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FACULDADES INTEGRADAS EINSTEIN DE LIMEIRA - FIEL

CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

JOEL RODRIGUES DE MORAIS FILHO

PROJETO DE PROTEÇÃO DE UM SISTEMA ELÉTRICO INDUSTRIAL, ESTUDO DE


CURTO-CIRCUITO, COORDENAÇÃO E SELETIVIDADE DE PROTEÇÃO

LIMEIRA
2016
FACULDADES INTEGRADAS EINSTEIN DE LIMEIRA - FIEL

JOEL RODRIGUES DE MORAIS FILHO

PROJETO DE PROTEÇÃO DE UM SISTEMA ELÉTRICO INDUSTRIAL, ESTUDO DE CURTO-


CIRCUITO, COORDENAÇÃO E SELETIVIDADE DE PROTEÇÃO

Monografia apresentada às Faculdades


Integradas Einstein de Limeira - FIEL,
como exigência para obtenção do grau de
Bacharel em Engenharia Elétrica com
ênfase em Eletrônica e Eletrotécnica.

Orientador: Prof. MSc. André Luis


Fortunato

LIMEIRA
2016
AQUELES A QUEM AMAMOS NUNCA
MORREM, APENAS PARTEM ANTES DE
NÓS.

Cícero Norberto Liendo


RESUMO

Correntes de curto-circuito são os parâmetros dominantes para o projeto de instalações e


equipamentos, para operação de sistemas elétricos de potência e para análise de falhas, sendo
a principal tarefa e ferramenta para os engenheiros eletricistas. Além da etapa de projeto que
necessita integralmente deste cálculo, tais estudos devem ser realizados periodicamente nos
sistemas elétricos, pois sempre que houver alterações em sua topologia, como acréscimo ou
redução de circuitos ou equipamentos, haverá alterações nos níveis de curto-circuito das
fontes. Este trabalho discorre sobre este assunto, utilizando a forma de componentes
simétricas para cálculo, comparando-os com softwares utilizados no meio profissional e,
também, como utilizá-la em proteções dos sistemas elétricos. Apresentará tabelas de
parâmetros para ajustes de relés de forma a proteger as instalações de forma coordenada e
seletiva, proporcionando o isolamento o da menor porção do sistema o mais rápido possível.
Será utilizado uma planta fictícia para estudo, recebendo uma tensão de 11,9kV da
concessionária e sendo distribuída em 4 circuitos diferentes em 9 subestações.

Palavras-chave: Curto-circuito, seletividade, proteção, sistemas elétricos de potência.


LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Classificação quanto ao tipo de curto


Tabela 2: Fator de Assimetria
Tabela 3: Relação X/R para Transformadores
Tabela 4: Resistência e Reatância dos Condutores de Cobre (aproximado)
Tabela 5: Características dos Relés
Tabela 6: Tabela ANSI para Transformadores
Tabela 7: Intervalos de Coordenação
LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Curto Circuito Trifásico


Figura 2: Curto Circuito Monofásico a Terra
Figura 3: Curto Circuito Bifásico à Terra
Figura 4: Forma de Onda da Componente Simétrica
Figura 5: Forma de Onda da Componente Assimétrica
Figura 6: Amortecimento das Componentes
Figura 7: Componentes das Sequências
Figura 8: Fasores Trifásicos
Figura 9: Operador a
Figura 10: Seletividade Cronológica
Figura 11: Fusível em Série com Fusível
Figura 12: Fusível em série com Disjuntor
Figura 13: Disjuntor em Série com Disjuntor
Figura 14: Curva Normal Inversa (IEC)
Figura 15: Família de Curvas Normal Inversa (IEC) com seus Respectivos TMS
Figura 16: Curva I²t de condutor de cobre/PVC 16mm²
Figura 17: Características tempo x corrente dos Fusíveis tipo gG e aM, Respectivamente
Figura 18: Característica tempo x corrente Disjuntores Termomagnéticos
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................11

1.1 Objetivos............................................................................................................................12
1.2 Objetivos Específicos........................................................................................................12
1.3 Justificativa........................................................................................................................12
1.4 Metodologia.......................................................................................................................13
1.5 Organização do Trabalho.................................................................................................13

2 ESTUDO DE CURTO CIRCUITO ...................................................................................15

2.1 Definições...........................................................................................................................15
2.2 Caracterizações das Falhas..............................................................................................16
2.2.1 Curto Circuito Trifásico................................................................................................17
2.2.2 Curto Circuito Monofásico à terra...............................................................................17
2.2.3 Curto Circuito Bifásico Isolado....................................................................................18
2.2.4 Curto Circuito Bifásico à terra.....................................................................................18
2.3 Correntes de Curto Circuito............................................................................................18
2.3.1 Componentes Simétricos e Assimétricos ......................................................................19
2.3.2 Teorema de Fortescue ..................................................................................................21
2.3.3 Sistema por Unidade - PU ...........................................................................................25
2.3.4 Sistema de Base ............................................................................................................26
2.3.5 Método Clássico ...........................................................................................................27
2.3.5.1 Definição das Bases .....................................................................................................28
2.3.5.2 Impedância e Níveis de Curto Circuito da Concessionária ..........................................28
2.3.5.3 Impedância dos Transformadores ................................................................................29
2.3.5.4 Impedância dos Cabos ..................................................................................................30
2.3.5.5 Correntes de Curto Circuito Trifásicas .........................................................................31
2.3.5.6 Correntes de Curto-Circuito Monofásicas (Fase-Terra) ...............................................31

3 COORDENAÇÃO E SELETIVIDADE DA PROTEÇÃO................................................32


3.1 Seletividade .......................................................................................................................33
3.1.1 Seletividade Amperimétrica .........................................................................................34
3.1.2 Seletividade Cronométrica ...........................................................................................34
3.1.2.1 Fusível em série com Fusível........................................................................................36
3.1.2.2 Fusível em série com Disjuntor.....................................................................................36
3.1.2.3 Disjuntor em série com Disjuntor.................................................................................37
3.1.3 Seletividade Lógica.......................................................................................................38
3.1.4 Plotagem de Curvas.....................................................................................................,38
3.1.5 Intervalos de Coordenação...........................................................................................40

4 DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO.....................................................................................44

4.1 Característica I²t................................................................................................................44


4.2 Tipos de Dispositivos de Proteção e Condições de Proteção.........................................44
4.2.1 Fusíveis ........................................................................................................................45
4.2.2 Disjuntores ...................................................................................................................46
4.3 Elaboração de um Estudo de Proteção...........................................................................47

5 MODELAGEM DE UM SISTEMA ELÉTRICO..............................................................48

5.1 Premissas............................................................................................................................48
5.1.1 Equipamentos Envolvidos.............................................................................................48
5.2 Considerações....................................................................................................................51
5.2.1 Definição das Bases......................................................................................................51
5.2.2 Impedâncias Envolvidas em pu. ...................................................................................52
5.3 Valores de Curto-Circuito................................................................................................54
5.3.1 Via Software..................................................................................................................54
5.3.2 Via Equacionamentos...................................................................................................55
5.4 Critérios de Proteção........................................................................................................64
5.5 Tabelas de Ajustes dos Relés de Proteção.......................................................................64
5.6 Verificação Gráfica de Coordenação e Seletividade......................................................65
5.7 Diagrama Unifilar.............................................................................................................67
6 CONCLUSÕES..................................................................................................................68

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................69
11

1 INTRODUÇÃO

Quando falamos em energia elétrica as pessoas geralmente associam a aquela lâmpada


acesa na sala de casa enquanto assistem à televisão, porém não tem noção do elevado grau de
dependência que a sociedade tem hoje em relação à energia elétrica.
No final do século XIX foi o início da utilização da eletricidade no dia a dia das
pessoas e desde então seu emprego foi altamente expandido, passando dos fundamentos das
máquinas a vapor para a energia elétrica. Naquela época, a energia era produzida muito
próxima dos locais de consumo e era possível afirmar categoricamente que aquela energia
provinha de uma determinada usina, sendo o sistema operado isoladamente. Com este
aumento da demanda, ao passar dos anos, tornou-se necessário aumentar a capacidade e a
confiabilidade dos sistemas elétricos, conectando todos os sistemas isolados para formar uma
única rede elétrica que hoje é chamado de Sistema Interligado, especificamente iniciou-se no
Brasil no final da década de 1950 – o SIN, Sistema Interligado Nacional.
Conforme Fujio Sato e Walmir Freitas (2015), a energia elétrica tem que estar
disponível a qualquer momento na tensão e frequência corretas e na quantidade exata que o
consumidor necessita. Para alcançar este desempenho é preciso que os sistemas sejam
planejados, projetados, construídos e operados obedecendo a critérios técnicos rígidos e
dispondo de recursos financeiros e humanos compatíveis.
Esta interligação dos sistemas elétricos é composta de uma variedade imensa de
equipamentos e ocupa uma vasta área geográfica para atender a todos, porém esta abrangência
está sujeita a constantes perturbações. Estas perturbações podem ser causadas por fenômenos
naturais, falhas em equipamentos ou ações humanas equivocadas, quase sempre provocando o
chamado curto-circuito, que provocam impactos bruscos e mudanças violentas nas grandezas
elétricas, alterando as condições normais de operação do sistema.
O curto-circuito em uma instalação provoca o fluxo de elevadas correntes, liberando
uma carga imensa de energia que pode provocar acidentes fatais e danos a equipamentos,
sendo tratado como principal elemento para projetos de sistemas elétricos. Para evitar estes
danos ao sistema, são aplicados esquemas de proteção que devem atuar no menor espaço de
tempo entre a detecção da alteração da condição normal e a extinção total desta, evitando que
as partes não anormais sejam desligadas indevidamente e garantir que somente as partes
defeituosas do sistema serão desligadas, chamado de coordenação de dispositivos.
12

1.1 Objetivos

Este trabalho tem como objetivo considerar a importância das correntes de curto-
circuito, decifrar seu significado, estudar formas de calculá-la e meios de proteger as
instalações, apresentar uma boa forma de coordenação dos dispositivos de proteção,
empregando seletividade, utilizando recursos matemáticos e softwares específicos para
projetos de sistemas protegidos.

1.2 Objetivos Específicos

 Cálculo de correntes de curto-circuito em um sistema elétrico de potência em tensão


primária de distribuição 11,9kV.
 Coletar dados elétricos em data books de fabricantes, como impedância de condutores,
transformadores, potências e dados da rede elétrica, fornecidos pela concessionária de
energia.
 Dissertação e elaboração de conceitos dos componentes elétricos de um sistema
elétrico de potência, contendo diagramas unifilares e dados adquiridos com a
concessionária de energia e softwares específicos.
 Realizar o estudo de proteção para este sistema elétrico de potência, de acordo com as
exigências das normas referentes a projetos.
 Apresentar a metodologia e critérios utilizados na proteção das instalações elétricas do
sistema.

1.3 Justificativa

Trabalhar com segurança é uma das principais exigências, sempre que a eletricidade
está envolvida, bem como em diversas outras áreas de trabalho. Desde serviços simples a
operações mais complexas, a vida dos envolvidos é o bem mais precioso. Quando o assunto
sistema elétrico de potência é abordado, devem ser considerados todos os riscos que estão
agregados a esta área. Acidentes envolvendo eletricidade podem facilmente levar
profissionais a se afastarem desta área por incapacitação; porém, em muitos casos, estes
acidentes são fatais. (MTE – NR-10, 2004).
13

Com o grande desenvolvimento de tecnologias de fabricações e o aumento


populacional em todo o mundo, é essencial que o fornecimento de energia para estas
demandas acompanhe no mesmo ritmo. Este aumento provoca a necessidade de que os
sistemas elétricos de potência sejam cada vez maiores e complexos, exigindo seriamente da
segurança e proteções envolvidas.
Para isto, é necessário que os engenheiros eletricistas conheçam formas de estudar as
possíveis falhas em um sistema elétrico complexo, elaborando formas de protegê-lo e mantê-
lo operacional a maior parte do tempo. Portanto, estudar as correntes de curto-circuito e
formas de aperfeiçoar a coordenação dos dispositivos de proteção contra falhas é
imprescindível no currículo de um engenheiro eletricista.

1.4 Metodologia

Primeiramente será feito uma pesquisa referente a cálculo de correntes de curto-


circuito e seletividade de operação, tendo como referência bibliográfica livros, artigos,
revistas, dissertações, entre outros.
Será feita uma apresentação dos conceitos básicos teóricos sobre todos os
componentes envolvidos nos sistemas de proteção e formas matemáticas de organizar e
determinar estes dispositivos.
Serão levantados os dados técnicos necessários para que se aplique a metodologia em
um modelo de sistema elétrico de potência. Uma vez levantados será feita sua análise em
software computacional, comparando e comprovando os resultados com os cálculos
apresentados.
O software utilizado para os estudos será o DOC II ABB Versão 2.0.
Ao final, concluiremos mostrando as tabelas de cálculos e gráficos de corrente versus
tempo, ou seja, folhas de verificação gráfica de seletividade e ordem de ajustes dos
dispositivos.

1.5 Organização do Trabalho

Este documento será organizado como:


 O Capítulo 2 fará uma apresentação teórica do curto-circuito, descrever sobre suas
componentes e tipos de falta possíveis, bem como a apresentação das formulas de
cálculo para determinação das correntes.
14

 O Capítulo 3 apresentará do que se trata o quesito de coordenação de seletividade de


operação e os critérios a serem seguidos como sua estrutura básica.
 O Capítulo 4 irá mostrar alguns dos dispositivos de proteção em um sistema elétrico
de potência.
 O Capítulo 5 irá demonstrar um modelo de um sistema elétrico com seus valores de
curto-circuito calculados e tabelas de ajustes de seletividade, juntamente com as
verificações gráficas de corrente versus tempo.
 O Capítulo 6 fornecerá as considerações finais e a conclusão do trabalho.
 O Capítulo 7 possui as referências bibliográficas utilizadas na elaboração do trabalho.
15

2 ESTUDO DE CURTO-CIRCUITO

Um dos problemas mais incidentes nas redes elétricas é o curto-circuito, são também
os que podem causar danos de maior gravidade. Esta parte do trabalho descreve suas
características e efeitos nas redes, bem como suas interações com os materiais.
Estudaremos o Teorema de Fortescue, que é um método de cálculo de correntes e
tensões no ato do curto-circuito que consiste na decomposição dos elementos em partes
iguais, com ângulos de fase diferentes.

2.1 Definições

Um curto-circuito é uma conexão acidental ou intencional, em geral de baixa


impedância, entre condutores, dois ou mais, que estão em diferentes potenciais elétricos. A
consequência disto é o fluxo de uma corrente elétrica pelo circuito que pode atingir valores
extremamente elevados, que podem provocar efeitos térmicos e mecânicos aos equipamentos
conectados ao circuito. Os efeitos térmicos estão relacionados ao tempo de permanência da
falha e também ao valor eficaz da corrente, que podem produzir um excesso de aquecimento
dos condutores e isolantes, podendo vir a deteriorar os equipamentos, deformando-os ou
rompendo-os. A duração da falha é variável e limitada a frações de segundo, podendo ser auto
extinguível, quando é muito curta para fazer a proteção atuar, transiente, quando é eliminada
após o trip da proteção ou permanente, quando não desaparece após a proteção atuar. Pode
atingir valores de 10 a 100 vezes a corrente nominal do circuito (SCHNEIDER ELETRIC,
2008).
Esta corrente de fluxo elevado que aparece após o curto-circuito é chamada de
corrente de curto-circuito ou corrente de falta e pode ser classificada como monofásica,
quando o curto se dá entre uma fase e o potencial terra, bifásica, que pode ser entre duas fases
ou duas fases e a terra ou trifásica, que ocorre quando há uma conexão entre as três fases em
um sistema trifásico. Quando a impedância entre os elementos em curto-circuito for nula, a
falha é chamada de curto-circuito franco ou sólido.
A análise do curto-circuito é imprescindível para o planejamento quanto para a
operação de um sistema elétrico.
Os engenheiros eletricistas devem ter conhecimento dos cálculos de corrente de curto-
circuito, pois conhecendo esses valores determina-se a capacidade dos equipamentos
suportarem as elevadas correntes de falta, o cálculo dos ajustes dos dispositivos de proteção
(relés e disjuntores), a seleção de limitadores de corrente, fusíveis e transformadores de
16

corrente, o cálculo dos esforços mecânicos dos elementos estruturais dos equipamentos, a
seleção e análise de superação de disjuntores e outros equipamentos de seccionamento e o
dimensionamento do sistema de aterramento e alimentadores.
Além disso, após o projeto e construção, sempre que houver alguma mudança
significativa nos sistemas elétricos, é necessário atualizar o estudo do curto-circuito,
mudanças topológicas e comprimento ou seção de alimentadores, expansão, interligação com
outros sistemas, instalação de novos equipamentos, sobretudo geradores e motores de corrente
alternada (MAMEDE, 2003).

2.2 Caracterizações das Falhas

Os curtos-circuitos podem ter sua origem de diversas naturezas, como por exemplo,
queda de arvores, animais silvestres que venham a interagir com as redes, acidentes de
serviço, etc.
Podem ser classificados, com suas respectivas características e variações, em
trifásicos, bifásicos e monofásicos.
Os monofásicos são exclusivamente faltas entre uma fase e a terra, por isso provocam
correntes assimétricas, estudaremos mais a frente o que é a simetria das correntes, e
representam a grande maioria das estatísticas, sendo o de menor intensidade mas podendo
evoluir rapidamente para um curto-circuito bifásico à terra e, mais dificilmente, se não
extinguido rapidamente, para um trifásico.
Os bifásicos também são desequilibrados ou assimétricos, mas de menor reincidência,
porém com valores maiores de correntes e são considerados os mais prejudiciais às
instalações.
Já os trifásicos são equilibrados ou simétricos, porém ocorrem com uma frequência
muito menor em relação aos outros, são mais fáceis de calcular, mas, devido ao seu grande
poder destrutivo, é fundamental conhecermos seus valores para podermos evitar esforços
termodinâmicos demasiados aos componentes do sistema elétrico, acarretando problemas e
custos de manutenção (SCHNEIDER ELETRIC, 2008).
17

Tabela 1: Classificação quanto ao tipo de curto

ORIGEM OCORRÊNCIA
Trifásico 8%
Bifásico 14%
Monofásico 78%
Fonte: Mamede Filho; Mamede, 2011

Este é a grande importância do cálculo das correntes de curto-circuito, conhecendo-as


os engenheiros eletricistas podem dimensionar os dispositivos e componentes de proteção do
sistema elétrico de potência, evitando paradas de elevadas horas para os consumidores.
Podemos ilustrar os curtos-circuitos:

2.1.1 Curto Circuito Trifásico

Corresponde a uma falta entre as três fases. Este tipo geralmente provoca as correntes
mais elevadas.
Figura 1: Curto Circuito Trifásico

Fonte: Guia de Proteção Schneider, 2008

2.1.2 Curto Circuito Monofásico a Terra

Corresponde a uma falha fase-terra. Este tipo é o mais frequente.

Figura 2: Curto Circuito Monofásico a Terra

Fonte: Guia de Proteção Schneider, 2008


18

2.1.3 Curto Circuito Bifásico Isolado

Corresponde a uma falha entre duas fases em tensão fase-fase. A corrente resultante é
menor do que no caso do curto-circuito trifásico, exceto quando a falta se situar nas
proximidades de um gerador.

Figura 3: Curto Circuito Bifásico Isolado

Fonte: Guia de Proteção Schneider, 2008

2.1.4 Curto Circuito Bifásico a Terra

Corresponde a uma falha entre duas fases e a terra.

Figura 3: Curto Circuito Bifásico à Terra

Fonte: Guia de Proteção Schneider, 2008

2.3 Correntes de Curto-Circuito

Determinar as correntes de curto-circuito em um sistema elétrico com altas e baixas


tensões é de primordial para a elaboração de um projeto de proteção.
Estes valores são baseados no conhecimento das impedâncias de todo o sistema desde
a fonte geradora e o ponto de defeito.
Apesar de assumirem grandes intensidades, as correntes de curto circuito são
geralmente limitadas a frações de segundo, mais comumente provocadas pela perda de
isolamento de algum elemento energizado no sistema (MAMEDE, 2003).
19

Os danos que possam vir a ser provocados na instalação e equipamentos quando


ocorre a passagem da corrente de curto-circuito ficam condicionados à intervenção correta
dos elementos de proteção. Além da queima de alguns componentes, as correntes de curto-
circuito geram esforços mecânicos altíssimos, atuando principalmente sobre os barramentos,
chaves e condutores, ocasionando deformações na estrutura, caso o dimensionamento não seja
adequado.

2.3.1 Componentes Simétricas e Assimétricas

As correntes de curto-circuito assumem diversas formas durante seu período de


atuação, ela é constituída por uma parte que corresponde pela componente simétrica, e outra
pela parte chamada de assimétrica.
Com a corrente simétrica determinamos a capacidade dos equipamentos suportarem os
efeitos térmicos.

Figura 4: Forma de Onda da Componente Simétrica

Fonte: Mamede, 2003

Já a corrente assimétrica apresenta relações assimétricas em relação ao eixo dos


tempos.
20

Figura 5: Forma de Onda da Componente Assimétrica

Fonte: Mamede, 2003

Esta corrente assimétrica possui duas componentes na formação do curto-circuito, a


simétrica e a contínua, sendo esta última um valor decrescente que é característico da
propriedade do fluxo magnético que não pode variar bruscamente (MAMEDE, 2003).

Figura 6: Amortecimento das Componentes

Fonte: Adaptado de Mamede, 2003

O amortecimento da componente contínua depende da relação X/R – fator de potencia


do circuito – que, além de determinar a constante de tempo da duração da componente
contínua na falta, define também, o fator de assimetria para o cálculo da corrente de curto-
circuito trifásica assimétrica conforme tabela abaixo:
21

Tabela 2: Fator de Assimetria

Fonte: Mamede, 2003

A corrente assimétrica é a soma das parcelas da componente simétrica com a


componente contínua e que implica em solicitações termodinâmicas as quais os dispositivos
de proteção vêm a suportar durante o curto circuito.

2.3.2 Teorema de Fortescue

Este teorema é um método de cálculo das correntes de curto-circuito que foi


desenvolvido pelo Dr. C. L. Fortescue, que publicou no ano de 1918 um artigo no AIEE,
denominado “Méthod of Symmetrical Coordinates Applied to the Solution of Polyphase
Networks”.
Segundo Fortescue (1918) um sistema desequilibrado de N fasores correlacionados
pode ser decomposto em N sistemas de fasores equilibrados denominados componentes
simétricas dos fasores originais. Os N fasores de cada conjunto de componente são iguais em
módulo e os ângulos entre os fasores adjacentes dos conjuntos são iguais.
Em um sistema trifásico desequilibrado as componentes dos conjuntos são:
1- Componentes de Sequência Positiva, constituído de três fasores iguais em módulo,
defasados em 120° entre si e tendo a mesma sequência de fases que os fasores
originais.
22

2- Componentes de Sequência Negativa, constituído de três fasores iguais em


módulo, defasados em 120° entre si e tendo a sequência de fase oposta a dos
fasores originais.
3- Componentes de Sequência Zero, constituído de três fasores iguais em módulo e
com defasagem zero entre si.

Ao utilizar as componentes simétricas, designam-se as três fases do sistema por a, b e


c, de tal maneira que a sequência de fases das tensões e correntes no sistema seja abc. Os três
conjuntos de componentes recebem os índices 1 para positiva, 2 para negativa e 0 para as de
sequência zero. Assim teremos os conjuntos Va1, Vb1 e Vc1 para a sequência positiva, Va2,
Vb2 e Vc2 para a sequência negativa e Va0, Vb0 e Vc0 para a sequência zero.

Figura 7: Componentes das Sequências

Fonte: Antoniassi, 2008

Fasores para representar as correntes são designados com a letra I com os mesmos
índices atribuídos as tensões, sendo cada um dos fasores do conjunto desequilibrado original
igual à soma de seus componentes, podemos descrever:

(2.1)

A síntese dos três fasores desequilibrados, de acordo com as equações acima, é


mostrada graficamente, sendo a soma gráfica dos componentes e os fasores desequilibrados
resultantes (ANTONIASSI, 2008).
23

Figura 8: Fasores Trifásicos

Fonte: Antoniassi, 2008

Por causa das diferenças de fase dos componentes simétricos de tensões e correntes
num sistema trifásico, dispõe-se de um método simplificado para indicar a rotação de um
fasor de 120°. O resultado da multiplicação de dois números complexos é o produto de seus
módulos e a soma de suas fases. Se o número complexo que exprime um fasor for
multiplicado por um complexo de modulo unitário e fase β, o complexo resultante representa
um fasor igual ao original, deslocado de um ângulo β. O número complexo de módulo
unitário e fase βé um operador que gira de um ângulo β no fasor sobre o qual atua.
Da mesma forma que o operador j provoca uma rotação de 90°, usa-se o símbolo a
para designar o operador que causa uma rotação de 120° e é definido por:

a = 1 ∟120° = -0,5 + j0,866 (2.2)

Se o operador for aplicado a um fasor duas vezes, sucessivamente, fará o fasor girar
240°. Três aplicações sucessivas dela giram o fasor 360°.
24

Figura : 9 Operador a

Fonte: Antoniassi, 2008

Como vimos mais acima, a síntese de três fasores assimétricos a partir de três
conjuntos de fasores simétricos é feita de acordo com as equações mostradas, agora com essas
mesmas equações iremos decompor três fasores assimétricos em componentes simétricas.
Inicialmente reduzimos o número de incógnitas, exprimindo cada componente de Vb e
Vc como o produto de alguma função do operador a e um componente de Va (ANTONIASSI,
2008).

(2.4)

Ou na forma matricial, temos:

(2.5)
25

Onde:

Multiplicando por A-¹, temos:

(2.6)

(2.7)

2.3.3 Sistema por Unidade

O método do valor por unidade, ou simplesmente pu, é a definição de uma base de


referência para determinado componente a ser estudado. Nesse sistema por unidade, as
grandezas referenciadas são expressas por frações decimais dos valores de base que será
definido durante o estudo.
Este método tem varias vantagens, além de simplificar os cálculos, a principal
vantagem é a presença de transformadores no circuito. Como as impedâncias do primário e
secundário são expressas pelo mesmo número do método do valor por unidade, não é preciso
26

referir as impedâncias para um lado ou outro (GRAINGER; STEVENSON, 1994).


Podemos citar:
- Os valores de impedâncias de equipamentos são apresentados em pu na base das
grandezas elétricas do equipamento.
- Os cálculos são simplificados devido aos valores trabalhados serem mais acessíveis, pois
se encontram na mesma ordem de grandeza.
- Especificamente em engenharia elétrica o uso da representação desse sistema por
unidade produz várias vantagens na simplificação da modelagem e resolução do sistema.
Utilizamos a seguinte formula para transformar os valores em pu:

(2.8)

2.3.4 Sistema de Base

Em qualquer sistema elétrico, os elementos de sua composição estão referenciados em


diferentes bases, portanto sendo necessária a transformação de todos para a mesma base de
referência, auxiliando e simplificando as resoluções de questões relativas à determinação das
correntes de curto-circuito.
Os valores de base são grandezas escalares, geralmente se arbitram valores de base a
potência Pb em kVA e a tensão Vb em kV, tendo-se:

a) Corrente de base
(A) (2.9)

b) Impedância base

(Ω) (2.10)

c) Impedância em pu.
(pu) (2.11)

Onde ZcΩ é a impedância do circuito, dado em Ω.


27

Quando se deseja mudar a base de um determinado valor, pode-se aplicar as seguintes


equações:

a) Tensão

(pu) (2.12)

b) Corrente

(pu) (2.13)

c) Impedâncias
(pu) (2.14)

2.3.5 Método Clássico

A metodologia de cálculo da corrente de curto-circuito utilizada neste documento é


baseada nos conceitos e modelos equivalentes apresentados por MAMEDE.
A partir do diagrama unifilar da instalação é elaborado um diagrama de impedâncias
do sistema elétrico onde cada percurso específico é representado por uma impedância. Este
diagrama representa as impedâncias de valor significativo do trecho de circuito do sistema
elétrico, desde o ponto de entrega até os terminais da carga.
O fluxograma abaixo demonstra o processo de estudo de curto-circuito:

Figura 10: Fluxograma de Cálculo

Fonte: Mamede, 2003


28

Este roteiro de cálculo permite determinar os valores de corrente de curto-circuito,


trazendo valores aproximados aos métodos mais sofisticados, mas a precisão obtida satisfaz
plenamente aos propósitos que se destinam (MAMEDE, 2003).
Para calcular as impedâncias por setor, todos os valores em pu devem estar na mesma
base e será adotado como valor de base um valor de potência Pb, expresso em kVA, e um
valor de tensão Vb, expresso em kV.
A partir destes valores pode-se dimensionar a instalação com componentes capazes de
suportar e suprimir estes esforços mecânicos e térmicos provocados pelas altas correntes, e
também formatar o esquema de proteção e seletividade da planta.

2.3.5.1 Definição das Bases

Inicialmente devem-se escolher as bases a serem utilizadas para os cálculos em pu.


Valores de potência de base (Pb) e tensão de base (Vb), esta que é mais comum a utilização
da maior tensão do sistema em questão. A partir destes valores podemos obter a corrente de
base (Ib) em pu (MAMEDE, 2003).

(2.15)

2.3.5.2 Impedâncias e Nível de Curto-Circuito da Concessionária

A impedância da concessionária pode ser dada diretamente em pu, ou caso seja dada
em ampères deve-se calcular o seu valor em pu (MAMEDE, 2003).

(2.16)

Sendo:
Icc3ϕsimconcess. – Corrente de Curto-Circuito Simétrica Trifásica no ponto de entrega
Ib – Corrente de Base
Z1(pu)concess. – Impedância de Sequência Positiva no ponto de entrega
29

Como o valor da resistência é muito menor que o valor da reatância, na prática este
valor é considerado como nulo. Mas também podemos calcula-lo dividindo a impedância da
concessionária por sua constante de tempo X/R.

2.3.5.3 Impedância dos Transformadores

Z1(pu)trafo =Z% . Pb / Pt
R1(pu)trafo = Z1(pu)trafo/valor (X/R) (2.17)
X1(pu)trafo = ( Z(pu)² – R(pu)²) ½

Sendo:
Z1(pu)trafo, R1(pu)trafo, X1(pu)trafo – Impedância, Resistência e Reatância Indutiva de
Sequência Positiva do Transformador
Z% – Impedância percentual do transformador (dado de placa)
Pt - Potência do Transformador (em VA)
Pb - Potência Base

Para conhecermos o valor da resistência utilizamos a tabela abaixo. Para valores de


potência intermediária, adota-se o valor de X/R da maior potência (DOCENA, 2003).

Tabela 3: Relação X/R para Transformadores

Fonte: Docena, 2003


30

2.3.5.4 Impedância dos Cabos

R1(pu)cabo = ((Rpor metro x Pb )/V² ) x dist / ncpf


X1(pu)cabo = ((Xpor metro x Pb )/V² ) x dist / ncpf (2.18)
Z1(pu)cabo = ( R(pu) 2 + X(pu)² ) ½

Sendo:
R1(pu)cabo, X1(pu)cabo, Z1(pu)cabo – resistência, reatância indutiva e impedância de
sequência positiva do cabo
R por metro e X por metro – resistência e reatância indutiva por metro (dados do fabricante).
Pb - Potência Base (100MVA)
V - Tensão nominal do circuito do cabo (em Volts)
Dist – distância (em metros)
ncpf – número de cabos por fase

Valores de resistência e reatância dos cabos deve se buscar com as tabelas


disponibilizadas pelos fabricantes (MAMEDE, 2003).
Porém ele apresenta uma tabela com os valores aproximados conforme abaixo:

Tabela 4: Resistência e Reatância dos Condutores de Cobre (aproximado)

Fonte: Mamede, 2003


31

2.3.5.5 Correntes de Curto-Circuito Trifásicas

Icc3øasim = Fa * Icc3øsim
Icc3øsim = Ib / Z(pu) (2.19)

Sendo:
Icc3øsim - Corrente de Curto-Circuito Simétrica
Ib - Corrente Base
Z(pu) - Impedância equivalente em cada ponto em pu
Icc3øassim - Corrente de Curto Circuito assimétrica
Fa – Razão entre a reatância indutiva de sequência positiva e a resistência de sequência
positiva (X/R) no ponto onde se deseja calcular o curto-circuito assimétrico retirado da tabela
2, utilizaremos sempre no valor 1.

2.3.5.6 Correntes de Curto-Circuito Monofásicas (Fase-Terra)

Icc1ø = (3Ea / Z1 + Z2 + Z0)*Ib


(2.20)

Sendo:
Icc1ø – Corrente de Curto-Circuito Monofásica
Ea – Tensão na Fase
Z1 – Impedância Positiva Equivalente no Ponto
Z2 – Impedância Negativa Equivalente no Ponto
Z0 – Impedância Zero Equivalente no Ponto
Ib – Corrente de Base no Ponto
32

3 COORDENAÇÃO E SELETIVIDADE DE PROTEÇÃO

Em sistemas elétricos de potência ocasionalmente aparecem falhas nos seus


equipamentos que resultam em paradas de fornecimento de energia, derrubando os índices de
qualidade de serviço prestado aos consumidores conectados a esses sistemas. Além de falhas
de operação, erro humano, etc., a falha que mais ocorre é o curto-circuito, gerando altas
correntes que circulam por todos os componentes energizados, resultando em fortes alterações
de tensões ao longo de todo o circuito, e, muitas vezes, provocando danos irreversíveis às
instalações.
Além do curto-circuito, outro índice alto de parada de fornecimento de energia é a
sobrecarga, bem como as sub e sobre tensões, originárias de várias fontes, descargas
atmosféricas, operações no sistema, etc. Essas condições anormais podem atuar no sistema
interrompendo-o sem necessidade, sendo imprescindível seu monitoramento e controle.
A função principal de um sistema de proteção é garantir que toda desconexão de
alguma parte do sistema elétrico seja coerente com as condições do circuito naquele
momento, ou seja, qualquer grandeza que trabalhar fora dos limites previstos em um tempo
determinado a proteção deve atuar. Com isso, fornece informações necessárias aos
engenheiros responsáveis, facilitando a identificação de defeitos e sua recuperação.
Quase que sempre, a proteção de sistemas de potência é projetada com fusíveis e relés
incorporados a um disjuntor, que é efetivamente o equipamento responsável por desconectar
mecanicamente o circuito afetado com a fonte.
A proteção dos sistemas elétricos, além de garantir coerência nas paradas de energia,
também tem o objetivo de proteger barras e linhas, equipamentos, etc.
O projeto de proteção deve estabelecer uma estratégia de proteção, que vai desde
selecionar os dispositivos que irão atuar na presença de falhas em um menor espaço de tempo
possível, até determinar suas condições normais de operação, isso se traduz em ter uma boa
seletividade entre as proteções, que é certificar que somente a parte que foi afetada será
desconectada do sistema, enquanto outras, que permanecem normais em operação, continuem
energizadas sem problema algum (SCHNEIDER ELETRIC, 2008).
Costumamos dizer que dois dispositivos em série estão coordenados se seus ajustes
são tais que ao segundo dispositivo, mais próximo da fonte, é permitido eliminar a falta caso o
primeiro, mais próximo do defeito, falhe na atuação. Denomina-se tempo ou degrau de
coordenação o intervalo de tempo que separa as duas hipóteses anteriores, e que deve cobrir
33

pelo menos o tempo do próprio, mais o tempo do relé e uma certa margem de tolerância.
(CAMINHA, 1977).
A configuração correta de um relé de sobrecorrente (função 50/51) requer um
conhecimento sobre os valores das correntes de curto-circuito em cada um dos pontos do
sistema. Os principais são:
 Diagrama unifilar do sistema a ser estudado;
 As impedâncias do sistema;
 Os valores máximos e mínimos das correntes de falta sobre cada componente de
proteção;
 As correntes de partida de motores e de “inrush” de transformadores;
 Picos de corrente de carga.

Conhecidos estes dados pode-se realizar a coordenação da proteção de um sistema


elétrico. Esta coordenação significa garantir que a parte em falha do sistema seja isolada do
restante no menor tempo possível e de forma a garantir que a maior parte restante do sistema
funcione em condições normais (GEC ALSTHOM, 1987).

3.1 Seletividade

O principal objetivo do estudo de seletividade é a determinação de parâmetros nos


dispositivos de proteção utilizados no sistema elétrico em análise, procurando sempre que
possível à eliminação de uma falta de forma seletiva e coordenada, proporcionando o
isolamento da menor porção do sistema em um menor tempo possível.

Segundo Mamede (2003) a seletividade é uma característica que o sistema elétrico


deve ter quando submetido a condições anormais de funcionamento, afim de que o dispositivo
de proteção atue o mais próximo da carga. Há três procedimentos utilizados para realizar a
correta seletividade.
34

3.1.1 Seletividade Amperimétrica

Este conceito se baseia no princípio de que em uma rede, a corrente de falta é menor
em relação à distância da fonte, ou seja, é sempre menor quanto mais distante do curto-
circuito.
Portanto, seu funcionamento é de forma que a cada seção de distribuição é instalado
um relé de proteção e o nível de corrente de curto-circuito regulado é menor do que o valor de
curto-circuito calculado e superior ao valor à jusante. Com isto, cada proteção funciona
somente para as faltas ocorridas abaixo de sua posição e insensível às falhas que aparecem
acima.
O inconveniente disto é que é difícil definir as regulagens de duas proteções em
cascata que garantam uma boa seletividade, quando a corrente não decresce de modo
significativo entre dois setores próximos (SCHNEIDER ELETRIC, 2008).
Enquadram-se aqui os dispositivos instantâneos instalados no primário de
transformadores, que apresenta uma impedância muito grande entre os pontos em que se está
fazendo a seletividade.

3.1.2 Seletividade Cronométrica

Este conceito consiste em conceder temporizações diferentes às proteções de sobre


corrente distribuídas ao longo do sistema.
Por exemplo, temos um esquema conforme abaixo com os disjuntores e relés A, B, C,
D:
35

Figura 10: Seletividade Cronológica

Fonte: Guia de Proteção Schneider, 2008

Se tivermos uma falta no setor D, este deve estar programado para suportar uma
corrente de curto-circuito com um tempo menor do que C, e por sua vez menor do que B, e
assim com A. Como podemos observar na figura, a corrente de curto circulará por todo o
sistema, porém assim que extinguida no tempo de D, A, B e C não atuarão, pois a corrente já
desaparecera.
A vantagem deste conceito é sua simplicidade, porém em um sistema com número de
setores muito grande o tempo se torna incompatível com a suportabilidade dos equipamentos
com a corrente de curto-circuito (SCHNEIDER ELETRIC, 2008).
O tempo de disparo das proteções de forma consecutiva tem que ser igual ao tempo de
abertura do disjuntor somando um intervalo de coordenação que corresponde à atuação das
proteções. Estes valores de intervalo de coordenação variam entre 0,3 e 0,5 segundos
(MAMEDE, 2003).
Segundo MAMEDE (2003) este tipo de seletividade pode ser aplicada a um sistema
elétrico através das combinações seguintes:
 Fusível em série com Fusível;
 Fusível em série com Disjuntor de ação termomagnética;
 Disjuntor em série entre si.
36

3.1.2.1 Fusível em série com Fusível

Neste tipo de seletividade é importante garantir que a corrente do fusível a montante


seja igual ou superior a 160% a do fusível a jusante, isto é:

(3.1)

É importante ressaltar que quando é feita a seletividade entre fusíveis do mesmo tipo
os quais apresentam valores de corrente subsequentes, a seletividade entre eles é estabelecida
naturalmente.

Figura 11: Fusível em Série com Fusível

Fonte: Mamede, 2003

3.1.2.2 Fusível em série com Disjuntor

Neste tipo de seletividade têm-se duas montagens possíveis: Disjuntor a jusante ou a


montante e fusível a montante ou a jusante.
Primeiramente o disjuntor a jusante. Nesta configuração, o tempo do fusível deve ser
igual ou superior a 50ms após o disparo do relé de proteção:

(3.2)
No caso do disjuntor a montante, o tempo de atuação do relé de proteção do disjuntor
deverá ser igual ou superior a 100ms ao tempo do disparo do fusível:

(3.3)
37

Figura 12: Fusível em série com Disjuntor

Fonte: Mamede, 2003

3.1.2.3 Disjuntor em série com Disjuntor

Para garantir a correta seletividade entre disjuntores é necessário que:


 A diferença de tempo de atuação do relé a montante, ou mais próximo da fonte, tem
que ser igual ou superior a 150ms à atuação do relé de proteção do disjuntor a jusante,
sendo assim:

(3.4)

 As correntes de atuação também devem respeitar o critério de que a corrente de


atuação do disjuntor D1 a montante seja 25% maior que a do disjuntor a jusante D2:

(3.5)
38

Figura 13: Disjuntor em Série com Disjuntor

Fonte: Mamede, 2003

3.1.3 Seletividade Lógica

Este conceito foi desenvolvido para remediar os inconvenientes da cronométrica,


sendo utilizado quando se deseja obter um curto tempo de eliminação da falta. Porém exige
uma infraestrutura de interligação dos relés de proteção dos diferentes níveis do sistema
elétrico, ou seja, necessita que os níveis conversem entre si.
Cada proteção por falha envia um comando de espera ao nível a montante ou um
comando de desarme ao disjuntor associado.
Portanto, o tempo de desarme independe da posição da falta ou do número de níveis
em cascata, possibilitando obter uma seletividade com temporização baixa a montante e alta a
jusante.
Porém, por utilizar sinais lógicos, a distância pode ser um problema na transmissão
destes sinais, sendo necessária a combinação de conceitos, lógica juntamente com a
cronométrica (SCHNEIDER ELETRIC, 2008).

3.1.4 Plotagem de curvas

Ao se unir tempo e corrente a análise fica mais simples. A análise feita com plotagem
que definirão a atuação do referido sistema de proteção. Estas curvas são plotadas em
coordenogramas, que nada mais são que gráficos de tempo versus corrente. Tais curvas
obedecem às equações definidas por normas (IEC, IEEE...). Como por exemplo, abaixo:
39

Figura 14: Curva Normal Inversa (IEC)

Fonte: Caminha, 1977

Tais relés que utilizam esta discriminação são chamados de relés de tempo inverso, onde a
corrente e tempo são correlacionados de forma inversa, ou seja, quanto maior a corrente de
falta, menor será o tempo de atuação do relé.
Estas curvas são produtos de equações que definem os tempos de atuação dos relés de
acordo com sua característica. Existem duas normas que definem tais expressões, IEC e
ANSI. Como tais expressões de ambas as normas são próximas, trabalharemos com a norma
IEC.

(3.6)
Onde:
t – tempo de operação do relé;
k – dial de tempo (ou TMS – Time Multiplier Setting);
I – corrente de falta;
Is – corrente de pick-up
40

Sendo que:

(3.7)
FSC – Fator de Sobrecarga
RTC – Relação de Transformação do Transformador de Corrente

É importante salientar também que os fatores de sobrecarga são típicos, e nem sempre
se aplicam a todos os casos.
 Motores: Maiores e de maior importância utiliza-se valores baixos (<1) e menores e de
menor importância, de 1 a 1.10;
 Linhas, transformadores e geradores: de 1.25 a 1.50;
 Alimentadores de distribuição: Até 2.0.

A corrente de pick-up é o valor de corrente a partir da qual o relé irá atuar, ou seja, é o
valor mínimo que o relé ao observá-la, irá iniciar sua contagem de atuação. Como o tempo de
atuação é inversamente proporcional à corrente, para o valor de corrente de pick-up o tempo
de operação do relé é alto se comparando aos tempos de atuação para valores maiores de
corrente, como a de curto-circuito.
Já α e β são valores que irão determinar a excentricidade da curva, existem
basicamente quatro características:

Tabela 5: Características dos Relés

Fonte: Caminha, 1977


41

A figura abaixo mostra uma família de curvas de característica Normal Inversa, cada
uma com seu respectivo valor de TMS, como especificado no próprio gráfico:

Figura 15: Família de Curvas Normal Inversa (IEC) com seus Respectivos TMS

Fonte: Caminha, 1977

Para plotar as curvas manualmente deve se seguir os passos abaixo:


 Cálculo das correntes de curto-circuito;
 Utilizando uma folha DI-LOG transparente para utilizar no retroprojetor deve
se marcar as correntes nominais na parte superior e as correntes de curto-
circuito na parte inferior;
 Traçar no canto superior direito o diagrama unifilar do sistema em estudo;
 Marcar outras informações como correntes de partida e magnetização;
 Marcar o nível de tensão de referência junto à escala de correntes de curto-
circuito;
 Localizar os transformadores no plano I x t obedecendo aos limites de
sobrecarga e magnetização normatizados;
 Determinado pelas normas ANSI (antiga ASA), marcar o ponto ANSI do
transformador, que corresponde ao máximo valor de corrente simétrica de
curto-circuito que o transformador pode aguentar durante certo tempo;
42

 Localizar a curva do relé à ser utilizado;


 Escolha da Filosofia da Proteção;
 Alocação dos dispositivos de proteção;
 Coordená-los.

Tabela 6: Tabela ANSI

Fonte: Caminha, 1977

3.1.5 Intervalos de Coordenação

Chama-se intervalo de coordenação o intervalo de tempo que garante que a proteção


mais próxima da falta irá operar primeiro e que a proteção situada imediatamente à montante
não irá operar, a menos que a proteção mais próxima falhe. Com o advento das caixas de
calibração de relés, que garantiam o tempo de operação dos relés, pode-se baixar o valor do
intervalo de coordenação, como segue:

Coordenação entre relés de sobrecorrente em série:


Tempo de interrupção do disjuntor (8 ciclos) ................ 133 ms
Tolerância do fabricante/erro/overtravel........................100 ms
Fator de segurança..............................................................67 ms
Intervalo de coordenação................................................. 300 ms

Os intervalos de tempos de atuação entre os dispositivos de proteção devem ser feitos


conforme características de cada dispositivo e baseado nos intervalos mínimos de
coordenação recomendados pela norma IEEE STD 242 conforme abaixo:
43

Tabela 7: Intervalos de Coordenação

Fonte: Mardegan, 2012

Deve-se aplicar o intervalo de coordenação no valor da corrente de curto-circuito vista


pelo dispositivo analisado, ou seja, curto trifásico (transitório para dispositivos temporizados)
para a seletividade de fase e curto-circuito fase-terra para a seletividade de terra.
44

4 DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO

Os dispositivos deverão ser planejados de acordo com os requisitos mínimos de um


sistema de proteção, como velocidade, no tempo de atuação, simplicidade, seletividade e
coordenação.
Este planejamento de proteção não se baseia em uma ciência exata, apesar de se basear em
conceitos técnicos, pois utiliza do bom senso e experiências para se obter um bom
desempenho.

4.1 Característica I²t

Todos os dispositivos que protegem as instalações elétricas dispõem de uma combinação


de duas grandezas, corrente e tempo, que determinarão seu comportamento em uma falta. Esta
combinação gera um gráfico que mostra a quantidade de energia térmica liberada por unidade
de resistência. A famosa I²t (ELETRICIDADE MODERNA, 2001).

Figura 16: Curva I²t de condutor de cobre/PVC 16mm²

Fonte: Eletricidade Moderna, 2001

4.2 Tipos de Dispositivos de Proteção e Condições de Proteção

Dentre os dispositivos elétricos, podemos descrever como os dispositivos de proteção, por


exemplo, relés térmicos, relés de sobrecorrente, fusíveis, disjuntores, etc.
45

4.2.1 Fusíveis

Conforme IEC60-269, existem dois tipos de fusíveis, os contra correntes de curto-


circuito (aM) e os contra corrente de curto-circuito e sobrecargas (gG).
Abaixo podemos conferir suas curvas características:

Figura 17: Características tempo x corrente dos Fusíveis tipo gG e aM, Respectivamente

Fonte: Eletricidade Moderna, 2001

Segundo Mamede, 2003, a proteção de circuitos de motores utilizando fusíveis deve


ser garantida como abaixo:

(4.1)

Sendo:
K = 0,5 para Ipm < 40A
K = 0,4 para 40A < Ipm < 500A
K = 0,3 para Ipm > 500ª

Onde:
Inf = corrente nominal do fusível
Ipm = corrente de partida do motor
46

4.2.2 Disjuntores Termomagnéticos

Constituído de duas lâminas bi metálicas com coeficientes de dilatação


diferentes que se curvam ao se aquecerem com a passagem de corrente de sobrecarga,
que constitui a parte térmica, o disparador magnético é constituído por um eletroímã
que provoca a abertura do dispositivo quando na bobina percorre a corrente de curto-
circuito. A figura 18 mostra as curvas de atuação características de disjuntores
termomagnéticos.

Figura 18: Característica tempo x corrente Disjuntores Termomagnéticos

Fonte: Eletricidade Moderna, 2001

A corrente nominal de ajuste do disjuntor deve ser igual ou superior à corrente de


projeto. A corrente que os condutores que alimentam o disjuntor aguentam devem ser maiores
que a de ajuste.
47

4.3 Elaboração de um Estudo de Proteção

O procedimento padrão para executarmos um estudo de proteção são:


- Levantamento das características do sistema;
- Escolha da filosofia de proteção definindo as zonas a serem protegidas e os tipos de
proteção;
- Determinação das impedâncias de sequência;
- Cálculo da corrente de curto-circuito;
- Elaboração do diagrama unifilar;
- Alocação dos dispositivos de proteção;
- Coordená-los.
48

5 MODELAGEM DE UM SISTEMA ELÉTRICO

Este estudo abrangerá uma planta industrial fictícia desde a entrada em 11,9kV da
concessionária em cubículos de média tensão e sua distribuição em quatro circuitos diferentes
em outras nove subestações, conforme diagrama unifilar apresentado no “ANEXO A”.
Apresentará os valores de equipamentos envolvidos, dos condutores utilizados e de correntes
de curto-circuito, visando projetar o sistema de proteção desta planta.
A sistemática utilizada começa com a elaboração do diagrama unifilar contendo todas
as características elétricas do sistema, a partir disto poderão ser aplicados os cálculos e o
desenvolvimento no software, baseados no mesmo algoritmo.

5.1 Premissas

Abaixo são apresentados alguns dados básicos dos equipamentos envolvidos e


utilizados para a modelagem do sistema elétrico no software, considerações e as condições
operacionais utilizadas para as simulações de curto-circuito.

5.1.1 Equipamentos Envolvidos

Transformadores
Quadro 1: Transformadores
CORRENTE PONTO
POTÊNCIA PRIMÁRIO IMPEDÂNCIA
TAG LOCAL SECUNDÁRIO(V) NOMINAL ANSI
(VA) (V) (%)
(A) (A)
TM1 B3 2500000 11900 400 7% 121 1730,3
TM2 B4 2500000 11900 400 7% 121 1730,3
TM3 B5 2500000 11900 400 7% 121 1730,3
TM4 B6 2500000 11900 400 7% 121 1730,3
TM5 B7 2500000 11900 400 7% 121 1730,3
TM6 B8 2500000 11900 400 7% 121 1730,3
TM7 B9 2500000 11900 400 7% 121 1730,3
TM8 B10 2500000 11900 400 7% 121 1730,3
TM9 B11 3000000 11900 400 7% 145 2073,5

Fonte: Autoria Própria


49

Condutores de Média Tensão

Quadro 2: Condutores de Média Tensão

Classe de N° de Bitola por


Local Comprimento Tipo de
Circuito Tensão Cabos por Fase
DE / PARA (metros) Isolação
(kV) Fase (mm²)

Z1 B1 B3 1500 8.7/15 PVC 2 240


Z5 B2 B5 1650 8.7/15 PVC 2 240
Z2 B1 B6 1900 8.7/15 PVC 2 185
Z6 B2 B8 1100 8.7/15 PVC 2 185
Z3 B1 B9 1100 8.7/15 PVC 2 150
Z7 B2 B10 1800 8.7/15 PVC 2 150
Z4 B1 B11 300 8.7/15 PVC 2 150
Z8 B2 B11 250 8.7/15 PVC 2 150
Z9 B3 B4 250 8.7/15 PVC 2 185
Z10 B4 B5 250 8.7/15 PVC 2 185
Z11 B6 B7 300 8.7/15 PVC 2 150
Z12 B7 B8 300 8.7/15 PVC 2 150
Z13 B9 B10 300 8.7/15 PVC 2 95
Z14 B3 TM1 20 8.7/15 PVC 1 120
Z15 B4 TM2 20 8.7/15 PVC 1 120
Z16 B5 TM3 20 8.7/15 PVC 1 120
Z17 B6 TM4 20 8.7/15 PVC 1 120
Z18 B7 TM5 20 8.7/15 PVC 1 120
Z19 B8 TM6 20 8.7/15 PVC 1 120
Z20 B9 TM7 20 8.7/15 PVC 1 120
Z21 B10 TM8 20 8.7/15 PVC 1 120
Z22 B11 TM9 20 8.7/15 PVC 1 120
Fonte: Autoria Própria
50

Contribuições de Curto-Circuito na Entrada do Sistema em 11.9kV

Quadro 3:Concessionária
Correntes de Correntes de
Local Curto-Circuito X/R Curto-Circuito X/R
Trifásico (A) Fase-Terra (kA)
11.9kV 8841 31,58 9110 45,96
Fonte: Autoria Própria

Busways

Quadro 4: Condutores de Baixa Tensão

Classe de
Local Comprimento Tipo de Capacidade de
Circuito Tensão
DE / PARA (metros) Condutor Condução (A)
(kV)
BW1 TM1 10 0,40/0,231 Cu 4000
BW2 TM2 10 0,40/0,231 Cu 4000
BW3 TM3 10 0,40/0,231 Cu 4000
BW4 TM4 10 0,40/0,231 Cu 4000
BW5 TM5 10 0,40/0,231 Cu 4000
BW6 TM6 10 0,40/0,231 Cu 4000
BW7 TM7 10 0,40/0,231 Cu 4000
BW8 TM8 10 0,40/0,231 Cu 4000
BW9 TM9 10 0,40/0,231 Cu 4000
Fonte: Autoria Própria
51

Cargas Equivalentes

Quadro 5: Cargas

TAG Local Potência (kW) Fator de Pot. Tensão Nominal (V)


L1 B12 400 0.9 400
L2 B13 250 0.9 400
L3 B14 400 0.9 400
L4 B15 200 0.9 400
L5 B16 200 0.9 400
L6 B17 200 0.9 400
L7 B18 300 0.9 400
L8 B19 300 0.9 400
L9 B20 500 0.9 400
Fonte: Autoria Própria

5.2 Considerações

As cargas apresentadas acima foram inseridas no modelo apenas com o intuito de


refletir o total de cargas conectadas em cada barra de baixa tensão.
Os valores das potências acima equivalem a 90% da potência total de cada respectiva
barra.
Os transformadores já preveem cargas futuras.
Para os Busways é indispensável colocar algum tipo de impedância para que o
software aceite o modelo e neste caso utiliza-se um valor de impedância muito pequena (Z =
0.0001 + j0.0001), praticamente zero.
Não foram inseridos neste estudo os bancos de capacitores de média e de baixa tensão.

5.2.1 Definição das Bases

Para os cálculos foram definidas as bases para Potência igual a 100 MVA e Tensão
igual a 11900 V, dando uma corrente de base de aproximadamente 4850 A.
52

Quadro 6: Definição das Bases

DEFINIÇÃO DAS BASES


Pb = 100MVA 100000000
Vb = 11,9kV 11900
Ib = Pb/1,73*Vb 4857,43
Fonte: Autoria Própria

Quando estivermos nas barras de 400 V a corrente de base é 144508,67A

5.2.2 Impedâncias Envolvidas em pu.

Quadro 7: Impedâncias dos Transformadores

REATÂNCIA RESISTÊNCIA REATÂNCIA RESISTÊNCIA


TAG
+/- (pu) +/- (pu) zero (pu) zero (pu)

TM1 2,8 0,326 2,8 0,326


TM2 2,8 0,326 2,8 0,326
TM3 2,8 0,326 2,8 0,326
TM4 2,8 0,326 2,8 0,326
TM5 2,8 0,326 2,8 0,326
TM6 2,8 0,326 2,8 0,326
TM7 2,8 0,326 2,8 0,326
TM8 2,8 0,326 2,8 0,326
TM9 2,33 0,271 2,33 0,271
Fonte: Autoria Própria
53

Quadro 8: Impedâncias dos Cabos de Média Tensão

Resistência Reatância Resistência Reatância Reatância


Resistência Reatância Resistência
Circuito pos. e neg. pos. e neg. zero zero zero em
+/- em pu. +/- em pu. zero em pu.
(ohm/km) (ohm/km) (ohm/km) (ohm/km) pu.

Z1 0,09866 0,12327 0,0523 0,0653 0,1574 0,3129 0,0834 0,1657


Z5 0,09866 0,12327 0,0575 0,0718 0,1574 0,3129 0,0917 0,1823
Z2 0,12817 0,12839 0,0860 0,0861 0,2035 0,3257 0,1365 0,2185
Z6 0,12817 0,12839 0,0498 0,0499 0,2035 0,3257 0,0790 0,1265
Z3 0,15952 0,13129 0,0620 0,0510 0,2544 0,3333 0,0988 0,1295
Z7 0,15952 0,13129 0,1014 0,0834 0,2544 0,3333 0,1617 0,2118
Z4 0,15952 0,13129 0,0169 0,0139 0,2544 0,3333 0,0269 0,0353
Z8 0,15952 0,13129 0,0141 0,0116 0,2544 0,3333 0,0225 0,0294
Z9 0,12817 0,12839 0,0113 0,0113 0,2035 0,3257 0,0180 0,0287
Z10 0,12817 0,12839 0,0113 0,0113 0,2035 0,3257 0,0180 0,0287
Z11 0,15952 0,13129 0,0169 0,0139 0,2544 0,3333 0,0269 0,0353
Z12 0,15952 0,13129 0,0169 0,0139 0,2544 0,3333 0,0269 0,0353
Z13 0,24691 0,14031 0,0262 0,0149 0,3927 0,3587 0,0416 0,0380
Z14 0,196 0,136 0,0028 0,0019 0,3116 0,346 0,0044 0,0049
Z15 0,196 0,136 0,0028 0,0019 0,3116 0,346 0,0044 0,0049
Z16 0,196 0,136 0,0028 0,0019 0,3116 0,346 0,0044 0,0049
Z17 0,196 0,136 0,0028 0,0019 0,3116 0,346 0,0044 0,0049
Z18 0,196 0,136 0,0028 0,0019 0,3116 0,346 0,0044 0,0049
Z19 0,196 0,136 0,0028 0,0019 0,3116 0,346 0,0044 0,0049
Z20 0,196 0,136 0,0028 0,0019 0,3116 0,346 0,0044 0,0049
Z21 0,196 0,136 0,0028 0,0019 0,3116 0,346 0,0044 0,0049
Z22 0,196 0,136 0,0028 0,0019 0,3116 0,346 0,0044 0,0049
Fonte: Autoria Própria
54

Quadro 9: Impedância da Concessionária

Impedância Resistência Impedância Resistência


Positiva Positiva Zero Zero

0,549 0,017 0,533 0,012


Fonte: Autoria Própria

5.3 Valores de Curto-Circuito


Abaixo seguem os valores de curto-circuito calculados e via software.

5.3.1 Via Software

Quadro 10: Valores de Corrente de Curto-Circuito Via DOC ABB 2.0

TENSÃO ICC LLL ICC LG


BARRA (V) (A) (A)
B1 11900 8840 9110
B2 11900 8840 9110
B3 11900 8005
B4 11900 7910
B5 11900 7770
B6 11900 7690
B7 11900 7500
B8 11900 7320
B9 11900 8030
B10 11900 7760
B11 11900 8610
B12 400 42750 35760
B13 400 42620 35760
B14 400 42500 35760
B15 400 42480 35730
B16 400 42290 35740
B17 400 42110 35770
B18 400 42840 35770
B19 400 42650 35750
B20 400 50640 41030

Fonte: Software DOC ABB Versão 2.0.0


55

O software não conseguiu calcular as correntes de curto-circuito monofásicas nas


barras B3 a B11.

5.3.2 Via Equacionamentos

Quadro 11: Valores de Corrente de Curto-Circuito Via Equacionamentos Descritos Neste Trabalho

TENSÃO ICC LLL ICC LG


BARRA (V) (A) (A)
B1 11900 8840 9110
B2 11900 8840 9110
B3 11900 7675,06 7342,41
B4 11900 7485,65 7106,35
B5 11900 7305,37 6884,99
B6 11900 7239,46 6831,92
B7 11900 7010,79 6560,68
B8 11900 6796,13 6310,16
B9 11900 7716,28 7452,87
B10 11900 7364,36 7033,78
B11 11900 8504,70 8471,74
B12 400 42287,86 41922,98
B13 400 42090,62 41657,40
B14 400 41895,21 41395,17
B15 400 41821,81 41330,27
B16 400 41558,60 40985,71
B17 400 41298,68 40646,85
B18 400 42329,74 42042,58
B19 400 41960,00 41572,89
B20 400 49896,75 49882,80

Fonte: Autoria Própria


56

Para os cálculos de corrente de curto-circuito utilizaremos o diagrama abaixo como


referência:

Figura 16: Diagrama Unifilar de Referência

Fonte: Autoria Própria

O ponto A representa a entrada da concessionária, o ponto B representa as barras de


distribuição principal da planta, o ponto C representa as barras de subestações e o ponto D
representa as barras de consumo.

Os valores abaixo representam os cálculos de sequência positiva e estão em pu.

 Impedância Reduzida do Sistema (Zus) – Conforme (2.16)

Zus = 4857,43 / 8841 = 0,549


Rus = 0,549 / 31,58 = 0,017 (quase zero)
Zus-Eq = 0,549

 Impedância dos cabos de Média Tensão (Zmt-Z1) – Conforme (2.18)

Rmt-Z1 = (((0,09866/1000) * 100000000) / 11900²) * 1500 / 2 = 0,0523


Xmt-Z1 = (((0,12327/1000) * 100000000) / 11900²) * 1500 / 2 = 0,0653
57

 Impedância dos cabos de Média Tensão (Zmt-Z2) – Conforme (2.18)

Rmt-Z2 = (((0,12817/1000) * 100000000) / 11900²) * 1900 / 2 = 0,0860


Xmt-Z2 = (((0,12839/1000) * 100000000) / 11900²) * 1900 / 2 = 0,0861

 Impedância dos cabos de Média Tensão (Zmt-Z3) – Conforme (2.18)

Rmt-Z3 = (((0,15952/1000) * 100000000) / 11900²) * 1100 / 2 = 0,0620


Xmt-Z3 = (((0,13129/1000) * 100000000) / 11900²) * 1100 / 2 = 0,0510

 Impedância dos cabos de Média Tensão (Zmt-Z4) – Conforme (2.18)

Rmt-Z4 = (((0,15952/1000) * 100000000) / 11900²) * 300 / 2 = 0,0169


Xmt-Z4 = (((0,13129/1000) * 100000000) / 11900²) * 300 / 2 = 0,0139

 Impedância dos cabos de Média Tensão (Zmt-Z5) – Conforme (2.18)

Rmt-Z5 = (((0,09866/1000) * 100000000) / 11900²) * 1650 / 2 = 0,0575


Xmt-Z5 = (((0,12327/1000) * 100000000) / 11900²) * 1650 / 2 = 0,0718

 Impedância dos cabos de Média Tensão (Zmt-Z6) – Conforme (2.18)

Rmt-Z6 = (((0,12817/1000) * 100000000) / 11900²) * 1100 / 2 = 0,0498


Xmt-Z6 = (((0,12839/1000) * 100000000) / 11900²) * 1100 / 2 = 0,0499

 Impedância dos cabos de Média Tensão (Zmt-Z7) – Conforme (2.18)

Rmt-Z7 = (((0,15952/1000) * 100000000) / 11900²) * 1800 / 2 = 0,1014


Xmt-Z7 = (((0,13129/1000) * 100000000) / 11900²) * 1800 / 2 = 0,0834

 Impedância dos cabos de Média Tensão (Zmt-Z8) – Conforme (2.18)

Rmt-Z8 = (((0,15925/1000) * 100000000) / 11900²) * 250 / 2 = 0,0141


58

Xmt-Z8 = (((0,13129/1000) * 100000000) / 11900²) * 250 / 2 = 0,0166

 Impedância dos cabos de Média Tensão (Zmt-Z9) – Conforme (2.18)

Rmt-Z9 = (((0,12817/1000) * 100000000) / 11900²) * 250 / 2 = 0,0113


Xmt-Z9 = (((0,12839/1000) * 100000000) / 11900²) * 250 / 2 = 0,0113

 Impedância dos cabos de Média Tensão (Zmt-Z10) – Conforme (2.18)

Rmt-Z10 = (((0,12817/1000) * 100000000) / 11900²) * 250 / 2 = 0,0113


Xmt-Z10 = (((0,12839/1000) * 100000000) / 11900²) * 250 / 2 = 0,0113

 Impedância dos cabos de Média Tensão (Zmt-Z11) – Conforme (2.18)

Rmt-Z11 = (((0,15952/1000) * 100000000) / 11900²) * 300 / 2 = 0,0169


Xmt-Z11 = (((0,13129/1000) * 100000000) / 11900²) * 300 / 2 = 0,0139

 Impedância dos cabos de Média Tensão (Zmt-Z12) – Conforme (2.18)

Rmt-Z12 = (((0,15952/1000) * 100000000) / 11900²) * 300 / 2 = 0,0169


Xmt-Z12 = (((0,13129/1000) * 100000000) / 11900²) * 300 / 2 = 0,0139

 Impedância dos cabos de Média Tensão (Zmt-Z13) – Conforme (2.18)

Rmt-Z13 = (((0,24691/1000) * 100000000) / 11900²) * 300 / 2 = 0,0262


Xmt-Z13 = (((0,14031/1000) * 100000000) / 11900²) * 300 / 2 = 0,0149

 Impedância dos cabos de Média Tensão (Zmt-Z14) – Conforme (2.18)

Rmt-Z14 = (((0,196/1000) * 100000000) / 11900²) * 120 / 2 = 0,0028


Xmt-Z14 = (((0,136/1000) * 100000000) / 11900²) * 120 / 2 = 0,0019
59

 Impedância dos cabos de Média Tensão (Zmt-Z15) – Conforme (2.18)

Rmt-Z15 = (((0,196/1000) * 100000000) / 11900²) * 120 / 2 = 0,0028


Xmt-Z15 = (((0,136/1000) * 100000000) / 11900²) * 120 / 2 = 0,0019

 Impedância dos cabos de Média Tensão (Zmt-Z16) – Conforme (2.18)

Rmt-Z16 = (((0,196/1000) * 100000000) / 11900²) * 120 / 2 = 0,0028


Xmt-Z16 = (((0,136/1000) * 100000000) / 11900²) * 120 / 2 = 0,0019

 Impedância dos cabos de Média Tensão (Zmt-Z17) – Conforme (2.18)

Rmt-Z15 = (((0,196/1000) * 100000000) / 11900²) * 120 / 2 = 0,0028


Xmt-Z15 = (((0,136/1000) * 100000000) / 11900²) * 120 / 2 = 0,0019

 Impedância dos cabos de Média Tensão (Zmt-Z18) – Conforme (2.18)

Rmt-Z16 = (((0,196/1000) * 100000000) / 11900²) * 120 / 2 = 0,0028


Xmt-Z16 = (((0,136/1000) * 100000000) / 11900²) * 120 / 2 = 0,0019

 Impedância dos cabos de Média Tensão (Zmt-Z19) – Conforme (2.18)

Rmt-Z19 = (((0,196/1000) * 100000000) / 11900²) * 120 / 2 = 0,0028


Xmt-Z19 = (((0,136/1000) * 100000000) / 11900²) * 120 / 2 = 0,0019

 Impedância dos cabos de Média Tensão (Zmt-Z20) – Conforme (2.18)

Rmt-Z20 = (((0,196/1000) * 100000000) / 11900²) * 120 / 2 = 0,0028


Xmt-Z20 = (((0,136/1000) * 100000000) / 11900²) * 120 / 2 = 0,0019

 Impedância dos cabos de Média Tensão (Zmt-Z21) – Conforme (2.18)

Rmt-Z21 = (((0,196/1000) * 100000000) / 11900²) * 120 / 2 = 0,0028


60

Xmt-Z21= (((0,136/1000) * 100000000) / 11900²) * 120 / 2 = 0,0019

 Impedância dos cabos de Média Tensão (Zmt-Z22) – Conforme (2.18)

Rmt-Z22 = (((0,196/1000) * 100000000) / 11900²) * 120 / 2 = 0,0028


Xmt-Z22 = (((0,136/1000) * 100000000) / 11900²) * 120 / 2 = 0,0019

 Impedância do Transformador (Ztr-TM1) – Conforme (2.17)

Ztr-TM1 = (100 / 2,5) * 0,07 = 2,8


Rtr-TM1 = 2,8 / 8,60 = 0,326 (utilizando o valor X/R para 2,60 MVA)

 Impedância do Transformador (Ztr-TM2) – Conforme (2.17)

Ztr-TM2 = (100 / 2,5) * 0,07 = 2,8


Rtr-TM2 = 2,8 / 8,60 = 0,326 (utilizando o valor X/R para 2,60 MVA)

 Impedância do Transformador (Ztr-TM3) – Conforme (2.17)

Ztr-TM3 = (100 / 2,5) * 0,07 = 2,8


Rtr-TM3 = 2,8 / 8,60 = 0,326 (utilizando o valor X/R para 2,60 MVA)

 Impedância do Transformador (Ztr-TM4) – Conforme (2.17)

Ztr-TM4 = (100 / 2,5) * 0,07 = 2,8


Rtr-TM4 = 2,8 / 8,60 = 0,326 (utilizando o valor X/R para 2,60 MVA)

 Impedância do Transformador (Ztr-TM5) – Conforme (2.17)

Ztr-TM5 = (100 / 2,5) * 0,07 = 2,8


Rtr-TM5 = 2,8 / 8,60 = 0,326 (utilizando o valor X/R para 2,60 MVA)
61

 Impedância do Transformador (Ztr-TM6) – Conforme (2.17)

Ztr-TM6 = (100 / 2,5) * 0,07 = 2,8


Rtr-TM6 = 2,8 / 8,60 = 0,326 (utilizando o valor X/R para 2,60 MVA)

 Impedância do Transformador (Ztr-TM7) – Conforme (2.17)

Ztr-TM7 = (100 / 2,5) * 0,07 = 2,8


Rtr-TM7 = 2,8 / 8,60 = 0,326 (utilizando o valor X/R para 2,60 MVA)

 Impedância do Transformador (Ztr-TM8) – Conforme (2.17)

Ztr-TM8 = (100 / 2,5) * 0,07 = 2,8


Rtr-TM8 = 2,8 / 8,60 = 0,326 (utilizando o valor X/R para 2,60 MVA)

 Impedância do Transformador (Ztr-TM9) – Conforme (2.17)

Ztr-TM9 = (100 / 3) * 0,07 = 2,33


Rtr-TM9 = 2,33 / 10,00 = 0,233

Com isso podemos fazer a tabela de impedâncias de sequência positiva:

Quadro 12: Impedâncias de sequência positiva (igual a negativa) em pu. do sistema

Barra Zeq
B1 0,5493
B2 0,5493
B3 0,6329
B4 0,6489
B5 0,6649
B6 0,6710
B7 0,6929
B8 0,7147
B9 0,6295
B10 0,6596
B11 0,5711
62

B12 3,4173
B13 3,4333
B14 3,4493
B15 3,4553
B16 3,4772
B17 3,4991
B18 3,4139
B19 3,4440
B20 2,8962

Fonte: Autoria Própria

Os cálculos de impedância zero dos componentes do sistema são realizados da mesma


forma conforme (2.17), (2.18) e (2.16), utilizando corretamente os valores da quadro 8.
Ao realizarmos os cálculos conforme (2.20) para as impedâncias de sequência zero,
obtemos a tabela abaixo:

Quadro 13: Impedâncias de sequência zero em pu. do sistema

Barra Zeq
B1 0,5334
B2 0,5334
B3 0,7189
B4 0,7528
B5 0,7867
B6 0,7910
B7 0,8355
B8 0,8799
B9 0,6963
B10 0,7526
B11 0,5778
B12 3,5065
B13 3,5404
B14 3,5743
B15 3,5786
B16 3,6230
B17 3,6675
B18 3,4838
B19 3,5402
B20 2,8986
Fonte: Autoria Própria
63

Na tabela abaixo podemos verificar as impedâncias e barras de cada circuito:

Quadro 14: Identificação das Impedâncias dos Circuitos

B1 Z1 B3 Z9 B4 Z10 B5 Z5

ALPHA
Z14 Z15 Z16
TM1 TM2 TM3
B12 B13 B14

B1 Z2 B6 Z11 B7 Z12 B8 Z6
CHARLIE

Z17 Z18 Z19


TM4 TM5 TM6
B15 B16 B17

B1 Z3 B9 Z13 B10 Z7 B2
DELTA

Z20 Z21
TM7 TM8
B18 B19

B1 Z4 B11 Z8 B2
ECHO

Z22
TM9
B20

Fonte: Autoria Própria

Para calcularmos as correntes de curto circuito trifásicas devemos somar todas as impedâncias
de sequência positiva existentes no circuito até o ponto ou barra desejada. Como por exemplo, abaixo:

 Corrente de Curto-Circuito na barra B10 – Conforme (2.19)

Considerando o fluxo de corrente B1  B2 no anel DELTA com o QF5 aberto,

Zeq = Zus + Z3 + Z13 = 0,6329


Icc3øsim = 4857,43 / 0,6329 = 7675,06 A
64

 Corrente de Curto-Circuito na barra B13 – Conforme (2.19)

Considerando o fluxo de potência B1  B2 no anel ALPHA com o QF5 aberto,

Zeq = Zus + Z1 + Z9 + Z15 + TM2 = 3,4333


Icc3øsim = 4857,43 / 3,4333 = 1414,93 * relação do Trafo (29,75) = 42094,16 A

5.4 Critérios de Proteção

O critério de proteção utilizado será um misto de seletividade cronológica e


amperimétrica, sempre preferencialmente adotando intervalos de tempo para melhor
coordenação dos dispositivos. A amperimétrica fica como segundo critério.

5.5 Tabelas de Ajustes dos Relés de Proteção

Abaixo seguem tabelas de ajuste de coordenação entre os relés de sobrecorrente dos


disjuntores, somente utilizada a proteção temporizada:

Quadro: 15: Tabela de Ajuste para Relés dos Trafos Quadro 16: Tabela de Ajustes par a Relés das Barras

Corrente
Disju Temp de
Trafo Disjuntor Tempo BARRA
Corrente de ntor o Sobrecarg
Sobrecarga a
ENTR
TM1 QF16 1s 121A B1/B2 ADA 1s 1200A
QF37 500ms 121A QF10 1s 350A
QF17 1s 121A B3/B6 QF11 1s 245A
TM2 700m
QF38 500ms 121A QF1 s 1200A
QF18 1s 121A QF12 1s 245A
TM3 B4/B7
QF39 500ms 121A QF13 1s 121A
800m
B5/B8
TM4 QF25 1s 121A QF14 s 121A
QF40 500ms 121A QF28 1s 245A
QF26 1s 121A B9 QF29 1s 121A
TM5 700m
QF41 500ms 121A QF3 s 1200A
QF27 1s 121A B10 QF30 1s 121A
TM6
QF42 500ms 121A QF34 1s 121A
B11 700m
TM7
QF32 1s 121A QF4 s 121A
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QF43 500ms 121A


QF33 1s 121A
TM8
QF44 500ms 121A
QF36 1s 121A
TM9
QF45 500ms 121A
Fonte: Autoria Própria

5.6 Verificação Gráfica de Coordenação e Seletividade

Algumas curvas devem ser ajustadas de acordo com as tabelas acima.

TM 1 igual a todos até TM 8

TM 9
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DISJUNTOR DE ENTRADA (B1 e B2)

BARRA 3, igual a barra 6


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5.7 Diagrama Unifilar

Conforme podemos verificar no “ANEXO A”, o diagrama unifilar dos dois campos de
tensões realizado para a modelagem de um sistema elétrico de potência fictício deste trabalho.
O sistema trabalha na tensão 11,9 kV no lado de média tensão e 400 V no lado de baixa
tensão, contém 10 subestações, sendo 1 principal de distribuição com 2 disjuntores de entrada
com barras redundantes com disjuntor de link de barras, fornecendo 4 circuitos e possuindo 8
disjuntores de saída, pois o sistema opera em anel.
Conforme Quadro 13, chamaremos de anéis ALPHA (QF1/QF6), CHARLIE
(QF2/QF7), DELTA (QF3/QF8) e ECHO (QF4/QF8). O anel ALPHA possui 3 subestações, o
anel CHARLIE possui 3 subestações, o anel DELTA possui 2 subestações e o anel ECHO
somente 1.
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6 CONCLUSÕES

Com os materiais apresentados neste trabalho foram realizados os cálculos para que se
fosse obtido os valores de corrente de curto-circuito de uma planta de maneira manual e
sistemática, sendo posteriormente comparados aos valores apresentados pelo
desenvolvimento no software. Abaixo segue a tabela de variação por cento para cada valor
obtido de corrente de curto-circuito trifásica e monofásica:

Quadro 16: Variação para ICCs Trifásicas e Monofásicas Entre Calculado e Software

VARIAÇÃO VARIAÇÃO
BARRA LLL (%) LG (%)
B1 0 0
B2 0 0
B3 4,12
B4 5,36
B5 5,98
B6 5,86
B7 6,52
B8 7,16
B9 3,91
B10 5,10
B11 1,22
B12 1,08 -17,23
B13 1,24 -16,49
B14 1,42 -15,76
B15 1,55 -15,67
B16 1,73 -14,68
B17 1,93 -13,63
B18 1,19 -17,54
B19 1,62 -16,29
B20 1,47 -21,58
Fonte: Autoria Própria

Houve uma pequena variação nos resultados obtidos, se mostrando uma ferramenta
útil para a utilização no campo de trabalho, em qualquer tipo de planta.
Sempre que houver qualquer alteração significante na planta podemos cálcular
novamente os valores de curto-circuito para mantermos sempre as instalações protegidas e
assim garantindo a vida dos colaboradores e a integridade dos equipamentos.
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7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANTONIASSI, Alcindo. Componentes Simétricas. Material apresentado à disciplina de


Sistemas de Energia, 2008.

CAMINHA, Amadeu C. Introdução à Proteção dos Sistemas Elétricos. 1ª ed. Edgard Blucher
Ltda., 1977.

DOCENA, A. P. P. Software para cálculo de Curto-Circuito e suas Aplicações para


proteção de sistemas industriais. Projeto Final de Graduação da Universidade Tecnológica
Federal do Paraná, 2003.

GEC ALSTHOM, Protective Relays, Application Guide. 3ª ed. England, 1987.

GRAINGER J.; STEVENSON JR W. Power System Analysis. Mcgraw Hill Inc., 1994.

KINDERMANN, Geraldo. Curto-Circuito. 2ª ed. Sagra Luzzato, 1997.

KINDERMANN, Geraldo. Proteção de Sistemas Elétricos de Potência. Vol. 1. UFSC – EEL


– LABPLAN. 2005

MARDEGAN, Cláudio. A seletividade. Fascículo Cap. XVII, 2012.

MAMEDE Filho, João. Instalações Elétricas Industriais. 7ª ed. LTC, 2003.

Portaria MINISTRO DE ESTADO DO TRABALHO E EMPREGO nº 598 de 07.12.2004,


Norma Regulamentadora 10 – NR 10, 2016.

Revista ELETRICIDADE MODERNA – Guia EM da NBR 5410, 2001.

SATO, Fujio; FREITAS, Walmir. Análise de Curto-circuito e Princípios de Proteção em


Sistemas de Energia Elétrica – Fundamentos e Prática. 1ª ed. Elsevier Brasil, 2014.
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SCHNEIDER ELETRIC. Proteção de redes elétricas: Guia de Proteção. 2008.


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ANEXO A – Diagrama Unifilar


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