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Objetivo
Conteúdo
1- Relações interpessoais
1.1- Comunicação
• Verbal
• Não verbal
1.2- Liderança
1.3- Motivação
1.4- Trabalho em equipe
2. Relações humanas no trabalho em saúde e em enfermagem
Método
1- Participação em dinâmica de Tribunal de Júri, envolvendo situações vivenciadas pela equipe
de saúde e de enfermagem relativas a questões de relacionamento interpessoal.
2- Debate sobre aspectos de relações interpessoais que impactam nas relações de trabalho e
na qualidade da atenção. Destaque para aspectos individuais, relativos a questões
pessoais/psicológicas e aspectos situacionais, relativos ao ambiente e condições de trabalho,
considerando-se ainda o contexto social, político e econômico.
5- Pesquisa junto aos trabalhadores em seu local de trabalho sobre fatores que causam
desmotivação e/ ou dificuldades relativas a relações interpessoais.
6- Trabalho em grupos com propostas de estratégias para ser implementadas em seu local de
trabalho com vistas à superação das eventuais dificuldades levantadas.
O relacionamento entre as pessoas ocorre desde que surgiu a humanidade, de vários modos e
em circunstâncias diversas. Interagimos com tudo e todos a nossa volta; interferimos no meio,
sendo, ao mesmo tempo, agentes de mudança e seres em constante modificação. Essas
relações permeiam o dia a dia por meio de um processo comunicativo complexo e muitos
detalhes devem ser percebidos para que ocorra uma verdadeira compreensão. O processo de
comunicação pode ocorrer de forma tanto consciente como inconsciente, seja para a pessoa
que emite ou para aquela que recebe a mensagem. Quando falamos das relações interpessoais
na área da saúde, estamos nos referindo à equipe de enfermagem, aos clientes e suas famílias,
à equipe multiprofissional e à comunidade. Todos simultaneamente, emitindo e captando
mensagens e interpretando-as de diversas maneiras. É especialmente precioso nesse contexto,
onde está inserido o técnico de enfermagem, que a informação enviada seja clara e
compreensível para todos, sem lacunas ou distorções no entendimento. Há muitos exemplos
de situações em que cada segundo é valioso para a manutenção da vida e a importância da
comunicação clara. Quando, por exemplo, alguém escuta dentro de um hospital: “Parada!”, já
está implícito que este é um chamado emergencial para a equipe atender alguém que está em
parada cardiorrespiratória, não devendo, portanto, ocorrer perda de tempo entre o
entendimento do código e a ação de levar o material de emergência e prestar o devido
atendimento. Nesse caso, em uma palavra resumem-se todas as ações que deverão ser
realizadas com prontidão, a mensagem é objetiva e não deixa dúvidas. Mas não é só no
estabelecimento de mensagens claras, de códigos sabidamente conhecidos, que o processo
comunicativo se resume.
O sucesso do trabalho no dia a dia dependerá de como tem sido mantida a “saúde” dessas
relações profissionais. Quando acontece um esforço mútuo para uma comunicação clara e
efetiva e as pessoas encontram-se empenhadas em aprimorar-se nesse assunto, o respeito e a
credibilidade necessários são fortalecidos e o trabalho, mais bem desenvolvido. Assim, os
desafios e os obstáculos diários podem ser enfrentados com maior entendimento e
compreensão. O exame minucioso do comportamento comunicativo é imprescindível, pois
quando este se apresenta deficiente promove divergências nos relacionamentos interpessoais
que se refletirão na organização do local de trabalho. Desse modo, ocorrerão tensões,
resistências a novas ideias e propostas e distanciamento entre as pessoas. Isso resulta em
prejuízo na organização do trabalho, na sua eficiência e produtividade. (BALSANELLI, 2006).
Comunicar-se, portanto, é essencial.
As informações veiculam como códigos e quando a mensagem chega ao destino elas precisam
ser decodificadas adequadamente. SILVA (2002) descreve quatro tipos de códigos utilizados no
processo comunicativo:
O símbolo – a coroa – tem seu significado único e claro. O outro personagem usa uma
roupa elegante da época, mas no seu traje não há uma informação específica (não tem
significado único). O tipo de roupa – sinal – mostra que se trata de um nobre (a
vestimenta pode ter vários significados, porém não indica, por exemplo, qual título de
nobreza ele possui).
Nesse processo comunicativo, ainda falta um elemento importante que é a forma pela
qual a mensagem será transmitida, podendo ser utilizados a linguagem, as palavras
escritas, a expressão corporal e facial, os objetos e outros. Utilizando a mesma analogia
para ilustrar as diferentes maneiras de comunicação, se na peça estiver acontecendo um
encontro amigável entre o rei e o nobre, eles tanto poderão estar se comunicando apenas
com um sorriso ou pelo diálogo.
Quando se trata de uma liderança formal, nem sempre essa pessoa consegue ser bom
líder.
Para se conseguir mudar o comportamento das pessoas, influenciando ideias e sua
maneira de agir, é preciso estar atento para formas de liderança que estão sendo
utilizadas para que isso se efetive. É importante refletir que uma liderança positiva e
duradoura baseia-se no respeito mútuo (deve-se perceber como se sente o liderado), na
justiça, na competência de suas ações, demonstrando segurança e valorizando os outros.
O trabalho é, assim, desempenhado com eficiência e criatividade, incentivando a troca de
ideias e levando em conta a opinião da equipe, além de delegar poder.
Muitas vezes observamos outra forma de liderar, na qual é esperada submissão dos
liderados, fiscalizando, ameaçando ou ainda manipulando por meio do oferecimento de
vantagens e reforçando a possibilidade de recompensa. Há, nesses casos, centralização do
poder. (FUNDAP, 2004).
Para BERTELLI (2004), nas instituições de modo geral enfatiza-se a importância de ter
pessoas que trabalhem compartilhando riscos, tendo uma visão e desenvolvimento
contínuo. Acrescido a isso é preciso que este líder seja um empreendedor, conseguindo
gerar inovação, reação rápida para desencadear as mudanças necessárias e capacidade de
se adaptar. Essa capacidade de adaptar-se a novas situações, apesar das adversidades
vividas, também é conhecida como resiliência. Faz parte do papel de quem está na gestão
identificar essa capacidade do indivíduo e usá-la como auxílio para o seu
desenvolvimento.
Outro aspecto importante, no ambiente de trabalho, a qual o técnico em enfermagem
deve estar atento, é a tomada de decisão. QUIM, R. E. et al. citam Lawler (1986, 1992),
que menciona duas abordagens que poderão ser utilizadas por quem está na gestão: a
tomada de decisão “centrada no controle” e a “centrada no envolvimento”. Isso significa
que há casos nos quais a decisão é tomada por quem está liderando formalmente, e só
depois é comunicada aos outros membros; e há outras situações em que a deliberação é
participativa e há envolvimento de todos, no sentido de opinar e decidir.
Existem vantagens e desvantagens nas duas situações. De modo geral, os prós para
quando há envolvimento no processo decisório são: maior compromisso dos funcionários
no que se refere à aplicação da decisão tomada, com maior compartilhamento do
conhecimento, maior facilidade em identificar obstáculos e sugerir soluções e colaboração
para o desenvolvimento dos funcionários. As desvantagens são de que levam mais tempo
para chegar a um consenso sobre a decisão a tomar e nem sempre há uma capacitação
geral do grupo para isso. (QUIM et AL., 2003).
Motivação
E quando se fala de pessoas é preciso falar de motivação. Mas o que isto significa?
Já é sabido que a motivação está associada à satisfação das necessidades, que podem se
apresentar em diferentes níveis, variando de acordo com o estilo de vida da pessoa, sua
personalidade, idade, profissão e outros. As teorias, neste assunto, relacionam as
necessidades e a motivação. Afirmam que a própria pessoa é responsável pela sua
motivação, apesar dos estímulos externos, e que precisa estar com suas necessidades
satisfeitas para isso. Os estímulos adequados para “despertar” alguém e fazê-lo sentir-se
motivado devem ser no sentido de gerar uma nova necessidade, algo que internamente o
estimule a buscar incentivo. É necessário, entretanto, saber como acontece o processo da
motivação, desenvolver habilidades específicas e principalmente conhecer, compreender
e perceber como se sente esta pessoa que necessita ser estimulada. (FUNDAP, 2004).
KRON e GRAY (1994) apontam para o fato de que não se deve ter esta visão sobre a
satisfação das necessidades humanas básicas apenas para os pacientes e sim lembrar que
as pessoas que fazem parte do nosso trabalho também precisam ter suas necessidades
supridas. Atenta, ainda, para a interferência das respostas emocionais nas relações
interpessoais, em que aponta o prazer, a alegria e o entusiasmo ligados às necessidades
básicas satisfeitas, em contraponto com a não satisfação destas gerando estresse e estafa,
deixando a irritabilidade e a ansiedade afetarem essas relações.
Dentre muitas teorias que falam sobre motivação, citaremos a de Maslow, a de David
McClelland e David Burnhan e a de Ruy Mattos. Elas podem contribuir para analisar o
comportamento das pessoas no local de trabalho e também ser fonte de
autoconhecimento. (FUNDAP, 2004).
• A teoria de Ruy Mattos está voltada para os valores pessoais. O ser humano se
encaixaria numa das quatro fontes existenciais de motivação: o ser – pessoas que
procuram ser cada vez melhores porque almejam encontrar o sentido da vida; buscam a
autorrealização; ter – as que almejam acumular e adquirir bens materiais; saber – seres
racionais, voltados para o conhecimento científico; e poder – pessoas direcionadas para o
domínio sobre os outros. Mattos não está de acordo com Maslow quando este considera
que as necessidades,de todos os níveis, perdem sua influência motivadora quando
saciadas. Segundo Mattos, isto é válido apenas para as necessidades básicas (fisiológicas e
de segurança), pois as outras seriam insaciáveis no ser humano, sofrendo, somente,
períodos de adormecimento. (FUNDAP, 2004).
Porém, mudanças nem sempre são bem aceitas por todos. As pessoas têm diferentes
pontos de vista, assim como também divergem quanto aos seus interesses, objetivos e
necessidades. (FUNDAP, 2004). Quando isso ocorre podem surgir conflitos que sempre
deverão ser enfrentados, visando a uma solução satisfatória a todos os envolvidos.
Manejo de conflitos
Os conflitos podem ser internos, nos quais a pessoa está em discórdia com ela mesma,
afetando sua relação intrapessoal; ou externo, nas relações interpessoais. Essas relações
podem ter desde uma pequena abrangência (duas pessoas do mesmo turno de trabalho);
acontecer entre equipes ou até mesmo ocorrer entre grandes organizações. ( BERTELLI,
2004).
O técnico de enfermagem precisa estar ciente que se o conflito não for administrado de
forma adequada pode ser causa de grandes danos aos objetivos a ser alcançados, fazendo
com que as pessoas vivam num clima de tensão, prejudiquem a produtividade e a
qualidade no desempenho de suas funções, além do desgaste emocional e nas relações
interpessoais. (GALVÃO, 2000).
Além disso, estas discórdias apresentam nuances que os diferenciam em níveis diferentes:
• conflito percebido – percepção por meio da comunicação não verbal; sensações;
• conflito experienciado – boicotes e vivências desagradáveis;
• conflito manifestado – declarado. (BERTELLI, 2004).
BERTELLI, S. B. (2004) descreve ainda cinco maneiras de se administrar conflitos: o estilo
da evitação – em que é evitado o conflito, não há confronto, mas também não há alcance
dos objetivos em ambos os lados; estilo de acomodação – há suavização da situação na
tentativa de harmonizá-la, mas a causa do conflito é ignorada; estilo competitivo – uso da
autoridade por uma das partes, sendo que esta ganha e a outra perde; estilo de
compromisso – busca soluções baseadas na cooperação, a fim de evitar futuros conflitos;
e estilo de colaboração – beneficia ambas as partes, reconciliando e reduzindo as
diferenças, sendo o mais apropriado.
Ao se administrar adequadamente os conflitos, nota-se melhoria no clima organizacional,
com bons desempenhos e favorecimento do alcance coletivo no que se refere às metas e
objetivos.
Outro assunto relevante para o conhecimento do técnico de enfermagem é a negociação.
BERTELLI, S. B. (2004) também ressalta que se deve, no início, ter uma postura positiva,
focar o problema em si e não nas pessoas, não dar tanta importância às primeiras ofertas,
mas gerar confiança entre as partes, valorizando as soluções que serão vantajosas para
todos.
QUIM, R. E. et al. (2003) ressaltam a importância do diálogo, enfatizando que este só será
mantido se houver para ambas as partes o mesmo objetivo, respeito e entendimento. Os
pontos de vista também deverão ser compartilhados.
Trabalho em Equipe
Após tantos assuntos relevantes, abordaremos o trabalho em equipe, pois sabemos que
este é essencial na área da saúde e principalmente na enfermagem. Fazer parte de uma
equipe deve ser motivador, pois várias pessoas precisam estar unidas para o alcance de
um objetivo comum. Portanto, segundo QUIM et al. (2003), o que caracteriza uma equipe
é:
• comprometimento com a mesma meta e propósito;
• papéis e responsabilidades bem definidas e interdependentes a fim de não gerar
conflitos;
• boa comunicação para o intercâmbio de informações;
• a equipe deve compartilhar o que está fazendo, demonstrando compromisso.
• a equipe de trabalho precisa se conhecer bem para executar com competência e
harmonia as tarefas e conquistar os objetivos.