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Monografia Lindalva
Monografia Lindalva
EMPREGADO DOMÉSTICO
ITURAMA
2007
LINDALVA APARECIDA DE FREITAS
EMPREGADO DOMÉSTICO
ITURAMA
2007
LINDALVA APARECIDA DE FREITAS
EMPREGADO DOMÉSTICO
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________________________
Orientadora: Professora Msc. Janaína dos Reis Guimarães.
___________________________________________________________
Professor:
___________________________________________________________
Professor:
A minha profunda gratidão a Deus, por me dar forças nas vezes em que pensei
em desistir, e por pegar em minhas mãos nos momentos mais difíceis e me ajudar a terminar
Aos meus pais Elinda Pimenta de Freitas e Vicente de Freitas Barbosa e meu
irmão Vicente Filho de Freitas que são meus exemplos e incentivos de novas conquistas na
caminhada da vida.
como pessoa, transmitindo da melhor forma possível seus conhecimentos, e especialmente aos
professores Léo Huber e Janaína dos Reis Guimarães, pela paciência e por transmitir para
Aos meus amigos por caminharem ao meu lado durante estes anos e pela
sincera amizade.
“Não importa onde você parou, em que momento da
vida você cansou. Recomeçar é dar uma nova
chance a si mesmo, é renovar as esperanças na vida
e o mais importante, acreditar em você de novo”.
Este trabalho trata do tema dos empregados domésticos, uma categoria de trabalhadores com
características peculiares e com um grande contingente de pessoas fazendo parte desta classe.
A presente monografia está desenvolvida em três capítulos. O trabalhador doméstico é aquela
pessoa que mantém com o beneficiário de seu trabalho uma relação de trabalho e o
empregado doméstico é aquele trabalhador que mantém com o beneficiário de seu trabalho
uma relação de trabalho subordinado. Após as considerações iniciais, é abordada a evolução
histórica do direito do trabalho, ambiente em que se desenvolve a matéria, objetivando
mostrar a origem da legislação trabalhista e os caminhos trilhados ao longo dos anos para se
chegar às leis atuais. A seguir versa sobre a questão que envolve a análise dos direitos e
deveres dos empregadores domésticos e direitos e deveres dos empregados domésticos,
conceituando, passo a passo cada um dos itens que compõe o conjunto estudado. Finalmente,
o último capítulo analisa a ampliação dos direitos trabalhistas e previdenciários concernentes
ao empregado doméstico, com a edição das Leis ns. 10.208/01 e 11.324/06, que instituíram,
dentre outros, o acesso desse trabalhador ao FGTS e ao seguro-desemprego, bem como o
benefício fiscal ao empregador.
This work treats of the domestic employees' theme, a category of workers with peculiar char-
acteristics and with a great contingent of people being part of this class. To present mono-
graph it is developed in three chapters. The domestic worker is that person that maintains with
the beneficiary of your work a work relationship and the domestic employee is that worker
that maintains with the beneficiary of your work a relationship of subordinated work. After
the initial considerations, the historical evolution of the right of the work, atmosphere is ap-
proached in that he/she grows the matter, aiming at millstone-trar the origin of the labor legis-
lation and the roads thrashed along the years to arrive to the current laws. To proceed it turns
on the subject that involves the analysis of the rights and duties of the domestic and right em-
ployers and you owe of the domestic employees, considering, I pass the step each one of the
items that composes the studied group. Finally, the last chapter analyzes the amplification of
the labor laws and concerning previdenciários to the domestic employee, with the edition of
the Laws nºs. 10.208/01 and 11.324/06, that they instituted, among other, the access of that
worker to FGTS and the safe-unemployment, as well as the fiscal benefit to the employer.
INTRODUÇÃO.......................................................................................................................................................9
CAPÍTULO I - ASPECTOS HISTÓRICOS DO DIREITO DO TRABALHO..............................................12
1.1 EVOLUÇÃO DA LEGISLAÇÃO TRABALHISTA NO MUNDO..................................................................................12
1.2 LEGISLAÇÃO TRABALHISTA NO BRASIL............................................................................................................17
CAPÍTULO II - DOS EMPREGADOS DOMÉSTICOS E SEUS EMPREGADORES................................23
2.1 CONCEITO DE EMPREGADO................................................................................................................................23
2.2 CONCEITO DE EMPREGADO DOMÉSTICO............................................................................................................25
2.3 EMPREGADOR....................................................................................................................................................28
2.4 DIREITOS DOS EMPREGADOS DOMÉSTICOS........................................................................................................31
2.4.1 SALÁRIO MÍNIMO...........................................................................................................................................32
2.4.2 IRREDUTIBILIDADE SALARIAL.........................................................................................................................33
2.4.3 DÉCIMO TERCEIRO SALÁRIO...........................................................................................................................34
2.4.4 REPOUSO SEMANAL REMUNERADO.................................................................................................................35
2.4.5 FÉRIAS............................................................................................................................................................35
2.4.6 FÉRIAS PROPORCIONAIS.................................................................................................................................36
CAPÍTULO III – OS DIREITOS E DEVERES DOS EMPREGADOS DOMÉSTICOS..............................38
3.1 ESTABILIDADE NO EMPREGO EM RAZÃO DA GRAVIDEZ....................................................................................38
3.2 LICENÇA À GESTANTE........................................................................................................................................38
3.3 LICENÇA PATERNIDADE....................................................................................................................................39
3.4 AUXÍLIO-DOENÇA.............................................................................................................................................39
3.5 AVISO-PRÉVIO..................................................................................................................................................39
3.6 APOSENTADORIA..............................................................................................................................................40
3.7 VALE-TRANSPORTE...........................................................................................................................................40
3.8 FUNDO DE GARANTIA.......................................................................................................................................41
3.9 AUXÍLIO RECLUSÃO..........................................................................................................................................43
3.10 FERIADOS CIVIS E RELIGIOSOS........................................................................................................................43
3.11 DEVERES DOS EMPREGADOS DOMÉSTICOS.....................................................................................................43
3.12 OUTRAS OBRIGAÇÕES DOS EMPREGADOS DOMÉSTICOS.................................................................................43
3.13 DIREITOS E DEVERES DOS EMPREGADORES DOMÉSTICOS................................................................................44
CAPÍTULO IV - COMPARAÇÃO ENTRE A NOVA E A ANTIGA LEGISLAÇÃO.................................46
4.1. A PROFISSÃO DO EMPREGADO DOMÉSTICO. LEI Nº 5.859/72...........................................................................50
4.2 A LEI 10.208/01...............................................................................................................................................52
4.3 A LEI 11.324/06................................................................................................................................................58
CONSIDERAÇÕES FINAIS...............................................................................................................................63
REFERÊNCIAS....................................................................................................................................................66
ANEXOS................................................................................................................................................................68
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INTRODUÇÃO
férias anuais remuneradas com 1/3, licença à gestante, à paternidade, aviso prévio
proporcional, aposentadoria e a sua integração à previdência social.
A Lei n. 10.208, de 23 de março de 2001, acrescentou dispositivos à Lei n. 5.859, de
11 de dezembro de 1972, para facultar o acesso do empregado doméstico ao Fundo de
Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e ao seguro-desemprego.
Agora, a Lei n. 11.324, de 19 de julho de 2006, ao alterar dispositivos das Leis ns.
9.250/95, 8.212/91, 8.213/91 e 5.859/72, bem como revogar dispositivo da Lei n. 605/49,
contemplou os obreiros domésticos com direitos de natureza previdenciária e trabalhista.
Ficou vedado então, descontar do salário do empregado doméstico o fornecimento de
alimentação, vestuário, higiene ou moradia, salvo aquelas despesas com moradia quando
acordada entre as partes. Dessa feita, todas estas despesas não têm natureza salarial, nem
tampouco incorporam a remuneração.
Pacificada também ficou a discussão quanto ao período de férias, passando a ser não
mais de 20 dias úteis, mas de 30 dias corridos, após o período aquisitivo de 12 meses, com um
acréscimo de 1/3.
À empregada doméstica foi vedada a dispensa sem justa causa, desde o conhecimento
da gravidez até 5 meses após o parto. Foi vetado o art. 3-A, que facultava a inclusão do
empregado doméstico ao FGTS, mediante requerimento do empregador, bem como os arts. 6-
A e 6-B, que previam o benefício do seguro-desemprego à demissão sem justa causa, no valor
de um salário mínimo, no período de 3 meses, ao empregado inscrito no FGTS.
A lei 11.324/06 também alterou o art. 12 da lei 9.250/95, e possibilitou ao empregador
doméstico, até o exercício de 2012, deduzir o valor de contribuição paga à Previdência, do
imposto de renda, em relação a um empregado, e não ultrapassando o valor de um salário
mínimo, com 13° salário e férias.
Apresentadas as bases sobre as quais este trabalho será desenvolvido, resta
agora anunciar sua estrutura e o desenvolvimento dos capítulos:
Será estruturado em quatro capítulos, os quais abordarão os aspectos históricos,
direitos e deveres dos empregados e empregadores e comentários a respeito da legislação
pertinente e específica.
O primeiro capítulo, dedicado aos aspectos históricos, será responsável por mostrar a
evolução cultural brasileira na relação empregado-empregador doméstico, objetivando
mostrar o porquê da atual legislação. A proposição deste capítulo é a de fazer uma
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A prática escravagista surgiu das guerras. Nas lutas contra grupos ou tribos rivais, os
adversários feridos eram mortos. Posteriormente, ao invés de matá-los, percebeu-se que era
mais útil escravizar o derrotado na guerra, aproveitando os seus serviços. A escravidão foi um
fenômeno universal no mundo antigo.
Na Grécia tanto Platão, quanto Aristóteles, entendiam que o trabalho tinha sentido
pejorativo, envolvendo apenas a força física, não tendo significado de realização pessoal.
Assim, os escravos faziam o trabalho duro, enquanto os outros poderiam ser livres. Nas
classes mais pobres, na religião dos ministérios, o trabalho era considerado como atividade
dignificante.
Em Roma, o trabalho era feito pelos escravos, que por sua vez, era considerado como
coisa. A reposição de escravos era confiada principalmente às regras expansionistas; no Alto
Império, a criação e o comércio do gado humano predominaram com a captura de prisioneiros
em batalha. Relata Martins (2005, p.38) que: “a locatio conductio tinha por objetivo regular a
atividade de quem se comprometia a locar suas energias ou resultado de trabalho em troca de
pagamento. Estabelece a organização do trabalho do homem livre”.
O trabalho manual, exaustivo, era exclusivo dos escravos, portanto, considerado
atividade subalterna, desonrosa para os homens válidos e livres. Era tratado como carga,
fadiga, penalidade. Isso gerou vários preconceitos sobre o trabalho humano.
Ao lado do trabalho escravo, existia também o trabalho livre. A vida de um escravo,
do momento da escravização até a morte, durava cerca de dez anos.
Da infância até a morte os romanos livres eram rodeados, servidos e mantidos pelo
trabalho dos escravos: no cultivo da terra, nas minas, nas oficinas, nas tarefas domésticas, nas
práticas públicas, na amamentação, nos favores sexuais.
No direito romano predominava a economia rural fundada latifúndios. A relação de
trabalho era estabelecida entre o dominus (sujeito titular de direitos) e a res (coisa). Era uma
relação de direito real, e não pessoal. O escravo era uma coisa do proprietário, da qual ele
podia usar e abusar e sobre a qual o senhor exercia o direito de vida e morte. Não era,
portanto, considerado um sujeito de direito. Não passava de uma mercadoria, sem nenhum
direito, muito menos trabalhista, e sem acesso aos bens que ele produzia.
Era exigido do escravo um trabalho produtivo. Era um trabalho realizado por conta
alheia, visto que a titularidade dos seus resultados pertencia ao amo.
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Mais tarde, alguns pensadores gregos ensinaram que a noção de escravo não era ser
servo por natureza, e sim por convenção dos homens, não era instituição de direito natural.
Muitos escravos, posteriormente, vieram a se tornar livres. Quanto às causas da
libertação da escravidão, é preciso levar em conta não só a relação entre oferta e procura de
escravos, mas, sobretudo, entre o custo dos escravos e o custo de outros tipos de
trabalhadores, além do papel exercido pelo cristianismo, pelo progresso tecnológico e pela
exigência de trabalhadores cada vez mais motivados. O senhor percebera que o trabalho livre
é mais produtivo do que o trabalho escravo, os trabalhadores rendiam mais quando eram
melhor tratados.
Mesmo nos tempos medievais a escravidão também existiu e os senhores feudais
faziam grande número de prisioneiros, especialmente entre os bárbaros e infiéis.
Até mesmo na Idade Moderna, a escravidão continuou, principalmente com o
descobrimento da América. Os colonizadores espanhóis escravizavam os indígenas e os
portugueses também faziam viagens pela costa africana, conquistando escravos para trazer
para o Novo Continente. O escravo, portanto, era um trabalhador sem direitos, apenas com
deveres.Russomano (2005, p.22) explica também que:
A escravidão não diferencia muito da servidão, uma vez que, embora recebendo
certa proteção militar e política prestada pelo senhor feudal dono das terras, os
trabalhadores no regime de servidão também não tinham uma condição livre. Eram
obrigados a trabalhar nas terras pertencentes aos seus senhores, ficando presos às
glebas que cultivaram, pesando-lhes a obrigação de entregar parte da produção rural
como preço pela fixação na terra e pela defesa que recebiam.
Os mestres eram os proprietários das oficinas, que já tinham passado pela prova da
obra-mestra. Os companheiros eram trabalhadores que percebiam salários dos
mestres. Os aprendizes eram os menores que recebiam dos mestres o ensino
metódico do ofício ou profissão. Havia nessa fase da História um pouco mais de
liberdade ao trabalhador; os objetivos, porém, eram os interesses das corporações
mais do que conferir qualquer proteção aos trabalhadores.
dar amparo aos trabalhadores, disciplinando o trabalho dos aprendizes paroquianos nos
moinhos e que eram entregues aos donos das fábricas. Martins (2005, p.41) relata que:
Na França em 1813, foi proibido o trabalho dos menores em mina. Em 1814 foi
vedado o trabalho aos domingos e feriados. Em 1839 foi proibido o trabalho de
menores de 9 anos e a jornada de trabalho era de 10 horas para os menores de 16
anos. A partir de 1880, passou a ser utilizada a eletricidade. Em conseqüência, as
condições de trabalho tiveram de ser adaptadas.
No tocante à História do Direito do Trabalho no Brasil, ela tem como fonte inspiradora
a Evolução do Direito do Trabalho no mundo, posto que, o Brasil é um país novo, tendo sido
descoberto no século XVI, possuindo grande quantidade de recursos naturais.
Assim sendo, pode-se dizer que a História do Direito do Trabalho no Brasil tem
origem na abolição da escravatura, em função do uso da mão de obra escrava, e na imigração
de trabalhadores europeus, esses por sua vez com tradição sindicalista, que passaram a
reivindicar medidas de proteção legal.
Nascimento (2004, p.54), apresenta “A história do Direito de Trabalho no Brasil a
partir dos fatores que a influenciaram, dividindo-os em fatores influentes externos e internos”.
Já a proposta da doutrina, sob o aspecto didático, apresentada por Andrade (1999, p.9)
sugere que:
A política trabalhista brasileira começa a surgir com Getúlio Vargas em 1930, quando
foi criado o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, que passou a expedir decretos, a
partir de então, sobre as profissões, sobre o trabalho das mulheres em 1932, sobre o salário
mínimo em 1936, sobre a Justiça do Trabalho em 1939, etc.
Martins (2005, p.43) menciona que:
Internacional do Trabalho - OIT, como órgão da antiga Liga das Nações, hoje da Organização
das Nações Unidas.
No Brasil, as primeiras normas nesse sentido começaram a surgir antes da virada do
século passado, como é o caso do Decreto nº 1.313, de 1891, que regulamentou o trabalho dos
menores de 12 a 18 anos. Em 1907, uma lei tratou da sindicalização rural. Em 1917 foi criado
o Departamento Nacional do Trabalho como órgão fiscalizador e informativo.
Em São Paulo, 1922, foram criados os Tribunais Rurais, sob a presidência do Juiz de
Direito e que, repetindo a experiência anterior, ainda de São Paulo, em 1911, marcaram o
primeiro esforço de criação da Justiça do Trabalho no Brasil.
Segundo Russomano (2005, p.31):
A reforma constitucional de 1926, por seu turno, possui especial significado: Pela
primeira vez o legislador constituinte fez expressa referência ao Direito do Trabalho
e fê-la para atribuir à União a competência privativa para legislar sobre tal matéria.
Em 1927, foi promulgado o Código de Menores, que proibia o trabalho aos menores
de doze ou, em praça pública, aos menores de quatorze anos, e, de imediato, o país ficou
empolgado pela campanha política da Aliança Liberal, que desdobrava, ante os olhos
surpresos de alguns e esperançosos de outros, vasto programa de proteção legislativa ao
trabalhador.
Assim, a política trabalhista brasileira começa a surgir com Getúlio Vargas em 1930,
quando foi criado o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, que passou a expedir
decretos, a partir de então, sobre as profissões, sobre o trabalho das mulheres em 1932, sobre
o salário mínimo em 1936, sobre a Justiça do Trabalho em 1939, dentre outros.
A partir da Revolução de 1930, acelerou-se esse processo, iniciando-se então a fase
contemporânea do Direito do Trabalho no Brasil. Naquele mesmo ano criou-se o Ministério
do Trabalho. O Conselho Nacional do Trabalho, de 1923, passou, em 1931, a ter competência
para opinar em matéria contenciosa e consultiva e, em 1934, para julgar. Começava a nascer a
atual Justiça do Trabalho, mas como órgão administrativo, vinculado ao Ministério do
Trabalho, cujo titular podia reformar as suas decisões.
Nos ensinamentos de Martins (2005, p.44): “A Constituição de 1946 é considerada
uma norma democrática, rompendo com o Corporativismo da Constituição anterior”. A
19
Justiça do Trabalho passou a integrar o Poder Judiciário, como órgão especializado, assim
como o são a Justiça Eleitoral e a Justiça Militar.
A Carta Constitucional de 10 de novembro de 1937 é decorrente do golpe de Getúlio
Vargas. Era uma Constituição corporativista, inspirada na Carta del Lavoro, de 1927, e na
Constituição polonesa.
Assim, é relatado por Martins (2005, p.44) que:
O artigo 140 da referida Carta era claro no sentido de que a economia era organizada
em corporações, sendo consideradas órgãos do Estado, exercendo função delegada
de poder público. Instituiu o sindicato único, imposto por lei, vinculado ao Estado,
exercendo funções delegadas de poder público.[...] podendo haver intervenção
estatal direta nas suas atribuições. Foi criado o imposto sindical, sendo que o Estado
participava do produto da sua arrecadação. Estabeleceu-se a competência normativa
dos tribunais do trabalho, que tinham por objetivo principal evitar o entendimento
direto entre trabalhadores e empregadores. A greve e o lockout foram considerados
recursos anti-sociais, nocivos ao trabalho e ao capital e incompatíveis com os
interesses da produção nacional (art. 139).
Dessa forma, foi criada a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), através do
Decreto-Lei nº 5.452 de 10 de maio de 1943, em virtude de haver várias normas trabalhistas
esparsas, tornando-se necessária sua sistematização, por sua vez, a CLT não é um código, pois
não traz um conjunto de regras novas, mas apenas a reunião das normas já existentes de forma
sistematizada. O objetivo da CLT foi apenas o de reunir as leis esparsas existentes na época,
consolidando-as. Não se trata de um código, pois este pressupõe um Direito novo. Ao
contrário, a CLT apenas reuniu a legislação existente na época, consolidando-a.
Lançada em 1936, no Estado Novo, a Legislação Trabalhista Brasileira está
atualmente, como um enorme e imponente edifício, antes, ao ser lançada, sem o acabamento
necessário, mas hoje, aperfeiçoada.
Considera-se que a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) reúne e ordena
sistematicamente todas as leis reguladoras do trabalho, assistência social e respectivos
aparelhos. Naquela ocasião, verificava-se que, por falta de divulgação, as leis trabalhistas
eram desconhecidas, em sua grande parte, por muitos colegas de lutas forenses.
Naquela época, o Brasil passou a possuir uma legislação trabalhista das mais
adiantadas e, em certas instituições, tornou-se verdadeiro pioneiro das inovações sociais. A
CLT estava dividida em quatro partes principais, um título preliminar e um apêndice. No
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De acordo com a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT, 2005, p.281), empregado
é considerado em seu art. 3º como: “toda pessoa física que prestar serviços de natureza não
eventual a empregador sob a dependência deste e mediante salário”.
Para Nascimento (2004, p.193): “esses requisitos, todavia, não esgotam a definição.
Para que se completem é preciso ir buscar na definição de empregador (CLT, art. 2º) um
último requisito: a prestação pessoal de serviços”. E classifica cinco requisitos, dos quais
quatro estão expressos na definição de empregado e um na definição de empregador, são eles:
pessoa física, continuidade, subordinação, pessoalidade, salário.
Na definição de Martins (2005, p.170) empregado: “É como a pessoa física que presta
serviços de natureza contínua a empregador, sob subordinação deste e mediante pagamento de
salário”.
Nascimento (2004, p.198) conclui dando o conceito de empregado: “É a pessoa física
que presta pessoalmente a outro serviços não eventuais, subordinados e assalariados”.
Segundo Magano (2003, p.25):
Não foi muito clara a definição legal, porque pode dar idéia imprecisa. É correta ao
dispor que o doméstico exerce atividade contínua. Fazia-se indispensável esse
esclarecimento para distinguir o empregado do eventual doméstico. Não foi correta
quando dispôs que o doméstico presta serviços no âmbito residencial. Melhor seria
se dissesse “para o âmbito residencial”.
Cunha (2004, p.51) afirma que: “Empregado doméstico será a pessoa física, que presta
serviços, de modo continuado, a pessoa ou a família, no âmbito residencial destas”. Assim
aqueles que prestam serviços no âmbito doméstico, de maneira eventual, não se colocam
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como empregado doméstico, donde não poderem pretender a aplicação do diploma legal
indicado.
A lei que trata da regulamentação da profissão de empregado doméstico é a lei nº
5.859, de 11 de dezembro de 1972. Em seu art. 1º, define literalmente quem é o empregado
doméstico: “Ao empregado doméstico, assim considerado aquele que presta serviços de
natureza contínua e de finalidade não lucrativa à pessoa ou à família no âmbito residencial
destas, aplica-se o disposto nesta lei”. Esta lei, porém, não foi a primeira a tratar do assunto
em tela.
Além desses elementos, a configuração do trabalho doméstico, como indicado no art.
1º da Lei nº 5.859 transcrito, ocorrerá quando os serviços forem prestados: ‘‘de forma
contínua, à pessoa ou à família do contratante; sem finalidade lucrativa para o empregador;no
âmbito residencial do patrão.’’
A exigência da continuidade da prestação de serviços está a evidenciar que aquele que
trabalha, eventual ou episodicamente, como diarista ou tarefeiro na residência do contratante,
deste não é empregado.
A finalidade não-lucrativa dos serviços prestados pelo empregado é fundamental para
revelar o trabalho doméstico e, por via de conseqüência, limitar a aplicação das normas
sociais-trabalhistas, relacionadas no parágrafo único do art. 7º.
No âmbito residencial, a que alude o art. 1º da Lei nº 5.859, não se circunscreve ao
imóvel onde o empregador reside com ânimo definitivo. Ele alcança as atividades
desenvolvidas, em função dessa residência, para a pessoa do patrão e sua família (p.ex.: o
motorista da casa); o imóvel situado em outro local, onde tais pessoas passam temporadas ou
fins-de-semana (p.ex.: casa do campo). Neste sentido tornou-se pacífica a jurisprudência.
São exemplos de empregados domésticos o mordomo, a cozinheira, o jardineiro, o
motorista, a copeira, a governanta, a arrumadeira, dentre outros.
A CLT em seu art. 7º, alínea a, especificou que:
Outro cuidado a ser tomado relaciona-se com a dimensão a ser atribuída à expressão
“âmbito residencial” e que deve abranger todo local onde há o desenvolvimento da
vida do lar, incluindo as suas extensões, como a chácara recreativa.
2.3 Empregador
Há divergências doutrinarias sobre o critério que a CLT adotou, quando afirmou que
o empregador é a empresa, porém, explica o autor que à empresa deve ser atribuída
personalidade de direito, assim como é admitida a possibilidade de empregador
mesmo o que não é dotado de personalidade jurídica.
Servindo-se do Código Civil ensina que empresa é uma sociedade. É a sociedade antes
denominada mercantil e agora sociedade empresarial.
Para aqueles que sustentam que a empresa não é sujeito, mas objeto, a definição de
empregador deveria ser outra: empregador é a pessoa física ou jurídica. Para aqueles que
entendem que à empresa deve ser atribuída personalidade de direito, bem como par quem
admite possibilidade de empregador mesmo não dotado de personalidade jurídica, como nos
parece correto, nada impede os termos da definição.
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Martins (2005, p.209) fecha esta questão comentando que: “O conceito de empresa
não é essencial no direito do trabalho, sendo usado mais para ajudar a desenvolver e estudar o
conceito de empregador, este sim essencial”.
Para o assunto específico do empregador doméstico, é de fundamental importância a
restrição levantada por Martins (2005, p.214):
cuida da casa e muita das vezes até dos filhos do empregador que os tem como pessoas da
família.
O trabalho doméstico pode ser prestado a uma pessoa, como um viúvo, uma pessoa
solteira, uma família legalmente constituída ou até mesmo uma família não legalmente
constituída, mas jamais seria possível prestação de serviços a pessoa jurídica, mesmo que esta
pessoa jurídica não tenha finalidade lucrativa.
Assim, a norma jurídica exigida para caracterização do empregado doméstico, é que o
trabalho seja prestado à pessoa ou à família e desta forma pode-se concluir que, quem contrata
o trabalho pode não ser necessariamente a pessoa ou a família. Pode o empregado ser
contratado, e até mesmo remunerado, por uma pessoa jurídica, desde que preste serviço à
pessoa ou à família, e sejam atendidos os demais requisitos que caracterizam o trabalho
doméstico, para todos os efeitos legais.
Embora o doméstico esteja excluído das disposições contidas na CLT por força do art.
7º, alínea “a”, nada impõe que sejam aplicadas tais disposições por analogia, equidade,
princípios gerais de direito e até liberalidade.
Antes da Constituição de 1988, o doméstico podia receber menos de um salário
mínimo, não tinha direito ao 13º salário, aviso prévio e repouso semanal remunerado. Depois
desta data, foram estendidos outros direitos a estes trabalhadores: salário mínimo,
irredutibilidade salarial, 13º salário, repouso semanal remunerado, férias anuais mais um
terço, licença à gestante, licença-paternidade, aviso prévio e aposentadoria.
Vale lembrar que o empregado doméstico não tem direito a receber horas extras, pois
a jornada de 8 horas diárias e 44 semanais não se aplica a esta profissão. Mas ele deve ter uma
folga remunerada por semana.
É importante que a empregada doméstica pode ser demitida mesmo quando está
grávida, ou seja, não há a estabilidade provisória. Mas ela tem o direito de receber o salário-
maternidade de 120 dias, pago diretamente pelo INSS.
O trabalhador doméstico tem o direito de ver registrado o seu contrato de trabalho em
sua Carteira de Trabalho e Previdência Social - CTPS. O registro em CTPS deve ocorrer no
primeiro dia de trabalhado do doméstico, mesmo que se faça um contrato de experiência.
31
Art. 7º. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à
melhoria de sua condição social:IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente
unificado, capaz de atender às suas necessidades vitais básicas e às de sua família
com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e
previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo,
sendo vedada sua vinculação para qualquer fim; VI - irredutibilidade do salário,
salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo;VIII - décimo terceiro salário
com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria;XV - repouso
semanal remunerado, preferencialmente aos domingos;XVII - gozo de férias anuais
remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal;XVIII -
licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e
vinte dias;XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei;XXI - aviso prévio
proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei;
XXIV - aposentadoria;
limite inferior da remuneração contratual. Desta forma, nem a vontade conjunta das partes
pode ultrapassar esse limite inferior”.
Nos Estados em que não há o salário mínimo regional, o piso da categoria dos
empregados domésticos passa a ser R$ 380,00.
Süssekind (2001, p.114) informa que:
As razões que impedem a redução salarial são econômicas, de manter o padrão de vida
do empregado. A verba salarial tem natureza alimentar, com a qual o empregado conta todo o
mês para assumir e pagar seus compromissos.
Portanto, a irredutibilidade é a regra. A redução não é vedada. É condicionada,
depende de negociação coletiva com o sindicato. A redução é ato jurídico consensual
bilateral.
O repouso semanal remunerado foi instituído pela Lei nº 605, de 05.01.49, que no
entanto, em seu artigo 5º, alínea “a”, excluiu expressamente de seu campo de aplicação os
empregados domésticos:
Esta lei não se aplica às seguintes pessoas: a) aos empregados domésticos, assim
considerados, de modo geral, os que prestam serviço de natureza não econômica à
pessoa ou à família no âmbito residencial destas.
25157, Rel. Juiz Aluísio Rodrigues, DJPB 07.12.95, p.17, in Revista do Direito Trabalhista,
Ed. Consulex, Grupo CTA, n.1, Janeiro de 1966, p.62, ementa 173).
2.4.5 Férias
No que toca a essa parcela, parece clara a preservação do lapso de vinte dias úteis,
criado pela Lei n. 5.859/72. Esse prazo não foi alterado quanto à categoria
doméstica, quer pelo Decreto-lei n. 1.535/77, que deu nova redação ao Capítulo IV
da CLT, quer pela Carta Constitucional de 1988.
É que tal capítulo celetista, aplica-se aos domésticos, mas nos limites e especificidades
da Lei nº 5.859/72. Não se tendo expressamente alterado, também para os domésticos, o
limite de vinte dias úteis de férias, elevando-o para 30 dias corridos, como feito para os
demais trabalhadores, não se pode considerar revogada a Lei nº 5.859/72 pelo Decreto-lei nº
1.535/77, dado ter aquela lei doméstica natureza especial.
Com a introdução da lei nº 11.324/06, as férias, o artigo 3º se apresenta:
Art. 3º. O empregado domético terá direito a férias remuneadas de 30 (trinta) dias
com, pelo menos, 1/3 (um terço) a mais que o salário normal, após cada período de
12 (doze) meses de trabalho, prestado à mesma pessoa ou família.
Assim, passa a vigorar a lei nova com férias de trinta dias remuneradas com, pelo
menos, 1/3 a mais que o salário normal, após cada período de 12 meses de serviço prestado à
mesma pessoa ou família, contado da data da admissão. Tal período, fixado a critério do
empregador, deverá ser concedido nos 12 meses subseqüentes à data em que o empregado
tiver adquirido o direito.
O empregado poderá requerer a conversão de 1/3 do valor de férias em abano
pecuniário, desde que requerida15 dias antes do término do período aquisitivo, conforme
artigo 7º, § único, Constituição Federal, artigo 129 e seguintes da CLT.
36
O pagamento da remuneração das férias será efetuado até 2 dias antes do início do
respectivo período de gozo (art. 145, CLT).
Por força da Lei n.º 11.324, de 19 de julho de 2006, foi estendida às trabalhadoras
domésticas a estabilidade da gestante desde a confirmação da gravidez até 5 (cinco) meses
após o parto.
Licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com duração de 120 dias
(artigo 7º, § único, CF).
O artigo 73. I., da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1.991, dispõe que o salário-
maternidade será pago diretamente pela Previdência Social à empregada doméstica, em valor
correspondente ao do seu último salário de contribuição, que não será inferior ao salário
mínimo e nem superior ao limite máximo do salário de contribuição para a Previdência
Social.
O salário maternidade é devido à empregada doméstica, independente de carência,
conforme artigo (30, II, do Decreto nº 3.048/99), isto é, com qualquer tempo de serviço. O
início do afastamento do trabalho é determinado por atestado médico fornecido pelo Sistema
Único de Saúde (SUS) ou por médico particular. Poderá ser requerido no período entre 28
dias antes do parto e a data de sua ocorrência. Em caso do parto antecipado, a segurada terá
direito aos 120 dias.
A licença gestante também será devida à segurada que adotar ou obtiver guarda
judicial pra fins de adoção, nos seguintes termos: criança até 1anos (120 dias); de 1 a 4 anos
(60 dias); 4 a 8 anos (30 dias), de acordo com o artigo 93-A, do mencionado Decreto.
Para requerer o benefício, a doméstica gestante deverá apresentar, em uma Agência da
Previdência Social o atestado médico declarando o mês de gestação, a Carteira de Trabalho e
o comprovante de recolhimento da contribuição previdenciária.
No período de salário maternidade da segurada empregada doméstica, caberá ao
empregador recolher apenas a parcela de contribuição a seu encargo, sendo que a parcela
devida pela empregada doméstica será descontada pelo INSS no benefício.
38
A nova legislação incluiu o art. 4º-A na lei que rege o trabalho doméstico (Lei
5.859/72), estendendo às empregadas das famílias a estabilidade à gestante, até
então somente assegurada às demais trabalhadoras por força do art. 10, b, do Ato das
Disposições Constitucionais Transitórias.
O Lei 11.324/06 dispositivo legal contém a seguinte redação: “art. 2º-A. É vedada a
dispensa arbitrária ou sem justa causa da empregada doméstica gestante desde a confirmação
da gravidez até 5 (cinco) meses após o parto”.
Assim, fica todo empregador doméstico proibido de dispensar a empregada grávida,
que agora goza de estabilidade por 14 meses (da confirmação da gravidez até cinco meses
após o parto).
3.4 Auxílio-doença
O auxílio-doença, que será pago pelo INSS a partir do primeiro dia de afastamento.
Este benefício deverá ser requerido, no máximo, até 30 dias do início da incapacidade. Caso o
requerimento seja feito após o 30º dia de afastamento da atividade, o auxílio-doença só será
concedido a contar da data de entrada do requerimento, conforme artigo 72 do Decreto nº
3.048, de 06 de maio de 1999.
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3.5 Aviso-prévio
O aviso-prévio é um direito do empregado doméstico. Quando uma das partes quiser
rescindir o contrato de trabalho deverá comunicar à outra sua decisão, com antecedência
mínima de 30 dias.
No caso de dispensa imediata, o empregador deverá efetuar o pagamento relativo aos
30 dias do aviso- prévio, computando-o como tempo de serviço para efeito de férias e 13º
salário (artigo 487, § 1º, CLT). A falta do aviso-prévio por parte do empregado dá ao
empregador o direito de descontar os salários correspondentes ao respectivo prazo (artigo 487
§ 2º, CLT).
Na hipótese do empregador dispensar o empregado do cumprimento do aviso prévio,
deverá fazer constar, expressamente, do texto do aviso, indenizando o período de 30 dias. O
período do aviso prévio, indenizado será computado para fins de cálculo das parcelas de 13º
salário e férias.
3.6 Aposentadoria
A aposentadoria por idade será devida ao segurado que completar 65 anos e à segurada
com 60, uma vez cumprida a carência de 180 contribuições mensais. (arts. 29, II, 51, 52, I do
referido Decreto).
A carteira de trabalho e previdência social é um direito do empregado e tem que ser
devidamente anotada, especificando-se as condições do contrato de trabalho (data de
admissão, salário ajustado e condições especiais. As anotações devem ser efetuadas no prazo
de 48 horas, após entregue a Carteira de Trabalho pelo empregado, quando da sua admissão).
40
3.7 Vale-transporte
Com a publicação da Lei n.º 11.324, de 19 de julho de 2006, que revogou a alínea “a”
do art. 5º da Lei n.º 605, de 5 de janeiro de 1949, os trabalhadores domésticos passaram a ter
direito aos feriados civis e religiosos. Portanto, Trabalho Doméstico - Direitos e Deveres a
partir de 20 de julho de 2006, data da publicação da Lei n.º 11.324/06, caso haja trabalho em
feriado civil ou religioso o empregador deve proceder com o pagamento do dia em dobro ou
conceder uma folga compensatória em outro dia da semana (art. 9º da Lei n.º 605/49).
possua. Não o possuindo, poderá efetuar seu cadastramento nas Agências do INSS,
apresentando o CPF, Certidão de Nascimento ou Casamento, Carteira de Identidade
e CTPS devidamente anotada. Atestado de saúde fornecido por médico caso o
empregador julgue necessário.
Magano (2003, p.26) ensina que frente a legislação trabalhista: “empregado doméstico
é a pessoa física que presta serviços de natureza não-econômica, no âmbito residencial do
empregador”.
A Lei nº 5.859, de 11 de dezembro de 1972, regulamentada pelo Decreto nº 71.885, de
9 de março de 1973, dispõe sobre a profissão do empregado doméstico, conceituando e
atribuindo-lhe direitos.
46
A Constituição Federal de 1988, por sua vez, concedeu outros direitos sociais aos
empregados domésticos, tais como: salário mínimo; irredutibilidade salarial; repouso semanal
remunerado; gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, 1/3 a mais do que o salário
normal; licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com duração de 120 dias;
licença-paternidade; aviso prévio; aposentadoria e integração à Previdência Social.
Com a edição da Lei n.º 11.324, de 19 de julho de 2006, que alterou artigos da Lei n.º
5.859, de 11 de dezembro de 1972, os trabalhadores domésticos firmaram direito a férias de
30 dias, obtiveram a estabilidade para gestantes, direito aos feriados civis e religiosos, além da
proibição de descontos de moradia, alimentação e produtos de higiene pessoal utilizados no
local de trabalho.
Os serviços domésticos são exercidos, quase exclusivamente, por mulheres, sejam
empregadas, seja a própria dona-de-casa, pois não são considerados adequados para homens.
Seu regime, nas regiões menos desenvolvidas, lembra o da servidão, em face da vinculação do
prestador aos membros da unidade familiar, especialmente a patroa.
De início se aplicavam aos empregados domésticos alguns preceitos do Código Civil
atinentes à locação de serviços. Sua atividade foi regulamentada pelo Decreto nº 16.107, de
30.7.23, e pelo Decreto-Lei nº 3.078, de 27.11.41. Este os definiu como os que laboravam em
residências particulares mediante remuneração e lhes atribuiu direito a aviso prévio de oito
dias, após um período de experiência de seis meses. Poderiam eles rescindir o contrato em
caso de atentado à sua honra ou integridade física, de mora salarial ou falta de cumprimento
da obrigação patronal de proporcionar-lhe ambiente para alimentação e habitação em
condições de higiene, com direito a indenização de oito dias.
Segundo Andrade (1999, p.64):
A CLT exclui de sua proteção também o doméstico (artigo 7º, a), hoje regulado pela
Lei nº 5.859/72. Empregados domésticos são aqueles que, de um modo geral,
“prestam serviços de natureza não econômica à pessoa à família, no âmbito
residencial destas”. É preciso que o serviço seja prestado no âmbito residencial.
Observe-se também que núcleos nos quais residem pessoas, embora sem relação de
parentesco, também se caracterizam como âmbito residencial. No entanto, quem trabalha para
uma casa de cômodos não é empregado doméstico, por se tratar de atividade lucrativa do
proprietário. Do mesmo modo, o pessoal que trabalha para condomínio residencial é regido
pela CLT e não pela lei dos domésticos.
Como o trabalho doméstico não se encontra protegido ou tutelado pela CLT, o
doméstico só tem direito, nos termos da citada lei, à anotação de suas CTPS, às férias e ao
recolhimento da contribuição para o IAPAS. Se dispensado, não poderá pedir direitos
conferidos ao empregado regido pela CLT.
Cunha (2004, p. 52) destaca também que ainda com relação ao empregado doméstico:
“[...] não estão sujeitos a qualquer controle de jornada, já que trabalham no âmbito
residencial, confundindo-se os períodos de trabalho com os de descanso e, bem por isso, o
legislador constituinte não lhes atribuiu o direito a horas extras”.
A Constituição Federal de 1988, no § único do artigo 7º, estendeu à categoria dos
domésticos direitos previstos naquele dispositivo para os trabalhadores urbanos, rurais e
avulsos (incisos IV, VI, VIII, XV, XVII, XVIII, XIX, XXI e XXIV).
Para Cunha (2004, p. 52):
Foi somente com o advento da medida provisória nº 284 de 06 de março de 2006 que o
tempo de férias dos empregados domésticos foi legalmente aumentado para “30 dias
corridos”, ao invés dos antigos “20 dias úteis”.
Finalmente, por força da norma constitucional, o empregado doméstico, ao entrar no
gozo das férias anuais, deverá receber uma gratificação equivalente a, pelo menos, um terço
do salário normal devido no respectivo período. E, porque o repouso semanal é remunerado,
tanto o salário do período de férias, como a aludida gratificação devem abranger os domingos
contidos nesse período. Entretanto, as férias proporcionais têm sido negadas pelos tribunais,
porque nem a Constituição, nem a Lei n. 5.859, de 1972, tratam delas, devidas aos demais
empregados quando a relação de emprego se extingue antes de completado o período
aquisitivo.
Esse benefício será concedido ao empregado inscrito no FGTS, despedido sem justa
causa, que houver trabalhado como doméstico por, no mínimo, quinze meses nos
últimos vinte e quatro meses contados da dispensa. Deverá ser requerido a partir de
sete até noventa dias contados da dispensa, podendo ser renovado a cada período de
dezesseis meses decorridos do desligamento que originou o benefício anterior.
Considera-se justo motivo para a despedida qualquer das hipóteses previstas no
artigo 482 da CLT, exceto as referidas nas alíneas "c" e "g" e no seu parágrafo.
53
As duas maiores forças de sustentação das teorias do Direito Civil, como ramo do
direito privado, que se funda, essencialmente, no egoísmo, sobretudo como
reminiscência das desigualdades existentes entre patrícios e plebeus, na antiga
Roma.
O paradigma do direito privado até a edição do Código Civil de 2002, foi abolido,
surgindo em seu lugar o modelo do social, do equilíbrio, do justo e não da lei, ou seja, hoje
em dia o Direito vem insculpido numa função social, passando a encarar as pessoas numa
relação de igualdade, com normas que permitem soluções diferenciadas. O mais importante é
aplicar a norma a fim de dar uma solução justa ao caso concreto. O instrumento utilizado pelo
legislador para atingir o justo foi produzir norma de conteúdo abstrato, as chamadas cláusulas
gerais, que, para serem aplicadas necessitam de valoração (maior liberdade de atuação do
julgador).
O jusfilósofo Miguel Reale (2002, p.40):
Ao anunciar o enfoque do novo Código Civil, assinalou que o sentido social é umas
das características mais marcantes do projeto, em contraste com o sentido
individualista que condicionava o Código de 1916, aduzindo que se não houve a
vitória do socialismo, houve o triunfo da ‘socialidade’, fazendo prevalecer os
valores coletivos sobre os individuais, sem perda, do valor fundante da pessoa
humana.
Concretizando essa principiologia, o art. 421 do novo Código Civil, introduz no direito
das obrigações, o princípio da função social dos contratos, de maneira que somente se
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enquadra nesse princípio o pacto que assegurar trocas úteis e justas, pois as convenções não
têm mais aquele caráter individualista, e sim social.
Segundo Reale (2003, p.425): “Em outras palavras, o contrato é também instrumento
do bem comum, de modo que somente se enquadra na sua função social o contrato que, sendo
útil, é também justo”.
Constata-se, pois, que a Lei 10.208/01, instituindo a faculdade de o empregador
depositar ou não o FGTS do empregado doméstico, está em desacordo com a tendência atual
de socialização do direito, encampada principalmente pela Carta da República, Código de
Defesa do Consumidor e atual Código Civil, que visam a concretização da igualdade real
entre as pessoas, um dos fundamentos do Estado Democrático de Direito.
Prevaleceu naquelas leis o interesse patronal em detrimento do trabalhador doméstico,
pois norma que outorga poder de escolha ao seu destinatário de cumpri-la ou não, em geral se
faz letra morta no ordenamento jurídico.
A lei dos empregados domésticos, como dito, assegura, entre outro direitos da
categoria, a anotação do contrato de trabalho em CTPS. Entretanto esta norma não cuida do
momento em que o registro deve ser realizado.
Por analogia, invocamos o que diz a CLT referente ao momento do registro. Seu artigo
29 estabelece que a carteira profissional será obrigatoriamente apresentada pelo trabalhador
ao empregador que o admitir, o qual terá o prazo de 48 horas para nela anotar o contrato
laboral.
A interpretação da Lei 5.859/72 combinada com as disposições da CLT no que pertine
à anotação do contrato de trabalho, inexoravelmente leva à conclusão de que a CTPS do
empregado doméstico tem de ser assinada naquele prazo.
Da mesma forma, no referente à opção pela inclusão ou não do empregado doméstico
no FGTS, esta deve ser exercida pelo empregador no momento da contratação, ocasião em
que o contrato de trabalho obrigatoriamente deve ser anotado em CTPS.
Se o empregador efetuou o registro no prazo legal e não requereu junto à CEF a
inclusão do doméstico no sistema do FGTS, mediante apresentação da guia de recolhimento e
efetivação do primeiro depósito na conta vinculada, sua omissão significa que optou em não
recolher os fundiários.
Entretanto, se o patrão não anotou o contrato de trabalho na CTPS do empregado
naquele prazo, consequentemente deixou de manifestar-se acerca da opção conferida pelo
55
legislador sobre depositar ou não o FGTS, haja vista que esta depende do registro. Logo não
poderá mais fazê-lo porque passado o momento em que gozava de liberdade de escolha.
No sistema jurídico brasileiro, encontramos no artigo 571, parágrafo 1º, do Código de
Processo Civil, hipótese que serve de supedâneo para a tese aqui defendida, se interpretada a
contrario sensu.
O Código de Processo Civil proclama que “Nas obrigações alternativas, quando a
escolha couber ao devedor, este será citado para exercer a opção e realizar a prestação dentro
em 10 (dez) dias, se outro prazo não lhe foi determinado em lei, no contrato, ou na sentença”.
E seu §1º estabelece que “Devolver-se-á ao credor a opção, se o devedor não a exercitou no
prazo marcado”.
Tem direito à opção de pagar ou não o FGTS é o empregador. Vamos dizer então que
ele é o credor do direito de optar. Sendo credor, deve exercer seu direito no momento em que
a lei determina (prazo para anotação do contrato de trabalho). Se não registrou o trabalhador
em 48 horas (termo legal), não mais poderá optar pelo não recolhimento das verbas
fundiárias, posto que precluso seu direito.
Portanto, se o trabalhador tiver de buscar na Justiça do Trabalho o reconhecimento de
seu vínculo empregatício e sua demanda for procedente, a sentença obrigará o empregador a
efetuar a anotação na CTPS e não poderá devolver-lhe a faculdade de incluir o empregado
doméstico no regime do FGTS, pois não seria razoável obrigá-lo a registrar o contrato de
trabalho e ao mesmo tempo autorizá-lo a optar por pagar ou não os fundiários.
Diniz (1996, p.162) relata que:
O deferimento de opção ao empregador doméstico não atende ao fim social que toda
lei deve conter no sentido de “produzir na realidade social determinados efeitos que
são desejados por serem valiosos, justos, convenientes, adequados à subsistência de
uma sociedade, oportunos, etc. A busca desse fim social será a meta de todo o
aplicador do direito. Com isso a teleologia social terá um papel dinâmico e de
impulsão normativa. Se assim não fosse, a norma jurídica seria, na bela e exata
expressão de Rudolf vom Ihering, um ‘fantasma de direito’, uma reunião de palavras
vazias.
A penalidade civil consiste em condenar o patrão por danos morais, pois a ausência de
anotação na CTPS representa falta grave do empregador e causa ao empregado significativos
prejuízos, uma vez que dificulta a comprovação de tempo de serviço para fins de
aposentadoria e para usufruir de quaisquer outros benefícios sociais, tais como seguro-
desemprego, auxílio-doença, etc.
Nesse sentido já decidiu o egrégio TRT da 15ª Região:
Em conclusão podemos afirmar que a faculdade outorgada pela multi referida lei,
somente pode ser exercida quando do registro do contrato de trabalho no prazo legal, e não no
momento em que o vínculo empregatício é reconhecido por decisão judicial, pois do contrário
seria chancelar ainda mais a injustiça da lei que outorgou ao trabalhador doméstico um "falso"
direito ao FGTS e, consequentemente, ao seguro-desemprego.
A tese ora defendida, além de encontrar eco no princípio da razoabilidade que, em
essência, consubstancia um ideal de justiça, equidade, bom senso, direito justo, também está
em harmonia com o método de interpretação conforme à Constituição, apoiado na doutrina
alemã, segundo o qual é possível um alargamento do sentido da lei a fim de compatibiliza-la
com a Norma Fundamental.
Para concluir, hoje em dia, os trabalhadores domésticos têm como direitos: 1) férias de
30 dias corridos, acrescidas de 1/3 do salário, 2) anotação do contrato de trabalho na carteira,
3) inscrição na Previdência Social como contribuinte, 4) aviso prévio de 30 dias, 5) 13º
salário, 6) salário mínimo irredutível, 7) aposentadoria, 8) descanso semanal remunerado, 9)
licença-gestante de 120 dias ou licença-paternidade de 5 dias, 10) depósitos do FGTS a cargo
do empregador são facultativos (não obrigatórios), 11) vedação de desconto de alimentação,
vestuário, higiene e moradia, e 12) estabilidade da gestante (desde a confirmação da gravidez
até 5 meses após o parto).
No que tange aos direitos trabalhistas, Soares (2006, p.54) explica que a Lei n°
11.324/2006 estabeleceu:
a) férias anuais remuneradas de trinta dias com o acréscimo de, pelo menos, um
terço sobre o salário normal, após doze meses de trabalho prestado à mesma pessoa
ou família;b) estabilidade provisória à empregada doméstica gestante, sendo vedada
sua dispensa arbitrária ou sem justa causa desde a confirmação da gravidez até cinco
meses após o parto;c) a proibição de o empregador efetuar descontos do salário do
empregado por fornecimento de alimentação, vestuário, higiene ou moradia, ressalva
feita, em relação a esta, para o caso de se tratar de local diverso da residência em
que ocorrer a prestação de serviços, e desde que essa possibilidade tenha sido
expressamente acordada entre as partes;d) vedação de incorporação dos valores
pecuniários das referidas despesas na remuneração para quaisquer efeitos, negando-
se-lhes natureza salarial;e) extensão ao empregado doméstico do direito ao repouso
semanal remunerado, ao revogar a alínea "a" do artigo 5° da Lei n° 605, de 5 de
janeiro de 1949.
As medidas legais em tela visam resgatar uma dívida histórica que a sociedade
brasileira tem para com uma categoria profissional que, embora não exercendo
atividade econômica, presta relevantes serviços à família. Representam um
significativo avanço nesse sentido, mas não são suficientes, pois resta conferir aos
empregados domésticos o direito a prestações tais como o salário-família e sua
inclusão obrigatória no sistema do FGTS, constantes de dispositivos do projeto de
lei aprovado pelo Congresso e vetados pelo Presidente da República.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
estimada em R$ 318 milhões por ano, sem qualquer indicação de fonte de custeio
complementar, o que resultaria em aumento do desequilíbrio financeiro e atuarial das contas
da Previdência Social.
A inclusão obrigatória do doméstico no sistema do FGTS implicaria também a
imposição da multa de 40% sobre o saldo da respectiva conta, ao empregador, o que, segundo
justificativa do veto do Presidente da República, concorreria para onerar demasiadamente o
vínculo de trabalho doméstico, contribuindo para a informalidade e o desemprego,
maculando, portanto, a pretensão constitucional de garantia do pleno emprego.
De todo modo, a diretriz adotada pelo governo em torno dessa questão, suavizando os
encargos sociais dos empregadores domésticos, que, em sua maioria pertencem à classe
média, poderá ensejar o registro de grande contingente dos empregados domésticos relegados
à informalidade, fazendo-os participar dos benefícios trabalhistas e previdenciários que a
Constituição e as leis ordinárias lhes outorgam e, ao mesmo tempo, carreando recursos para
os cofres da Previdência Social, cujo déficit é simplesmente preocupante.
Para concluir, hoje em dia, os trabalhadores domésticos têm como direitos: (i) férias
de 30 dias corridos, acrescidas de 1/3 do salário, (ii) anotação do contrato de trabalho na
carteira, (iii) inscrição na Previdência Social como contribuinte, (iv) aviso prévio de 30 dias,
(v) 13º salário, (vi) salário mínimo irredutível, (vii) aposentadoria, (viii) descanso semanal
remunerado, (ix) licença-gestante de 120 dias ou licença-paternidade de 5 dias, (x) depósitos
do FGTS a cargo do empregador são facultativos (não obrigatórios), (xi) vedação de desconto
de alimentação, vestuário, higiene e moradia, e (xii) estabilidade da gestante (desde a
confirmação da gravidez até 5 meses após o parto).
65
REFERÊNCIAS
ANDRADE, Everaldo Gaspar Lopes de. Curso de direito do trabalho, 9 ed. São Paulo:
Saraiva, 1999.
CUNHA, Maria Inês Moura S. A. da. Direito do Trabalho. 3.ed. São Paulo: Saraiva, 2004.
DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho, 5.ed. São Paulo: LTR,
2006.
DINIZ, Maria Helena. Lei de Introdução ao Código Civil Brasileiro Interpretada. 2.ed.
São Paulo: Saraiva, 1996.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Principais inovações no Código Civil de 2002. São Paulo:
Saraiva, 2002.
MAGANO, Octavio Bueno. Primeiras Lições de Direito do Trabalho, 3. ed. São Paulo:
Editora Revista dos Tribunais, 2003.
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do Trabalho, 21.ed. São Paulo: Atlas, 2005.
NERY JR, Nelson. O Novo Código Civil:estudos em homenagem ao professor Miguel Reale.
São Paulo: LTr, 2003, p. 425.
66
NOGUEIRA, Marli, Nova lei dos domésticos é contra os mais pobres. 07 de ago. 2006.
Disponível em: <http://www.midiasemmascara.com.br>. Acesso em: 15 de fev. 2007.
RUSSOMANO, Mozart Victor. Curso de Direito do Trabalho. 9 ed. Curitiba: Juruá, 2005.
SOARES, Orlando. Filosofia Geral e Filosofia do Direito. 2.ed. Rio de Janeiro: Forense,
1997.
ANEXOS
§ 2º Considera-se justa causa para os efeitos desta Lei as hipóteses previstas no art.
482, com exceção das alíneas "c" e "g" e do seu parágrafo único, da Consolidação das Leis do
Trabalho. (Redação da LEI Nº 10.208, DE 23 DE MARÇO DE 2001)
Art. 6o-A. (VETADO) (Redação da LEI Nº 11.324 \ 19.07.2006)
Art. 6º-B. Para se habilitar ao benefício, o trabalhador deverá apresentar ao órgão
competente do Ministério do Trabalho e Emprego: (Redação da LEI Nº 10.208, DE 23 DE
MARÇO DE 2001)
I - Carteira de Trabalho e Previdência Social, na qual deverão constar a anotação do
contrato de trabalho doméstico e a data da dispensa, de modo a comprovar o vínculo
empregatício, como empregado doméstico, durante pelo menos quinze meses nos últimos
vinte e quatro meses; (Redação da LEI Nº 10.208, DE 23 DE MARÇO DE 2001)
II - termo de rescisão do contrato de trabalho atestando a dispensa sem justa causa;
(Redação da LEI Nº 10.208, DE 23 DE MARÇO DE 2001)
III - comprovantes do recolhimento da contribuição previdenciária e do FGTS, durante
o período referido no inciso I, na condição de empregado doméstico; (Redação da LEI Nº
10.208, DE 23 DE MARÇO DE 2001)
IV - declaração de que não está em gozo de nenhum benefício de prestação continuada
da Previdência Social, exceto auxílio-acidente e pensão por morte; e (Redação da LEI Nº
10.208, DE 23 DE MARÇO DE 2001)
V - declaração de que não possui renda própria de qualquer natureza suficiente à sua
manutenção e de sua família. (Redação da LEI Nº 10.208, DE 23 DE MARÇO DE 2001)
Art. 6o-B. (VETADO) (Redação da LEI Nº 11.324 \ 19.07.2006)
Art. 6º-C. O seguro-desemprego deverá ser requerido de sete a noventa dias contados
da data da dispensa. (Redação da LEI Nº 10.208, DE 23 DE MARÇO DE 2001)
Art. 6º-D. Novo seguro-desemprego só poderá ser requerido a cada período de
dezesseis meses decorridos da dispensa que originou o benefício anterior. (Redação da LEI Nº
10.208, DE 23 DE MARÇO DE 2001)
Art. 7º Esta Lei será regulamentada no prazo de 90 (noventa) dias vigorando 30
(trinta) dias após a publicação do seu regulamento.
Art. 8º Revogam-se as disposições em contrário.
Brasília, 11 de dezembro de 1972; 151º da Independência e 84º da República.
EMÍLIO G. MÉDICI
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D.O.U.: 20.07.2006
Altera dispositivos das Leis nºs 9.250, de 26 de dezembro de 1995, 8.212, de 24 de
julho de 1991, 8.213, de 24 de julho de 1991, e 5.859, de 11 de dezembro de 1972; e revoga
dispositivo da Lei nº 605, de 5 de janeiro de 1949.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º O art. 12 da Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995, passa a vigorar com a
seguinte redação:
Artigo 12. [...]
[...]
VII - até o exercício de 2012, ano-calendário de 2011, a contribuição patronal paga à
Previdência Social pelo empregador doméstico incidente sobre o valor da remuneração do
empregado.
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[...]
§ 3º A dedução de que trata o inciso VII do caput deste artigo:
I - está limitada:
a) a 1 (um) empregado doméstico por declaração, inclusive no caso da declaração em
conjunto;
b) ao valor recolhido no ano-calendário a que se referir a declaração;
II - aplica-se somente ao modelo completo de Declaração de Ajuste Anual;
III - não poderá exceder:
a) ao valor da contribuição patronal calculada sobre 1 (um) salário mínimo mensal,
sobre o 13º (décimo terceiro) salário e sobre a remuneração adicional de férias, referidos
também a 1 (um) salário mínimo;
b) ao valor do imposto apurado na forma do art. 11 desta Lei, deduzidos os valores de
que tratam os incisos I a III do caput deste artigo;
IV - fica condicionada à comprovação da regularidade do empregador doméstico
perante o regime geral de previdência social quando se tratar de contribuinte individual. (NR)
Art. 2º O art. 30 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, passa a vigorar acrescido do
seguinte § 6º:
Artigo 30. [...]
[...]
§ 6º O empregador doméstico poderá recolher a contribuição do segurado empregado
a seu serviço e a parcela a seu cargo relativas à competência novembro até o dia 20 de
dezembro, juntamente com a contribuição referente ao 13º (décimo terceiro) salário,
utilizando-se de um único documento de arrecadação. (NR)
Art. 3º (VETADO)
Art. 4º A Lei nº 5.859, de 11 de dezembro de 1972, que dispõe sobre a profissão de
empregado doméstico, passa a vigorar com a seguinte redação:
Artigo 2º-A. É vedado ao empregador doméstico efetuar descontos no salário do
empregado por fornecimento de alimentação, vestuário, higiene ou moradia.
§ 1º Poderão ser descontadas as despesas com moradia de que trata o caput deste
artigo quando essa se referir a local diverso da residência em que ocorrer a prestação de
serviço, e desde que essa possibilidade tenha sido expressamente acordada entre as partes.
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§ 2º As despesas referidas no caput deste artigo não têm natureza salarial nem se
incorporam à remuneração para quaisquer efeitos.
Artigo 3º O empregado doméstico terá direito a férias anuais remuneradas de 30
(trinta) dias com, pelo menos, 1/3 (um terço) a mais que o salário normal, após cada período
de 12 (doze) meses de trabalho, prestado à mesma pessoa ou família. (NR)
Artigo 3º-A. (VETADO)
Artigo 4º-A. É vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa da empregada
doméstica gestante desde a confirmação da gravidez até 5 (cinco) meses após o parto.
Artigo 6º-A. (VETADO)
Artigo 6º-B. (VETADO)
Art. 5º O disposto no art. 3º da Lei nº 5.859, de 11 de dezembro de 1972, com a
redação dada por esta Lei, aplica-se aos períodos aquisitivos iniciados após a data de
publicação desta Lei.
Art. 6º (VETADO)
Art. 7º (VETADO)
Art. 8º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, produzindo efeitos em
relação às contribuições patronais pagas a partir do mês de janeiro de 2006.
Art. 9º Fica revogada a alínea a do art. 5º da Lei nº 605, de 5 de janeiro de 1949.
Brasília, 19 de julho de 2006; 185º da Independência e 118º da República.
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Guido Mantega
Luiz Marinho
Nelson Machado