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Alguns Conceitos Básicos de “A Audiovisão” (Michel Chion - 1990)

 
empático Participa na emoção da cena (códigos culturais, emoção,
(participativa) movimento).

Ostensivamente indiferente, fundo cósmico (ex: piano mecânico,


anempático
Valor dado pela Música (indiferente)
celesta, caixa de música). Revela a face robótica da projecção de
cinema.

Não é empática nem anempática: têm sentido abstracto ou função


neutra
de presença ou informativa.

Fosso Não diegética, fora do local e do tempo da acção. Fosso por


(subjectiva/não-
diegética)
referência ao fosso (buraco) da orquestra da ópera clássica.
Música
Emana de uma fonte situada directa ou indirectamente no lugar e
Ecrã
no tempo da acção, mesmo que a fonte seja um rádio ou um
(objectiva/diegética)
instrumentista fora de campo.

Tempo (único som que não está condicionado às barreiras espacio-


Música transporta-nos no temporais. Pode dar saltos no tempo ou imobilizar a acção
Espaço (suspance)
Audição de modo a obter a sua causa/fonte, quer seja visível ou
causal
invisível (é a mais comum).

utiliza um código ou linguagem para interpretar a mensagem. É


Modos de Audição semântica complexo. Um fenómeno é ouvido não pelo seu som em si mas
pela parte de um sistema.

Foca o som em si mesmo, independentemente da causa e sentido


reduzida
(conceito introduzido por Pierre Schaeffer).
ouvir sem ver as causas originárias do som. A rádio, o disco ou o
Zona Acusmática acusmática
telefone, são por definição medias acusmáticos.
Objectivos ou Correspondentes ao interior físico, fisiológico: respiração, gemidos
Som Interno (situados no Fisiológicos e batimentos do coração.
presente da acção) Subjectivos ou
vozes mentais, recordações.
Mentais

Sons presentes numa cena, mas alegadamente transmitidos


O Som "On the Air" electricamente, por rádio, televisão telefone, amplificação etc...
Escapam às leis "naturais" da propagação do som.

Despertam atenção e curiosidade, alimenta expectativa, queremos


Activo saber a causa/fonte. A sua fonte é pontual, corresponde a objectos
cuja visão pode ser localizada
Fora de Campo
Cria ambiência que envolve a imagem e a estabiliza, sem suscitar
Passivo o desejo de antecipar a visão da sua fonte. Dá ao ouvido um lugar
estável.

quando o universo sonoro se reduz aos ruídos ouvidos por uma


Nula
determinada personagem.
Extensão de Fora de Campo
o oposto, ouvimos o som da sala, escadas, trânsito, buzina
Vasta
longínqua...

de onde oiço, de que ponto do espaço representado: no ecrã ou no


Espacial
som?
Ponto de Escuta
que personagem, num dado momento da acção, está em condições
Subjectivo
de ouvir aquilo que eu próprio oiço?

Personagem acusmática cuja posição relativamente ao ecrã se


situa numa ambiguidade e num ritmo particular: nem dentro nem
fora (relativamente à imagem). Nem dentro porque a imagem da
sua fonte (corpo e boca) não está incluída, mas também nem fora
Acúsmetro porque não está francamente posicionada em off imaginário que
evoque o conferencista ou do charlatão (voz de narrador,
apresentador, testemunha) e está implicado na acção. Sempre em
perigo de nela ser incluída (ex: “Testamento do Dr. Mabuse”,
“Psycho” (Mãe), “2001” (computador).

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O diálogo ouvido tem uma função dramática, psicológica,
informativa e afectiva. É a mais corrente. O dialogo é
...Teatro percepcionado como que emanado dos seres humanos envolvidos
na própria acção, sem poder no curso das imagens que os
mostram, é ouvida na integra, com inteligibilidade total.

A “fala-texto”, em geral voz-off e dos comentários, herda alguns


dos atributos dos entre-títulos do cinema mudo, uma vez que, ao
...Texto contrario da fala-teatro, age sobre o curso da imagens.
A palavra proferida tem o poder de evocar a imagem da coisa, do
momento, lugar, personagens.
Fala...

A fala-emanação é a fala que não é obrigatoriamente ouvida e


compreendida na íntegra, e sobretudo, em que não está ligada ao
centro daquilo que se poderia chamar a acção no sentido
lato.Porque (1) o diálogo não é completamente inteligível mais (2)
a forma como o realizador utiliza o enquadramento e a
...Emanação
planificação, evitando sublinhar as articulações do texto, o jogo das
perguntas e respostas, as hesitações e palavras importantes,
contrariamente à regra aplicada em quase todos os filmes. Está
para as personagens como um aspecto próprio no mesmo plano
que uma silhueta.

consiste em refazer a presença da fala (atrás do vidro, distância,


Rarefacção
multidão, etc.).

(oposto à rarefacção) são acumuladas, sobrepostas, proliferadas,


Proliferação e
as falas anulam-se a si mesmas. Várias personagens intervêm ao
adlibs
mesmo tempo, com réplicas rápidas ou coisas “sem importância”.
utilização de uma língua estrangeira, não compreendida pela
Poliglotismo ou maioria dos espectadores, ou misturando vários idiomas. Por vezes
língua estrangeira a voz-off narrativa cobre parcialmente os diálogos e o seu
conteúdo;
banho sonoro onde as conversas mergulham e depois emergem.
Fala Emanação... (Modos de Fala emergida Nesta fórmula a própria situação serve de álibi – cena de multidão
relativização da fala no ou quadro natural;
cinema sonoro)
há uma perda de inteligibilidade da voz que é sentida de maneira
Perda de
localizada (e não por um fluxo e refluxo da totalidade sonora. [ex:
inteligibilidade
“knife” de “Blackmail” de Hitchcock]

relativização mais subtil que não colide com a qualidade acústica,


mas que se serve de toda a encenação.
Respeita-se a clareza e inteligibilidade do texto mas realiza-se num
Descentralização filme de forma a que todos os elementos (movimentos, acções dos
actores, enquadramento, planificação e até argumento) não estão
centrados nos diálogos e, por vezes, não ajudam a sua audição. De
tal modo que os diálogos parecem estar isolados do resto.

 
 

 
 

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