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Monografia Luis Teixeira-Versao Final
Monografia Luis Teixeira-Versao Final
ITURAMA
2007
LUIS GOUVEIA TEIXEIRA
ITURAMA
2007
LUIS GOUVEIA TEIXEIRA
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________________________________________
Orientador: Professor Juliano Gil
___________________________________________________________________________
Professor:
___________________________________________________________________________
Professor:
como pessoa, transmitindo da melhor forma possível seus conhecimentos, e especialmente aos
professores Janaína dos Reis Guimarães e Juliano Gil, pela paciência e por transmitir para
Aos meus amigos por caminharem ao meu lado durante estes anos e pela
sincera amizade.
“Não importa onde você parou, em que momento da
vida você cansou. Recomeçar é dar uma nova
chance a si mesmo, é renovar as esperanças na vida
e o mais importante, acreditar em você de novo”.
O objeto desta monografia recaiu no Instituto dos Alimentos, com ênfase para o Instituto dos
Alimentos provisionais e para os Alimentos provisórios. Seu objetivo geral é verificar, com
base, principalmente, na doutrina e legislação brasileira, os Institutos dos Alimentos, com
enfoque aos Alimentos provisionais e os Alimentos provisórios. Constituem objetivos
específicos: obter dados históricos e atuais sobre o Instituto dos Alimentos, a partir da
doutrina e legislação pátria. Aprofundar o conhecimento nos Institutos dos Alimentos
provisionais e Alimentos provisórios. O método empregado foi o indutivo, operacionalizado
pelas técnicas do referente, das categorias e conceitos operacionais e da pesquisa
bibliográfica. Para atingir os objetivos propostos (o geral e os específicos), o trabalho
monográfico foi dividido em três capítulos. Ao final, verificou-se que os Alimentos
provisionais e os Alimentos provisórios possuem algumas diferenciações.
The object of this monograph fell again into the Institute of Foods, with emphasis for the
Institute of Provisional alimonies and for Maintenance pending suits. Its general objective is
to verify, with base, mainly, in the doctrine and Brazilian legislation, the Justinian codes of
Foods, with approach to Provisional alimonies and Maintenance pending suits. They
constitute specific objectives: to get historical and current data on the Institute of Foods, from
the doctrine and native legislation. To deepen the knowledge in the Justinian codes of
Provisional alimonies and Maintenance pending suits. The employed method was the
inductive one, operacionalizado for the techniques of the referring one, the operational
categories and concepts and the bibliographical research. To reach the considered objectives
(the generality and the specific ones), the monographic work was divided in three chapters.
To the end, it was verified that the Provisional alimonies and the Maintenance pending suits
possess some differentiations.
ART. Artigo
CC Código Civil
CF Constituição Federal
EX. Exemplo
TIT. Titulo
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.....................................................................................................................................................10
CAPÍTULO I - ASPECTOS GENÉRICOS DO INSTITUTO DOS ALIMENTOS.......................................12
1.1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................................................................12
1.2 ORIGEM HISTÓRICA DOS ALIMENTOS...............................................................................................................13
1.2.1 IDADE ANTIGA................................................................................................................................................13
1.2.2 IDADE MÉDIA.................................................................................................................................................14
1.3 CONCEITUAÇÃO DE ALIMENTOS E OBRIGAÇÃO ALIMENTAR............................................................................15
1.3.1 ALIMENTOS.....................................................................................................................................................15
1.3.2 OBRIGAÇÃO ALIMENTAR NO DIREITO BRASILEIRO........................................................................................17
1.3.3 PRESSUPOSTOS DA OBRIGAÇÃO ALIMENTAR.................................................................................................20
1.4 MODALIDADES DE OBRIGAÇÕES ALIMENTARES................................................................................................21
1.5 NATUREZA JURÍDICA DO DIREITO AOS ALIMENTOS...........................................................................................22
1.6 CAUSA JURÍDICA...............................................................................................................................................23
1.7 FINALIDADE.......................................................................................................................................................23
1.8 MOMENTO DA PRESTAÇÃO................................................................................................................................24
1.9 MODALIDADE DA PRESTAÇÃO...........................................................................................................................25
1.10 CARACTERÍSTICAS FUNDAMENTAIS.................................................................................................................26
CAPÍTULO II – ALIMENTOS ENTRE PARENTES, CÔNJUGES E COMPANHEIROS NO DIREITO
BRASILEIRO........................................................................................................................................................29
2.1 O PARENTESCO E O INSTITUTO DOS ALIMENTOS..............................................................................................29
2.1.1 OS PARENTES QUE DETÊM O DIREITO DE PLEITEAR ALIMENTOS....................................................................29
2.1.2 PESSOAS OBRIGADAS A PRESTAR ALIMENTOS AOS PARENTES........................................................................31
2.1.4 ALIMENTOS AOS FILHOS MENORES.................................................................................................................34
2.1.5 ALIMENTOS AOS FILHOS MAIORES, PAIS E IRMÃOS........................................................................................36
2.2 ALIMENTOS DECORRENTES DO CASAMENTO E DA UNIÃO ESTÁVEL..................................................................37
2.2.1 ALIMENTOS E CULPA PELA SEPARAÇÃO JUDICIAL OU DISSOLUÇÃO DA UNIÃO ESTÁVEL...............................40
2.2.2 IMPOSSIBILIDADE DE RENÚNCIA AOS ALIMENTOS..........................................................................................43
2.3 MODOS DE SATISFAÇÃO DA OBRIGAÇÃO ALIMENTAR.......................................................................................44
2.4 ALIMENTOS PROVISÓRIOS NA UNIÃO ESTÁVEL..................................................................................................45
2.5 GARANTIAS PARA O PAGAMENTO DA PENSÃO...................................................................................................46
2.6 EXTINÇÃO DO PAGAMENTO DA PENSÃO............................................................................................................49
CAPÍTULO III – QUESTÕES PROCESSUAIS...............................................................................................51
3.1 O PROCESSO CAUTELAR E OS ALIMENTOS PROVISIONAIS:...............................................................................51
3.1.1 PROCESSO CAUTELAR E MEDIDAS CAUTELARES: BASES CONCEITUAIS GENÉRICAS.......................................51
3.1.2 ALIMENTOS PROVISIONAIS COMO PROCEDIMENTO CAUTELAR ESPECÍFICO....................................................52
3.1.2.1 FUMUS BONI IURIS E PERICULUM IN MORA: REQUISITOS FUNDAMENTAIS DOS ALIMENTOS PROVISIONAIS...55
3.1.2.2 O DEFERIMENTO LIMINAR, POSSIBILIDADE DE MODIFICAÇÃO OU REVOGAÇÃO..........................................56
3.2 ALIMENTOS PROVISÓRIOS.................................................................................................................................57
3.2.1 CONCEITUAÇÃO E PRESSUPOSTOS JURÍDICOS.................................................................................................57
3.2.2 RITO ESPECIAL, JUÍZO COMPETENTE, TERMO INICIAL E FINAL DOS ALIMENTOS PROVISÓRIOS......................59
3.2.3 A FIXAÇÃO DO MONTANTE DA PENSÃO ALIMENTÍCIA PROVISÓRIA E ALTERAÇÃO.........................................60
3.2.4 ALIMENTOS PROVISÓRIOS EM AÇÕES REVISIONAIS........................................................................................62
3.3 ALIMENTOS PROVISIONAIS E ALIMENTOS PROVISÓRIOS: ALGUMAS DIFERENCIAÇÕES......................................63
CONSIDERAÇÕES FINAIS...............................................................................................................................65
REFERÊNCIAS....................................................................................................................................................67
INTRODUÇÃO
Esta Monografia tem como objeto a análise do Instituto dos Alimentos, enfatizando os
Institutos dos Alimentos provisionais e os Alimentos provisórios no Direito Brasileiro.
Seus objetivos são: a) institucional: produzir uma monografia para obtenção do grau
de bacharel em Direito; b) geral: verificar, com base, principalmente, na doutrina e legislação
brasileira, os Institutos dos Alimentos, com enfoque aos Alimentos provisionais e os
Alimentos provisórios; c) específicos: obter dados históricos e atuais sobre o Instituto dos
Alimentos, a partir da doutrina e legislação pátria; aprofundar o conhecimento nos Institutos
dos Alimentos provisionais e os Alimentos provisórios.
A opção pelo tema deu-se ao grande interesse do acadêmico pelo vigente Direito de
Família brasileiro, levando-o a aprofundar seu conhecimento no Instituto dos Alimentos.
A monografia se encontra dividida em três capítulos. Para tanto, principia-se, no
Capítulo 1, tratando dos Aspectos Genéricos do Instituto dos Alimentos, desde o
conhecimento histórico do tema até os tempos atuais, suas bases conceituais, critérios de
classificação, bem como suas características.
No Capítulo 2, trata dos Alimentos entre Parentes, Cônjuges e Companheiros no
direito brasileiro, expõe um breve histórico, seus conceitos, bem como o Parentesco e o
Instituto dos Alimentos, os Alimentos oriundos da dissolução do Casamento e da União
estável, modos de satisfação da Obrigação alimentar, garantias para pagamento da pensão e a
extinção do pagamento da pensão.
No Capítulo 3, por sua vez, trata especificamente dos Alimentos provisionais e
Alimentos provisórios no direito brasileiro, conceitos, pressupostos, processo cautelar,
requisitos fundamentais, deferimento liminar, possibilidade de modificação ou revogação, rito
, juízo competente, termo inicial e final, fixação do montante, e se finda com algumas
diferenciações dos Alimentos provisionais e os Alimentos provisórios.
Para a presente monografia foram levantadas as seguintes hipóteses: a) A Obrigação
alimentar decorre do dever de sustento ou de assistência que existe entre Cônjuges,
Companheiros e entre Parentes – consangüíneos -, nos casos previstos em lei. b) Alimentos
provisórios e Alimentos provisionais, apesar de possuírem em comum a característica de
“provisoriedade”, tratam-se de institutos jurídicos diferenciados.
O presente Relatório de Pesquisa se encerra com as Considerações Finais, nas quais
são apresentados pontos conclusivos destacados, seguidos da estimulação à continuidade dos
estudos e das reflexões sobre a Obrigação alimentar.
10
1.1 Introdução
No entender do autor, ainda no colo materno o ser humano tem direito de ser
“alimentado” pelos responsáveis por sua origem, bem como, de se desenvolver
completamente, desta forma, os responsáveis ostentam a prestação daquilo que é
indispensável para o seu sustento.
Nesta temática prossegue Viana (1998, p.100):
11
À medida que o tráfico social se tornou mais complexo, que o Estado assumiu
muitas daquelas funções, a de cunho assistencial modificou-se, mas foi mantido na
família o socorro aos Parentes, pelo Instituto dos Alimentos. O Estado toma a si a
assistência social, é responsável pelo serviço de saúde, tarefas que tem cumprido de
forma sempre insatisfatória. Cumpre-lhe velar para que não falte trabalho e meio de
vida para todos, mas à Família, nos limites do Parentesco que a lei determina, tem
papel preponderante na preservação da vida humana. Esse papel é desempenhado
pelos Alimentos.
Nesta época, mais precisamente em Roma Antiga, já ocorria uma obrigação na figura
dos Alimentos, todavia, eram eles tratados apenas como um dever moral.
Segundo Áurea Pimentel Pereira (1998, p.2), nos primórdios da civilização, os
Alimentos constituíam dever moral, sendo considerados pietatis causa, sem regra jurídica a
impor-lhes a prestação. Ressalta Viana (1998, p.275) que existiu “no direito romano o
officium pietatis, em que se destacava o aspecto moral do instituto, o dever em que os
Parentes estavam de socorrer nas adversidades”.
Conforme observa Segré citado por Cahali (1999, p.43), referendado por outros
autores, no Direito Romano, a Obrigação alimentar foi estatuída inicialmente nas relações de
clientela e patronato, vindo a ter aplicação muito tardia (na época imperial) nas relações de
Família.
Omissão esta que foi reflexo da própria constituição da Família romana antiga, que
subsistiu durante todo período arcaico e republicano; um direito a Alimentos resultante de
uma relação de Parentesco seria até mesmo sem sentido, tendo em vista que o único vínculo
existente entre os integrantes do grupo familiar seria o vínculo derivado do pátrio poder.
(CAHALI, 1999, p.44)
No entender de Cahali (1999, p.43), “a doutrina mostra-se uniforme no sentido de que
a obrigação alimentícia fundada sobre as relações de família não é mencionada nos primeiros
momentos da legislação romana”.
Segundo Venosa (2003, p.372):
12
[...] foi reconhecida à Obrigação alimentar entre ascendentes, em linha reta até o
infinito, no âmbito da Família legítima, excluídas as hipóteses ex nefariis vel incestis
vel damnatis complexibus, admitindo-se a existência da obrigação entre irmãos,
advindo, possivelmente, desta fase, o estabelecimento da Obrigação alimentar, à
linha colateral.
Assim, a Obrigação alimentar, que era puramente um dever moral no direito romano,
sofreu uma transformação, sob influência de vários fatores, tornou-se uma obrigação jurídica,
ou seja, passou a ser um dever legal.
1.3.1 Alimentos
O ser humano, desde o nascimento até sua morte, necessita de amparo de seus
semelhantes e de bens essenciais ou necessários para a sobrevivência. Nesse aspecto, realça-
14
se a necessidade de alimentos. Desse modo, o termo alimentos pode ser entendido segundo
Venosa (2006, p.375) “como tudo aquilo necessário para sua subsistência”.
Acrescenta-se a essa noção o conceito de obrigação que tem uma pessoa de fornecer
esses alimentos a outra e chega-se facilmente à noção jurídica.
Várias têm sido as conceituações elaboradas pelos juristas ao Instituto dos Alimentos,
sendo que todos chegam a um mesmo entendimento, ou seja, Alimentos são tudo aquilo que é
necessário a uma pessoa para o seu sustento. Inclui alimentação, moradia, vestuário,
tratamento médico (bem como odontológico etc.), educação e instrução. (CAHALI, 1999,
p.51)
O Código Civil, no capítulo específico (arts. 1.694 a 1.710), não se preocupou em
definir o que se entende por alimentos. Porém, no art. 1.920, encontra-se o conteúdo legal de
alimentos quando a lei refere-se ao legado: “O legado de alimentos abrange o sustento, a cura,
o vestuário e a casa, enquanto o legatário viver, além da educação, se ele for menor”.
Alimentos, prestação pecuniária ou na espécie, no entender de Viana (1998, p. 102):
Sobre os Alimentos naturais e civis; serão abordados, com mais profundidade no item
alusivo à natureza jurídica, do instituto em questão.
Pimentel Pereira (1998, p.1) entende que “os Alimentos são apreciados, em princípio,
como representativos do estritamente indispensável à sobrevivência dos Alimentandos”,
advertindo que nas Ordenações Filipinas, incluía, além do Alimento, o vestuário e habitação.
Neste mesmo sentido, Da Luz (2003. p.290), assevera que “os Alimentos, cujo
conteúdo deve abranger o necessário à alimentação, o vestuário, à habitação e educação do
alimentando, têm por escopo, em primeiro lugar, a subsistência e, em segundo, a existência
com dignidade, do Alimentando”.
De acordo com Plácido e Silva (1998, p.135), o sentido jurídico do termo Alimentos
abrange:
15
[...] o direito português regia-se pelas Ordenações Manuelinas e, logo depois, pelas
Ordenações Filipinas que disciplinaram toda a Península Ibérica e com ela as
colônias portuguesas, transmudando o direito brasileiro. Não houve alteração
significativa quanto às raízes fincadas sempre no direito canônico e no horror à
Família ilegítima, em especial à adulterina. Esta eficácia das Ordenações Filipinas
perdurou praticamente até o Código Civil.
16
Nessa fase, segundo Cahali (1999, p.49), é apresentado um dos documentos jurídicos
mais importantes sobre o instituto em questão, representado pelo Assento de 09/04/1772,
apregoando ser dever de cada um alimentar e sustentar a si mesmo, fundando “algumas
exceções àquele princípio em certos casos de descendentes legítimos e ilegítimos;
ascendentes, transversais, irmãos legítimos e irmãos ilegítimos, primos e outros
consangüíneos legítimos, primos e outros consangüíneos ilegítimos”.
Referido Assento, que recebeu eficácia e autoridade de lei por meio do Alvará de
29.08.1776, revela-se minucioso e detalhista, restando atualmente apenas como documento
histórico. (CAHALI, 1999, p.49)
O Código Civil de 1916 preocupou-se em debater a Obrigação alimentar frente à
família, como resultado jurídico do Casamento, inserindo-a entre os deveres dos Cônjuges sob
formato de mútuo amparo, como preconizava o art. 231, inciso III, ou de sustento e educação
dos filhos em seu art. 231, inciso IV, bem como o dever em decorrência das relações de
Parentesco em seu art. 396 e seguintes. (CAHALI, 1999, p.51)
17
Por fim, completada esta etapa alusiva ao histórico da Obrigação alimentar no Brasil
até os dias atuais, nos próximos itens, passar-se-á à verificação dos pressupostos da Obrigação
alimentar, bem como dos Alimentos no direito brasileiro vigente.
Pereira (1998, p.22) conceitua a Obrigação alimentar no direito de família como sendo
um cumprimento decretado, nas hipóteses prevista em lei, “ora por direito de sangue (iure
sanguinis), vale dizer por força de relação de parentesco, ora com base em relação jurídica
decorrente do casamento (iure conjugii), ou ainda, como obrigação inerente ao pátrio poder”.
Mesmo os Alimentos sendo devidos por iure sanguinis e iure conjugii ou decorrentes do
poder familiar, deve-se ter em mente que a prestação devida, em princípio, deve ser feita em
dinheiro, podendo, todavia, exclusivamente, ser prestada através de concessão.
Neste mesmo entendimento, Magalhães e Malta (1990, p.639) ponderam que a
Obrigação alimentar ocorre da “existência entre cônjuges e entre parentes no sentido de que
uns sustentem os outros nos casos previstos na lei (Direito de Família). Ex: a obrigação de
manter um filho menor ou inválido”.
Em sentido estrito, Viana (1998, p.104-105) salienta que a Obrigação alimentar
tipifica-se com a ocorrência dos seguintes requisitos ou pressupostos:
Vínculo de parentesco, para Viana (1998, p.105), ocorre entre pais e filhos,
mutuamente; na ausência destes, aos ascendentes, na ordem de proximidade; na sua falta aos
descendentes na ordem de proximidade e os irmãos, sejam estes germanos ou unilaterais.
Neste mesmo entendimento, salienta, Diniz (1995, p.319), são os ascendentes; descendentes
maiores; irmãos germanos ou unilaterais que são obrigados entre si a prestar Alimentos.
Com relação ao Estado de miserabilidade do credor, para Diniz (1995, p.319), o
Alimentando, além de não ter bens suficientes, também não tem capacidade de prover a
própria subsistência. Viana (1998, p.105), nesta mesma linha de raciocínio, diz que, aquele
que demanda Alimentos deve comprovar a impossibilidade de se sustentar, salvo se menor de
idade for, pois, neste caso, a Obrigação alimentar se origina de um dever de sustento dos
genitores.
Sobre a Condição econômico-financeira do devedor, Viana (1998, p.108), salienta que
o devedor deve estar em condição de acolher ao pedido de Alimentos. Já Diniz (1995, p.320)
ensina que é preciso conferir a capacidade financeira do devedor para que o mesmo cumpra
tal obrigação.
Frente à proporcionalidade na sua fixação, Diniz (1995, p.320), em breve análise,
leciona que a proporcionalidade deverá ser feita em cada caso, levando-se em consideração
que os Alimentos são concedidos conforme a necessidade. Também neste entendimento,
Viana (1998, p.111) salienta que os Alimentos, quanto à proporcionalidade, são fixados
considerando-se a necessidade do credor e os recursos do devedor.
Destacam-se no Código Civil, o art. 1.694 e seus parágrafos os requisitos ou
pressupostos da Obrigação alimentar, anteriormente descriminados:
Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os
alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição
social, inclusive para atender às necessidades de sua educação.
§ 1º Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e
dos recursos da pessoa obrigada.
§ 2º Os alimentos serão apenas os indispensáveis à subsistência, quando a situação
de necessidade resultar de culpa de quem os pleiteia.
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Art. 1695. São devidos os alimentos quando quem os pretende não tem bens
suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença, e aquele, de
quem se reclamam, pode fornecê-los, sem desfalque do necessário ao seu sustento.
Para Cahali (1999, p.22), a causa jurídica da Obrigação alimentícia poderá resultar da
lei, da vontade ou de algum delito, sendo que estas duas últimas causas, constituem razão de
uma atividade praticada pelo homem. Diniz (1995, p.324), neste diapasão, apenas diferencia a
nomenclatura ao mencionar a existência de Alimentos legítimos, voluntários e ressarcitórios,
respectivamente.
Os Alimentos legítimos, segundo observação de Cahali (1999, p.22), “são os que
decorrem de uma obrigação legal”. No sistema brasileiro são aqueles devidos por direito de
sangue (ex iure sanguinis), em virtude das relações de Parentesco ou familiares, ou em
decorrência do matrimonio ou união estável. Desta forma, só os Alimentos legítimos assim
chamados, inserem-se no Direito de Família.
Já os Alimentos voluntários, são os que decorrem da declaração de vontade, inter
vivos ou causa mortis, brotando-se assim, no direito das obrigações ou no direito das
sucessões.
Cahali (1999, p.23) salienta que os alimentos voluntários, também decorrem “de uma
declaração de vontade, inter vivos ou mortis causa; resultantes ex dispositione hominis,
também chamados obrigacionais, ou prometidos ou deixados”, através de um contrato ou de
disposição de última vontade.
Os Alimentos decorrentes de algum delito, ou seja, os ressarcitórios, são os destinados
a indenizar a vítima por ato ilícito. Para Cahali (1999, p.24), “quanto à Obrigação alimentar
conseqüente da prática de ato ilícito, representa ela uma forma de indenização do dano ex
delicto”.
Em síntese, a causa jurídica dos Alimentos pode decorrer de uma obrigação legal, de
uma declaração de vontade ou de algum ato ilícito, sendo que para as decorrentes da lei
devem existir uma relação de Parentesco ou familiar. No tocante à vontade, poderá ser
declarada entre as pessoas vivas e as pessoas mortas, através do direito de obrigação ou
sucessão. Já no ato ilícito, vê-se a possibilidade de indenização da vítima ou seus parentes.
1.7 Finalidade
Para Diniz (1995, p.323) são provisórios ou provisionais os Alimentos “se concedidos
ao mesmo tempo, ou antes, da ação de Separação judicial, de nulidade ou anulação de
Casamento ou de Alimentos, para manter o suplicante a sua prole na pendência da lide”.
Neste mesmo pensamento segue Cahali (1999, p.28):
Conforme destaca Covello (1992, p.2), não se pode confundir alimentos provisionais e
provisórios, uma vez que apesar de serem sinônimos, o adjetivo “provisionais” é para dar
nome a uma das ações cautelares previstas no Código de Processo Civil (ação de Alimentos
provisionais), sendo que o adjetivo “provisório” trata dos alimentos fixados no início do
conflito, seja especial ou cautelar. Este assunto será tratado com mais profundidade no
capítulo três deste trabalho.
Já os alimentos regulares ou definitivos, no entender de Cahali (1999, p.28) e Diniz
(1995, p.323), são aqueles estabelecidos pelo magistrado ou através de acordo pelas partes,
com prestações periódicas, de caráter permanente, sendo sujeitos à revisão do quantum.
Venosa (2006, p.381) relata que:
Assim, a finalidade dos alimentos é propiciar meios para que a ação seja proposta e
prover a mantença do alimentando e seus dependentes durante o curso do processo.
Para Cahali (1999, p.28), os Alimentos futuros, “são os Alimentos que se prestam em
virtude de decisão judicial ou acordo, e a partir dela: Alimentos pretéritos são aqueles
constituídos em momento anterior ao pacto da pretensão das partes ou determinação judicial”.
No entanto, esta diferença tem importância na decisão do termo a quo a partir do qual o
sustento torna-se exigível.
Nesta mesma linha Assis (1998, p.103):
a primeira parte do referido artigo trata da Obrigação alimentar imprópria, e a segunda parte,
trata da Obrigação alimentar própria.
Sua titularidade não se transfere, nem se cede a outrem. Embora de natureza pública,
o direito é personalíssimo, pois visa preservar a vida do necessitado. O direito não se
transfere, mas uma vez materializadas as prestações periódicas como objeto da
obrigação, podem elas ser cedidas.
O credor não pode ser forçado a pedir Alimentos, mas lhe é proibido renunciar ao
direito a Alimentos, sendo inválido qualquer documento em que um filho venha se
exonerar de pleitear Alimentos contra o pai, ou seja, a pessoa carente pode deixar de
pedir Alimentos, mas não pode abdicar esse direito.
Não obstante, o respectivo crédito é insuscetível de cessão, ou seja, como ensina Diniz
(1995, p.322), “é intransacionável, não podendo ser objeto de transação o direito de pedir
26
Alimentos (art. 841 do CCB), mas o quantum das prestações vencidas ou vincendas é
transacionável”.
Referente a intransmissibilidade da Obrigação alimentar, Diniz (1995, p.321)
destacava o art. 402 do Código Civil de 1916 que “o credor dos Alimentos só podia reclamá-
los do parente que estivesse obrigado a pagá-los, não podendo exigi-los dos herdeiros do
devedor, se este falecer, porque a estes não se transmitia a Obrigação alimentar”. Contudo,
este artigo foi revogado implicitamente pelo art. 23 da Lei nº 6.515, de 26 de dezembro de
1977, in verbis: “A obrigação de prestar alimentos transmite-se aos herdeiros do devedor, na
forma do artigo 1.796 do Código Civil de 1916”.
Desta forma, rompendo com a tradição jurídica brasileira (art. 402 do Código Civil de
1916), veio o art. 23 da Lei nº 6.515/77 estabelecer que a obrigação de prestar Alimentos
transmite-se aos herdeiros do devedor, na forma do art. 1796 do Código Civil de 1916,
“dispondo que a herança responde pelo pagamento das dívidas do falecido; mas, feita a
partilha, só respondem os herdeiros, cada qual em proporção da parte que a herança lhe
coube”. (Cahali, 1999, p.78)
No entanto, pelo regime do Código Civil (Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002), a
obrigação de prestar Alimentos continua sendo transmitida aos herdeiros do devedor,
conforme dispõe o art. 1.700, na forma do art. 1.694, ambos da mesma Lei. Destaca-se que,
conforme disposto no art. 1.845 do Código Civil, o Cônjuge também passou a ser herdeiro
necessário, devendo a Obrigação alimentar também ser transmitida ao mesmo.
Em razão da finalidade do instituto, os Alimentos são impenhoráveis. Segundo Venosa
(2006, p.385) “os alimentos não podem ser penhorados (art. 649, II, do CPC). Destinados à
sobrevivência, os créditos de alimentos não podem ser penhorados. Essa impenhorabilidade,
no entanto, não atinge os frutos”.
Com relação a incompensabilidade dos Alimentos, Cahali (1999, p.111) observa-se
que “o crédito alimentar não pode ser compensado em virtude de um sentimento de
humanidade e interesse público; nessas condições, se o devedor da pensão alimentícia se torna
credor de pessoa alimentada, não pode opor-lhe”.
Neste mesmo entendimento, Diniz (2006, p.563) ensina que:
A tese da imprescritibilidade dos Alimentos destaca que se ainda não exercido por
longo tempo, enquanto vivo, tem o Alimentando direito a demandar do Alimentante recursos
materiais indispensáveis a sua sobrevivência, porém, se seu quantum for fixado,
judicialmente, prescreve em 2 anos as prestações de pensão alimentícia, a partir da data que se
vencerem (art. 206, § 2º do CCB). Segundo Venosa (2006, p.385), “Esse prazo era de cinco
anos no Código anterior (art. 178, § 10, I). O direito a alimentos, contudo, é imprescritível. A
qualquer momento, na vida da pessoa, pode esta vir a necessitar de alimentos”.
A necessidade do momento rege o instituto e faz nascer o direito à ação (actio nata).
Não se subordina, portanto, a um prazo de propositura. No entanto, uma vez fixado
judicialmente o quantum, a partir de então inicia-se o lapso prescricional. A prescrição atinge
paulatinamente cada prestação, à medida que cada uma delas vai atingindo o qüinqüênio, ou o
biênio, a partir da vigência do Código de 2002.
Quanto à irretroatividade, a obrigação de pagar Alimentos não retroage à época
anterior ao ajuizamento da ação. A obrigação somente retroage à citação, conforme já
mencionado anteriormente.
Cahali (1999, p.126), frente à irretroatividade dos Alimentos traz o seguinte
entendimento:
Expressa a relação entre pessoas que descendem umas das outras, unidas pelo
sangue; significa, também, a vinculação de uma pessoa aos parentes de seu cônjuge,
tipificando-se a afinidade; por derradeiro, pode resultar da lei, o que se dá com a
adoção, nascendo o parentesco civil.
A afinidade não gera Parentesco, mas apenas uma aliança, que não é poderosa para
criar direito a Alimentos. A doutrina é uniforme no sentido da inadmissibilidade de
Obrigação alimentar entre pessoas ligadas pelo vínculo de afinidade, perante o nosso
direito. Como, por exemplo, a sogra reclamar direito a Alimentos de seu genro.
que, “para se saber o grau de Parentesco que há entre um parente em relação ao outro, basta
verificar as gerações que os separam, já que cada geração forma um grau”.
Segundo Diniz (2006, p.428):
Por exemplo: entre dois irmãos há dois graus, porque de um irmão para o pai
(ascendente comum) há um grau, e do pai para o outro irmão, outro grau, o que perfaz dois
graus.
Contam-se os parentes por afinidade conforme as linhas e graus alusivos ao Parentesco
consangüíneo.
Fica desta forma, esclarecido que apenas os parentes consangüíneos estão atrelados
pelo vínculo da solidariedade, em que o dever de amparar os seus membros necessitados deve
ser assumido por todos. Contudo, estão unidos também pelo caráter da reciprocidade, de
maneira que todos são, ao mesmo tempo, potencialmente obrigados e beneficiários da
prestação alimentar.
O filho maior poderá demandar Alimentos, mas deverá provar a concorrência dos
pressupostos da Obrigação alimentar. Se o filho maior pede Alimentos ao argumento
de que estuda e não tem condições de trabalhar, o pedido merece acolhido. Não se
pode esquecer que cada caso é um caso.
III) Alimentos entre filhos maiores e pais velhos, carentes ou enfermos: neste último
aspecto, o art. 229 da Constituição Federal dispõe que: “os filhos maiores têm o dever de
ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade”. O diploma civil dispõe que o
direito à prestação de Alimentos é recíproco entre pais e filhos (art. 1.696).
Segundo Viana (1998, p.145) “o pai que se encontre em uma das condições indicadas -
velhice, carência ou enfermidade – impossibilitado de prover ao próprio sustento, é titular do
direito irrenunciável aos Alimentos”.
b) na falta destes, os demais ascendentes, na ordem de proximidade (ascendentes): os
sujeitos da relação jurídico-alimentar não se limitam à condição de pai e filho, havendo
obrigação entre filho, genitores, avós e ascendentes em grau subseqüente, porque em linha
reta inexiste limite de grau, presente a reciprocidade.
Assim, dispõe o art. 1.696 do Código Civil, que: “O direito à prestação de alimentos é
recíproco entre pais e filhos, e extensivo a todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos
mais próximos em grau, uns em falta de outros”.
Segundo Venosa (2006, p.386) “existindo vários parentes do mesmo grau, em
condições de alimentar, não existe solidariedade entre eles”.
Complementa Viana (1998, p.147):
Atualmente, como sempre se repete, não se faz mais distinção entre filhos legítimos
e ilegítimos. O descumprimento contumaz do dever alimentar pode até mesmo
autorizar a suspensão ou perda do pátrio poder.
34
Não é só dos tempos atuais que os pais, ou seja, os genitores são responsáveis, pelo
sustento dos filhos, dando-lhes, assim, uma estabilidade material e moral mais digna,
fornecendo-lhes alimentação, vestuário, abrigo, educação, entre outros, mas sim dos tempos
mais antigos como já frisado.
Preleciona Cahali (1999, p.542):
Pátrio poder (poder familiar) representa nos tempos modernos uma instituição
destinada a proteger o filho e, desse modo, certos poderes ou certas prerrogativas
são outorgadas aos pais, para com isto facilitar-lhes o cumprimento daqueles
deveres.
Desde que presentes os requisitos próprios, como o fumus boni iuris e a certeza de
quem é o pai, mesmo os alimentos provisionais é possível conceder, com o que se
garantirá uma adequada assistência pré-natal ao concebido.
Quanto aos filhos sendo menores e submetidos ao pátrio poder, não há um direito
autônomo de alimentos, mas sim uma obrigação genérica e mais ampla de
assistência paterna, representada pelo dever e de criar e sustentar a prole [...] esta
obrigação não se altera diante da precariedade da condição econômica do genitor: o
pai, ainda que pobre, não se isenta, por esse motivo, da obrigação de prestar
alimentos ao filho menor; do pouco que ganhar, alguma coisa deverá dar ao filho.
Com relação ao direito de os filhos maiores pedirem alimentos aos pais, não é o
pátrio poder que o determina, mas a relação de parentesco, que predomina e acarreta
a responsabilidade alimentícia. Com relação aos filhos que atingem a maioridade, a
idéia que deve preponderar é que os alimentos cessam com ela.
Entende-se que a pensão poderá distender-se por mais algum tempo, até que o filho
complete os estudos superiores ou profissionalizantes, com idade razoável, e possa prover a
própria subsistência.
Nesse sentido, o art. 1.694 do Código Civil sublinha que os alimentos devem atender,
inclusive, às necessidades de educação.
Venosa (2006, p.390) conclui que “Tem-se entendido que, por aplicação do
entendimento fiscal quanto à dependência para o Imposto de Renda, que o pensionamento
deva ir até os 24 anos de idade”.
Não deixando de ser um dever assistencial, inerente à vida, o dever de sustento cessa
com a maioridade do filho ou mesmo com a emancipação do filho, mas, podem surgir
obrigações alimentares dos pais em relação aos filhos adultos, porém, de natureza diversa,
sempre analisando o estado de necessidade do filho e a possibilidade do genitor, fundada no
art. 1.696 do Código Civil.
Segundo Diniz (1995, p.460):
Viana (1998, p.155) explica que “os Alimentos entre o casal decorrem do dever
familiar, inexistindo Obrigação alimentar. Como já estudado está existe entre parentes, nos
limites traçados pela lei”, ou seja, os cônjuges não são parentes, por isso, os alimentos são
devidos com reciprocidade, em decorrência de dever familiar.
Desta forma, não sendo o Cônjuge parente do outro, ali não se encontra embasamento
legal da obrigação de Alimentos entre o casal. Por isso, esse dever se origina dos arts. 1.614 e
1.566, inciso III do Código Civil. Daí o direito a alimentos, embora a expressão “mútua
assistência” não se refira somente aos alimentos. A regra geral é, portanto, que, em caso de
separação judicial ou de fato, o marido prestará pensão alimentícia à mulher. Segundo Pereira
(1998, p.89):
Neste mesmo entendimento, Gonçalves (2003, p.50) salienta que a mútua assistência
“obriga os Cônjuges a se auxiliarem reciprocamente, em todos os níveis. Assim, inclui a
recíproca prestação de socorro material, como também a assistência moral e espiritual”. No
entanto, o auxílio mútuo entre os Cônjuges ocorre em qualquer circunstância, principalmente
em situações de maior dificuldade.
37
No antigo diploma legal, tratava-se dos direitos e deveres dos Cônjuges em capítulos
distintos, mais especificamente no art. 233, inciso IV. Estabeleciam-se direitos e deveres
apenas à pessoa do marido com relação à manutenção da Família, mas, graças à nova
elaboração do novo Código Civil, esses deveres passaram a ser entre os Cônjuges em forma
de igualdade, conforme já dispunha o art. 226 § 5º da Constituição Federal do Brasil e agora
nos arts. 1.567, 1568 e 1569 do Código Civil.
Viana (1999, p.156) preleciona:
Ainda com referência à mútua assistência, enfatiza-se que a mesma subsiste até
mesmo depois da Separação judicial, extinguindo-se, porém, quando a dissolução da
sociedade conjugal dá-se pelo Divórcio. (GONÇALVES, 2003, p.51)
Por sua vez, o art. 1.576 do Código Civil, dispõe: “A separação judicial põe termo aos
deveres de coabitação e fidelidade recíproca e ao regime de bens”.
Quanto à União estável, o art. 1.724 do Código Civil vem estipular a Obrigação
alimentar entre Companheiros, in verbis: “As relações pessoais entre os companheiros
obedecerão aos deveres de lealdade, respeito e assistência, e de guarda, sustento e educação
dos filhos”.
Com a disposição deste artigo, os alimentos oriundos da União estável serão devidos
conforme os mesmos princípios e regras aplicáveis à dissolução do Casamento.
Verifica-se, então, que quando ocorrer à ruptura do Casamento, bem como da União
estável, este dever de assistência se transforma em Obrigação alimentar, comprovada a
necessidade de quem pleiteia e a possibilidade do (a) Companheiro (a) que arcará com a
mesma.
O Código civil de 1916, todavia, não continha dispositivo algum referente a alimentos
entre cônjuges, pois a disciplina dos arts. 396 a 405 dirigia-se ao parentesco. O corrente
Código destaca os arts. 1.702, 1.703 e 1.704, para enfrentar situações de alimentos no
desfazimento da sociedade conjugal.
38
[...] convivência notória, duradoura e contínua entre um homem e uma mulher não
impedida de realizar matrimônio ou separados de direito ou de fato do respectivo
cônjuge, com as características inerentes a uma comunhão de vidas como se casados
fossem.
39
[...] temos uma entidade familiar formada por homem e mulher que vivem em estado
de casamento aparente. Distingue-se do casamento pela origem, porque não se dá o
ato civil. Temos uma convivência notória como marido e mulher, com continuidade
das relações sexuais, coabitação e fidelidade presumida.
Viana fundamentou seu conceito na lei nº 9.278/96 art. 1º, regulando o § 3º do art. 226
da Constituição Federal.
Segundo Da Luz (2003, p.340), a concessão da verba alimentar devida na separação
frente à União estável, “além da prova da necessidade, imprescinde de dois importantes
pressupostos: a ausência de culpa da requerente e a prova pré-constituída da Obrigação
alimentar do requerido”. Pontos estes, que serão abordados no item seguinte deste capítulo.
Assim, a Lei nº 9.278/96 reconheceu a entidade familiar duradoura de um homem e de
uma mulher e prescreveu a assistência material recíproca (art. 2º, II). No art. 7º, a noção é
completada: “Dissolvida a união estável por rescisão, a assistência material prevista nesta Lei
será prestada por um dos conviventes ao que dela necessitar, a título de alimentos”.
Antes dessas leis, não havia obrigação alimentar decorrente do companheirismo na lei,
e os reflexos patrimoniais eram conferidos a outro título, sem relação com o instituto.
Contudo, mesmo na Separação judicial ou na dissolução da União estável, para que
sejam fixados os Alimentos, deverá ser analisado de quem partiu a culpa para que ocorresse a
dissolução e quem tem necessidades dos Alimentos, assuntos estes que serão abordados no
item subseqüente deste capítulo.
[...] relativo ao comportamento indigno, neste não se inclui, o simples namoro com
terceiro. [...] as relações sexuais eventualmente mantidas com terceiros após a
dissolução da sociedade conjugal, desde que não de comprove desregramento de
conduta, não têm o condão de ensejar a exoneração da obrigação alimentar, dado
que não estão os ex-cônjuges impedidos de estabelecer novas relações e buscar, em
novos parceiros, afinidades e sentimentos capazes de possibilitar-lhes um futuro
convívio afetivo e feliz.
Com relação aos efeitos da Separação judicial frente aos alimentos, Da Luz (2003,
p.285-286) expõe que:
41
Segundo Da Luz (2003, p.296), para requerer a pensão alimentícia a (o) companheira
(o) deve demonstrar: “a) ter convivido com pessoa solteira, separada judicialmente, separada
de fato, divorciada ou viúva; b) que a convivência tenha sido duradoura, pública e contínua; c)
a necessidade dos Alimentos”.
Ficando, desta forma, mais uma vez protegido este direito através do art. 1.694 do
Código Civil, o qual estabelece que além dos parentes e dos Cônjuges, podem os
Companheiros pedir uns aos outros, os Alimentos que necessitam para viver de modo
adequado com a sua condição social.
Como salienta Santos (2001, p.92), apesar das dificuldades e críticas apontadas:
Com relação à renúncia aos Alimentos, a qual já foi brevemente abordada em item
pretérito desta monografia, também possui um tratamento especial no direito argentino C.C.,
art. 374; direito mexicano, art. 321 C.C., e direito português, art. 2.008 C.C., com o mesmo
entendimento do direito brasileiro, ou seja, os alimentos são irrenunciáveis.
No direito brasileiro, a impossibilidade de renúncia aos Alimentos vem disposta no art
1.707 do Código Civil, o qual prescreve que: “Pode o credor não exercer, porém lhe é vedado
renunciar o direito a alimentos, sendo o respectivo crédito insuscetível de cessão,
compensação ou penhora”.
Segundo Gonçalves (2003, p.138), “o direito a Alimentos constitui uma modalidade
do direito à vida. Por isso, o Estado protege-o com normas de ordem pública, decorrendo daí a
sua irrenunciabilidade, que atinge, porém, somente o direito, não o seu exercício”.
Neste entendimento Diniz (2006, p.561) assevera que:
O Código Civil, art. 1.707, 1ª parte, permite que deixe de exercer, mas não que se
renuncie o direito de Alimentos. Pode-se renunciar o exercício e não o direito; assim
o necessitado pode deixar de pedir Alimentos, mas não renunciar esse direito.
O novo diploma legal, contudo, contrariando [...] tendência, faz incidir a proibição
de renunciar ao direito a Alimentos não só aos parentes, mas também aos Cônjuges
e Companheiros, por ocasião da dissolução da sociedade conjugal ou da União
estável.
43
Dentre tantas alterações previstas para o Código Civil de 2002, há a proposta de nova
redação para aperfeiçoamento do art. 1.707, pretendendo proibir a renúncia alimentar apenas
para as relações de Parentesco, retomando o caminho já trilhado pela jurisprudência de aceitar
o repúdio do direito a Alimentos no Casamento. Proposta está estabelecida no Projeto de Lei
nº 6.960/02.
Observa-se, então, que, segundo sistemática do Código Civil de 2002, a renúncia aos
Alimentos feita por Cônjuges ou por Companheiro não é legítima. Os Alimentos também
serão irrenunciáveis se decorrentes de Parentesco.
Não há dúvida alguma de que a atual codificação precisa ser urgentemente revista pelo
legislador, se não a jurisprudência certamente fará, retomando a defesa da possibilidade de
renúncia dos Alimentos dos que não são parentes.
Nesse contexto, deve o juiz ser cuidadoso ao examinar a espécie, na escolha de uma
das alternativas, rigor este mitigado pelo parágrafo único do art. 1.701 do diploma legal.
Assim, em síntese, observa-se que o direito de escolha do devedor frente ao
cumprimento da obrigação não é absoluto, sendo que o parágrafo único do art. 1.701 do
Código Civil prevê que o juiz pode determinar outra forma de prestação, se assim for mais
conveniente para as partes.
Imprescindível observar que quanto ao fornecimento de casa, hospedagem e sustento,
o art. 25 da Lei nº 5.478/68, prevê que essa forma de cumprimento só será autorizada pelo juiz
se o Alimentando for capaz de anuir; sendo cumprida na casa do devedor, não podendo ser
cumprida em casa alheia, nem interná-lo em asilos, exceto se o credor concordar.
Nas palavras de Monteiro (2003, p.309),
Segundo Fuhrer (2001, p.115-116) cabe direito a Alimentos, na União estável, entre os
conviventes, provada a necessidade. Deverá também caber o exame de culpa, se for o caso,
nos moldes do que ocorre na Separação judicial ou no Divórcio litigiosos, perdendo o culpado
o direito a Alimentos (em que pesem respeitáveis opiniões em contrário).
Ainda neste contexto Fuhrer (2001, p.116), salienta que o art. 1º da Lei 8.971/94
manda que o rito da ação de Alimentos seja especial, da Lei nº 5.478/68, tais Alimentos
devem ser pleiteados perante a vara cível e não a vara da Família. Todavia como ponderam
vários autores, é necessária prova documental segura da União estável, como uma justificação
judicial, ou uma sentença declaratória. Caso contrário deve-se adotar o rito comum para
provar nos autos a convivência.
45
Com isso, não estando a União estável devidamente demonstrada, deve o magistrado
requerer a instrução para sua caracterização por meio do procedimento ordinário, com o
intuito de prová-la e outorgar ao companheiro o direito aos Alimentos, caso este necessite.
Desta maneira, a União estável somente merece proteção frente ao ordenamento
jurídico, quando houver pressuposição de que exista uma obrigação entre os conviventes,
apresentando principalmente provas que venham a comprovar a inequívoca existência da
União estável.
1º) ação de alimentos, para reclamá-los (Lei nº 5.478/68); 2º) execução por quantia
certa (CPC, art. 732); 3º) penhora em vencimento de magistrados, professores e
funcionários públicos, saldo de militares e salários em geral, inclusive subsídios de
parlamentares (CPC, art. 649, IV parte final); 4º) desconto em folha de pagamento
da pessoa obrigada (CPC, art. 734); 5º) reserva de aluguéis de prédios do
alimentante (Lei nº 5.478/68, art. 17); 6º) entrega ao cônjuge, mensalmente, para
assegurar o pagamento de alimentos provisórios (Lei nº 5.478/68 art. 4º, parágrafo
único), de parte da renda líquida dos bens comuns, administrados pelo devedor, se o
regime de casamento for o da comunhão universal de bens; 7º) constituição de
garantia real ou fidejussória e de usufruto (Lei nº 6.515/77, art. 21); 8º) prisão do
devedor (Lei nº 5.478/68, art. 21; CPC, art. 733 parágrafo 1º).
Quanto ao primeiro item, ação de Alimentos, segundo Diniz (1995, p.328), trata-se
meramente, de um “meio técnico de reclamar os Alimentos desde que presentes os
pressupostos jurídicos. Lembrando, também, que o foro competente é o domicílio do
Alimentando e deverá ser requerida a interferência do Ministério Público para seguir o
processo”.
Referente à execução por quantia certa contra devedor solvente ou execução da
sentença, a qual já era prevista no art. 18 da Lei nº 5.478/68; caso não for possível a satisfação
do débito, poderá o credor requerer a execução da sentença na forma dos arts. 732, 733 e 735
do Código de Processo Civil. Para Viana (1998, p.119), “executam-se as prestações vencidas,
46
Com referência aos recursos cabíveis, Da Luz (2003, p.303-304) salienta que alguns
doutrinadores sustentam o seguinte entendimento:
Viana (1998, p.124-125) destaca que o devedor “será citado para em até três dias, se
manifestar das seguintes formas: a) comparece e paga; b) vem em juízo e exibe prova de
pagamento; c) pede para justificar a impossibilidade do pagamento”.
Quanto ao prazo da prisão civil, a jurisprudência distingue quanto se trata de alimentos
definitivos ou provisórios, e a duração máxima é de 60 dias (art. 19 da Lei nº 5.478/68); em
caso de provisionais, o prazo máximo é de três meses (art. 733, § 1º do Código de Processo
Civil). Tem prevalecido o critério unitário e unânime de 60 dias para todos os casos.
A prisão será, primeiramente, fundamentada, e será decretada quantas vezes forem
necessárias.
Neste último item deste capítulo, passa-se a discorrer sobre os meios para que o
devedor ou Alimentante possui em seu favor para que a extinção da Obrigação alimentar
possa ser determinada.
Diniz (1995, p.329) prevê duas situações para que seja extinta a pensão alimentícia,
que são: a) pela morte do Alimentando, ou seja, pela morte do credor, devido a sua natureza
pessoal; b) pelo desaparecimento de um dos pressupostos do art. 1.695 combinado com art.
1.699 do Código Civil, ou seja, da necessidade do alimentário ou da capacidade econômica-
financeira do Alimentante.
Da Luz (2003, p.306-307) salienta que o pedido para que seja decretada a extinção de
Obrigação alimentar poderá ser formulado quando presente os seguintes requisitos, através da
ação de exoneração de Alimentos:
49
Por fim, a extinção da pensão, além da maioridade e a emancipação, pode ocorrer por
uma das causas do art. 1.708 do Código Civil, quais sejam: o Casamento, a União estável,
concubinato ou comportamento indigno em relação ao credor, geralmente estes fatos são
relacionados entre ex-cônjuges ou ex-companheiros, ou ainda, pode ocorrer à situação
prevista no art. 1.695 combinado com art. 1.699 do Código Civil, que é a cessão da condição
de necessidade do credor ou a impossibilidade econômica do devedor.
Declinado entendimento pelos doutrinadores frente à extinção da pensão alimentícia,
passar-se-á a estudar, no próximo capítulo, a divergência entre Alimentos provisórios e
Alimentos provisionais no direito brasileiro.
50
O que se obtém no processo cautelar, e por meio de uma Medida cautelar, é apenas a
prevenção contra o risco de dano imediato que afeta o interesse litigioso da parte e
que compromete a eventual eficácia da tutela definitiva a ser alcançada no processo
de mérito. Por isso é que se diz que o processo principal é de natureza “satisfativa”,
porque redunda na satisfação efetiva do direito da parte, quando esta sai vitoriosa no
pleito forense.
Entende-se que esta garantia cautelar é destinada não tanto a fazer justiça, como a dar
tempo a que justiça seja feita. Neste mesmo contexto Da Luz (2003, p.444) salienta que “a
finalidade das medidas cautelas ou de urgência é a segurança do interesse jurídico ameaçado
de dano iminente tendo seu maior campo de incidência no Processo cautelar previsto nos arts.
796 a 889 do Código de Processo Civil”, sendo que tal medida pode ser instaurada antes do
processo principal (como medida preparatória) ou durante o curso do processo principal
(como medida incidente). Caso se trate de medida preparatória, fica o autor com a obrigação
51
de ajuizar a ação principal no prazo de 30 dias, para que não sofra os efeitos da perda da
eficácia da medida deferida provisoriamente.
Segundo Parizatto (1997, p.71), “tal medida é admitida nas ações de Separação
judicial, anulação de casamento uma vez separado os Cônjuges, nas ações de Alimentos,
desde o despacho da petição inicial, bem como nas ações de investigação de paternidade”.
Cahali (1999, p.878) prevê que a “medida é provisional, no sentido de regulação
provisória de uma situação processual vinculada ao objeto da própria demanda, de cognição
sumária e incompleta, visando à preservação de um estado momentâneo de assistência”.
Theodoro Júnior (2003, p.346), referindo senão à Medida cautelar, apresenta o
seguinte entendimento:
Venosa (2006, p.381) preleciona que “Os alimentos provisionais são estabelecidos
quando se cuida da separação de corpos, prévia à ação de nulidade ou anulação de casamento,
de separação ou divórcio”. Nesse caso, os provisionais devem perdurar até a partilha dos bens
do casal.
Alimentos estes que se encontram previstos nos arts. 852 a 854 do Código de Processo
Civil, combinado com art. 1.706 do Código Civil.
Parizatto (1997, p.72), ao discorrer sobre os Alimentos provisionais como
procedimento cautelar específico, entende que:
Cabe a Medida cautelar de Alimentos provisionais diante dos termos do art. 798 do
CPC, considerando-se que em matéria de Alimentos existe necessariamente, a
possibilidade de uma lesão grave em virtude de qualquer retardamento na sua
pretensão. Por outro lado, a circunstância de nos termos do art. 13 da Lei nº
5.478/68, e seus parágrafos, caberem os provisórios em qualquer ação de Alimentos,
não impede que antes de sua propositura quem deles precisa opte pela medida
cautelar.
Para Theodoro Júnior (2003, p.466) a ação cautelar de Alimentos provisionais diverge
da ação principal de Alimentos, por possuir a seguintes características: a) é acessória de outro
processo; b) é preventiva, no sentido de evitar que a falta de alimentos prejudique o outro
pleito (venter non patitur dilationem); c) não é definitiva em relação à determinação da
dívida, pois vigora apenas até a solução definitiva da demanda.
Decretada a Medida cautelar específica dos Alimentos provisionais, deve esta conter
as necessidades do requerente, ou seja, o necessário à manutenção (gêneros alimentícios,
vestuário, cuidados de saúde etc.); o que for preciso à defesa judicial do demandante e seus
interesses (custas, despesas com produção de documentos e provas outras, honorários
advocatícios etc.), bem como a possibilidade do devedor. Desta forma, possivelmente será
admitido o deferimento da Liminar, inaudita altera parte. A fixação da verba deverá atender
ao art. 1.694, § 1º combinado com art. 1706, ambos do Código Civil.
No entendimento de Pereira (1998, p.186), tratando-se de questões de Família e no
amparo do menor e do incapaz, considera que não ocorre a caducidade da medida Liminar se
a ação principal não foi proposta em 30 dias, ou seja, concedidos Alimentos provisionais ou
provisórios (estes serão abordados em momento oportuno), não perdem a eficácia se a ação
principal não for proposta no prazo legal. Todavia, por ser uma medida cautelar, concedida
através de uma Liminar, os Alimentos provisionais poderão ser caçados a qualquer tempo (art.
807 do CPC).
Com relação aos Alimentos provisionais, verifica-se que estes não podem ser
confundidos com os Alimentos provisórios, sendo que para os primeiros o legislador deu a
característica de medida Liminar, os quais somente poderão ser deferidos se enquadrados no
art. 852 e seus incisos combinado com os arts. 796 a 889, ambos do Código de Processo Civil
combinados, ainda, com art. 1.706 do Código Civil. Já os segundos serão indicados através de
lei especial (Lei nº 5478/68).
E mais, entende-se que os Alimentos provisionais serão obtidos de forma provisória,
ou seja, será estabelecida pelo juiz uma quantidade necessária à sobrevivência do requerente,
enquanto não ajuizada ou enquanto pendente a ação que lhe fixará o valor definitivo.
No art. 852, inciso I a III do CPC, encontramos os tipos de ações judiciais que cabem
pedido de Alimentos provisionais. Ações estas que terão seguimento no rito ordinário ou
comum, in verbis:
Theodoro Júnior (2003, p.466) traz o seguinte entendimento frente às ações citadas:
3.1.2.1 Fumus boni iuris e periculum in mora: requisitos fundamentais dos alimentos
provisionais.
Para dar início a este item, primeiramente, devem-se conceituar os requisitos para
alcançar uma providência de natureza cautelar.
Para Plácido e Silva (1998, p.372), a expressão fumus boni iuris (fumaça do bom
direito) é plausível. “A expressão é geralmente usada como requisito ou critério para a
concessão de medidas Liminares, cautelares ou de antecipação de tutela, bem como no juízo
de admissibilidade da denúncia ou queixa, no foro criminal”.
Já quanto ao periculum in mora Theodoro Júnior (2003, p.355), salienta que o mesmo
“ocorre quando haja o risco de perecimento, destruição, desvio, deterioração, ou de qualquer
mutação das pessoas, bens ou provas necessários para a perfeita e eficaz atuação do
provimento final do processo principal”.
55
Neste mesmo contexto, Theodoro Júnior (2003, p.471) salienta que “é possível,
outrossim, a revogação ou modificação dos Alimentos provisionais em procedimento
apartado, conforme os arts. 807, do Código de Processo Civil”.
56
Não fugindo da regra, Pereira (1998, p.186) também entende que os Alimentos
provisionais podem ser revogados a qualquer tempo, como ocorre com as liminares
concedidas nas medidas cautelares em geral (art. 807 do CPC).
Não se pode deixar de salientar que os Alimentos provisórios deferidos como liminar
na ação de Alimentos, não podem ser abolidos, devido ao fato de serem o cerne da ação, mas
poderão ser modificados, ou seja, pode haver uma variação, podem ser diminuídos os
Alimentos provisórios, mas não pode haver revogação, por expressa disposição legal. Já os
Alimentos provisionais os quais não se confundem com os Alimentos provisórios (diferença
esta será vista logo adiante), originários de medidas cautelares preparatórias ou incidentais,
poderão ser modificados ou até mesmo revogados a qualquer tempo. E mais, os Alimentos
provisionais estão sujeitos à caducidade caso o autor não proponha a ação principal no prazo
do artigo 806 do Código de Processo Civil, in verbis: “Art. 806 Cabe à parte propor a ação, no
prazo de 30 (trinta) dias, contados da data da efetivação da medida cautelar, quando esta for
concedida em procedimento preparatório”.
Com referência à modificação, ao se tratar, porém, de pedido incidente do quantum
arbitrado, sob argumento de excesso ou insuficiência na avaliação, pode o mesmo ser
reformulado, e se tem admitido, tranqüilamente, nos próprios autos da ação de Alimentos.
Caso o Alimentante trouxer aos autos provas que desmereçam o valor arbitrado pelo juiz,
deverá este fixar em proporção justa. Providência esta que poderá ser tomada até de ofício.
Entretanto, feitas estas colocações, entende-se que os Alimentos provisionais,
concedidos a teor da sistemática processual comum, podem, a qualquer tempo ser revogados
ou modificados.
Segundo Viana (1998, p.174), os Alimentos provisórios têm lugar nas ações de
Alimentos regidas pela Lei de Alimentos, art. 4º. Sua fixação é feita sumariamente e sem
audiência do devedor, mediante arbitramento do juiz, no próprio despacho da inicial.
Em seguida, arremata Nogueira (1995, p.23), que:
Os alimentos provisórios devem ser fixados pelo juiz ao despachar o pedido inicial.
Ocorrendo exceção caso o credor expressamente declarar que deles não necessita, o
que geralmente não se dá, já que o Alimentando carece desses Alimentos
provisórios.
Frente aos pressupostos fumus boni iuris e periculum in mora nos Alimentos
provisórios, Cahali (1999, p.890) escreve que:
Os Alimentos provisórios, fixados de acordo com a Lei nº 5.478/68, não podem ser
alterados; devem vigorar, em princípio, até a sentença, só podendo ser modificados a
requerimento de uma das partes e desde que haja alteração na situação financeira do
Alimentante, os quais são devidos, desde a citação inicial até a decisão final do processo,
inclusive o julgamento do recurso extraordinário (art. 13º parágrafos 1º, 2º e 3º da Lei nº
5.478/68).
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A lei de Alimentos foi criada com um único objetivo, simplificar o processamento das
ações de Alimentos. O legislador facilitou a posição do litigante de menor poder aquisitivo,
ampliando as vias de assistência judiciária, acelerando a ação de Alimentos, através da
supressão de muitas das formalidades de que se revestia a ação correspondente.
3.2.2 Rito especial, juízo competente, termo inicial e final dos alimentos provisórios
A ação de Alimentos a teor da Lei nº 5.478/68, tem alguns benefícios dentre os quais o
rito processual é especial, ao contrário do que acontece nas ações de Separação judicial, de
nulidade, de anulação de Casamento, de Divórcio e até mesmo de investigação de
paternidade, visto que estas ações seguem rito ordinário ou comum.
Parizatto (1997, p.85), neste mesmo diapasão, assevera que os Alimentos a teor da Lei
nº 5.478/68 seguirão o seguinte rito processual:
[...] tal ação tem rito especial, independente de prévia distribuição e de anterior
concessão dos benefícios da assistência judiciária, cabendo à parte informar na
própria inicial que não pode pagar as custas do processo, sem prejuízo do sustento
próprio ou de sua família, presumindo-se pobre, até prova em contrário [...].
Os Alimentos provisórios têm rito procedimental sumário especial, mais célere que
o sumário; uma espécie de sumaríssimo, como o dos Juizados Especiais, e se destina
aqueles casos em que não há necessidade de provar a legitimação ativa do
Alimentando.
Para Pereira (1998, p.203), podem ajuizar o pedido de Alimentos se utilizando do rito
procedimental da Lei nº 5478/68, “o Cônjuge, os filhos menores ou maiores, estes
excepcionalmente, quando necessitados ou inválidos e os parentes designados nos arts. 1.696
e 1.697 do Código Civil”.
Com ênfase as questões processuais, o juízo competente ou o foro competente
segundo, Diniz (1995, p.474) e Nogueira (1995, p.11), será o da residência ou domicilio do
Alimentando, conforme dispõe o art. 100, inciso II do CPC.
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A fixação dos Alimentos provisórios dependerá do caso real, visível, tendo em vista as
necessidades do credor e os recursos do devedor, o que deve ser analisado com todo o critério,
para que não hajam concessões elevadas ou acanhadas, tudo dependendo, até mesmo, do
bom-senso do magistrado.
Neste mesmo diapasão, Parizatto (1997, p.88) salienta que “os Alimentos devem ser
fixados de acordo com a proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa
obrigada, cabendo ao juiz verificar tais fatores”, ou seja, a lei não quer o perecimento do
credor, mas também não almeja o sacrifício do devedor, conforme art. 1.694, §1º do Código
Civil.
A fixação de Alimentos provisórios é decisão interlocutória desafiando agravo de
instrumento. O mesmo vale para os Alimentos provisionais, quando fixados liminarmente.
Neste mesmo entendimento Nogueira (1995, p.14) salienta que “contra decisão que
fixa ou nega os Alimentos provisórios, o recurso cabível será o agravo de instrumento (art.
522 do CPC), por não se tratar de decisão terminativa”, ou seja, as sentenças proferidas em
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ações de Alimentos sempre terão julgado formal e nunca material, já que podem ser revistas a
qualquer tempo.
Caso forem fixados os Alimentos no final, por sentença, na ação de Alimentos ou na
Medida cautelar de Alimentos provisionais, o recurso cabível será a apelação, sendo recebida
apenas no efeito devolutivo, se condenatória da prestação de Alimentos (art. 521 do CPC).
Conforme já salientado no capítulo 2 mais especificadamente no item 2.4, a fixação
dos Alimentos provisórios pode se dar na ação de Alimentos, sendo que o juiz determinará a
entrega ao cônjuge, mensalmente, para assegurar o pagamento de Alimentos provisórios, de
parte da renda líquida dos bens comuns, administrados pelo devedor, se o regime de
Casamento for o da comunhão universal de bens é o que dispõe o artigo 4º, parágrafo único,
da Lei nº 5.478/68, ou seja, conforme nos ensina Araken de Assis (1998, p.149):
Quanto à alteração dos Alimentos provisórios, Nogueira (1995, p.15) salienta que
ocorre uma desavença sobre este tema:
Uma corrente entende que os alimentos provisórios podem ser modificados para
mais ou para menos, conforme a alteração das condições dos alimentandos, mas
observando o princípio do contraditório. Já a outra corrente é de opinião que podem
ser até revogados em face das circunstâncias, já que se destinam às necessidades do
alimentando.
Art. 13 O disposto nesta Lei aplica-se igualmente, no que couber, às ações ordinárias
de desquite, nulidade e anulação de casamento, à revisão de sentenças proferidas em
pedidos de alimentos e respectivas execuções.
§ os alimentos provisórios fixados na inicial poderão ser revistos a qualquer tempo,
se houver modificação na situação financeira das partes, mas o pedido será sempre
processado em apartado.
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Segundo Viana (1998, p.283), a revisão da pensão alimentícia persegue uma alteração
quantitativa dos Alimentos, decorrente de modificação da situação financeira das partes.
Legitimam-se o credor e o devedor, admitindo-se redução, agravamento ou supressão.
Cumpre salientar que nenhuma lei, por melhor que seja, terá sucesso se não tiver um
aplicador consciente e responsável, disposto a dar andamento rápido ao processo, não só
despachando as petições com presteza, como, sobretudo, fiscalizando seu bom andamento no
cartório.
Desta forma, fixados os Alimentos pelo magistrado, os quais devem satisfazer as
necessidades do credor, bem com estar de acordo com as possibilidades do devedor, poderão
também ser revisto sempre que houver alteração na situação das partes.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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Revista dos Tribunais, 1998.
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providências. (Dos alimentos provisórios).
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