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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS

FACULDADE DE DIREITO DE ALAGOAS

LETÍCIA DE OLIVEIRA MENDES

TRABALHO 1 DE DIREITO FINANCEIRO E ORÇAMENTÁRIO 2

Maceió, Al
2024
LETÍCIA DE OLIVEIRA MENDES

TRABALHO 1 DE DIREITO FINANCEIRO E ORÇAMENTÁRIO 2

Trabalho solicitado como requisito de


obtenção parcial de nota para a disciplina de
Direito Financeiro e Orçamentário da
Faculdade de Direito de Alagoas.

Maceió, Al
2024
1º O governador eleito de determinado Estado-membro, com o objetivo de
desconcentrar as atividades do Poder Executivo, decidiu implementar, no primeiro
exercício financeiro do seu mandato, secretarias regionais, criando estruturas que
transferiram da capital para o interior, parte do poder de decisão do poder Executivo.
Para funcionar, as secretarias regionais precisariam de uma estrutura mínima
composta por secretário, secretário-adjunto, assessores, consultores e gerentes. A
criação de secretarias regionais não estava prevista na época de elaboração do
orçamento feito pelo seu antecessor e aprovado pela assembleia legislativa, para vigorar
no primeiro ano do mandato do novo governador; portanto, não existia dotação
orçamentária. Considerando a situação, como a despesa poderia ser realizada? De onde
viriam os recursos? E, se houvesse a dotação, mas fosse insuficiente, como ficaria a
situação? Existe algum princípio que justifique esse ajuste na execução orçamentária?
Qual? É possível alterar a lei orçamentária durante a sua execução?

As leis orçamentárias são responsáveis por definir a destinação do orçamento. No


entanto, pelo princípio da flexibilidade orçamentária, pode-se fazer necessária a alteração do
orçamento, que pode ocorrer de duas formas: através do contingenciamento de gastos, em
que não há a alteração da lei orçamentária, quando aquilo que foi estimado não se
concretizou; ou, durante a execução do orçamento, a estimativa foi menor do que o
necessário ou alguma despesa deixou de ser prevista, situação em que a lei orçamentária deve
ser alterada.
Diante da necessidade de alteração da lei orçamentária, que só pode acontecer se
estiver em conformidade com a LDO ou o PPA, há uma mudança na destinação dos recursos,
o que é feito através dos créditos adicionais, que podem suplementar o valor previsto para
uma despesa (créditos suplementares), pode destinar algum valor para uma despesa não
prevista (créditos especiais) ou podem destinar recursos para situações de calamidade
pública, quando há imprevisibilidade e urgência.
Assim, as despesas não computadas ou sub dotadas na LOA devem ser custeadas
através de créditos adicionais (art. 40, Lei 4.320). No caso, trata-se de créditos adicionais
especiais - que devem estar contemplados na LDO, o que significa que a despesa é prioritária
-, tendo em vista que não tiveram nenhuma previsão na Lei Orçamentária, os quais são
autorizados por lei específica - a LOA não pode autorizar créditos especiais - e abertos por
decreto do Poder Executivo.
A possibilidade da abertura de créditos especiais perpassa pela análise da existência
de recursos e deve ser precedida de uma justificativa. Existem recursos para a abertura de
créditos adicionais: I - o superávit financeiro apurado em balanço patrimonial do exercício
anterior; II - os provenientes de excesso de arrecadação; III - os resultantes de anulação
parcial ou total de dotações orçamentárias ou de créditos adicionais, autorizados em Lei;
IV - o produto de operações de crédito autorizadas, em forma que jurìdicamente possibilite ao
Poder Executivo realizá-las.
O excesso de arrecadação deve, ainda, ser apurado mês a mês, considerando-se,
também, a tendência do exercício. Isso significa que o aumento de arrecadação não pode ser
esporádico, pontual ou eventual, deve ser uma tendência que persiste ao longo do exercício
financeiro.
O recurso pode ser realocado de uma outra despesa prevista para outra. Nesse ponto,
ressalta-se a vedação de realocar despesas destinadas ao gasto com o pessoal, ao pagamento
da dívida pública e destinado às transferências obrigatórias.
A Constituição, em seu art. 166, VIII, §8º, realiza uma autorização prévia para
créditos suplementares, são eles “os recursos que, em decorrência de veto, emenda ou
rejeição do projeto de lei orçamentária anual, ficarem sem despesas correspondentes”.
Caso houvesse dotação, mas fosse insuficiente, o instrumento adequado seria o
crédito suplementar, que visa a suplementar a dotação existente, mas insuficiente. Essa
possibilidade ocorre privilegiando o princípio da flexibilidade orçamentária, que permite a
alteração da lei orçamentária durante sua execução, conforme as demandas surjam.

2º No mesmo Estado-membro, o Chefe do poder Executivo ante uma situação


de calamidade pública, deseja despender recursos para aplacar a situação. Seria
possível, haja vista a imprevisão orçamentária? Qual o procedimento?

Seria possível através de créditos extraordinários, que são despesas, criadas através
de decretos do poder executivo ou medida provísória, com imediato conhecimento do Poder
Legislativo, face a situações urgentes e imprevisíveis, tal como guerra externa, calamidade
pública e comoção interna, que não se submete à anterioridade nonagesimal ou anual.
Os recursos podem ser realocados de qualquer despesa, devendo observar as
limitações constitucionais (pagamento de pessoal, da dívida pública e transferências
obrigatórias).
No entanto, diante da abertura de créditos extraordinários, deve-se deduzir essa
despesa dos recursos provenientes do excesso de arrecadação para o fim de apurar os recursos
utilizados (art. 43, §4º).

3º Qual será a vigência dos créditos? Como devem ser apurados os recursos
utilizáveis provenientes de excesso de arrecadação?

Os créditos adicionais terão vigência adstrita ao exercício financeiro em que forem


abertos, salvo expressa disposição legal em contrário, quanto aos especiais e extraordinários,
é o que dispõe o art. 45 da Lei 4.320. No entanto, se os créditos especiais ou suplementares
forem abertos nos últimos 4 meses do exercício financeiro, podem ser realocados para o
orçamento seguinte, se houver saldo que poderá ser usado com a finalidade que foi aberto.

Os recursos utilizáveis provenientes do excesso de arrecadação devem ser apurados


mês a mês e deve ser precedida de uma justificativa. Consideram-se recursos para a abertura
de créditos adicionais: I - o superávit financeiro apurado em balanço patrimonial do exercício
anterior; II - os provenientes de excesso de arrecadação; III - os resultantes de anulação
parcial ou total de dotações orçamentárias ou de créditos adicionais, autorizados em Lei;
IV - o produto de operações de crédito autorizadas, em forma que jurìdicamente possibilite ao
Poder Executivo realizá-las.

Para o fim de apurar os recursos utilizáveis, provenientes de excesso de arrecadação,


deduzir-se-á a importância dos créditos extraordinários abertos no exercício.

4º Qual a providência a ser adotada se verificado, ao final de um bimestre, que


a realização da receita poderá não comportar o cumprimento das metas de resultado
primário ou nominal estabelecidas no Anexo de Metas Fiscais? Na sua resposta também
explique o procedimento a ser desenvolvido.

Quando não houver a arrecadação prevista, é necessário contingenciar os recursos,


limitando a realização do empenho dos recursos. Até trinta dias após a publicação dos
orçamentos, nos termos em que dispuser a lei de diretrizes orçamentárias, o Poder Executivo
estabelecerá a programação financeira e o cronograma de execução mensal de desembolso.

Se verificado, ao final de um bimestre, que a realização da receita poderá não


comportar o cumprimento das metas de resultado primário ou nominal estabelecidas no
Anexo de Metas Fiscais, os Poderes e o Ministério Público promoverão, por ato próprio e nos
montantes necessários, nos trinta dias subseqüentes, limitação de empenho e movimentação
financeira, segundo os critérios fixados pela lei de diretrizes orçamentárias.

Caso o Poder Legislativo, Judiciário e o Ministério Público não promovam a


limitação no prazo, o Poder Executivo é autorizado a limitar os valores financeiros segundo
critérios fixados pela LDO.

Só o Executivo faz contingenciamento, porque seu orçamento tem como base aquilo
que foi arrecadado, enquanto os demais Poderes fundamentam o seu orçamento com base em
uma estimativa.

Havendo arrecadação posterior, ocorre o descontingenciamento, por isso a norma


jurídica não sai do mundo jurídico. O art. 9º, § 1o, da Lei de Responsabilidade Fiscal dispõe
que no caso de restabelecimento da receita prevista, ainda que parcial, a recomposição das
dotações cujos empenhos foram limitados dar-se-á de forma proporcional às reduções
efetivadas.

Não podem ser contingenciadas as despesas constitucionais e legais do ente,


inclusive as destinadas ao pagamento da dívida, relativas à inovação, desenvolvimento
científico e tecnológico custeados pelo fundo destinado a tal finalidade

REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei complementar nº 101, de 4 de maio de 2000. Estabelece normas de finanças


públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências. LEI
COMPLEMENTAR Nº 101, Brasília, 4 maio 2000. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm. Acesso em: 19 jan. 2024.

BRASIL. Lei nº 4320, de 17 de março de 1964. Estatui Normas Gerais de Direito Financeiro
para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios
e do Distrito Federal. Lei 4320, Brasília, 17 mar. 1964. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4320.htm. Acesso em: 19 jan. 2024.

RAMOS FILHO, Carlos Alberto de Moraes. Curso de Direito Financeiro. São Paulo :
Saraiva, 2012.

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