Você está na página 1de 120

Testes

Psicológicos 4
Professor João Virgílio V. Ribeiro
CRP 11/2654
Visão Geral
M.I.N.I. (Mini International Neuropsychiatric Interview)
BFP (Bateria Fatorial de Personalidade)
RAVLT (Teste de Aprendizagem Auditivo-Verbal de Rey)

LAUDO NEUROPSICOLÓGICO: estruturação

2
Agenda 09/12/2022

◦ M.I.N.I. (Mini International


Neuropsychiatric Interview)

3
M.I.N.I.
(Mini International Neuropsychiatric
Interview)

Estudos epidemiológicos na
população adulta constataram
que a prevalência de
transtornos mentais varia de
20% a 30% em 1 ano e de 30%
a 50% ao longo da vida,
inclusive no Brasil
The WHO World Mental Health Survey Consortium. Prevalence, severity, and unmet
need for treatment of mental disorder in the world health organization world mental
health surveys. JAMA 2004;291:
2581–90.
5
Deficiências, diminuição da Portanto, detectar, tratar e encaminhar
qualidade de vida e as adequadamente os pacientes com transtornos
consequências econômicas mentais aos serviços especializados são
associadas à presença dos habilidades necessárias para que os
profissionais da atenção primária atuem com
transtornos mentais mais comuns -
eficácia. Especialmente em relação à detecção e
como ansiedade, depressão e diagnóstico, estudos mostram que os clínicos
abuso de substâncias psicoativas gerais não conseguem detectar ou diagnosticar
são, no mínimo, tão significativas incorretamente cerca de 50% dos casos de
quanto aquelas associadas à transtorno mental apresentados à atenção
doenças comuns como primária.
hipertensão, diabetes, artrite, asma
ou dores nas costas
de Azevedo Marques, J. M., & Zuardi, A. W. (2008). Validity and applicability of the Mini
International Neuropsychiatric Interview administered by family medicine residents in
primary health care in Brazil. General hospital psychiatry, 30(4), 303–310.
https://doi.org/10.1016/j.genhosppsych.2008.02.001
6

Estudos epidemiológicos na
população adulta constataram
que a prevalência de
transtornos mentais varia de
20% a 30% em 1 ano e de 30%
a 50% ao longo da vida,
inclusive no Brasil
The WHO World Mental Health Survey Consortium. Prevalence, severity, and unmet
need for treatment of mental disorder in the world health organization world mental
health surveys. JAMA 2004;291:
2581–90.
7
Regions of the brain with statistically significant differences be-
tween schizophrenia patients and healthy controls under the
experiment of Walter et al. (2009)
8
MELEIRO(2018) 9

Problemas psiquiátricos são comuns entre
pacientes em cuidados primários, sendo os
transtornos depressivos e ansiosos os
diagnósticos mais frequente. A comorbidade
entre os mesmos é comum. Logo, o diagnóstico
preciso de qualquer doença psiquiátrica é
essencial para o tratamento, mas pode se
mostrar desafiador, dado a possibilidade de
comorbidades somáticas e psiquiátricas.

Pettersson et al. BMC Family Practice (2018)

10
O impacto das Alterações
Cognitivas na funcionalidade de
pacientes com Transtorno Afetivo
Bipolar

11

De acordo com a OMS (World Health
Organization [WHO], 2001), o TAB encontra-
se entre as 10 doenças que mais favorecem
a incapacidade no desempenho das tarefas
laborativas. Ao longo dos últimos 10 anos,
vários estudos apontam para o
comprometimento cognitivo como um
importante determinante dessa diminuição
de incapacidade (BOWIE et al., 2010).
Ainda não exista um perfil
cognitivo típico de pacientes
bipolares, são comumente
evidenciados prejuízos nos
domínios memória e
aprendizagem visuoespacial e
verbal, atenção sustentada e
funções executivas (BALANZÁ-
MARTÍNEZ et al., 2008;
ROBINSON et al., 2006;
THOMPSON ET AL.,2005)
13
Diante dos subtipos do TAB, Hsiao e colaboradores (2009)
encontraram em seu estudo padrões neuropsicológicos
específicos, sendo o TB do tipo I caracterizado pelo pior
desempenho em habilidades que envolviam memória para
conteúdo verbal, memória operacional, funções psicomotoras e
executivas. No TAB do tipo II foram apresentados déficits nas
funções psicomotoras e na memória operacional. Evidências
apontam que os prejuízos cognitivos, especialmente nas funções
executivas, são mais duradouras em pacientes bipolares do tipo I
em comparação aos do tipo II.

As dificuldades mais expressivas em pacientes com sintomatologia


psicótica sobressaem em domínios como memória episódica,
atenção e funções executivas (ZUBIETA, HUGUELET, O’NEIL, &
GIORDANI, 2001)

14
Suicídio
A presença de déficits no planejamento, fluência
verbal e tomada de decisão e um viés atencional
negativo (hiperfoco atencional em pistas
negativas do ambiente) relacionam-se com
alterações em circuitos frontoestriatais. As
tentativas de suicídio são sugestivas de
dificuldades de controle de impulsos (SWANN,
STEINBERG, LIJFFIJT, & MOELLER, 2008) e pior
tomada de decisão. (MALOY-DINIZ et al., 2011 e
MALOY-DINIZ et al., 2009).
15
Segundo Maloy-Diniz (2018), a avaliação
neuropsicológica pode auxiliar na identificação de
dificuldades que devem ser abordadas clinicamente
tanto por condutas farmacológicas quanto por
intervenções cognitivas e comportamentais. A
reabilitação cognitiva mostra-se promissora,
facilitando a reintegração funcional do paciente a
sua rotina.

16
Modelo de dos 3 Fatores

Principles and Practices of Sleep Medicine, 5th ed. In: Spielman,


Yang, Glovinsky, editors. Chapter 144-Assessment Techniques for
Insomnia; Pages 1632–1645
17
18
19
M.I.N.I.
Pontos Fortes:
◦ Formato estruturado e questões detalhadas que
geralmente bem descrevem o problema;
◦ Não evoca emoções negativas;
◦ O diagnóstico mais preciso facilita o trabalho da
equipe;
◦ Teste standard para investigações profundas e
seleção de pacientes;
◦ Novos insights sobre o problema;
◦ Sentido. O paciente se sente levado a sério;
◦ Pode favorecer um tratamento de melhor
qualidade.
20
M.I.N.I.
Pontos para reflexão:
◦ Restrito à perguntas do tipo SIM ou NÃO;
◦ Algumas questões são problemáticas, outros
problemas comuns não são cobertos;
◦ Os resultados podem ser enviesados;
◦ Sua duração pode ser uma preocupação;
◦ Pode ser problemático encaixá-lo no esquema da
equipe;
◦ É parte do procedimento diagnóstico e o seu
papel deve ser explicado;
◦ Um contato interpessoal com o entrevistador é
importante.
21
Características do M.I.N.I

Ø É organizado por módulos independentes,


formatados de maneira a otimizar a
sensibilidade do instrumento,
independentemente de um possível aumento de
falso-positivo.

22
Segundo Amorim (2008), para a duração reduzida da
entrevista, são utilizadas as seguintes estratégias:

◦ Priorizar a exploração dos transtornos atuais, de forma a guiar


o clínico na escolha terapêutica mais adequada;
◦ Cotação de questões dicotômicas (SIM/NÃO);
◦ Para todas as seções diagnósticas(excetuando a seção
transtornos psicóticos), uma ou duas questões iniciais que
investigam critérios diagnósticos obrigatórios possibilitam a
exclusão de diagnóstico em caso de respostas negativas;
◦ A disfunção induzida pelos transtornos e a exclusão de
causas somáticas e/ou tóxicas dos sintomas não são
sistematicamente exploradas;
◦ Os algoritmos são incorporados ao formato do questionário,
possibilitando a inclusão ou exclusão de diagnósticos ao
longo do processo.
23
M.I.N.I
Instruções Gerais:
◦ O M.I.N.I. (DSM IV) é uma entrevista diagnóstica padronizada, de aplicação rápida (em torno de 15
minutos), que explora os principais Transtornos Psiquiátricos do Eixo I do DSM IV (American
Psychiatric Association, 1994). O M.I.N.I. pode ser utilizado por clínicos, após uma formação breve.
Os entrevistadores não clínicos necessitam de uma formação mais intensiva.

◦ Entrevista:
Com o objetivo de reduzir o mais possível a duração da entrevista deve-se preparar o(a)
entrevistado(a) para este enquadramento clínico pouco habitual, informando que lhe serão feitas
perguntas precisas sobre os seus problemas psicológicos e que se espera dele(a) respostas “sim” ou
“não”.

Apresentação:
O MINI está dividido em módulos identificados por letras, cada um correspondendo a uma categoria
diagnóstica.
◦ No início de cada um dos módulos diagnósticos (exceto o módulo “L” que explora os sintomas
psicóticos), uma ou várias questões/filtros que correspondem aos critérios principais do Transtorno
são apresentadas num quadro com fundo acinzentado.
◦ No final de cada módulo, um ou vários quadros diagnósticos permite(m) ao clínico indicar se os
critérios de diagnóstico foram ou não preenchidos.
24
CONVENÇÕES:

As frases escritas em “letras minúsculas” devem ser lidas “palavra por palavra” para o(a)
entrevistado(a) de modo a padronizar a exploração de cada um dos critérios
diagnósticos.

As frases escritas em “MAÍUSCULAS” não devem ser lidas para o(a) entrevistado(a). São
instruções às quais o clínico deve-se referenciar de modo a integrar os algoritmos
diagnósticos ao longo de toda a entrevista

As frases escritas em “negrito” indicam o período de tempo a explorar. O clínico deve lê-
las tantas vezes quanto necessário, ao longo da exploração dos sintomas e sólevar em
conta aqueles presentes ao longo desse período.

As frases escritas entre (parêntesis) são exemplos clínicos que descrevem o sintoma
avaliado. Podem ser lidos de modo a clarificar a questão.

Quando os termos são separados por uma barra ( / ) o clínico deve considerar apenas o
termo que corresponde ao sintoma apresentado pelo(a) entrevistado(a) e que foi
explorado anteriormente.

As respostas com uma seta sobreposta (→) indicam que um dos critérios necessários ao
estabelecimento do diagnóstico explorado não é preenchido. O clínico deve ir
diretamente para o fim do módulo, cotar “NÃO” no(s) quadro(s) diagnóstico(s) 25
correspondente(s) e passar ao módulo seguinte.
Instruções de cotação :

Todas as perguntas feitas devem ser cotadas. A cotação


faz-se à direita de cada uma das questões, envolvendo
com um círculo a resposta correspondente do(a)
entrevistado(a), seja “SIM” ou “NÃO”.

O clínico deve se assegurar que cada um dos termos


formulados na questão foi, de fato, considerado pelo(a)
entrevistado(a) na sua resposta (em particular, os critérios
de duração, de frequência e as alternativas “e / ou”). Não
levar em conta os sintomas imputáveis a uma doença
física, ou ao uso de medicamentos, droga ou álcool.

26
27
28
Agenda 10/12/2022(manhã)

◦ Bateria Fatorial de Personalidade (BFP)

29
Bateria Fatorial de
Personalidade
BFP

30
Segundo o dicionário Cambridge de Avaliação de personalidade: alguns
Psicologia (2008), podemos definir psicólogos acreditam que os
personalidade como a organização comportamentos humanos representam
dinâmica dentro do indivíduo de traços manifestações de atributos ou
comuns, padrões de comportamento, características psicológicas subjacentes.
valores, interesses, planos e motivos, Além disso, acredita-se que os indivíduos
autocompreensão e visão de mundo, diferem na medida em que possuem
habilidades e padrões emocionais que esses atributos e, consequentemente, no
determinam o comportamento e o grau em que se envolvem em
pensamento característicos. Todos os comportamentos relevantes para os
sistemas dentro do indivíduo que se traços. A avaliação da personalidade é o
desenvolvem e interagem para criar as processo de análise de indivíduos e a
características únicas e compartilhadas quantificação de sua posição diferencial
da pessoa. nessas características.

Matsumoto, D. R. (2009). The Cambridge dictionary of


psychology. Cambridge: Cambridge University Press
Traços de
Personalidad
e

32
Traços de personalidade: são construções Traços de personalidade são geralmente
hipotéticas. Como tal, eles não podem ser concebidos como formando dimensões
medidos diretamente com instrumentos normalmente distribuídas. Assim, para
elétricos ou mecânicos. Em vez disso, o qualquer característica particular, como
psicólogo da personalidade inferirá o nível extroversão, acredita-se que os humanos
de um traço dentro de um indivíduo, variam ao longo de um continuum,
observando os efeitos do traço no variando de níveis baixos da
comportamento da pessoa. Quanto mais característica a níveis elevados, com a
intenso, mais comportamentos relevantes ao maioria das pessoas caindo em algum
traço ela provavelmente terá. Considere um lugar intermediário. O papel da avaliação
atributo psicológico comum a muitas teorias da personalidade é identificar aquelas
da personalidade: a extroversão. Esse traço é pessoas que são, por exemplo, mais
uma construção hipotética porque não pode extrovertidas e aquelas que são menos
ser observado diretamente. No entanto, foi extrovertidas (ou seja, mais introvertidas).
proposto para ser uma construção verídica,
tendo utilidade para descrever e explicar
consistências nos comportamentos das
pessoas e para a previsão de condutas
futuras.

33
Vincent van Gogh (1853 - 1890), Auvers-sur-Oise,
July 1890 34
O Modelo dos Cinco Grandes Fatores de
Personalidade

O modelo dos Cinco Grandes Fatores (CGF), também


conhecido como Big Five ou Five Factor Model, é
frequentemente pesquisado por representar uma
possibilidade de descrição da personalidade de
forma objetiva e eficiente.
Em sua formatação atual, o CGF propõe fatores
denominados Extroversão, Socialização, Realização,
Neuroticismo e Abertura à novas experiências.

35
◦ Cinco fatores?

Segundo Nunes (2019), sua descoberta foi acidental,


constituindo-se de uma generalização empírica,
reproduzida incontáveis vezes. Como não foi desenvolvido
a partir de uma teoria, não existe uma explicação a priori e
satisfatória sobre os porquês da organização da
personalidade em cinco fatores especificamente.
O modelo da CGF originou-se na análise da linguagem
utilizada para a descrição de pessoas. Segundo Briggs
(1992), o uso de descritores de traço da linguagem natural,
tem sido tomado como a melhor forma para a
identificação de fatores que permitam a melhor
compreensão das características da personalidade.

36
Se um traço de personalidade produz comportamentos
importantes ou relevantes para um grupo, os indivíduos
irão falar sobre essas características, criando palavras de
forma a melhor descrevê-las (NUNES, 2019).
Observação tanto de Goldberg(1981), como de McAdams
(1992) parecem sugerir que nos grupos estudados existe a
preocupação que o indivíduo da interação-alvo seja:
1. ativo e dominante ou passivo e submisso;
2. Socialmente agradável ou desagradável, amigável ou
frio, distante;
3. responsável ou negligente;
4. Louco, imprevisível ou normal, estável;
5. Aberto a novas experiências ou desinteressado por
tudo aquilo que não diz respeito à experiência do
cotidiano.
37
Os Cinco Fatores:
Uma definição

38
◦ EXTROVERSÃO: está relacionado à maneira como os
indivíduos interagem com os demais e o que aponta o
quanto são comunicativos, falantes, ativos, assertivos,
responsivos e gregários. Costa e Widiger (2002)
apontam que esse fator faz referência a quantidade e
intensidade das interações interpessoais preferidas, ao
nível de atividade, à necessidade de estimulação e à
capacidade de alegrar-se. Indivíduos com escores altos
em extroversão tendem a ser sociáveis, , ativos,
falantes, otimistas e afetuosos. Sujeitos com escores
baixos tendem a ser reservados, sóbrios, indiferentes,
independentes e quietos. Vale ressaltar que
introvertidos não são obrigatoriamente infelizes ou
pessimistas, mas não são afeitos aos estados de
espírito que caracterizam os extrovertidos.

39
◦ SOCIALIZAÇÃO: está relacionado à qualidade das
relações interpessoais individuais, relacionando-se aos
tipos de interação que um indivíduo apresenta ao
curso de um contínuo, estendendo-se de compaixão e
empatia ao antagonismo. Sujeitos com níveis altos de
socialização tendem a ser generosos, bondosos,
afáveis, prestativos e altruístas. Indivíduos com escores
baixos, são passíveis de cinismo, pouca cooperação e
irritação. Podem ser mostrar ainda manipuladoras,
vingativas e implacáveis (COSTA E WIDGER,2002).
◦ Segundo Nunes (2019), a socialização também mede a
capacidade ou compatibilidade percebida no convívio
social.

40
◦ NEUROTICISMO: no modelo do CGF, é o fator mais
associado aos aspectos emocionais dos indivíduos,
apontando ao nível crônico de ajustamento e
instabilidade emocional. Também apontam as
singularidades que ocorrem quando indivíduos
experimentam padrões emocionais associados ao estresse
psicológico e estilos cognitivos e comportamentais
associados.
◦ Níveis altos de neuroticismo sugerem uma propensão ao
vivenciar mais intensamente o sofrimento emocional.
Costa e Widiger (2002) apontam para a inclusão de ideias
dissociadas da realidade, ansiedade excessiva, baixa
tolerância à frustração e respostas de coping
desadaptativas. O fator inclui itens que identificam
ansiedade, hostilidade, depressão, baixa autoestima,
impulsividade e vulnerabilidade. Índices baixos sugerem
indivíduos calmos, relaxados, estáveis e menos agitados.
41
◦ REALIZAÇÃO: aponta para características relacionadas
ao grau de organização, persistência, controle e
motivação individuais. Pessoas com escores altos
tendem a ser confiáveis, organizadas, decididas,
pontuais, trabalhadoras, escrupulosas, perseverantes e
ambiciosas. Indivíduos com escores baixos, costumam
não ter clareza em seus objetivos, demonstrar pouco
comprometimento e responsabilidade, sendo
geralmente descritas como descuidadas, negligentes,
preguiçosas e hedonistas (COSTA & WIDIGER, 2002).
◦ Já indivíduos com escores excessivamente altos estão
associados ao TOC, ainda que escores muitos baixos
podem sugerir o transtorno de personalidade
antissocial. Uma percepção diminuída da competência
social pode indicar o transtorno de personalidade
borderline e um escore muito elevado na busca por
objetivos e metas mostrar-se sugestivo do transtorno
42
de personalidade narcisista (WIDIGER et al., 2002).
◦ ABERTURA: está relacionado às condutas explotratórias e ao
reconhecer da relevância de novas experiências. Indivíduos
que pontuam alto nesse fator costumam ser criativos,
imaginativos e curiosos, curtindo novas ideias e valores não
convencionais. Em contraste com sujeitos com níveis baixos
em abertura, pontuações altas sugerem experiência
emocionais mais intensas do que pessoas com baixa abertura.
Esses sujeitos por sua vez tendem a se mostrar convencionais,
rígidos e dogmáticos nas suas crenças e atitudes,
conservadoras e menos emocionalmente responsivas.
◦ Segundo Saroglou (2002), tal fator correlaciona-se
negativamente com visões religiosas fundamentalistas e
dogmáticas, doutrinas políticas e ideológicas autoritárias e
atitudes etnocêntricas e preconceituosas. Já Furnham e
colaboradores (2003), apontam para correlações positivas
com medidas de interesse e envolvimento em trabalhos
artísticos , além de escolhas baseadas em aspectos estéticos. 43
Os 5 fatores:
Cada característica representa um
continuum. Os indivíduos podem
cair em qualquer parte do
continuum de cada característica.
Os cinco grandes permanecem
relativamente estáveis durante a
maior parte da vida de uma pessoa.
Eles são influenciados
significativamente pelos genes e
pelo ambiente, com uma
heritabilidade estimada de 50%.Eles
também são conhecidos por prever
certos resultados de vida
importantes, como educação e
saúde.
Lim, A (2020, June 15). The big five personality traits. Simply Psychology.
https://www.simplypsychology.org/big-five-personality.html 44
The Big Five Personality Traits. Reprinted from PennState, by R. Gray, 2017,
https://sites.psu.edu/leadership/2017/09/02/the-importance-of-personality-trait-
screening-for-todays-organizations-application-of-the-five-factor-model-ffm/
Aplicação e
Levantamento da Bateria
Fatorial de Personalidade

46
Procedimentos Para Aplicação da BFP
Material
Caderno de Aplicação do teste: contém as instruções e
126 itens.
Protocolo de respostas: onde são registradas as respostas
aos 126 itens e informações sobre as pessoas avaliadas.
Protocolo de Apuração: em caso de correção manual.
Situação da Aplicação
A BFP pode ser aplicada individualmente ou em grupo.
Não tem limite de tempo e usualmente não ultrapassa 40
minutos.
É importante salientar a importância do ambiente durante
a aplicação de um instrumento psicológico.
Procedimentos Para Aplicação da BFP
Procedimentos

Distribuídos lápis e protocolos de respostas, solicita-se aos


examinandos que preencham os dados do cabeçalho,
sendo essa tarefa supervisionada pelo examinador. Segue-
se a distribuição dos cadernos, solicitando-se que não os
abram até receberem a instrução.

É realizada a leitura das instruções. Caso o examinador


prefira, pode solicitar que sejam lidas individualmente e
em voz baixa, o que é recomendado apenas quando os
examinandos apresentarem nível educacional elevado.
49
Levantamento da Bateria Fatorial
de Personalidade
Levantamento dos escores brutos: é iniciado pelo cálculo
dos resultados de cada faceta, seguido dos fatores.
Recomenda-se o uso do sistema informatizado para
levantamento da BFP, disponibilizado pela Editora Casa do
Psicólogo. Tais informações podem ser encontaradas no
site: www.casadopsicologo.com.br
No caso de correção manual, alguns cuidados são
necessários, especialmente com as facetas que apresentam
itens positivos e negativos. Itens positivos são aqueles que
indicam diretamente um alto nível de um dado construto.

50
Para EXTROVERSÃO, um item positivo seria
“Costumo tomar a iniciativa e conversar com os
outros” e um negativo seria “Dificilmente falo de
mim para os outros”, o que aponta para um baixo
nível desse construto. Nessa situação é fundamental
inverter os itens negativos.

Esses itens podem ser facilmente identificados pois


apresentam os numerais em cor PRETA no protocolo
de respostas, devendo ter a pontuação invertida.

51
Itens que compõem cada faceta dos 5
fatores da Escala Fatorial de Personalidade

Neuroticismo

Vulnerabilidade (N1): 55, 60, 73, 75, 79, 82, 89, 110,
118
Instabilidade Emocional (N2): 25, 51, 65, 77, 86, 102
Passividade/Falta de Energia (N3): 13, 22, 35, 37, 95,
100
Depressão (N4): 16*, 29, 40, 48, 70, 106, 121, 124
52
Itens que compõem cada faceta dos 5
fatores da Escala Fatorial de Personalidade

Extroversão:

Comunicação (E1): 17*, 38*, 66*, 97, 105, 120


Altivez (E2): 3, 5, 14, 78, 93, 99, 111
Dinamismo (E3): 21, 26, 32, 108, 117
Interações Sociais (E4): 8, 11, 47, 50, 52, 71, 90

53
Itens que compõem cada faceta dos 5
fatores da Escala Fatorial de Personalidade

Socialização:

Amabilidade (S1): 2, 4, 12, 15, 20, 43, 46, 61, 92, 96,
104, 125
Pro-sociabilidade (S2): 18*, 24*, 27*, 63*, 76, 87*,
107*, 109
Confiança nas Pessoas (S3): 7, 10*, 30*, 39*, 57*, 68,
98*, 119*
54
Itens que compõem cada faceta dos 5
fatores da Escala Fatorial de Personalidade

Realização:

Competência (R1): 28, 41, 58, 64, 67, 72, 83, 85, 91,
122
Ponderação / Prudência (R2): 9, 19*, 45, 101
Empenho/Comprometimento (R3): 34, 54, 80, 103,
112, 114, 116

55
Itens que compõem cada faceta dos 5
fatores da Escala Fatorial de Personalidade

Abertura:
Abertura a ideias (A1): 23*, 33*, 36, 42*, 53, 56*, 62*,
81*, 88, 115*
Liberalismo (A2): 1*, 31, 59, 69, 74, 123, 126
Busca por novidades (A3): 6, 44, 49, 84*, 94, 113

56
Apuração da BFP
Fórmula descrita no manual para calcular escore bruto (EB)
das facetas com itens invertidos:

EB= EBpositivos + (8xqtdde de itens negativos –


EBnegativos)/Quantidade de itens
Ø Observe que nessa fórmula os itens serão invertidos
“automaticamente”, logo, se for utilizar essa fórmula
não precisa inverter os itens antes.

57
Apuração da BFP
Fórmula para calcular o escore bruto (EB) das
facetas sem itens invertidos (MÉDIA):
Ø EB=EB/Quantidade de itens respondidos

Fórmula para Escore Geral dos Fatores:


Ø EG= Soma dos EB das facetas/quantidade de
facetas

58
Apuração da BFP
Após a obtenção de escores brutos, verificar os pontos
percentílicos nas tabelas 45 à 59 de acordo com amostra
geral, sexo masculino e feminino.
Os resultados das subescalas da BFP devem ser
entendidos como a intensidade dos traços avaliados.
Assim como qualquer teste de personalidade, a BFP
permite identificar TENDÊNCIAS de comportamento, assim
como PADRÕES MAIS PROVÁVEIS de atitudes e crenças.

59
Apuração da BFP
◦ Para facilitar a interpretação dos dados,
estes serão apresentados por faixas:
Pontos Percentílicos Faixa

Até 14 Muito Baixo

15 – 29 Baixo

30 – 70 Médio

71 – 85 Alto

Maior que 85 Muito Alto

60
Interpretação do Escore Geral de
Neuroticismo
◦ N1 Vulnerabilidade
◦ N2 Instabilidade Emocional
◦ N3 Passividade / Falta de Energia
◦ N4 Depressão

61
Interpretação do Escore Geral de
Extroversão
◦ E1 Comunicação
◦ E2 Altivez
◦ E3 Dinamismo
◦ E4 Interações Sociais

62
Interpretação do Escore Geral de
Socialização
◦ S1 Amabilidade
◦ S2 Pró-sociabilidade
◦ S3 Confiança nas Pessoas

63
Interpretação do Escore Geral de
Realização
◦ R1 Competência
◦ R2 Ponderação / Prudência
◦ R3 Empenho / Comprometimento

64
Interpretação do Escore Geral de
Abertura
◦ A1 Abertura a ideias
◦ A2 Liberalismo
◦ A3 Busca por Novidades

65
BFP
ANÁLISE DE CASO:
PACIENTE: M.L. Sexo masculino. 18 anos.

66
MOTIVO DA AVALIAÇÃO/QUEIXA:

Hipótese diagnóstica de Transtorno misto de


habilidades escolares (CID 10 F81.3) e Distúrbios da
atividade e da atenção (CID 10 F90.0).
Ao aplicar a Bateria Fatorial de Personalidade, o profissional
avaliador deve recordar que seu objetivo é buscar conhecer a
intensidade dos traços avaliados, uma vez que, segundo o Modelo
dos Cinco Fatores, todas as pessoas os apresentam. Dessa forma,
considera-se que diante dos resultados obtidos a pessoa tem uma
tendência a apresentar comportamentos e padrões prováveis de
atitudes e crenças. Quanto menor for o escore de uma pessoa em
uma subescala, maior é a sua chance de apresentar os
comportamentos, as crenças e atitudes descritos para resultados
baixos.

A seguir, serão apresentados os resultados e a interpretação da


BFP em pontos percentílicos e sua correspondência com a faixa
tendo por referência a população geral.

68
Fator Neuroticismo

Faceta/Fator Escore Bruto Percentil Faixa


N1 – Vulnerabilidade 3,77 >55% Médio
N2 – Instabilidade 4,66 >70% Alto
Emocional
N3 – 5,16 >90% Muito alto
Passividade/Falta de
energia
N4 – Depressão 2,65 >70% Alto
Neuroticismo 4,06 >80% Alto

69
Fator Extroversão

Faceta/Fator Escore Bruto Percentil Faixa


E1 – Comunicação 5 70% Médio
E2 – Altivez 5,28 >90% Muito alto
E3 – Dinamismo 5,8 >60% Médio
E4 – Interações 5,85 >80% Alto
Sociais
Extroversão 5,48 >90% Muito alto

70
Fator Socialização

Faceta/Fator Escore Bruto Percentil Faixa


S1 – Amabilidade 5,33 >30% Médio
S2 – Pro sociabilidade 5,12 >25% Baixo
S3 -Confiança nas 3,62 >10% Muito baixo
pessoas
Socialização 4,69 >15% Baixo

71
Agenda 10/12/2022(tarde)

◦ RAVLT (Teste de Aprendizagem Auditivo-


Verbal de Rey)

72
A Memória: uma breve
revisão..

73
Memória
◦ Wilder Penfield (1891-
1976) foi o primeiro a
demostrar que os
processos da memória
têm localizações
específicas no cérebro
humano.
◦ Estimulação do lobo
temporal
◦ Tratamento cirúrgico da
epilepsia
O Homúnculo de Penfield
Desenvolvido em 1940, o
homúnculo de Penfield
revolucionou o raciocínio clínico da
neurologia moderna. Através do
mapeamento do córtex cerebral, foi
possível representar diversas regiões
do corpo em suas superfícies,
relacionando-as diretamente com as
suas funções, tornando a
neurosemiologia clínica mais eficaz
(RONCONI, 2009).
By Mpj29 - Own work, CC BY-SA 4.0,
https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=54071662
O Caso H.M.
§ Acidente de bicicleta aos
nove anos. Crises
convulsivas recorrentes.
§ Cirugia aos 27 anos de
idade.
§ Uma década com crises
epilépticas do lobo
temporal
§ Refratário ao tratamento
medicamentoso
convencional.
Caso H.M.

Mente e Cérebro, julho de 2009


Caso H.M.
Ø Ablação bilateral do
lobo temporal medial
(8 cm desde as
extremidades)
Estruturas envolvidas:
Giro piriforme, uncus,
amígdala, hipocampo e
giro parahipocampal.
The Psychologist, august,
2013. Vol. 26.
Consequências da Cirurgia:
Fim das crises convulsivas. “Auras” já não
mais o prejudicavam (CORKIN, 1968;1984).
Entretanto…
Ø Passou a apresentar amenésia
anterógrada. Nenhum evento pessoal ou
público depois da cirurgia era recordado.
Ø Amnésia Retrógrada. Não recordava
nenhum evento ocorrido até 3 anos
antes da cirurgia.
Caso H.M.
Eric Kandel, Prêmio Nobel de
Medicina e neurocientista,
comentou que o estudo do
paciente H.M. feito pela dra.
Milner “permanece como um
dos maiores marcos da história
da neurociência moderna, e
proporcionou a base do
conhecimento para tudo que
veio depois: o estudo da
memória humana e seus
distúrbios”.
Ficha Síntese
RAVLT –Teste de Aprendizagem Auditivo-Verbal de Rey

Objetivo/Finalidade: Avaliar os processos de memória


declarativa episódica utilizando a repetição de uma lista de
palavras. O teste tem maior aplicabilidade em pacientes
com transtornos mentais e doenças neurológicas, em
especial os transtornos neurocognitivos (demência e
comprometimento cognitivo leve). Pode contribuir para o
diagnóstico deferencial de quadros clínicos que cursem
com o comprometimento da memória declarativa
episódica.
Público-Alvo: crianças, adultos e idodos (idade 6 a 92 anos)
com capacidade linguística preservada.
Aplicação: individual
82
Ficha Síntese
RAVLT –Teste de Aprendizagem Auditivo-Verbal de Rey

Tempo de Aplicação: aproximadamente 40 minutos,


considerando as etapas de evocação tardia e
reconhecimento. Entre as primeiras etapas do teste e essas
últimas há um intervalo de aproximadamente 20 minutos ,
que pode ser utilizado para outros procedimentos.
Profissionais a que se destina: psicólogos que trabalhem
com saúde mental, sobretudo avaliação de transtornos
neurocognitivos e psicodiagnóstico.
Evidências de validade: Estudos brasileiros com evidências
de validade convergente, divergente, por estrutura interna
e validade de critério.

83
Ficha Síntese
RAVLT –Teste de Aprendizagem Auditivo-Verbal de Rey

Fidedignidade: Estudo de consistência interna, teste-reteste,


convergência entre examinadores e intercorrelação entre
variáveis.

Normas: 1458 brasileiros oriundos das cinco macrorregiões


brasileiras (Sudeste, Sul, Nordeste, Norte e Centro-Oeste),
com idade entre 6 e 92 anos.

84
Componente da Memória Exemplo de sintoma Avaliação

Memória de curto prazo: Paciente não consegue manter Pedir ao paciente que repita
capacidade de reter por alguns segundos ou imediatamente após a
temporariamente uma minutos uma informação em exposição , as informações que
informação mente acabou de ver ou ouvir.
Exemplos de testes: Dígitos da
escala Wechsler de inteligência,
repetição da sequência direta
dos cubos de Corsi;
aprendizagem inicial (tentativa
A1) da lista de palavras do
RAVLT; evocação (desenho)
imediato da figura complexa de
Rey

Memória de Longo Prazo Paciente falha em relembrar Após um intervalo de tempo, o


informações vivenciadas há paciente deve relembrar um
alguns minutos, meses ou conteúdo ao qual foi
anos. previamente apresentado. Ex:
tentativa A7 do RAVLT;
evocação após o intervalo de
tempo da figura complexa de
Rey.

85
Componente da Memória Exemplo de sintoma Avaliação

Memória Declarativa Paciente falha em evocar Testes em que o paciente deve


(semântica) informações sobre rótulos evocar conhecimentos gerais e
semânticos, definições de informações semânticas. Ex:
palavras ou informações sobre vocabulário e conhecimentos
conhecimentos gerais gerais da escala Wechsler,
teste de nomeação de Boston.

Memória Declarativa Paciente falha em relembrar Teste em que um conteúdo é


(episódica) fatos ou experiências apresentado e posteriormente é
vivenciadas solicitado que o paciente o
relembre. Ex: aprendizagem de
lista de palavras do RAVLT,
reprodução de elementos
visuais aos quais o paciente foi
anteriormente apresentado
(figura complexa de Rey)

86
Componente da Memória Exemplo de sintoma Avaliação

Memória Não Declarativa Paciente falha em reproduzir Testes de aprendizagem e e


respostas automatizadas. P. evocação de respostas
ex. : por condicionamento ou automáticas ou em processo de
aprendizagem motora. automatização (p. ex.: teste de
escrita espelhada).

Memória Operacional Paciente não consegue Teste em que o paciente além


sustentar informações de manter temporariamente
temporariamente na memória uma informação em mente,
de curto prazo para a deve realizar operações com
realização de operações elas (p. ex.: Dígitos, ordem
mentais( p. ex.: resolver um inversa das escalas Wechsler
problema, fazer uma conta de inteligência, sequências de
matemática, se orientar números e letras das escalas
espacialmente numa rota). Wechsler de inteligência,
repetição na ordem inversa dos
cubos de Corsi)

87
O Teste de
Aprendizagem
Auditivo-Verbal de Rey

88
A origem do Teste de Aprendizagem Auditivo-Verbal
de Rey (Rey Auditory-Verbal Learning Test – RAVLT) tem como
referência uma adaptação do teste de memória para palavras
desenvolvido pelo psicólogo Édouard Clarapède (1873-1940),
em 1919. Nesse teste, o participante deveria recordar
imediatamente após a apresentação, uma série de 15 palavras.
Na versão de Clarapède, havia 3 listas diferentes de palavras,
cada uma delas evocada imediatamente após a exposição. Boak
(2000) sugere que esse teste seja um dos mais antigo
paradigmas de avaliação cognitiva em uso contínuo desde a sua
origem no começo do século XX. Contudo, foram as
modificações posteriores às listas de Clarapède que tornaram
esse método um dos principais instrumentos na avaliação de
processos de aprendizagem e memória.
O psicólogo suíço André Rey (1905-
1965), aluno de Clarapède, foi
responsável por essas modificações
tão expressivas que o teste passou a
ter o seu nome. Rey era um psicólogo
experimental e clínico que trouxe à
psicologia contribuições em campos
como a educação, orientação
profissional e neuropsicologia
(LAUTREY & RIBAUPIERRE, 2004).
Também desenvolveu diversos testes
igualmente famosos como um teste
de cópia e evocação tardia de uma
figura de difícil decodificação verbal
(figura complexa de Rey).

90
As modificações realizadas por Rey (1958) foram as
seguintes:

1. A exposição sucessiva de uma lista de palavras contendo 15


substantivos. A cada exposição, o sujeito deveria lembrar palavras da
lista;
2. Após a quinta evocação das palavras desta lisa, era apresentado ao
sujeito uma nova lista de palavras contendo também 15 substantivos,
que igualmente deveriam ser lembrados em seguida;
3. Após essa lista de interferência, cabia ao sujeito lembrar novamente as
palavras da primeira lista, agora sem a apresentação desta;
4. Ao final, o examinador lia uma história ao participante na qual
estavam embutidas as palavras anteriormente aprendidas. Cabia
agora, ao participante, identificar corretamente as palavras que havia
ouvido anteriormente enquanto ouvia a história

91
Esse paradigma de avaliação neuropsicológica da
aprendizagem e da memória auditivo-verbal tornou-se
amplamente difundido, tendo diversas modificações sido
realizadas posteriormente.

Weiner e Craighead (2010) destacam duas


inserções:

1. Da tarefa de evocação tardia (após 30 minutos),


realizadas por Taylor, usando a lista de 15 substantivos
de Clarapède.

2. Inserção feita por Muriel Lezak da tarefa de memória de


reconhecimento em que o sujeito deve identificar as
palavras anteriormente aprendidas em um lista que
contém tais palavras e alguns distratores.
92
MALLOY-DINIZ, L. F. (org. ) Avaliação Neuropsicológica. Porto Alegre: Artmed,
2010. 93
Aplicação e correção do RAVLT
O RAVLT consiste de uma lista de 15 substantivos (lista A) que
deve ser lida em voz alta para o sujeito com um intervalo de
um segundo entre as palavras por cinco vezes consecutivas
(A1-A5), cada uma delas seguidas por um teste de evocação
imediata. A ordem da apresentação das palavras é fixa em
todas as tentativas. Para a primeira tentativa (A1), oferece-se a
seguinte instrução:

“Vou ler uma lista de palavras. Preste bastante atenção, pois


quando eu terminar você deverá repetir tantas palavras quantas puder
se lembrar. Não tem importância a ordem em que você irá repeti-las.
Procure apenas se lembrar do máximo de palavras que puder.”

Deve-se marcar um X na folha de aplicação ao lado de cada palavra


lembrada. ATENTAR PARA ANÁLISE QUALITATIVA 94
Aplicação e correção do RAVLT
Quando o sujeito informa que não consegue lembrar de mais
palavras, o examinador relê a lista, precedida de uma segunda
rodada de instruções. A instrução para a segunda tentativa
(A2) é a seguinte:

“Agora vou ler as mesmas palavras novamente. De novo,


quando eu terminar, quero que você repita para mim todas as
palavras que puder se lembrar, inclusive as que jjá foram ditas da vez
passada. Não tem importância a ordem das palavras, procure apenas
dizer todas as palavras que você se lembrar, incluindo aquelas que
foram lembradas na vez anterior.”

95
Aplicação e correção do RAVLT
Da tentativa A3 a A5 repete-se a seguinte instrução:

“Novamente eu vou ler as mesmas palavras. De novo,


quando eu terminar, quero que você repita para mim todas as palavras
que puder se lembrar, inclusive as que já foram ditas da vez passada.
Não tem importância a ordem das palavras, procure apenas dizer todas
as palavras que você lembrar, incluindo aquelas que foram lembradas
na vez anterior”

A ordem das palavras é fixa em todas as tentativas. O examinador


deverá ler todas as palavras na mesma ordem, em todas as
apresentações da lista.
Ø O examinador passará para próxima tentativa sempre que o sujeito
informar que não consegue se lembrar de mais palavras ou ficar 10
segundos sem dizer uma nova palavra da lista.
96
Aplicação e correção do RAVLT
Após a quinta tentativa, uma lista de interferência, também composta de 15
substantivos (lista B) é lida para o sujeito, sendo seguida de sua evocação
(tentativa B1).A instrução para esta etapa é a seguinte:

“Agora eu vou ler uma nova lista de palavras. Preste bastante atenção,
pois, quando eu terminar, você deverá repetir tantas palavras quantas puder se
lembrar. Não tem importância ordem em que você vai dizê-las. Procure apenas se
lembrar do máximo de palavras que puder.”

Posteriormente a tentativa B1, pede-se ao sujeito que recorde as palavras da lista


A, sem que ela seja, nesse momento, representada (tentativa A6).

“Agora eu quero que você me fale todas as palavras que conseguir


lembrar da primeira lista que li para você. Não tem importância a ordem em que
você vai repeti-las. Procure apenas se lembrar do máximo de palavras que puder.”

97
Aplicação e correção do RAVLT
Após um intervalo de aproximadamente 20 minutos, que deve ser preenchido
com outras atividades que não demandem raciocínio verbal, solicita-se ao sujeito
que se lembre das palavras da lista A (tentativa A7) sem que a lista seja lida para
ele.

Ø Não é avisado ao sujeito que ele deva guardar as palavras e que será testado
novamente em relação à lembranças destas
É oferecida a seguinte instrução:

“Novamente eu quero que você me fale todas as palavras que conseguir


lembrar da primeira lista que li para você. Não tem importância a ordem em que
você vai dizê-las. Procure apenas se lembrar do máximo de palavras que puder”.

98
Aplicação e correção do RAVLT
Após a tentativa A7 é aplicado o teste de memória de reconhecimento no qual
uma lista contendo as 15 palavras da lista A, as 15 palavras da lista B e 20
distratores (semelhantes às palavras das A e B em termos fonológicos ou
semânticos) é lida para o sujeito. A cada palavra lida, o sujeito deverá indicar se
ela pertence (ou não) à lista A. A instrução oferecida é a seguinte:

“Agora eu vou ler para você uma lista com diversas palavras. Todas as vezes que
eu falar para você uma palavra que estava na primeira lista que você aprendeu,
você deverá dizer sim. Todas as vezes que eu ler para você uma palavra que não
estava nesta primeira lista, você deverá me dizer não”.

Deve-se marcar a resposta (S para sim e N para não) na folha de aplicação ao lado
de cada palavra da lista para o reconhecimento.

Todo o processo de aplicação do teste dura usualmente de 30 a 45 minutos.

99
Aplicação e correção do RAVLT

Segundo Malloy-Diniz e colaboradores (2010), a utilização dessa listya


de reconhecimento é útil quando se observa um esquecimento acentuado na
tentativa A7 , já que possibilita a identificação de sujeitos que têm dificuldade na
recuperação da informação, que irão se sair melhor nessa etapa do teste do que
nas etapas de lembrança sem ajuda. Um indivíduo com uma deficiência
generalizada de memória terá um desempenho empobrecido em ambas as etapas
do teste.

100
Aplicação e correção do RAVLT
A pontuação do teste é obtida da seguinte forma:

• O total de pontos de cada tentativa (A1-A7 e B1)é o número de palavra


corretamente memorizadas.

• A pontuação obtida de A1 a A5 serve de base para construir a curva de


aprendizagem.

• Os distratores sobre o processo de aprendizagem são medidos pelo índice de


susceptibilidade ao efeito de distratores proativos(B1/A1) e pelo índice de
susceptibilidade ao efeito de distratores retroativos (A6/A5).

• Podemos também calcular o índice de velocidade de esquecimento (A7/A6)

• A memória de reconhecimento é levantada a partir da fórmula total de palavras


corretamente identificadas como pertencentes ou não pertencentes à lista A-
sendo o número de distratores 35 (podendo o resultado variar de -35 a 15).
101
MALLOY-DINIZ, L. F. (org. ) Avaliação Neuropsicológica. Porto Alegre: Artmed,
2010.
102
Guia para interpretação de Percentis

Posteriormente ao preenchimento da coluna de


pontuação do Quadro de resultados que consta na folha de
aplicação, o psicólogo deverá utilizar a tabela normativa
correspondente à faixa etária à qual o examinando pertence e
transformar os valores brutos em percentil. Além da interpretação
dos percentis, é sugerido utilizar os escores-padrão com base na
média e no desvio padrão correspondente a cada grupo etário.

103
◦ RAVLT: Interpretação dos Percentis

Percentil Interpretação Geral Interpretação Clínica


< Percentil 5 Desempenho Inferior Déficit Clínico

Entre 5 e 25 Desempenho Médio-inferior Possível Déficit

Entre 25 e 50 Desempenho Médio Típico

Entre 50 e 75 Desempenho Médio Típico

Entre 75 e 95 Desempenho Médio-superior Típico

> 95 Desempenho Superior Típico

104
RAVLT
Achados
Neuropsicológicos:
Curva de Aprendizagem
Evocação tardia
Velocidade de
esquecimento
Memoria de
reconhecimento
Distratores proativos
https://www.boredpanda.com/alzheimers-disease-self-portrait-
e retroativos paintingswilliamutermohlen/?utm_source=google&utm_medium=orga
nic&utm_campaign=organic
105
106
Agenda 11/12/2022(manhã)

◦ Laudo Neuropsicológico: Estruturação


◦ Avaliação

107
Preparação para o
Laudo
Neuropsicológico

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, Resolução CFP 006 de março de 2019.

108
Laudo: Conceitos e Finalidades
Art. 13 O laudo psicológico é o resultado de um processo de avaliação psicológica, com finalidade de
subsidiar decisões relacionadas ao contexto em que surgiu a demanda. Apresenta informações técnicas e
científicas dos fenômenos psicológicos, considerando os condicionantes históricos e sociais da pessoa, grupo
ou instituição atendida.

I - O laudo psicológico é uma peça de natureza e valor técnico-científico. Deve conter narrativa detalhada e
didática, com precisão e harmonia, tornando-se acessível e compreensível ao destinatário, em conformidade
com os preceitos do Código de Ética Profissional do Psicólogo.

II - Deve ser construído com base no registro documental elaborado pela(o) psicóloga(o), em conformidade
com a Resolução CFP nº 01/2009, ou outras que venham a alterá-la ou substituí-la, e na interpretação e análise
dos dados obtidos por meio de métodos, técnicas e procedimentos reconhecidos cientificamente para uso na
prática profissional, conforme Resolução CFP nº 09/2018 ou outras que venham a alterá-la ou substituí-la.

III - Deve considerar a demanda, os procedimentos e o raciocínio técnico-científico da profissional,


fundamentado teórica e tecnicamente, bem como suas conclusões e recomendações, considerando a natureza
dinâmica e não cristalizada do seu objeto de estudo.
Laudo: Conceitos e Finalidades
IV - O laudo psicológico deve apresentar os procedimentos e conclusões gerados pelo processo de avaliação
psicológica, limitando-se a fornecer as informações necessárias e relacionadas a demanda e relatar: o
encaminhamento, as intervenções, o diagnóstico, o prognóstico, a hipótese diagnóstica, a evolução do caso,
orientação e/ou sugestão de projeto terapêutico.

V - Nos casos em que a(o) psicóloga(o) atue em equipes multiprofissionais, e havendo solicitação de um
documento decorrente da avaliação, o laudo psicológico ou informações decorrentes da avaliação psicológica
poderão compor um documento único.

VI - Na hipótese do inciso anterior, é indispensável que a(o) psicóloga(o) registre informações necessárias ao
cumprimento dos objetivos da atuação multiprofissional, resguardando o caráter do documento como registro
e a forma de avaliação em equipe.

VII - Deve-se considerar o sigilo profissional na elaboração do laudo psicológico em conjunto com equipe
multiprofissional, conforme estabelece o Código de Ética Profissional do Psicólogo.

https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2019/09/Resolução-CFP-n-06-2019-comentada.pdf
Estrutura do Laudo
1. Dados de Identificação do paciente:
nome do indivíduo, nome do solicitante,
identificação do autor do documento e
finalidade do laudo.

2. Descrição da Demanda: o que levou o


paciente a procurar a avaliação? Quais
são as principais dificuldades relatadas?
111
Estrutura do Laudo
3. Procedimentos: deve apresentar o
raciocínio e os recursos técnico-
científicos utilizados no processo de
avaliação neuropsicológica,
especificando o referencial teórico que
embasou as suas análises, interpretações
e conclusões.
4. Análise: Descrição clara e acurada sobre
os dados quantitativos e qualitativos
obtidos durante o processo de 112
Estrutura do Laudo
5. Conclusão: deve descrever suas conclusões a partir do que
foi apresentado na análise, considerando o dinamismo do
aspectos analisados. Nessa sessão indicam-se os
encaminhamentos e intervenções, diagnóstico,
prognóstico e hipótese diagnóstica, evolução do caso,
orientação ou sugestão de projeto terapêutico.

LIMA (2020)

113
Estrutura do Laudo
5. Conclusão: deve descrever suas conclusões a partir do que
foi apresentado na análise, considerando o dinamismo do
aspectos analisados. Nessa sessão indicam-se os
encaminhamentos e intervenções, diagnóstico,
prognóstico e hipótese diagnóstica, evolução do caso,
orientação ou sugestão de projeto terapêutico.

Referências: Na elaboração de laudos, é obrigatória a


informação das fontes científicas ou referências bibliográficas
utilizadas, em nota de rodapé, preferencialmente. 114
Atenção!
Ø O documento deve ser encerrado com
indicação do local, data de emissão, carimbo,
em que conste nome completo ou nome social
completo da(o) psicóloga(o), acrescido de sua
inscrição profissional, com todas as laudas
numeradas, rubricadas da primeira até a
penúltima lauda, e a assinatura da(o)
psicóloga(o) na última página.
115
Modelos
◦ ANAMNESE

◦ LAUDO NEUROPSICOLÓGICO

116
“Banco de Pedra no Asilo de Saint-Remy” (1889) 117
Referências:
ABREU, C. N. et. al. Síndromes psiquiátricas: diagnóstico para profissionais de saúde mental. Porto Alegre:
Artmed, 2006.
AMORIM, Patrícia. Mini International Neuropsychiatric Interview (MINI): validação de entrevista breve para
diagnóstico de transtornos mentais. Rev. Bras. Psiquiatr., São Paulo , v. 22, n. 3, p. 106-115, Sept. 2000
. Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-
44462000000300003&lng=en&nrm=iso>. access on 28 Dec. 2020. https://doi.org/10.1590/S1516-
44462000000300003.
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, Resolução CFP 006 de março de 2019.
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION (2014). Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. 5a
Ed. – DSM 5. Porto Alegre: Artmed.
ALVAREZ, A.M.M.A.; TAUB, A.; CARVALHO, I.A.M. & YASSUDA, M.S. Memória, São Paulo: Editora Atheneu,
2005.
DAMÁSIO, A.R. O Erro de Descartes. São Paulo: Editora Companhia das Letras, 1998.
de Azevedo Marques, J. M., & Zuardi, A. W. (2008). Validity and applicability of the Mini International
Neuropsychiatric Interview administered by family medicine residents in primary health care in Brazil. General
hospital psychiatry, 30(4), 303–310.
FUENTES, D.; MALLOY-DINIZ, L.F.; CAMARGO, C.H.P. & COSENZA, R.M. Neuropsicologia: teoria e prática. São
Paulo: ArtMed, 2008.
LIMA, A. B. Avaliação Neuropsicológica: um guia de orientação para profissionais de saúde. 2020.
LEZAK, M.D.; HOWIESON, D.B. & LORING, D.W. Neuropsychological Assessment. 4a Edition. New York: Oxford
University Press, 2004.
MACHADO, A. Neuroanatomia Funcional. 2a ed., Atheneu, 2000.
MALLOY-DINIZ, L.F.; DA CRUZ, M.F.; TORRES, V.; COSENZA, R. 2000. O teste de Aprendizagem Auditivo-Verbal
de Rey: Normas para uma população brasileira. Revista Brasileira de Neurologia, 36(3):79-83. [ Links ] 118
MALLOY-DINIZ, L.F.; LASMAR, V.A.P.; GAZINELLI, L.S.R.; FUENTES, D.; SALGADO, J.V. 2007. The Rey Auditory-Verbal
Learning Test: applicability for the Brazilian elderly population. Revista Brasileira de Psiquiatria, 29(4):324-
329. http://dx.doi.org/10.1590/S1516-44462006005000053 [ Links ]
MALLOY-DINIZ, L. F. et al (org). Avaliação Neuropsicológica. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2018.
MATSUMOTO, D. R. (2009). The Cambridge dictionary of psychology. Cambridge: Cambridge University Press
MONTORO, M. A. (Coord.). Neuropsicologia através de casos clínicos. São Paulo: CEPSIC, 2018.
MILLAN, M., Agid, Y., Brüne, M. et al. Cognitive dysfunction in psychiatric disorders: characteristics, causes and the quest
for improved therapy. Nat Rev Drug Discov 11, 141–168 (2012).
NITRINI, Ricardo; BACHESCHI, Luiz Alberto. A neurologia que todo médico deve saber. [S.l: s.n.], 2003.
SHEEHAN DV, Lecrubier Y, Harnett-Sheehan K, Amorim P, Janavs J, Weiller E, Hergueta T, Baker R, Dunbar G: The Mini
International Neuropsychiatric Interview (M.I.N.I.): The Development and Validation of a Structured Diagnostic Psychiatric
Interview. J. Clin Psychiatry, 1998;59(suppl 20): 22-33.

119
Muito Obrigado pela atenção!!! Forte abraço!

joaovirgilio@hotmail.com

Harmony Medical Center. Av. Dom Luís, 1233, sala


506. Tel: (85)3486-6069

Você também pode gostar