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Poder Judiciário

Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho

PROCESSO Nº TST-AIRR-21112-49.2016.5.04.0124

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ACÓRDÃO
(8ª Turma)
GDCEP/ raa /

AGRAVO DE INSTRUMENTO DO ÓRGÃO DE


GESTÃO DE MÃO-DE-OBRA DO TRABALHO
PORTUÁRIO AVULSO DO PORTO
ORGANIZADO DO RIO GRANDE - OGMO
1. INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº
13.467/2017. TRABALHADOR PORTUÁRIO
AVULSO. PRESCRIÇÃO. TRANSCENDÊNCIA
NÃO RECONHECIDA. NÃO PROVIMENTO.
Esta Corte Superior, por meio da SBDI-1, firmou
o posicionamento de que, em casos
envolvendo trabalhadores portuários avulsos,
aplica-se a prescrição quinquenal, tendo em
vista o caráter contínuo do vínculo que se
estabelece entre o trabalhador portuário e o
Órgão Gestor de Mão de Obra. Assim, a
prescrição bienal somente tem incidência em
hipóteses nas quais tenha ocorrido o
cancelamento do registro ou do cadastro do
trabalhador avulso no órgão gestor de mão de
obra, a partir de quando se iniciará a contagem
do prazo prescricional. Entendimento firmado
na sessão do dia 4/8/2016, quando do
julgamento do Processo nº TST-
E-ED-RR-183000-24.2007.5.05.0121.
Cumpre destacar que o Supremo Tribunal
Federal, por maioria, na Sessão Virtual de
19.3.2021 a 26.3.2021, julgou improcedente
a ADI 5132 , reconhecendo a
constitucionalidade do § 4º do artigo 37 da Lei
nº 12.815/2013, segundo o qual a pretensão
relativa aos créditos decorrentes da relação de
trabalho avulso prescreve em cinco anos até o
limite de dois anos, contados a partir do

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cancelamento do registro ou o do cadastro no


órgão gestor de mão de obra.
Na hipótese, o egrégio Tribunal Regional
registrou ser inviável a adoção
da prescrição trienal, tendo em vista que, ainda
que se trate de pedido de condenação em
dano moral, a matéria discutida no bojo da
ação trabalhista deve seguir os prazos
prescricionais dispostos para essa Justiça
Especializada, consignou também que não há
falar em prescrição bienal, pois tal prazo
somente ocorre quando deixa de existir o
registro perante o órgão gestor de mão de
obra.
Destarte, verifica-se que a decisão recorrida
está em consonância com a jurisprudência
deste colendo Tribunal Superior, o
conhecimento do recurso de revista esbarra no
óbice disposto no artigo 896, § 7º, da CLT e na
Súmula nº 333.
A incidência do óbice contido na Súmula
nº 333 é suficiente para afastar a
transcendência da causa, uma vez que
inviabilizará a aferição da existência de
eventual questão controvertida no recurso de
revista, e, por conseguinte, não serão
produzidos os reflexos gerais, nos termos
previstos no § 1º do artigo 896-A da CLT.
Agravo de instrumento a que se nega
provimento.
2. TEMAS: 1)ILEGITIMIDADE PASSIVA AD
CAUSAM. 2) COMPENSAÇÃO POR DANOS
MORAIS. NÃO CUMPRIMENTO DOS
REQUISITOS DO § 1º-A DO ARTIGO 896 DA
CLT. TRANSCENDÊNCIA NÃO RECONHECIDA.
NÃO PROVIMENTO.

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Esta Corte Superior tem entendido que é


necessário que a parte recorrente transcreva
os trechos da decisão regional que
consubstanciam o prequestionamento das
matérias objeto do recurso de revista,
promovendo o cotejo analítico entre os
dispositivos legais e constitucionais invocados
ou a divergência jurisprudencial noticiada e os
fundamentos adotados pela Corte de Origem,
não sendo suficiente a mera transcrição da
ementa da decisão recorrida nas razões do
recurso de revista. Inteligência do artigo 896, §
1º-A, I, da CLT. Precedentes.
Na hipótese, nas razões do recurso de revista,
constata-se que a reclamada em relação ao
tema “ILEGITIMIDADE PASSIVA” trouxe apenas
o trecho da decisão Regional que relata que a
análise do tema será feita juntamente com o
mérito, sem indicar, entretanto, os trechos em
que houve a análise da matéria, e quanto ao
tema “COMPENSAÇÃO POR DANOS MORAIS”
não trouxe a indicação de nenhum trecho do
acórdão no tópico, não sendo observado,
portanto, o disposto no artigo 896, §1º-A, I, da
CLT.
A incidência do óbice contido no artigo 896, §
1º-A, I, da CLT é suficiente para afastar a
transcendência da causa, uma vez que
inviabilizará a aferição da existência de
eventual questão controvertida no recurso de
revista, e, por conseguinte, não serão
produzidos os reflexos gerais, nos termos
previstos no § 1º do artigo 896-A da CLT.
Agravo de instrumento a que se nega
provimento.
3. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DO
ÓRGÃO GESTOR DE MÃO DE OBRA PELO
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DANO EXTRAPATRIMONIAL.
TRANSCENDÊNCIA NÃO RECONHECIDA. NÃO
PROVIMENTO.
Cinge-se a controvérsia em aferir se o Órgão
Gestor de Mão de Obra - OGMO responde de
forma solidária pelo pagamento de
indenização por danos morais decorrentes de
condições inadequadas no ambiente de
trabalho.
Sobre a matéria a jurisprudência desta Corte
possui entendimento de que o OGMO
responde pelas condições degradantes de
trabalho, uma vez que possui o dever de
fiscalizar as instalações e averiguar
irregularidades, tendo em vista o disposto no
artigo 33, V, da Lei nº 12.815/2013.
Precedentes.
No caso, o egrégio Tribunal Regional
consignou, com base no artigo 33, V, da Lei nº
12.815/2013, que não há falar em ausência de
responsabilização do recorrente, uma vez que
o órgão gestor de mão de obra possui dever
imposto pela Lei de fiscalizar as instalações
sanitárias e pontos de hidratação para os
trabalhadores tanto em terra quanto a bordo.
A referida decisão se encontra em consonância
com a jurisprudência deste colendo Tribunal
Superior, o conhecimento do recurso de revista
esbarra no óbice disposto no artigo 896, § 7º,
da CLT e na Súmula nº 333.
A incidência do óbice contido na Súmula
nº 333 é suficiente para afastar a
transcendência da causa, uma vez que
inviabilizará a aferição da existência de
eventual questão controvertida no recurso de
revista, e, por conseguinte, não serão

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produzidos os reflexos gerais, nos termos


previstos no § 1º do artigo 896-A da CLT.
Agravo de instrumento a que se nega
provimento.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo de


Instrumento em Recurso de Revista n° TST-AIRR-21112-49.2016.5.04.0124, em que é
Agravante ÓRGÃO DE GESTÃO DE MÃO-DE-OBRA DO TRABALHO PORTUÁRIO
AVULSO DO PORTO ORGANIZADO DO RIO GRANDE - OGMO e é Agravado
ALEXANDRE COSTA DIAS e ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL.

Insurge-se o Órgão de Gestão de Mão-De-Obra do Trabalho


Portuário Avulso do Porto Organizado do Rio Grande - OGMO por meio de agravo de
instrumento, contra decisão proferida pelo egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 4ª
Região, que negou seguimento ao recurso de revista por julgar ausente pressuposto de
admissibilidade específico.
Alega o agravante, em síntese, que o seu apelo merece ser
destrancado.
Contraminuta e contrarrazões ausentes.
O d. Ministério Público do Trabalho oficiou nos autos não
provimento do agravo de instrumento (fl. 912/9330, numeração eletrônica).
É o relatório.

VOTO

1. CONHECIMENTO

Presentes os pressupostos extrínsecos de admissibilidade


referentes à tempestividade, à regularidade da representação processual e ao preparo,
passo ao exame do mérito do agravo de instrumento.

2. TRANSCENDÊNCIA
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À luz do artigo 246 do Regimento Interno desta colenda Corte


Superior, as normas relativas ao exame da transcendência, previstas no artigo 896-A da
CLT, com as inovações trazidas pela Lei nº 13.467/2017, serão aplicáveis aos recursos de
revista interpostos contra acórdãos publicados a partir de 11.11.2017.
Assim, uma vez que o agravo de instrumento em exame visa a
destrancar recurso de revista interposto após a entrada em vigor da Lei nº 13.467/2017,
deve ser feita a análise da transcendência.
De acordo com o artigo 896-A da CLT, a esta colenda Corte
Superior, em sede de recurso de revista, compete examinar previamente a
transcendência da causa em relação aos reflexos gerais de natureza econômica,
política, social ou jurídica. Nessa perspectiva, por meio do aludido instrumento recursal
extraordinário, apenas serão objeto de exame as matérias controvertidas que
ultrapassem a esfera dos interesses subjetivos das partes litigantes.
Não se pode olvidar que os artigos 926 e 927 do CPC,
plenamente aplicáveis nesta Justiça Especializada, reconheceram a função nomofilácica
dos Tribunais Superiores, aos quais compete garantir a unidade do Direito, a partir da
uniformização da interpretação dos enunciados normativos aplicáveis às demandas de
sua competência.
Desse modo, ao Tribunal Superior do Trabalho é atribuído o
encargo de uniformizar a interpretação dos enunciados legais e constitucionais em
matéria de sua competência, de modo que os precedentes por ele editados deverão ser
aplicados pelos demais julgadores e Tribunais Regionais do Trabalho aos casos
semelhantes ou idênticos.
Cumpre destacar, por oportuno, que, a despeito de esta Corte
deter competência para examinar questões constitucionais em sede recursal
extraordinária, ao Supremo Tribunal Federal cabe proferir a última palavra acerca da
matéria, tendo em vista que o Poder Constituinte originário a ele outorgou a função de
guarda da Constituição Federal.
No caso do instituto da transcendência, o Tribunal Superior do
Trabalho foi autorizado, pelo legislador, a selecionar as matérias relevantes e de
interesse público, conferindo-lhes meios para o exercício de seu mister, deixando
evidente que esta não se trata de mera Corte de revisão.

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O § 1º do artigo 896-A da CLT estabelece os parâmetros em que é


possível reconhecer o interesse público no julgamento da causa e, por conseguinte, a
sua transcendência, ao prever os indicadores de ordem econômica, política, jurídica e
social.
Com relação ao critério político, este estará evidenciado nas
hipóteses em que o Tribunal Regional de origem deixar de observar as decisões
proferidas em controle concentrado de constitucionalidade, as súmulas vinculantes do
excelso Supremo Tribunal Federal, os acórdãos proferidos em incidente de recurso
repetitivo ou em repercussão geral, bem como os verbetes jurisprudenciais desta
colenda Corte Superior ou a sua jurisprudência atual, iterativa e notória.
No que concerne ao critério social, para a caracterização deste,
a discussão veiculada no feito deve envolver direitos sociais constitucionalmente
assegurados nos artigos 6º ao 11 da Constituição Federal.
O critério jurídico, por sua vez, estará configurado quando se
tratar de questão nova em torno da interpretação da legislação federal ou, a despeito
de a matéria não ser atual no âmbito desta Corte, ainda não haja pacificação do
entendimento a seu respeito.
Por fim, a transcendência econômica demanda que o valor
atribuído à causa ou à condenação seja considerado elevado para os fins da lei,
suficiente para produzir reflexos gerais.

3. MÉRITO

3.1 TRABALHADOR PORTUÁRIO AVULSO. PRESCRIÇÃO

A respeito do tema, o egrégio Tribunal Regional assim decidiu:

“1. PRESCRIÇÃO.
(...)
Conforme demonstrativo financeiro das fls. 196/201 do pdf, verificam-se
pagamentos pelo OGMO/RG ao reclamante, desde jan/2012 e pelo menos até
fev/2017.
Não se acolhe a pretensão esposada pelo reclamado, adotando-se,
quanto à matéria, entendimento no sentido de que, relativamente aos
trabalhadores portuários avulsos inexiste a figura da extinção contratual para
se aplicar a prescrição bienal, sendo neste sentido inclusive decisão deste
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Colegiado proferida por este relator, nos autos do processo nº


0027700-07.2008.5.04.0010, publicado em 14-10-2009, cujos fundamentos,
transcritos abaixo, adotam-se como razões de decidir:
O prazo prescricional deve ser contado a partir do último
trabalho prestado, assim como a prescrição quinquenal deve ser
contada para o passado a partir do ajuizamento da ação. Aplica-se
à hipótese a regra contida no artigo 453 da CLT, computando-se
no tempo de serviço do empregado os períodos ainda que não
contínuos. Deve ser considerado que a relação se estabelece
com o órgão gestor de mão-de-obra, perdurando enquanto
existir o registro do trabalhador avulso.
Ainda, tratando-se a presente ação de matéria objeto de competência
desta Justiça Especializada, não se aplicam as disposições do Código Civil
acerca da prescrição, ainda que se trate de ação de indenização por dano
moral.
Assim, distribuída a presente reclamação em 14-12-2016 (fl. 02 do
pdf), declaram-se prescritos os créditos anteriores a 14-12-2011, a teor do
artigo 7º, inciso XXIX, da Constituição Federal, conforme decidido na
origem.
Aos fundamentos expendidos, nega-se provimento ao recurso
interposto pelo OGMO no item.”(fls. 732, numeração eletrônica, sem grifos no
original)

Inconformada, a parte recorrente interpôs recurso de revista,


por meio do qual requer reforma da decisão Regional, ao argumento, em síntese, que
incide no caso a prescrição bienal, pois defende que cada turno de trabalho é
desvinculado do anterior.
Afirma que, igualmente, que deve ser aplicada a prescrição
trienal descrita no Código Civil, tendo em vista a parcela pleiteada.
Indica violação dos artigos 1º, 5º, caput, Il, XXXVI, LIV, e 7º, XXIX e
XXXIV, da Constituição Federal.
A autoridade responsável pelo juízo de admissibilidade a quo,
por julgar ausente pressuposto de admissibilidade específico, decidiu denegar
seguimento ao recurso.
Já na minuta em exame, a ora agravante, ao impugnar a d.
decisão denegatória, reitera as alegações anteriormente expendidas.
Sem razão.

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Inicialmente, cumpre salientar que a reclamada atendeu a


exigência do artigo 896, § 1º-A, I, da CLT, conforme se observa às fls. 923, numeração
eletrônica.
A presente controvérsia centra-se em definir, à luz do artigo 7º,
XXIX, da Constituição Federal, qual a prescrição a ser aplicada nas ações evolvendo
direitos do trabalhador portuário avulso.
De acordo com o artigo 7º, XXIX, da Constituição Federal, a
pretensão relativa aos créditos resultantes das relações de trabalho prescreverá em
cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, observado o limite de dois anos
após a extinção do contrato de trabalho.
É cediço que o entendimento anteriormente firmado nesta
colenda Corte Superior, por meio da Orientação Jurisprudencial nº 384 da SBDI-1,
atualmente cancelada, era no sentido de reconhecer como marco inicial para a
prescrição bienal, no caso de trabalhador avulso, a cessação do trabalho ultimado para
cada tomador de serviço.
Ocorre que este entendimento foi alterado, passando-se a
reconhecer que, a despeito de não haver a formação de vínculo de emprego entre os
trabalhadores e o órgão de gestão de mão de obra (OGMO) – considerando-se que a
sua função é atuar na intermediação e organização do serviço portuário -, a prescrição
bienal será contada a partir do cancelamento do registro ou do cadastro do trabalhador
avulso no OGMO.
Nesse sentido, a egrégia Subseção I Especializada em Dissídios
Individuais, na sessão do dia 4.8.2016, decidiu, por maioria, quando do julgamento do
Processo nº TST- E-ED-RR-183000-24.2007.5.05.0121, que a prescrição bienal somente
se mostra aplicável quando houver o descredenciamento do trabalhador do órgão
gestor de mão de obra, de modo que, na ausência do referido descredenciamento,
permanece a aplicação da prescrição quinquenal, em razão da relação contínua
estabelecida entre o trabalhador portuário e o OGMO.
Por oportuno, trago à colação a ementa do referido julgado:

"EMBARGOS REGIDOS PELA LEI Nº 11.496/2007. EMBARGOS DOS


RECLAMADOS. MATÉRIA COMUM. ANÁLISE CONJUNTA. TRABALHADOR
PORTUÁRIO AVULSO. PRESCRIÇÃO BIENAL. CONTAGEM DO PRAZO
PRESCRICIONAL A PARTIR DA DATA DO DESCREDENCIAMENTO DO
TRABALHADOR AVULSO DO ORGÃO GESTOR DE MÃO DE OBRA (OGMO).
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CANCELAMENTO DA ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL Nº 384 DA SBDI-1. O


Tribunal Pleno desta Corte, em decorrência dos debates realizados na
denominada "Semana do TST", no período de 10 a 14/9/2012, decidiu, em
sessão realizada em 14/9/2012, por meio da Resolução 186/2012 (DJE de 25,
26 e 27/9/2012), cancelar a Orientação Jurisprudencial nº 384 da SBDI-1.
Assim, não mais prevalece, nesta Corte superior, o entendimento consagrado
no verbete jurisprudencial cancelado, de que, nos processos envolvendo os
trabalhadores avulsos, a prescrição bienal prevista no artigo 7º, inciso XXIX, da
Constituição Federal de 1988 conta-se da data do término de cada prestação
de serviços aos seus tomadores, uma vez que o trabalhador avulso não
mantém contrato de trabalho típico com os tomadores. Prevalece, agora, o
entendimento de que, no caso de trabalhador avulso portuário, a prescrição
bienal será contada a partir da data do seu descredenciamento do Órgão
Gestor de Mão de Obra - OGMO. Isso se explica pela circunstância de que o
Órgão Gestor de Mão de Obra - OGMO (ao qual permanecem ligados, de
forma direta, sucessiva e contínua, os trabalhadores) faz a intermediação
entre os trabalhadores e os vários e sucessivos tomadores dos seus serviços e
repassa àqueles os valores pagos por esses últimos. Por outro lado, com a
adoção desse novo entendimento, não se está ofendendo o preceito do artigo
7º, inciso XXIX, da Constituição Federal, sem dúvida também aplicável aos
trabalhadores avulsos, por força do inciso XXXIV do mesmo dispositivo
constitucional. Ademais, foi recentemente editada a Lei nº 12.815, de
5/6/2013, na qual, corroborando o entendimento jurisprudencial desta Corte
superior, por meio do seu art. 37, § 4º, dispõe-se que "as ações relativas aos
créditos decorrentes da relação de trabalho avulso prescrevem em 5 (cinco)
anos até o limite de 2 (dois) anos após o cancelamento do registro ou do
cadastro no órgão gestor de mão de obra". Nesse contexto, está
expressamente reconhecido na atual legislação que a prescrição bienal, na
hipótese de trabalhador avulso, deve ser contata a partir o cancelamento do
registro ou do cadastro no órgão gestor de mão de obra, o que afasta a tese
dos reclamados de que a prescrição deve ser observada a partir de cada
engajamento. Registra-se, ainda, que, como a prescrição bienal somente tem
lugar quando houver o descredenciamento do trabalhador do órgão gestor de
mão de obra, na ausência do referido descredenciamento permanece a
aplicação da prescrição quinquenal em razão do liame contínuo que se
estabelece entre o trabalhador portuário e o OGMO
(E-RR-65500-90.2009.5.04.0121, Relator Aloysio Corrêa da Veiga, julgado em
28/4/2016, publicado no DEJT do dia 6/5/2016). No caso ora em exame, ante a
ausência de cancelamento do registro ou do cadastro do reclamante no
OGMO, em razão da continuidade da prestação do serviço, não há falar em
pronúncia da prescrição bienal, conforme pretendem os reclamados.
Embargos não conhecidos. EMBARGOS ADESIVOS INTERPOSTOS PELOS
RECLAMANTES. Nos termos do artigo 500, inciso III, do CPC/73 e 997, inciso III,
do novo CPC, o recurso adesivo se subordina ao recurso principal, que, uma

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vez não conhecido, obsta o conhecimento do qual a ele aderiu. Recurso de


embargos adesivo não conhecido." (E-ED-RR - 183000-24.2007.5.05.0121 ,
Relator Ministro: José Roberto Freire Pimenta, Data de Julgamento:
04/08/2016, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Data de
Publicação: DEJT 19/08/2016)

Esta compreensão era extraída da interpretação conferida ao §


3º do artigo 27 da Lei nº 8.630/1993 e, posteriormente, com a edição da Lei nº
12.815/2013, passou a constar, de forma literal, do preceito contido no § 4º do artigo 37,
de seguinte teor:

"Art. 37. (...).


(...).
§ 4º As ações relativas aos créditos decorrentes da relação de trabalho
avulso prescrevem em 5 (cinco) anos até o limite de 2 (dois) anos após o
cancelamento do registro ou do cadastro no órgão gestor de mão de obra."

Cumpre destacar que a constitucionalidade do aludido preceito


foi questionada perante o excelso Supremo Tribunal Federal, na ADI 5132, julgada
improcedente, por maioria, na Sessão Virtual de 19.3.2021 a 26.3.2021. Tem-se,
portanto, que no aludido julgamento foi afastada a pecha de inconstitucionalidade do §
4º do artigo 37 da Lei 12.815/2013, conforme registrado na ementa do acórdão
proferido pela excelsa Corte:

"Ementa: Ação direta de inconstitucionalidade. 2. Preliminar de


ilegitimidade ativa fastada. FENOP. Associação de Associações. Precedentes. 3.
Impugnação do §4º do art. 37 da Lei 12.815/2013. Novo Marco Regulatório do
Setor Portuário. Termo inicial para contagem do prazo prescricional
consistente no cancelamento do registro junto ao Órgão Gestor de Mão de
Obra (OGMO). 4. Alegação de violação ao princípio da segurança jurídica e ao
disposto no art. 7º, inciso XXIX, da CF/88. 5. A Constituição da República, ao
consignar, em seu art. 7º, o direito "à ação, quanto aos créditos resultantes
das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os
trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do
contrato de trabalho (inciso XXIX) e "a igualdade de direitos entre o
trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso"
(inciso XXXIV), não elidiu a possibilidade de que, dentro do preceituado pelas
normas constitucionais, em atenção aos princípios da valorização social do
trabalho (art. 1º, IV) e de justiça social (arts. 3º, I a III; 7º a 9º, 170 e 193),
fossem reguladas de modo diverso para atender às particularidades e às
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condições de trabalhos próprias da relação laboral avulsa. 6. Constitui o


OGMO ente a que se vincula de forma estável, isto é, de forma fixa e
constante, o trabalhador portuário avulso, para fins de gozo de seus direitos
trabalhistas. Parece adequado, portanto, que o prazo quinquenal ou bienal
seja aplicado considerando o vínculo com o órgão gestor. A solução, por sua
vez, possibilita a aplicação, na prática, do prazo quinquenal, privilegiando o
espírito que animou o legislador constituinte ao promover a ampliação do
prazo prescricional e da proteção social conferida ao trabalhador. 7. Pedido
em ação direta de inconstitucionalidade julgado improcedente." (ADI 5132,
Relator(a): GILMAR MENDES, Relator(a) p/ Acórdão: EDSON FACHIN, Tribunal
Pleno, julgado em 29/03/2021, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-071 DIVULG
14-04-2021 PUBLIC 15-04-2021)

Na hipótese, o egrégio Tribunal Regional registrou ser inviável a


adoção da prescrição trienal, tendo em vista que, ainda que se trate de pedido de
condenação em dano moral, à matéria discutida no bojo da ação trabalhista deve seguir
os prazos prescricionais dispostos para essa Justiça Especializada, consignou também
que não há falar em prescrição bienal, pois tal prazo somente ocorre quando deixa de
existir o registro perante o órgão gestor de mão de obra.
Destarte, verifica-se que a decisão recorrida está em
consonância com a jurisprudência deste colendo Tribunal Superior, o conhecimento do
recurso de revista esbarra no óbice disposto no artigo 896, § 7º, da CLT e na Súmula nº
333.
A incidência do óbice contido na Súmula nº 333 é suficiente para
afastar a transcendência da causa, uma vez que inviabilizará a aferição da existência de
eventual questão controvertida no recurso de revista, e, por conseguinte, não serão
produzidos os reflexos gerais, nos termos previstos no § 1º do artigo 896-A da CLT.
Nego provimento ao agravo de instrumento.

3.2 TEMAS: ILEGITIMIDADE PASSIVA E COMPENSAÇÃO POR


DANOS MORAIS

Verifica-se que o v. acórdão regional foi publicado já na vigência


da Lei no 13.015/2014, que alterou a sistemática de processamento do recurso de
revista, acrescentando aos requisitos específicos do apelo a necessidade de transcrição

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do trecho da decisão regional que consubstancia o prequestionamento da matéria


objeto de impugnação, sob pena de não conhecimento do recurso.
É o que dispõe o inciso I do § 1º-A do artigo 896 da CLT:

"Art. 896...

(...)

§ 1º-A. Sob pena de não conhecimento, é ônus da parte:

I - indicar o trecho da decisão recorrida que consubstancia o


prequestionamento da controvérsia objeto do recurso de revista;

(...)"

Sobre o mencionado dispositivo, esta Corte Superior tem


firmado entendimento de ser necessário que a parte recorrente transcreva os trechos
da decisão regional que consubstanciam o prequestionamento das matérias objeto do
recurso de revista, promovendo o cotejo analítico entre os dispositivos legais e
constitucionais invocados ou a divergência jurisprudencial noticiada e os fundamentos
adotados pela Corte de Origem, não sendo suficiente a mera menção às folhas do
acórdão regional nem a transcrição integral e genérica da decisão recorrida nas razões
do recurso de revista.
Nesse sentido, os seguintes precedentes desta Corte Superior,
sendo o primeiro de minha lavra:

"I - AGRAVO DE INSTRUMENTO DA ADCON ADMINISTRAÇÃO E


CONSERVAÇÃO LTDA. RECURSO INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº
13.467/2017. ADICIONAL DE INSALUBRIDADE EM GRAU MÉDIO. EXPOSIÇÃO
AO CALOR. CONTATO DIRETO COM HIDROCARBONETOS E OUTROS
COMPOSTOS DO CARBONO. HONORÁRIOS PERICIAIS. NÃO PREENCHIMENTO
DO REQUISITO CONTIDO NO ARTIGO 896, § 1º-A, I, DA CLT. TRANSCENDÊNCIA
NÃO RECONHECIDA. NÃO PROVIMENTO. Esta Corte Superior tem entendido
que é necessário que a parte recorrente transcreva os trechos da decisão
regional que consubstanciam o prequestionamento das matérias objeto do
recurso de revista, promovendo o cotejo analítico entre os dispositivos legais
e constitucionais invocados ou a divergência jurisprudencial noticiada e os
fundamentos adotados pela Corte de Origem, não sendo suficiente a mera
transcrição da ementa da decisão recorrida nas razões do recurso de revista.
Inteligência do artigo 896, § 1º-A, I, da CLT. Precedentes. Na hipótese,
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constata-se que a reclamada, nas razões recursais, fez a transcrição do


inteiro teor do tema, sem fazer nenhum destaque, a fim de delimitar o
trecho da matéria, objeto do recurso de revista, para fins de
prequestionamento. Dessa forma, a transcrição integral do tema não
atende à finalidade da norma contida no artigo 896, § 1º-A, I, da CLT, uma
vez que não há determinação precisa da tese regional combatida. A
incidência do óbice do artigo 896, § 1º-A, I, da CLT é suficiente para afastar a
transcendência da causa, uma vez que inviabilizará a análise de eventual
questão controvertida no recurso de revista e, por conseguinte, não serão
produzidos os reflexos gerais, nos termos previstos no § 1º do artigo 896-A da
CLT. Agravo de instrumento a que se nega provimento(...)
(RRAg-10476-75.2018.5.03.0158, 8ª Turma, Relator Ministro Guilherme
Augusto Caputo Bastos, DEJT 03/07/2023).

"AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO


PELA RECLAMADA . CPC/2015. INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 40 DO TST. LEI Nº
13.467/2017. RITO SUMARÍSSIMO. COMPETÊNCIA MATERIAL DA JUSTIÇA DO
TRABALHO. FASE PRÉ-CONTRATUAL. TESE FIXADA NO TEMA Nº 992 DE
REPERCUSSÃO GERAL DO STF. NÃO ATENDIMENTO DA EXIGÊNCIA CONTIDA
NO ARTIGO 896, §1º-A, I, DA CLT. TRANSCENDÊNCIA DA CAUSA NÃO
EXAMINADA . Na presente situação, a transcrição do capítulo do acórdão,
integralmente ou com supressões ínfimas , sem a delimitação do ponto de
insurgência objeto das razões dos recursos de revista - mediante o destaque
do trecho, específico, em que foram adotados os argumentos do acórdão
regional para o deslinde da controvérsia -, não atende ao previsto no artigo
896, § 1º-A, I, da CLT . Tal procedimento impede, por consequência, a
observância dos demais requisitos contidos nos incisos II e III do artigo 896, §
1º-A, da CLT: a demonstração analítica (que se faz por meio da argumentação)
entre os dispositivos e verbetes apontados e o trecho da decisão destacada
no apelo Agravo de instrumento conhecido e não provido. (...).
(AIRR-71-43.2018.5.14.0426, 7ª Turma, Relator Ministro Claudio Mascarenhas
Brandao, DEJT 11/06/2021).

"AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO


PELA RECLAMANTE REGIDO PELA LEI 13.467/2017. COISA JULGADA.
PREQUESTIONAMENTO. TRANSCRIÇÃO INTEGRAL E SEM DESTAQUES DO
ACÓRDÃO REGIONAL (ART. 896, § 1º-A, I, DA CLT). Nas razões de recurso de
revista, a recorrente não observou os pressupostos do art. 896, § 1.º-A, I, da
CLT. A mera reprodução do inteiro teor da fundamentação adotada pela Corte
de origem no tema impugnado, sem qualquer destaque, não supre a
exigência prevista. Agravo de instrumento não provido"
(AIRR-302-49.2018.5.06.0020, 2ª Turma, Relatora Ministra Delaide Alves
Miranda Arantes, DEJT 11/06/2021).

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"AGRAVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. ACÓRDÃO PUBLICADO NA


VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467/2017. SUCESSÃO TRABALHISTA. AUSÊNCIA DE
TRANSCENDÊNCIA. A SBDI-1 desta Corte, interpretando o alcance da previsão
contida no art. 896, § 1º-A, I, da CLT, firmou-se no sentido de ser
imprescindível a transcrição textual do fragmento específico da decisão
regional que consubstancie o prequestionamento da matéria contida nas
razões recursais, do qual seja possível extrair todos os fundamentos de fato e
de direito contidos na decisão recorrida (E-ED-RR- 60300-98.2013.5.21.0021,
DEJT 25/05/2018), assentando, também, não ser admissível " a mera indicação
das páginas correspondentes, paráfrase, sinopse, transcrição integral do
acórdão recorrido, do relatório, da ementa ou apenas da parte dispositiva"
(TST-E-ED-RR-242-79.2013.5.04.0611, Rel. Min. José Roberto Freire Pimenta,
DEJT 25/5/2018). No caso, a parte limita-se a indicar fragmento do acórdão
que não traz todos os fundamentos adotados pela Corte de origem a fim de
examinar a questão, em desatendimento ao mencionado pressuposto. A
existência de obstáculo processual apto a inviabilizar o exame da matéria de
fundo veiculada, como no caso, acaba por evidenciar, em última análise, a
própria ausência de transcendência do recurso de revista, em qualquer das
suas modalidades. Precedentes. Agravo não provido. (...).
(Ag-RRAg-1000342-13.2019.5.02.0433, 5ª Turma, Relator Ministro Breno
Medeiros, DEJT 04/06/2021).

Na hipótese, nas razões do recurso de revista, constata-se que a


reclamada em relação ao tema “ILEGITIMIDADE PASSIVA” trouxe apenas o trecho da
decisão Regional que relata que a análise do tema será feita juntamente com o mérito,
sem indicar, entretanto, os trechos em que houve a análise da matéria, e quanto ao
tema “COMPENSAÇÃO POR DANOS MORAIS” não trouxe a indicação de nenhum trecho
do acórdão no tópico, não sendo observado, portanto, o disposto no artigo 896, §1º-A, I,
da CLT.
A incidência do óbice contido no artigo 896, § 1º-A, I, da CLT é
suficiente para afastar a transcendência da causa, uma vez que inviabilizará a aferição
da existência de eventual questão controvertida no recurso de revista, e, por
conseguinte, não serão produzidos os reflexos gerais, nos termos previstos no § 1º do
artigo 896-A da CLT.
Nego provimento ao agravo de instrumento.

3.3 RESPONSABILIDADE DO ÓRGÃO GESTOR DE MÃO DE OBRA


PELO DANO EXTRAPATRIMONIAL

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Em relação ao tema, assim decidiu o egrégio Tribunal Regional:

“1.1. Responsabilidade das reclamadas.


A presente ação foi ajuizada contra o OGMO/RG e a SUPRG, alegando o
reclamante que é trabalhador portuário avulso pertencente à categoria dos
estivadores. O reclamante relatou que As instalações portuárias localizadas na
faixa do cais, armazéns, pertencente ao Porto Organizado de Rio Grande, são
administradas pela segunda reclamada, sendo que neste local não há
qualquer estrutura a fim de garantir segurança, saúde e bem estar do TPA,
razão pela qual faz jus a indenização por danos morais. Necessário aduzir que
no Porto Organizado de Rio Grande, onde está localizado o Porto Novo, não
existe estrutura digna para o trabalhador suprir suas necessidades básicas,
tais como: banheiros, chuveiro, água potável, sala de convivência com
refeitório, descanso, ambulância e/ou enfermaria, local onde possa se abrigar
do tempo, em caso de necessidade de continuar a disposição do operador
portuário. Em suma, a situação é degradante, eis que os banheiros,
insuficientes e em péssimo estado de conservação ficam abertos até as 18
horas, sendo reabertos no dia seguinte. Nos finais de semana permanecem
fechados. A água servida é de fonte duvidosa, bem como, não há copos
descartáveis suficientes para todos os trabalhadores. Em caso de
necessidade, para chegar até conseguir água, sanitário, entre outros, o
reclamante têm que percorrer mais de 500 metros de distância, isso se as
dependências estiverem abertas e viáveis, o que normalmente não acontece.
O reclamante resolve a situação como pode, sem sequer sair do local. Não é
permitido nem mesmo ir até a sede do Sindicato da Categoria, cerca de 500m,
para poder suprir suas necessidades básicas, uma vez que terá o ponto
cortado, perda da faina e sanções punitivas, o que fere o principio da
dignidade humana, inciso III do art. 1º da CF/88.
No caso concreto, em que pese o reclamante exerça a função de
estivador, circula obrigatoriamente dentro do porto público, utilizando
as suas instalações. Assim, a causa de pedir envolve condições de
trabalho tanto a bordo quanto em terra.
O artigo 17, inciso V, da Lei nº 12.815/2013, assim dispõe:
Art. 17. A administração do porto é exercida diretamente
pela União, pela delegatária ou pela entidade concessionária do
porto organizado.
§ 1º Compete à administração do porto organizado,
denominada autoridade portuária:
(...)
V - fiscalizar ou executar as obras de construção, reforma,
ampliação, melhoramento e conservação das instalações
portuárias;
(...)

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Portanto, é inequívoca a responsabilidade da reclamada


Superintendência do Porto em relação às obras de construção, melhoramento
e conservação das instalações portuárias, aí estando englobadas as
instalações sanitárias e pontos de hidratação para os trabalhadores em terra.
Observa-se que aludida norma tem correspondência na Lei nº
8.630/1993 (artigo 33, inciso VI), vigente no período anterior.
Em relação ao reclamado OGMO, o artigo 9º da Lei nº 9.719/1998
dispõe:
Art. 9º Compete ao órgão gestor de mão-de-obra, ao
operador portuário e ao empregador, conforme o caso, cumprir e
fazer cumprir as normas concernentes a saúde e segurança do
trabalho portuário.
Parágrafo único. O Ministério do Trabalho estabelecerá as
normas regulamentadoras de que trata o caput deste artigo.
Por sua vez, o artigo 33, inciso V, da Lei nº 12.815/2013
(correspondente artigo 19, inciso V, da Lei nº 8.630/1993) dispõe:
Art. 33. Compete ao órgão de gestão de mão de obra do
trabalho portuário avulso:
(...)
V - zelar pelas normas de saúde, higiene e segurança no
trabalho portuário avulso; e
(...)
Portanto, a lei atribui ao OGMO o dever de fiscalizar as normas de
saúde e segurança do trabalho portuário, sendo inequívoca, portanto, a
sua responsabilidade quanto à fiscalização das instalações sanitárias e
pontos de hidratação para os trabalhadores tanto em terra quanto à
bordo.
Assim, a legislação referida embasa a condenação solidária das
reclamadas Superintendência dos Portos e OGMO acerca da responsabilidade
pelas medidas relacionadas à saúde e segurança dos trabalhadores, devendo
ser mantida a sentença pelos seus jurídicos e próprios fundamentos, não
cabendo se falar em responsabilidade subsidiária.
Inviável o pedido de fixação do percentual de 50% para cada reclamada,
sendo que a questão relativa à eventual ação de regresso não é de
competência desta Justiça Especializada.
Nega-se provimento ao recurso interpostos pelas reclamadas
Superintendência dos Portos e OGMO no item. “(fls. 748/749, numeração
eletrônica, sem grifos no original).

Inconformada, a parte recorrente interpôs recurso de revista,


por meio do qual requer reforma da decisão Regional, ao argumento, em síntese, que
“o OGMO apenas gerencia a mão de obra avulsa, não se imiscuindo na operação portuária

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que é da titularidade do tomador de serviços, nem intervindo nas instalações que guarnecem
o Cais Público.”. (fls. 799, numeração eletrônica)
Afirma que, igualmente, que deve ser aplicada a prescrição
trienal descrita no Código Civil, tendo em vista a parcela pleiteada.
Indica violação dos artigos § 2º, 4º da Lei nº 9.719/98, 33, § 2º da
Lei nº 12.815/13 e artigo 265, 186,917 e 944, do Código Civil.
A autoridade responsável pelo juízo de admissibilidade a quo,
por julgar ausente pressuposto de admissibilidade específico, decidiu denegar
seguimento ao recurso.
Já na minuta em exame, a ora agravante, ao impugnar a d.
decisão denegatória, reitera as alegações anteriormente expendidas.
Sem razão.
Inicialmente, cumpre salientar que a reclamada atendeu a
exigência do artigo 896, § 1º-A, I, da CLT, conforme se observa às fls. 797, numeração
eletrônica.
No mais, cinge-se a controvérsia em aferir se o Órgão Gestor de
Mão de Obra - OGMO responde de forma solidária pelo pagamento de indenização por
danos morais decorrentes de condições inadequadas no ambiente de trabalho.
Sobre a matéria a jurisprudência desta Corte possui
entendimento de que o OGMO responde pelas condições degradantes de trabalho,
uma vez que possui o dever de fiscalizar as instalações e averiguar irregularidades,
tendo em vista o disposto no artigo 33, V, da Lei nº 12.815/2013, in verbis:

Art. 33. Compete ao órgão de gestão de mão de obra do trabalho


portuário avulso:
(...)
V - zelar pelas normas de saúde, higiene e segurança no trabalho
portuário avulso;( sem grifos no original)

A propósito, destaco os seguintes precedentes que tratam do


tema:
"AGRAVO DE INSTRUMENTO AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE
REVISTA INTERPOSTO A ACÓRDÃO PUBLICADO NA VIGÊNCIA DA LEI N.º
13.467/2017. (...)3 . Agravo de Instrumento a que se nega provimento.
RECURSO DE REVISTA RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO A ACÓRDÃO
PUBLICADO NA VIGÊNCIA DA LEI N.º 13.467/2017. ÓRGÃO GESTOR DE MÃO

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DE OBRA. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. DANOS MORAIS DECORRENTES


DAS PRECÁRIAS CONDIÇÕES DE TRABALHO. AUSÊNCIA DE
TRANSCENDÊNCIA. 1 . Cuida-se de controvérsia acerca da responsabilidade
solidária imputada ao Órgão Gestor de Mão de Obra pelo pagamento de
indenização por dano moral decorrente das condições precárias do ambiente
de trabalho, uma vez que não havia sanitários à disposição dos trabalhadores
portuários nem água para beber. 2. Constatado o preenchimento dos demais
requisitos processuais de admissibilidade, o exame do Recurso de Revista sob
o prisma do pressuposto de transcendência revelou que: a ) não
demonstrada a transcendência política da causa, na medida em que o
acórdão recorrido revela consonância com a jurisprudência iterativa,
notória e atual deste Tribunal Superior, no sentido de que cabe ao Órgão
Gestor de Mão de Obra " zelar pelas normas de saúde, higiene e
segurança no trabalho portuário avulso ", conforme previsto no artigo
33, V, da Lei nº 12.815/2013, cuja inobservância enseja sua
responsabilidade solidária pelos danos morais sofridos pelo trabalhador
portuário; b ) não se verifica a transcendência jurídica , visto que ausentes
indícios da existência de questão nova acerca da controvérsia ora submetida a
exame, mormente diante da jurisprudência dominante nesta Corte superior, a
obstaculizar a pretensão recursal; c ) não identificada a transcendência social
da causa, visto que não se cuida de pretensão recursal formulada em face de
suposta supressão ou limitação de direitos sociais assegurados na legislação
pátria; e d ) não há falar em transcendência econômica , visto que o valor
arbitrado à condenação não se revela elevado ou desproporcional ao pedido
formulado e deferido na instância ordinária. 3. Configurado o óbice relativo ao
não reconhecimento da transcendência da causa quanto ao tema sob exame,
resulta inviável o conhecimento do Recurso de Revista, no particular. 4.
Recurso de Revista não conhecido" (ARR-20362-47.2016.5.04.0124, 6ª Turma,
Relator Ministro Lelio Bentes Correa, DEJT 10/06/2022, sem grifos no original).

"AGRAVO DE INSTRUMENTO DE TECON SALVADOR S.A. RECURSO DE


REVISTA. INTERPOSIÇÃO SOB A ÉGIDE DA LEI Nº 13.467/2017. (...)AGRAVO DE
INSTRUMENTO DE ÓRGÃO GESTOR DE MÃO DE OBRA DO TRABALHO
PORTUÁRIO AVULSO DOS PORTOS ORGANIZADOS DE SALVADOR E ARATU -
OGMOSA. RECURSO DE REVISTA. INTERPOSIÇÃO SOB A ÉGIDE DA LEI Nº
13.467/2017. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA - OGMO - INDENIZAÇÃO POR
DANOS MORAIS. AUSÊNCIA DE TRANSCENDÊNCIA. (violação aos artigos 265,
286 do CC, 33, §2º da Lei nº 12.815/13, 2º da Lei 9.719/98, e divergência
jurisprudencial) Conforme preconiza o artigo 896-A da CLT, com redação
atribuída pela Lei nº 13.467/2017, antes de se examinar os pressupostos
intrínsecos do recurso de revista, faz-se necessário verificar se a causa oferece
transcendência. No caso, não há transcendência política, uma vez que,
efetivamente, a responsabilidade solidária do órgão gestor está
expressamente prevista no § 2º do artigo 33 da Lei nº 12.815/13 que

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dispõe expressamente que "O órgão responde, solidariamente com os


operadores portuários, pela remuneração devida ao trabalhador portuário
avulso e pelas indenizações decorrentes de acidente de trabalho." . No
mesmo sentido, o artigo 2º, § 4º, da Lei nº 9.719/1998, segundo o qual "O
operador portuário e o órgão gestor de mão-de-obra são solidariamente
responsáveis pelo pagamento dos encargos trabalhistas, das contribuições
previdenciárias e demais obrigações, inclusive acessórias, devidas à
Seguridade Social, arrecadadas pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS,
vedada a invocação do benefício de ordem.". Portanto, a responsabilidade
solidária do recorrente também é abrangida pela indenização devida a
título de indenização por dano moral decorrente da prestação de
serviços. Ademais, não se verifica o preenchimento dos requisitos de
natureza econômica, social ou jurídica a justificar o provimento do apelo.
Agravo de instrumento a que se nega provimento . (...) Agravo de instrumento
a que se nega provimento " (AIRR-438-98.2016.5.05.0002, 7ª Turma, Relator
Ministro Renato de Lacerda Paiva, DEJT 20/05/2022, sem grifos no original).

"EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM AGRAVO DO OGMO. LEI 13.467/2017.


LEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM . RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA.
OMISSÃO NÃO CONFIGURADA. 1. Esta Turma negou provimento ao agravo de
instrumento da Parte para manter sua responsabilidade solidária ao
argumento de que, conforme o disposto no art. 19, § 2.º, da Lei 8.630/93, o
órgão de gestão de mão de obra do trabalho avulso responde,
solidariamente, com os operadores portuários, pela remuneração devida ao
trabalhador avulso portuário. Ademais, em razão da conclusão do Tribunal
Regional, no sentido de que restaram presentes os requisitos legais para
responsabilização civil do reclamado, nos termos dos artigos 186 e 927 do
CC, tendo em vista a distância percorrida pelo reclamante para realizar
suas necessidades fisiológicas e a falta de fornecimento de água potável,
esta 8ª Turma entendeu que a decisão está em harmonia com os termos
do art. 33, "V", da Lei nº 12.815/2013, o qual é claro ao estabelecer,
expressamente, a responsabilidade solidária do órgão gestor de mão de
obra pela remuneração do trabalhador portuário. 2. O OGMO, nas razões
dos embargos de declaração, sustenta que o v. acórdão embargado incorreu
em omissão tendo em vista que deixou de se manifestar sobre as violações
dos arts. 17, 27, §1º, 32, 33, e 34 da Lei 12.815/13 e 5º, II, da Constituição
Federal. Alega que a construção e manutenção das instalações sanitárias não
estão inseridas em sua competência. Afirma não existir norma legal que trate
da responsabilidade solidária do reclamado. 3. Não se verifica no caso dos
autos nenhum dos vícios dos arts. 1.022 do CPC e 897-A da CLT, apenas o
inconformismo do reclamada com a decisão colegiada, com o nítido intuito de
reexame do julgado, circunstância que não autoriza a oposição de embargos
de declaração. Portanto, a decisão proferida por esta Turma julgadora, além
de se encontrar devidamente fundamentada, resolve de forma lógica e coesa

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PROCESSO Nº TST-AIRR-21112-49.2016.5.04.0124

as questões postas em juízo, não se prestando os embargos de declaração


para manifestação de inconformismo da parte com o decidido. Embargos de
declaração não providos" (ED-Ag-AIRR-20536-28.2017.5.04.0122, 8ª Turma,
Relatora Ministra Delaide Alves Miranda Arantes, DEJT 18/02/2022, sem grifos
no original).

"AGRAVO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO INTRANSCENDENTE -


DESPROVIMENTO - APLICAÇÃO DE MULTA. O despacho agravado considerou
carente de transcendência o apelo patronal, quer pelas matérias em debate
(negativa de prestação jurisdicional, prescrição bienal, responsabilidade
solidária, indenização por dano moral e valor arbitrado à indenização), que
não são novas (CLT, art. 896-A, § 1º, inciso IV) nem a decisão regional
atentou contra direito social constitucionalmente assegurado (inciso III)
ou jurisprudência sumulada do TST ou STF (inciso II), quer pelo valor da
condenação (R$ 10.000,00), que não pode ser considerado elevado de modo a
justificar, por si só, nova revisão do feito (inciso I). Ademais, os óbices erigidos
pelo juízo de admissibilidade a quo para trancar a revista (Súmulas 126, 333 e
459 do TST e art. 896, § 1º-A, III, da CLT) subsistem, a contaminar a
transcendência da causa. Nesses termos, não tendo o Agravante conseguido
demonstrar a transcendência do feito e a viabilidade do recurso de revista,
deixando de refutar devidamente os fundamentos do despacho agravado,
este deve ser mantido. Agravo desprovido, com aplicação de multa"
(Ag-AIRR-20173-44.2017.5.04.0121, 4ª Turma, Relator Ministro Ives Gandra da
Silva Martins Filho, DEJT 01/04/2022, sem grifos no original).

"I - AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO


PELO ÓRGÃO DE GESTÃO DE MÃO DE OBRA DO TRABALHO PORTUÁRIO
AVULSO DO PORTO ORGANIZADO DO RIO GRANDE OGMO/RG.(...).
INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. INSTALAÇÕES SANITÁRIAS
INADEQUADAS. RESPONSABILIDADE. Foram preenchidos os requisitos da
Lei nº 13.015/2014. O TRT manteve a condenação solidária dos reclamados ao
pagamento de reparação por dano moral decorrente das precárias condições
de trabalho às quais era submetido o reclamante, que não possuía local
adequado para satisfazer suas necessidades fisiológicas. Nesse sentido, a
decisão está em harmonia com os termos do art. 33, "V", da Lei nº
12.815/2013, o qual prevê que "compete ao órgão de gestão de mão de obra
do trabalho portuário avulso: V - zelar pelas normas de saúde, higiene e
segurança no trabalho portuário avulso" . Assim, correta a decisão que
condenou solidariamente o OGMO ao pagamento de indenização por danos
morais. Agravo de instrumento conhecido e desprovido . (...) Agravo de
instrumento do reclamado OGMO conhecido e desprovido e recurso de
revista parcialmente conhecido e provido. Recurso de revista da reclamada
SUPRG conhecido e provido" (ARR-20176-33.2016.5.04.0121, 3ª Turma, Relator

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Tribunal Superior do Trabalho fls.22

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PROCESSO Nº TST-AIRR-21112-49.2016.5.04.0124

Ministro Alexandre de Souza Agra Belmonte, DEJT 06/11/2020, sem grifos no


original).

No caso, o egrégio Tribunal Regional consignou, com base no


artigo 33, V, da Lei nº 12.815/2013, que não há falar em ausência de responsabilização
do recorrente, uma vez que o órgão gestor de mão de obra possui dever imposto pela
Lei de fiscalizar as instalações sanitárias e pontos de hidratação para os trabalhadores
tanto em terra quanto a bordo.
A referida decisão se encontra em consonância com a
jurisprudência deste colendo Tribunal Superior, o conhecimento do recurso de revista
esbarra no óbice disposto no artigo 896, § 7º, da CLT e na Súmula nº 333.
A incidência do óbice contido na Súmula nº 333 é suficiente para
afastar a transcendência da causa, uma vez que inviabilizará a aferição da existência de
eventual questão controvertida no recurso de revista, e, por conseguinte, não serão
produzidos os reflexos gerais, nos termos previstos no § 1º do artigo 896-A da CLT.
Nego provimento ao agravo de instrumento.

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Oitava Turma do Tribunal Superior do


Trabalho, por unanimidade, negar provimento ao agravo de instrumento ante a
ausência de transcendência da causa.
Brasília, 3 de abril de 2024.

Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)


EDUARDO PUGLIESI
Desembargador Convocado Relator

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