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Rio de Janeiro
2022
CENTRO UNIVERSITÁRIO AUGUSTO MOTTA – UNISUAM
Rio de Janeiro
2022
Juliana Tavares Farias
Prof. _____________________________________
Prof. _____________________________________
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DEDICATÓRIA
The present work of completion of the course highlights the way in which
Puerperal State influences the crime of Infanticide, provided for in art. 123
Brazilian Penal Code, which constitutes "Killing, under the influence of the
puerperal state, your own child, during childbirth or soon after. Penalty –
detention, from 2 (two) to 6 (six) years". In view of the fact that the mother is in
a mental state that causes her to go through several psychological disorders,
causing her to lose the discernment of reality, therefore loses the notion of the
lawful and illicit, which ends up resulting in the rejection of her sentence, being
a crime of privileged intentional homicide. This work has the purpose of
presenting through the legal spheres the temporal lapse between the
puerperium and the puerperal state, so that we can identify the psychic
disorders and consequences that occur in the postpartum period.
INTRODUÇÃO.................................................................................................... 9
1 INFANTICÍDIO .................................................................................................10
1.1 Precedentes históricos...................................................................................11
1.2 Objetivo jurídico..............................................................................................12
1.3 Elementos do tipo............................................................................................13
1.4 Concurso de pessoas......................................................................................14
1.5 Elemento subjetivo e materialidade.................................................................16
CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................... 23
REFERÊNCIAS...................................................................................................... 26
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INTRODUÇÃO
1. INFANTICÍDIO
O Código Penal, não relata apenas a morte de uma criança, mas sim a
eliminação da vida de um ser nascente ou recém-nascido, no momento em que
sua genitora encontra se sob a atuação das perturbações causadas pelo estado
puerperal. Logo, torna se indispensável que todas as características do crime
sejam apreciadas para a formação da conduta típica disposta no referente
artigo.
Compreende-se por meio deste que existem duas análises que carecem ser
distinguidas para melhor entrosamento do respectivo assunto, sendo estas a
do verbo “matar”, referente ao ato de tirar a vida de um ser humano e a
qualificação da conduta típica em face da constatação de que recém-nascido
nasceu vivo e respirando, caso isto não ocorra, não caracteriza infanticídio.
O art. 123 do Dispositivo Penal possui o intuito de proteger o bem jurídico mais
importante que todos os seres humanos possuem, sendo este bem a vida.
Neste caso, visa tutelar a vida de um indivíduo desde o seu nascimento.
Proteção esta que se inicia, no decorrer das contrações, no processo em que
a placenta é expulsa do útero materno, e podendo acontecer também na
cesariana, momento em que médico obstetra faz o primeiro corte no ventre da
genitora, quando se dá início a vida extrauterina.
Para ser configurado infanticídio, o art. 123 do Diploma Penal estipula que o
crime deverá ser constituído pela mãe biológica que, estando sob os efeitos do
estado puerperal, que extermine a vida de sua prole ao longo ou logo em
seguida ao parto. Quando houver a participação de um terceiro no respectivo
crime, imputa se a conduta típica a quem contribuir para o ato criminoso e este
receberá a pena que lhe for atribuída. A Lei Penal prevê no art. 29 quem, de
qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na
medida de sua culpabilidade. De acordo com Nucci (2020, p. 487), o concurso
de pessoas possui o seguinte conceito: “Trata-se da cooperação desenvolvida
por mais de uma pessoa para o cometimento de uma infração penal.”
15
Sendo assim, esta teoria subestima o estado puerperal como critério deste
crime, visto que se trata de uma condição personalíssima. Ou seja, na teoria
monista, mesmo o crime sendo praticado com o auxílio de agentes, este segue
único e indivisível. Deste modo, o terceiro/partícipe é indiciado por homicídio e
a genitora, o sujeito ativo, responde por infanticídio, ou seja, apenas quem
pratica o tipo penal é o autor. Para Magalhães Noronha não há dúvida de que
o estado puerperal é circunstância (isto é, estado, condição, particularidade
pessoal) e que, sendo elementar do delito, comunica-se, ex vi do art. 30, aos
coparticipes. Só mediante texto expresso tal regra poderia ser derrogada.
Hungria, um dos maiores adeptos a esta teoria, em sua última obra, passou a
constatar a comunicabilidade de elementares.
Já a corrente majoritária, adotada por grandes doutrinadores como Rogério
Greco, Fernando Capez, Damásio de Jesus, sustenta a teoria da
comunicabilidade entre os elementares, prevista no art.30 do Código Penal,
onde é expresso que: “Não se comunicam as circunstâncias e as condições de
caráter pessoal, salvo quando elementares do crime”. Em tal teoria é
resguardada a probabilidade de terceiro responder por infanticídio como
coautor ou partícipe. Sendo o estado puerperal uma circunstância estritamente
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Neste crime, não existe a modalidade culposa, visto que não está expresso no
art. 123 do Código Penal. Se porventura, a genitora exterminar a vida de seu
filho de maneira culposa estando sob estado puerperal, esta não responderá
pela prática de homicídio e nem de infanticídio. Entretanto, poderá a mãe matar
o infante não estando sob a influência de tal estado e assim, será indiciada pelo
crime de homicídio culposo instituído no art. 121, §3º do respectivo código.
DAMÁSIO (2020, p.109) afirma que:
Delito nenhum pode ser caracterizado quando atua a mãe com
culpa, sob o estado puerperal, porque não seria possível exigir
da parturiente, perturbada psicologicamente, que aja de acordo
com as cautelas comuns impostas aos seres humanos.
Para a mãe em surto o bebê não existe enquanto tal, ele se torna um
espaço vazio que é preenchido com elementos presentes no
psiquismo da mulher e apartados do real. A angústia por ela
experimentada é da ordem do insuportável, podendo fazer emergir
rituais obsessivos e pensamentos desconexos.
Conclusão
REFERÊNCIAS:
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212 - 21 ed - S. Paulo - Saraiva Educação, 2021.
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Série.
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