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A ideia de ferne, porém, recebe outra carga no aforismo 107 intitulado “Nossa
derradeira gratidão para com a arte” Ao contrário do que visto até aqui,
Nietzsche entende que a arte enquanto culto do não verdadeiro é o que ainda
faz a existência tolerável. Assim seria necessário transformar a própria vida em
um fenômeno estético, se elevar ao monte não mais buscando o sublime mas
para atingirmos uma ferne artística que nos possibilite “descansar de nós
mesmos” descobrir o herói e o tolo que existe em nossa busca pelo
conhecimento. Fazer da vida enquanto fenômeno estético instrumento para
flutuar perante a moral. Nesse sentido, compreendo a ferne utilizada nesse
aforismo não mais enquanto instrumento de negação da existência, mas como
uma ferne artística que nos possibilite que através de uma visão de cima olhar
para si e zombarmos de nossa própria estupidez, para que possamos continuar
nos alegrando com nossa sabedoria.
Com isso, a construção da crítica nietzschiana ao romantismo é realizada
justamente através da distinção entre ferne e distanz como visto nesse três
últimos aforismos. Para superar essa visão Nietzsche apresenta o terceiro
conceito de ferne artística como princípio para compressão da vida enquanto
fenômeno estético, de tal forma que possa anular o empobrecimento de
vitalidade ocasionado pela ferne romântica.