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16/04/2024, 15:40 Cenário externo explica dois terços do que está acontecendo no Brasil, diz Haddad sobre o dólar

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Notícia Estadão / Economia

Cenário externo
explica dois terços do
que está acontecendo
no Brasil, diz Haddad
sobre o dólar
Segundo ministro, está havendo uma reavaliação
de ativos no mundo inteiro, à luz de um cenário
que inclui o quadro econômico dos EUA e o
conflito no Oriente Médio

Por Aline Bronzati (Broadcast)


16/04/2024 | 14h11 Atualização: 16/04/2024 | 15h14

Washington - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse


nesta terça-feira, 16, que o cenário externo explica dois terços do
que está acontecendo no Brasil, ao ser questionado sobre a
valorização do dólar frente ao real. Há pouco, o dólar estava
cotado a R$ 5,2665, em alta de 1,57%.

“Tem muita coisa que está fazendo com que o mundo esteja atento
ao que está acontecendo nos Estados Unidos, e o dólar está se
valorizando frente às demais moedas”, disse ele, em conversa com
jornalistas, em Washington.
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Segundo Haddad, pesam a atividade econômica nos Estados


Unidos, a inflação americana de março que, na sua visão, ainda
não foi devidamente digerida, o conflito no Oriente Médio, que
escalou e “ninguém sabe como isso vai se desdobrar”, e o preço do
petróleo.

“Eu diria que isso não explica tudo o que está acontecendo no
Brasil, mas explica dois terços do que está acontecendo”, avaliou o
ministro.

Para Haddad, governo precisa explicar melhor o rumo das contas públicas no Brasil
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Ele enfatizou que está havendo uma reprecificação de ativos no


mundo inteiro. Haddad ponderou que hoje o México está
sofrendo mais do que o Brasil. “O peso mexicano está sofrendo
mais do que o real brasileiro, em virtude do fato de que está
reprecificando tudo. Indonésia também”, concluiu.

No caso brasileiro, segundo analistas, tem pesado nesta terça-


feira o anúncio feito ontem pelo governo de mudanças na meta

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fiscal. A meta de resultado primário (receitas menos despesas,


antes do pagamento dos juros da dívida pública) de 2025, passou
de superávit de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) para déficit
zero, o mesmo alvo de 2024. Além disso, o governo adiou a
obtenção de um saldo positivo de 1% do PIB, de 2026 para 2028.

Haddad disse, no entanto, não ver razão para ruído no mercado


em decorrência da mudança da meta fiscal. “O ajuste que foi feito
para, à luz do aprendizado de mais de um ano, nós estabelecermos
uma trajetória que está completamente em linha com o que se
espera no médio prazo de estabilidade da dívida”, afirmou. Haddad
disse ainda que no governo de Jair Bolsonaro o dólar bateu R$
6,00 e a taxa de juro futura subiu “enormemente”. “Essas coisas se
acomodam depois”, concluiu.

Fernando Haddad está na capital dos Estados Unidos para


participar das reuniões de Primavera do Fundo Monetário
Internacional (FMI) e do Banco Mundial (Bird). Além disso, ele
também lidera a segunda reunião de ministros das finanças do
G20, do qual o Brasil detém a presidência neste ano.

Resultado fiscal

Na conversa, Haddad disse também que o déficit primário


brasileiro vai cair, mas não no nível que o governo gostaria. “O
déficit primário, que há 10 anos supera 1,5% do PIB, vai cair para
um patamar que não é o que nós gostaríamos. Mas nós estamos
vivendo uma situação que nós temos de negociar todas as
medidas, caso a caso e, em geral, com perdas”, disse.

De acordo com ele, nessas negociações, a Fazenda acaba ficando


“desfalcada de algum pedaço que era importante para o
fechamento das contas”. Haddad enfatizou que a Fazenda
estabeleceu uma trajetória “consistente” com o equilíbrio da
dívida pública mais “factível” à luz dos movimentos do Congresso
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Nacional nos últimos 15 meses do governo. O objetivo,


acrescentou, é passar aos investidores e à sociedade uma meta
“mais consistente” do que a que foi apresentada em março do ano
passado.

“Nós aprendemos de março do ano passado para cá que nem tudo


que nós entendemos que é justo, que é correto, que vai na direção
correta, vai ser recebido pelo Congresso com a mesma
sensibilidade”, disse Haddad. Conforme o ministro, o trabalho nas
contas públicas está sendo feito e vai continuar. “Nós não temos
dúvidas sobre a consistência das trajetórias”, disse. “Não há razão
para nós imaginarmos que os fundamentos da economia brasileira
não estejam melhorando, inclusive porque a economia está
crescendo e o crescimento é parte da solução dos problemas das
contas públicas.”

Explicação melhor

Haddad também disse que o governo do presidente Luiz Inácio


Lula da Silva precisa dar melhores explicações quanto ao rumo das
contas públicas no Brasil. Segundo ele, o País está gastando mais
do que arrecada há dez anos e isso não está promovendo
crescimento econômico.

“Eu acredito que nós precisamos explicar melhor, ao longo do


tempo, o que vai acontecer com as contas públicas brasileiras”,
disse. “Nós queríamos antecipar o quanto antes o equilíbrio fiscal,
mas nós estamos numa democracia e nós estamos negociando as
medidas com o Congresso.”

Ele previu que a despesa vai cair para baixo de 19% do Produto
Interno Bruto (PIB) e a receita vai superar os 18% neste ano.
Haddad afirmou ainda que esses porcentuais podem sofrer

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