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Projeto Diretrizes
Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina
OBJETIVOS:
1. Estabelecer a rotina propedêutica a ser utilizada na identificação da via
aérea difícil.
2. Apresentar as condutas sugeridas na literatura para casos de intubação
difícil provável.
3. Enfatizar a necessidade de treinamento continuado em técnicas alterna-
tivas de intubação traqueal.
CONFLITO DE INTERESSE:
Nenhum conflito de interesse declarado.
DIMENSÃO DO PROBLEMA
DEFINIÇÕES
estará caracterizada em apenas uma tentativa e como Pierre Robin, Treacher Collins e outras
em menos de trinta segundos. malformações10-12(D). Em outros casos, porém,
esta dificuldade não é explícita, devendo ser
Tentativa ótima de laringoscopia: pesquisada de forma dirigida.
• Laringoscopista experiente;
• Ausência de hipertonia muscular; Inúmeros estudos foram desenvolvidos no
• Posição olfativa ótima; sentido de identificar características anatômicas
• Compressão laríngea externa; que se correlacionam com dificuldades de
• Lâmina do laringoscópio de tamanho e tipo intubação13-15(D)16,17(C). Outros trabalhos pro-
adequados. curaram criar testes que pudessem pressupor a
ocorrência de intubação difícil. Nenhum tes-
Posição olfativa ótima: flexão do pescoço te, porém, apresentou sensibilidade, especifi-
sobre o tórax através da colocação de coxim cidade e valor preditivo positivo significante de
occipital associado à extensão da cabeça sobre o forma que pudesse ser aplicado de forma isola-
pescoço. Desta forma tendem a se alinhar os da 18-20(B) 21(A). Sendo assim, concluímos
eixos oral, laríngeo e faríngeo. que quanto maior o número de testes e sinais
pesquisados, maior será a acurácia da avalia-
Compressão laríngea externa: suave desloca- ção. Os dados relevantes são:
mento para trás e algo para cima da cartilagem
tireóide, osso hióide e/ou cartilagem cricóide. • Relativos à história pregressa:
Procura corrigir as situações nas quais a epiglote Ø História prévia de intubação difícil;
é visível, porém, não a glote. Ø Intervenção cirúrgica prévia em região de
cabeça e pescoço;
Ventilação sob máscara difícil - Não é
Ø Distúrbios relacionados às vias aéreas
possível, para apenas um operador, manter
(refluxo, hipertrofia amigdaliana, etc.);
a SpO2 acima de 90%, usando FiO2 de 1,0,
em paciente cuja saturação era normal antes
• Relativos ao exame físico:
da indução anestésica. É impossível, para
apenas um operador, evitar o surgimento ou Ø Obesidade;
reverter sinais como cianose, ausência de CO2 Ø Pescoço curto e/ou musculoso;
exalado, ausência de expansibilidade torácica Ø Retrognatismo;
ou distensão gástrica durante ventilação com Ø Incisivos superiores longos e/ou protusos;
pressão positiva. Ø Relação língua-orofaringe (classificação
de Mallampati);
PROPEDÊUTICA DA VIA AÉREA Ø Conformação do palato;
Ø Distância interincisivos;
Existem situações nas quais as dificuldades
Ø Distância tireo-mento;
de intubação traqueal podem ser facilmente
antecipadas: traumas de face ou vias aéreas Ø Complacência do espaço submandibular;
superiores4(C) 5-7(D), obesidade8(D), seqüelas de Ø Mobilidade cervical;
queimaduras9(D), certas síndromes congênitas Ø Protusão voluntária da mandíbula.
A recomendação é que estes casos sejam tuário do paciente. O próprio paciente e seus
desintubados através de um guia30(D). O ma- familiares devem ser informados quanto à
terial disponível no mercado que melhor aten- gravidade da situação e à necessidade de trans-
de a esta finalidade são as sondas trocadoras. mitir esta informação ao anestesiologista em
Estes dispositivos possuem lúmen interno intervenções cirúrgicas futuras. Também é
capaz de propiciar ventilação a jatos e servir de recomendação que o portador de via aérea
guia para uma nova intubação. difícil traga esta informação em objetos de uso
pessoal, tais como cordões ou pulseiras30(D).
CUIDADOS PÓS-ANESTÉSICOS Desta forma, a informação será transmitida
mesmo em eventual atendimento de emer-
O relato de via aérea difícil, bem como a gência, estando o paciente inconsciente
estratégia adotada para a condução do caso, e desacompanhado de familiares (Figuras
deve obrigatoriamente fazer parte do pron- 1 e 2)30(D).
Figura 1
Algoritmo de via aérea difícil30(D)
1. Avaliar a probabilidade e impacto clínico do manejo dos seguintes problemas:
A. Dificuldade de ventilação
B. Dificuldade de intubação
C. Dificuldade de cooperação do paciente
D. Dificuldade de traqueostomia
2. Procurar ativamente meios de administrar oxigênio ao paciente durante o evento de uma intubação
difícil
3. Considerar o mérito relativo e praticidade do manejo:
A.
Intubação traqueal acordada x Tentativas de intubação após a
indução da anestesia geral
B.
Técnicas não invasivas para manejo Técnicas invasivas para manejo
x inicial da intubação traqueal
inicial da intubação traqueal
C.
Preservação da ventilação Interrupção da
x ventilação espontânea
espontânea
INTUBAÇÃO ACORDADO
Figura 2
Algoritmo de via aérea difícil30(D)
Tentativas de Intubação após Indução da Anestesia Geral
Ventilação pulmonar
Sucesso de sem sucesso
intubação (*) Insucesso
após várias Ventilação pulmonar
tentativas com sucesso Manejo da via aérea por técnicas
invasivas emergenciais (b)(*)
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