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Pintura
Profª. Aline Sabbi Essenburg
2019
1 Edição
a
Copyright © UNIASSELVI 2019
Elaboração:
Profª. Aline Sabbi Essenburg
ES78t
ISBN 978-85-515-0283-9
CDD 750
Impresso por:
Apresentação
Caro acadêmico! Seja bem-vindo à disciplina Técnicas e Gêneros de
Pintura. O estudo e a pesquisa em torno desta temática almejam proporcionar
o conhecimento acerca de aspectos relevantes sobre a prática pictórica.
Ao trabalho!
III
NOTA
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há
novidades em nosso material.
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto
em questão.
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Bons estudos!
IV
V
VI
Sumário
UNIDADE 1 – GÊNEROS DE PINTURA............................................................................................ 1
VII
4 NATUREZA E ELEMENTOS DA PINTURA .................................................................................. 86
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 92
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 93
VIII
TÓPICO 3 – CONHECENDO TÉCNICAS DE PINTURA TRADICIONAIS............................. 193
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 193
2 AQUARELA.......................................................................................................................................... 193
3 ÓLEO...................................................................................................................................................... 201
4 ACRÍLICA............................................................................................................................................. 204
LEITURA COMPLEMENTAR.............................................................................................................. 208
RESUMO DO TÓPICO 3...................................................................................................................... 214
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 215
REFERÊNCIAS........................................................................................................................................ 217
IX
X
UNIDADE 1
GÊNEROS DE PINTURA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você
encontrará atividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
1
2
UNIDADE 1
TÓPICO 1
1 INTRODUÇÃO
Os seres humanos sempre se expressaram por meio de imagens. É possível
identificarmos algumas temáticas no decorrer da arte da antiguidade, entretanto,
elas se unificam na era cristã. Multiplicam-se imagens narrativas e icônicas, ou seja,
surgem pinturas que contam uma história (seja de cunho religioso ou profano), que
retratam um personagem, uma igreja, um acontecimento bíblico. Essas representações
pretendiam que o espectador refletisse, meditasse ou orasse a partir dela.
2 PINTURA HISTÓRICA
As cenas históricas foram tidas como o gênero mais importante na
história da arte, no momento em que efervesciam as discussões a respeito do
tema (do Renascimento ao Impressionismo), justamente por representar e
retratar acontecimentos de realce, como coroações e batalhas. De fato, as pinturas
históricas constroem e alicerçam a história de um país. Essa preocupação se
evidencia em Debret (1768–1848), pintor na corte de Napoleão. Ele chegou no
Brasil com a Missão Francesa e lecionou pintura histórica na Academia Imperial
de Belas Artes, concomitantemente, com a execução de suas obras as quais
retratam os costumes, as paisagens e as características dos homens locais. Com
seus trabalhos, tinha a função de documentar e divulgar o que acontecia no
território, a exemplo do quadro Coroação de Dom Pedro, conferindo-lhe um caráter
político e cívico.
FIGURA 1 - JEAN BAPTISTE DEBRET. COROAÇÃO DE DOM PEDRO I, 1828. ÓLEO SOBRE TELA.
340 X 640 CM. PALÁCIO DO ITAMARATY, BRASÍLIA
FONTE: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Jean-Baptiste_Debret_-_
Coroa%C3%A7%C3%A3o_de_D._Pedro_I,_1828.jpg>. Acesso em: 18 set. 2018.
E
IMPORTANT
4
TÓPICO 1 | A PINTURA E SEUS MOTIVOS
FONTE: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Eug%C3%A8ne_Delacroix_-_La_
libert%C3%A9_guidant_le_peuple.jpg>. Acesso em: 18 set. 2018.
5
UNIDADE 1 | GÊNEROS DE PINTURA
DICAS
FONTE: BENJAMIN, Walter. A Origem do drama barroco alemão. São Paulo: Brasiliense, 1984.
FONTE: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Victor_Meirelles_-_Moema.jpg>.
Acesso em: 18 set. 2018.
6
TÓPICO 1 | A PINTURA E SEUS MOTIVOS
Antes de iniciar uma pintura, o artista deveria fazer jejum e orar, além
de viver de acordo com os preceitos religiosos. Acreditavam que somente desta
maneira conseguiriam representar os ícones corretamente. Andrey Rublev (1360–
1430) é considerado um dos melhores pintores de ícones, afrescos e iluminuras,
cujas imagens aparecem sempre calmas e serenas.
FONTE: <http://o-povo.blogspot.com/2015/04/santissima-trindade-troitsa.html>.
Acesso em: 18 set. 2018.
7
UNIDADE 1 | GÊNEROS DE PINTURA
FIGURA 5 - FRA ANGELICO. ANUNCIAÇÃO, 1435. OURO E TÊMPERA SOBRE MADEIRA. 194 X
194 CM. MUSEU DO PRADO, MADRID
FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Anuncia%C3%A7%C3%A3o_(Fra_Angelico,_Prado)>.
Acesso em: 18 set. 2018.
FONTE: <http://www.noticiasdabota.com/2016/01/a-vocacao-de-sao-mateus-de-caravaggio.
html>. Acesso em: 22 nov. 2018.
8
TÓPICO 1 | A PINTURA E SEUS MOTIVOS
FIGURA 7 - PETER PAUL RUBENS. VÊNUS E ADONIS, 1636-1638. ÓLEO SOBRE TELA. 197,5 X 243
CM. KUNSTHISTORISCHES MUSEUM, VIENA
No quadro, Vênus tenta impedir que Adônis parta para a caçada, com
medo de que ele seja vítima de animais selvagens. Os cães retratados denunciam
a ansiedade da partida e, de fato, de acordo com o mito, o jovem é morto por um
javali.
9
UNIDADE 1 | GÊNEROS DE PINTURA
3 RETRATO
O termo retrato vem do verbo latino retrahere, que significa copiar. Possui
a mesma natureza da mimese.
NOTA
Pode-se observar esse gênero na arte egípcia, grega e romana, até seu
auge no século XIV, quando ganha autonomia. Em cada época ele adquiriu uma
funcionalidade, seja de cunho funerário, religioso ou mesmo comemorativo.
10
TÓPICO 1 | A PINTURA E SEUS MOTIVOS
ATENCAO
11
UNIDADE 1 | GÊNEROS DE PINTURA
FONTE: <http://www.entreculturas.com.br/2011/03/curso-de-fotografia-aula-4/>.
Acesso em: 18 set. 2018.
É incrível como fotógrafos e pintores utilizam essa técnica até hoje. Veja
o pintor inglês da contemporaneidade, Paul Wright (1973), que procura pela
vitalidade em cada um de seus modelos, acentuando o estado de ânimo de cada
um deles, com uma rica paleta de cores e texturas.
FIGURA 10 - PAUL WRIGHT, THE GREEN HAT, 2015. ÓLEO SOBRE TELA
FONTE: <http://www.thompsonsgallery.co.uk/exhibition.php/PAUL-WRIGHT---HEAD-
STRONG-153/>. Acesso em: 18 set. 2018.
12
TÓPICO 1 | A PINTURA E SEUS MOTIVOS
3.1 AUTORRETRATO
O autorretrato é considerado um subgênero, configura-se como sendo o
retrato do artista feito por ele mesmo. Em considerável parcela da história da
arte, artistas se valeram da pintura autobiográfica, como Rembrandt (1606–1669)
e Albrecht Dürer (1471–1528). Em um dos autorretratos deste último, vemos a
inscrição: “Eu Albrecht Dürer de Nuremberg, pintei-me a mim próprio em cores
apropriadas a mim aos 28 anos de idade”.
FIGURA 11 - ALBRECHT DÜRER. AUTORRETRATO COM MANTO DE PELICA, 1500. ÓLEO SOBRE
MADEIRA, 67 X 49 CM. ALTE PINAKOTHEK, MUNIQUE
FONTE: <http://artesteves.blogspot.com/2011/05/albrecht-durer-auto-retrato.html>.
Acesso em: 18 set. 2018.
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UNIDADE 1 | GÊNEROS DE PINTURA
FIGURA 12 - GUSTAVE COURBET. O ATELIÊ DO PINTOR, 1854-1855. ÓLEO SOBRE TELA. 361 X
598 CM. MUSEÉ D’ÓRSAY, PARIS
FIGURA 13 - AUTORRETRATOS
Leonardo da Vinci Paul Gauguin Pablo Picasso Amedeo Modigliani Tarsila do Amaral
1452-1519 1848-1903 1881-1973 1884-1920 1886-1973
Anita Malfatti MC. Escher Salvador Dali Frida Kahlo Andy Warhol
1889-1964 1898-1972 1904-1989 1907-1987 1928-1987
FONTE: <http://arteref.com/arte/top-10-mestres-do-autorretrato-para-voce-conhecer/>.
Acesso em: 18 set. 2018.
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TÓPICO 1 | A PINTURA E SEUS MOTIVOS
DICAS
Não deixem de pesquisar sobre a artista Cindy Sherman, que faz uma crítica
aos estereótipos por meio desse subgênero. De grande representatividade no cenário
contemporâneo, utiliza o próprio corpo para suas múltiplas personificações.
3.2 NU
Não podemos deixar de mencionar o nu como outro subgênero. Escultores
gregos o utilizaram muito em suas obras, pois acreditavam que o corpo era o
espelho da alma, assim, o representavam sempre em seus pormenores e com
graciosidade, perfeição e beleza. Entretanto, com a difusão da religiosidade,
deixou de ser utilizado de modo recorrente até o Renascimento. E mesmo nesse
período, era relacionado às noções bíblicas e mitológicas.
FIGURA 14 - JULES JOSEPH LEFEBVRE. CHLOE, 1875. ÓLEO SOBRE TELA. 260 X 139 CM.
YOUNG AND JACKSON HOTEL, MELBOURNE
No século XIX, vários nus foram produzidos em nosso país nas mãos de
Rodolfo Amoedo (1857–1941), Eliseu Visconti (1866–1944), Carlos Leão (1906–
1983), Ismael Nery (1900–1934), Clóvis Graciano (1907–1988), Flávio de Carvalho
(1899–1973), Victor Meirelles (1832–1903) e Pedro Américo (1843–1905), que fez A
15
UNIDADE 1 | GÊNEROS DE PINTURA
Carioca. A pintura foi feita quando ele estava em Paris, a propósito de uma bolsa
de estudos concedida pelo Imperador Pedro II, e recebeu Medalha de Ouro na
Exposição Geral na Academia Imperial de Belas Artes no Rio de Janeiro. Como
agradecimento, Pedro Américo a enviou para o Imperador, mas foi recusada pelo
Mordomo Mor, alegando ser, ela, inapropriada para os padrões morais do Palácio.
O quadro, então, retorna ao ateliê do pintor, ora em Florença, e é adquirido pelo
Imperador da Prússia Guilherme Primeiro. Passados 20 anos, Pedro Américo
realiza uma réplica, que hoje está no Museu Nacional de Belas Artes no Rio de
Janeiro. Oliveira ratifica o acontecimento, agregando informações a respeito do
título da obra:
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TÓPICO 1 | A PINTURA E SEUS MOTIVOS
FIGURA 15 - PEDRO AMÉRICO. A CARIOCA, 1882. ÓLEO SOBRE TELA. 205,5 X 134 CM. MUSEU
NACIONAL DE BELAS ARTES, RIO DE JANEIRO
FONTE: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/8b/Pedro_Am%C3%A9rico_-
_A_carioca_-_1882.jpg>. Acesso em: 18 set. 2018.
Agora veja o tratamento geométrico que Ismael Nery confere ao seu nu,
elaborado basicamente com formas ovais em contraste com os quadrados atrás da
figura. Ele faz de suas pinturas o universo da androginia, em que duas polaridades
convergem e se fundem, reunindo masculino e feminino, espiritualidade e
carnalidade, como em seu poema Eu.
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UNIDADE 1 | GÊNEROS DE PINTURA
FIGURA 16 - ISMAEL NERY. FIGURA COM CUBOS, 1927. ÓLEO SOBRE TELA. 76 X 57,5 CM
FONTE: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra1877/figura-com-cubos>.
Acesso em: 18 set. 2018.
NOTA
18
TÓPICO 1 | A PINTURA E SEUS MOTIVOS
4 PAISAGEM
Esse gênero originou-se nos retratos de retábulos e de cenas medievais,
mas a paisagem era somente a imagem secundária, coadjuvante da pintura,
entretanto, mesmo nesses casos, o artista deveria ter habilidade, justamente para
dar veracidade ao que era representado.
FONTE: <https://www.historiadasartes.com/sala-dos-professores/a-tempestade-giorgione/>.
Acesso em: 18 set. 2018.
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UNIDADE 1 | GÊNEROS DE PINTURA
FIGURA 18 - CASPAR DAVID FRIEDRICH. THE CHASSEUR IN THE FOREST, 1814. ÓLEO SOBRE
TELA. 66 X 47 CM
FONTE: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/a6/The_Chasseur_in_the_Forest_
by_Caspar_David_Friedrich.jpg>. Acesso em: 18 set. 2018.
20
TÓPICO 1 | A PINTURA E SEUS MOTIVOS
NOTA
5 NATUREZA-MORTA
Uma pintura pode ser denominada natureza-morta quando se atém às
frutas, flores, utensílios domésticos, objetos, ou seja, seres inanimados. Na língua
inglesa e anglo-saxã, esse gênero é chamado de still-life (vida imóvel).
Seu surgimento data do Barroco, como uma derivação das cenas religiosas
retratadas em ambientes populares, com destaque para Pieter Aertsen (1508–1575)
e Jacopo Bassano (1510–1592). Os quadros de Giuseppe Arcimboldo (1527–1593)
tornam-se peculiares pelo caráter simbólico e grotesco com o qual utiliza frutas
e objetos.
FIGURA 19 - GIUSEPPE ARCIMBOLDO. SEATED FIGURE OF SUMMER, 1573. ÓLEO SOBRE TELA.
63,5 X 76 CM. WEST DEAN HOUSE, SUSSEX
FONTE: <https://www.wikiart.org/en/giuseppe-arcimboldo/seated-figure-of-summer-1573>.
Acesso em: 29 nov. 2018.
No século XVII, era tida como gênero menor, tanto em importância quanto
em seu valor mercadológico, talvez por não abordar diretamente um indivíduo.
Entretanto, a natureza-morta elaborada na região influenciada pela Reforma
Protestante tinha a função de registrar a riqueza e as posses da família burguesa em
ascensão. Willem Claeszoon Heda (1594–1680) é exímio nesse gênero, sobretudo
21
UNIDADE 1 | GÊNEROS DE PINTURA
FIGURA 20 - WILLEM CLAESZOON HEDA. STILL LIFE WITH A GILT CUP, 1635. ÓLEO SOBRE
TELA. 88 X 113 CM. RIJKSMUSEUM, AMTERDÃ
FONTE: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Willem_Claesz._Heda_005.jpg>.
Acesso em: 18 set. 2018.
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TÓPICO 1 | A PINTURA E SEUS MOTIVOS
5.1 VANITA
Como um subgênero da natureza-morta há as vanitas, termo que se
refere às vaidades e ao caráter passageiro do mundo. Os quadros constituintes
deste motivo procuravam ser um aviso quanto à frivolidade, à efemeridade e
à fragilidade da existência humana, orientando as pessoas para os valores
espirituais, assim, são retratados objetos simbólicos, como caveiras.
FIGURA 22 - HARMEN STEENWIJCK. UMA ALEGORIA DAS VAIDADES DA VIDA HUMANA, 1640.
ÓLEO SOBRE TELA. 39 X 51 CM. NATIONAL GALLERY, LONDRES
FONTE: <https://nl.wikipedia.org/wiki/Harmen_Steenwijck#/media/File:Harmen_Steenwijck_-_
Vanitas_Still-Life_-_WGA21768.jpg>. Acesso em: 18 set. 2018.
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UNIDADE 1 | GÊNEROS DE PINTURA
DICAS
Uma vanitas pop, luxuriante e sedutora aos olhos dos desavisados, pois o crânio humano,
símbolo inequívoco da eminência da morte, foi sempre utilizado como alegoria. Comparece
no monólogo existencial To Be or Not to Be, de Hamlet, bem como nas pinturas de naturezas-
mortas no Renascimento e no Barroco. A caveira de espelhos de Albano Afonso tem a
mesma natureza metafórica da Black Kites (1997) de Gabriel Orozco — uma caveira tabuleiro
de xadrez — e da For the Love of God (2007), a caveira de diamantes de Damien Hirst.
Todas essas vanitas têm as mesmas procedências formais e buscam as razões conceituais
que levaram Hans Holbein a pintar uma anamorfose de caveira em The Ambassadors (1533)
diante das glórias e das riquezas da vida. É disso que tratam as obras de Gabriel Orozco, de
Damien Hirst e de Albano Afonso.
FONTE: REIS, P. Que horas são no paraíso? Lisboa: Casa Triângulo, 2007.
6 PINTURA DE GÊNERO
O termo pintura de gênero refere-se às representações do cotidiano
(trabalho e vida doméstica) que vigoraram a partir do século XVII, após a
ideologia protestante que refutava as temáticas religiosas. As imagens ganham
realismo e riqueza de detalhes, além de menores dimensões, uma vez que eram
destinadas a espaços privados. É interessante observarmos que esse gênero pode
ser uma rica fonte documental, pois mostra os costumes e os ambientes de cada
época, de modo que a historiadora Svetlana Alpers (1983) o enfatiza como “arte
da descrição”.
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TÓPICO 1 | A PINTURA E SEUS MOTIVOS
FIGURA 23 - PIETER BRUEGEL. A CASAMENTO ALDEÃO, 1568. ÓLEO SOBRE MADEIRA. 114 X
164 CM. KUNSTHISTORISCHER MUSEUM, VIENA
FONTE: <http://historcuriosa.blogspot.com/2012/03/o-casamento-dos-camponeses-1567-de.
html>. Acesso em: 18 set. 2018.
Jan Steen (1626–1679) pega esse viés popular e representa com bastante
humor as tavernas da época, e cenas da vida doméstica descontraída, cujos
destaques são A festa de São Nicola (s/d), A festa na Osteria (1674), A festa de
batizado (1664) e Na luxúria, preste atenção (1663), onde são trabalhadas ricamente
as tonalidades das cores em uma pintura repleta de objetos, deixando-nos ver,
inclusive, parte do cômodo ao lado, à direita do quadro.
FIGURA 24 - JAN STEEN. NA LUXÚRIA, PRESTE ATENÇÃO, 1663. ÓLEO SOBRE TELA. 105 X 145,5
CM. KUNSTHISTORISCHER MUSEUM, VIENA
FONTE: <https://fr.wikipedia.org/wiki/Fichier:Jan_Steen_-_Beware_of_Luxury_(%E2%80%9CIn_
Weelde_Siet_Toe%E2%80%9D)_-_Google_Art_Project.jpg>. Acesso em: 28 nov. 2018.
25
UNIDADE 1 | GÊNEROS DE PINTURA
FIGURA 25 - JOHANNES VERMEER. A LEITEIRA, 1657 - 1658. ÓLEO SOBRE TELA. 45,5 X 41 CM.
RIJKSMUSEUM, AMSTERDÃ
DICAS
Assista ao filme A moça com brinco de pérola, de Peter Webber, que foi
inspirado no quadro homônimo de Jan Vermeer. Na película, lançada em 2003, discorre-se
sobre a vida do pintor, bem como sobre a sociedade em questão.
26
TÓPICO 1 | A PINTURA E SEUS MOTIVOS
FIGURA 26 - LIVRO DAS HORAS, 1819-1877. ILUMINURA. 22,5 X 13,6 CM. CONDÉ MUSEUM,
CHÂTEAU DE CHANTILLY
27
UNIDADE 1 | GÊNEROS DE PINTURA
FONTE: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Famille_d%E2%80%99un_Chef_Camacan_
se_pr%C3%A9parant_pour_une_F%C3%AAte.jpg>. Acesso em: 28 nov. 2018.
FIGURA 28 - ALMEIDA JUNIOR. CAIPIRA PICANDO FUMO, 1893. ÓLEO SOBRE TELA. 202 X 141
CM. PINACOTECA, SÃO PAULO
FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Caipira_picando_fumo.jpg>.
Acesso em: 18 set. 2018.
28
TÓPICO 1 | A PINTURA E SEUS MOTIVOS
FIGURA 29 - MODESTO BROCOS. REDENÇÃO DE CAM, 1895. ÓLEO SOBRE TELA. 199 X 166
CM. MUSEU NACIONAL DE BELAS ARTES, RIO DE JANEIRO
FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Modesto_Brocos#/media/File:Reden%C3%A7%C3%A3o.
jpg>. Acesso em: 18 set. 2018.
29
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
30
AUTOATIVIDADE
31
a) ( ) A proporção áurea só foi utilizada a partir do Renascimento.
b) ( ) Essa lei é apenas um cálculo matemático, de modo que não se aplica à
natureza.
c) ( ) A lei do terço enfatiza em quais pontos do quadro o olhar se detém.
d) ( ) Com o advento da fotografia, o gênero retrato deixou de ser utilizado
pelos artistas.
32
UNIDADE 1
TÓPICO 2
1 INTRODUÇÃO
No tópico anterior, vimos as características dos gêneros mais difundidos
na pintura, bem como o grau de importância de cada um deles. E, vale enfatizar, a
importância de termos um olhar crítico, de modo a sempre relacionar a produção
com o que ocorria na sociedade em que a obra foi produzida, em termos culturais,
religiosos e políticos. Além de pensar no simbolismo dos trabalhos, é interessante
observarmos os materiais que os artistas tinham disponíveis.
DICAS
33
UNIDADE 1 | GÊNEROS DE PINTURA
2.1 TICIANO
O famoso pintor veneziano, Ticiano Vecellio, nasceu por volta de 1485 na
cidade de Cadore, nos Alpes, e morreu com 99 anos em 1576. Alguns historiadores
relatam que até mesmo o imperador da época se abaixou para recolher um pincel
do pintor que havia caído, o que significou um triunfo para a figura do artista e
para a arte pictórica.
Ticiano era muito hábil com seus pincéis, assim, pôde se libertar das
regras de composição estipuladas até então. No quadro Nossa Senhora com
santos e membros da família Pesaro, o artista não coloca a Santa no lugar central da
composição, e faz com que São Francisco e São Pedro participem da cena, não em
posições simétricas. A pintura foi encomendada por Jacopo Pesaro, o qual Ticiano
retratou ajoelhado diante da Virgem. Sua família aparece no canto inferior direito,
sob os olhos do menino Jesus. Atrás do protagonista está um alferes, arrastando
um prisioneiro derrotado em uma batalha contra os turcos. Tudo ocorre em um
local aberto, emoldurado com duas colunas direcionadas até as nuvens, onde
estão dois anjos. É interessante notar que essa assimetria, e fuga dos cânones
vigentes, não apresenta desequilíbrio, mas continua harmônica, justamente pela
maestria na utilização das cores e luminosidade.
34
TÓPICO 2 | A PINTURA COMO OBRA DE ARTE
FONTE: <https://www.flickr.com/photos/28433765@N07/5309655903>.
Acesso em: 18 set. 2018.
FIGURA 31 - TICIANO VECCELIO. JOVEM INGLÊS, 1540. ÓLEO SOBRE TELA. 111 X 93 CM.
PALÁCIO PITTI, FLORENÇA
FONTE: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/9/9b/Tizian_076.jpg>.
Acesso em: 18 set. 2018.
35
UNIDADE 1 | GÊNEROS DE PINTURA
FIGURA 32 - TICIANO VECCELIO. O PAPA PAULO III COM ALEXANDRE E OTÁVIO FARNESE,
1546. ÓLEO SOBRE TELA. 210 X 174 CM. GALERIA NACIONAL DE CAPODIMONTE, NÁPOLES
FONTE: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/ab/Titian_-_Pope_Paul_III_with_
his_Grandsons_Alessandro_and_Ottavio_Farnese_-_WGA22985.jpg>. Acesso em: 18 set. 2018.
2.2 POUSSIN
Nicolas Poussin (1594-1665), francês radicado em Roma, é considerado
o maior mestre acadêmico, que estudou por demasiado as esculturas clássicas,
em busca dos ares de outrora. Em Et in Arcadia ego o pintor retrata uma calma
paisagem sob o Sol, em que pastores e uma bela jovem estão ao redor de uma
lápide na tentativa de decifrá-la. O título da obra transcreve que a morte está,
inclusive, na terra dos pastores. E Poussin a elabora com grande conhecimento
técnico, só assim consegue transpor o sentimento de nostalgia, mesmo diante
desta temática.
36
TÓPICO 2 | A PINTURA COMO OBRA DE ARTE
FIGURA 33 - NICOLAU POUSSIN. ET IN ARCADIA EGO, 1650-1655. ÓLEO SOBRE TELA. 85 X 121
CM. MUSEU DO LOUVRE, PARIS
FONTE: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Nicolas_poussin,_i_pastori_dell%27arcadia_
(et_in_arcadia_ego),_1638-40_ca._02.JPG>. Acesso em: 18 set. 2018.
FIGURA 34 - NICOLAS POUSSIN. ELIÉZER E REBECA, 1648. ÓLEO SOBRE TELA. 118 X 199 CM.
MUSÉE DU LOUVRE, PARIS
FONTE: <http://pt.wahooart.com/@@/8XYMDY-Nicolas-Poussin-%60eliezer%60-e-rebecca-no-
bem>. Acesso em: 18 set. 2018.
37
UNIDADE 1 | GÊNEROS DE PINTURA
DICAS
2.3 UTRILLO
Grande referência do início do século XX é Maurice Utrillo (1883-1955),
pertencente à Escola de Paris. Sua mãe, Suzanne Valadon (1865–1938, outrora
modelo de Renoir), o incentivou a pintar, juntamente com seu padrasto, Miguel
Utrillo (1862–1934) — que largou a engenharia pela pintura. Com 16 anos tornou-
se alcoólatra, e precisou ser internado inúmeras vezes, o que não prejudicou a
qualidade de seus trabalhos.
NOTA
Seu estilo realista se vale de maior liberdade no uso das cores e das formas.
Pintou inúmeras cenas de Montmartre e do subúrbio de Paris, transpassando
enorme melancolia. Cabe destacar que, em 1925, foi convidado por Serguei
Diaghilev (1872–1929) a criar figurinos e cenários para o Balé Russo.
38
TÓPICO 2 | A PINTURA COMO OBRA DE ARTE
FONTE: <https://www.christies.com/lotfinder/Lot/maurice-utrillo-1883-1955-rue-de-la-5138451-
details.aspx>. Acesso em: 29 nov. 2018.
FIGURA 36: MAURICE UTRILLO. LA PLACE ST. PIERRE ET LE SACRÉ COEUR DE MONTMARTRE,
1938. ÓLEO SOBRE TELA. 41 X 33 CM
FONTE: <https://www.lempertz.com/en/catalogues/lot/1090-1/281-maurice-utrillo.html>.
Acesso em: 18 set. 2018.
39
UNIDADE 1 | GÊNEROS DE PINTURA
DICAS
Assista ao filme Modigliani: A Paixão pela Vida, dirigido por Mick Davis, mostra
a rivalidade entre o artista e Pablo Picasso. Também revela traços da sociedade artística da
época.
FIGURA 37 - MAURICE UTRILLO. LA TOUR EIFFEL, 1913. ÓLEO SOBRE CARTÃO. 49,9 X 66,7 CM.
NATIONAL GALLERY OF VICTÓRIA, MELBOURNE
40
TÓPICO 2 | A PINTURA COMO OBRA DE ARTE
para a escolha dos murais era porque acreditava que os quadros convencionais
iriam para as coleções particulares da burguesia. Cabe indicar que se casou quatro
vezes. Sua primeira esposa foi a pintora russa Angelina Beloff (1879 – 1969), a
segunda foi a modelo e romancista Guadalupe Marín (1895 – 1983) e a terceira a
talentosa e inesquecível Frida Kahlo (1907 – 1954). Um ano depois de sua morte,
Rivera se une a Emma Hurtado (1907 – 1974), negociante de arte.
Por ser um ávido militante político, era comum ver em suas pinturas
duras críticas, e justamente por uma crítica ao sistema capitalista, seu mural no
Rockfeller Center foi derrubado antes mesmo de ser concluído. Rivera tornou-
se um ídolo da classe trabalhadora de seu país, uma vez que a história dos
direitos civis ganhara destaque em suas mãos. Fazia questão de deixar claro o
seu viés político-social e a vontade e luta a favor de reformas no sistema.
Assim, como nos murais de Portinari, havia nos murais de Rivera o aspecto
racial; a necessidade de exprimir o vigor da natureza física e humana do México;
a ideia era o povo reconhecer-se em suas obras, e para isso redefiniu seu estilo.
41
UNIDADE 1 | GÊNEROS DE PINTURA
FONTE: <http://pt.wahooart.com/@@/8BWNZS-Diego-Rivera-noite-do-pobre>.
Acesso em: 18 set. 2018.
DICAS
Assista ao filme Frida, de 2002, sob a direção de Julie Taymor. Onde é possível
acompanhar a vida da artista, bem como a de Diego Rivera.
3 O INACABAMENTO DA PINTURA
Em 1935, Picasso afirmou o caráter vivo de uma pintura. Em suas palavras:
42
TÓPICO 2 | A PINTURA COMO OBRA DE ARTE
A obra se perpetua nas que o artista ainda irá produzir. É nesse viés que
Blanchot (2011, p. 07) fala: “O escritor nunca sabe que a obra está realizada. O que
terminou num livro, recomeçá-lo-á ou destrui-lo-á num outro”. Há uma busca
pelo incessante. É um trabalho infindável porque uma reverbera em outro.
43
UNIDADE 1 | GÊNEROS DE PINTURA
trabalho de arte. Quando o artista duvida de seu trabalho, ele dá espaço para a
atuação do outro, que deixa de ser espectador e passa a ser participador. Afinal, é
o outro que lhe conferirá valor. Se o artista tomasse seu trabalho como finalizado,
não precisaria mostrar para o outro, não precisaria sequer realizar a obra. Assim,
o espectador exerce um papel fundamental no processo artístico.
Ou seja, pelo fato de poder ser retomada pelo outro, a obra tem caráter
universal, sendo o espectador parte do processo criador, pegando a obra para si
em uma relação de trocas de significações. O pintor indica o caminho, e o outro o
segue de acordo com as suas vivências, conferindo à obra novos sentidos e, assim,
ela nunca se esgota.
NOTA
Quando minha mão direita toca minha mão esquerda, sinto-a como uma ‘coisa
física’, mas no mesmo momento, se eu quiser, ocorrerá um acontecimento extraordinário:
eis que a mão esquerda também começará a sentir a mão direita, es wird Leib, es empfindet
(MERLEAU-PONTY, 1991, p. 183-184).
44
TÓPICO 2 | A PINTURA COMO OBRA DE ARTE
NOTA
Segue o referencial: ECO, Humberto. Obra aberta. São Paulo: Editora Perspectiva, 1968.
45
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• Ticiano se destaca por não se valer dos cânones vigentes em seu tempo, e
mesmo assim consegue harmonia e equilíbrio em seus trabalhos.
• Diego Rivera é primoroso em seus murais, que fazem uma crítica social e
política.
46
AUTOATIVIDADE
a) ( ) José Orozco.
b) ( ) David Alfaro Siqueiros.
c) ( ) José Guadalupe Possada.
d) ( ) Cândido Portinari.
3 Após ler a carta de Cézanne a seu amigo Émile Bernard, discorra sobre no
que consiste a dúvida do pintor.
47
da natureza, sob pena de ter de preocupar-me depois com os procedimentos;
os procedimentos, para nós, não passam de simples meios de levar o público a
sentir o que nós mesmos sentimos e de sermos aceitos. É o que devem ter feito
os grandes que admiramos. Saudações do obstinado macróbio que lhe aperta
cordialmente a mão.
48
UNIDADE 1
TÓPICO 3
1 INTRODUÇÃO
A primeira metade do século XX foi marcada por duas guerras mundiais,
acarretando em mudanças substanciais na economia, na política, na sociedade e,
consequentemente, no modo de vida e de pensar das pessoas. A isso se soma o
grande avanço da tecnologia e do conhecimento científico.
2 PINTORES CONTEMPORÂNEOS
Alexander Rodchenko (1891-1956) produziu três quadros monocromáticos
em 1921, para falar que a pintura, após o advento da fotografia, não seria mais
representação do real. Piet Mondrian (1872-1944) também seguiu esse caminho
em direção contrária à profundidade e ilusões.
49
UNIDADE 1 | GÊNEROS DE PINTURA
A partir de hoje, a pintura está morta. Faz agora [1981] quase um século
e meio que Paul Delaroche teria proferido esse enunciado diante da
esmagadora evidência da invenção de Daguerre. Mas embora a ordem
de execução tenha sido periodicamente reeditada durante a década de
1960, o estado terminal da pintura já aparecia impossível de ignorar.
Os sintomas estavam por toda a parte: no trabalho dos próprios
pintores, todos parecendo reiterar a afirmação de Ad Reinhardt,
de que ele estava “apenas fazendo as últimas pinturas que alguém
poderia fazer” ou permitindo que seus quadros fossem contaminados
com imagens fotográficas; na escultura minimalista, que fornece uma
ruptura definitiva do vínculo inevitável da pintura com o idealismo
de séculos; em todos os outros meios a que os artistas se voltavam, um
após o outro, a abandonar a pintura (CRIMP, 1993).
50
TÓPICO 3 | NOVOS RUMOS DA PINTURA
FIGURA 39 - SUSAN ROTHENBERG. SQUEEZE, 1978. ACRÍLICO SOBRE TELA. 233,7 X 221 CM
FONTE: <https://www.saatchigallery.com/aipe/susan_rothenberg.htm>.
Acesso em: 18 set. 2018.
FIGURA 40 - SUSAN ROTHENBERG. GREEN BAR, 2008. ÓLEO SOBRE TELA. 223,5 X 167,6 CM
51
UNIDADE 1 | GÊNEROS DE PINTURA
FIGURA 41 - SEAN SCULLY. VITA DUPLEX, 1993. ÓLEO SOBRE TELA. 254 X 330,2 CM
FONTE: <https://www.focus.de/kultur/kunst/kunst-von-wegen-abstrakt-sean-scully-in-karlsruhe_
id_8661476.html>. Acesso em: 18 set. 2018.
FONTE: <https://www.focus.de/kultur/kunst/kunst-von-wegen-abstrakt-sean-scully-in-karlsruhe_
id_8661476.html>. Acesso em: 18 set. 2018.
52
TÓPICO 3 | NOVOS RUMOS DA PINTURA
53
UNIDADE 1 | GÊNEROS DE PINTURA
FIGURA 43 - GERHARD RICHTER. MATROSEN, 1966. ÓLEO SOBRE TELA. 150 X 200 CM
FONTE: <https://www.gerhard-richter.com/en/art/paintings/photo-paintings/everyday-life-18/
sailors-5764/?&categoryid=18&p=1&sp=32>. Acesso em: 18 set. 2018.
FONTE: <https://www.gerhard-richter.com/en/art/overpainted-photographs/florence-
78/2212000-florence-13786/?p=1>. Acesso em: 18 set. 2018.
54
TÓPICO 3 | NOVOS RUMOS DA PINTURA
FONTE: <https://www.muhka.be/programme/detail/46-latt-dialogue-2-luc-tuymans-vanessa-
van-obberghen/item/4170-hotelkamer-hotel-room>. Acesso em: 18 set. 2018.
55
UNIDADE 1 | GÊNEROS DE PINTURA
DICAS
O seu olhar se dirige sempre para traumas do passado, sugerindo que a tragédia se avizinha
quando se ignoram os exemplos da história. Por que o exame da memória é tão crucial
para as suas pinturas?
Para se entender como europeu, é preciso contemplar as consequências da história. Ao
contrário do chamado Novo Mundo - que não consegue se descolar totalmente do passado
de colonialismo e culturas tribais -, a história pode informar a nós, europeus, sobre o futuro.
À medida que a nossa população se adensa e os nossos recursos diminuem, o que nos resta
como único capital simbólico são apenas a nossa herança cultural e a nossa inteligência.
O colapso físico e psicológico é um tema constante da sua obra. As cores empregadas pelo
sr. exibem tonalidades que sugerem tristeza, desesperança e sadismo. Como podemos
interpretar o seu trabalho?
Mais que tristeza, desesperança e sadismo, as tonalidades das cores em meu trabalho
enfatizam a indiferença, a alienação, o distanciamento e o incômodo da incapacidade de
memorizar algo sem fragmentos. Além disso, a tonalidade pode expandir ou criar uma
profundidade diferente daquela proporcionada pela ilusão da perspectiva.
Por que a sua expressão artística se baseia em um meio tão tradicional quanto a pintura a
óleo, certa vez tachada de arte anacrônica?
Bem antes do início de uma pintura, eu me dedico a uma extensa pesquisa de imagens e a
um treinamento meticuloso. Como trabalho com figuração, é de extrema importância saber
o que vou pintar e o que essa pintura significa para em seguida decidir o modo pelo qual vou
pintar. Eu uso tudo, desde desenhos originais até websites. Tempos atrás, os artistas resistiam
à ideia de reprodução mecânica da imagem, mas hoje acredito que continuar negando
novas formas de mídia é algo sabidamente ridículo. É melhor percebê-las e incorporá-las
como parte da caixa de ferramentas. Já passou a época em que um artista poderia ser
caracterizado pelo material que utiliza. Embora seja tradicional, a pintura a óleo é para
mim algo bem específico tanto em sua proposta quanto em sua precisão. Ela nunca será
anacrônica. A sua constituição física e a sua vasta quantidade de detalhes criam um artefato
que, de tão único, se torna insubstituível. Em resumo, eu pinto porque não sou ingênuo.
FONTE: <https://cultura.estadao.com.br/noticias/geral,o-desassossego-de-um-pintor-
imp-,649894>. Acesso em: 18 set. 2018.
56
TÓPICO 3 | NOVOS RUMOS DA PINTURA
FONTE: <https://www.artecapital.net/exposicao-356-lucian-freud-portraits>.
Acesso em: 30 nov. 2018.
FIGURA 48 - LUCIEN FREUD. ELI AND DAVID, 2005-2006. ÓLEO SOBRE TELA
FONTE: <https://www.artecapital.net/exposicao-356-lucian-freud-portraits>.
Acesso em: 30 nov. 2018.
57
UNIDADE 1 | GÊNEROS DE PINTURA
DICAS
E não deixe de saber mais sobre: Georg Baselitz (1938), Sigmar Polke (1941–2010), Manolo
Valdés (1942), Anselm Kiefer (1945), Ross Bleckner (1949), Julian Schnabel (1951), Francesco
Clemente (1952), David Salle (1952), Marlene Dumas (1953), Phillip Taafe (1955), Julio Galán
(1958–2006) e Guilhermo Kuitca (1961).
3 A PINTURA NO BRASIL
É fato que a Europa universalizou, e categorizou, alguns objetos como
sendo arte, como pinturas à óleo, esculturas em mármore e algumas construções
arquitetônicas, e pormenorizou outras, como a ourivesaria e produtos da cultura
popular. Com o artista não foi diferente, houve uma categorização da profissão
do artista, ou seja, ele deveria ser homem, europeu, branco e com certa erudição.
FIGURA 49 - VICTOR MEIRELLES. A PRIMEIRA MISSA NO BRASIL, 1860. ÓLEO SOBRE TELA. 268
X 356 CM. MUSEU NACIONAL DE BELAS ARTES. RJ
59
UNIDADE 1 | GÊNEROS DE PINTURA
FIGURA 50 - ALFREDO VOLPI. MASTROS, 1970. TÊMPERA SOBRE TELA. 72 X 101,5 CM. MUSEU
DE ARTE MODERNA DE SÃO PAULO
FONTE: <http://simarte.com.br/pt-BR/Exposicoes/Obras?exposicaoId=60>.
Acesso em: 18 set. 2018.
E
IMPORTANT
Giovanni Castagneto (ITÁLIA, 1851–1900); Eliseo Visconti (ITÁLIA, 1866–1944); Carlos Oswald
(ITÁLIA, 1882–1971); Ernesto de Fiori (ITÁLIA, 1884–1945); Anita Malfatti (SP, 1889–1964);
Lasar Segall (LITUÂNIA, 1891–1957); Alberto Guignard (RJ, 1896–1962); Guido Viaro (ITÁLIA,
1897–1971); Francisco Rebolo (SP, 1902–1980); Livio Abramo (SP, 1903–1993); Portinari (SP,
1903–1962); Fulvio Pennacchi (ITÁLIA, 1905–1922); Yoshiya Takaoka (JAPÃO, 1909–1978);
Fayga Ostrower (POLÔNIA, 1920–2001); e Manabu Mabe (JAPÃO, 1924–1997).
NOTA
FIGURA 51 - TARSILA DO AMARAL. O MAMOEIRO (FASE PAU-BRASIL), 1925. ÓLEO SOBRE TELA.
65 X 70 CM. INSTITUTO DE ESTUDOS BRASILEIROS – USP. SÃO PAULO
FONTE: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra1623/o-mamoeiro>.
Acesso em: 18 set. 2018.
61
UNIDADE 1 | GÊNEROS DE PINTURA
FONTE: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra35071/progressao-r-7>.
Acesso em: 18 set. 2018.
DICAS
62
TÓPICO 3 | NOVOS RUMOS DA PINTURA
FIGURA 53 - TOMIE OTAKE. SEM TÍTULO, 1963. ÓLEO SOBRE TELA. 135 X 100 CM
Feita por Daniel Senise (1955), a pintura Musée d’Orsay faz parte de uma
série de trabalhos em que o pintor retrata o interior de museus, para falar da
importância da história da arte para o que é produzido na contemporaneidade.
FIGURA 54 - DANIEL SENISE. MUSÉE D’ORSAY, 2014. ACRÍLICO E RESÍDUOS SOBRE TELA
COLADA EM ALUMÍNIO. 150 X 400 CM
FONTE: <http://www.danielsenise.com/daniel-senise/obras/?tipo=v10>.
Acesso em: 18 set. 2018.
Para finalizar sobre nossos artistas que utilizam a pintura em seu processo
artístico, falaremos de Paulo Pasta (1959), que trabalha com suaves variações
tonais, ocasionando um equilíbrio interno, com referência ao passado e ao campo
da memória. Isto se dá pelo fato de o artista fazer ranhuras na camada espessa de
tinta, deixando ver as nuances do fundo, de modo que a imagem passa a lembrar a
textura de frontões e colunas. A nostalgia aparece, remetendo ao tempo histórico
de outrora.
63
UNIDADE 1 | GÊNEROS DE PINTURA
FIGURA 55 - PAULO PASTA. SEM TÍTULO, 1989.ÓLEO E CERA SOBRE TELA. 190 X 220 CM
FONTE: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa9809/paulo-pasta>.
Acesso em: 18 set. 2018.
Eu não tenho uma atitude irreverente com a cultura, mas também não
sou muito reverente. Como eu gosto de pintura e quero pintar, isso
para mim está associado já a um corpo de trabalho, à tradição. Eu não
posso negar, desviar-me disso. Eu gosto de arte. Há muitos artistas -
vejo isto com frequência - que têm uma atitude de confronto em relação
à arte. Eu não me vejo assim. Eu sou mais da síntese. Modernismo para
muitos significa ruptura; para mim é mais continuidade. Eu não vejo,
por exemplo, ruptura entre Picasso e Cézanne. É nesse sentido que
falo da continuidade. Claro que você, dentro disso, está na sua época.
Cada artista contribui com o seu tempo. Então, a sua época age em
você. Matisse falava que a gente não é dono da nossa profissão, ela nos
é imposta. É um pouco isso. Mesmo um artista que eu adoro, o Jasper
Johns: você vê que ele opera dentro da tradição, está lá o Cézanne. E eu
não gostaria nunca que esse sentido da tradição fosse entendido como
um elogio do passadismo, de um lugar ideal que já foi perdido. Eu
não quero me colocar em uma posição nostálgica e reacionária nesse
sentido. Mas eu acho que a tradição está aí [...] (CALZAVARA, 2008,
p. 52-67).
64
TÓPICO 3 | NOVOS RUMOS DA PINTURA
65
UNIDADE 1 | GÊNEROS DE PINTURA
LEITURA COMPLEMENTAR
66
TÓPICO 1 | A PINTURA E SEUS MOTIVOS
68
TÓPICO 1 | A PINTURA E SEUS MOTIVOS
1
Composto, entre outros, por Analu Cunha, Brígida Baltar, Carla Guagliardi,
Eduardo Coimbra, João Modé, Márcia Ramos, Marcus André, Ricardo Basbaurn,
Rodrigo Cardoso, Rosângela Rennó e Valeska Soares.
FONTE: BASBAUM, Ricardo. Arte contemporânea brasileira. Rio de Janeiro: Contra Capa, 2000,
p. 345-349.
69
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
• Palatnik, Senise e Paulo Pasta estão entre os artistas que trabalham com a
pintura na contemporaneidade.
70
AUTOATIVIDADE
71
72
UNIDADE 2
DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO
CRIATIVO COM A PINTURA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
73
74
UNIDADE 2
TÓPICO 1
1 INTRODUÇÃO
O mundo tornou-se imagético e sequer pensamos no processo da produção
das imagens que nos circundam. Há muitos séculos, os artistas estudam e
elaboram teorias a respeito dos elementos compositivos, bem como pensamentos
sobre as temáticas. Todo esse rico material é, hoje, utilizado em várias mídias, de
modo a perceber que uma obra de arte exige um árduo processo de elaboração,
não sendo apenas constituída por uma inspiração. Como nos diz Gombrich (1993,
p. 17), “em última análise, nessas obras, os grandes mestres entregaram-se por
inteiro, sofreram por elas, sobre elas suaram sangue e, no mínimo, têm o direito
de nos pedir que tentemos compreender o que quiseram realizar”.
75
UNIDADE 2 | DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO CRIATIVO COM A PINTURA
FIGURA 1 - MARTIN KIPPENBERG. PARIS BAR, 1993. ÓLEO SOBRE TELA. 212 X 382 CM. GALERIE
VOLKER DIEHL, BERLIN
FONTE: <https://www.saatchigallery.com/artists/artpages/kippenberger_paris_bar_berlin.htm>.
Acesso em: 17 nov. 2018.
76
TÓPICO 1 | ESPECIFICIDADES ESTÉTICAS E HISTÓRICO-CULTURAIS DA PINTURA
FIGURA 2 - ROBERTO BERNARDI. CANDY RAINBOW, 2010. ÓLEO SOBRE TELA. 87 X 125 CM.
NOTA
Na arte hiper-realista são notórios os artistas Chuck Close, Richard Ester, Natan
Walsh, Javier Arizabalo, Alyssa Monks, Rob Hefferan e Gina Heyer.
NOTA
77
UNIDADE 2 | DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO CRIATIVO COM A PINTURA
ATENCAO
FIGURA 3 - JOSÉ MALHOA. A SESTA, 1909. ÓLEO SOBRE MADEIRA. 32,5 X 41 CM. MUSEU
NACIONAL DE BELAS ARTES, RIO DE JANEIRO
FONTE: <http://bibliovagos.blogspot.com/2015/04/ha-160-anos-nascia-jose-malhoa.html>.
Acesso em: 17 nov. 2018.
78
TÓPICO 1 | ESPECIFICIDADES ESTÉTICAS E HISTÓRICO-CULTURAIS DA PINTURA
FONTE: <http://caeciliusestinhorto-amorvincitomnia.blogspot.com/2010/11/eugenio-recuenco.
html>. Acesso em: 17 nov. 2018.
79
UNIDADE 2 | DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO CRIATIVO COM A PINTURA
FIGURA 5 - EGON SCHIELE. O ABRAÇO DOS AMANTES, 1917. ÓLEO SOBRE TELA. 100 x 170
CM. OSTERREICHISCHE GALERIE BELVEDERE, VIENA
FONTE: <https://favourite-paintings.blogspot.com/2011/03/egon-schiele-embrace.html>.
Acesso em: 17 nov. 2018.
NOTA
80
TÓPICO 1 | ESPECIFICIDADES ESTÉTICAS E HISTÓRICO-CULTURAIS DA PINTURA
FONTE: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa9441/beatriz-milhazes>.
Acesso em: 17 nov. 2018.
Clive Bell (1927) diz que uma obra só é obra se provoca emoções estéticas
nos sujeitos. E a sua forma transmite isso, como a harmonia das linhas, formas e
cores, por exemplo. Arte seria a forma significante que emana da combinação de
elementos, logo, é aqui que se encontra o valor artístico, não importando se ela é
figurativa ou abstrata.
81
UNIDADE 2 | DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO CRIATIVO COM A PINTURA
FIGURA 7 - THÉODORE GÉRICAULT, A JANGADA DA MEDUSA, 1819. ÓLEO SOBRE TELA. 491 X
716 CM. LOUVRE, PARIS
FONTE: <http://www.historiadasartes.com/sala-dos-professores/a-jangada-da-medusa-
theodore-gericault/>. Acesso em: 17 nov. 2018.
82
TÓPICO 1 | ESPECIFICIDADES ESTÉTICAS E HISTÓRICO-CULTURAIS DA PINTURA
NOTA
83
UNIDADE 2 | DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO CRIATIVO COM A PINTURA
84
TÓPICO 1 | ESPECIFICIDADES ESTÉTICAS E HISTÓRICO-CULTURAIS DA PINTURA
UNI
"A arte é o oposto da natureza. Uma obra de arte só pode provir do interior do homem"
(EDWARD MUNCH, 1907).
"A arte não reproduz o visível, mas torna visível" (PAUL KLEE, 1920).
"A arte é uma mentira que nos faz compreender a verdade" (PABLO PICASSO, 1923).
"A arte é uma força cuja finalidade deve desenvolver e apurar a alma humana" (WASSILY
KANDINSKY, 1910).
85
UNIDADE 2 | DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO CRIATIVO COM A PINTURA
a) b) c)
DIREÇÃO - PONTO - FORMA -
HERMELINDO FIAMINGHI ROY LICHTENSTEIN BELMIRO DE ALMEIDA
f)
ESCALA - MAGRITTE
d) e)
TEXTURA - LINHA - LEONARD
VAN GOGH TSUGUOHARU FOUJITA
FONTES:
(a) <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa8784/hermelindo-fiaminghi%27,%27%27width=
799,heigt=488,s-crollbars=yes,left=0,top=0%27>;
(b) <https//designculture.com.br/pontilhismo-uma-tecnica-de-varios-estilos>;
(c) <http://warburg.chaa-unicamp.com.br/obras/view/9242>;
(d) <http://www.falandodeartes.com.br/2014/05/leitura-de-obras-elementos-tecnicos-de.html>;
(e) <http://art-image-studies.blogspot.com/2010/11/leonard-tsuguoharu-foujita-paul-grant.html>;
(f) <https://pt.scribd.com/document/14811424/SAMIZDAT16>.
86
TÓPICO 1 | ESPECIFICIDADES ESTÉTICAS E HISTÓRICO-CULTURAIS DA PINTURA
DICAS
FONTE: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:GoetheFarbkreis.jpg>.
Acesso em: 17 nov. 2018.
87
UNIDADE 2 | DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO CRIATIVO COM A PINTURA
Pode parecer estranho o que falaremos agora, mas não existe cor em si, ela
não tem existência material, uma vez que se constitui em uma sensação produzida
pela incidência da luz sobre nossos olhos. O vocábulo COR designa a percepção
do fenômeno e a palavra MATIZ seria o estímulo, as radiações luminosas.
88
TÓPICO 1 | ESPECIFICIDADES ESTÉTICAS E HISTÓRICO-CULTURAIS DA PINTURA
89
UNIDADE 2 | DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO CRIATIVO COM A PINTURA
FIGURA 14 - CARAVAGGIO. CEIA EM EMAÚS, 1606. ÓLEO SOBRE TELA. 141 X 175 CM.
PINACOTECA DI BRERA, MILÃO
FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Ceia_em_Ema%C3%BAs_(Caravaggio,_Mil%C3%A3o)>.
Acesso em: 17 nov. 2018.
Cildo Meireles (1948) soube se valer muito bem da cor vermelha para a sua
instalação Desvio para o Vermelho, concebida em 1967 e em exposição permanente
desde 2006 em Inhotim. A obra é composta por três ambientes que se relacionam.
90
TÓPICO 1 | ESPECIFICIDADES ESTÉTICAS E HISTÓRICO-CULTURAIS DA PINTURA
FONTE: <https://anitagiansante.wordpress.com/2015/02/25/week-two/>.
Acesso em: 17 nov. 2018.
É válido notar que outrora, para que uma pintura fosse tida como
satisfatória, primeiramente, era necessário ter um bom desenho e uma boa
composição, para que depois fosse a ela agregada a cor. A tradição clássica
primava pela perspectiva geométrica, pelas exatas relações de espaço ocupadas
pelas figuras retratadas, de modo que a cor se subordinava aos contornos do
desenho.
91
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
92
AUTOATIVIDADE
93
94
UNIDADE 2 TÓPICO 2
1 INTRODUÇÃO
É perceptível que a pintura é realizada com o uso de pincéis e tintas,
mas ela também adquire amplitude quando são trabalhados os seus elementos
isoladamente, ganhando nova visualidade. Isso acarreta mudanças significativas
na natureza da obra pictórica e em como ela é percebida. Diante dos inúmeros
desdobramentos da era tecnológica, a arte não poderia ficar indiferente.
NOTA
FONTE: KRAUSS, Rosalind. A escultura no campo ampliado. Rio de Janeiro: Gávea, 1984.
95
UNIDADE 2 | DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO CRIATIVO COM A PINTURA
[...] a imagem da arte moderna, que se mantém por meio das mídias de
todas as espécies, contribui para desconsiderar a arte contemporânea:
julga-se o presente pelos padrões do tempo passado, quando os
critérios de valor subsistiam, quando a ‘modernidade’ era limitada e
cabia inteiramente dentro do conceito de ‘vanguarda’, quando a arte,
ao que parece, assumia sua função crítica (CAUQUELIN, 2005, p. 54).
FIGURA 16 - ERNESTO NETO. PAFF PUFF AND THE ETERNAL INFINITE, 1998.
FONTE: <https://artinwords.de/ernesto-neto/ernesto_neto_paff_puff_and_the_eternal_
infinite_1998_detail/>. Acesso em: 17 nov. 2018.
96
TÓPICO 2 | PINTURA NO CAMPO AMPLIADO
FIGURA 17 - GRAFITE
a) b) c)
BASQUIAT KEITH HARING OS GÊMEOS
FONTES: (a) <https://whitney.org/Exhibitions/IYOUWE>;
(b) <http://www.dionisioarte.com.br/keith-haring-um-icone-do-grafite-dos-anos-80/>;
(c) <https://nanu.blog.br/na-nuzeando-osgemeos/>. Acesso em: 15 dez. 2018.
Também ganham relevo a procura por uma verdade individual, por uma
identidade particular e valorização do mundo interno, perceptível em vários
artistas, que sugerem ao espectador que elas podem ser universais, a exemplo
de Huidinilson Jr. (1957 - 2013), Sophie Calle (1953), Regina Silveira (1939), Paulo
Bruscky (1949), Adriana Varejão (1964) e José Rufino (1965).
DICAS
97
UNIDADE 2 | DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO CRIATIVO COM A PINTURA
Existe um legado deixado pelos pintores tradicionais que sem ele não
poderiam as novas maneiras de pintura existir. A pintura, então, ganha mais um
lugar na arte contemporânea, já delineado por Yves Klein (1928–1962), quando
substitui seus pincéis por modelos em Anthropometrie, enquanto uma orquestra
tocava Sinfonia Monótona, de somente uma nota, criada pelo artista em 1949.
FONTE: <http://genevieve-charras.blogspot.com/2016/01/les-danseuses-bleues-dyves-klein.
html>. Acesso em: 17 nov. 2018.
98
TÓPICO 2 | PINTURA NO CAMPO AMPLIADO
3 PERSPECTIVAS NA PINTURA
O raciocínio pictórico transpassa a fronteira do suporte convencional,
ampliando a discussão a respeito da pintura na contemporaneidade. Vamos
conhecer alguns artistas em cujas obras podem ser vistas essas preocupações
que permeiam o ambiente pictórico. Mostraremos expressões contemporâneas
de pintura e um possível caminho que ela está seguindo, com sua complexidade
e sem preconceitos. Afinal, há rumos que primam pela materialidade e outros a
luminosidade, ou a estrutura, o ritmo, sem graus de valores.
NOTA
99
UNIDADE 2 | DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO CRIATIVO COM A PINTURA
FIGURA 21 - LÚCIA KOCH. DEGRADÊ, 2004. PAÇO DAS ARTES, SÃO PAULO
FIGURA 22 - AMÉLIA TOLÊDO. PESO, 1970. VIDRO SOPRADO, ÁGUA, ESPUMA E CORANTE
VERMELHO. 12 X 10 X 10 CM.
100
TÓPICO 2 | PINTURA NO CAMPO AMPLIADO
FONTE: <https://www.metropoles.com/colunas-blogs/plastica/viagem-pela-arte-
contemporanea-na-colecao-de-sergio-carvalho>. Acesso em: 17 nov. 2018.
Já Albano Afonso (1964) retoma Noite estrelada, de Van Gogh, e cria flashes
para substituir as estrelas. Paulo Reis (2004, s.p.) enfatiza que “o código para
a compreensão de sua obra está no conhecimento antecipado da arte, pois ou
conhece-se e integra-se ao jogo, ou desconhece-se e está fora”. E ainda coloca:
101
UNIDADE 2 | DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO CRIATIVO COM A PINTURA
FONTE: <http://art-sheep.com/albano-afonso-fazendo-estrelas-making-stars/>.
Acesso em: 17 nov. 2018.
102
TÓPICO 2 | PINTURA NO CAMPO AMPLIADO
FONTE: <http://press.cmoa.org/high-resolution-images/helio-oiticica/2013-78/>.
Acesso em: 17 nov. 2018.
A artista Elida Tessler (1961) elabora Fundo de Rumor mais macio que
o silêncio e dialoga com a ideia de horizonte de Oiticica. Sua paisagem ocupa
quatro paredes e é criada a partir de palha de aço, cuja oxidação pinta a parede na
altura dos olhos do espectador, formando a linha do horizonte na medida em que
marca seu trajeto, deixando sua memória. Cabe observar que o título se refere ao
personagem do livro Macrovaldo ou As Estações na Cidade (1994), de Calvino, que
procura “paz e um pouco de rumor na cidade”.
FIGURA 27 - ELIDA TESSLER. FUNDO DE RUMOR MAIS MACIO QUE O SILÊNCIO, 2003/2004
103
UNIDADE 2 | DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO CRIATIVO COM A PINTURA
DICAS
104
TÓPICO 2 | PINTURA NO CAMPO AMPLIADO
FONTE: <https://www.wikiart.org/pt/dan-flavin/a-primary-picture-1964>.
Acesso em: 17 nov. 2018.
105
UNIDADE 2 | DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO CRIATIVO COM A PINTURA
106
TÓPICO 2 | PINTURA NO CAMPO AMPLIADO
FONTE: <http://www.canalcontemporaneo.art.br/_v3/site/perfil_individuo.
php?idioma=br&perfil_usuario=5486>. Acesso em: 17 nov. 2018.
107
UNIDADE 2 | DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO CRIATIVO COM A PINTURA
FONTE: <https://design-milk.com/oh-the-farmer-and-the-cowman-should-be-friends-by-ron-
arad/>. Acesso em: 17 nov. 2018.
108
TÓPICO 2 | PINTURA NO CAMPO AMPLIADO
FONTE: <http://design.novoambiente.com/produto/saca-rolhas-anna-g/>.
Acesso em: 17 nov. 2018.
FONTE: <https://magazine.designbest.com/en/specials/salone-del-mobile-2015/juicy-salif-
history-of-a-sculptural-lemon-squeezer/>. Acesso em: 17 nov. 2018.
Na moda, alguns estilistas buscaram unir seu produto à arte, como pode
ser visto em Paul Poiret (1879–1944), Giorgio Armani (1934), Azzedine Alaïa
(1940–2017), Marc Jacobs (1963), Hussein Chalayan (1970) e Thierry Mugler
(1948). Este último declarou, ao justificar suas criações, que:
109
UNIDADE 2 | DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO CRIATIVO COM A PINTURA
FONTE: <http://www.livingly.com/runway/Paris+Fashion+Week+Fall+2012/Thierry+Mugler>.
Acesso em: 17 nov. 2018.
FONTE: <http://couleurs-d-istanbul.over-blog.com/article-couleurs-high-tech-pour-un-createur-
de-mode-turc-huseyn-a-layan-53895315.html>. Acesso em: 17 nov. 2018.
UNI
FONTE: <https://bornfromrock.com/blogs/journal/elsa-schiaparelli-hat>.
Acesso em: 17 nov. 2018.
111
UNIDADE 2 | DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO CRIATIVO COM A PINTURA
FONTE: <http://mocnakultura.blogspot.com/2017/02/10-lutego-japonka-w-elektrycznej.html#>.
Acesso em: 17 nov. 2018.
112
TÓPICO 2 | PINTURA NO CAMPO AMPLIADO
FONTE: <https://hypebeast.com/2010/1/damien-hirst-religion-cashmere-blanket>.
Acesso em: 15 dez. 2018
UNI
113
UNIDADE 2 | DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO CRIATIVO COM A PINTURA
NOTA
114
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, vimos que:
• A linguagem pictórica pode ser ampliada, assim como propôs Rosalind Krauss
no campo da escultura.
115
AUTOATIVIDADE
116
FIGURA - JUM NAKAO. A COSTURA DO INVISÍVEL, 2004. SÃO PAULO FASHION WEEK
117
118
UNIDADE 2 TÓPICO 3
PINTURA NA ESCOLA
1 INTRODUÇÃO
Sabe-se que não é fácil lidar com pintura dentro do ambiente escolar
devido à curta duração das aulas, ambientes pouco equipados e número grande
de alunos nas turmas. Mas é possível ser criativo e realizar um bom trabalho em
torno da arte-educação.
DICAS
NOVAES, Adauto (org.). O Olhar. São Paulo: Companhia das Letras, 1988.
119
UNIDADE 2 | DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO CRIATIVO COM A PINTURA
2 O ENSINO DA ARTE
Desde os anos 60, notamos o surgimento de artistas que apresentam aos
espectadores uma maneira diferente de conceber, pensar e perceber a arte. Fato
este que atesta o diálogo entre o que é produzido e o modo de vida da sociedade
atual, o que, consequentemente, demandou uma postura diferenciada do
público, afirmação ratificada por Fernando Cocchiarale (2006, p. 6) quando diz
120
TÓPICO 3 | PINTURA NA ESCOLA
NOTA
121
UNIDADE 2 | DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO CRIATIVO COM A PINTURA
DICAS
Não deixe de ler o artigo Arte, só na aula de arte? de Miriam Celeste Martins.
MARTINS, Mirian Celeste. Arte, só na aula de arte? Revista Educação, Porto Alegre, v. 34, n. 3,
p. 311-316, set.-dez. 2011. Disponível em: <http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/
faced/article/viewFile/9516/6779>. Acesso em: 11 fev. 2019.
122
TÓPICO 3 | PINTURA NA ESCOLA
3 ARTE E COMUNICAÇÃO
Para abordar a arte de maneira efetiva, o professor pode propor projetos
transdisciplinares, estudar a cultura visual, sobretudo no espaço urbano, ou
melhor, o que faz parte do cotidiano dos alunos.
UNI
DICAS
Veja o documentário Degrau, de 2009, que versa sobre arte, espaço público
e seu cotidiano.
123
UNIDADE 2 | DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO CRIATIVO COM A PINTURA
Ana Mae, em entrevista à Revista Época (maio 2016, s.p.), enfatiza que
“A arte não é babado cultural, não é enfeite para botar em parede”. E acrescenta
que o ensino da arte nas escolas desenvolve a capacidade de interpretação, e “ao
interpretar, você amplia a sua inteligência e a sua capacidade perceptiva, que vai
aplicar em qualquer área da vida”.
124
TÓPICO 3 | PINTURA NA ESCOLA
[...]
A arte auxilia a criança no aprender a ver o que está à sua volta. Mas é
preciso que o trabalho com a arte ultrapasse o livre expressar e adentre a história
e a crítica, ampliando a gama de referências. Não se espera que o aluno se torne
um artista, mas que ele alie o seu conhecimento sensível ao inteligível.
125
UNIDADE 2 | DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO CRIATIVO COM A PINTURA
UNI
UNI
Temos a vivência do estético cotidianamente, por isso ele se revela rico para
propostas pedagógicas. O ensino, nesse viés, se orienta não por objetos, mas pelos interesses
e experiências dos alunos.
4 A PINTURA NA EDUCAÇÃO
Apesar das dificuldades sinalizadas na Introdução deste tópico, a pintura
é amplamente utilizada na arte-educação, por abranger diversas técnicas e ser
relativamente de baixo custo. E na ausência de tintas, é possível utilizar outros
materiais que proporcionam o elemento pictórico, como o carvão, café, urucum,
açafrão, e até mesmo beterraba, papel crepom, cola, dentre outros.
126
TÓPICO 3 | PINTURA NA ESCOLA
DICAS
127
UNIDADE 2 | DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO CRIATIVO COM A PINTURA
DICAS
128
TÓPICO 3 | PINTURA NA ESCOLA
FONTE: <http://ohermenauta.files.wordpress.com/2009/09/wtcsolitude.jpg?w=313&h=393>.
Acesso em: 17 nov. 2018.
Muitos professores dão ênfase para a arte moderna ou clássica, por isso,
nossa proposta aqui é trazer o pensamento sobre a arte contemporânea para dentro
da sala de aula. A escolha pela história da arte já sedimentada é extremamente
válida, mas é importante que os alunos saibam o porquê de a arte se apresentar
atualmente de outra maneira.
Propomos que se trabalhem temas atuais, uma vez que são eles os
mais pensados pela arte atual, afinal, a estética segue o seu tempo. Assim,
compreendendo a sociedade de hoje, é possível se embrenhar com tranquilidade
na arte contemporânea. E mesmo quando se trata de movimentos artísticos, pode-
se dialogá-los com o que está acontecendo no momento. Hoje, uma tendência
artística não supera outra, mas convivem simultaneamente.
129
UNIDADE 2 | DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO CRIATIVO COM A PINTURA
FONTE: <http://www.walmorcorrea.com.br/obra/2005-super-herois/>.
Acesso em: 18 dez. 2018.
130
TÓPICO 3 | PINTURA NA ESCOLA
DICAS
Nesta fase do ensino de arte, as Teorias das Cores podem ser estudadas com
afinco. Para as atividades práticas recomenda-se o uso da tinta Tales, que pode ser comprada
em conjunto pelos alunos. Experiência interessante seria a consonância nos laboratórios
de física, a fim de compreender o comprimento de luz e prismas. Para as escolas que não
possuem um local próprio para essas práticas, é possível levar os alunos para o ar livre e
efetuar os procedimentos com o auxílio da luz do Sol direcionada e de lupas.
131
UNIDADE 2 | DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO CRIATIVO COM A PINTURA
DICAS
A obra de arte não pode mais ser lida dentro de um movimento artístico,
pois é um prolongamento do artista, inserido no mundo da diversidade cultural.
Afinal, como nos fala Mirian Celeste Martins (2001, p.312), “não há mundo
objetivo, apenas interpretações”.
Temos que ter cuidado para não fortalecer a história oficial, em detrimento
do diálogo, da conversa, da ampliação do repertório e das inúmeras conexões.
Os filósofos Deleuze e Guattari (1992, p. 213) diziam que a arte é um “composto
de perceptos e afetos”. Assim, somos convidados a pensar. É daqui o conceito
de rizoma, de fronteiras líquidas. Mediar é ter uma leitura compartilhada. Não
estabelecer categorizações com estáveis fronteiras, mas líquidas, instigando
conversações.
132
TÓPICO 3 | PINTURA NA ESCOLA
— Mas professor, eu não lhe serviria para nada. Nem sei ler uma
simples equação matemática.
— Isto não tem importância alguma — respondeu o professor —; as
equações se aprendem; é uma técnica apenas. Mas a visão espacial
que você foi capaz de expor para mim, ao comentar a estrutura das
obras impressionistas e as transformações no Cubismo, contém
pensamentos bem interessantes. De fato, aproximam-se de certas
conjecturas que nós estamos formulando para tentar explicar certos
fenômenos no universo e, talvez, a própria origem do universo. O
que necessitamos na pesquisa é exatamente disto: a mente aberta para
novas possibilidades, a imaginação e a capacidade de relacionar dados
de maneira diferente, intuindo contextos globais, em que tais dados
poderiam se encaixar em uma nova visão da realidade. Naturalmente,
depois tudo necessita de repetidas verificações. Mas pense nisto; estou
falando sério.
Eu me senti extremamente emocionada.
— O senhor me fez um grande elogio — respondi. E também me
ofereceu um presente, do qual talvez nem se dê conta. O que acaba de
dizer significa muito, e não apenas sobre certas questões estilísticas na
arte. Envolve mais do que isto. Também confirma uma íntima convicção
minha, de que a arte representa um caminho de conhecimento da
realidade humana (OSTROWER, 1998, p. 14).
Aqui vemos que há uma íntima conexão entre as áreas de saber. Como
último exemplo, para ratificar tal posicionamento, apresentamos a obra de Paola
di Bello, La Disparittion (2014), a qual mostra as marcas deixadas no mapa por
quem o manipula. Vemos ali os sujeitos e a memória de sua passagem pela cidade
de Paris.
133
UNIDADE 2 | DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO CRIATIVO COM A PINTURA
134
TÓPICO 3 | PINTURA NA ESCOLA
LEITURA COMPLEMENTAR
No que diz respeito à cultura local, pode-se constatar que apenas o nível
erudito desta cultura é admitido na escola. As culturas de classes sociais baixas
continuam a ser ignoradas pelas instituições educacionais, mesmo pelos que
estão envolvidos na educação destas classes. Nós aprendemos com Paulo Freire
a rejeitar a segregação cultural na educação. As décadas de luta para salvar os
oprimidos da ignorância sobre eles próprios nos ensinaram que uma educação
libertária terá sucesso só quando os participantes no processo educacional forem
capazes de identificar seu ego cultural e se orgulharem dele. Isto não significa a
defesa de guetos culturais ou negar às classes baixas o acesso à cultura erudita.
Todas as classes têm o direito de acesso aos códigos da cultura erudita porque
esses são os códigos dominantes - os códigos do poder. É necessário conhecê-los,
ser versado neles, mas tais códigos continuarão como um conhecimento exterior
a não ser que o indivíduo tenha dominado as referências culturais da sua própria
classe social, a porta de entrada para a assimilação do "outro". A mobilidade social
depende da inter-relação entre os códigos culturais das diferentes classes sociais.
136
TÓPICO 3 | PINTURA NA ESCOLA
137
UNIDADE 2 | DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO CRIATIVO COM A PINTURA
estereotipados para os dias das mães ou dos pais e, na melhor das hipóteses,
apenas como livre expressão. A falta de preparação de pessoal para ensinar artes
é um problema crucial, nos levando a confundir improvisação com criatividade.
A anemia teórica domina a arte-educação que está fracassando na sua missão
de favorecer o conhecimento nas e sobre artes visuais, organizado de forma a
relacionar produção artística com apreciação estética e informação histórica, esta
integração corresponde à epistemologia da arte. O conhecimento das artes tem
lugar na interseção da experimentação, decodificação e informação. Nas artes
visuais, estar apto a produzir uma imagem e ser capaz de ler uma imagem são
duas habilidades inter-relacionadas.
Leitura visual
Em nossa vida diária, estamos rodeados por imagens impostas pela mídia,
vendendo produtos, ideias, conceitos, comportamentos, slogans políticos etc.
Como resultado de nossa incapacidade de ler essas imagens, nós aprendemos por
meio delas inconscientemente. A educação deveria prestar atenção ao discurso
visual. Ensinar a gramática visual e sua sintaxe através da arte e tornar as crianças
conscientes da produção humana de alta qualidade é uma forma de prepará-
las para compreender e avaliar todo o tipo de imagem, conscientizando-as de
que estão aprendendo com estas imagens. Um currículo que integre atividades
artísticas, história das artes e análise dos trabalhos artísticos levaria à satisfação
das necessidades e interesses das crianças, respeitando ao mesmo tempo os
conceitos da disciplina a ser aprendida, seus valores, suas estruturas e sua
específica contribuição à cultura. Dessa forma, realizaríamos um equilíbrio entre
as duas teorias curriculares dominantes: aquela centrada na criança e a centrada
na disciplina (matéria), este equilíbrio curricular começou a ser defendido no
Reino Unido pelo Basic Design Movement durante os anos 50, quando Harry
Thubron, Victor Pasmore, Richard Hamilton, Richard Smith, Joe Tilson e Eduardo
Paolozzi desenvolveram sua arte de ensinar a arte. Eles associaram atividades
artísticas com o ensino dos princípios do design e informação científica sobre o
ver, tudo isso com ajuda da tecnologia. Seus alunos estudavam gramática visual,
sua sintaxe e seu vocabulário, dominando elementos formais, tais como: ponto,
linha, espaços positivo e negativo, divisão de áreas, cor, percepção e ilusão, signos
e simulação, transformação e projeção nas imagens produzidas pelos artistas e
pelos meios de comunicação e publicidade. Eles foram acusados de racionalismo,
mas hoje, após quase 70 anos de arte-educação expressionista nas escolas do
mundo industrializado, chegamos à conclusão de que expressão "espontânea"
não é uma preparação suficiente para o entendimento da arte.
138
TÓPICO 3 | PINTURA NA ESCOLA
139
UNIDADE 2 | DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO CRIATIVO COM A PINTURA
140
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, estudamos os seguintes aspectos acerca do ensino da arte:
• Trabalhar com a cultura visual auxilia na compreensão da arte por parte dos
alunos.
141
AUTOATIVIDADE
142
UNIDADE 3
TÉCNICAS DE PINTURA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você
encontrará atividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
143
144
UNIDADE 3
TÓPICO 1
1 INTRODUÇÃO
Para conseguir expressar com êxito suas ideias, é recomendável que
o artista tenha ao seu alcance as tintas e os materiais necessários para tal. Para
cada poética há uma técnica que melhor se adéqua ao que se pretende expressar.
E para cada técnica há os instrumentos e o suporte mais adequado. A aquarela
requer papéis de maior gramatura, a tinta a óleo demanda diluentes e solventes.
Cada material relativo a determinada técnica pictórica possui características de
manuseio e especificações diferentes entre si.
145
UNIDADE 3 | TÉCNICAS DE PINTURA
FONTE: <https://veja.abril.com.br/ciencia/arte-rupestre-de-caverna-francesa-e-a-mais-antiga-ja-
encontrada-diz-estudo/>. Acesso em 18 jan. 2019.
146
TÓPICO 1 | MATERIAIS FUNDAMENTAIS PARA A PINTURA
ATENCAO
“A arte é uma emoção suplementar que é somada a uma técnica hábil” (CHARLES CHAPLIN).
“O erro próprio dos artistas é acreditarem que fariam melhor meditando do que
experimentando. [...] É fazendo que se descobre aquilo que se quer fazer” (ÉMILE-AUGUSTE
CHARTIER).
FONTE: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:De_mulieribus_claris_-_Marcia.png>.
Acesso em: 17 nov. 2018.
147
UNIDADE 3 | TÉCNICAS DE PINTURA
2 PIGMENTOS E SOLVENTES
Muitos processos de produção de tinta ainda são os mesmos há muitos
séculos, e os pigmentos naturais continuam a fornecer coloração durável. Mas a
indústria petrolífera nos favoreceu com a possibilidade de muitas outras cores
e tonalidades, além de resistência muito maior à iluminação, entretanto, ainda
ficamos estarrecidos diante do resultado conseguido com as substâncias de
outrora, isentas de tanta interferência industrial.
2.1 PIGMENTOS
Pigmento e tinta não são sinônimos: o primeiro é um elemento do segundo.
Ou seja, para que uma tinta seja produzida, é preciso que se una um pigmento a
um aglutinante. Assim, ele é o protagonista da tinta, pois suas partículas fornecem
as cores.
148
TÓPICO 1 | MATERIAIS FUNDAMENTAIS PARA A PINTURA
seu aglutinante. Antigamente, esse processo era feito manualmente com a ajuda
de um pilão ou uma pedra.
FONTE: <https://i0.wp.com/quadcitiesdaily.com/wp-content/uploads/2017/08/Equipment_
Crystals_Minerals-375x277.jpg>. Acesso em: 17 nov. 2018.
FIGURA 4 - PIGMENTOS
149
UNIDADE 3 | TÉCNICAS DE PINTURA
• Amarelo-indiano.
• Amarelo-limão.
• Laranja-de-cádmio.
• Laranja-de-cromo.
• Magenta.
• Vermelhão.
• Vermelhão inglês.
• Vermelho da China.
• Violeta de cobalto.
• Violeta-permanente.
• Carmim.
• Laca-de-garança.
• Ocre.
• Terra de Siena Natural.
• Terra de Siena Queimada.
• Sombra-natural.
• Sombra-queimada.
• Terracota.
• Marrom-castanho.
• Violeta de cobalto.
• Violeta-permanente.
• Azul-celeste.
• Azul-cerúleo.
• Azul da Prússia.
• Azul-real.
• Azul-ultramar.
• Azul-cobalto.
• Terra-verde.
• Verde de hooker.
• Verde-esmeralda.
• Verde-musgo.
• Verde-oliva.
• Verde-vessie.
• Branco-de-chumbo.
• Branco-de-titânio.
• Branco-de-zinco.
• Preto.
150
TÓPICO 1 | MATERIAIS FUNDAMENTAIS PARA A PINTURA
• Chumbo: por muitos séculos foi o único branco opaco disponível. Depois foi
substituído pelo titânio e zinco. Também estava na composição do amarelo de
Nápoles genuíno.
• Cádmio: tem coloração branca azulada, ainda é utilizado em algumas tintas.
• Cromo: presente em alguns amarelos e verdes.
• Arsênico: utilizado em alguns amarelos, vermelhos e violeta.
• Mercúrio: está em alguns laranjas de cádmio.
• Cobalto: substituído por azul ultramar.
• Antimônio.
151
UNIDADE 3 | TÉCNICAS DE PINTURA
E
IMPORTANT
3 SUPORTES
No decorrer da história, é possível observar que muitos suportes já foram
utilizados pelos pintores, como pedra, vidro, madeira, couro, pergaminho, papel
velino, tela e outros mais. Lembremo-nos do nosso exercício imaginativo de
visualizar nossos ancestrais. Qual é a pintura mais antiga de que temos notícia?
Lembra? É aquela encontrada na caverna de Chauvet, no Sul da França (Figura
1). Portanto, podemos afirmar que o suporte mais antigo conhecido até hoje são
as rochas das paredes das cavernas.
152
TÓPICO 1 | MATERIAIS FUNDAMENTAIS PARA A PINTURA
NOTA
FONTE: <http://diversao.terra.com.br/arteecultura/noticias/0,,OI893970-EI3615,00-Frisos+do
+Partenon+tinham+as+cores+azul+vermelho+e+verde.html>. Acesso em: 18 jan. 2019.
153
UNIDADE 3 | TÉCNICAS DE PINTURA
FONTE: <http://manualdoartista.com.br/preparacao-das-telas-de-pintura/>.
Acesso em: 18 jan. 2019.
NOTA
FIGURA 6 - DIEGO VELÁSQUEZ. AS MENINAS, 1656. ÓLEO SOBRE TELA. 318 X 276 CM.
MUSEU DO PRADO, MADRID
FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/As_Meninas_(Vel%C3%A1zquez)#/media/File:Las_Meninas,_
by_Diego_Vel%C3%A1zquez,_from_Prado_in_Google_Earth.jpg>. Acesso em: 18 jan. 2019.
154
TÓPICO 1 | MATERIAIS FUNDAMENTAIS PARA A PINTURA
ATENCAO
• Tinta a óleo: Triplex, uma vez que ambos os lados são impermeáveis.
• Tinta acrílica: Triplex; Debret; Canson (180 e 200 g/m²); Torchon (300 g/m²); Fabriano
(300 g/m²) e Montval (300g/m²).
• Aquarela: papel japonês (10 g/m²), Hahnemühle Fineart (165 e 300 g/m²), Debret; Canson
(180 e 200 g/m²); Torchon (300 g/m²); Fabriano (300 g/m²) e Montval (300g/m²).
• Têmpera e Guache: Hahnemühle Fineart (165 e 300 g/m²), Debret; Canson (180 e 200 g/
m²); Torchon (300 g/m²); Fabriano (300 g/m²) e Montval (300g/m²).
O cobre também foi muito utilizado como suporte a partir do século XVI,
e folhas de alumínio entraram em uso no século XX. Veja um exemplo dessa
técnica na imagem de um prato peruano abaixo, e perceba que o relevo recebe
uma camada de pigmento colorido.
FONTE: <https://http2.mlstatic.com/prato-de-cobre-do-peru-decoraco-desenho-em-alto-
relevo-D_NQ_NP_233505-MLB25027386159_082016-F.jpg>. Acesso em: 18 jan. 2019.
155
UNIDADE 3 | TÉCNICAS DE PINTURA
4 PINCÉIS E ACESSÓRIOS
Os pelos e cerdas usados na fabricação de pincéis variam muito em
qualidade, os melhores e mais caros não são facilmente encontrados
no mercado; mas o elemento mais importante na fabricação de pincéis
é a habilidade de um artesão experiente (MAYER, 2006, p. 592).
Ralph Mayer (2006) inicia a seção sobre pincéis, de seu livro, com a frase
acima, de modo a salientar a importância de se ter o conhecimento técnico para
a execução de um bom trabalho. E ao tratarmos de pintura, não podemos deixar
de abordar um de seus principais elementos: ferramentas para a aplicação da
tinta no suporte. Assim, podem ser usados inúmeros utensílios, como espátulas,
esponjas, roletes e pincéis, os mais populares. Vamos observar algumas tipologias,
mas antes vejam o que fala o referido teórico:
156
TÓPICO 1 | MATERIAIS FUNDAMENTAIS PARA A PINTURA
Vale ressaltar que os pincéis de pelo de esquilo são mais macios que os de boi.
Dentre os pelos naturais nobres, que são os mais macios, temos o de marta,
os mais caros do mundo.
157
UNIDADE 3 | TÉCNICAS DE PINTURA
158
TÓPICO 1 | MATERIAIS FUNDAMENTAIS PARA A PINTURA
159
UNIDADE 3 | TÉCNICAS DE PINTURA
160
TÓPICO 1 | MATERIAIS FUNDAMENTAIS PARA A PINTURA
NOTA
Desde tempos remotos os pincéis têm sido feitos de cerdas de animais presas a um cabo, ou
de pelos mais macios presos a uma pena de ave. Todavia, no antigo Egito faziam-se pincéis
de junco esmagando uma extremidade, separando as fibras e prendendo bem o junco no
ponto da separação das fibras. Outros pincéis são feitos de rebentos de diversas grossuras
FONTE: <http://cdnpix.com/show/imgs/6f202ed9e5819a9c4945855f40d4c1a7.jpg>.
Acesso em: 17 nov. 2018.
O artista italiano Cennino Cennini, que escreveu O Livro da Arte no século XV, deu instruções
pormenorizadas para o fabrico de pincéis. Para os de pelo macio, selecionavam-se molhos
de pelos das caudas de coelhos (ou esquilos), cozinhando-os para aplicação em diversos
cálamos, desde os de abutre aos de rola. Esses pelos eram amarrados, inseridos no cálamo
e puxados até o comprimento desejado. Colocava-se um pau de castanheiro, ou de bordo,
macio e adelgaçado, com 22,5 cm, no cálamo para formar o cabo. Para os pincéis de cerdas,
amarrava-se um molho de cerdas brancas de porco à uma vara, que depois se usava para
caiar paredes até a cerda se tornar macia. Desamarravam-se em seguida e juntavam-se em
molhos mais pequenos dos tamanhos desejados. Enfiava-se a ponta duma vara em cada
molho e amarrava-se o pincel até meio comprimento dos pelos. Este método foi praticado
até o século XIX, quando se divulgaram as virolas (tira de metal que prende os pelos ao cabo).
A virola de metal permitia modificar a forma do pincel para criar os pincéis chatos.
Hoje em dia, os fabricantes de pincéis compram o pelo ligado e preparado por fornecedores
especializados. No caso do pelo de marta, a operação envolve o corte do pelo em faixas
junto à pele, com remoção da ponta e da base do pelo, ficando o pelo macio na base
aproveitando só os pelos fortes. Os pelos são tratados pelo vapor sob pressão para os esticar
até ao comprimento desejado.
161
UNIDADE 3 | TÉCNICAS DE PINTURA
Para misturar a tinta os artistas se valem das paletas e godês, que auxiliam
nos trabalhos ao ar livre, além de os pintores terem sempre à mão as cores que
estão utilizando no atual trabalho.
4.3 PALETAS
Utilizadas para separar e misturar as tintas. Para as tintas à base de água
podem ser usadas as de plástico. Desde o século XV são utilizadas, outrora
pequenas e quadradas, eram banhadas em óleo de linhaça, que deixavam secar e
endurecer, justamente para proteger a madeira dos óleos das tintas. Atualmente
a proteção ocorre por meio de vernizes.
FIGURA 19 - PALETA
FONTE: <https://revistanews.com.br/2018/05/31/sapucaienses-podem-se-inscrever-em-cursos-
gratuitos-de-cultura-e-lazer/>. Acesso em: 18 jan. 2019.
162
TÓPICO 1 | MATERIAIS FUNDAMENTAIS PARA A PINTURA
4.4 GODÊS
Possuem divisões, essenciais para os trabalhos em aquarelas e para
armazenar alguns líquidos (os diluentes ou os secantes).
FIGURA 20 - GODÊ
163
UNIDADE 3 | TÉCNICAS DE PINTURA
5 CONSERVAÇÃO E MOLDURAS
Grandes museus se empenharam em pesquisas na área de conservação,
auxiliando os artistas com informações a respeito das razões da deterioração das
obras e a consequente descoberta de métodos eficazes para minimizar o efeito do
tempo (luz, calor e umidade são fatos preponderantes para o envelhecimento da
imagem).
FIGURA 22 - ADAM PYNACKER. PAISAGEM COM DESPORTISTAS, 1665. ÓLEO SOBRE TELA. 198
X 138. DULWICH PICTURE GALLERY, LONDRES
FONTE: <http://pt.wahooart.com/@@/A29QCN-Adam-Pynacker-Paisagem-com-desportistas-e-
Jogo>. Acesso em: 18 jan. 2019.
164
TÓPICO 1 | MATERIAIS FUNDAMENTAIS PARA A PINTURA
5.2 AS MOLDURAS
Outro aspecto de proteção, e mesmo para valorizar um quadro, é a
moldura e o passe-partout, uma espécie de moldura interna para ampliar a tela e,
assim, as informações contidas no entorno não interferirem visualmente na obra.
FONTE: <https://www.mobly.com.br/quadro-p-b-contemporaneo-e-passepartout-gare-ou-nord-
18-x-23-cm-preto-15258.html>. Acesso em: 02 fev. 2019.
165
UNIDADE 3 | TÉCNICAS DE PINTURA
FIGURA 24 – MOLDURAS
LUCA SIGNORELLI. MADONNA JEAN-ETIENE LIOTARD. PRÍNCIPE BENEDICT WILLIAM BOUGUEREAU.
E CRIANÇA, 1505-1507. ÓLEO E STUART E PRÍNCIPE CHARLES EDWARD STUART, AS LARANJAS, 1865. ÓLEO
OURO SOBRE MADEIRA 1736-1738. AQUARELA E GUACHE SOBRE VELINO SOBRE TELA
a) b) c)
LOUIS MECLENBURG. PONTE CHILDE HASSAM. UMA JAN TOOROP. DUAS MULHERES,
DE RIALTO A NOITE, 1864. ESTRADA NO CAMPO, 1891. 1893. LÁPIS, CRAYONS COLORIDOS E
ÓELO SOBRE TELA PASTEL SOBRE PAPEL AQUARELA SOBRE PAPEL, EM MOLDURA
PINTADA PELO PRÓRPIO ARTISTA.
d) e) f)
FONTES: (a), (c), (d), (e) e (f) <http://joserosarioart.blogspot.com/2014/09/historia-da-moldura.html>;
(b) <https://enfilade18thc.com/2014/12/17/stuart-miniatures-by-liotard-on-offer-at-tefaf-2015/>.
Acesso em: 13 fev. 2019.
166
TÓPICO 1 | MATERIAIS FUNDAMENTAIS PARA A PINTURA
FONTE: <http://joserosarioart.blogspot.com/2014/09/historia-da-moldura.html>.
Acesso em: 2 fev. 2019.
DICAS
OS MATERIAIS NA ESCOLA
Levando em conta o que foi exposto, podemos optar pela solução mais simples
que cause estímulo nos alunos. Em uma turma com pouca, ou nenhuma prática artística,
deve-se começar com as pequenas experiências, mas que estimulam os alunos de forma
mágica. Alguns materiais simples podem gerar bom desfecho. O lápis de cor utilizado com
o simples papel branco pode promover a satisfação em experimentar a mistura das cores
primárias resultando em suas cores secundárias efetuadas pelos próprios alunos. Neste
simples exemplo, de pintura à lápis, temos o pigmento, o suporte e a “obra” finalizada.
168
RESUMO DO TÓPICO 1
• Os solventes e diluentes servem para serem misturados às tintas para que estas
adquiram a consistência ideal. Servem também para a limpeza dos materiais.
169
AUTOATIVIDADE
170
UNIDADE 3
TÓPICO 2
1 INTRODUÇÃO
Desde o surgimento do mercado dos pigmentos e tinturas, os artistas
abandonaram a antiga prática de produção da própria tinta. Ainda alguns se
dedicam a esta tarefa artesanal, mas em quantidade ínfima. Uma técnica antiga,
que será investigada neste material, é a têmpera, que tem a gema como veículo.
A pintura mural, como a primeira manifestação de arte, embora não com este
intuito, também será abordada, observando o seu caminhar e modificações
históricas.
A pintura com tinta guache é muito executada nas escolas devido à sua
característica de não “manchar” as roupas dos alunos. São geralmente compradas
já prontas nas lojas para a prática em sala. A palavra guache significa tinta de
água, por este motivo possui alguma similaridade à aquarela, mas com uma
densidade maior e mais opaca daquela em relação a esta.
171
UNIDADE 3 | TÉCNICAS DE PINTURA
2 TÊMPERA
Na era paleolítica, os homens misturavam pigmentos à água, gordura
e mesmo sangue de animais, por isso convém dizer que foram os primeiros a
utilizarem a têmpera. Outrora, o termo foi utilizado referindo-se a qualquer
médium líquido aglutinado a um pigmento. Anos mais tarde, passou a designar
as emulsões feitas com gema de ovo. Atualmente, é possível encontrar tintas para
cartazes com essa denominação, entretanto, são apenas uma variação do guache
de maior qualidade. A verdadeira têmpera é difícil de encontrar, mesmo em casas
especializadas.
172
TÓPICO 2 | ESTUDANDO PRÁTICAS DE PINTURA
FONTE: <https://commons.wikipedia.org/wiki/File:Wilton_diptych.jpg>.
Acesso em: 17 nov. 2018.
FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Domenico_guirlandaio,_ritratto_di_giovane_
donna,_lisbona.jpg>. Acesso em: 17 nov. 2018.
173
UNIDADE 3 | TÉCNICAS DE PINTURA
O suporte mais adequado para esta técnica é o gesso, que deve ser aplicado
sobre um firme suporte, como a madeira. Ele tem um grau ideal de absorção do
produto. De todo modo, a pintura com a gema do ovo exige um suporte duro a
fim de que ela não rache com a secagem. Assim, outra opção, além do gesso, é
acrescentar, sob uma base de madeira, um tecido de algodão ou linho. Para efeito
de experiência, a sugestão é utilizar madeira de baixo custo como suporte, como
os compensados ou placas de MDF lixadas.
Prepara-se, então, a base com 200 gramas de gesso cré, fungicida, cola
vinílica (250 ml) e adiciona-se água aos poucos, até que a consistência semelhante
à tinta de parede (dessas compradas em lojas de material de construção) seja
atingida.
FONTE: <https://en.wikipedia.org/wiki/Andrea_Mantegna#/media/File:Andrea_Mantegna_-_
The_Lamentation_over_the_Dead_Christ_-_WGA13981.jpg>. Acesso em: 18 jan. 2019.
174
TÓPICO 2 | ESTUDANDO PRÁTICAS DE PINTURA
FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_pinturas_de_Sandro_Botticelli#/media/
File:Sandro_Botticelli_004.jpg>. Acesso em: 18 jan. 2019.
FONTE: <http://www.educacaodecriancas.com.br/brincadeiras-e-atividades/tempera-ovo>.
Acesso em: 18 jan. 2019.
175
UNIDADE 3 | TÉCNICAS DE PINTURA
FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Michelangelo#/media/File:Michelangelo_Buonarroti_
Tondo_Doni.jpg>. Acesso em: 18 jan. 2019.
FONTE: <http://nicoevo.info/grunewald-crucifixion-painting/grunewald-crucifixion-painting-
grunewalds-isenheim-altarpiece-the-plague-hieronymus-bosch/>. Acesso em: 18 jan. 2019.
176
TÓPICO 2 | ESTUDANDO PRÁTICAS DE PINTURA
FIGURA 34 - GIÁCOMO BALLA. MERCURY PASSING BEFORE THE SUN, 1914. TÊMPERA SOBRE
TELA. 120 X 100 CM. GUGGENHEIM, NOVA YORK
FONTE: <https://wanford.com/planet-mercury-passing-in-front-of-the-sun-1914-by-giacomo-
balla>. Acesso em: 18 jan. 2019.
3 GUACHE
Para aqueles que desejam uma superfície uniforme, lisa e opaca em suas
pinturas, o guache é uma ótima opção.
Guache vem da palavra italiana guazzo (aguada), uma vez que, no século
XIV, um monge adicionou branco à aquarela e obteve coberturas mais eficientes,
além de maior brilho às suas iluminuras. Neste viés, o guache se caracteriza por
ser uma aguada com opacidade. A tinta é produzida da mesma maneira que a
aquarela, mas contém mais pigmento e glicerina, para deixá-la mais espessa e
solúvel, ou melhor, mais opaca e fluida.
177
UNIDADE 3 | TÉCNICAS DE PINTURA
FIGURA 35 - HENRY MATISSE. NU AZUL III, 1952. GUACHE. 112 X 73,5 CM. MUSEU NACIONAL
DE ARTE MODERNA, PARIS
FONTE: <https://www.wikiart.org/en/henri-matisse/blue-nude-iii-1952>.
Acesso em: 17 nov. 2018.
Como suporte para esta técnica pode-se utilizar madeira, tela ou papel
com maior gramatura (mínimo 180 g/m²). Diferente da aquarela, os papéis
coloridos são bem-vindos. Muitos artistas adquirem folhas em um tom médio,
para realçar tanto os tons claros quanto os escuros. Cabe indicar que os mesmos
pincéis para aquarela servem muito bem para a pintura à guache.
Para a pintura à seco, basta espalhar a tinta sobre o suporte, mas para
obtenção de efeitos de aguada se faz necessária a mistura da tintura com um
pouco de água, como vemos com Aldo Bonadei (1906–1974). Em sua Natureza-
Morta, o artista utilizou como suporte o papel cartão.
178
TÓPICO 2 | ESTUDANDO PRÁTICAS DE PINTURA
FONTE: <https://www.blouinartsalesindex.com/auctions/Aldo-Bonadei-5057251/null>.
Acesso em: 18 jan. 2019.
4 MURAL
No começo do item anterior, vimos que as primeiras pinturas de que
temos notícia foram executadas em paredes nas cavernas. Ao longo da história,
essa técnica pictórica permaneceu presente, mas com uma outra roupagem. Os
humanos da época dos etruscos e romanos, por exemplo, realizaram muitos
murais, a exemplo dos encontrados em Pompeia no século I d.C.
Neste momento surgia a pintura conhecida por afresco: uma técnica que se
constitui por misturar os pigmentos dissolvidos em água agregados à argamassa
úmida, aplicada depois na parede, guardada algumas obrigatoriedades na
preparação deste suporte. Com Giotto di Bondone (1266–1337), os afrescos
ganham enorme notoriedade, sobretudo na Capela Scrovegni, onde o artista
demonstra a sua noção espacial, naturalismo e narrativa dramática.
179
UNIDADE 3 | TÉCNICAS DE PINTURA
FONTE: <https://rafaegabipelomundo.co/2016/01/19/padua-a-cidade-de-santo-antonio-e-da-
capela-de-giotto/>. Acesso em: 18 jan. 2019.
E
IMPORTANT
180
TÓPICO 2 | ESTUDANDO PRÁTICAS DE PINTURA
FONTE: <https://www.culturagenial.com/afrescos-teto-capela-sistina/>.
Acesso em: 18 jan. 2019.
181
UNIDADE 3 | TÉCNICAS DE PINTURA
FONTE: <https://www.culturagenial.com/afrescos-teto-capela-sistina/>.
Acesso em: 18 jan. 2019.
182
TÓPICO 2 | ESTUDANDO PRÁTICAS DE PINTURA
FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Igreja_de_S%C3%A3o_Francisco_de_Assis_(Ouro_
Preto)#/media/File:Mestre_Ata%C3%ADde_-_Glorifica%C3%A7%C3%A3o_de_Nossa_Senhora_-_
Igreja_de_S%C3%A3o_Francisco_2.jpg>. Acesso em: 18 jan. 2019.
NOTA
No século XX, a pintura mural ganha novo fôlego e passa a ser a técnica
central de um grupo de pintores mexicanos, responsáveis pela denominação
do movimento artístico Muralismo. Três foram os mais significativos: Diogo
Rivera (1886–1957), David Alfaro Siqueiros (1896–1974) e José Clemente Orozco
(1883–1949). Vemos o conteúdo social e político transbordar na obra abaixo, como
representação da realidade. Otávio Paz fala que “Orozco no cuenta ni relata;
tampoco interpreta: se enfrenta a los hechos, los interroga, busca en ellos una
revelación” (PAZ, p. 236 apud JAIMES, 2012, p. 74).
183
UNIDADE 3 | TÉCNICAS DE PINTURA
FONTE: <https://latimesblogs.latimes.com/laplaza/2011/01/orozco-exhibit-mexico-muralist-1.
html>. Acesso em: 18 jan. 2019.
184
TÓPICO 2 | ESTUDANDO PRÁTICAS DE PINTURA
FONTE: <http://4.bp.blogspot.com/-3_VieXnYeQQ/VPsfsVBjEvI/AAAAAAAAAgw/vQtYN9KXc04/
s1600/elespiritudelsoho.jpg>. Acesso em: 18 jan. 2019.
Hoje, a utilização do afresco seco, como era feita em épocas passadas, caiu
em desuso, justamente pelo fato de os novos materiais não dialogarem com o uso
da cal.
5 ENCÁUSTICA
A técnica da encáustica se constitui na agregação do pigmento à cera de
abelha derretida, de modo que a mistura é aplicada ainda quente sobre o suporte frio.
Para que a tinta possa ser aplicada com pincel, deve-se manter o recipiente
aquecido. Ela seca assim que entra em contato com a superfície fria, podendo ser
retrabalhada com instrumentos quentes ou mesmo direcionando sobre o quadro
uma fonte de calor. Assim sendo, as pinceladas são mais curtas e logo em seguida
já é possível adicionar camadas sobrepostas.
185
UNIDADE 3 | TÉCNICAS DE PINTURA
Para fazer veladuras é preciso que haja pouco pigmento na cera, mas a
espessura do material continua sendo a mesma, ou seja, bem espessa. As raspagens
também podem ser utilizadas para se conseguir efeitos interessantes no quadro.
E para que a superfície fique mais resistente, basta acrescentar um pouco de cera
de carnaúba (10% é o suficiente). Convém que sejam utilizados pincéis de pelo
macio e de cerdas naturais. Também são requeridas espátulas e fontes de calor.
186
TÓPICO 2 | ESTUDANDO PRÁTICAS DE PINTURA
FONTE: <http://arteseanp.blogspot.com/2011/07/as-bandeiras-americanas-de-jasper-johns.
html>. Acesso em: 18 jan. 2019.
Outro artista que revive a encáustica é Brice Marden (1938), com seus
quadros minimalistas, nos quais surgem superfícies foscas e semblante macio.
Lynda Benglis (1941) interessou-se pela textura que esta técnica possibilita,
além do processo tátil de produzir as suas próprias tintas.
187
UNIDADE 3 | TÉCNICAS DE PINTURA
FIGURA 49 - LINDA BENGLIS. GHOST DANCE/PEDMARKS, 1998. 213,4 X91,4 X63,5 CM.
MOMA, NOVA YORK
FONTE: <https://www.imagenesmy.com/imagenes/lynda-benglis-ghost-dancers-f1.html>.
Acesso em: 18 jan. 2019.
NOTA
188
TÓPICO 2 | ESTUDANDO PRÁTICAS DE PINTURA
189
UNIDADE 3 | TÉCNICAS DE PINTURA
DICAS
NA SALA DE AULA
As técnicas de pintura, mesmo as mais remotas, podem ser utilizadas pelo professor
em sala de aula, basta adaptá-las ao espaço físico, aos materiais disponíveis e mesmo ao
conteúdo que se pretende abordar. Cabe ressaltar que não se deve olvidar do perfil dos
alunos e do contexto social no qual estão inseridos. Neste viés, vejam sugestões de atividade
de acordo com a técnica escolhida:
a) Experimento com tinta guache: pintura negativa. Solicitar que os alunos peguem alguns
pedaços de fita crepe e as colem aleatoriamente numa folha de papel. Após fazerem isso,
devem pintar com tinta guache com as cores de sua escolha as partes que restaram. Por
fim, basta retirar as fitas crepes coladas anteriormente e observar o resultado.
b) Experimento com têmpera: os professores podem apresentar aos alunos simulações de
como se faziam as tintas de forma artesanal. Selecionando alguma quantidade de barros
com diferentes tonalidades, diferentes pigmentações, basta misturá-los aos aglutinantes
naturais que podem ser preferencialmente ovo ou gordura suína. É um processo
prazeroso, e acaba enriquecendo e resgatando os valores artísticos que se impuseram
durante séculos.
c) Experimento com mural: os professores podem promover uma “saída de campo”, de
modo que os alunos observem as imagens citadinas e busquem elementos que se
apresentem como pinturas murais e fazer, junto com os alunos, análise de elementos do
grafite moderno com o muralismo tradicional. É possível, também, em um viés crítico,
verificar como os letreiros e fachadas de lojas se constituem em murais urbanos.
d) Experimento com encáustica: sabe-se que é a técnica que utiliza a cera quente como
aglutinante. Assim, é preciso solicitar o material previamente: 1 caixa de giz de cera, pincel
chato, papel cartão, uma espátula. Há a opção de utilizar o ferro de passar roupa, mas
devido ao seu tamanho dificultará que se faça trabalho menor. O professor deve levar
um isqueiro para aquecer a espátula, após aquecida esfregue-a no giz de cera, na cor
desejada, e passe sobre o papel cartão verificando o resultado.
190
RESUMO DO TÓPICO 2
• Os artistas abriram mão de produzir suas tintas com o advento dos pigmentos
industriais.
• Na têmpera, o diluente dos pigmentos pode ser natural ou artificial. Ela foi
amplamente utilizada até o século XV.
• O guache foi visto como uma excelente opção para aqueles que desejam uma
superfície uniforme.
191
AUTOATIVIDADE
192
UNIDADE 3
TÓPICO 3
1 INTRODUÇÃO
Há técnicas que são tidas como “tradicionais”, não pelo fato de serem
praticadas desde a antiguidade, mas por serem utilizadas larga e amplamente
por vários artistas, que as reconfiguram de acordo com suas poéticas.
Neste viés, investigaremos, agora, as três técnicas que mais podem ser
encontradas nas obras de arte: a aquarela, a acrílica e a pintura a óleo. Em cada uma
delas saberemos quais os melhores materiais e utensílios a serem empregados,
seus procedimentos técnicos e artistas que se destacam. Cabe sinalizar que a
pintura acrílica é a mais recente dos três métodos aqui apresentados. Vamos
começar?!
2 AQUARELA
Antes de abordarmos a técnica da aquarela, convém verificarmos o
resultado alcançável com tal método de pintura, conforme nos demonstra
Albrecht Dürer (1471–1528) na figura abaixo.
193
UNIDADE 3 | TÉCNICAS DE PINTURA
FIGURA 55 - PAUL SANDBY. CASTELO DE WINDSOR, 1760. AQUARELA. 46,4 X61,5 CM.
VICTORIA AND ALBERT MUSEUM, LONDRES
FONTE: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Paul_Sandby_001.jpg>.
Acesso em: 18 jan. 2019.
194
TÓPICO 3 | CONHECENDO TÉCNICAS DE PINTURA TRADICIONAIS
FONTE: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:John_Robert_Cozens_001.jpg>.
Acesso em: 18 jan. 2019.
Baudelaire foi outro ícone da literatura, como poeta e crítico, que enalteceu
o trabalho de Turner, justamente pelas suas atmosferas luminosas e mistura de
fenômenos naturais com algum elemento humano, no caso da pintura abaixo, os
navios permeados de tripulantes, em sua maioria já em terra.
195
UNIDADE 3 | TÉCNICAS DE PINTURA
FIGURA 57 - WILLIAN TURNER. ERUPÇÃO DO VESÚVIO, 1817. AQUARELA. 28,6 X 39,7 CM.
YALE CENTER OF BRITISH ART, LONDRES
FONTE: <https://marianamiranda.files.wordpress.com/2014/06/mount-vesuvius-in-
eruption-1817.jpg>. Acesso em: 18 jan. 2019.
Assim, recomenda-se que o artista deve ter o controle das aguadas, como
o faz Miles Edmund Cotman (1810–1858) no trabalho abaixo. Observe que suas
formas são precisas, apesar de intensamente leves.
FONTE: <http://www.artnet.com/artists/miles-edmund-cotman/shipping-at-the-entrance-of-the-
medway-kent-qfMsqpN266hpNp40UdfuEA2>. Acesso em: 18 jan. 2019.
196
TÓPICO 3 | CONHECENDO TÉCNICAS DE PINTURA TRADICIONAIS
NOTA
197
UNIDADE 3 | TÉCNICAS DE PINTURA
ATENCAO
FONTE: <https://www.krisefe.com/wp-content/uploads/2016/04/tintas-aquarela-8.jpg>.
Acesso em: 18 jan. 2019.
Conforme já sinalizado, a mistura das tintas aguadas deve ser feita com
todo cuidado e apuro técnico para que o resultado alcançado seja satisfatório.
Veja como isso é conseguido por John Sell Cotman.
198
TÓPICO 3 | CONHECENDO TÉCNICAS DE PINTURA TRADICIONAIS
FIGURA 61 - JOHN SELL COTMAN. GRETA BRIDGE, 1806. AQUARELA. 23 X 33 CM. LONDRES
FONTE: <https://mydailyartdisplay.files.wordpress.com/2013/01/greta-bridge-by-john-sell-
cotman1.jpg?w=768>. Acesso em: 18 jan. 2019.
FONTE: <https://es.wahooart.com/A55A04/w.nsf/OPRA/BRUE-8LHT6A>.
Acesso em: 18 jan. 2019.
Junto com a lavagem, nesta obra Turner também utilizou a raspagem para
conseguir áreas luminosas.
199
UNIDADE 3 | TÉCNICAS DE PINTURA
FIGURA 63 - WILLIAN TURNER. WEATHERCOTE CAVE, 1818. AQUARELA. 299 X421 CM.
THE BRITISH MUSEUM, LONDRES
FONTE: <https://www.tate.org.uk/art/artworks/turner-weathercote-cave-tw0406>.
Acesso em: 18 jan. 2019.
FONTE: <https://intranet.catalogodasartes.com.br/Upload/@Obras/Daniel%20
Mendes/%7B38E0D462-2A57-4684-90C2-0EDF1E8AAE58%7D_MMIZRAHI_14032016_18.jpg>.
Acesso em: 18 jan. 2019.
200
TÓPICO 3 | CONHECENDO TÉCNICAS DE PINTURA TRADICIONAIS
NOTA
3 ÓLEO
Nesta técnica, são utilizadas tintas nas quais os pigmentos são moídos
e aglutinados a um óleo, como o de linhaça, papoula, girassol ou noz, esses três
últimos para moer pigmentos de coloração branca. Após esse processo, muitas
vezes dilui-se a mistura à terebintina, aguarrás ou óleo de rosmaninho. Pode ser
manuseada em veladuras, em finas camadas ou mesmo em grandes espessuras.
É válido destacar que depois de secas as cores permanecem com a mesma
tonalidade.
201
UNIDADE 3 | TÉCNICAS DE PINTURA
FIGURA 65 - RAFAEL SANZIO. CRISTO CRUCIFICADO COM A VIRGEM MARIA, SANTOS E ANJOS,
1502 – 1503. ÓLEO SOBRE MADEIRA. 283,3 X 167,3. THE NATIONAL GALLERY, LONDRES
FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_pinturas_de_Rafael#/media/
File:CrocefissioneRaffaello.jpg>. Acesso em: 18 jan. 2019.
Era preciso ter cuidado na manufatura dessas tintas, uma vez que o
excesso de óleo as tornava amareladas e rugosas, enquanto que a sua escassez
fazia com que as camadas ficassem secas e quebradiças. Mas se bem dosadas as
partes, resulta em uma tinta maleável e viscosa.
Cabe lembrar que Klee foi professor da Bauhaus de 1921 a 1931. Dois anos
depois foi exilado na Alemanha pelos nazistas, que retiraram das galerias mais de
100 obras, tidas como “degeneradas”. O retrato do ator Sinésio, na figura baixo,
faz o diálogo entre as artes visuais e cênicas, com elementos gráficos e planos de
cor. Observe que o rosto pode ser dividido segundo ângulos retos. O artista dizia
que gostava de “levar uma linha pra passear”.
202
TÓPICO 3 | CONHECENDO TÉCNICAS DE PINTURA TRADICIONAIS
FIGURA 66 - PAUL KLEE. SENECIO, 1922. ÓLEO SOBRE TELA. 40,5 x 38 CM.
KINSTMUSEUM, BASILEIA
FONTE: <https://www.historiadasartes.com/sala-dos-professores/senecio-paul-klee/>.
Acesso em: 18 jan. 2019.
FIGURA 67 - ADRIANA VAREJÃO. ANJOS, 1988. ÓLEO SOBRE TELA. 190 X 220 CM.
203
UNIDADE 3 | TÉCNICAS DE PINTURA
4 ACRÍLICA
Buscando uma tinta capaz de resistir às mudanças climáticas e que
secasse com rapidez, os muralistas mexicanos pesquisaram em laboratórios e
conseguiram promover o desenvolvimento do que hoje são as tintas de polímero,
conhecidas como acrílicas.
FONTE: <https://www.artcurial.com/en/lot-hans-namuth-1915-1990-jackson-pollock-1950-
tirage-argentique-de-lepoque-1119-172>. Acesso em: 18 jan. 2019.
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TÓPICO 3 | CONHECENDO TÉCNICAS DE PINTURA TRADICIONAIS
DICAS
Para saber mais sobre a vida e obra de Jackson Pollock, não deixe de assistir
Pollock, lançado em 2001. O filme é dirigido por Ed Harris e roteiro de Bárbara Turner e
Susan Emshwiller.
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UNIDADE 3 | TÉCNICAS DE PINTURA
FONTE: <http://www.davidhockney.co/img/gallery/paintings/70s/3chairs_picasso_70_f.jpg>.
Acesso em: 18 jan. 2019.
Agora veja como Mark Rothko (1903–1970) une a tinta acrílica ao óleo
na figura abaixo. Cabe dizer que o artista era um exímio intelectual, amante da
filosofia, da literatura e da música.
FONTE: <https://collectionapi.metmuseum.org/api/collection/v1/iiif/484362/1006959/
restricted>. Acesso em: 18 jan. 2019.
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TÓPICO 3 | CONHECENDO TÉCNICAS DE PINTURA TRADICIONAIS
DICAS
NA ESCOLA
As tintas a óleo costumam ser evitadas na educação básica devido ao seu maior
grau de toxicidade, e por sua necessidade de utilização de solventes não autorizados para
o manuseio por menores de idade, como o thinner. Mas é possível elaborar atividades com
outro material oleoso, a exemplo do azeite de oliva.
A tinta acrílica, com praticamente nenhuma toxicidade, poderia servir mais aos
interesses pictóricos em sala, mas devido à sua indissolubilidade depois de seca, pode
manchar roupas e demais materiais escolares. Portanto, é sempre recomendável o uso do
avental. De todo modo, o material é interessante, na medida em que a atividade pode ser
realizada em uma aula e ser levada para casa.
Uma alternativa muito requerida no ambiente escolar são as tintas aguadas, como a
aquarela. É possível fazer a analogia do material com suportes transparentes, como o papel
celofane.
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UNIDADE 3 | TÉCNICAS DE PINTURA
LEITURA COMPLEMENTAR
TÉCNICA E POÉTICA
Marco Giannotti
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TÓPICO 3 | CONHECENDO TÉCNICAS DE PINTURA TRADICIONAIS
Mira Schendel escolhe a têmpera porque ela permite que a cor respire,
pulsando no espaço. Por outro lado, a presença do pigmento é enfatizada como
elemento primordial da cor. Mira explora diferenças de opacidade e brilho que
cada cor pode ter, uma alquimia cromática nos materiais. A cor no limiar da
sua transformação em luz. Nessa passagem para algo mais sublime, contudo,
elas parecem perder a sua especificidade. Para Mira, o quadro não se faz mais
pela relação de cores. A cor se torna um veículo, onde cada matiz determina um
caminho diferente de formalização da pintura. Mira sempre soube utilizar a cor
como afirmação da sua existência efêmera.
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UNIDADE 3 | TÉCNICAS DE PINTURA
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TÓPICO 3 | CONHECENDO TÉCNICAS DE PINTURA TRADICIONAIS
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UNIDADE 3 | TÉCNICAS DE PINTURA
inglês, o que nos remete à death series de Warhol que se inicia com uma capa de
um jornal. O pintor moderno tem a sensibilidade de uma criança convalescente.
O que sugere Warhol com sua palidez albina? O artista moderno se interessa
vivamente pelas coisas, por mais triviais que sejam, e o mundo é seu domínio.
Se você quiser saber tudo sobre Andy Warhol, veja a superfície das minhas
pinturas, filmes e eu, isto sou eu. Não há nada atrás. A fábrica – ateliê de Warhol –
tornou-se célebre como o spot, ponto de encontro da foule pop nova-iorquina. Ele
sempre se fascinou pelas massas: “Gostaria que todos pensassem igual, a Rússia
está fazendo isso com seu governo, aqui tudo acontece por si só”.
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TÓPICO 3 | CONHECENDO TÉCNICAS DE PINTURA TRADICIONAIS
O método com que Lichtenstein brinca com aquilo que nos preocupa é o
inverso daquele que o faz Jasper Johns, o artista cujo uso irônico de emblemas
comuns mostrou o caminho para Lichtenstein e para outros criadores da arte Pop.
Johns pega temas frios e os pinta com alma, ou o que parece ser alma. Lichtenstein
pega temas cheios de alma e os pinta com frieza, ou o que parece ser frieza.
FONTE: GIANNOTTI, M. Breve história da pintura contemporânea. Claridade: São Paulo, 2009,
p. 62 - 73. Disponível em: <https://www.researchgate.net/publication/321137045_Breve_Historia_
da_Cultura_Contemporanea>. Acesso em: 14 fev. 2019.
213
RESUMO DO TÓPICO 3
• O artista John White ficou conhecido como “pai da aquarela”. No século XVI
utilizou esta técnica em uma expedição aos EUA para registrar os costumes da
época.
214
AUTOATIVIDADE
FONTE: <http://missowl.com/pt-br/negro-pele-e-cor-brasil/adriana-varejao-polvo-1/>.
Acesso em: 18 jan. 2019.
FONTE: ADRIANA Varejão. Enciclopédia Itaú cultural, São Paulo, 10 abr. 2018. Artes
Visuais. [s.p.]. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa17507/
adriana-varejao>. Acesso em: 18 jan. 2018.
DICAS
215
216
REFERÊNCIAS
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Danesi. São Paulo: EDUSP, 1983.
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BELTING, H. O fim da história da arte: uma revisão dez anos depois. Cosac
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