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Reconhecemos a obra de clTtcpelo fato de que nenhuma ideia que eLa suscitct
zm nós, nenhum ato que eLanos sugerepode esgota-ta ou concluí-ta \..l\ e nào
há LembrcLnÇa,
pensamento ou anão quepossa anular-Late o efeito ou libeítaí-
.losinteiramente do seupoder:
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enttmentofundamental de uma realid(de sublime e inquietante,comagíada
pela presençadivina e pela magia: cl beleza quando multo temperada o.humor
mm este horror sempre estava pressuposto' -- Em que con.slstepata rlõs, agora,
a beleza de um monumento? No que é um belo rosto de mulher sem espír'to:
numa espéciede máscara.
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autenticidade que se prende a uma obra poderia resistir por muito
tempo (excetuadoo casodos colecionadores)às reproduções fotográ-
ficas aperfeiçoadas? Por que fazer uma peregrinação ao Louvre ou ao
Rijksmuseum, quando as edições.Skiranos permitem admirar quasetão
bem e analisar melhor ainda a Gíocondaou a Ronda nolzzrna?-- Por que,
dizia-me recentemente uma senhora sensata,ser esmagadapela multi-
dão e correr o risco de me roubarem a bolsa, quando possover melhor
o papa pela televisão? Mesmo levando em conta que Jogo Paulo n não
é uma obra de arte, essareflexãodiz tudo sobrea perdado valor de
autenticidade na era da difusão da imagem. A obra não é mais um À;c
et /zun(que se deve visitar no seu antro, experimentar no seu ambiente.
O modelo do objeto único oferecido num único lugar ("Ame o que
nunca será visto duas vezes") é substituído pelo da partitura musical,
que pode ser executada por uma infinidade de orquestras. O modelo do
;monstro sagrado" que era preciso ver, pelo menos uma vez, "em carne
e osso", no palco, é substituído pelo da imagem fílmica, espalhadaem
mil cópias. Como, nessascondições, poderia continuar funcionando o
}. critério da autenticidade? Mas com isso, acrescentaWalter Benjamin,
"toda a função da arte é subvertida". A arte, por principio, não e mais
uma forma da cultura que nos convoca à contemplação e ao recolhi-
r' mento. Isso é sinal da sua degenerescência?Isso quer dizer que nossa
época, "materialista" e "tecnicista", só poderia deixar eclodir uma arte
de diversão, completada por algumas elucubrações de estetas?
Um dos grandes méritos de Walter Benjamin foi preveni'-nos
contra um diagnósticotão apressado-- já por citar essetexto, tao im
pressionante, de Brecht=
Desde que a obra de arte se torna mercadoria, essa noção Çdeobra de arteàjá
não pode mais ser-Lhe aplicada; assim sendo, devemos, com prudência e p'e'
:Unção mas sem receio -- íertunciar à noção de obra de arte, caso desejemos
preservar sua fu%ão dentro da própria coisa como tcLIdesignada. Trata-se de
uma fase que é preciso atravessar sem dissimulações; essavirada não é gra
guita, eLaconduza uma tramformação fundamental do objeto e que apaga
seu pensadoa talão'tto quecwo a nova noçãodeva reencontrarseu mo -- e
por quenão?-- não evocará mais quaisquer da Lembrançasvincutadm à sua
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antiga stgnz#caçdo
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sendo objetos que têm a sua comistência para si' e nossa relação. com elm é
../npre uma reZafãode espetáculo(Anschauen). Ora, 'zamú;ca, exma
db
''-'r' ' -'''- ' ' zr-se, essa não se torna uma objetividade
unção desaparece \-l\ '4o ncterion .
Disso tudo, o que decorre? Quanta mab o olho e o ouvido se prestam ao pen
lamento, mais se aproximam do Limite em que termina a sua sen.suaLidade=
:=ll;l;l:'l::ll. ..;. .'~ó« [...]. .'«ó.' ''"' «'' «: "'* ' f";'=!
coisa. \Mas Nietlsche acrescenta, imediatamente (mostrando que está mau
peTtO da estética clássica do que acreditavahÀ e, por. esta via, chegamos à
barbárie, tão seguramente quanto por quahuer outra.
a sua m-
Walter Benjamin, em certa medida, retomou essestemas.Mas J . .l í. :.
;mexe/zs(anão ser que o filme seja enfadonho): ele as vive como veículos
de informação. E é por isso que a pallte essencial do trabalho fiHmico é a
/montagem,que regula o ritmo segundo o qual ê passadaa informação
Trata-se de um novo tratamento da imagem? Mas a noção clássica
-'-"vn'' ''"-
-' ' i,talvez, quando me apaixonopelapassa'
umparenteouamigomorto;o . . : --
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circunstâncias são excepcionais. A maior parte do tempo,.uma imagem
nos interessa porque indica alguma coisa que não está na imagem: pelo
que nos deixa adivinhar, ou pelo que continua a ocultar. Somosmuito
l-'s os detetives do sensívelque os seus voyeürx,Platão dizia que a
contemplação das imagens nos distrai da contemplação das Ideias. Mas,
dessa maneira, estabelecia uma homogeneidade enganosa entre a ope'
mção perceptiva e o ímÜÃt intelectual. Admitamos que secontemplem
as Idéias'.que outra coisa fazer com elas, ]á que, por J?rincípiolelas s:lo
' diante do nosso entendimento? Mas, por
exibidas,eternaseimutáveis, . . . .
meio das imagens, limitamo-nos a nos informar e orientar. Contempla-
mos asIdéias; interpretamos as imagens, e é por isso que asolhamos tão
pouco- E também por isso que nada me parece mais conteslavel do que
opor a civilização da imagem" à do intelecto. Seria melhor dizer que a
-r''" ' ' ráficasoutelevisionadas)nosforçaaum
práticadasimagens(cinemato. . ; .. :.- .
exercício intelectual de outro tipo, a uma compreensão mais concisa, a
uma leitura mais rápida e, talvez, a um melhor domínio do alusivo.
"A Arte", dizia Hegel, "não pode servir-se de s;mp/es s;Frios; deve
dar às significações arrasa/zfa será'e/ que lhes corresponde."'' Mas, a
i3- É interessante notar que essacomparação, que Hege] teria julgado absurda, vai-se for-
mando espontaneamentenos escritos de Delacroix e Baudelaire(.çaZonz#46);em Gauguin,
que fala do "significado musical da cor" em Kandinsky. Mais do que uma metáfora, isso é
o sinal de uma guinada na concepçãoque o pintor formou da "obra de arte" e, simultanea-
mente, do imaginário.
i4- Arthur Schopenhauer,
Z)íe Me/fa& Wz'/Ze
zzndHor=fe//zzng,
suplementoaoLivro m, cap 36
[ed. bus.: O mzzndocomo o/zadeergresenfafâo,trad. M. F. SáCorreia. Rio de Janeiro: Contra-
ponto>zooiJ.
i5. Pierre Francastel, ,4ri ei laca ;güe. Paras:Editions de Minuit, 1956. pp. zzz-z3.
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