônus musculares diminuído ou ausente;

Reflexos diminuídos ou ausentes;

Déficits proprioceptivos variáveis (de acordo com o o


grau de lesão das vias sensitivas);

Atrofia muscular grave e rápida!

Causam fraqueza, mas não incoordenação;

Em casos de miopatias, mialgia pode estar presente;

Como é difícil distinguir as neuro das miopatias, em muitos


casos faz-se necessário testes farmacológicos ou
eletroneuromiografia para a diferenciação e definição
diagnóstica.

Você chegou ao final desse módulo de extrema


importância dentro do atendimento neurológico.
Ser capaz de localizar a lesão do seu paciente é o
primeiro passo para que vocês consiga estabelecer
os diagnósticos diferenciais possíveis e solicitar, de
forma assertiva, os exames complementares
necessários para concluir sua busca.
Diagnósticos
diferenciais
CAPÍTULO
05
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DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS NEUROLOGIA DE CÃES E GATOS •
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Após localizar a lesão no sistema nervoso,


você irá precisar levantar os diagnósticos
diferenciais para o seu paciente, ou seja, as
doenças que, em maior ou menor
probabilidade, poderiam acometer aquela
região.

Essas doenças podem ser categorizadas de acordo com sua


etiologia para facilitar o levantamento dos diferenciais, uma vez
que afecções da mesma natureza tendem a apresentar
manifestações clínicas semelhantes. Sendo assim, a partir dos
dados da resenha, anamnese e exame físico, é possível
estabelecer uma ordem de probabilidade das causas-base.

Para categorizar as doenças, é utilizado um acrônimo que


nos auxilia na memorização das subdivisões: “VITAMIND“

V vasculares
I inflamatórias/infecciosas
T traumáticas
A anômalas
M metabólicas
I idiopáticas
N neoplásicas
D degenerativas

Você também pode encontrar outros acrônimos na literatura com


a mesma proposta, como DINAMIT-V ou DAMNIT-V, por exemplo;
nenhum deles é organizado de acordo com critérios de
importância ou ocorrência, mas apenas para tornar mais
memorável para o médico veterinário, portanto, você pode escolher
o que for mais fácil do seu ponto de vista!
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No gráfico acima é possível analisar o comportamento de cada


categoria do VITAMIND de acordo com a gravidade dos sinais
esperados em relação ao tempo. Esse comportamento também é
caracterizado na tabela abaixo:

APRESENTAÇÃO CURSO DA AFECÇÃO


V AGUDA NÃO PROGRESSIVO

I AGUDA PROGRESSIVO

T AGUDA NÃO PROGRESSIVO

A CRÔNICA PROGRESSIVO OU NÃO PROGRESSIVO

M AGUDA OU CRÔNICA VARIÁVEL

I AGUDA OU CRÔNICA PROGRESSIVO OU NÃO PROGRESSIVO

N CRÔNICA PROGRESSIVO

D CRÔNICA PROGRESSIVO

Vamos discorrer sobre cada uma delas?

1. Doenças Vasculares:

Doenças vasculares tendem a provocar alterações na circulação


sanguínea que modificam o metabolismo do sistema nervoso de
forma célere; no entanto, mecanismos compensatórios são
ativados, o que pode controlar os sinais clínicos do longo do tempo.

Por esse motivo, são doenças de apresentações agudas e,


usualmente, de caráter não progressivo.

Exemplos: Infarto
Hemorragia
Isquemia
Encefalopatia Isquêmica Felina
Embolismo Fibrocartilaginoso
Mielomalácia Hemorrágica
Miopatia Isquêmica

2. Doenças Inflamatórias/Infecciosas:

Afecções inflamatórias e/ou infecciosas do SN apresentam


geralmente sinais agudos ou subagudos, podendo ser
acompanhadas de processo febril quando há um agente etiológico
envolvido. Se não devidamente tratadas, têm seus sintomas
agravados, portanto, é de caráter progressivo ou até mesmo fatal
quando não devidamente abordada.
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DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS NEUROLOGIA DE CÃES E GATOS •
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Existem inúmeros diagnósticos diferenciais dentro dessa


categorias. Testes moleculares, sorológicos e análise de líquor são
grandes aliados na pesquisa diagnóstica.

Exemplos: Doenças Virais (cinomose, parvovirose, herpesvírus,


raiva, PIF, FIV, adenovírus canino)
Doenças Bacterianas (borreliose - doença de lyme,
abscessos, discoespondilite)
Doenças Fúngicas (criptococose, coccidioidomicose,
blastomicose, histoplasmose)
Doenças Protozoárias (toxoplasmose, neosporose,
babesiose, encefalitozoonose, hepatozoonose)
Rickettsioses (erlichiose, febre das montanhas
rochosas)
Meningoencefalite Granulomatosa (MEG)
Meningoencefalite Necrosante do Yorkshire
Meningoencefalite Não Supurativa
Polioencefalomielite Felina
Migrações Parasitárias
Encefalite do Pug e do Maltês
Encefalite Periventricular
Meningite- Arterite Responsiva a Corticoides
Polirradiculoneurite, Polineurite, Ganglioneurite
Polimiosite, Dermatomiosite, Miosite dos Músculos
Mastigatórios
Miastenia Gravis Adquirida

3. Doenças Traumáticas:

Traumatismos são, via de regra, afecções de apresentação aguda.


Embora possa ocorrer uma piora dos sinais clínicos após algumas
horas do incidente e que também exista a possibilidade de lesões
secundárias, nas afecções traumáticas, normalmente o curso é não
progressivo, chegando em uma estabilidade dos sinais ou mesmo
resolução espontânea com o tempo.

Exemplos: Traumatismo Cranioencefálico (TCE)


Fratura de bula timpânica ou do osso petroso
Fratura Vertebral
Luxação Vertebral
Avulsão do Plexo Braquial
Lacerações Musculares
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4. Doenças Anômalas:

Anomalias congênitas são afecções em que o animal já nasce


portando, sendo de apresentação crônica e caráter progressivo a
medida em que ocorre o crescimento corporal. Essa manifestação
crônica dos sinais pode ser explicada pela plasticidade do SN nos
animais jovens, ou seja, a capacidade que esse tecido tem de se
moldar/adaptar às circunstâncias externas. A idade de ocorrência
dos sinais clínicos é um grande dado que nos ajuda a estabelecer
as doenças anômalas como um diferencial.

Exemplos: Hidrocefalia, Hidroanencefalia


Lisencefalia
Meningoencefalocele
Displasia Hipotalâmica
Aplasia do Corpo Caloso
Polimicrogiria
Porencefalia
Hipoplasia/Aplasia Cerebelar
Hipoplasia Vermiana
Síndrome Vestibular Congênita
Hemivértebras
Espinha bífida
Disrafismos
Malformações Atlantoaxiais
Hidrossiringomielia
Cistos Aracnóideos
Estenoses Congênitas
Hipoplasia do Nervo Óptico
Miastenia Gravis Congênita
Miotonia Congênita
Miopatia Nemalínica

5. Doenças Metabólicas:

As doenças metabólicas são, sem dúvidas, as de diagnóstico mais


desafiador! Além de termos inúmeros diferenciais dentro desta
categoria, os sinais clínicos podem ser muito variáveis e sofrerem
influência de fatores externos, como nutrição. Assim, as afecções
metabólicas podem apresentar-se de forma aguda ou crônica e
ter um desenvolvimento progressivo, não progressivo, remissivo e
até mesmo intermitente.
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Exemplos: Encefalopatia Hepática ou Urêmica


Shunt Portossistêmico
Hipoglicemia
Doenças Endócrinas (diabetes mellitus,
hipertireoidismo, hipotireoidismo,
hiperadrenocorticismo)
Distúrbios Eletrolíticos (hipocalcemia, hipocalemia,
hipernatremia)
Intoxicações (chumbo, organofosforados,
carbamatos, ivermectina, metronidazol, maconha,
etilenocoglicol,, estricnina, tálio, hexaclorofeno,
levamisol, brometalina, tolueno, diclorofeno,
metaldeído, peretroides, griseofulvina, macadâmia,
cisaprida, metais pesados, aminoglicosideos, etc)
Hipervitaminose A
Carência de Tiamina
Displasia Microvascular Hepática
Hiperoxalúria Primária
Terapia Antineoplásica
Disautonomia
Hipertermia Maligna
Rabdomiólise Pós-Exercício
Paralisia por Carrapato

6. Doenças Idiopáticas:

Doenças idiopáticas são aquelas em que não se tem a etiologia


bem definida, ou seja, de origem desconhecida. Podem, então,
assumir apresentações variadas (agudas ou crônicas) e cursos
distintos (progressivo ou não progressivo), constituindo uma
categoria bastante heterogênea.

É muito importante que não seja definida como idiopática


qualquer afecção que desconhecemos a causa/origem.
Essa classificação deve ser atribuída apenas aos quadros
bem definidos em que foram descartadas (através de
uma pesquisa diagnóstica completa) as demais
possibilidades.
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Exemplos: Epilepsia Idiopática


Síndrome Vestibular Idiopática
Paralisia do Nervo Facial/Nervo Trigêmio
Paralisia Laríngea
Neurite do Plexo Braquial
Miastenia Gravis Paraneoplásica

7. Doenças Neoplásicas:

As doenças neoplásicas são afecções comuns na rotina clínica e


podem, com frequência, acarretar em alterações neurológicas, seja
por acometimento primário do SN, lesões secundárias
(metástases) ou síndromes paraneoplásicas. São afecções de
caráter crônico e progressivo, tendo maior incidência em pacientes
de meia idade à idosos.

Exemplos: Glioma
Meningioma
Linfoma
Neoplasias Hipofisárias
Ependimoma
Papiloma de Plexo Coroide
Meduloblastoma
Tumor de Bainha dos Nervos Periféricos
Osteossarcoma
Neuroblastoma
Ganglioneuroma
Carcinoma de Células Escamosas (gerando distúrbios
vestibulares)
Pólipos Nasofaríngeos
Neoplasia do Osso Petroso
Leiomioma (gerando distúrbios neuromusculares)

8. Doenças Degenerativas:

Doenças degenerativas, como o próprio nome sugere, são aquelas


em que ocorre um processo de deterioração tecidual de origem
multifatorial. Possuem um caráter crônico e progressivo, tendo
maior incidência em pacientes senis (embora apresentações
juvenis poçam ocorrer normalmente associadas à um distúrbio
genético).
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Exemplos: Doenças de Acúmulo


Leucodistrofias
Degenerações Espongiformes
Encefalopatia do Husky Siberiano
Polioencefalomiopatia do Pastor Australiano
Encefalomiopatias Mitocondriais
Abiotrofias Neuronais Multissistêmicas ou Cerebelares
Hipomielinogênese
Enfermidade de Neurônio Motor Inferior
Mielopatia Degenerativa
Discopatias
Espondilomielopatias Cervicais
Estenose Degenerativa Lombossacra
Polineuropatias
Neuropatia Hipertrófica
Neuropatia Sensitiva
Neuropatia Epizoótica
Neuropatia dos Axônios Gigantes
Enfermidade Denervante Distal
Miopatia Central
Miopatias Mitocondriais
Miotonias
Distrofias Musculares
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Caro colega,

Chegamos ao fim desta jornada pelo universo


fascinante e desafiador da neurologia veterinária de
pequenos animais. Parabéns por concluir a leitura e
pela dedicação no seu desenvolvimento profissional!

Meu objetivo ao criar este material era oferecer um


guia prático e direcionado que pudesse o ajudar a
entender e a executar com performance o exame
neurológico em cães e gatos. Espero, então, que este
e-book tenha sido uma fonte valiosa de conhecimento
e informações relevantes para a sua prática
profissional.

Seja você estudante, médico veterinário atuante ou


alguém apaixonado por essa área do conhecimento, é
uma honra poder compartilhar esse material com
você. Sou grande defensora da importância de se
compartilhar informações e trocar conhecimentos
para o fortalecimento da nossa comunidade
veterinária.

Agora que você concluiu a leitura, gostaria de


encorajá-lo a continuar sempre buscando
conhecimento e atualização. A medicina veterinária é
um campo em constante evolução e nosso
compromisso com a excelência profissional deve ser
contínuo. Lembre-se de que a dedicação ao
aprendizado é o que nos permite oferecer os melhores
cuidados aos nossos pacientes.

Mais uma vez, agradeço por embarcar nesta jornada


comigo. Espero que você possa aplicar os
conhecimentos adquiridos e desejo-lhe muito sucesso
em sua prática veterinária!

Atenciosamente,

Elisandra Lopes de Freitas


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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

FERNANDÉZ, Valentina Lorenzo; BERNARDINI, Marco. Neurologia


em Cães e Gatos. 1 ed. São Paulo: MedVet, 2010.

DEWEY, Curtis W.; COSTA, Ronaldo C.; THOMAS, William B.


Neurologia Canina e Felina – Guia Prático. 1ª edição. São Paulo:
Ed. Guará, 2017

RAJÃO, Maria Paula; GUTIERREZ, Juan Sebastian; MARTINS,


Bernardo. Exame neurológico em pequenos animais. Cadernos
Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 69 - agosto de 2013.

NELSON, Richard W.; COUTO, C. Guilhermo. Medicina interna de


pequenos animais. 5a. ed. Rio de Janeiro: GEN/Guanabara
Koogan, 2021.

ETTINGER, S. J. & FELDMAN, E. C. Tratado de Medicina Interna


Veterinária – Doenças do cão e do gato. Ed. Guanabara
Koogan, 2004.

DUERR, Felix Michael. Canine Laminess. 1a ed. River Street,


Hoboken New Jersey: John Wiley & Sons, Inc, 2020.

PLATT, Simon; GAROSI, Laurent. Small Animal Neurological


Emergencies. 1a ed. London, UK: Manson Publishing, 2012.

BAGLEY, Rodney S. Fundamentals of Veterinary Clinical


Neurology. 1a ed. Ames, Iowa: Blackwell Publishing Professionals,
2005.

BRAUND, K. G.; SHARP, N. J. H. Neurological Examination and


Localization. In D. Slatter, Textbook of Small Animal Surgery. 3a
ed. Philadelphia: Saunders Elsevier Science, 2003.

LAHUNTA, Alexander De. The neurologic examination. Veterinary


Neuroanatomy and Clinical Neurology. 3a ed. Philadelphia: WB
Saunders, 2009.

DEWEY, C. Functional and dysfunctional neuroanatomy: The key


to lesion localization. In Dewey C (ed): A Practical Guide to
Canine and Feline Neurology, 2a ed. Ames, IA: Blackwell
Publishing, 2003

GAROSI Laurent. Lesion localization and differential diagnosis. In


Platt SR, Olby NJ (ed): BSAVA Manual of Canine and Feline
Neurology, 3a ed. Quedgeley, Gloucestershire, UK: BSAVA, 2004
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