Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Manual Módulo 3
Manual Módulo 3
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................6
BIBLIOGRAFIA......................................................................................................................................................67
Considerando que o aproveitamento na FPIF certifica o indivíduo para o exercício profissional das
funções de formador, este terceiro módulo tem como objetivo familiarizar o formando com a
importância da comunicação e grupos de formação.
Não é possível não comunicar… Não existe comportamento que não seja comunicação.
- Paul Watzlawick
De acordo com Fachada (2003, p.12), “comunicar é trocar ideias, sentimentos e experiências entre
pessoas que conhecem o significado do que se diz e faz”. A comunicação é uma das principais dimensões
relacionais humanas, consistindo num processo social básico que torna possível a vida em sociedade.
Este fenómeno universal, dinâmico, cooperativo e ativo potencia a interação entre indivíduos e grupos,
remetendo para o conjunto de técnicas verbais e não-verbais que podem influenciar o ambiente social.
Canal – é o meio pelo qual é transmitida a mensagem (livros, televisão, Internet, cordas vocais,
ar, entre outros).
M3. COMUNICAÇÃO E DINAMIZAÇÃO DE GRUPOS EM FORMAÇÃO |Página 8 de 69
Mod.DFRH.111/01
Figura 2. Ciclo da comunicação.
Imagine a seguinte situação: de um dos lados de um lago encontra-se uma pessoa (emissor), que
pretende enviar um embrulho (mensagem) para outra pessoa na outra margem do lago (recetor). Cabe
ao emissor a escolha do meio mais eficaz para enviar a mensagem. Neste caso, será um barco (canal –
utilizando a água do lago para se deslocar – veículo de mensagem). Quando o formador expõe matéria
oralmente, está a atuar como emissor, sendo a sua mensagem transmitida por ondas sonoras, através
do ar (veículo e canal) e dirigida aos formandos-recetores. Cada um dos agentes envolvidos neste
processo possui um conjunto de propriedades ou características que influenciam mais ou menos
diretamente a qualidade da comunicação.
Na interação pessoal, tanto a comunicação verbal (oral ou escrita) como a não-verbal (movimentos
faciais e corporais, gestos, olhares, entoação, aparência, entre outras) são importantes para que o
processo de comunicação seja eficiente.
Veja o vídeo abaixo, que mostra como o corpo, efetivamente, fala mais do que as palavras:
Apresentação e vestuário. Antes mesmo de dizer algo, o formador já foi observado pela audiência.
Por isso, a apresentação e vestuário constituem a nossa primeira oportunidade de comunicar.
Postura. Para evitar qualquer ação que distraia a audiência daquilo que está a dizer, evite o seguinte:
braços cruzados; braços cruzados atrás das costas, ao estilo militar; mãos nas ancas; braços caídos
à frente, dobrados abaixo da cintura; balançar para trás e para a frente.
Movimentação. Imagine que é um ator de teatro e aprenda a dominar o “palco”: não se deixe
apanhar pela projeção; não leia voltado para a projeção; tenha cuidado com os saltos. Não irrite a
audiência! Se tiver espaço para se mexer, faça-o!
Gesticulação. Como é que sabe se pode usar ou não as mãos? A resposta é simples: não deixe de as
usar se for natural. Mas atenção aos tiques! Evite fazer o seguinte: colocar as mãos nos bolsos;
mexer nas chaves ou outros objetos no seu bolso; mexer nas joias, no cabelo ou na roupa; tirar
frequentemente o cabelo da frente dos olhos ou mexer a cabeça para o fazer; mexer
constantemente na caneta ou colocar e tirar a tampa; coçar a cara, a cabeça ou qualquer outra
parte do corpo; olhar para o relógio; bater com os dedos na mesa.
Henry Wadsworth Longfellow indica que “A voz humana é o órgão da alma”. Nesse sentido, é
importante ter atenção ao ritmo (não falar demasiado depressa nem demasiado devagar) e ao
volume (não falar demasiado alto nem demasiado baixo, modulando a voz quando se quer chamar
a atenção para algumas questões).
LINGUAGEM E PAUSAS
Ao nível da linguagem, importa evitar erros, evitar vícios de linguagem e tornar a linguagem mais
vívida. Além disso, como refere Mark Twain, “A palavra correta pode ser eficaz, mas nenhuma
palavra será tão eficaz como o silêncio na hora certa”.
O domínio do tema;
O contacto visual com os formandos como forma de reforçar o poder persuasor das palavras.
A obtenção de feedback.
M3. COMUNICAÇÃO E DINAMIZAÇÃO DE GRUPOS EM FORMAÇÃO |Página 12 de 69
Mod.DFRH.111/01
Adequar a linguagem não-verbal à linguagem verbal implica ter atenção aos seguintes aspetos:
Gestos;
Postura;
Expressões faciais;
Tom de voz;
Ritmo.
O estilo agressivo
O comunicador agressivo julga-se superior e necessita que os outros façam aquilo que ele quer. Com
uma elevada necessidade de exibição das suas competências, este tipo de comunicador tende a ser
excessivamente crítico, a não ouvir os outros, a usar a ironia e a monopolizar a comunicação, sendo o
seu objetivo principal submeter os outros à sua vontade.
Devido a esta atitude dominadora e tirânica, este comunicador fala alto, arregala os olhos, aponta
dedos, sente-se o centro do universo, age como se fosse intocável, pensa que que sabe tudo (e que não
tem nada a aprender com os outros) e interrompe constantemente, não permitindo que os outros deem
a sua opinião.
Por essa razão, dificilmente consegue criar relações confiáveis e atribuem aos outros os seus
sentimentos de agressividade, desculpabilizando-se dos seus próprios sentimentos de hostilidade.
Apesar de este estilo de comunicação poder ser eficaz em situações de crise, em situações normais o
comunicador agressivo tende a alienar os outros e a gerar contra-agressões. A origem da agressividade
pode relacionar-se com a frustração em relação ao passado (quando tem de a enfrentar, ataca os
outros) e o desejo de vingança (porque não esquece nem resolve conflitos antigos).
O estilo passivo
O comunicador passivo julga-se inferior e sente que os outros sabem mais do que ele, submetendo-se
à sua vontade. Raramente fala, concorda sempre com os outros dizem, faz o que lhe é exigido, evita o
conflito a todo o custo e quer agradar a todos, tendendo a ignorar os seus direitos e sentimentos (é
uma espécie de “camaleão”).
Devido à sua insegurança e submissão aos outros, normalmente a pessoa passiva é tímida, ausente e
ansiosa, apresentando com frequência sintomas de natureza psicossomática, como dores de cabeça,
tremedores, sudorese, cansaço ou irritabilidade. Outros sinais incluem o facto de roer as unhas, mexer
O estilo manipulador
O comunicador manipulador caracteriza-se por manter uma relação tática com os outros, tirando o
melhor partido do sistema e adaptando-o às suas necessidades e interesses. O manipulador não se
envolve nas relações interpessoais, tenta sempre manipular os outros, nunca mostra as suas
verdadeiras intenções e é muito “teatral”, apresentando discursos diferenciados consoante o seu
“público”.
O manipulador tende a desvalorizar o outro (através de frases humorísticas que denotem inteligência e
cultura), manipula a informação, recorre frequentemente à simulação, é perito em rumores, mostra
sempre boas intenções, faz chantagem moral, é mais engenhoso a criar conflitos no momento
apropriado do que a reduzir a tensão no seio do grupo.
Como consequência, perde a credibilidade junto dos outros quando os truques são descobertos, pode
tentar vingar-se se tiver poder para isso e dificilmente consegue recuperar a confiança dos outros. A
origem da manipulação pode relacionar-se com o crescimento num ambiente muito manipulador (por
vezes o único meio para atingir os objetivos).
O estilo assertivo
A assertividade consiste na capacidade de expor um ponto de vista pessoal com argumentos claros e
objetivos, evitando a atribuição de duplos sentidos por parte dos interlocutores. O comunicador
assertivo é capaz de defender os seus direitos e de exprimir os seus pontos de vista de forma aberta e
honesta, tem respeito por si próprio e pelos outros (não tem nenhum sentimento de superioridade ou
inferioridade) e está sempre acessível à negociação. É uma pessoa que se expressa de forma confiante,
objetiva e construtiva, aceitando pontos de vista diferentes dos seus e respeitando a diferença.
Na maioria das situações, a comunicação assertiva, em conjunto com o contacto visual direto e uma
linguagem não-verbal honesta, pode produzir resultados mais satisfatórios do os estilos de comunicação
descritos anteriormente. O estilo assertivo é particularmente eficaz quando é necessário dizer algo
desagradável a alguém, quando é necessário dar respostas negativas, perante críticas/acusações ou
quando se pretende pedir algo invulgar a alguém.
Cerca de 60% dos problemas nas relações decorrem de uma má comunicação. Alguns inibidores do
relacionamento interpessoal e comunicacional incluem barreiras pessoais, semânticas e físicas.
Barreiras pessoais
Resistência à mudança;
Perceção seletiva;
Efeito de halo (possibilidade de que a avaliação de um item possa interferir no julgamento sobre
outros fatores).
Barreiras semânticas
Complexidade da mensagem;
Pertinência da mensagem;
Barreiras físicas
Ruído;
Condições de iluminação;
Desconhecimento do contexto.
Saber falar
Saber escutar
Disponibilidade e interesse;
Saber perguntar
Perguntas positivas são dirigidas ao que as pessoas sabem e ao que lhes dá mais gosto.
Dar feedback neutro (de forma descritiva e não avaliativa), concreto (objetivo e específico e não
geral), oportuno (quem recebe deve estar disponível) e direto (dirigido à pessoa envolvida);
Receber feedback: procurar não fazer julgamentos imediatos, centrar-se na parte essencial da
mensagem, estar recetivo a ouvir até ao fim antes de responder, utilizar a reformulação (técnica
humanista) com o interlocutor para confirmar a mensagem recebida.
Autoestima
As pessoas com autoestima estabelecem relações humanas mais positivas, não vivendo
dependentes da aprovação ou crítica dos outros;
Uma autoestima elevada pode estar relacionada com um bom ajuste psicológico, estabilidade
emocional, atividade, curiosidade, segurança, autoconfiança, cooperação, pensamento flexível,
sentido de humor e bom rendimento escolar ou profissional.
Atitude empática
Eficiência e eficácia são dois termos frequentemente aplicados indistintamente, mas têm significados
diferentes: a eficácia relaciona-se com o objetivo/resultado alcançado e a eficiência refere-se aos meios
pelos quais chegamos ao objetivo/resultado (procurando realizar as tarefas com excelência). Neste
contexto, o formador deve adotar alguns comportamentos e atitudes que potenciem uma comunicação
eficaz e eficiente das informações.
Uma comunicação eficaz está associada ao objetivo de transmitir uma mensagem com significado.
Nesse sentido, o comunicador deve:
Argumentar as ideias;
Uma comunicação eficiente, por sua vez, está relacionada com os meios utilizados. O comunicador
eficiente deve:
Fornecer os conteúdos de forma gradual (do simples para o complexo, do conhecido para o
desconhecido, do geral para o particular, do concreto para o abstrato);
Saber expor-se ao grupo, mostrando à-vontade, simpatia e abertura, aplicando uma linguagem
adequada e recorrendo ao humor;
Organize o seu material de acordo com a sequência da apresentação! Não tenha tudo espalhado pela
mesa como se estivesse em casa. Seja profissional até na organização. Ser organizado aumenta a sua
credibilidade.
Ligue o seu computador e verifique se a projeção tem qualidade. Ajuste a imagem. Deve decidir onde
colocar o projetor, para que os participantes possam ver bem a projeção e se possa movimentar.
Tenha atenção à extensão dos cabos de ligação. Muitas vezes, estes são curtos e você não se consegue
movimentar ou tem de ler através da tela. Se for preciso, compre um cabo maior e evite esse problema.
O trabalho de preparação do orador de nada servirá se este não estiver ao seu melhor nível no dia da
apresentação. Atingir a excelência no ato de comunicar é difícil, porque há um conjunto diverso de
aspetos que podem concorrer para o sucesso ou insucesso da apresentação. Tenha atenção aos
detalhes e comece antes mesmo de começar a falar.
O aspeto mais importante de falar em público é a audiência. Em todos os momentos durante o processo
de preparação e realização de uma apresentação, é preciso ter em mente que estamos as falar para
uma audiência e não apenas para nós mesmos. Se o objetivo é entreter, informar, ou persuadir,
devemos tentar alcançar os nossos ouvintes adequando o nosso discurso.
Qual é a média de idades e o contexto educativo da audiência? O estado civil? O género? A profissão?
O que é que sabe sobre a sua diversidade étnica? As suas características regionais? Sabe alguma coisa
Se não souber quem vai ser a sua audiência, vai ter de adivinhar as respostas a estas questões. Contudo,
se a sua audiência for predeterminada, pode reunir informação através de questionários ou outro tipo
de pesquisa e adequar o seu discurso aos interesses concretos dos seus ouvintes. Os seus esforços serão
recompensados pelo feedback que irá receber por uma apresentação interessante e sensível à
audiência.
Imagine que, numa ocasião especial, alguém contrata um cozinheiro famoso para preparar uma
refeição deliciosa para uns amigos. Será que o cozinheiro começa logo a preparar a refeição ou
procura saber as razões da comemoração, saber quem são os amigos, de onde vêm, o que os
caracteriza? Preparar um belo prato de peixe ou de carne e os amigos serem todos vegetarianos
talvez não seja a melhor opção.
Capte a atenção
A introdução de uma apresentação é a sua parte mais importante, porque é o momento em que
estabelece uma relação com a audiência e capta a sua atenção. Por isso, tem de começar bem e mostrar
aos participantes que vale a pena dedicarem-lhe atenção. Devido ao efeito de halo, as primeiras
impressões não devem ser subestimadas. Pense bem naquilo que vai dizer no início, porque os primeiros
30 segundos fazem diferença.
Em vez de usar frase como “Hoje vamos falar de…” ou “O meu tema é…”, algumas técnicas que pode
usar são o humor, estatísticas surpreendentes, questões (retóricas ou diretas), histórias, referências a
eventos atuais, ilustrações, analogias, recursos audiovisuais e citações (de pessoas famosas, livros ou
músicas). A técnica inicial para chamar a atenção da audiência não deve demorar mais de 1/3 do tempo
total da introdução.
Mostre como é que o tema se relaciona com os elementos da audiência e porque é que é importante
para eles. Por esta altura, devido à sua análise prévia da audiência, já deve saber o suficiente para saber
o que pode levar os participantes a aceitar a sua mensagem. Recorra a esta informação para mostrar
que a apresentação foi preparada a pensar neles. Esta parte da introdução deve responder à questão:
“Porque é que a audiência deve ouvir?”.
EXEMPLO. “No decorrer deste curso, vamos ter de fazer algumas apresentações orais. Através da minha
pesquisa, descobri que 80% dos presentes não gosta de falar em público e que falar em público é o
segundo maior receio dos restantes 20%. A partir desta informação, sei que o que vou partilhar com
vocês hoje os vai ajudar a sentir menos medo nas próximas semanas”.
Diga à audiência o que é que o faz um perito no tema. Pode referir o seu curso, a formação profissional,
projetos de investigação ou experiências pessoais que façam de si um orador credível. Esta parte da
introdução deve responder à questão “Porque é que a audiência me deve ouvir?”.
EXEMPLO. “A minha mãe foi diagnosticada com esclerose múltipla há cinco anos e, desde então, comecei
a estudar a doença para compreender melhor o que esperar do diagnóstico da minha mãe agora e no
futuro”.
Listar os tópicos principais que vai abordar durante o desenvolvimento do seu discurso poderá parecer-
lhe um exagero. Contudo, para os participantes, esta visualização funciona como um guia valioso que
EXEMPLO. “Há muitas razões para dar sangue e hoje vou focar-me em duas delas, os benefícios para as
outras pessoas e os benefícios pessoais para quem dá sangue”.
A preocupação com os detalhes faz com que o apresentador pareça mais organizado e profissional.
Através do sítio www.ted.com, uma comunidade global que visa a disseminação de ideias, é possível
verificar que os detalhes podem, efetivamente, fazer toda a diferença.
Tal como um piloto tem de prestar atenção ao detalhe antes de descolar (verificando se tudo está em
ordem), o apresentador deve preparar-se convenientemente para evitar um desastre que lhe poderá
custar caro e aos tripulantes. Steve Jobs, por exemplo, passava horas a preparar apenas um diapositivo.
Afinal, o detalhe é a chave do sucesso!
Desenrolar da sessão
O conteúdo de uma apresentação é como o argumento de um filme e aquilo que vai sustentar a
mensagem. É preciso selecionar as cenas e prepará-las separadamente para que o filme seja um sucesso
de bilheteira. Se quiser ganhar um Óscar, prepare bem o argumento da sua apresentação e torne-o
memorável!
O recurso mais fácil é a Internet, mas deve escolher bem. Procure sítios e blogues credíveis, assine
newsletters e participe em fóruns, blogues e redes sociais. A Scielo (http://www.scielo.org), por
exemplo, é uma biblioteca eletrónica com literatura científica em formato eletrónico (inclusive em
português).
Os livros são uma das melhores formas de adquirir conhecimentos. Contudo, o tempo é precioso e não
conseguimos lê-los todos. Escolha aqueles que lhe parecem mais relevantes para o tema. Leia livros em
inglês, diversifique e alargue os horizontes! Há bibliotecas online com documentos gratuitos para todos.
Recomendamos o Projeto Gutenberg (http://www.gutenberg.org), Google Books
(http://books.google.com), Read Print (http://www.readprint.com), Open Library
(http://openlibrary.org) e Get Free e-Books (http://www.getfreeebooks.com).
Frequente congressos e seminários que considere relevantes, tendo atenção aos oradores e às
temáticas. Escolha cautelosamente se não quer gastar o dinheiro em vão. Os webinars também são uma
forma de se atualizar sem sair de casa e começam a ganhar terreno. Inclusive, alguns são gratuitos e
mantêm a credibilidade.
Não se esqueça de ir tirando notas, o que poderá fazer através de software específico como o Evernote
(http://www.evernote.com), que permite arquivar documentos online e tirar notas.
Entretanto, depois de escolher os tópicos e fazer a pesquisa, lembre-se de fazer as seguintes questões:
Quando se faz uma pesquisa sobre um tema, deve-se procurar diferentes tipos de apoio material para
usar na apresentação, de modo a torná-la mais clara, vívida e credível. Um suporte será claro se ajudar
a explicar, amplificar ou ilustrar uma ideia, será vívido se oferecer emoções intensas e memoráveis e,
finalmente, será credível se for baseado em fontes relevantes.
Podemos dividir este tipo de suportes em cinco categorias gerais: citações, factos, narrativas, metáforas
e testemunhos ou estudos de caso.
Uma CITAÇÃO tem como objetivo ser ilustrativa, oferecendo uma segunda voz que ecoa as suas ideias
e oferece uma paráfrase concisa e memorável (é por isso que é lembrada e repetida). Usar citações
mostra o seu conhecimento e preparação e aumenta a credibilidade, na medida em que implica que a
pessoa que está a citar concorda com os seus argumentos.
Faço dizer aos outros aquilo que não posso dizer tão bem, quer por debilidade da minha
linguagem quer por fraqueza dos meus sentidos.
- Michel de Montaigne
Na Internet, podemos encontrar diversos sítios com citações, de que são exemplo o
www.brainyquote.com, www.coolquotes.com ou www.citador.pt.
Os FACTOS E ESTATÍSTICAS dão credibilidade às nossas ideias. É comum usar dados estatísticos quando
se pretende mostrar o efeito de um conceito específico nos outros.
Tenha cuidado sempre que usar estatísticas, certificando-se de que são de uma fonte credível! Não se
apoie só em números para fazer valer o seu ponto de vista. Uma estratégia consiste em usar depois um
exemplo para que a audiência entenda claramente o significado dos números apresentados. Não use
números complicados e recorra a suportes visuais para os mostrar.
As NARRATIVAS são uma parte integrante do nosso crescimento. O uso deste suporte pode enriquecer
as apresentações, na medida em que prende a atenção, permite estabelecer uma relação emocional
com a audiência e ajuda a fazer pontes com outros temas e aprendizagens. Se possível, conte histórias
reais com pessoas reais.
O ESTUDO DE CASO OU O TESTEMUNHO podem funcionar como um exemplo prático que estabelece
uma ponte entre o real e as eventuais necessidades da audiência. A apresentação de estudos de caso
acrescenta credibilidade e autenticidade à apresentação. Estes podem ser apresentados diretamente
por uma testemunha, na forma escrita ou através de uma gravação em vídeo ou áudio. Os materiais de
apoio não só dão vida à mensagem como dão uma razão à audiência para apoiar as suas conclusões.
Mas seja seletivo, não sobrecarregue a audiência!
Deve decidir aquilo que poderá motivar mais os participantes e as suas reais necessidades, escolhendo
bem o que não pode ser deixado de parte. Mas não se esqueça de que a informação tem de ser credível
e a linguagem clara e simples. Descomplique tudo aquilo que puder! Aqui ficam algumas possibilidades
para organizar as suas ideias:
Lógica;
Ordem cronológica;
Do geral para o específico;
Do conhecido para o desconhecido;
Do universalmente aceite para o controverso;
Causa/efeito;
Problema/solução.
Nesse sentido, para gerir a comunicação de forma positiva e desenvolver uma relação eficaz com a
audiência, o orador deve conhecer as bases principais do processo comunicativo. Em traços gerais,
comunicar implica saber emitir, saber ouvir (escuta ativa), criar empatia e adequar a linguagem verbal
à linguagem não-verbal. Adequar a linguagem não-verbal à linguagem verbal implica dar atenção aos
seguintes aspetos…
Gestos;
Postura;
Expressão facial;
Tom de voz;
Ritmo.
Manter a atenção da audiência não é uma tarefa fácil. Mas é possível! Considerando que o tempo
atencional máximo é de 10 minutos (Medina, 2008), inclua estímulos diferentes ao fim desse tempo
(história, vídeo, música, humor, exercícios, questões, estatísticas). O recurso a técnicas diversificadas
também dá um maior dinamismo à intervenção e vai ao encontro de diferentes estilos de aprendizagem.
E não se esqueça de que a disponibilidade da audiência para o ouvir será tanto maior quanto maior for
a perceção dos benefícios que poderá ter. Se conseguir adequar a apresentação às suas necessidades,
será mais fácil manter a atenção. Por isso, não se esqueça de motivar os participantes. Sem motivação
não há aprendizagem!
Tal como acontece quando vai numa viagem e tem de olhar para as tabuletas para saber onde está,
você precisa de guiar o ouvinte utilizando expressões que lhe digam para onde estão a ir. Diga quando
terminou um ponto e vai começar outro. Pode ser redundante na escrita, mas é muito útil em
apresentações orais. Os oradores experientes também fazem uma pausa clara, mudam a posição e o
tom de voz quando passam de um tópico para outro.
Apesar de os resumos e as repetições serem subestimados, é importante fazê-los, sobretudo no que diz
respeito aos pontos centrais da mensagem que se quer transmitir. Lembre-se de que a repetição é
fundamental para a memorização. Equacione fazer resumos com estratégias diferentes das que utilizou
para apresentar a mensagem.
Sempre que possível, estabeleça ligações. Arranje exemplos, crie histórias e procure informação que se
relacione com as necessidades e interesses dos participantes. Não perca a oportunidade de relacionar
a sua mensagem com os contributos dos participantes ou com notícias atuais. A sua apresentação vai
tornar-se mais oportuna, real, personificada e interessante.
Encerramento da sessão
Uma conclusão deve ter três objetivos: assinalar o fim, resumir e criar um final memorável. Estes três
elementos são necessários em apresentações informativas ou quando se fala de improviso. Para
apresentações persuasivas deve acrescentar o apelo à ação.
Assinalar o momento do fecho é importante para a audiência, para que se possa preparar para o fim do
seu discurso e ouvir novamente os tópicos principais da apresentação.
Como tal, deve usar uma expressão curta que assinale o fim, como “Para terminar”, “Agora que já
vimos”, “Para concluir”.
O seu resumo final deve ser quase idêntico ao sumário que fez no início. A diferença é que agora esse
sumário será realizado no pretérito perfeito. Pode reformular este sumário da forma que quiser desde
que fique no pretérito perfeito e inclua os pontos principais.
EXEMPLO. “Há muitas razões para dar sangue e hoje foquei-me em duas delas, os benefícios para as
outras pessoas e os benefícios pessoais para quem dá sangue”.
Se estiver a falar por um longo período de tempo (uma hora ou mais), pode usar um sumário/resumo
no início e fim de cada ponto principal ou módulo. Se tiver muitos tópicos, estes devem ficar organizados
na mente da audiência.
Nos discursos de teor persuasivo, deve acrescentar uma frase que apela à ação e que seja
suficientemente específica para a audiência saber o que dela se espera se aceitar a sua mensagem
persuasiva.
EXEMPLO. “Gostaria que cada um de vocês aqui presente pensasse em dar sangue na terça-feira
enquanto a Cruz Vermelha se encontrar na universidade, das 11 às 16 horas. Lembrem-se de que dar
sangue pode salvar até 10 vidas por ano”.
Todas as boas apresentações terminam com uma afirmação memorável que deixa na audiência a
sensação de que fez um bom discurso do início ao fim. Pense sempre cuidadosamente na frase inicial e
final para que comece e termine num tom positivo.
As citações são exemplos de fins memoráveis que podem funcionar bem no discurso. Se começou com
uma anedota, por exemplo, poder voltar a referi-la e acrescente outro final. Se começou com uma
história, agora conte como termina.
O formador deve familiarizar-se com o local onde vai “atuar” e com os equipamentos disponíveis,
porque estes fatores estão diretamente relacionados com o tipo de estratégias que pode ou não
ser adotado e com uma maior confiança no decurso da intervenção.
Se tiver disponibilidade para visitar o local onde vai decorrer a sua apresentação, faça-o. As próprias
equipas de futebol fazem treinos de adaptação ao relvado e à iluminação, mesmo quando já
conhecem o local. Se não se puder deslocar, peça informações detalhadas sobre este tópico! A
seguir, descreve-se algumas questões a colocar quanto ao espaço da apresentação.
Onde estará colocada a mesa para o apresentador? Terei espaço para me movimentar?
Que tipo de soalho tem a sala? Que tipo de calçado devo usar?
O formato em círculo também pode ser viável quando há um número pequeno de formandos em
sala. Esta é a melhor organização para promover debates, porque todos os participantes se podem
visualizar, encontram-se ao mesmo nível e a interação do grupo é maximizada. Contudo, os
formandos têm de se deslocar nos casos em que for necessário assistir a um vídeo ou quando o
formador recorre ao quadro.
O trabalho colaborativo pressupõe uma atuação conjunta tendo em vista o mesmo fim. Partindo de um
objetivo comum, dois ou mais indivíduos convergem esforços para o planeamento, execução e avaliação
das atividades, mesmo que cada um tenha um papel específico. Com efeito, o trabalho colaborativo
envolve a ação do sujeito no plano individual e no plano coletivo, pelo que este é responsável pela
própria aprendizagem e corresponsável pelo desenvolvimento do grupo.
Esta estratégia é bastante usada no contexto formativo, na medida em que promove a interação e
partilha de conhecimentos e estimula a aprendizagem colaborativa, descrita por Morgado (2001, p.128)
como:
(…) um tipo de aprendizagem que resulta do facto de os indivíduos trabalharem em conjunto, com
objetivos e valores comuns, colocando as competências individuais ao ‘serviço’ do grupo ou da
comunidade de aprendizagem (…) e não significa ‘aprender em grupo’, mas a possibilidade de o
indivíduo beneficiar do apoio e da retroação de outros indivíduos durante o seu percurso de
aprendizagem.
Neste sentido, é necessário ter em atenção alguns aspetos quando se pretende promover o trabalho
colaborativo, pelo que se deve:
A motivação, oriunda do termo latino movere (mover), consiste no conjunto de forças que mobilizam a
pessoa para atingir um objetivo específico como resposta a um estado de necessidade, carência ou
desequilíbrio (Chiavenato, 1995). Deste modo, o conceito refere-se àquilo que é suscetível de mover o
indivíduo, produzindo nele um comportamento orientado para atingir um fim.
A teoria das necessidades de Maslow é uma das mais conhecidas teorias da motivação. De acordo com
o autor, as necessidades dos seres humanos obedecem a uma hierarquia: na base estão as necessidades
mais baixas (necessidades fisiológicas ou básicas) e no topo estão as necessidades mais elevadas
(necessidades de autorrealização).
Em conformidade com Maslow, os cinco níveis a serem "escalados" pelo ser humano são os seguintes
(ver figura 2):
1. Necessidades fisiológicas. Relacionam-se com o ser humano enquanto ser biológico com
necessidades como manter-se vivo, respirar, comer, descansar, beber, dormir, ter relações
sexuais, entre outras;
5. Necessidades de autorrealização. Incluem a realização pessoal, o ser aquilo que se pode ser,
fazer aquilo de que se gosta e aproveitar todo o potencial que se tem.
Estima
(autoestima, confiança,
conquista, respeito)
Sociais
(amizade, família, intimidade sexual)
Segurança
(segurança do corpo, do emprego, de recursos, da
moralidade, da propriedade, da família, da saúde)
Fisiológicas
(respiração, comida, água, sono, sexo, homesotasia, excreção)
A motivação é um fator fundamental em todos os aspetos da vida, incluindo a formação. Por esse
motivo, é necessário que o formador adote alguns métodos e técnicas para motivar (= criar vontade,
predispor para, chamar a atenção para) os formandos, nomeadamente:
Ser criativo;
http://formacao.fikaki.com
De acordo com Chiavenato (2006), a liderança consiste no processo de exercer influência sobre as
pessoas ou grupos com o objetivo de alcançar objetivos numa determinada situação. Neste sentido, o
conceito reporta-se a um fenómeno de influência interpessoal que, através do processo comunicação
humano, orienta as pessoas ou grupos em direção à consecução de determinados objetivos. A gestão
do espaço formativo pelo formador pode traduzir-se em diferentes estilos de liderança e ambientes
pedagógicos, os quais são determinantes para as respostas do grupo.
Estilo autoritário
Neste estilo de liderança, o formador concentra em si todo o poder de decisão face aos objetivos,
conteúdos e metodologias (diz o que fazer, quando e como), centrando-se no programa e
desenvolvendo uma atitude diretiva quanto aos conteúdos (centrados no programa) e às redes de
comunicação (sendo ele o polo emissor e recetor das mensagens). Por imposição do seu estatuto, este
tipo de líder mantém-se distanciado do grupo, sanciona distrações e interações, assinala os erros, não
reforça os sucessos e avalia de forma individualizada.
Estilo liberal
O formador liberal concentra-se na relação com os formandos, conservando uma atitude não-diretiva
quanto aos conteúdos e às redes de comunicações (apresenta as tarefas mas o grupo tem o poder de
decisão quanto aos métodos de trabalho). Por receio do grupo, este tipo de líder mantém-se fora do
grupo, não coordena, não toma a iniciativa, não favorece a coesão do grupo e não controla os
resultados, demitindo-se do seu papel de líder.
Desta forma, a produção do grupo não é satisfatória e a comunicação é elevada, podendo tornar-se
anárquica e levar à desmotivação e descontentamento dos elementos do grupo. As tarefas
desenvolvem-se de maneira irregular, perde-se muito tempo com discussões (muitas vezes
relacionadas com questões pessoais e não com o trabalho), o líder é pouco respeitado e há uma certa
tendência para o individualismo.
A preferência por este tipo de liderança conduz a uma produtividade elevada, a um clima socioafetivo
positivo, à motivação e à satisfação do grupo. Há uma noção de identidade grupal, a comunicação entre
o líder e os elementos é espontânea e a criatividade é estimulada.
O animador é a pessoa capaz de estimular a participação ativa dos elementos do grupo e de imprimir
um maior dinamismo sociocultural ao nível individual e coletivo. Ele representa a alma e a força de
coesão do grupo, na medida em que os participantes se relacionam um com os outros à imagem do
relacionamento que têm com o animador. A tarefa principal do animador consiste em facilitar o
desenvolvimento dos fatores que promovem a coesão grupal, criando um ambiente de confiança e
propício à comunicação. Assim, o animador tem de ser capaz de reconhecer e ajudar a superar os
fatores que potencialmente poderão destruir o grupo, como membros constantemente atrasados ou a
formação de pequenos grupos.
Enquanto animador, o formador deve ter uma postura semidiretiva, ser facilitador e mediador. Por isso,
deverá centrar-se nas pessoas e no grupo, criando uma dinâmica de grupo, promovendo a discussão e
valorizando as experiências e o desempenho de cada formando.
O processo formativo pressupõe a celebração (mesmo que implícita) de um contrato entre o formador
e o grupo de formação. De uma forma simples, o contrato formativo refere-se ao conjunto de
comportamentos do formador que são esperados pelo formando e ao conjunto de comportamentos do
formando que são esperados pelo formador, pressupondo a criação de expectativas. O grupo é
corresponsável pela criação deste contrato, que deve resultar da negociação e acordo recíproco entre
as partes envolvidas.
Desta forma, o contrato formativo não é algo imposto pelo formador na relação com o grupo,
resultando antes da discussão e do diálogo. Apesar de ser construído dentro dos limites regulamentares
de cada entidade, o contrato deve ser sempre acordado entre formador e formandos. Não obstante
algum grau de variabilidade, essa negociação pode incluir aspetos como os conteúdos a abordar, as
dinâmicas metodológicas, os objetivos ou a avaliação.
A animação da formação deve contribuir para o papel cooperativo do sujeito aprendente e, nesse
sentido, é importante que o formador dê o exemplo, honrando o contrato celebrado com o grupo. Deste
modo, o contrato formativo determina a própria dinâmica do grupo e o tipo de comunicação
estabelecido entre formador e formandos, promovendo a participação e a colaboração.
A Programação Neurolinguística (PNL) é uma ciência aplicada que tem como base a estrutura da
experiência subjetiva e a sua interferência na aprendizagem e comportamento. Mais especificamente,
a PNL refere-se ao conjunto de técnicas que permite compreender e mudar os processos internos
pessoais mediante a identificação de padrões de linguagem verbal e não-verbal que desencadeiam as
nossas reações.
Os pioneiros no estudo da PNL foram John Grinder (linguista) e Richard Bandler (formado em
matemática e psicologia), que mostraram como a programação, a neurologia e a linguística interagem
para criar a realidade subjetiva e o comportamento de um indivíduo:
Programação: forma como organizamos as nossas ideias e ações para produzir resultados;
Este conceito baseia-se, assim, no pressuposto de que todo o comportamento tem uma estrutura e que
esta pode ser descoberta, modelada e mudada (reprogramada). Por esse motivo, a PNL é hoje utilizada
internacionalmente por milhões de pessoas em diversas áreas como a autoajuda, a terapia, o desporto,
a educação, a formação e o mundo empresarial. A PNL é usada para melhorar o desempenho, para
ajudar o indivíduo a controlar o seu estado emocional e para se focar naquilo que quer da vida. A PNL
permite que as pessoas tenham mais poder sobre a sua vida, incorporando estratégias da PNL e técnicas
desenhadas para produzir resultados específicos.
Essencialmente, a PNL é uma forma muito específica de modelagem. Por exemplo, se conhecermos um
jogador de ténis e quisermos jogar com ele, podemos estudar o que faz dele um bom jogador e, de
seguida, modelar exatamente o que ele faz ou inovar. Em essência, é nessa modelagem ou na inovação
que os praticantes de PNL estão focados. Neste sentido, a PNL é uma ferramenta educacional, não uma
forma de terapia. O objetivo ensinar às pessoas como os seus cérebros funcionam e elas podem usar
essas informações para mudar. A neurolinguística dá primazia à aprendizagem pela cópia (modelagem)
e à aprendizagem pela inovação (resignificação e reestruturação/reframing).
A filosofia da PNL baseia-se nas seguintes pressuposições (guias que podem ajudar a obter o sucesso no
dia-a-dia):
Fonte: https://sites.google.com/site/pnlproj/pnl/principios-basicos
Outra questão muito valorizada pela PNL refere-se ao rapport, que se relaciona com o modo de ter uma
comunicação eficiente e eficaz com diferentes tipos de pessoas. É fundamental ter uma boa interação
com as pessoas, mediante a capacidade de compreender os outros e de nos fazermos entender, criando
empatia e confiança. A construção de rapport pressupõe a entrada na definição do mundo da outra
pessoa, passando a mensagem de que a compreende e ajudando-a a desenvolver confiança.
A este respeito, o feedback e a flexibilidade também têm um papel importante, uma vez que é preciso
não só saber analisar o estado atual e a reação resultante de uma ação mas também saber adaptar-se
a situações adversas ou reconhecer novas opções ao longo do processo de obtenção de um resultado.
A mãe respondeu: Vou dizer-te daqui a pouco, mas primeiro tens de fazer algo para que possas
entender. Vês o teu avô naquela cadeira?
O rapaz foi ao pé do avô e disse-lhe: Avô, como é que está a tua artrite hoje?
Está um pouco mal, respondeu o avô. Fica sempre pior com o tempo frio. Mal consigo mexer os
dedos hoje. Um olhar de dor atravessou o seu rosto.
O rapaz voltou para perto da mãe. Ele disse que estava mal. Eu acho que tem dores. Vais dizer-me o
que é a PNL agora?
Dentro de um minuto, eu prometo, respondeu a mãe. Agora, vai ao pé do avô e pergunta qual foi a
coisa mais engraçada que fizeste quando eras pequeno.
O rapaz foi ter novamente com o avô e perguntou: Avó, qual foi a coisa mais engraçada que diz
quando era pequeno?
O avô abriu os olhos e respondeu: Foram muitas coisas. Houve aquela vez em que tu e o teu amigo
brincaram ao Pai Natal e espalharam pó de talco na casa de banho a fingir que era neve. Eu ri-me,
mas não fui eu que limpei. Ele olhou de modo distante e riu-se.
Depois, houve aquela vez em que te levei a passear. Estava um dia bonito e tu estavas a cantar uma
canção que aprendeste na escola. Muito alto. Um homem passou e olhou para ti surpreendido. Ele
achou que estavas a fazer muito barulho e pediu-me para te pedir que ficasses quieto. Tu olhaste
para ele e disseste: ‘Se não gosta de me ouvir a cantar, pode ir ferver a sua cabeça.’ E continuaste
ainda mais alto. O avô riu.
O rapaz regressou para perto da mãe. Ouviste o que o avô disse?, perguntou.
Sim, respondeu a mãe. Mudaste a forma como ele se sentia com apenas algumas palavras. Isso é
PNL.
Adaptado de http://www.eutevi.com/noticia/pnl-e-voce
Para falarmos do conceito de grupo, convém fazer uma distinção inicial com o conceito de
agrupamento. Um agrupamento reporta-se a um conjunto de pessoas num mesmo espaço com
interesses comum, podendo vir a tornar-se um grupo. Por sua vez, estamos perante um grupo quando
os interesses comuns se transformam em interesses comuns, o que significa que os elementos do grupo
se reúnem em torno de uma tarefa e de um objetivo comum (Zimmerman, 1997). Para além disso,
podemos enumerar outras características de um grupo:
Baseia-se na comunicação;
Integra duas forças contraditórias, uma que tende à coesão e outra à desintegração;
De acordo com Tuckman (1965), os grupos demonstram comportamentos padronizados que passam
por cinco etapas: formação, tormenta, normalização, desempenho e interrupção.
Formação. É a etapa inicial, na qual os membros estão a começar a interagir. É caracterizada por
uma grande dose de incerteza sobre os propósitos do grupo, a sua estrutura e a sua liderança. Os
membros estão ainda a reconhecer o terreno para descobrir quais os comportamentos que são
aceitáveis. É neste momento que os membros começam a pensar em si mesmos como partes do
grupo.
Interrupção. É a etapa final do desenvolvimento dos grupos temporários, pois prepara o grupo para
o seu término. Como as atividades deverão ser concluídas e o grupo dissolvido, o foco deixa de ser
o desempenho das tarefas e passa a ser o encerramento dos trabalhos. Nesta etapa, podem surgir
sentimentos conflitantes dentro do grupo. Enquanto alguns membros se sentem mais contentes
com o desempenho obtido, outros ficam desanimados com o encerramento e com o fim da amizade
nascida a partir do convívio.
No que diz respeito a um grupo de formação, a caracterização do grupo não se deve constituir como
um fim em si mesmo (ou uma simples formalidade), mas antes como um instrumento de trabalho que
facilite a construção de hipóteses sobre as dinâmicas de grupo e as potencialidades da aprendizagem
pelo formador. Estas hipóteses constituem-se como auxiliares importantes para o formador construir
estratégias centradas no grupo e proceder a eventuais alterações do processo formativo com base na
confirmação/infirmação das suas hipóteses durante a formação.
Para além da recolha dos dados sociodemográficos dos elementos do grupo (idade, sexo, profissão,
local de trabalho e formação académica), é importante recolher dados de natureza vivencial e
relacional, não obstante a sua subjetividade. A seguir, apresenta-se alguns exemplos de dados vivenciais
e relacionais que permitem construir hipóteses mais sólidas sobre as dinâmicas de grupo e a
aprendizagem:
O Sr. Sabichão
Por vezes, transforma-se em perguntador, tentando atrapalhar o formador ou levá-lo a apoiar o seu
ponto de vista.
Concordar que aquela é uma perspetiva possível, mas pede ao grupo que manifeste a sua opinião.
O Sr. Mudo
Apático e silencioso;
Solicitar, com tato, a sua opinião sobre algo que seja possível relacionar com os seus interesses,
realçando a importância da experiência de todos os elementos;
Fazer com que o grupo perceba a intenção do Formador de levar o Mudo a participar.
O Tímido
Receia o julgamento dos outros, tem muita dificuldade em expor-se ou ser alvo da atenção do grupo
enquanto fala. No entanto, tem ideias e interessa-se pela vida do grupo. Muitas vezes é um
observador atento.
Reforçar as suas intervenções, chamando a atenção dos outros participantes para elas.
O Démodé
Dirige-se ao grupo com atitudes de superioridade, marcando um certo distanciamento. Tem aversão
ao trabalho de grupo.
Não o criticar diretamente, mas apresentar correções como sugestões ou na forma dubitativa "sim,
mas...".
O “Bocas”
Está noutra “onda”. É distraído e distrai os outros. Os seus interesses são essencialmente lúdicos,
daí que as suas colaborações são esporádicas e sem grande investimento de esforço.
Colocar-lhe perguntas diretas e fáceis tratando-o pelo seu nome para o "ligar à terra".
O Zé Marreta
É de ideias fixas. Gosta de discutir e está sempre no contra. Critica os trabalhos e as performances
dos outros;
Ninguém gosta de trabalhar com ele e no entanto parece ter orgulho em ser assim.
Aproveitar as ideias interessantes que possa emitir, fazendo-o sentir-se membro do grupo.
O Fala-Barato
Fala, fala, fala! Tem grande necessidade de atenção e cansa o grupo com facilidade fugindo aos
temas.
O Trabalhador
É alegre, amigo do grupo e muito bom companheiro. Partilha as suas experiências, conta piadas
interessantes, anima o grupo.
O Atualizado
O Criançola
Não se empenha com o resto do grupo, mas gosta de obter ganhos, mesmo sem fazer nada por isso.
O Líder
Os líderes podem ser nomeados em função da sua competência ou estatuto social. Podem também
emergir na sequência das necessidades e desenvolvimento do grupo. É possível identificar dois tipos
de liderança: o líder orientado para a tarefa, preocupado com os aspetos estruturais de resolução
das atividades do grupo; o líder orientado para a relação, cuja principal preocupação consiste em
manter a comunicação e o clima socioafetivo positivo. Para que o grupo atinja os seus objetivos, o
líder ideal conjuga em si as duas orientações descritas.
Fazer dele um aliado e reforçar as suas opiniões, sem deixar de o fazer perceber que todos no grupo
têm o seu papel.
Características demográficas
Idade. Há uma grande diferença de idades entre os participantes? São jovens? Idosos? Qual a faixa
etária predominante?
Género. Qual é o género predominante? O que é que esta análise pode revelar?
Profissão. Qual o tipo de profissão preeminente? O que esta análise pode revelar?
A resposta a estas questões pode ser importante para encontrar histórias, conceber analogias e dar
exemplos que sejam mais adequados à realidade da audiência. Se fizer bem o trabalho de casa, a
audiência ficará grata.
O tipo de dados recolhidos também pode ter um papel relevante na fase inicial, onde é importante criar
relações rápidas com a audiência. Iniciar a apresentação com um quebra-gelo fundamentado nesta
pesquisa demográfica pode ser uma excelente forma de dar início a uma apresentação.
Informação psicográfica
A informação psicográfica inclui questões como os valores, opiniões, atitudes e crenças. Um valor
expressa um julgamento do que é desejável ou não, certo ou errado, bom ou mau. Por exemplo, muitos
de nós partilhamos valores como a igualdade, liberdade e justiça, que compõem os princípios ou
padrões que usamos para desenvolver as nossas crenças, atitudes e comportamentos.
Este tipo de informação não é tão fácil de verificar. Duas pessoas podem acreditar na igualdade de
oportunidades, mas terem perceções diferentes sobre o que isso é. Uma pessoa pode dizer que não
ingere “comida rápida”, mas ter diferentes padrões para tipos distintos de “comida rápida”.
Nesta reunião, deve procurar esclarecer dúvidas sobre a caracterização demográfica da audiência e
obter informações sobre aspetos específicos (ex. o tipo de relações entre os participantes, os líderes, os
problemáticos e os interessados).
Procure conhecer a experiência dos participantes noutras comunicações e mesmo o nome de outros
oradores que lhe poderão dar informações mais detalhadas. Este tipo de reuniões será mais eficaz se já
tiver uma lista de questões prévia.
Informações específicas
Uma das formas mais eficazes de obter informações específicas é realizar um questionário online antes
da apresentação. Se não obtiver respostas, pelo menos os participantes saberão que se esforçou.
Um questionário desta natureza permite recolher dados sobre os objetivos e expectativas dos
participantes face à apresentação. O importante é que não seja longo, porque o grau de paciência para
estes questionários deixa muito a desejar.
Numa pequena comunidade suburbana, uma girafa construiu uma casa à medida da família. Para
as girafas, a casa era maravilhosa, com o teto muito alto e as portas bem altas. As janelas, no topo
das paredes, deixavam entrar uma luz excelente e tinham uma linda vista, sem comprometer a
privacidade da família. Corredores estreitos tinham permitido economizar espaço sem serem
incómodos. A casa ficou tão bem construída que lhe foi atribuído o "Prémio Nacional 'Casa do Ano'
para Girafas". Os donos ficaram muito orgulhosos.
Um dia, estava a girafa a trabalhar na sua oficina de carpintaria, montada com as melhores
ferramentas e equipamento, quando ao olhar pela janela viu que um elefante vinha a descer a sua
rua. "Este eu conheço-o...", recordou a girafa "estivemos juntos numa comissão de pais e alunos...
Vou chamá-lo para ele ver a minha oficina nova. Talvez possamos até pensar nalguns projetos em
comum." A girafa meteu a cabeça e o pescoço pela janela e convidou o elefante a entrar.
O elefante ficou encantado; também se lembrava de ter estado com a girafa na comissão de pais e
gostaria de a conhecer melhor. Além disso, já sabia que a girafa tinha uma oficina nova e tinha
curiosidade em vê-la. Avançou até à entrada da cave e esperou que lhe abrissem a porta.
"Entra, entra!" disse a girafa. Mas logo aí houve um problema. Embora o elefante conseguisse meter
a cabeça pela porta, não conseguia entrar.
"Ainda bem que fizemos esta porta de maneira a abrir mais, para deixar entrar as máquinas e os
materiais para a oficina", disse a girafa. "Espera um minuto, que eu já resolvo o problema." A girafa
desenroscou uns parafusos, tirou uma série de tábuas e o elefante a custo lá conseguiu passar.
Estavam os dois muito entretidos de conversa sobre coisas de carpintaria quando a mulher girafa
meteu a cabeça pelas escadas que desciam para a cave e chamou o marido: "Querido, vem ao
telefone, que é o teu patrão".
"É melhor eu ir atender... Mas deixa-te ficar à vontade, que eu posso demorar", disse a girafa ao
elefante.
O elefante olhou à sua volta, lobrigou um objeto em madeira, meio acabado, em cima de uma
bancada a um canto da oficina e quis ver melhor do que se tratava. Mas, ao passar o corpo pelo
umbral da porta da oficina, ouviu um barulho esquisito. Recuou, coçando a cabeça. "Talvez seja
melhor eu ir ter com a girafa lá acima", pensou. Mas, ainda mal tinha começado a subir a escada,
quando sentiu os degraus começarem a ceder. Deu um passo para trás e bateu contra a parede,
que começou também a dar de si. Tentou sentar-se, muito confuso e comprometido, quando nisto
a girafa desce as escadas.
"Mas o que é que se passa aqui?!" perguntou a girafa, atónita. "Eu estava só a tentar pôr-me à
vontade", respondeu o elefante.
A girafa olhou em volta e disse: "Bem, bem, já estou a ver o problema. Como a porta é demasiado
pequena para ti, temos de te encolher. Aqui ao pé há um ginásio que tem aeróbica. Se fizeres
exercício, talvez tu consigas diminuir de tamanho".
"Talvez" replicou o elefante, "Mas, para te dizer a verdade, não penso que uma casa concebida para
girafas alguma vez sirva para um elefante, a não ser que se mude muita coisa".
Fonte: Thomas, R. R., & Woodruff, M. I (1999). Building a House for Diversity.
A heterogeneidade é uma realidade cada vez mais presente nas salas de formação, onde podemos
encontrar uma múltipla diversidade de culturas com diferentes saberes, sistemas de valores, hábitos,
focos de interesse, modos de agir ou expectativas. Esta multiplicidade também pode ter origem em
fatores como o género, a deficiência ou na diversidade etária, cognitiva, socioeconómica, étnicocultural
e religiosa. Nesta perspetiva, a tarefa do formador é reconhecer não só as diferenças culturais, mas
também os interesses, as capacidades e os ritmos/estilos de aprendizagem. O objetivo será contribuir
para o desenvolvimento de uma sociedade constituída por pessoas cada vez mais responsáveis, críticas,
solidárias e conscientes dos seus direitos e deveres (Perestrelo, 2001).
Assim, o formador deve ter a capacidade de ajustar os conteúdos e objetivos às necessidades dos
formandos, mediante o recurso a estratégicas de diferenciação pedagógica que permitam a cada
formando aprender de acordo com as suas próprias características (Pereira, 2003). Para ensinar um
grupo de formação sem fazer nenhuma exclusão, é necessário propor atividades abertas e
diversificadas, passíveis de melhorar a interação com os formandos e de serem entendidas por pessoas
com diferentes níveis de compreensão e desempenho. Alguns exemplos de atividades:
A divergência de interesses e opiniões é natural à interação social, podendo dar origem ao conflito, à
confrontação e à competição. Por esse motivo, é necessário encontrar novos padrões comunicacionais
e um novo paradigma de resolução de conflitos, com base no diálogo transformador, na procura
conjunta de soluções, na cooperação e colaboração. É neste contexto que os processos de mediação
podem facilitar o diálogo e o desenvolvimento de competências para a resolução de conflitos,
reforçando a comunicação e o comprometimento com a resolução de conflito (Schnitman, 1999).
O diálogo e a participação ativa dos atores sociais facilitam a reflexão concertada sobre perspetivas,
culturas e discursos. A comunicação assume um papel central na mediação de conflitos, através da
interação e da construção de novas práticas e realidades que permitem vivenciar a experiência do
conflito de uma outra forma. A mediação reporta-se, no fundo, a um terceiro independente à situação
de conflito, neutro e imparcial, que criará as condições para a resolução dos conflitos existentes e a
transformação positiva dos sujeitos envolvidos no processo (Hofnung, 1995).
A mediação pode ser vista de acordo com duas correntes ideológico-práticas que se complementam:
As abordagens mais atuais indicam que o processo de mediação não se deve limitar à obtenção
de acordos, mas deve ser visto numa perspetiva transformacional de empowerment onde se
procura desenvolver certas capacidades dos disputantes. Isto implica que os sujeitos tenham
consciência do seu poder na resolução dos seus problemas, contribuindo para o aumento da
sua autonomia e responsabilização em todo o processo. A mediação deve, neste sentido,
incentivar o reconhecimento do outro e a aceitação e respeito pelas suas preocupações,
conjugando a reflexão sobre si, sobre o outro e sobre o contexto situacional, numa perspetiva
de crescimento interior e de consciencialização (Shailor, 1999).
No âmbito da educação e formação de adultos, a existência de conflitos ocorre devido às longas horas
de convívio entre indivíduos heterogéneos e com histórias de vida complexas, o que acaba por se refletir
nas suas atitudes e comportamentos no contexto formativo. Por essa razão, a figura do mediador vai
potenciar a comunicação e o relacionamento interpessoal. Com efeito, no campo formativo a mediação
pressupõe a promoção e o desenvolvimento da autonomia por parte do formado,
corresponsabilizando-o pela sua aprendizagem. A mediação envolve a reação, negociação e adaptação,
pressupondo que os conhecimentos devem ser construídos pelos formandos em percursos singulares
e significantes, baseados na sua experiência e na sua relação com o meio. Deste modo, o mediador é
uma figura central no processo, na medida em que dá apoio aos formandos no que se refere às fontes
de saber e de aprendizagem e promove a sua crescente autonomia no uso desses recursos, valorizando
o saber-fazer, saber-estar, saber-ser, saber-conhecer e o aprender a viver juntos (Aguiar, 2009).
O contexto de formação de adultos englobam pessoas muito heterogéneas a nível pessoal, profissional
e social, favorecendo a existência de conflitos. Em muitos casos, estamos a lidar com pessoas com
lacunas em termos interpessoais, o que leva à necessidade de uma pessoa que os ajude a exprimirem a
sua posição, a refletirem e a estabelecerem laços empáticos e de confiança com os outros. Este tipo de
público muitas vezes tem dificuldades em mostrar o que sente e cria situações conflituosas se não
houver um terceiro imparcial no processo. Neste sentido, a mediação assume uma importância
significativa também a este nível, pois permite gerir as relações interpessoais de uma forma
transformadora, já que se centra nas relações interpessoais enquanto fonte de aprendizagem e de
construção de significados e de ações sociais partilhadas (Torremorell, 2008).
Assim, a mediação em contextos de formação de adultos privilegia o modelo transformativo, uma vez
que nos centramos nas pessoas, no seu crescimento pessoal, na sua revalorização e reconhecimento.
Contudo, não descuramos o modelo de resolução de problemas, pois um dos objetivos, embora não o
principal, passa pela obtenção de um acordo. Concluindo, estes modelos não são compartimentos
estanques, complementam-se e, neste caso em específico essa situação é evidente, pois procura-se a
assunção de compromissos, através da renovação comunicacional, no sentido do crescimento pessoal
e vendo o conflito enquanto processo positivo.
Os conflitos são inerentes à vida organizacional e grupal, podem estimular a inovação e a criatividade e
constituem um processo decisivo no desenvolvimento dos grupos e equipas de trabalho. Mais do que
uma discordância entre os elementos do grupo, o conflito implica um elevado grau de envolvimento na
situação, a emergência de uma certa intensidade de emoções e a perceção da existência de oposição e
tensão entre as partes.
Existem várias FONTES POTENCIAIS PARA O CONFLITO numa situação de ensino-aprendizagem. Vamos
analisar algumas delas.
Luta pela liderança. Alguns dos participantes mais dominantes no grupo, a disputa pelos papéis de
liderança pode originar rivalidades, oposições e competição.
Características Internas de cada Indivíduo. Antes da nova identidade do grupo estar consolidada, o
"historial" de cada um emerge com maior ou menor intensidade, conduzindo a fenómenos de
transferência que determinam o tipo de relações entre os membros do grupo. A experiência anterior
de frustrações e sucessos vivida em contextos similares é transposta para a nova situação. Assim, o
comportamento dos indivíduos no momento presente pode estar a ser determinado por experiências
desagradáveis anteriores. A transferência de modos de relacionamento positivos ou negativos pré-
existentes pode condicionar o clima emocional na sala de formação. Este mecanismo é, a maioria das
vezes, algo automático e inconsciente, sendo difícil de controlar.
Há situações típicas de reação quer a pressões internas quer a pressões resultantes do relacionamento
com o meio exterior, que facilmente se podem identificar.
Ruído de fundo, suave e disfarçado num primeiro momento, e que progressivamente aumenta de
intensidade e frequência, ignorando a autoridade do Formador;
Outras formas de comunicação marginais, como mensagens escritas a circular ou papelinhos a voar;
Durante o decorrer da formação, surgirem discussões acesas, incontornáveis, entre alguns dos
participantes.
Assertividade (grau em que cada uma das partes procura satisfazer os seus interesses);
Cooperação (grau em que cada uma das partes de preocupa ativamente com os interesses da
outra parte).
Por outro lado, a valorização dos ESTILOS DE RESOLUÇÃO DE CONFLITOS é essencial para a
compreensão do processo de comunicação. Não existe um estilo certo ou errado resolução de conflitos
e cada participante é capaz de escolher a abordagem que considere mais adequada a qualquer situação.
Podemos, assim, falar de cinco principais abordagens de resposta para os conflitos de gestão.
http://finslab.com/recursos-humanos/artigo-1915.html
Garantir a disposição da sala em “U”. Anula o "look" de sala de aula tradicional. É um indicador
implícito de que se trata de contextos diferentes, bloqueando um pouco as associações negativas
de fenómenos de transferência decorrentes da experiência vivida no modelo escolar (testes,
avaliações, mau relacionamento com professores, desmotivação). É uma configuração facilitadora
de comunicação, colocando os elementos do grupo de frente uns para os outros. É um convite à
interação com os outros, favorecendo a consolidação da identidade do grupo.
Promover a apresentação dos diferentes elementos. Dizer alguma coisa sobre si próprio ajuda a
quebrar o gelo inicial, é um modo lógico de se começar a comunicar. Reduz a insegurança
psicológica característica do primeiro momento, de desconhecimento mútuo. Como complemento
da apresentação formal, os jogos de apresentação recomendam-se para imprimir o estilo de relação
e de atividades características de formação desde o princípio.
Evitar as exposições teóricas prolongadas! Um adulto consegue prestar atenção a 100% durante um
período muito limitado. É necessário intercalar as várias atividades, de modo a quebrar a
monotonia. Conferindo ritmo e dinamismo à formação, garante-se, em parte, que os mecanismos
de atenção e concentração dos participantes não estão saturados.
Por outro lado, os debates, discussões, jogos pedagógicos obrigam a certas precauções, pois também
contém os seus perigos:
Monopolização das redes de comunicação por alguns elementos, remetendo os restantes para
o papel de recetores passivos;
Crescer no grupo o sentimento de que se está a perder tempo. Daí que os jogos e debates
tenham de se enquadrar no contexto pedagógico da sessão. No final, o Formador deve elaborar
uma síntese conclusiva e integradora da comunicação que se gerar, relacionando com os
objetivos pedagógicos da sessão;
Os elementos não faladores, tímidos e introvertidos podem viver com ansiedade ou insegurança
este tipo de atividades;
O perigo dos silêncios é maior quando o grupo é ainda recente. Assim, o Formador tem de
"sentir" o grupo e tentar perceber qual vai ser a adesão àquele tema ou àquele jogo.
É vital a existência de espaço para a expressão individual. Mesmos as questões e perguntas referentes
à "matéria" possuem sempre uma dimensão emocional e social. Quando quero esclarecer uma dúvida,
estou também a satisfazer necessidades sociais, de reconhecimento do meu estatuto no grupo e de
afirmação da minha individualidade.
Trabalhar o domínio da relação é facilitar a transmissão dos conceitos teóricos e técnicos. O formador
funciona como um "sensor": tem que estar permanentemente atento para detetar as tensões e apreciar
a sua incidência na progressão do grupo. Isso implica estar particularmente sensível ao feedback dado
pela expressão oral e o comportamento não verbal de cada um.
Só a prática e a experiência acumuladas permitem obedecer com facilidade a estes dois pressupostos.
No entanto, a vivência destas situações, mesmo que não se tomem os procedimentos mais corretos, é
sempre positiva, uma vez que permite elaborar uma autocrítica construtiva e evoluir enquanto
profissional.
Face à pressão do grupo, há algumas RESPOSTAS TÍPICAS DOS FORMADORES que iremos enumerar e
que serão mais nefastas ou mais úteis à resolução de conflitos e à gestão da comunicação num conceito
pedagógico.
ATITUDES NEGATIVAS
Por vezes, expressões típicas da linguagem de cada um podem obter um impacto negativo junto dos
Formandos: "Como toda a gente sabe"; "É óbvio que..."; "Essa pergunta nem parece sua", etc.
Utilizar os tempos mortos para "jogadas de sedução", isto é, mostrar interesse individualizado pela
experiência de alguns dos elementos, de forma a obter alianças e aliados.
É pela competência psicopedagógica e técnica que o formador deve conquistar o seu estatuto no grupo
e não pela atenção meramente sedutora.
Escudar-se da participação ativa do grupo por medo de perder o controlo do ambiente pedagógico,
utilizando desculpas como "É um grupo muito heterogéneo", "Há elementos perturbadores, vai-se
perder muito tempo".
Trabalhar a relação, mostrando-se disponível e eficaz, mas não abdicar de fazer o apelo
indispensável à teoria;
Assegurar-se que a sua comunicação foi efetiva e compreendida pelos recetores, utilizando
questões como: “Ficaram clarificados? Gostariam que reformulasse alguma questão?”.
Na atualidade, de acordo com uma perspetiva interacionista, os novos modelos de ensino colocam o
foco na maior flexibilidade e individualização da aprendizagem. As características individuais das
pessoas são conceptualizadas como um complexo de aptidões que se podem dividir em dois grupos
principais: as destrezas intelectuais e de personalidade. Apesar de haver relações entre os dois grupos
de aptidões, por razões de maior clareza expositiva, manter-se-á essa distinção.
No âmbito intelectual, podemos considerar três fatores que podem originar diferenças individuais na
aprendizagem (Cianflone, 1996). Em primeiro lugar, temos o conhecimento prévio que o aluno possui
e é importante para a nova aprendizagem, que é um dos aspetos mais valorizados como fonte de
diferenças individuais na aprendizagem. Note-se, contudo, a existência de inúmeras dificuldades
teóricas e metodológicas na identificação dos conhecimentos que um indivíduo possui num
determinado momento.
Cinestésicos (aprende-se melhor quando se interage com os objetos, se escreve o que se escuta
ou se executa algo prático).
A terceira fonte refere-se aos processos cognitivos básicos como a memória, a atenção ou o tempo de
reação. Essas diferenças têm uma base fisiológica e determinada geneticamente, pelo que são pouco
modificáveis pela aprendizagem ou pela experiência. Um dos aspetos variáveis tem a ver com a
inteligência, perspetivada como a capacidade do indivíduo para resolver problemas ou produzir
produtos valorizados pela sociedade. De acordo com a teoria das inteligências múltiplas (Gardner,
1993), o professor deve considerar as sete inteligências dos seus alunos: linguística, lógico-matemática
(as mais valorizadas na nossa sociedade), visual-espacial, cinestésica, musical, interpessoal e
intrapessoal.
Através deste manual, procurou-se apresentar os principais aspetos relacionados com a comunicação e
dinamização de grupos em formação. A principal ideia a reter prende-se com o facto de o formador ser
um gestor de comunicação, pelo que deve saber comunicar claramente com o grupo e demonstrar
empatia. Desta forma, é essencial que haja uma adaptação a cada situação e aos diferentes grupos em
formação, na medida em que cada formador, cada formando e cada grupo são únicos.
Boulton, R. (1999). Uma compilação de perguntas úteis para o trabalho com grupos. In D. F. Schnitman
& S. Littlejohn (org.) Novos Paradigmas em Mediação. Porto Alegre: Artmed.
Fischer, R., & Ury, W. (1985). Como chegar ao sim: Negociação de acordos sem concessões. Rio de
Janeiro: Imago.
Gardner, H. (1993). Multiples Intelligences: The Theory to Practice. New York: Basic Books.
Pereira, A. (2003), Educação Multicultural: Teorias e Práticas. Lisboa, Asa Editores, S.A.
Perestrelo, M. (2001), Gerir a Diversidade no Quotidiano da Sala de Aula. Lisboa: Instituto de Inovação
Educacional.
Thomas, R. R., & Woodruff, M. I (1999). Building a House for Diversity. New York: American Management
Association, 3-5.
Webgrafia
http://formacao.atwebpages.com
http://formacao.fikaki.com
https://sites.google.com/site/pnlproj/pnl/principios-basicos
http://finslab.com/recursos-humanos/artigo-1915.html