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Informação relevante

Este texto deve ser usado como um lembrete dos principais pontos
abordados em aula. Ele não é um substituto nem para a aula, nem para os
livros recomendados na bibliografia do curso.

OA1: Sistema de gestão, conceitos básicos e trabalho gerencial


Por que esse assunto é importante

Ao iniciar a sua carreira, você não tem alternativa, vai coordenar pessoas ou ser
coordenado. Nessa aula você tem insights sobre o mundo do trabalho e sobre
os relacionamentos que nele se desenvolvem: Você será administrador e será
administrado; você vai trabalhar em redes de colaboração e todas as pessoas
vão desempenhar papéis de liderança.

Nas organizações, pessoas que têm bom desempenho técnico costumam ser
indicadas para ocuparem funções de liderança. Essa aula vai mostrar que, ao
mudar de atividades técnicas para o exercício de funções de liderança muda a
natureza do trabalho e vai te fornecer informações relevantes para o
desempenho eficaz dos papeis gerenciais.

Definição tradicional e contemporânea de administração;

Administração é o processo de fazer as coisas por intermédio de outras pessoas.


Essa é uma definição clássica de administração, ainda encontrada na maioria
dos manuais de administração.

Contudo, em um mundo que exige das empresas, cada vez mais um


comportamento socialmente responsável, essa definição precisar ser atualizada.
Robbins nos oferece uma definição mais compatível com os nossos tempos:

Administração é o processo de trabalhar com (e por intermédio de) outras


pessoas para alcançar os objetivos da organização, dos seus membros e de
outros stakeholders que podem impactar ou serem impactados pela realização
da missão da organização (Robbins & Coulter).

Ambas as definições se distinguem em três aspectos: a segunda enfatiza o


aspecto humano das organizações, coloca o foco em resultados e chama a
atenção para diferentes grupos de interesses e não apenas os acionistas.
Quem são os gerentes e onde eles trabalham?

Os gerentes podem nem sempre ser o que você espera. Atualmente, os gerentes
podem ter de 18 a 80 anos e são encontrados em todos os tipos de organizações.
Eles executam uma enorme variedade de trabalhos do topo à base da
organização. Muitas pesquisas (algumas orientadas por mim no Mestrado
profissional da FECAP) mostram, também, um número crescente de mulheres
na gestão; no entanto, embora seu número esteja aumentando, é principalmente
na área da gerência inferior e média, e não da alta gerência.

Por que administradores são importantes

Os gerentes têm um impacto importante nos funcionários e nas organizações em


que trabalham. As três razões a seguir abordam sua importância:

As organizações precisam de suas habilidades e habilidades gerenciais mais do


que nunca nestes tempos voláteis, incertos, complexos e caóticos.

Os gerentes são importantes para as organizações! De acordo com uma


pesquisa do Instituto Gallup com dezenas de milhares de gerentes e
funcionários, o relacionamento do gerente com seus funcionários é a variável
mais importante na produtividade e lealdade dos funcionários.

Princípios de gestão no mundo atual

Os paradigmas de gestão mudaram profundamente nos anos recentes, afetando


os princípios centrais do trabalho dos administradores.

Se no passado, o trabalho de um supervisor era o de controlar os seus


subordinados, hoje ele precisa ser o treinador de liderados; se no passado um
supervisor vigiava pessoas que realizava tarefas, hoje ele deve se comportar
como um líder de equipe; se no passado os relacionamentos se baseavam em
competição e conflito, hoje o desafio é o de criar redes de colaboração; se no
passado a liderança exercia o pode de forma autocrática, baseada no comando
e controle, hoje ela precisa saber lidar com o empoderamento das pessoas e,
por vezes, simplesmente deixar as pessoas agirem por conta própria; se no
passado os projetos organizacionais preocupavam-se com a estabilidade, o
desafio hoje é o de projetar organizações resilientes, preparadas para mudar
constantemente.

Funções básicas do processo de administração.

Henri Fayol, um industrial francês do início do Século XX foi o primeiro ‘pop star’
do mundo da administração. Com uma ligeira alteração, as funções da
administração desenvolvidas por ele são utilizadas até os nossos dias.

Fayol propôs que os gerentes desempenhassem cinco funções básicas e


universais: POCCC (Previsão, Organização, Comando, Coordenação e
Controle). Ao longo do tempo, as cinco funções de gestão de Fayol foram
reorganizadas em quatro, que fornecem uma base para o ensino, a pesquisa e
a prática da administração: Planejamento, Organização, Liderança e Controle.

O Planejamento envolve definir metas, estabelecer estratégias para alcançá-las


e desenvolver planos para integrar e coordenar as atividades. Organizar envolve
definir quem faz o que, criar estruturas e alocar as atividades de forma a atingir
os objetivos da organização. Liderar envolve trabalhar com e por meio de
pessoas para atingir os objetivos organizacionais, alinhando os interesses e os
valores das pessoas aos da organização e levando em conta os interesses e as
necessidades dos diferentes grupos de stakeholders que podem afetar ou serem
afetados pelas operações da organização. Controlar é o processo de monitorar
a execução e comparar os resultados efetivamente obtidos às metas
estabelecidas e reiniciar o ciclo de planejamento, adotando medidas corretivas,
preventivas, de melhoria ou de manutenção dos padrões de desempenho. Na
prática, essas etapas não devem ser vistas como algo estanque. O
gerenciamento é dinâmico. Nem sempre é realizado na sequência descrita
acima. Como essas quatro funções gerenciais estão integradas, às atividades
dos gerentes ao longo da jornada de trabalho devem ser vistas como um
processo contínuo.
Os critérios empregados na avaliação do desempenho dos
administradores.

Coordenar e supervisionar o trabalho dos outros é o que distingue uma posição


gerencial de uma não gerencial. Os administradores devem assegurar que as
atividades sejam concluídas de forma eficiente e eficaz. Eficiência e eficácia são
as duas medidas para avaliar o desempenho dos administradores.

Eficiência é obter o máximo de produção com a menor quantidade de insumos


para minimizar os custos. A eficiência é muitas vezes referida como “fazer as
coisas direito; fazer certo as coisas”. Já a eficácia, por sua vez, é completar as
atividades para que as metas organizacionais sejam alcançadas e é
frequentemente descrita como “fazer as coisas certas, fazer o que precisa ser
feito”.

As competências de gestão necessárias para o bom desempenho dos


administradores.

As organizações são divididas em três níveis hierárquicos: operacional,


intermediário e estratégico.

O nível estratégico é o mais elevado na hierarquia organizacional. Sua atuação


está mais dirigida para o posicionamento da organização no ambiente externo,
exigindo mais o domínio de habilidade conceituais e humanas e menos
habilidades técnicas.

No nível intermediário, há um equilíbrio, sendo necessárias em condições de


igualdade as habilidades técnicas, humanas e conceituais.

No nível da gerência operacional (o mais baixo da hierarquia) as habilidades


técnicas e humanas são mais importantes do que as conceituais.

Habilidades técnicas são conhecimentos e técnicas necessários para executar


tarefas específicas do trabalho. As habilidades humanas envolvem a capacidade
de trabalhar bem com outras pessoas individualmente e em grupo. Finalmente,
as habilidades conceituais implicam a capacidade de pensar e sobre situações
abstratas e complexas e compreender como tais situações poderão impactar a
organização, criando ameaças (que precisam ser contornadas) ou
oportunidades (que precisam ser aproveitadas).

Do trabalho individual ao administrador

A passagem das atividades individuais para o exercício de uma função gerencial,


como já se viu, muda completamente a natureza do trabalho de uma pessoa.
Assim, enquanto o trabalhador age como indivíduo, o administrador precisa atuar
em redes de relacionamentos; o indivíduo executa tarefas especializadas, ao
passo que o gerente deve ser generalista, para ser capaz de coordenar diversas
tarefas; os indivíduos obtêm resultados dos próprios esforços, enquanto os
resultados obtidos pelos gerentes vêm das contribuições de indivíduos que
atuam sob a sua coordenação; finalmente, os indivíduos trabalham de forma
relativamente independente, ao passo que os gerente trabalha de forma
altamente interdependente, seja com os próprios membros da equipe, seja com
outras áreas da organização e mesmo do mundo fora da organização.

A natureza do trabalho gerencial

O Canadense Henry Mintzberg é referência mundial quando se trata de entender


o trabalho dos gerentes nas organizações atuais, como o era o francês Henri
Fayol no início do Século XX. Mintzberg descreve o trabalho dos gerentes em10
diferentes papéis, que são altamente inter-relacionados.

Papéis gerenciais são diferentes de funções gerenciais ou de atribuições oficiais.


Papéis referem-se a categorias específicas de comportamento gerencial,
incluindo as funções, as atribuições, mas, também, expectativas não oficiais e
mesmo subjetivas das pessoas em relação aos gerentes. Mintzberg identificou
dez papéis distribuídos em três grupos genéricos: Papéis Interpessoais, Papéis
de Informações e Papéis de Decisões.

Os Papéis Interpessoais incluem os papéis específicos de Líder, Ligação e


Símbolo (também chamado de Testa de Ferro, Representante, Figurehead e
Figura de Proa).
No papel de líder, o gerente oferece direção, alinhamento, proteção, motivação
e engaja os liderados, levando-os à realização dos objetivos da organização.
Nesse papel, por exemplo, o gerente treina e orienta os seus liderados. No papel
de ligação, o gerente cria e mantém uma rede de relações que favorece a troca
de apoios e o acesso a informações estratégicas, como as coalizões para
aprovação de projetos e mesmo a formação de grupos de pressão. No papel de
testa de ferro, o gerente desempenha atividades de representação da equipe ou
da organização nas quais a sua simples presença é suficiente, pois ele aparece
como uma figura de referência da organização, como em eventos, solenidades
ou em acompanhamento de visitantes à empresa.

Os Papéis Informações incluem os papéis específicos de Monitor, Disseminador


e Porta-voz. Como monitor, o gerente faz a coleta e análise das informações
sobre a organização e sobre o seu ambiente interno e externo, por exemplo, com
a leitura de relatórios; contatos pessoais, participação em congressos, feiras e
eventos. No papel de disseminador, o gerente compartilha as informações com
os liderados por meio de redes de comunicação interna, como o faz por meio de
reuniões com a equipe, telefonemas, emails, grupos de WhatsApps,
memorandos, sprints. No papel de porta-voz, o gerente transmite informações
sobre políticas e resultados para o ambiente externo para fortalecer a imagem
da organização, tais como comunicados à imprensa, entrevistas à mídia,
participação em reuniões com acionistas.

Finalmente, os Papéis Decisão incluem de Empreendedor, Negociador, Alocador


de Recursos e Controlador de Distúrbios (Lidar com Perturbações).

Agindo com negociador, o gerente atua em defesa dos interesses da


organização, por exemplo, negociando com fornecedores, clientes, funcionários
e outras partes relacionadas. No papel de empreendedor, o gerente identifica e
aproveita oportunidades que potencializam o crescimento da organização, como,
por exemplo, o lançamento de novos produtos e a promoção de mudanças
planejadas na organização. No papel de alocador de recursos, o gerente faz
escolhas em função dos objetivos e necessidades estratégicas e operacionais
da organização, por exemplo na preparação do orçamento, na programação e
alocação do trabalho dos liderados. Como solucionador de problemas, o gerente
na resolução de problemas e conflitos que aparecem e que perturbem o
funcionamento normal (de rotina) da organização, como, por exemplo a gestão
de crises (greves, denúncias, fraudes) e o apoio aos liderados em processos de
mudança.

Estudos de acompanhamento das categorias de papéis de Mintzberg em


diferentes tipos de organizações reforçam que todos os gerentes atuando em
quaisquer níveis e áreas das organizações desempenham esse conjunto de
papéis, embora o estilo pessoal e o nível hierárquico possam levar a uma
concentração maior ou menor em determinado grupo ou papel.

Desafios contemporâneos da administração.

Em um mundo em transformação acelerada, as organizações estão sendo


impactadas por mudanças tecnológicas, questões de valores, de competitividade
e novas ameaças à segurança.

A tecnologia está mudando as fronteiras tradicionais das organizações, criando


novos arranjos de trabalho, o trabalho virtual e o desafio das mídias sociais.

As questões de valores trouxeram impuseram às organizações cobranças


historicamente feitas às pessoas físicas, tais como conduta ética e
responsabilidade social, implicando incorporar valores morais e éticos às
operações, accountability, sustentabilidade e gestão de grupos de stakeholders.

A competitividade se acirrou, podendo, agora, vir de quaisquer partes do mundo


e o próprio consumidor tornou-se um competidor, no sentido de que ele adquiriu
poder de barganha. As novas tecnologias também permitiram que inovadores de
fora do setor, com poucos recursos e produtos que são apenas ‘bom o suficiente’
desafiasse empresas incumbentes e, por vezes, ocupassem a maior fatia do
mercado. Além disso, conceitos tradicionalmente opostos como eficiência
(indicador de processo/esforço) e eficácia (resultados), tradicionalmente
apresentados como mutuamente excludentes, agora precisam ser buscados
conjuntamente, ou seja, as empresas precisam atingir ambos ao mesmo tempo,
agora.

A ameaças à segurança agora não vem apenas da Guerra Fria (que


desaparecera nos anos 1980 com o desmoronamento do Pacto de Varsóvia) e
retornou com a Guerra Rússia-Ucrânia. Agora, as incertezas incluem a mudança
climática, as fontes de energia (sobre com os problemas com o gás da Rússia),
as ameaças à segurança digital e os riscos inerentes ao crescimento da
desigualdade, do desemprego, do nacionalismo, da xenofobia e da extrema
direita no mundo.

Prof. Jésus Gomes.

Bibliografia recomendada para esse módulo:

Daft, R. L. (2018). Administração. São Paulo: Cengage Learning (recomendado.


Disponível sem custos para os estudantes na Biblioteca Virtual
FECAP/Cengage). Cap. 1 (O mundo da gestão inovadora), p. 26-61
Maximiano, A. C. A. (2017). Teoria Geral da Administração – da revolução
urbana à revolução digital. (8ª ed). São Paulo: Atlas. Cap. 1 (Administração
e organizações), p. 3-17.

Livros-texto alternativos em línguas estrangeiras:


Robbins, S. P., & Coulter, M. (2017). Management. (14e). New York: Pearson.
Chap. 1 (Managers and you in the workplace), p 2-29.
Burger-Helmchen, T.; Husler, C.; Muller, P. (2019). Management – Le manuel
complet du management. Paris: Vuibert. Chap. 1 (Le manager et le
management), p. 5-42.

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