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Poder Judiciário

Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho

PROCESSO Nº TST-Ag-E-ED-Ag-RR - 720-32.2020.5.21.0009

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1005A34E49B6E0417C.
ACÓRDÃO
(Ac. SDI-1)
GMACC/knoc/m

AGRAVO EM EMBARGOS EM RECURSO DE


REVISTA. INTERPOSIÇÃO NA VIGÊNCIA DAS
LEIS 13.015/2014 E 13.467/2017. ADICIONAL
DE INSALUBRIDADE. LIMPEZA DE BANHEIROS
DE HOTEL. Quanto ao pedido de pagamento
do adicional de insalubridade ao trabalhador
que executa suas atividades na limpeza de
banheiros de hotel, nas razões do agravo,
alega-se que a controvérsia reside em fato
registrado pelo TRT, de que a causa da
insalubridade foi cessada com implementação
de treinamento, fornecimento e uso regular de
EPI’s aptos a neutralizar os agentes químicos e
biológicos. A partir de dados destacados pelo
próprio TRT, sem alterá-los ou
desconsiderá-los, entende-se que a conclusão
do acórdão turmário encontra-se em
consonância com a jurisprudência já pacificada
no âmbito desta Corte Superior que, ao
examinar a matéria a partir da verificação da
ocorrência de alta circulação de pessoas em
banheiros de hotéis, concluiu que a atividade
de limpeza de banheiros deve ser enquadrada
no Anexo 14 da Norma Regulamentadora nº 15
do Ministério do Trabalho e Emprego, na qual a
insalubridade nas atividades que envolvam
agentes biológicos é caracterizada pela
avaliação qualitativa. A conclusão negativa da
perícia, embora tenha reconhecido que a
utilização da luva no manuseio do lixo nos
estabelecimentos de hotelaria não tenha
neutralizado o agente biológico, não elide a
constatação de ter o próprio TRT, tanto no
julgamento do recurso ordinário como no

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acórdão dos embargos de declaração, também
destacado a resposta ao quesito de número
sete da perícia técnica (uma das provas
emprestadas), na qual o perito fez constar que
a “utilização da Luva não neutraliza o agente
‘lixo urbano (coleta e industrialização)’”. Não se
está, portanto, diante da hipótese de
neutralização ou eliminação do risco a
desobrigar o empregador de pagar o adicional
de insalubridade por exposição a agentes
biológicos a que se refere o Anexo 14 da NR 15
do Ministério do Trabalho e Emprego. Inviável,
pois, o processamento dos embargos por
divergência jurisprudencial e contrariedade às
Súmulas 80, 126 e 448, II, do TST. Agravo
conhecido e não provido.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo em


Embargos em Embargos de Declaração em Agravo em Recurso de Revista n°
TST-Ag-E-ED-Ag-RR-720-32.2020.5.21.0009, em que é Agravante PRAIAMAR
EMPREENDIMENTOS TURISTICOS LTDA. e Agravado RAMON COSTA DA SILVA.

A Presidência da Quinta Turma deste Tribunal não admitiu o


recurso de embargos interposto pela reclamada, por não vislumbrar a alegada
divergência jurisprudencial nem contrariedade às Súmulas 80, 126 e 448, II, do TST,
quanto ao tema “hotel – limpeza de banheiros – adicional de insalubridade”. (decisão –
fls. 1.034-1.038)
Desta decisão, a reclamada interpõe agravo pelas razões de fls.
1.040-1.048. Sustenta, em síntese, indevido o pagamento do adicional de insalubridade
em razão de dado fático registrado no acórdão regional, reconhecendo a utilização de
equipamentos de proteção individual de forma suficiente a neutralizar eventual contato
com agentes químicos e biológicos pela reclamante no exercício da função de
camareira.
Após intimação regular (fl. 1.050) o reclamante apresentou
contrarrazões ao agravo (fls. 1.051-1.053).

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Desnecessária a remessa dos autos à Procuradoria Geral do
Trabalho, de acordo com o artigo 95, § 2º, II, do Regimento Interno do Tribunal Superior
do Trabalho.
É o relatório.

VOTO

1 – PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS

Atendidos os pressupostos extrínsecos de admissibilidade,


relativos ao prazo (fls. 1.039 e 1.049) e à representação processual (fl. 107), não
havendo o preparo a realizar.
O recurso foi interposto contra decisão considerada publicada
em 05/12/2023, na vigência das Leis 13.015/2014 e 13.467/2017.
Cumpre, portanto, examinar os pressupostos específicos do
recurso de embargos.

2 – PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS

ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. LIMPEZA DE BANHEIROS DE


HOTEL.

Consoante relatado, a Presidência da Quinta Turma deste


Tribunal não admitiu o recurso de embargos interposto pela reclamada ao
entendimento de estar o acórdão turmário em consonância com a jurisprudência atual,
notória e iterativa desta Corte Superior. Também concluiu não demonstrada a alegada
contrariedade às Súmulas 80, 126 e 448, I e II, do TST.
Eis as razões de decidir:

(...)
2.1 – HOTEL. LIMPEZA DE BANHEIROS. ADICIONAL DE INSALUBRIDADE.

A c. Quinta Turma conheceu do recurso de revista da reclamante, por


contrariedade ao item II da Súmula 448 desta Corte, e, no mérito, deu-lhe
provimento para deferir o pagamento do adicional de insalubridade em grau
máximo.
Os fundamentos estão assim sintetizados na ementa:

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AGRAVO. RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO PUBLICADO NA
VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467/2017. HOTEL. LIMPEZA DE BANHEIROS.
ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. DECISÃO EM DESCONFORMIDADE COM
A SÚMULA Nº 448, II, DO TST. TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA
RECONHECIDA NA DECISÃO AGRAVADA. Em que pese o registro fático
realizado pelo e. TRT de que havia a utilização de equipamentos de
proteção individual suficientes para neutralizar eventual contanto com
agentes químicos e biológicos, este Tribunal Superior vem,
reiteradamente, decidindo no sentido de que a higienização de
banheiros de apartamentos de hotel, ambiente com grande circulação
de pessoas, autoriza o pagamento de adicional de insalubridade, nos
termos do item II da Súmula nº 448 desta Corte. Precedentes. Agravo
não provido.

Nas razões de embargos, a reclamante indica contrariedade às 80, 126 e


Súmula 448 desta Corte Superior.
Aduz que “o acórdão Regional fez duas constatações fáticas que
dependeria de revolvimento de fatos e provas para serem revistas, pois foi
registrado (i)que houve o treinamento e fornecimento de EPIS aptos a
elidirem eventual agente insalubre, além de registrar (ii)que o
empreendimento hoteleiro não se enquadra como local de uso público ou
coletivo de grande circulação”.
Pois bem.
A viabilidade do recurso de embargos se dá mediante invocação de
divergência jurisprudencial entre as Turmas desta Corte e entre estas e a
SBDI-1 do TST ou contrárias a súmula do TST ou a orientação jurisprudencial
desta Subseção ou a súmula vinculante do STF, nos limites do artigo 894, II, da
CLT.
Não viabiliza o processamento do recurso a alegação de contrariedade
às Súmulas 80 e 448, I e II, do TST ante a consonância do acórdão embargado
com seu teor.
Precedentes:

RECURSO DE EMBARGOS INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI Nº


11.496/2007. ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. LIMPEZA DE QUARTOS E
COLETA DE LIXO. HOTELARIA. Súmula n.º 448, item II, desta Corte
superior. 1. -A higienização de instalações sanitárias de uso público ou
coletivo de grande circulação, e a respectiva coleta de lixo, por não se
equiparar à limpeza em residências e escritórios, enseja o pagamento
de adicional de insalubridade em grau máximo, incidindo o disposto no
Anexo 14 da NR-15 da Portaria do MTE nº 3.214/78 quanto à coleta e
industrialização de lixo urbano.- - Súmula n.º 448, item II, desta Corte
superior. 2. Constatado nos autos que a reclamante realizava serviços
de limpeza e higienização, inclusive de banheiros, em hotel de grande
circulação de pessoas, resulta devida a condenação ao pagamento do

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adicional de insalubridade. 3. Recurso de embargos conhecido e
provido." (E-RR - 324-22.2010.5.04.0351 , Relator Ministro: Lelio Bentes
Corrêa, Data de Julgamento: 25/09/2014, Subseção I Especializada em
Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT 03/10/2014)

AGRAVO. RECURSO DE REVISTA. INTERPOSIÇÃO SOB A ÉGIDE DO


CPC/2015. DECISÃO MONOCRÁTICA DENEGATÓRIA DE SEGUIMENTO.
ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. LIMPEZA DE BANHEIROS DE HOTEL.
Prevalece nesta Corte Superior o entendimento de que a limpeza e a
coleta de lixo de banheiros de hotel ensejam a percepção do adicional
de insalubridade, pois se equiparam a higienização de instalações
sanitárias de uso público ou coletivo de grande circulação,
enquadrando-se nas disposições constantes no Anexo 14 da NR-15 da
Portaria nº 3.214/78 do Ministério do Trabalho e Emprego. Precedentes
da SDI-I e de Turmas do TST. Agravo conhecido e não provido. (Ag-RR -
1045-55.2015.5.19.0003, Relator Ministro: Hugo Carlos Scheuermann, 1ª
Turma, Data de Publicação: DEJT 27/10/2017) (destacou-se)

AGRAVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. LEI


13.015/2014. [...] ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. HOTELARIA.
CAMAREIRA. INCIDÊNCIA DO ITEM II DA SÚMULA 448 DO TST. Infere-se
dos autos que a reclamante laborava para o reclamado, na função de
camareira, fazendo a limpeza de quartos de hotel (em torno de dezoito),
consistente em quarto, cozinha/sala e banheiro e fazendo o
recolhimento do lixo. O Regional manteve a sentença que deferiu o
adicional de insalubridade à reclamante. A decisão regional está em
harmonia com o entendimento dessa Corte segundo o qual a limpeza
dos banheiros dos apartamentos do setor hoteleiro equipara-se à
limpeza de banheiro público ou com grande circulação de pessoas e
gera direito à percepção do adicional de insalubridade, na forma da
Súmula 448, II, do TST. Não merece reparos a decisão. Agravo não
provido. (Ag-AIRR - 1306-82.2014.5.09.0019, Relatora Ministra: Maria
Helena Mallmann, 2ª Turma, Data de Publicação: DEJT 25/05/2018)
(destacou-se)

[...] RECURSO DE REVISTA NÃO REGIDO PELA LEI 13.015/2014.


ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. LIXO URBANO. LIMPEZA DE
BANHEIROS. Hipótese em que o Tribunal Regional registrou que os
substituídos realizavam a limpeza de áreas comuns, quartos e
banheiros de conjunto de apartamentos do Hotel Reclamado. Concluiu,
contudo, ser indevido o adicional de insalubridade em grau máximo, ao
fundamento de que o Sindicato Reclamante não produziu qualquer
prova capaz de desconstituir a prova técnica, conclusiva no sentido de
que "as atividades desenvolvidas pelas camareiras e auxiliares de
serviços gerais não os colocam em situação de risco o suficiente para
ensejar o adicional de insalubridade". A limpeza de sanitários, por si só,

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não enseja o recebimento do adicional de insalubridade. O
entendimento desta Corte é de que o referido adicional somente é
devido no caso de limpeza de banheiros utilizados por um grande
número de pessoas, de uso público e indeterminado, sujeito a grande
circulação de pessoas, o que não ocorre no caso de banheiro de
escritórios e residências. No caso dos autos, contudo, os substituídos
realizavam a limpeza dos banheiros de apartamentos de hotel,
claramente de utilização pública e por um número indeterminado de
pessoas, razão pela qual aplicável a diretriz consagrada na Súmula 448,
II, do TST. Recurso de revista conhecido e provido. (RR -
820-18.2014.5.21.0002, Relator Ministro: Douglas Alencar Rodrigues, 5ª
Turma, Data de Publicação: DEJT 16/02/2018) (destacou-se)

RECURSO DE REVISTA. ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. LIMPEZA


DE BANHEIROS EM HOTEL. Segundo a Súmula 448 do TST, somente a
limpeza de instalações sanitárias em residências e escritórios exclui o
pagamento do adicional de insalubridade, não sendo possível o
elastecimento do entendimento para outras situações. Logo,
constata-se o enquadramento previsto no Anexo 14 da NR-15 da
Portaria do MTE 3.214/78 se a função é exercida em local de acesso ao
público em geral (caso dos hotéis e motéis). Recurso de revista não
conhecido. [...] (RR - 1560-58.2012.5.04.0021, Relator Ministro: Augusto
César Leite de Carvalho, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT 01/12/2017)
(destacou-se)

RECURSO DE REVISTA. ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. GRAU


MÁXIMO. LIMPEZA E HIGIENIZAÇÃO DE BANHEIROS DE HOTEL. O
Tribunal Regional, soberano na análise do conjunto probatório,
registrou que a autora era responsável pela limpeza de
aproximadamente 18 apartamentos por dia, incluindo os banheiros.
Ponderou que essa rotatividade -faz com que não haja como diferenciar
o lixo urbano daquele coletado pela reclamante, pois presente, de
maneira idêntica, uma multiplicidade de agentes biológicos-. A decisão
regional enquadrou acertadamente a situação como labor em
condições insalubres porque a reclamante trabalhava na higienização
de grande quantidade de banheiros de um hotel, utilizados por uma
diversidade de pessoas, como sói acontecer nesse tipo de
estabelecimento, cujo lixo recolhido de suas dependências não pode ser
considerado como doméstico ou de escritório, o que torna devido o
adicional de insalubridade em grau máximo, conforme previsão do
Anexo 14 da NR-15 do Ministério do Trabalho e Emprego. Recurso de
revista de que não se conhece. (RR - 1397-20.2012.5.03.0114, Relator
Ministro: Cláudio Mascarenhas Brandão, 7ª Turma, Data de Publicação:
DEJT 17/10/2014) (destacou-se)

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AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA.
SUMARÍSSIMO. ADICIONAL DE INSALIBRIDADE. HOTEL. COLETA DE LIXO.
BANHEIRO DE USO COLETIVO. A decisão recorrida está em consonância
com o item II da Súmula nº 448 do TST. Com efeito, esta Corte vem
reiteradamente decidindo que a limpeza e a coleta de lixo de quartos e
banheiros de hotéis enseja a percepção de adicional de insalubridade
em grau máximo, porquanto a atividade se enquadra naquelas
descritas no Anexo 14 da NR 15 da Portaria nº 3.214 do Ministério do
Trabalho e Emprego. Agravo de instrumento conhecido e não provido.
(AIRR - 10564-47.2016.5.03.0138, Relatora Ministra: Dora Maria da
Costa, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT 02/03/2018) (destacou-se)

A c. Turma procedeu ao reenquadramento dos fatos postos no Regional


à conclusão jurídica distinta, à luz do entendimento desta Corte, não tendo
incursionado no conjunto fático-probatório dos autos com vistas a extrair as
premissas determinantes para se conhecer do recurso de revista.
Assim, tratando-se de questão eminentemente jurídica, não há como se
reconhecer a excepcional hipótese de cabimento dos embargos por
contrariedade à Súmula 126 do TST, por não se tratar de reexame de fatos e
provas, mas sim de subsunção dos fatos da causa ao preceito legal vigente,
não se verificando a circunstância de a decisão embargada conter afirmação
ou manifestação contrária ao teor do indicado verbete processual.
Do exposto, nos termos dos artigos 2º da Instrução Normativa nº
35/2012 e 93, VIII, do Regimento Interno do TST, não admito o recurso de
embargos.

Nas razões do agravo, a reclamada argumenta que a


“controvérsia que enseja admissibilidade por violar a Súmula 80, do TST, reside em fato
registrado em acórdão de que a causa da insalubridade foi cessada com
implementação de treinamento, fornecimento e uso regular de EPI’s aptos a
NEUTRALIZAR os agentes químicos e biológico.” (fl. 1.043)
Reitera a possibilidade de processamento dos embargos por
divergência jurisprudencial e contrariedade às Súmulas 80, 126 e 448, I e II, do TST.
Após o recebimento como agravo dos embargos de declaração
opostos pela reclamada, a Quinta Turma negou-lhe provimento, confirmando a decisão
unipessoal do relator por meio da qual foi conhecido o recurso de revista do
reclamante por contrariedade à Súmula 448, II, do TST, e, no mérito, provido para
deferir o pagamento do adicional de insalubridade em grau máximo, além dos reflexos
e consectários legais, conforme se apurar em liquidação. In verbis:

“(...)

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HOTEL. LIMPEZA DE BANHEIROS. ADICIONAL DE INSALUBRIDADE.
DECISÃO EM DESCONFORMIDADE COM A SÚMULA Nº 448, II, DO TST.
TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA RECONHECIDA NA DECISÃO AGRAVADA

A decisão agravada deu provimento ao recurso de revista do


reclamante, sob os seguintes fundamentos:

RECURSO DE REVISTA
HOTEL. LIMPEZA DE BANHEIROS. ADICIONAL DE INSALUBRIDADE.
DECISÃO EM DESCONFORMIDADE COM A SÚMULA Nº 448, II, DO TST.
TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA RECONHECIDA
Nas razões de revista, nas quais cuidou de indicar o trecho da
decisão recorrida que consubstancia o prequestionamento da
controvérsia objeto da insurgência, atendendo ao disposto no art. 896, §
1º-A, I, da CLT, a parte recorrente indica contrariedade à Súmula nº 448,
II, do TST. Transcreve arestos.
Sustenta, em síntese, que faz jus ao adicional de insalubridade em
grau máximo, nos termos da Súmula nº 448, II, do TST, ao argumento
que "o hotel Reclamado se enquadra na qualidade de local de grande
circulação de pessoas, pois possui estrutura de 214 apartamentos e
salas de eventos com capacidade para 2.000 pessoas, tendo o Autor a
obrigação diária de higienização de banheiros da área comum do hotel
(que totalizam 08).".
Examina-se a transcendência da matéria.
O e. TRT consignou, quanto ao tema:
(...)
Em que pese o registro fático realizado pelo e. TRT, de que havia a
utilização de equipamentos de proteção individual suficientes para
neutralizar eventual contanto com agentes químicos e biológicos, este
Tribunal Superior vem, reiteradamente, decidindo no sentido de que a
higienização de banheiros de apartamentos de hotel, ambiente com
grande circulação de pessoas, autoriza o pagamento de adicional de
insalubridade, nos termos do item II da Súmula nº 448 desta Corte:

"A higienização de instalações sanitárias de uso público ou


coletivo de grande circulação, e a respectiva coleta de lixo, por
não se equiparar à limpeza em residências e escritórios, enseja o
pagamento de adicional de insalubridade em grau máximo,
incidindo o disposto no Anexo 14 da NR-15 da Portaria do MTE nº
3.214/78 quanto à coleta e industrialização de lixo urbano".

Nesse sentido, os seguintes precedentes desta Corte. Destaquei:

"AGRAVO. RECURSO DE REVISTA. INTERPOSIÇÃO SOB A


ÉGIDE DO CPC/2015. DECISÃO MONOCRÁTICA DENEGATÓRIA DE
SEGUIMENTO. ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. LIMPEZA DE

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BANHEIROS DE HOTEL. Prevalece nesta Corte Superior o
entendimento de que a limpeza e a coleta de lixo de banheiros de
hotel ensejam a percepção do adicional de insalubridade, pois se
equiparam a higienização de instalações sanitárias de uso público
ou coletivo de grande circulação, enquadrando-se nas disposições
constantes no Anexo 14 da NR-15 da Portaria nº 3.214/78 do
Ministério do Trabalho e Emprego. Precedentes da SDI-I e de
Turmas do TST. Agravo conhecido e não provido." (Ag-RR -
1045-55.2015.5.19.0003, Relator Ministro: Hugo Carlos
Scheuermann, 1ª Turma, Data de Publicação: DEJT 27/10/2017)
"(...) ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. GRAU MÁXIMO.
LIMPEZA E HIGIENIZAÇÃO DE SANITÁRIOS DISPONIBILIZADOS EM
ESTABELECIMENTO HOTELEIRO. ITEM II DA SÚMULA Nº 448 DO
TST. No caso, o Tribunal de origem consignou que os substituídos
cuidavam da limpeza dos banheiros dos apartamentos do hotel
reclamado, incluindo a limpeza de piso, parede, janelas, móveis,
louças, metais, vasos sanitários e mictórios, além do recolhimento
de lixo dos apartamentos e papéis higiênicos. Sabe-se que o
número de usuários dos banheiros de hotel é indeterminado e
que há grande rodízio de hóspedes. Registra-se que, antes
mesmo da conversão da Orientação Jurisprudencial nº 4 da
SbDI-1 na Súmula nº 448, item II, pela Resolução nº 194/2014,
DEJT divulgado em 21, 22 e 23/5/2014, o entendimento deste
Tribunal era de que a limpeza de banheiro público ou com grande
fluxo de pessoas ensejava a percepção do adicional de
insalubridade. Portanto, verifica-se que o Regional decidiu em
consonância com o disposto na mencionada Súmula nº 448, item
II do TST, in verbis: "A higienização de instalações sanitárias de
uso público ou coletivo de grande circulação, e a respectiva coleta
de lixo, por não se equiparar à limpeza em residências e
escritórios, enseja o pagamento de adicional de insalubridade em
grau máximo, incidindo o disposto no Anexo 14 da NR-15 da
Portaria do MTE nº 3.214/78 quanto à coleta e industrialização de
lixo urbano" (precedente). Agravo de instrumento desprovido."
(AIRR - 10911-78.2015.5.18.0015, Relator Ministro: José Roberto
Freire Pimenta, 2ª Turma, Data de Publicação: DEJT 2/3/2018)
"AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA
REGIDO PELA LEI 13.015/2014. ADICIONAL DE INSALUBRIDADE.
GRAU MÁXIMO. HIGIENIZAÇÃO E COLETA DE LIXO EM BANHEIRO
DE ACESSO PÚBLICO E DE GRANDE CIRCULAÇÃO. ITEM II DA
SÚMULA 448 DO TST. Esta Corte Superior sedimentou o
entendimento de que a limpeza de banheiro e coleta do
respectivo lixo somente autoriza o pagamento do adicional de
insalubridade em grau máximo, conforme o disposto no Anexo 14
da NR-15 da Portaria do MTE 3.214/78, quando desenvolvidas em
instalações sanitárias de uso público ou coletivo de grande

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circulação, não se equiparando, assim, à limpeza em residências e
escritórios. No caso, foi deferido o adicional de insalubridade, em
virtude de a Reclamante desenvolver a atividade de higienização
de banheiros e respectiva coleta de lixo de apartamentos de um
hotel , que se destina a hospedagem por temporada, local
notoriamente de utilização pública e acessado por um número
indeterminado de pessoas. Assim, a decisão está em consonância
com a Súmula 448, II, do TST. Agravo de instrumento não provido.
(AIRR - 195-94.2015.5.12.0035, Relator Ministro: Douglas Alencar
Rodrigues, 5ª Turma, Data de Publicação: DEJT 01/12/2017).
"RECURSO DE REVISTA. ADICIONAL DE INSALUBRIDADE.
LIMPEZA DE BANHEIROS EM HOTEL. Segundo a Súmula 448 do
TST, somente a limpeza de instalações sanitárias em residências e
escritórios exclui o pagamento do adicional de insalubridade, não
sendo possível o elastecimento do entendimento para outras
situações. Logo, constata-se o enquadramento previsto no Anexo
14 da NR-15 da Portaria do MTE 3.214/78 se a função é exercida
em local de acesso ao público em geral (caso dos hotéis e motéis).
Recurso de revista não conhecido. (...)" (RR -
1560-58.2012.5.04.0021, Relator Ministro: Augusto César Leite de
Carvalho, Data de Julgamento: 22/11/2017, 6ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 1º/12/2017)
"AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA -
RECURSO INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014 E DO
CPC/2015 - ADICIONAL DE INSALUBRIDADE - GRAU MÁXIMO -
LIMPEZA E HIGIENIZAÇÃO DE SANITÁRIOS - HOTEL. A higienização
de instalações sanitárias de hotel, com fluxo de uma quantidade
indeterminada de pessoas não pode ser equiparada ao mesmo
serviço exercido em ambiente doméstico ou de escritório. Isso
torna devido o adicional de insalubridade em grau máximo,
conforme previsão do Anexo 14 da NR-15 da Portaria nº 3.214/78
do Ministério do Trabalho e Emprego. Incidência da Súmula nº
448, II, do TST. Precedentes. Agravo de instrumento desprovido."
(AIRR - 526-23.2016.5.12.0009, Relator Ministro: Luiz Philippe
Vieira de Mello Filho, Data de Julgamento: 23/5/2018, 7ª Turma,
Data de Publicação: DEJT 25/5/2018)
"AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA.
SUMARÍSSIMO. ADICIONAL DE INSALIBRIDADE. HOTEL. COLETA
DE LIXO. BANHEIRO DE USO COLETIVO. A decisão recorrida está
em consonância com o item II da Súmula nº 448 do TST. Com
efeito, esta Corte vem reiteradamente decidindo que a limpeza e
a coleta de lixo de quartos e banheiros de hotéis enseja a
percepção de adicional de insalubridade em grau máximo,
porquanto a atividade se enquadra naquelas descritas no Anexo
14 da NR 15 da Portaria nº 3.214 do Ministério do Trabalho e
Emprego. Agravo de instrumento conhecido e não provido." (AIRR

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- 10564-47.2016.5.03.0138, Relatora Ministra: Dora Maria da
Costa, Data de Julgamento: 28/2/2018, 8ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 2/3/2018)
Nesse contexto, ao decidir de maneira contrária, incorreu o e. TRT
em contrariedade ao item II da Súmula nº 448 desta Corte.
Verifico, assim, a existência de transcendência política apta ao
conhecimento da revista, por contrariedade à Súmula nº 448, II, do TST.
Ante o exposto, conheço do recurso, por contrariedade à Súmula
nº 448, II, do TST e, no mérito, por consectário lógico, dou-lhe
provimento para deferir o pagamento do adicional de insalubridade em
grau máximo, a ser calculado sobre o salário mínimo, além dos reflexos
e consectários legais, conforme de apurar em liquidação. Invertido o
ônus da sucumbência.
Prejudicado o exame do agravo de instrumento.

Na minuta de agravo interno, a parte assevera que o recurso de revista


do reclamante não merecia prosseguimento.
Sustenta, em síntese, que o referido recurso não atendeu à Súmula nº
422 do TST, pois deixou de enfrentar os argumentos apontados pelo regional,
sobretudo quanto ao fato de que havia o fornecimento de EPIs que elidiam
eventual agente nocivo.
Além disso, afirma que a pretensão recursal exigiu a rediscussão de
fatos e provas, o que é vedado pela Súmula nº 126 desta Corte.
No mérito, defende a inaplicabilidade da Súmula nº 448 do TST por
ofender o princípio da legalidade, além de dispor acerca de circunstância
fática diversa à dos autos.
Não merece reforma a decisão agravada.
O e. TRT consignou, quanto ao tema:

3.1. DO ADICIONAL DE INSALUBRIDADE.


O reclamante, em suas razões recursais, afirma que os
Equipamentos de Proteção Individual fornecidos pela reclamada não se
prestam à proteção contra agentes biológicos, conforme atestam os
Certificados de Aprovação do Ministério do Trabalho e Emprego e o
laudo pericial admitido como prova emprestada, citando, ainda nesse
ponto, a Portaria nº 11.3471, de 06.05.2020, da Secretaria Especial de
Previdência e Trabalho do Ministério da Economia; destaca que,
enquanto ASG, era responsável pela limpeza diária de saunas, piscinas e
8 banheiros em área utilizada por todos os hóspedes do hotel que
conta com 214 unidades de hospedagem; realça que a sentença se filiou
às conclusões do laudo pericial, o qual "não apresenta boa técnica e
muito menos correta interpretação jurídica da Súmula 448 do TST",
havendo incoerência entre a conjuntura de trabalho do ASG e a
conclusão, visto que não se pode estabelecer equivalência entre a
higienização de área comum com piscina, sauna, área social, salão de
eventos com capacidade para 2000 pessoas e 8 banheiros de uso

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coletivo dos hóspedes com a limpeza de residências ou escritórios,
sendo, por isso, que a jurisprudência é no sentido de que os ASG's
nessa situação se enquadram no item II da Súmula n.º 448 do TST,
citando precedentes; requer a reforma da sentença para que a
reclamada seja condenada ao pagamento de adicional de insalubridade
de 40% e seus reflexos legais.
Analisando a controvérsia, o magistrado de origem julgou
improcedente o pedido de adicional de insalubridade, oportunidade em
que expendeu a seguinte fundamentação (Id. 3b45702 - fls. 549/558):
Afirma o autor que, diariamente, era responsável pela
limpeza de piscinas, saunas, área social e higienização de 8
(oito)banheiros. Expõe que havia grande rotatividade e reputa o
ambiente laboral como insalubre em grau máximo,
acrescentando que não utilizava equipamentos de proteção
individual. Pede o adicional de insalubridade em grau máximo e
os reflexos legais
A reclamada entende que as atividades exercidas pelo autor
não o expunham a agentes nocivos à saúde.
Em audiência, o reclamante informou que exercia as
mesmas funções que o sr. Robson Oliveira de Souza, razão pela
qual o Juízo acolheu, como prova emprestada, à luz dos princípios
da celeridade e economia processual, o laudo realizado nos
autos0001005-36.2017.5.21.0007.
O perito judicial relatou as seguintes atribuições de auxiliar
de serviços gerais: limpeza de quartos e banheiros, varrer e
passar pano nos corredores e organizar o carrinho para limpeza
"MOPE". Ademais, o expert observou que a "limpeza dos
banheiros era realizada duas vezes por dia, sendo a segunda vez
uma revisão".
Em continuidade, na análise qualitativa, explicou sobre os
agentes biológicos:
(...)
A Súmula nº 448 do TST, em seu item II, trata da questão
nos seguintes termos:
(...)
Por sua vez, o Anexo 14 da NR-15 da Portaria do MTE nº
3.214/78 exige especificamente o contato permanente, conforme
se observa: "Relação das atividades que envolvem agentes
biológicos, cuja insalubridade é caracterizada pela avaliação
qualitativa. Insalubridade de grau máximo Trabalho ou
operações, em contato permanente com (...)".
Verifica-se que o perito relatou que o auxiliar de serviços
gerais não possui contato permanente com o lixo. Logo, a
situação em análise não se enquadra nos delineamentos da
portaria indicada, sequer no entendimento sedimentado na
Súmula transcrita.

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As conclusões do expert foram as seguintes: "Anexo Nº 14:
Agentes Biológicos, DEVO CONCLUIR QUE RECLAMANTE NÃO
EXERCEU ATIVIDADE EM CONDIÇÕES DE INSALUBRIDADE, durante
o período que laborou para a Reclamada".
Importa ressaltar que o perito, quando da inspeção técnica
realizada no laudo emprestado, teve acesso ao ambiente de
trabalho. Ademais, o reclamante reconheceu, em audiência, que
exerceu idênticas atribuições ao empregado paradigma. Referida
identidade foi ratificada pelo autor após leitura pelo Juízo da
descrição das funções do laudo. Tal laudo apresenta boa técnica,
embasa-se em análise do local de trabalho, verificação funcional
das atividades desenvolvidas e dos riscos ocupacionais. Entendo,
assim, que o laudo pericial reflete o cotidiano do trabalho do
autor.
De mais a mais, em seu depoimento pessoal, o autor
afirmou que usava luva e máscara, acrescentando que recebeu
treinamento de utilização de EPIS na CIPA. A reclamada anexou a
ficha de controle de EPI (ID. 3f5bf7c) confirmando a regularidade
e a constância em seu fornecimento.
Por fim, os certificados de aprovação dos equipamentos
com validade ultrapassada são referentes a período posterior
àquele em que o reclamante usou tais equipamentos. Como se
observa, o CA nº 37.560 teve validade até 05/10/2020, sendo que
o contrato de trabalho se extinguiu em 28/12/2019. Desta forma,
conquanto vencidos quando do andamento processual, os EPIs
foram utilizados pelo autor dentro do prazo de validade.
Dentro deste contexto, filio-me às conclusões periciais e
reputo que o autor exercia suas atribuições em condições
salubres. Por conseguinte, julgo improcedente o pedido de
adicional de insalubridade.
Quanto ao tema em discussão, vale ressaltar que o adicional de
insalubridade se refere a uma espécie de ônus imposto ao empregador
que se descuida das normas de proteção à saúde do trabalhador, tendo
em vista que o ideal ao empregado é prestar serviços em um ambiente
livre de qualquer agente nocivo ou que traga risco à sua higidez física e
mental.
O texto consolidado trata do tema nos artigos 189 e 192, que
dispõem:
Art. 189. Serão consideradas atividades ou operações
insalubres aquelas que, por sua natureza, condições ou métodos
de trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à
saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da
natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição
aos seus efeitos.
Art. 192. O exercício de trabalho em condições insalubres,
acima dos limites de tolerância estabelecidos pelo Ministério do

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Trabalho, assegura a percepção de adicional respectivamente de
40% (quarenta por cento), 20% (vinte por cento) e 10% (dez por
cento) do salário-mínimo da região, segundo se classifiquem nos
graus máximo, médio e mínimo.
Regulamentando o assunto, a NR n.º 15 da Portaria n.º 3.214/1978
trata das atividades e operações insalubres, especificando os agentes e
as condições de insalubridade, requisitos para sua caracterização, graus
de incidência do adicional e limites de tolerância em seus vários anexos.
A constatação do trabalho em condições insalubres é realizada
por meio de prova técnica pericial, com observância das normas
emitidas pelo Ministério do Trabalho e Emprego, nos termos do artigo
195 da Consolidação das Leis do Trabalho.
Com efeito, a perícia técnica possui o intuito de fornecer
embasamento fático para as conclusões do órgão julgador, que,
todavia, não está adstrito às conclusões do laudo pericial, mas pode,
utilizando outros meios de prova admitidos em direito, e respeitando
seus limites no que diz respeito a conhecimentos técnicos
especializados, concluir da maneira que seja mais condizente com o
ordenamento jurídico.
Nesse contexto, é necessário salientar que este Tribunal editou a
seguinte Súmula sobre o tema da insalubridade no ambiente de
trabalho de hotéis e motéis, relativamente aos empregados nas funções
de camareira e de auxiliar de serviços gerais:
SÚMULA N.º 04 - ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. LIMPEZA E
HIGIENIZAÇÃO DE QUARTOS E BANHEIROS DE USO PÚBLICO EM
MOTEL. EQUIPARAÇÃO A LIXO URBANO. Os empregados que
executam os serviços de higienização e limpeza das instalações
sanitárias, de uso público ou coletivo de grande circulação, e a
respectiva coleta de lixo, em motel, desde que apuradas as
condições insalubres mediante prova técnica, fazem jus ao
adicional de insalubridade em grau máximo, por equiparação aos
trabalhadores que lidam com lixo urbano, incidindo o disposto no
anexo 14 da NR-15 da Portaria do MTE nº 3.214/78.
(IUJ-0000083-50.2016-5-21-0000, Redatora Maria Auxiliadora
Barros de Medeiros Rodrigues, Processo de origem:
0000832-35.2014.5.21.0001, DEJT 08.07.2016, 11.07.2016 e
12.07.2016).
O verbete supramencionado nasceu com o julgamento do
Incidente de Uniformização de Jurisprudência n.º
0000083-50.2016-5-21-0000, em julho de 2016, cujo trecho do acórdão
merece transcrição tendo em vista evidenciar os limites da discussão ali
estabelecida:
Observa-se, portanto, que a Súmula 448, II do c. TST equiparou ao
tratamento de lixo urbano a higienização de instalações sanitárias de
uso público ou coletivo de grande circulação. Nesse sentido, o
entendimento fixado pela douta maioria formada no pleno encontra-se

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em harmonia com o entendimento hermenêutico cristalizado na
súmula 448, II do TST, no sentido de que a higienização de instalações
sanitárias de uso público ou coletivo de grande circulação enseja o
pagamento do adicional de insalubridade em grau máximo.
A única questão controvertida, todavia, consiste em saber se o
termo "ampla circulação" alcança as instalações sanitárias dos hotéis e
motéis.
A douta maioria formada entendeu que as instalações sanitárias
dos hotéis não podem ser enquadradas na categoria de uso público ou
coletivo de grande circulação, porquanto o número de usuários é bem
menor, em decorrência de três fatores: 1) o tempo de permanência
mínimo, em geral a diária equivale a 24 horas; 2) a estrutura mais
diversificada de um, hotel, possuindo parques aquáticos, salão de jogos,
clube de ginástica, ambiente para crianças etc; e 3) a finalidade do
serviço prestado, podendo ser a trabalho ou gozo de férias. Tais
características assemelham-se à realidade de uma residência do que
propriamente a de um local de uso público ou coletivo.
A rigor, poder-se-ia classificar o uso das instalações sanitárias de
um hotel como um uso que se situa entre o uso residencial e o uso
público ou coletivo. Logo, justamente por não restar caracterizado, de
per si, como instalação de uso público ou coletivo, pelas notas
distintivas que caracterizam um hotel, não cabe simplesmente
reconhecer a tese jurídica de equiparação ao ambiente de trabalho de
tratamento de lixo urbano (risco biológico), dada à sua criação
jurisprudencial e analógica.
Por outro lado, o mesmo não pode ser dito das instalações
sanitárias de um motel, cujo número de usuários é bem maior, com alta
rotatividade, justamente pelas notas distintivas que qualificam tal tipo
de empreendimento, a saber: 1) o tempo de permanência mínimo é
imprevisível, sendo mais fácil afirmar que o tempo de permanência
máximo num motel dificilmente chega a ser o tempo mínimo de
permanência num hotel (24h); 2) a sua estrutura menos diversificada,
correlacionada à finalidade do serviço prestado, marcado pela sua
especialidade e alta demanda. Logo, o uso das instalações sanitárias de
um motel não possui a mínima semelhança com à realidade de uma
residência ou escritório, convergindo com a característica denotada no
verbete sumular: uso público ou coletivo de grande circulação. Por via
de consequência, os empregados de motel que trabalham na
higienização e limpeza das instalações sanitárias de uso público ou
coletivo de grande circulação ficam expostos a agentes biológicos
nocivos à sua saúde, tais como os trabalhadores que lidam com lixo
urbano.
Não é demais registrar que a fixação dessa tese jurídica não
dispensa, sob nenhum aspecto, a exigência legal de verificação das
condições ambientais de trabalho, através de laudo pericial elaborado
por técnico, nos termos do art. 195 da CLT, cuja avaliação das condições

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ambientais de trabalho não se encontra vinculada à tese jurídica fixada,
mas à situação fática. (ênfases acrescidas)
Destarte, relativamente aos hotéis, firmou-se o entendimento de
que, em tese, as instalações sanitárias não podem ser enquadradas na
categoria de uso público ou coletivo de grande circulação, porque o
número de usuários naquele tipo de estabelecimento é bem menor do
que nos de uso público ou coletivo, e, ainda, em razão do tempo de
permanecia mínima, estrutura diversificada e a finalidade do serviço
prestado.
Evidenciou-se, pois, que as características do trabalho em hotel,
relativamente ao manuseio do lixo, assemelham-se mais à realidade de
uma residência do que propriamente a de um local de uso público ou
coletivo. Assim, concluiu-se que não pode ser reconhecida a tese de
equiparação do ambiente de um hotel com aquele de trabalho de
tratamento de lixo urbano.
É válido realçar que a tese jurídica edificada não afasta a
verificação das condições ambientais de trabalho, apuradas por
profissional competente, sendo a avaliação das condições ambientais
de trabalho vinculadas à situação fática, e não à tese jurídica fixada.
Em assim sendo, tem-se que é imperiosa a avaliação das
condições de insalubridade do ambiente de trabalho, por meio de
perícia técnica, a fim de constatar os riscos a que estão sujeitos os
trabalhadores naquela situação de fato.
Nesta linha de raciocínio, no caso de averiguação das condições
de trabalho no manuseio do lixo nos estabelecimentos de hotelaria,
tem-se que, para caracterizar a insalubridade, é necessário atestar a alta
demanda de pessoas de modo a enquadrá-los, analogicamente, aos
estabelecimentos de uso público ou coletivo de grande circulação, com
exposição a agentes biológicos nocivos à saúde, tanto quanto os
trabalhadores que lidam com lixo urbano.
Na petição inicial, o reclamante traz os seguintes fundamentos
fáticos para o pedido de adicional de insalubridade (Id. 60ca3e7 - fl. 4):
Quando no exercício de suas funções, o reclamante
trabalhava no setor "beach", onde além dos hóspedes do hotel,
circulavam várias pessoas da região, inclusive motoristas e
ambulantes, que laboravam próximo ao hotel e o utilizavam os
banheiros do empreendimento hoteleiro.
Nesse contexto, era diariamente responsável pela limpeza
das piscinas, saunas, área social e ainda, pela higienização cerca
de 8 banheiros, incluindo os vasos sanitários do empreendimento
reclamado e devido ao enquadramento deste empreendimento
como de grande circulação de pessoas, cabível o entendimento
de que a limpeza destes locais dá ensejo ao pagamento de
adicional de insalubridade em grau máximo.
Frisa-se que, quando do exercício de suas funções, o
Reclamante desempenhava atividades em ambiente insalubre,

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sem receber o adicional correspondente, ou mesmo, sem sequer,
se utilizar dos EPI's - Equipamentos de Proteção Individual
adequados com o objetivo de amenizar o risco biológico aos quais
estes profissionais se encontram expostos. Isto porque, apenas
recebia luvas de borracha e, eventualmente, máscaras, sendo
ambos insuficientes para elidir riscos biológicos.
Contestando tais alegações, a reclamada afirmou que não havia
trabalho nas condições insalubres descritas pelo demandante, pois
fornecia todos os EPIs necessários à eliminação dos agentes nocivos
com os quais o postulante tinha contato, os quais não podem ser
comparados com os gerados pelo lixo urbano (Id. 23799a6 - 59/82).
Instaurada a controvérsia sobre as alegações do reclamante, a
este cabia zelar pela produção de provas das suas alegações, ou arguir
eventual impossibilidade de fazê-lo, em conformidade com o artigo 818,
I, da Consolidação das Leis do Trabalho.
Na audiência de instrução, restou definida a utilização como
prova emprestada do laudo pericial produzido na Reclamação
Trabalhista n.º 0001005-36.2017.5.21.0007 (Id. 84a2193), sem registro
de protesto ou recurso pelo reclamante, restando consignado em ata
(Id. 9b77605 - fl. 519):
Interrogado, reclamante disse que não conhecia a Sr
Luciana Karla Jota. Disse, ainda, que conhecia o Sr Robson Oliveira
de Souza, o qual realizava as mesmas funções que as suas.
Narradas as funções descritas em tal laudo, o autor confirmou
serem idênticas às suas. Assim sendo, o Juízo acolhe a utilização,
como prova emprestada, do laudo de id f7d81db, em
homenagem aos princípios da celeridade e da economia
processual.
O laudo pericial utilizado como prova emprestada tem seguinte
conclusão (Id. 84a2193 - fls. 140/150):
6.1.1. Biológico: Em análise qualitativa realizada
considerando o ambiente de trabalho, devo considerar,
inicialmente, que se verifica que o reclamante não tenha laborado
exposto a agente biológicos conforme anexo 14 da NR15.
[...]
Exposição a Agentes Biológicos:
Insalubridade de Grau máximo: De acordo com a NR-15
ATIVIDADES E OPERAÇÕES INSALUBRES Anexo Nº 1:
Foi realizada a vistoria no setor laboral do reclamante, "ASG
e Camareira", onde podemos afirmar que o mesmo não tem
contato permanente com lixo urbano. Assim, não ensejando
percepção ao adicional de insalubridade".
O referido laudo traz ainda os seguintes trechos relevantes
em resposta aos quesitos (Id. 84a2193 - fl. 148/149):
10) Os resíduos sólidos produzidos pelo Hotel Reclamado
são os mesmos constantes no "GRUPO D" da Resolução Conama

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n.º 358/2005, em seu Anexo 1, isto é, assemelham aos resíduos
das áreas residenciais do edifício/condomínio (ID. 147a2e8-fls.
161/168 dos autos)?
R: Sim
11) Alguma atividade desenvolvida pela Reclamante pode
ser enquadrada como sendo COLETA OU INDUSTRIALIZAÇÃO DE
LIXO URBANO? Em caso positivo, descrever de forma detalhada o
que seria COLETA e/ou INDUSTRIALIZAÇÃO de lixo urbano.
R: Não
(...)
7) De acordo com o CERTIFICADO DE APROVAÇÃO do MTE,
as LUVAS possuem aprovação para RISCOS BIOLÓGICOS?
R: A utilização da Luva não neutraliza o agente "lixo urbano
(coleta e industrialização)" porem o mesmo não realiza essa
atividade de forme permanente [sic].
É de se destacar que no laudo pericial utilizado como prova
nestes autos há a indicação da utilização de equipamentos de proteção
individual, consistentes em botas, luvas de látex, vestimenta e
eventualmente máscara descartável, destacando o expert a existência
de treinamento para a utilização dos EPIs, o que, inclusive, está
comprovado pela documentação trazida com a defesa.
Ainda, há que se pontuar que foi juntado a estes autos laudo
pericial realizado para o Processo nº 0000181-74.2017.5.21.0008, em
que é autor o sindicato profissional, abrangendo a pretensão de
adicional de insalubridade para diversas funções, inclusive aquela
exercida pelo autor, onde restou apurado que havia o fornecimento e
utilização dos equipamentos de proteção e, depois da análise do
ambiente de trabalho, onde consta o que se segue:

Periciado o local de trabalho das Camareiras e Auxiliares de


Serviços Gerais, bem como as funções exercidas como pode se
constatar pelo relato do presente laudo pericial e em
conformidade com a NR-15 - ATIVIDADES E OPERACOES
INSALUBRES, da portaria MTPS n3.214/78, ANEXO N.º 11 e 13
AGENTES QUÍMICOS e ANEXO 14 - AGENTES BIOLÓGICOS com o
uso, conforme preconiza a NR 6 - EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO
INDIVIDUAL - EPI's em seu item 6.1: Para os fins de aplicação
desta Norma Regulamentadora - NR, considera-se Equipamento
de Proteção Individual - EPI, todo dispositivo ou produto, de uso
individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de
riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho,
e conforme preconiza também a NR 15 - ATIVIDADES E
OPERAÇÕES INSALUBRES em seu item 15.4: A eliminação ou
neutralização da insalubridade determinará a cessação do
pagamento do adicional respectivo, bem como os produtos de
limpeza utilizados pela Reclamada detalhados no item 9.3,

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apresentam baixas ou nenhuma toxidade, e não contem
substâncias com Limites de Tolerância acima dos especificados no
Anexo N°11 da NR 15 e também não constam substâncias cujas
ocorrências caracterizem insalubridade de acordo com o anexo
13 da NR 15 do MTPS, portanto, não oferecendo riscos durante o
seu manuseio.

Com relação ao lixo coletado dos banheiros, com recolhimento


dos respectivos resíduos, não apresentam condições nocivas à saúde
dos funcionários, pois não há contato ou exposição a agentes
contaminantes de esgotos e ou galerias, bem como não há contato e ou
exposição permanente com lixo urbano, não podendo caracterizar
desta forma como atividades insalubres por agentes biológicos.
Vale ressaltar que os resíduos (papeis usados acondicionados em
sacos plásticos) retirados dos banheiros estão em estado sólido, não
havendo névoas ou vapores, os coliformes fecais nesse estado, não são
considerados agentes em suspensão (absorvíveis por via respiratória),
infectantes ou patogênicos, os mesmos só passam a ser quando
integrado aos esgotos com a proliferação de microrganismos geradores
de bactérias.
A urina humana e em condições normais: "esteril", não transmite
doenças.
As fezes são contaminadas e podem transmitir doenças como:
hepatite A, salmonelas, verminoses, giárdias, amebas e outras, mas
além de necessitarem de tempo e condições ambientais para
sobreviverem, tais agentes contaminantes não são transmissíveis pela
pele, para a contaminação é preciso colocar a mão contaminada (pelo
contato direto) na boca ou em algum alimento a ser ingerido.
O simples fato de lavar as mãos aborta a transmissão das
doenças. No caso em questão não tinha contato direto, amarravam os
sacos com papéis usados e os colocavam nos carrinhos fazendo uso das
luvas de plástico.
Portanto, pelo exposto concluo que nos quadros sociais as
funções de Camareiras e Auxiliares de Serviços Gerais não se expõem a
riscos químicos e biológicos não fazendo desta forma jus ao adicional
de insalubridade.
Assim, a prova produzida no presente processo não autoriza
entendimento diverso daquele expendido na origem, sendo relevante
pontuar que, apesar da alegação do reclamante de que os
equipamentos de proteção não serviriam para tal desiderato, tem-se
que não encontra ressonância nos elementos fornecidos pela perícia
técnica, conforme transcrição supra.
Obiter dictum, considera-se ainda que o hotel, ao longo de todas
as estações, não se encontra com sua capacidade máxima ocupada, e a
utilização da área comum pelos hóspedes não necessariamente gera
resíduos equiparáveis a lixo urbano, especialmente considerando que a

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perícia indicou que a limpeza dos banheiros era realizada apenas 2
vezes por dia, sendo uma apenas a título de revisão, indicando que tais
instalações não estavam submetidas necessariamente a um uso
intensivo e com alta rotatividade.
Diante de tais circunstâncias, não merece provimento o recurso
do demandante relativo ao adicional de insalubridade, restando
prejudicado, ainda, o tema relativo aos honorários advocatícios
sucumbenciais, diante da improcedência da demanda.

No julgamento dos embargos de declaração, o e TRT assim consignou:

2. Do Mérito.
O embargante, em síntese, sustenta que há vício de omissão no
acórdão, que, mesmo utilizando a entrega de EPIs como fundamento
para indeferir pedido de adicional de insalubridade, não abordou o fato
de que os equipamentos não eram certificados como protetores com
relação a agentes biológicos; afirma que nas razões recursais também
destacou que o próprio laudo pericial atestou que os EPIs não
neutralizam os agentes biológicos com os quais tinha contato; diz ser
notório, pelas próprias características e porte do hotel descritas no
acórdão, que se trata de local de grande circulação, indagando se
haveria contradição nesses termos (Id. e0bc273 - fls. 719/724).
A respeito dos embargos de declaração, dispõe o artigo 897-A da
Consolidação das Leis do Trabalho que:
Caberão embargos de declaração da sentença ou acórdão, no
prazo de cinco dias, devendo seu julgamento ocorrer na primeira
audiência ou sessão subseqüente a sua apresentação, registrado na
certidão, admitido efeito modificativo da decisão nos casos de omissão
e contradição no julgado e manifesto equívoco no exame dos
pressupostos extrínsecos do recurso.
O artigo 1.022 do artigo Código de Processo Civil, por sua vez,
expressa que os embargos de declaração têm cabimento contra
qualquer decisão judicial para:
I. esclarecer obscuridade ou eliminar contradição;
II. suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia
se pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento;
III. corrigir erro material.
Como se verifica da norma supra transcrita, a finalidade dos
embargos de declaração consiste em suprir vícios existentes na decisão
proferida, quais sejam, aqueles expressamente previstos nos artigos
acima indicados (897-A da Consolidação das Leis do Trabalho e 1.022 do
Código de Processo Civil), sendo inadequado o seu manejo para outras
finalidades.
No caso ora em análise, o embargante opõe os presentes
embargos de declaração, alegando que o acórdão embargado padece
de omissão e contradição.

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Acontece que, da análise dos autos, verifica-se que o acórdão
observou a matéria devolvida ao Tribunal, não havendo omissão, nem o
que ser mais esclarecido ou modificado, já que a questão foi
devidamente apreciada e julgada, restando definida com adoção de
tese explícita e fundamentada, em consonância com o princípio
constitucional da motivação das decisões judiciais (artigo 93, IX, da
Constituição Federal), também referido na lei ordinária (artigos 832 da
Consolidação das Leis do Trabalho e 489 do Código de Processo Civil)
não remanescendo motivo que justifique a oposição dos presentes
embargos.
Analisando-se os autos, vê-se que a alegação do embargante
quanto à existência de omissão, na verdade, volta-se especificamente
contra o que restou decidido no acórdão, sendo de se destacar que a
apontada falta de manifestação a respeito de determinado argumento
trazido pela parte não se coaduna com a definição de omissão, que se
configura quando o órgão julgador omite decisão sobre pedido ou
questão que deveria apreciar, pois capaz de infirmar as conclusões
adotadas, conforme artigo 489, §1.º, IV, do Código de Processo Civil.
Assim, não se verifica a omissão relativa ao tema atinente à
ausência de proteção contra agentes biológicos dos EPIs, pois restou
expressamente assentado no acórdão que era do reclamante o ônus da
prova quanto à demonstração de se tratar de hotel com "a alta
demanda de pessoas de modo a enquadrá-los, analogicamente, aos
estabelecimentos de uso público ou coletivo de grande circulação, com
exposição a agentes biológicos nocivos à saúde, tanto quanto os
trabalhadores que lidam com lixo urbano" (Id. 6b3c9bf - fl. 636).
Com essa premissa, passou-se a analisar a prova pericial
emprestada, utilizada com anuência do embargante, a qual
expressamente rechaçou haver contato permanente com lixo urbano,
equiparando os resíduos aos produzidos em áreas residenciais, bem
ainda, houve transcrição expressa da resposta ao quesito de número 7
(Id. 6b3c9bf - fl 637), o qual novamente se destaca:
7) De acordo com o CERTIFICADO DE APROVAÇÃO do MTE, as
LUVAS possuem aprovação para RISCOS BIOLÓGICOS?
R: A utilização da Luva não neutraliza o agente "lixo urbano (coleta
e industrialização)" porem o mesmo não realiza essa atividade de forme
permanente [sic]. (negrito acrescido)
Além disso, este Colegiado avançou e expôs ainda as conclusões
do laudo pericial realizado no Processo nº 0000181-74.2017.5.21.0008,
que foi trazido aos autos, onde consta:
Periciado o local de trabalho das, bem Camareiras e Auxiliares de
Serviços Gerais como as funções exercidas como pode se constatar pelo
relato do presente laudo pericial e em conformidade com a NR-15 -
ATIVIDADES E OPERACOES INSALUBRES, da portaria MTPS n3.214/78,
ANEXO N.º 11 e 13 AGENTES QUÍMICOS e ANEXO 14 - AGENTES
BIOLÓGICOS com o uso, conforme preconiza a NR 6 - EQUIPAMENTO DE

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PROTEÇÃO INDIVIDUAL - EPI's em seu item 6.1: Para os fins de aplicação
desta Norma Regulamentadora - NR, considera-se Equipamento de
Proteção Individual - EPI, todo dispositivo ou produto, de uso individual
utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de
ameaçar a segurança e a saúde no trabalho, e conforme preconiza
também a NR 15 - ATIVIDADES E OPERAÇÕES INSALUBRES em seu item
15 4: A eliminação ou neutralização da insalubridade determinará a
cessação do pagamento do adicional respectivo, bem como os produtos
de limpeza utilizados pela Reclamada detalhados no item 9.3,
apresentam baixas ou nenhuma toxidade, e não contem substâncias
com Limites de Tolerância acima dos especificados no Anexo N°11 da
NR 15 e também não constam substâncias cujas ocorrências
caracterizem insalubridade de acordo com o anexo 13 da NR 15 do
MTPS, portanto, não oferecendo riscos durante o seu manuseio.
Com relação ao lixo coletado dos banheiros, com recolhimento
dos respectivos resíduos, não apresentam condições nocivas à saúde
dos funcionários, pois não há contato ou exposição a agentes
contaminantes de esgotos e ou galerias, bem como não há contato e ou
exposição permanente com lixo urbano, não podendo caracterizar
desta forma como atividades insalubres por agentes biológicos.
Vale ressaltar que os resíduos (papeis usados acondicionados em
sacos plásticos) retirados dos banheiros estão em estado sólido, não
havendo névoas ou vapores, os coliformes fecais nesse estado, não são
considerados agentes em suspensão (absorvíveis por via respiratória),
infectantes ou patogênicos, os mesmos só passam a ser quando
integrado aos esgotos com a proliferação de microrganismos geradores
de bactérias.
A urina humana e em condições normais: "esteril", não transmite
doenças.
As fezes são contaminadas e podem transmitir doenças como:
hepatite A, salmonelas, verminoses, giárdias, amebas e outras, mas
além de necessitarem de tempo e condições ambientais para
sobreviverem, tais agentes contaminantes não são transmissíveis pela
pele, para a contaminação é preciso colocar a mão contaminada (pelo
contato direto) na boca ou em algum alimento a ser ingerido.
O simples fato de lavar as mãos aborta a transmissão das
doenças. No caso em questão não tinha contato direto, amarravam os
sacos com papéis usados e os colocavam nos carrinhos fazendo uso das
luvas de plástico.
Portanto, pelo exposto concluo que nos quadros sociais as
funções de Camareiras e Auxiliares de Serviços Gerais não se expõem a
riscos químicos e biológicos não fazendo desta forma jus ao adicional
de insalubridade. (destaques do original)
Outrossim, em explícita e literal apreciação do argumento sobre o
qual o embargante alega haver omissão, restou consignado (Id. 6b3c9bf
- fl. 638):

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Assim, a prova produzida no presente processo não autoriza
entendimento diverso daquele expendido na origem, sendo relevante
pontuar que, apesar da alegação do reclamante de que os
equipamentos de proteção não serviriam para tal desiderato, tem-se
que não encontra ressonância nos elementos fornecidos pela perícia
técnica, conforme transcrição supra. (negrito acrescido)
Com relação à indagação relativa a possível contradição no
acórdão ao reconhecer o grande porte do hotel, mas não classificar
como de grande circulação e intenso uso, também não há qualquer
vício nesse sentido, especialmente com a atribuição ao reclamante do
ônus de produzir prova nesse sentido e diante da existência dos citados
laudos que expressam que o local de trabalho não se enquadrava no
conceito acima, cabendo ressaltar que em um hotel com 214 leitos,
também na maioria de tais quartos com banheiros específicos o que
pode tornar o uso da área comum muito menos intenso e sujeito à
produção de resíduos diversos daqueles observados em aeroportos e
shoppings, por exemplo.
Ou seja, a contradição que autoriza a oposição de embargos de
declaração é a existente nos termos do acórdão e não entre o que
restou definido no julgado e o raciocínio do reclamante, lastreado
somente em máximas de experiência. Assim, na hipótese, vê-se que foi
com coerência e em consonância com os elementos trazidos aos autos
que a matéria restou definida, não existindo na conclusão qualquer
descompasso com o que restou apurado no processo.
Nesse contexto, vê-se que basta a leitura dos argumentos
expressos na decisão embargada para se constatar que não contém
nenhum dos vícios elencados nos dispositivos legais que tratam dos
embargos de declaração, em contrapartida, o que se verifica é que o
embargante pretende modificar a decisão proferida com rediscussão de
seus limites e reapreciação do mérito, o que é inadmissível por essa via.
Cumpre destacar que não se pode confundir omissão ou
contradição, com pronunciamento desfavorável à pretensão da parte,
de modo que, se a parte embargante não se contenta com o resultado
do julgamento, deve manejar o recurso próprio, pois os embargos de
declaração não têm esse escopo. Nesse sentido, observem-se os
arestos abaixo, in verbis:
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO E CONTRADIÇÃO
NÃO CONSTATADAS. REAPRECIAÇÃO DO MÉRITO DO JULGADO.
NÃO PROVIMENTO. Nega-se provimento aos embargos opostos
com o objetivo de sanar omissão e contradição, mas que, na
verdade, objetivam discutir o mérito do julgado, pois tal hipótese
não é contemplada na relação do artigo 1.022 do CPC (TRT 20.ª
Reg., RO 0000621-75.2018.5.20.0004, Rel. Maria das Graças
Monteiro Melo, DEJT 26.01.2021).
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. INEXISTÊNCIA.
REDISCUSSÃO DO MÉRITO. IMPOSSIBILIDADE. A utilização de

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embargos declaratórios está prevista no art. 897-A da CLT, que
prevê efeito modificativo do acórdão ou decisão nos casos de
omissão e contradição no julgado e quando se verificar manifesto
equívoco no exame dos pressupostos extrínsecos do recurso, ou
para fins de prequestionamento de matéria, à luz da Súmula 297
do TST. Inexistindo qualquer destes vícios, devem ser rejeitados
os embargos de declaração, aplicando-se multa nos termos do
art. 1.026, parágrafo terceiro, do CPC/2015. Embargos rejeitados.
(TRT 19.ª Reg., Rel. João Leite, ED 0000666-81.2019.5.19.0001, DEJT
05.03.2020).
Acresça-se, por oportuno, que a decisão judicial não tem que
abordar todas as considerações questionadas pela parte embargante
pontualmente, sendo suficiente que o julgador elucide os motivos de
seu convencimento, adotando explicitamente tese a respeito de seu
posicionamento, o que ocorreu na hipótese, visto que a premissa fática
dos autos foi adequadamente observada, analisada e fundamentada,
como já dito.
Conclui-se, portanto, que não merecem provimento os presentes
embargos de declaração, tendo em vista que não existem no julgado
embargado quaisquer dos vícios previstos nos artigos 1.022 do Código
de Processo Civil e 897-A da Consolidação das Leis do Trabalho.

Inicialmente, cabe afastar a preliminar de contrariedade às Súmulas nº


422 e 126 desta Corte, invocadas pela agravante, uma vez que o recurso de
revista do reclamante atende satisfatoriamente os requisitos do art. 896 da
CLT e não pretende a reanálise de fatos e provas.
Pois bem.
Em que pese o registro fático realizado pelo e. TRT, no sentido de que
havia a utilização de equipamentos de proteção individual suficientes para
neutralizar eventual contanto com agentes químicos e biológicos, este
Tribunal Superior vem, reiteradamente, decidindo no sentido de que a
higienização de banheiros de apartamentos de hotel, ambiente com grande
circulação de pessoas, autoriza o pagamento de adicional de insalubridade,
nos termos do item II da Súmula nº 448 desta Corte, que assim dispõe:

"A higienização de instalações sanitárias de uso público ou


coletivo de grande circulação, e a respectiva coleta de lixo, por não se
equiparar à limpeza em residências e escritórios, enseja o pagamento
de adicional de insalubridade em grau máximo, incidindo o disposto no
Anexo 14 da NR-15 da Portaria do MTE nº 3.214/78 quanto à coleta e
industrialização de lixo urbano".

Nesse sentido, os seguintes precedentes desta Corte (destaquei):

(...) RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO PUBLICADO NA VIGÊNCIA DA


LEI Nº 13.015/2014. HOTEL. LIMPEZA DE BANHEIROS. ADICIONAL DE

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INSALUBRIDADE. Em que pese o registro fático realizado pelo e. TRT de
que havia a utilização de equipamentos de proteção individual
suficientes para neutralizar eventual contanto com agentes químicos e
biológicos, este Tribunal Superior vem, reiteradamente, decidindo no
sentido de que a higienização de banheiros de apartamentos de hotel,
ambiente com grande circulação de pessoas, autoriza o pagamento de
adicional de insalubridade, nos termos do item II da Súmula nº 448
desta Corte. Precedentes. Recurso de revista conhecido e provido.
(ARR-958-90.2016.5.21.0009, 5ª Turma, Relator Ministro Breno
Medeiros, DEJT 12/04/2019)

AGRAVO. RECURSO DE REVISTA. INTERPOSIÇÃO SOB A ÉGIDE DO


CPC/2015. DECISÃO MONOCRÁTICA DENEGATÓRIA DE SEGUIMENTO.
ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. LIMPEZA DE BANHEIROS DE HOTEL.
Prevalece nesta Corte Superior o entendimento de que a limpeza e a
coleta de lixo de banheiros de hotel ensejam a percepção do adicional
de insalubridade, pois se equiparam a higienização de instalações
sanitárias de uso público ou coletivo de grande circulação,
enquadrando-se nas disposições constantes no Anexo 14 da NR-15 da
Portaria nº 3.214/78 do Ministério do Trabalho e Emprego. Precedentes
da SDI-I e de Turmas do TST. Agravo conhecido e não provido. (Ag-RR -
1045-55.2015.5.19.0003, Relator Ministro: Hugo Carlos Scheuermann, 1ª
Turma, DEJT 27/10/2017)

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA -


INTERPOSTO SOB A VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467/2017 - ADICIONAL DE
INSALUBRIDADE - GRAU MÁXIMO - LIMPEZA DE BANHEIROS DE USO
COLETIVO DISPONIBILIZADOS EM HOTEL. 1. A jurisprudência desta
Corte, por meio da Súmula n° 448, pacificou o entendimento de que a
higienização de instalações sanitárias de uso público ou coletivo de
grande circulação, e a respectiva coleta de lixo, por não se equiparar à
limpeza em residências e escritórios, enseja o pagamento do adicional
de insalubridade em grau máximo, incidindo o disposto no Anexo 14 da
NR-15 da Portaria do Ministério do Trabalho nº 3.214/1978 quanto à
coleta e industrialização de lixo urbano. 2. No caso dos autos, a Corte de
origem manteve a sentença quanto ao reconhecimento do direito ao
adicional de insalubridade em grau máximo, pautando-se na análise
detalhada do conjunto probatório. Consignou que, embora o i. Vistor
tenha concluído que não havia risco de contato com agentes biológicos,
já que os equipamentos de proteção individual fornecidos pela ré eram
suficientes para neutralizar o risco na limpeza dos quartos dos
hóspedes , restou incontroverso nos autos o fato de que a autora
limpava diariamente o denominado banheiro dos associados,
equipamento utilizado por cerca de trezentos e nove empregados. 3.
Ultrapassar e infirmar as conclusões alcançadas no aresto recorrido, no
sentido de que as atividades exercidas pela reclamante são ensejadoras

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de insalubridade, em grau máximo, quando realizava a limpeza do
banheiro utilizado por expressivo número de empregados, demandaria
o reexame dos fatos e das provas presentes nos autos, o que é
descabido na estreita via extraordinária. Incide a Súmula nº 126 do TST.
Agravo de instrumento desprovido. (AIRR-1001046-04.2020.5.02.0041,
2ª Turma, Relatora Desembargadora Convocada Margareth Rodrigues
Costa, DEJT 10/06/2022).

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA REGIDO


PELA LEI 13.015/2014. ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. GRAU MÁXIMO.
HIGIENIZAÇÃO E COLETA DE LIXO EM BANHEIRO DE ACESSO PÚBLICO E
DE GRANDE CIRCULAÇÃO. ITEM II DA SÚMULA 448 DO TST. Esta Corte
Superior sedimentou o entendimento de que a limpeza de banheiro e
coleta do respectivo lixo somente autoriza o pagamento do adicional de
insalubridade em grau máximo, conforme o disposto no Anexo 14 da
NR-15 da Portaria do MTE 3.214/78, quando desenvolvidas em
instalações sanitárias de uso público ou coletivo de grande circulação,
não se equiparando, assim, à limpeza em residências e escritórios. No
caso, foi deferido o adicional de insalubridade, em virtude de a
Reclamante desenvolver a atividade de higienização de banheiros e
respectiva coleta de lixo de apartamentos de um hotel, que se destina a
hospedagem por temporada, local notoriamente de utilização pública e
acessado por um número indeterminado de pessoas. Assim, a decisão
está em consonância com a Súmula 448, II, do TST. Agravo de
instrumento não provido. (AIRR - 195-94.2015.5.12.0035, Relator
Ministro: Douglas Alencar Rodrigues, 5ª Turma, DEJT 01/12/2017)

RECURSO DE REVISTA. ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. LIMPEZA


DE BANHEIROS EM HOTEL. Segundo a Súmula 448 do TST, somente a
limpeza de instalações sanitárias em residências e escritórios exclui o
pagamento do adicional de insalubridade, não sendo possível o
elastecimento do entendimento para outras situações. Logo,
constata-se o enquadramento previsto no Anexo 14 da NR-15 da
Portaria do MTE 3.214/78 se a função é exercida em local de acesso ao
público em geral (caso dos hotéis e motéis). Recurso de revista não
conhecido. (...) (RR - 1560-58.2012.5.04.0021, Relator Ministro: Augusto
César Leite de Carvalho, 6ª Turma, DEJT 1º/12/2017)

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA - RECURSO


INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014 E DO CPC/2015 -
ADICIONAL DE INSALUBRIDADE - GRAU MÁXIMO - LIMPEZA E
HIGIENIZAÇÃO DE SANITÁRIOS - HOTEL. A higienização de instalações
sanitárias de hotel, com fluxo de uma quantidade indeterminada de
pessoas não pode ser equiparada ao mesmo serviço exercido em
ambiente doméstico ou de escritório. Isso torna devido o adicional de
insalubridade em grau máximo, conforme previsão do Anexo 14 da

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NR-15 da Portaria nº 3.214/78 do Ministério do Trabalho e Emprego.
Incidência da Súmula nº 448, II, do TST. Precedentes. Agravo de
instrumento desprovido. (AIRR - 526-23.2016.5.12.0009, Relator
Ministro: Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, 7ª Turma, DEJT 25/5/2018)

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA.


SUMARÍSSIMO. ADICIONAL DE INSALIBRIDADE. HOTEL. COLETA DE LIXO.
BANHEIRO DE USO COLETIVO. A decisão recorrida está em consonância
com o item II da Súmula nº 448 do TST. Com efeito, esta Corte vem
reiteradamente decidindo que a limpeza e a coleta de lixo de quartos e
banheiros de hotéis enseja a percepção de adicional de insalubridade
em grau máximo, porquanto a atividade se enquadra naquelas
descritas no Anexo 14 da NR 15 da Portaria nº 3.214 do Ministério do
Trabalho e Emprego. Agravo de instrumento conhecido e não provido.
(AIRR - 10564-47.2016.5.03.0138, Relatora Ministra: Dora Maria da
Costa, 8ª Turma, DEJT 2/3/2018)

Nesse contexto, adequada a decisão agrava que deu provimento ao


recurso do reclamante, por contrariedade ao item II da Súmula nº 448 desta
Corte, para deferir o pagamento do adicional de insalubridade em grau
máximo, a ser calculado sobre o salário mínimo, além dos reflexos e
consectários legais, conforme de apurar em liquidação. Invertendo o ônus da
sucumbência.
Nesse contexto, não tendo sido apresentados argumentos suficientes à
reforma da r. decisão impugnada, deve ser desprovido o agravo.
Em razão da improcedência do recurso, aplica-se à parte agravante a
multa prevista no art.
Tendo em vista o acréscimo de fundamentação, deixa-se de aplicar a
multa prevista no art. 1.021, § 4º, do CPC, nos termos da jurisprudência desta
Turma.
Ante o exposto, nego provimento ao agravo. (fls. 966-986)

Os embargos de declaração opostos pela reclamada foram


acolhidos parcialmente sem atribuir efeito modificativo ao julgado, pelos seguintes
fundamentos:

“(...)
A reclamada opõe embargos de declaração em face do acórdão
proferido por esta Turma, sustentando haver contradição na referida decisão
com relação à pena de multa prevista no art. 1.021 do CPC.
Alega ainda haver omissão desta Turma quanto ao pedido de
inaplicabilidade do item II, da Súmula nº 448 desta Corte, por inovar no
ordenamento jurídico e usurpar a competência da União para legislar sobre
atividade insalubre, sendo, portanto, ilegal e inconstitucional.

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PROCESSO Nº TST-Ag-E-ED-Ag-RR - 720-32.2020.5.21.0009

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Ao exame.
Os embargos de declaração destinam-se a sanar imperfeições
intrínsecas porventura existentes no julgado, em casos de obscuridade,
contradição ou omissão, sendo inservíveis, portanto, à reapreciação da
matéria examinada (art. 897-A da CLT e 1.022 do CPC/2015).
A decisão embargada foi assim proferida:
(...)
Constata-se que não há omissão a ser sanada tendo esta turma,
expressamente, decidido por aplicar a Súmula nº 448, deste Tribunal, ao caso
concreto.
Assim, extrai-se da própria argumentação contida nos embargos de
declaração que a pretensão do embargante é discutir o mérito do seu recurso
de revista, finalidade que não se coaduna com a via eleita, cujas hipóteses de
cabimento estão restritas às já mencionadas.
Por outro lado, verifica-se haver erro material na decisão embargada na
parte a que se refere à multa do art. 1.021 do CPC.
Assim, na fundamentação, onde se lê:

“Nesse contexto, não tendo sido apresentados argumentos


suficientes à reforma da r. decisão impugnada, deve ser desprovido o
agravo.
Em razão da improcedência do recurso, aplica-se à parte
agravante a multa prevista no art.
Tendo em vista o acréscimo de fundamentação, deixa-se de
aplicar a multa prevista no art. 1.021, § 4º, do CPC, nos termos da
jurisprudência desta Turma”.

Leia-se:

“Nesse contexto, não tendo sido apresentados argumentos


suficientes à reforma da r. decisão impugnada, deve ser desprovido o
agravo.
Tendo em vista o acréscimo de fundamentação, deixa-se de
aplicar a multa prevista no art. 1.021, § 4º, do CPC, nos termos da
jurisprudência desta Turma”.

Desse modo, acolho parcialmente os embargos de declaração, para


corrigir o erro material indicado, sem concessão de efeito modificativo ao
julgado. (fls. 999-1.003)

A jurisprudência desta Corte Superior uniformizou o


entendimento de que é devido o pagamento do adicional de insalubridade ao
trabalhador que executa suas atividades na limpeza de banheiros de hotel, na linha da
diretriz preconizada na Súmula 448, II, do TST, in verbis:

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PROCESSO Nº TST-Ag-E-ED-Ag-RR - 720-32.2020.5.21.0009

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"ATIVIDADE INSALUBRE. CARACTERIZAÇÃO. PREVISÃO NA NORMA
REGULAMENTADORA Nº 15 DA PORTARIA DO MINISTÉRIO DO TRABALHO
Nº 3.214/78. INSTALAÇÕES SANITÁRIAS. (conversão da Orientação
Jurisprudencial nº 4 da SBDI-1 com nova redação do item II) - Res. 194/2014,
DEJT divulgado em 21, 22 e 23.05.2014
I - Não basta a constatação da insalubridade por meio de laudo pericial
para que o empregado tenha direito ao respectivo adicional, sendo necessária
a classificação da atividade insalubre na relação oficial elaborada pelo
Ministério do Trabalho.
II - A higienização de instalações sanitárias de uso público ou coletivo de
grande circulação, e a respectiva coleta de lixo, por não se equiparar à limpeza
em residências e escritórios, enseja o pagamento de adicional de
insalubridade em grau máximo, incidindo o disposto no Anexo 14 da NR-15 da
Portaria do MTE nº 3.214/78 quanto à coleta e industrialização de lixo
urbano."

Extrai-se do entendimento jurisprudencial que somente a


limpeza de instalações sanitárias em residências e escritórios exclui o pagamento do
adicional de insalubridade, não sendo possível o elastecimento do entendimento para
outras situações.
Logo, se a função é exercida em local de acesso ao público em
geral, caso dos hotéis, constata-se o enquadramento previsto no Anexo 14 da NR-15 da
Portaria do MTE 3.214/78.
Nesse sentido cito precedentes desta Subseção:

"AGRAVO EM EMBARGOS EM RECURSO DE REVISTA. INTERPOSIÇÃO NA


VIGÊNCIA DAS LEIS 13.015/2014 E 13.467/2017. ADICIONAL DE
INSALUBRIDADE - GRAU MÁXIMO - LIMPEZA DE BANHEIROS DE HOTEL.
INCIDÊNCIA DO ARTIGO 894, II, §2º, DA CLT. No v. acórdão recorrido foi
adotado o entendimento de que o empregado que executa suas atividades na
limpeza de banheiros de hotéis tem direito ao adicional de insalubridade.
Nesse passo, a decisão turmária foi proferida em consonância com a
jurisprudência já pacificada no âmbito desta Corte Superior que, ao examinar
a matéria, e a a partir da verificação da ocorrência de alta circulação de
pessoas em banheiros de hotéis, concluiu que a atividade de limpeza de
banheiros de hotéis deve ser enquadrada no Anexo 14 da Norma
Regulamentadora nº 15 do Ministério do Trabalho e Emprego. Precedentes.
Dentro desse contexto, a admissibilidade dos embargos encontra óbice no
artigo 894, II, §2º, da CLT. Agravo conhecido e não provido"
(Ag-E-ED-ED-RR-781-70.2018.5.21.0005, Subseção I Especializada em Dissídios
Individuais, Relator Ministro Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT
26/05/2023).
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"AGRAVO REGIMENTAL - INTERPOSIÇÃO SOB A ÉGIDE DA LEI Nº
13.015/2014 - EMBARGOS EM RECURSO DE REVISTA - PRAZO RECURSAL -
INTEMPESTIVIDADE - ARGUIÇÃO EM CONTRARRAZÕES - PONTO FACULTATIVO
- AUSÊNCIA DE EXPEDIENTE FORENSE - ADICIONAL DE INSALUBRIDADE -
HIGIENIZAÇÃO DE INSTALAÇÕES SANITÁRIAS - ESTABELECIMENTO
HOTELEIRO - CONFIGURAÇÃO - EFICÁCIA DOS EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO
INDIVIDUAL 1. No tocante à arguição de intempestividade do Recurso de
Revista, pelo prisma da Súmula nº 385 do TST, na hipótese de comprovação
de prova de ponto facultativo, estando o acórdão embargado em sintonia
com a iterativa, notória e atual jurisprudência desta Corte Superior, os arestos
não viabilizam o processamento dos Embargos (artigo 894, II, e § 2º, da CLT).
2. Quanto ao adicional de insalubridade, pela atividade de arrumação e
limpeza de quartos e banheiros de hotéis, à luz da Súmula nº 448, II, do TST, o
acórdão embargado foi proferido em sintonia com a iterativa, notória e atual
jurisprudência deste Tribunal, impedindo o processamento (artigo 894, II, e §
2º, da CLT). E particularmente sobre a eficácia neutralizante dos
equipamentos de proteção individual, a decisão agravada é incensurável, pois
não é específico o aresto indicado (Súmula nº 296, I, do TST), nem se verifica
contrariedade à Súmula nº 80 do TST. Agravo Regimental a que se nega
provimento" (Ag-E-ED-RR-316-86.2017.5.21.0008, Subseção I Especializada em
Dissídios Individuais, Relatora Ministra Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, DEJT
24/02/2023).

"AGRAVO CONTRA DECISÃO DE PRESIDENTE DE TURMA DENEGATÓRIA


DE SEGUIMENTO DE EMBARGOS REGIDOS PELA LEI Nº 13.015/2014, PELO
CPC/2015 E PELA INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 39/2016 DO TRIBUNAL
SUPERIOR DO TRABALHO. ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. GRAU MÁXIMO.
LIMPEZA E HIGIENIZAÇÃO DE SANITÁRIOS DISPONIBILIZADOS EM
ESTABELECIMENTO HOTELEIRO. ITEM II DA SÚMULA Nº 448 DO TRIBUNAL
SUPERIOR DO TRABALHO. Inicialmente, cumpre esclarecer que esta Subseção,
apenas excepcionalmente, tem admitido o conhecimento de embargos por
contrariedade à Súmula nº 126 desta Corte, quando constatado que, para
chegar à conclusão obtida acerca da controvérsia, o órgão colegiado realizou
novo exame das provas dos autos, o que não ocorre nas hipóteses em que a
tese foi prolatada a partir da própria narrativa fática constante da decisão
regional, configurando-se, tão-somente, um novo enquadramento jurídico
para esses mesmos fatos. In casu, discute-se o direito dos substituídos, que
exercem a função de camareiro (as), à percepção de adicional de
insalubridade, em razão da realização de atividades de limpeza e de
higienização de sanitários no hotel em que laboram. Ao contrário das
alegações do agravante, não se identifica na decisão da Turma nenhuma
afirmação contrária às premissas fáticas delineadas no acórdão regional,
estando, portanto, intacto o verbete sumular invocado. Quanto ao mérito da
questão, esta Subseção firmou o entendimento de que como os (as)
camareiros (as) realizam a limpeza e a coleta de lixo dos banheiros existentes

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no hotel em que trabalham e tendo em vista que esses estabelecimentos são
utilizados por público numeroso e diversificado, com grande rodízio de
hóspedes, tem-se que essa circunstância se equipara à coleta de lixo urbano,
sendo devido o pagamento do adicional de insalubridade. Nesse sentido,
aplica-se o disposto na Súmula nº 448, item II, desta Corte, segundo a qual "a
higienização de instalações sanitárias de uso público ou coletivo de grande
circulação, e a respectiva coleta de lixo, por não se equiparar à limpeza em
residências e escritórios, enseja o pagamento de adicional de insalubridade
em grau máximo, incidindo o disposto no Anexo 14 da NR-15 da Portaria do
MTE nº 3.214/78 quanto à coleta e industrialização de lixo urbano" .
Precedentes. Agravo desprovido" (Ag-E-ED-RR-1375-46.2016.5.21.0008,
Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Relator Ministro Jose
Roberto Freire Pimenta, DEJT 23/09/2022).

"EMBARGOS REGIDOS PELA LEI Nº 11.496/2007. ADICIONAL DE


INSALUBRIDADE. GRAU MÁXIMO. LIMPEZA E HIGIENIZAÇÃO DE SANITÁRIOS
DISPONIBILIZADOS EM ESTABELECIMENTO HOTELEIRO. ITEM II DA SÚMULA
Nº 448 DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO. Discute-se, in casu , o direito
da reclamante à percepção de adicional de insalubridade, em razão da
realização de atividades de limpeza e de higienização de sanitários no hotel
em que laborava. Trata-se de decisão proferida pela Turma em 2012,
portanto, antes do cancelamento da Orientação Jurisprudencial nº 4 da SbDI-1
desta Corte, por meio da Resolução nº 194/2014, a qual foi convertida na
Súmula nº 448 desta Corte. Na hipótese, a Turma entendeu que a coleta de
lixo realizada pela reclamante nas circunstâncias descritas não pode ser
equiparada à de lixo urbano, em razão da ausência de previsão no anexo 14
da NR-15 da Portaria nº 3.214/78 do Ministério do Trabalho e Emprego,
consoante estabelecido no item II da Orientação Jurisprudencial nº 4 da SbDI-1
desta Corte, que estabelecia, em seu item II, que ‘a limpeza em residências e
escritórios e a respectiva coleta de lixo não podem ser consideradas
atividades insalubres, ainda que constatadas por laudo pericial, porque não se
encontram dentre as classificadas como lixo urbano na Portaria do Ministério
do Trabalho’. Contudo, a situação dos autos não envolve atividade de limpeza
e recolhimento de lixo em residências e escritórios, mas sim de limpeza em
banheiros públicos utilizados por número indeterminado de pessoas,
considerando se tratar de um hotel, onde a rotatividade de hóspedes é
elevada. Nesse sentido, a Súmula nº 448, item II, desta Corte (antiga
Orientação Jurisprudencial nº 4, item II), segundo a qual ‘a higienização de
instalações sanitárias de uso público ou coletivo de grande circulação, e a
respectiva coleta de lixo, por não se equiparar à limpeza em residências e
escritórios, enseja o pagamento de adicional de insalubridade em grau
máximo, incidindo o disposto no Anexo 14 da NR-15 da Portaria do MTE nº
3.214/78 quanto à coleta e industrialização de lixo urbano’. Constatado,
portanto, que a reclamante realizava a limpeza e a coleta de lixo dos
banheiros existentes no hotel em que trabalhava e tendo em vista que esses
estabelecimentos são utilizados por público numeroso e diversificado, com
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grande rodízio de hóspedes, tem-se que essa circunstância se equipara à
coleta de lixo urbano, sendo devido o pagamento do adicional de
insalubridade. Embargos conhecidos e providos."
(TST-E-ED-ARR-815-26.2010.5.04.0352, Rel. Min. José Roberto Freire Pimenta,
Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, DEJT de 31/10/2018)

"RECURSO DE EMBARGOS EM RECURSO DE REVISTA REGIDO PELA LEI Nº


13.015/2014. ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. CAMAREIRA DE HOTEL.
APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº 448, II, DO TST. A Súmula nº 448, II, do TST
preconiza que ‘a higienização de instalações sanitárias de uso público ou
coletivo de grande circulação, e a respectiva coleta de lixo, por não se
equiparar à limpeza em residências e escritórios, enseja o pagamento de
adicional de insalubridade em grau máximo, incidindo o disposto no Anexo 14
da NR-15 da Portaria do MTE nº 3.214/78 quanto à coleta e industrialização de
lixo urbano’. O posicionamento que prevalece nesta Corte é de que a regra do
Anexo nº 14 da NR-15 da Portaria nº 3.214/78 do Ministério do Trabalho se
aplica nos casos em que os camareiros trabalham em estabelecimento
frequentado por um número indeterminado de clientes com rotatividade
considerável, como se verifica no caso dos autos. Precedentes. Recurso de
embargos conhecido e não provido." (TST-E-RR-503-89.2016.5.23.0003, Rel.
Min. Cláudio Mascarenhas Brandão, Subseção I Especializada em Dissídios
Individuais, DEJT de 11/10/2018)

"RECURSO DE EMBARGOS REGIDO PELA LEI 11.496/2007. ADICIONAL DE


INSALUBRIDADE. LIMPEZA E COLETA DE LIXO EM BANHEIROS DE HOTEL DE
GRANDE CIRCULAÇÃO DE PESSOAS. INAPLICABILIDADE O ITEM II DA
ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL Nº 4 DA SBDI-1 DO TST. De acordo com o
Anexo 14 da NR-15 da Portaria 3.214/78 do Ministério do Trabalho e Emprego,
o trabalhador que tem contato permanente com lixo urbano tem direito ao
adicional de insalubridade em grau máximo. Por essa razão, esta Corte tem
entendido não se aplicar o item II da Orientação Jurisprudencial nº 4 quando
se trata de higienização de banheiros situados em local de grande circulação
de pessoas e da respectiva coleta de lixo, e não de mera coleta de lixo de
residências e escritórios. Desse modo, restando revelado no acórdão regional
que 'as atividades da Reclamante como Auxiliar de Limpeza consistiam na
limpeza do piso do salão do centro de eventos da ré com vassoura do tipo
bruxa, pano, rodo e desengraxante alcalino, e na limpeza e coleta do lixo de
dois banheiros de uso do público com cerca de dez vasos sanitários cada um,
além de um banheiro da área administrativa, com utilização de água sanitária
e desinfetante', conclui-se que a reclamante tem direito ao pagamento do
adicional de insalubridade. Recurso de embargos conhecido e provido."
(E-ED-RR-582-32.2010.5.04.0351, Rel. Min. Augusto César Leite de Carvalho,
Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, DEJT 14/11/2013.)
(destaques meus)

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Também não procede a alegação de divergência jurisprudencial
e contrariedade às Súmulas 80 e 126 do TST, sob o aspecto de ter havido fornecimento
de EPI capaz de neutralizar o agente insalubre.
A premissa fática relativa à utilização de equipamentos de
proteção individual ser suficiente para neutralizar eventual contato com agentes
químicos e biológicos não foi alterada no acórdão turmário.
Ao contrário disso, a Quinta Turma deste Tribunal, após
transcrever as razões de decidir do TRT consignadas nos julgamentos do recurso
ordinário e dos embargos de declaração, afirmou inclusive na ementa que “em que
pese o registro fático realizado pelo e. TRT de que havia a utilização de equipamentos
de proteção individual suficientes para neutralizar eventual contanto (sic) com agentes
químicos e biológicos, este Tribunal Superior vem, reiteradamente, decidindo no
sentido de que a higienização de banheiros de apartamentos de hotel, ambiente com
grande circulação de pessoas, autoriza o pagamento de adicional de insalubridade, nos
termos do item II da Súmula nº 448 desta Corte”. (fl. 965)
Em atenção à alegada contrariedade à Súmula 80 do TST,
notadamente quanto ao fato de o recebimento de EPI elidir o agente biológico, extrai-se
do acórdão regional registro que, na audiência de instrução, foi definida a utilização do
laudo pericial produzido na Reclamação Trabalhista nº 0001005-36.2017.5.21.0007,
como prova emprestada, sem registro de protesto ou recurso pelo reclamante.
Ao negar que a atividade desenvolvida teria contato com lixo
urbano, o perito teria respondido que a “utilização da Luva não neutraliza o agente ‘lixo
urbano (coleta e industrialização).’” (fl. 642)
Depois disso, o TRT acrescentou:

“É de se destacar que no laudo pericial utilizado como prova nestes


autos há a indicação da utilização de equipamentos de proteção individual,
consistentes em botas, luvas de látex, vestimenta e eventualmente máscara
descartável, destacando o expert a existência de treinamento para a utilização
dos EPIs, o que, inclusive, está comprovado pela documentação trazida com a
defesa” (fl. 976)

Na sequência, o TRT faz referência a outro laudo pericial, o qual


teria sido realizado no Processo nº 0000181-74.2017.5.21.0008, dizendo que ali “restou
apurado que havia o fornecimento e utilização dos equipamentos de proteção”. (fl. 976)
Após a transcrição desse segundo laudo pericial, o TRT concluiu:

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“Assim, a prova produzida no presente processo não autoriza
entendimento diverso daquele expendido na origem, sendo relevante pontuar
que, apesar da alegação do reclamante de que os equipamentos de proteção
não serviriam para tal desiderato, tem-se que não encontra ressonância nos
elementos fornecidos pela perícia técnica, conforme transcrição supra.” (fl.
977)

A tese adotada pelo TRT consistiu em fixar o entendimento de


que o trabalho na limpeza e higienização de instalações sanitárias de hotéis não
assegura ao reclamante o direito ao adicional de insalubridade, notadamente “porque o
número de usuários naquele tipo de estabelecimento é bem menor do que nos de uso
público ou coletivo, e, ainda, em razão do tempo de permanecia mínima, estrutura
diversificada e a finalidade do serviço prestado” (fl. 974) , assemelhando-se à realidade
de uma residência.
Prosseguindo na verificação das condições ambientais de
trabalho, o TRT afirmou que houve o fornecimento e a utilização dos equipamentos de
proteção ao reclamante.
Apesar de constar que a prova pericial não corroborava a
afirmação do reclamante de que os equipamentos de proteção não serviram para tal
fim, é certo que o próprio TRT, tanto no julgamento do recurso ordinário como no
acórdão dos embargos de declaração, também destacou a resposta ao quesito de
número sete da perícia técnica (uma das provas emprestadas), na qual o perito fez
constar que a “utilização da Luva não neutraliza o agente ‘lixo urbano (coleta e
industrialização’” (destaque acrescido – fl. 976).
O artigo 191 da CLT prescreve: “A eliminação ou a neutralização
da insalubridade ocorrerá: I - com a adoção de medidas que conservem o ambiente de
trabalho dentro dos limites de tolerância; II - com a utilização de equipamentos de
proteção individual ao trabalhador, que diminuam a intensidade do agente agressivo a
limites de tolerância”. O primeiro inciso refere, portanto, as medidas de proteção
coletiva, e o inciso segundo faz alusão aos equipamentos de proteção individual (EPI),
Atualmente, a ordem jurídica prioriza a adoção dessas medidas
protetivas em detrimento do direito de o empregado receber citados adicionais. A
primazia do princípio da dignidade humana, em sintonia com o direito fundamental a
um ambiente de trabalho ecologicamente equilibrado, são incompatíveis com a ideia de

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que todo mal presente no habitat laboral pode ser compensado por dinheiro, ou seja,
por algum adicional que compense o dano à saúde ou à vida do trabalhador.
Nos termos do artigo 194 da CLT, o empregador se desonera do
adicional de insalubridade quando logra eliminar ou neutralizar o agente insalubre.
A conclusão negativa da perícia, embora tenha reconhecido que
a utilização da luva no manuseio do lixo nos estabelecimentos de hotelaria não tenha
neutralizado o agente biológico, não elide a constatação de ter o próprio TRT, tanto no
julgamento do recurso ordinário como no acórdão dos embargos de declaração,
também destacado a resposta ao quesito de número sete da perícia técnica (uma das
provas emprestadas), na qual o perito fez constar que a “utilização da Luva não
neutraliza o agente ‘lixo urbano (coleta e industrialização)’”. Portanto, não se está
diante da hipótese de neutralização do risco a desobrigar o empregador de pagar o
adicional de insalubridade por exposição a agentes biológicos a que se refere o Anexo
14 da NR 15 do Ministério do Trabalho e Emprego.
No ponto, e de toda sorte, oportuno relembrar o voto proferido
pelo Exmo. Ministro Hugo Carlos Scheuermann transcrito no acórdão do julgamento do
Incidente de Recurso Repetitivo nº TST-IRR-1086-51.2012.5.15.0031 (Tema 08),
precisamente na parte que explica:

“Diferentemente da insalubridade por critérios quantitativos, a


insalubridade por exposição a agentes biológicos, a que se refere o Anexo 14
da NR 15, é de natureza qualitativa, ou seja, não se submete a níveis de
tolerância, tampouco é neutralizada com o uso de EPIs - que, no máximo,
minimizam o risco:

"A análise da insalubridade por agentes biológicos é feita de


maneira qualitativa, isto é, não há limites de tolerância fixados, o
que torna a análise mais difícil e complexa.
(...) a insalubridade por agentes biológicos é inerente à
atividade, isto é, não há eliminação com medidas aplicadas ao
ambiente nem neutralização com o uso de EPIs. A adoção de
sistema de ventilação e o uso de luvas, máscaras e outros
equipamentos que evitem o contato com agentes biológicos
podem apenas minimizar o risco" (Insalubridade e Periculosidade:
aspectos técnicos e práticos/ Tuffi Messias Saliba, Márcia Angelim
Chaves Corrêa. – 17. ed.- São Paulo: LTr, 2019, pp. 140;146).

A partir de dados destacados pelo próprio TRT, sem alterá-los ou


desconsiderá-los, entende-se que a conclusão do acórdão turmário quanto ao
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Poder Judiciário fls.36
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho

PROCESSO Nº TST-Ag-E-ED-Ag-RR - 720-32.2020.5.21.0009

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1005A34E49B6E0417C.
pagamento do adicional de insalubridade ao empregado de hotel que exerceu a função
de auxiliar de serviços gerais realizando a limpeza e higienização dos sanitários do hotel
reclamado com 214 leitos, encontra-se em consonância com a jurisprudência já
pacificada no âmbito desta Corte Superior que, ao examinar a matéria a partir da
verificação da ocorrência de alta circulação de pessoas em banheiros de hotéis,
concluiu que a atividade de limpeza de banheiros deve ser enquadrada no Anexo 14 da
Norma Regulamentadora nº 15 do Ministério do Trabalho e Emprego, na qual a
insalubridade nas atividades que envolvam agentes biológicos é caracterizada pela
avaliação qualitativa.
Demonstrado que, no caso, a tese jurídica encontra respaldo em
fato admitido na instância da prova, quanto à utilização de luva a não neutralizar o
agente lixo urbano (coleta e industrialização), entendem-se inespecíficos os dois arestos
originários da Sexta Turma (RRAg-621-74.2020.5.21.0005 e RR-181-74.2017.5.21.0008)
apresentados para confronto de teses (súmula 296, I, do TST).
Nesse contexto, não sendo possível extrair do acórdão proferido
pelo Tribunal Regional que a insalubridade foi neutralizada ou eliminada, ao contrário
disso, há registro fornecido pela prova pericial que a utilização da luva não estava a
neutralizar o agente nocivo à saúde do reclamante, não há como reconhecer a alegada
contrariedade à Súmula 80 do TST, que exige a "eliminação da insalubridade" para que
se afaste o direito ao respectivo adicional.
Inviável, pois, o processamento dos embargos por divergência
jurisprudencial e contrariedade às Súmulas 80, 126 e 448, II, do TST, razão pela qual
deve ser mantida a decisão agravada.
Assim, nego provimento ao agravo.

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Subseção I Especializada em Dissídios


Individuais do Tribunal Superior do Trabalho, por unanimidade, conhecer e negar
provimento ao agravo do reclamado.
Brasília, 21 de março de 2024.

Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)

AUGUSTO CÉSAR LEITE DE CARVALHO


Ministro Relator
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