Você está na página 1de 2

O filme Tempo de Matar conta a história de Carl Lee Hailey, um negro que vive na cidade de Canton, no

Mississipim, onde a sociedade era muito marcada pelo racismo. Carl Lee teve sua filha de dez anos
espancada e estuprada por dois indivíduos brancos e racistas. Os dois acabam sendo presos e levados a
justiça, porém a sentença seria o pagamento de fiança. O pai da garota então chega ao tribunal no
momento em que seria decretado o valor da fiança e começa a atirar contra os dois, vindo a matá-los,
além de ferir um policial que fazia a escolta. Carl Lee é preso imediatamente e contrata o advogado Jake
Tyler Brigance para sua defesa, porém Jake e uma estudante de direito o ajudam, e em razão disso se
tornam inimigos de um grupo racista da cidade que não concorda com o fato de que eles defendam um
negro que matou dois cidadãos brancos.

Neste filme são apresentados e conceituados os direitos fundamentais feridos, mostrando também
como deveria ser a aplicação correta do direito no enredo de uma análise. Destaca-se que os Direitos
Fundamentais estão previstos e garantidos pela nossa Constituição Federal de 1988, entretanto são
baseados em direitos universais, mais precisamente na Declaração Universal dos Direitos Humanos de
1948. Esses direitos fundamentais são preceitos que norteiam os demais direitos e são bases para um
convívio social onde exista o mínimo de respeito à dignidade. Eles devem serem conservados.

- O Artigo 5º da CF 88 garante a igualdade de direitos, mesmo em uma sociedade predominantemente


racista, que não respeita a garantia igualitária de direitos.

- A Lei nº 7.716 de 05 de janeiro de 1989, define os crimes de preconceito de raça ou de cor e estabelece
em seu artigo 1º: A legislação brasileira define o crime de racismo como imprescritível e inafiançável,
podendo o autor ser condenado a pena de até cinco anos de reclusão e multa (a depender da hipótese).

- Preconceito e Injúria Racial: o crime de racismo é imprescritível e inafiançável, enquanto que o de


injúria racial o réu pode responder em liberdade, desde que pague a fiança, e tem sua prescrição
determinada pelo art. 109, IV do CP em oito anos; o crime de racismo, em geral, sempre impede o
exercício de determinado direito, sendo que na injúria racial há uma ofensa a pessoa determinada; o
crime de racismo é de ação pública incondicionada, sendo que a injúria racial é de ação penal privada
(há quem defenda ser condicionada à representação); enquanto que no crime de racismo há a lesão do
Princípio da Dignidade da Pessoa Humana, no crime de injúria há a lesão da “honra subjetiva da vítima”.

Não há dúvidas de que o estupro de uma filha é motivo relevante a moral de um pai, entretanto, o que
dificultou essa comprovação foi o fato do autor ser negro em uma sociedade extremamente racista. O
júri não conseguia visualizar a moral ferida, uma vez que não enxergavam os negros como pessoas que
também possuem moral própria. De igual modo o ato de Carl Lee também podia ser interpretado como
de relevante valor social, uma vez que o estupro é um crime que gera revolta popular, ainda mais
quando praticado contra criança. Destaca-se a diferença entre o valor social e valor moral.

No filme, também mostra que Carl Lee tem garantidos todos os seus direitos relativos ao acesso à justiça
(direito a defesa, direito ao contraditório e ampla defesa, etc.). Porém os jurados formam sua opinião
baseados no preconceito racial que têm, uma vez que não precisam justificar seus votos. Este fator
subjetivo torna difícil a comprovação de discriminação racial por parte dos jurados.
Então, é certo que os Direitos Fundamentais são compostos de princípios básicos para que a dignidade
humana seja respeitada em uma sociedade. Percebe-se que o racismo é um crime que fere diretamente
o direito fundamental (e Constitucional) da igualdade e que nossa legislação procura meios para punir e
evitá-lo ao máximo.

Você também pode gostar