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SÉRIE

NEIGHBOR FROM HELL


LIVRO 12
Série
Neighbor From Hell
LANÇAMENTO
Às vezes, a vida não sai da maneira que esperávamos.
Foi o que aconteceu com Devin Bradford quando ele
recebeu a notícia que virou sua vida de cabeça para baixo
sete anos atrás.

Determinado a estar lá para seus filhos, Devin colocou


sua vida em espera, colocando seus filhos em primeiro
lugar, mesmo que isso significasse dizer a si mesmo que
ele não poderia ter a única mulher que ele sempre quis.

Depois de anos adiando o próximo passo, Charlie


estava finalmente pronta, principalmente porque sua
melhor amiga tinha ameaçado tornar sua vida um inferno
se ela não o fizesse.

Sabendo que ela não seria capaz de fazer isso a menos


que fizesse algumas mudanças, Charlie de alguma forma
mudou-se para o apartamento de um homem que parecia
sair de seu caminho para evitá-la, apenas para se
perguntar se ela estava perseguindo o sonho errado,
afinal.
OS FILHOS DE TIMOTHY E REGAN BRADFORD SÃO:
1. Jared, casado com Megan, seu filho é Jason Bradford, (m.
Haley) pai de Cole, Elizabeth e Joshua.
2. Sarah faleceu. Seu filho é Trevor, que se casou com Zoe, e é
pai de Jonathan, Sebastian, Mathew e Jéssica.

3. Ethan, casado com Mary e seus filhos, Duncan (m. Necie),


Danny (m. Jodi), Lúcifer (m. Rebecca), Kenzie, Arik, Garrett, Reese
(m. Kasey, filho Mikey, gêmeos com outros gêmeos a caminho), Darrin
(m. Marybeth, trigêmeas) e Aidan.

4. Mark se casou com Jessie, os filhos são Reed e Matt.


5. Ryan, casado, Amanda, seus filhos, Eric e Theo.
6. Shane, casado, Caylee, filho é Devin (pai de Dustin e Abbi)
7. Thomas, casado com Heather, a filha é Nikki.

(PRIMOS DOS BRADFORDS)


CRIADOS POR WES E BETH BRADFORD:
David James, divorciado, criou os filhos sozinho, Rory (m.
Connor, dois filhos), Bryce, Johnny, Craig, Brian e Sean.
A tradução em tela foi efetivada pelo grupo Pegasus
Lançamentos de forma a propiciar ao leitor o acesso à obra,
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Bem, isso é lamentável, Charlie pensou enquanto estava lá,
observando o homem grande em pé na frente dela, notando que
estava encharcado, coberto de farinha, e o que parecia ser cacau
em pó. Sua gravata estava queimada, sua camisa foi destruída, e
ele não tinha absolutamente nenhuma ideia de quem ela era, o que
era compreensível, pois normalmente se esforçava para evitá-la.

Isso foi confirmado segundos depois, quando aquela


expressão familiar com a qual estava acostumada agora cruzava
seus traços, a mesma que lhe dizia que ele estava tentando
descobrir de onde a conhecia, quando seu olhar disparou para a
camisa dela, aquela que ela usava todos os dias para trabalhar, a
mesma com "Bradford Creations" impressa. Franzindo a testa, ele
pegou o cabelo castanho encaracolado dela puxado para trás num
rabo de cavalo antes de olhar para o relógio de Harry Potter

Aparentemente, isso foi suficiente para despertar sua


memória.

— Como posso ajudá-la, Charlie? — Devin Bradford, seu


chefe nos últimos cinco anos, e a razão pela qual ela não deixou
mais comida sozinha no refeitório, murmurou distraidamente,
franzindo a testa quando ele se abaixou e puxou uma corda de
pular rosa que de alguma forma conseguiu se enrolar em suas
pernas e jogou-a o de lado.
— Não tenho muita certeza — Charlie murmurou, de repente
se arrependendo de não ter pego aquele apartamento de dois
quartos na Cedar Street que tinha cheiro de lixo, cocô de gatinho
e outras coisas que reviram o estômago quando lembra, enquanto
olhava de volta para o post-it na mão, para ter certeza se tinha o
endereço certo. Ela tinha, o que significava ...

— Você está aqui por causa do apartamento para alugar. —


afirmou Devin com um suspiro de dor enquanto esfregava as mãos
lentamente pelo rosto.

— Talvez. — Charlie murmurou, principalmente porque


realmente não achou que era uma boa ideia, não com ela se
demitindo e tudo. Não que ele soubesse que ela estava saindo e,
como não planejava contar até que estivesse pronta, ela sentiu que
seria do seu interesse se voltasse para o carro, fosse para o
trabalho, e passasse o resto do dia se escondendo em seu
escritório, com a esperança que ele esquecesse que isso aconteceu.
Então, novamente, talvez não tivesse que se preocupar com nada,
Charlie pensou enquanto estava lá, piscando para o homem
grande olhando para ela. Talvez não, pensou, quando ele disse:

— Isso não está acontecendo.

— Tudo bem. — Charlie respondeu enquanto continha um


suspiro de decepção, porque ela estava contando com o aluguel
deste apartamento.

Se ela iria fazer isso funcionar, e Deus, realmente esperava


que isso funcionasse, precisaria de um apartamento mais barato.
Não queria desistir de seu apartamento de dois quartos, mas
realmente não tinha escolha no momento. Bem, ela tinha, no
entanto desde que deixou Ben convencê-la a estabelecer um prazo
para ter sua empresa, que ela ainda estava tentando descobrir um
nome para o funcionamento dentro de um ano, ela tinha que fazer
isso e a única maneira de o conseguir era economizando dinheiro
suficiente para que acontecesse, e isso significava reduzir suas
despesas.

Ela já havia cancelado a TV a cabo, descoberto uma maneira


de cortar a conta de celular ao meio, trocado o seguro do carro,
cancelado todas as associações que havia dito a si mesma que
usaria um dia, no entanto nunca o fez, contas de serviços públicos
ao meio, estabeleceu um orçamento e, em algum momento,
começou a cumpri-lo, desistiu dos frappuccinos cremosos com
uma dose extra de caramelo e calda de chocolate que tanto
gostava, e planejou cozinhar mais para não depender de comida
pronta. Por mais que ela odiasse fazer isso, conseguir um lugar
menor a ajudaria a alcançar seu objetivo mais rapidamente. Esse
apartamento era trezentos dólares mais barato que o resto dos
apartamentos que ela estava considerando e com certeza ajudaria,
porém não parecia que isso iria ...

— Eu desisto! — a pequena mulher coberta da cabeça aos pés


em farinha e glitter verde gritou enquanto apertava mais a bolsa
marrom coberta de marcador mágico preto e corria em direção a
ela.
— Merda! — Devin xingou, olhando ansiosamente por cima
do ombro antes de olhar para a pequena mulher enquanto ela
tropeçava nos pés e...

Rapidamente, ela se levantou quando lançou um olhar de


pânico por cima do ombro, soltou um grito aterrorizado que meio
que assustou Charlie um pouco e continuou enquanto Devin dizia:
“Merda!” novamente.

Depois de um último olhar por cima do ombro, ele foi atrás


dela. Por um momento, Charlie simplesmente ficou lá, observando
como a pequena mulher corria em direção ao carro para repensar
esse plano quando viu Devin indo atrás dela e saiu pela rua
chorando:

— Você não pode me fazer voltar lá! — Foi quando ela se foi.

Pensando se deveria expandir sua pesquisa para incluir


quartos para alugar, Charlie colocou a nota de volta no bolso,
virou-se para ir para o carro apenas para voltar e se convidou a
entrar quando ouviu uma criança dizer as palavras mágicas:

— Vamos precisar de fósforos.

Uma vez que ela estava dentro da casa que parecia ter sido
atingida por um tornado, Charlie caminhou cuidadosamente em
direção aos sons das portas do armário se fechando, passando por
cima de brinquedos, giz de cera e Legos enquanto ela passava.
Quando ela abriu a porta da cozinha, entendeu completamente por
que a pequena mulher corria gritando da casa.
— Isso não está acontecendo, porra. — Devin rosnou
enquanto estava parado, sendo forçado a assistir a mulher que ele
não tinha sido capaz de convencer a lhe dar outra chance, na sua
garagem, deixando uma nuvem de poeira para trás.

O que porcaria ia fazer agora?

Ia entrar em pânico, era o que ele ia fazer, Devin decidiu,


enquanto voltava para dentro de sua casa, puxando o celular
enquanto passava e começou a percorrer seus contatos, tentando
descobrir como convenceria sua mãe a adiar suas férias para outro
dia, para que...

— Qual é o seu dinossauro favorito? — ouviu Dustin


perguntar quando abriu a porta da cozinha e encontrou a pequena
mulher que ele havia passado evitando nos últimos cinco anos
passar delicadamente os dedos pelos cabelos ensaboados do filho,
parando apenas tempo o suficiente para adicionar mais xampu
antes que ela continuasse.

— Essa é uma pergunta difícil. — Charlie respondeu com uma


expressão pensativa enquanto Dustin, que nunca ficava parado,
sentava-se calmamente na pia da cozinha, esperando que ela
respondesse.

— Colocarei o T-Rex — decidiu Abbi, sua filhinha, de onde


estava sentada no balcão, enrolada na toalha favorita do Mickey
Mouse, com os cabelos molhados penteados e uma prancheta com
um dos formulários de aplicação para o aluguel do apartamento
adjacente, que ele imprimiu, no colo dela.

Ele estava adiando o aluguel do apartamento por um tempo


agora, entretanto com as crianças ficando mais velhas e a Bradford
Creations crescendo, Devin não tinha muita escolha. Precisava de
ajuda, e era por isso que esperava alugar o apartamento para um
garoto da faculdade ou para uma mulher de meia idade em troca
de aluguel baixo e algumas horas de babá por semana. O que não
esperava era que ela aparecesse.

Não sabia o que tinha sobre essa mulher, porém desde o dia
em que ela apareceu para uma entrevista vestindo uma camiseta
do Indiana Jones e o sorriso mais fofo que ele já vira, Devin não
conseguia parar de pensar nela. Nos primeiros trinta segundos
depois de conhecê-la, percebeu que contratá-la seria um erro. Ele
tinha planejado agradecer-lhe por ter entrado e jogar seu currículo
no lixo assim que ela saiu, apenas para encontrar-se lhe enviando
uma mensagem de texto, dizendo-lhe que o trabalho era dela antes
que chegasse à porta da frente.

Tinha sido um erro, do qual se arrependera nos últimos cinco


anos e não tinha nada a ver com o trabalho dela. A queria. Deus,
ele a queria? Não importava quantas vezes se lembrasse de que
não podia tê-la, não parava de pensar nela. Foi a razão pela qual
ele transformou a sala de armazenamento do segundo andar em
seu escritório e evitou a sala de descanso quando soube que ela
estava lá, porque não a teria.
Fizera uma promessa a seus filhos quando eles nasceram e
planejou cumpri-la. Isso significava evitar a mulher pequena que
nunca deveria ter chamado sua atenção em primeiro lugar. Ela
não era nada parecida com as mulheres que ele costumava
namorar. Ela era uma coisinha curta e gorducha, com uma
obsessão doentia por Harry Potter e os olhos mais azuis que ele já
vira.

— É uma boa ideia. — Charlie respondeu com um daqueles


sorrisos calorosos que ele tentava não pensar na maioria dos dias
enquanto ela terminava de tirar o glitter dos cabelos de Dustin e
gesticulou para ele cobrir os olhos.

— Qual a próxima pergunta? — Dustin perguntou,


obedientemente cobrindo os olhos para que Charlie pudesse lavar
o cabelo.

Abbi franzindo a testa olhou para o formulário e disse:

— Qual é o seu sorvete favorito? — fazendo-o sorrir.

— Hummm — Charlie ponderou, apertando os lábios,


pensativa antes de acrescentar — essa é difícil, mas acho que irei
com o de biscoito de chocolate.

— Esse também é o favorito do papai — afirmou Abbi,


assentindo solenemente enquanto escrevia algo no formulário com
um giz de cera verde.
— Os brownies estão prontos? — Dustin perguntou,
lembrando‐o da razão pela qual eles estavam nessa bagunça em
primeiro lugar.

— Quase — falou Charlie, olhando para o forno quando o


cheiro de brownies quentes chamou sua atenção.

— E os muffins? — Abbi perguntou, fazendo-o franzir a testa.

Ela fez muffins?

Deus, ele amava muffins.

— Mais cinco minutos — respondeu Charlie, fazendo-o


perceber quanto tempo havia perdido tentando convencer a babá
que não havia durado uma semana a voltar.

— Você ficará no apartamento? — Dustin perguntou


enquanto Charlie pegava uma toalha de rosto e começava a
trabalhar para remover a bagunça de pasta brilhante atrás das
orelhas.

— Isso depende do seu pai — Charlie disse, enxaguando a


toalha enquanto Devin estava lá, pensando em todas as razões
pelas quais essa era uma má ideia, porém uma olhada nos rostos
sorridentes de seus filhos o fez fazer algo que ele já se arrependia.
UMA SEMANA DEPOIS…
Ela provavelmente deveria estar preocupada com o fato de
alguém estar em sua cama, Charlie pensou enquanto se virava e
se viu sorrindo quando viu seu novo melhor amigo sentado na
cama ao lado dela, usando o par de pijamas mais fofo que já tinha
visto, com uma tigela grande de Fruit Loops no colo enquanto
assistia Bob Esponja Calça Quadrada.

— Eu fiz o café da manhã. — anunciou Dustin em torno de


uma boca cheia de Fruit Loops.

— Você fez? — Charlie perguntou, prendendo um bocejo


enquanto se sentava ao lado dele.

— Você estava sem torrada — ele respondeu, apontando para


a bandeja na cama na frente dele.

— Entendo — respondeu Charlie, pegando a grande tigela de


Fruit Loops, o copo cheio de leite com chocolate, lanches de frutas,
um cupcake Hostess, ela olhou a bagunça que cobria a bandeja e
sentiu seus lábios tremerem. — Isso parece delicioso, obrigada. —
ela agradeceu, servindo-se da outra tigela de cereal e se sentando
ao lado dele para assistir Bob Esponja.
— De nada — disse Dustin enquanto olhava para o
despertador e notava a hora.

— Por que você está acordado tão cedo? — Charlie perguntou


quando ela estendeu a mão e desligou o alarme antes que pudesse
tocar.

— Reunião com meu professor — confessou Dustin,


encolhendo os ombros enquanto colocava a tigela para baixo e
pegava o cupcake Hostess e o partia ao meio.

— Parece divertido — Charlie afirmou enquanto aceitava a


metade do cupcake e dava uma mordida.

— Ele não gosta de mim — Dustin murmurou, fazendo-a


franzir a testa.

— Por que você diz isso? — perguntou, terminando o cupcake.

Dustin encolheu os ombros.

— Porque eu não sei ler, apenas acompanho. Por que sua


cama está na sala de estar? — ele perguntou antes que ela pudesse
dizer qualquer coisa.

— Porque uma cama é mais confortável do que um sofá. —


declarou Charlie, decidindo não mencionar que havia decidido
usar o quarto como escritório, para que ela pudesse fazer sua
empresa sem nome começar a funcionar em tempo parcial, para
garantir que isso desse certo. Antes que ela tivesse arriscado tudo.
— É mesmo — Dustin concordou prontamente com um aceno
de cabeça enquanto pegava o copo de leite com chocolate apenas
para fazer uma bagunça maior.

— Aqui — ela disse, sorrindo enquanto puxava


cuidadosamente a bandeja para mais perto, para que ele pudesse
se inclinar e tomar um gole.

— Obrigado — ele agradeceu, limpando a boca na parte de


trás do braço antes de voltar sua atenção para a tigela de Fruit
Loops quando algo lhe ocorreu.

— Como você chegou aqui? — Charlie perguntou, já decidindo


que deixaria a porta destrancada a partir de agora, já que
realmente não havia nada como ser servida com café da manhã na
cama por um homem incrivelmente bonito.

— A chave. — apontou Dustin em torno de um bocado de


cereal.

— Isso faz sentido. — ela replicou, assentindo solenemente,


Abbi entrou e subiu na cama com um bocejo enquanto se sentava
ao lado de seu irmão gêmeo.

— Papai está procurando por você. — murmurou Abbi,


sonolenta, estendendo a mão e servindo-se de uma colher de Fruit
Loops do irmão.

— Estou com minha senhora. — proclamou Dustin, fazendo


os lábios tremerem.
— Não devemos estar aqui. — cochichou Abbi, confirmando
as suspeitas de Charlie.

Nos últimos cinco anos, Devin estava se esforçando para


evitá-la, mal reconhecendo sua existência e esquecendo quem ela
era quando ele a viu, e agora...

Agora ele não parava de encará-la.

Tudo começou quando ele lhe disse que o apartamento era


dela quando lhe entregou o contrato de aluguel para assinar. Ela
considerou salientar que ainda não tinha visto o apartamento, no
entanto esse brilho a fez rapidamente decidir que seria do seu
interesse assinar o contrato antes que mudasse de ideia e ela sabia
que ele queria mudar de ideia. Podia ver no seu rosto toda vez que
a olhava, o que infelizmente para ela, era algo que ele vinha
fazendo muito mais na semana passada.

Ontem, quando ela apareceu com um caminhão de mudança


e Ben ao seu lado, esperava que ele lhe dissesse que havia mudado
de ideia. O que ela não esperava era que Devin os encontrasse na
porta com uma cara feia. Ok, talvez depois de uma semana de
olhar furioso, ela esperava por isso, entretanto não esperava que
ele desse esse olhar para Ben, enquanto lhe dizia para se sentar
enquanto ele assumia a descarga do caminhão. Depois que levou
sua mudança para dentro, ele lhe enviou um último olhar e saiu,
trancando a porta que ligava o apartamento adjacente ao resto da
casa atrás dele e então...

Foi isso.
Ela não tinha visto ou ouvido falar dele desde então, e
assumiu que podia esperar que ele a evitasse em casa, como fazia
no trabalho. Provavelmente tornaria isso mais fácil, Charlie
pensou enquanto se via observando seu chefe/senhorio entrar em
seu apartamento usando uma cueca preta e outro olhar mal-
humorado. Ela deu outra colherada no cereal enquanto passava
os olhos por ele, passando de seu cabelo preto e desarrumado até
as pernas, observando todos os músculos bronzeados e não podia
deixar de se perguntar por que ele não se vestia assim para o
trabalho. Certamente ajudaria a melhorar o humor dos
funcionários, Charlie decidiu com um suspiro melancólico.

— O que vocês estão fazendo aqui? Pensei ter pedido para


vocês deixarem Charlie em paz. — questionou Devin, apenas para
receber olhares em branco.

— Por que você está aqui? — Dustin perguntou, piscando


para o pai.

Com os olhos estreitos, Devin falou:

— Eu estava procurando por você.

— Você não bateu — Abbi apontou, fazendo Charlie morder o


lábio para se impedir de sorrir.

— Você deveria bater — Dustin falou com um triste


movimento de cabeça enquanto pegava seu copo de leite com
chocolate e tomava um gole com cuidado.
— E você bateu? — Devin perguntou, estendendo a mão para
passar os dedos pelos cabelos desarrumados do filho.

— Estou tomando café da manhã com minha senhora. —


explicou Dustin com um sorriso adorável.

Houve um suspiro e depois:

— Sinto muito se eles a incomodaram — desculpou-se Devin


enquanto puxava Abbi da cama e a colocou de pé antes de pegar
Dustin.

— Eles não me incomodaram — Charlie prometeu, enquanto


decidia que provavelmente seria uma boa ideia pegar mais hostess
cupcakes e leite com chocolate para seu novo melhor amigo.

— Sobre o que conversamos, crianças? — Devin parou,


recostando-se na parede pintada com um grande sol sorridente
enquanto olhava para o celular e examinava os pedidos que
precisavam sair hoje.

— Muitas coisas, papai. — informou Abbi, assentindo


solenemente enquanto se recostava nele, o fazendo sorrir.

— Isso é verdade. — confirmou Devin, apenas para franzir a


testa quando notou todos os pedidos on-line que o estavam
esperando.

Não que ele estivesse reclamando, longe disso.


Quando começou esse negócio, cinco anos atrás, ele
honestamente não esperava estar fazendo isso bem. Seu único
objetivo era ser capaz de ganhar dinheiro suficiente para poder
cuidar de seus filhos. Até aquele momento, ele trabalhava em
período integral como policial e fazia turnos como paramédico.
Nunca planejou desistir, mas também nunca planejou se tornar
pai solteiro aos 22 anos.

Depois que Heather lhe disse que estava grávida, Devin


percebeu que teria que tomar algumas decisões difíceis. Adorava o
que fazia, o pagamento era bom, os benefícios eram ótimos e isso
lhe permitia cuidar de seus filhos, porém ele queria mais. Queria
ver seus filhos crescerem e estar lá por todos os grandes
momentos, e isso significava começar de novo.

Ele desistiu de seu apartamento e voltou a morar com os pais


para economizar dinheiro, aproveitou todos os turnos em que
podia pôr as mãos, trabalhou para o tio Jared nos dias de folga e
economizou cada centavo enquanto tentava descobrir o que iria
fazer. Considerou ir trabalhar para seu tio em tempo integral,
sabendo que seu tio lhe permitiria ter mais controle sobre sua
agenda para que ele pudesse passar um tempo com seus filhos,
contudo...

Não teria sido suficiente.

Precisava de algo que lhe permitisse fazer seu próprio horário.


Ele nunca tinha planejado trabalhar em madeira, porém percebeu
rapidamente que era sua única opção. Então, tarde da noite,
depois que chegava em casa e a única coisa que queria fazer era
tomar um banho quente e desmaiar, ele entrava na antiga oficina
de seu pai e trabalhava até ficar exausto demais para ver direito
antes de finalmente permitir-se desmaiar durante a noite. Então
acordava no dia seguinte e fazia tudo de novo. Conseguiu vender
algumas peças personalizadas, fez alguns trabalhos de
marcenaria, no entanto não era suficiente.

Seu tio Mark perguntou se ele queria ajudá-lo com a Bradford


Furniture. Seu tio estava pensando em se aposentar e precisava
de ajuda até a hora de seu filho mais novo assumir o controle.
Desde que lhe permitiu passar um tempo com seus filhos, Devin
aproveitou a chance. Quando seus filhos nasceram, ele já tinha
dinheiro suficiente para arrendar uma pequena casa de dois
quartos com uma garagem grande que pôde transformar em sua
oficina. Seu tio enviou os pedidos necessários e, às vezes, enviava
algo que precisava ser consertado, e foi assim que Devin teve a
ideia da Bradford Creations.

Um cliente encontrou um baú antigo que um de seus bisavôs


havia construído. Tinha algum dano, um pouco de desgaste,
entretanto o problema era que eles não conseguiam abri-lo. Seu
tio lhe enviou para ver se ele poderia restaurá-lo, e pôde. Foi só
quando deu os últimos retoques no velho baú que ele encontrou a
pequena trava que abriu um compartimento secreto no fundo.

Tinha ficado surpreso com o quão bem havia sido escondido


o artesanato. Isso o levou a olhar mais de perto alguns dos móveis
que foram passados pela família ao longo dos anos. Ele encontrou
vários compartimentos ocultos, cada um mais intrincado que o
anterior. Passou semanas estudando-os, tentando descobrir como
eles funcionavam e como eles conseguiram inseri-los no design
sem revelar nada.

Isso o levou a tentar trabalhar compartimentos ocultos em


alguns de seus projetos. Ele rapidamente percebeu que não
funcionaria, já que os compartimentos tinham sido fáceis de
encontrar. Decidiu, então, dar uma olhada em algumas das coisas
que foram passadas pela família. Ele separou algumas
escrivaninhas e baús para que pudesse ter uma ideia melhor de
como eles conseguiram e, depois de alguns meses de tentativa e
erro, ele finalmente descobriu.

Começou a brincar com ideias, baús, escrivaninhas, camas,


estantes de livros, armários, até ficar sem espaço naquela pequena
casa de dois quartos. Seu tio começou a apresentar parte de seu
trabalho no site da Bradford Furniture e, pouco depois, Devin se
viu como orgulhoso proprietário de um antigo quartel de
bombeiros e precisava desesperadamente de alguém para lidar
com todo o material e marketing on-line.

Foi aí que Charlie entrou.

Mesmo quando a contratou, ele sabia que era um erro, mas


felizmente não era um que se arrependia. O que quer que ela tenha
feito no BackOffice, fez da Bradford Creations um sucesso incrível.
Ele recebia pedidos de todo o mundo, pessoas dispostas a pagar o
preço mais alto para pôr as mãos em seus projetos, e mais trabalho
do que ele podia suportar, e era tudo por causa da pequena mulher
que ele estava evitando nos últimos cinco anos.
Curioso, decidiu ver o que a nova melhor amiga de seu filho
estava fazendo. Abriu o site da Bradford Creations e não pôde
deixar de notar que ela estava muito ocupada ultimamente. Ela
manteve o blog atualizado, certificou-se de apresentar seus
projetos mais recentes, respondeu a perguntas e foi muito ativa
nas mídias sociais, mantendo todos os duzentos e cinquenta mil
seguidores envolvidos e…

Ele precisava parar de pensar nela, Devin lembrou a si mesmo


quando desligou o celular e o deslizou de volta no bolso. Isso durou
trinta segundos antes que se desse conta de como ela estava
adorável, sentada na cama, de pijama sorridente, com uma tigela
de cereais no colo, sorrindo para algo que Dustin disse e ...

Ele realmente precisava ter outra conversa com as crianças


sobre deixá-la sozinha.

— Papai? — Abbi chamou.

Arrastou sua atenção para baixo para encontrá-la o olhando


através de inocentes olhos azuis.

— Sim, menina? — Devin perguntou enquanto se agachava


para poder falar com ela.

— Você se lembra que nós amamos você, certo? — perguntou


com o sorriso mais doce que ele já viu, fazendo-o estreitar os olhos
nela antes de mudar sua atenção para encontrar seu filho o
observando com um sorriso malicioso que imediatamente se
tornou inocente.
— Sim. — confirmou Devin cautelosamente enquanto voltava
a atenção para a filha — Por quê?

— Nada não. — Abbi respondeu-lhe, parecendo realmente


esperançosa.

— O que você fez? — Devin questionou mesmo quando ele


beijou sua testa simplesmente porque não podia se conter. Ela era
a filha dele... não importa o quanto o aterrorizava.

— Por que você acha que fizemos algo ruim, papai? — Abbi
perguntou, piscando para ele.

— Oh, graças a Deus, você está aqui — suspirou uma mulher


chamando sua atenção para encontrar a professora parada na
porta parecendo realmente aliviada e ele viu-se carrancudo porque
não se lembrava dela ter cabelos grisalhos quando a conheceu no
mês passado.

Por outro lado, algo lhe disse que seus filhos podem ter algo
a ver com isso, especialmente quando Abbi falou:

— Lembre-se de que te amamos, papai. — com um aceno de


cabeça que Dustin combinou ao acrescentar:

— Muito.
— O que há de novo? — Charlie perguntou distraidamente,
enquanto checava duas vezes para se certificar de que colocou um
novo cartão de memória em sua câmera.

— Aquele armário perto da parede dos fundos. — respondeu


TJ, apontando para um armário incrivelmente bonito, quando
Charlie saiu do caminho enquanto dois homens carregavam uma
cômoda em direção à sala de expedição.

— Isso é tão bonito. — Charlie suspirou, caminhando até o


armário com um intrincado desenho celta correndo pelo lado
enquanto ela olhava para as grandes portas duplas e as gavetas e
não podia deixar de imaginar o que essa escondia.

Às vezes, quando trabalhava tarde da noite, Charlie descia


aqui e olhava em volta, curiosa para ver os últimos designs de
Devin, o que geralmente a levava a passar algumas horas tentando
descobrir onde ficavam os compartimentos ocultos até que ela
finalmente desistia e olhava para as folhas de dicas que
acompanhavam todos os móveis que saíam deste edifício.
Decidindo que voltaria mais tarde para dar uma olhada melhor,
Charlie tirou algumas fotos para o site antes de voltar com um
suspiro melancólico, desejando poder ter dinheiro, porque
adoraria possuir algo tão bonito.
— Você pode me enviar as especificações? — Charlie
perguntou, forçando sua atenção para longe do belo armário antes
que fizesse algo estúpido como perguntar quanto era porque sabia
que, mesmo com o seu desconto de funcionários, ela não podia
pagar. Tinha que economizar seu dinheiro, Charlie lembrou a si
mesma enquanto se via olhando para trás, incapaz de deixar de
notar que era o tamanho perfeito para sua sala/quarto.

— Ele provavelmente venderia para você com desconto. —


alegou TJ com um olhar aguçado no armário que ela realmente
não precisava, mas realmente, realmente, realmente queria.

Era tão bonito, Charlie pensou, reprimindo um gemido


porque ela tinha que ser boa e economizar seu dinheiro. Ela não
ia perguntar, lembrou a si mesma.

Definitivamente não ia perguntar, porque não precisava


saber.

Ela tinha que se segurar.

Atenha-se ao plano dela e…

— Quanto isso custa? — Charlie se viu perguntando


enquanto enviava um olhar esperançoso para a coisa mais linda
que já vira em sua vida.

— Cinco mil dólares, — respondeu TJ, antes de acrescentar


— com o nosso desconto para funcionários. — destruindo a pouca
esperança que ela tinha de poder pagar.
Um dia, Charlie prometeu a si mesma enquanto se obrigava
a desviar o olhar.

— Sim, colocarei isso online. — comunicou Charlie, dando


uma risada enquanto se dirigia para a escada dos fundos que
levava ao segundo andar e fazia beicinho a cada passo do caminho.

Quando chegou ao segundo andar, Charlie reprimiu uma


maldição e rezou para que ela chegasse ao escritório antes.

— Aí está você! — Kelly, a mulher incrivelmente bonita que


Devin contratou há dois anos para assumir o serviço ao cliente,
disse com um daqueles sorrisos calorosos que ela dava a todos
enquanto caminhava até Charlie, carregando uma caixa de
padaria branca que provavelmente tinha dois donuts de geleia
porque eram o favorito de Charlie.

Charlie não confiava nela.

Enquanto todo mundo amava Kelly e não podiam dizer coisas


agradáveis o suficiente sobre ela, Charlie não gostava dela, embora
isso provavelmente a fizesse uma pessoa horrível, porém
simplesmente não podia evitar. Era algo sobre a maneira como
seus sorrisos nunca combinavam com o olhar em seus olhos e a
maneira como ela agia como se todo mundo fosse seu melhor
amigo, e...

Ela apenas parecia falsa.

Realmente não havia outra maneira de explicar isso.


— Olha o que eu tenho para você! — Kelly anunciou com uma
piscadela conspiratória quando abriu a caixa e presenteou Charlie
com dois donuts de geleia.

— Na verdade, eu peguei alguns no caminho para cá. — falou


Charlie, gesticulando distraidamente para a mochila com um
suspiro decepcionado. — No entanto, obrigada mesmo assim,
Kelly.

Com um beicinho exagerado, Kelly perguntou:

— Você tem certeza?

— Sim, desculpe, obrigada. — disse Charlie, já se movendo


para ir pelo corredor dos fundos.

— Tudo bem — Kelly respondeu com um suspiro triste,


virando-se apenas para lançar um olhar calculista que Charlie
quase perdeu antes que desaparecesse e aquele sorriso falso que
ela estava acostumada a ver voltasse ao lugar.

Curiosa, Charlie seguiu o olhar da outra mulher e...

Sim, definitivamente hora de começar a trabalhar, ela decidiu


quando viu Devin vindo em sua direção. Com isso em mente,
Charlie seguiu pelo corredor dos fundos, passou pelos
almoxarifados e armários de suprimentos até chegar à parte do
corredor onde a luz do sol entrando pelas janelas do segundo
andar não chegava a continuar. Ela não se deu ao trabalho de
acender as luzes, pois já sabia que ninguém mais viria aqui.
Quando alcançou a porta no final do corredor escuro, deu um
suspiro de alívio por ter chegado ao escritório sem ter que suportar
outra sessão gritante de seu chefe.

Em segundos, Charlie estava entrando em seu santuário.


Com um suspiro, tirou os sapatos e os chutou para o lugar
habitual. Colocou a câmera na estante de livros que pegou de um
dos almoxarifados, pegou o almoço que havia feito para
economizar dinheiro e o pequeno saco de confeitaria branco
segurando seus preciosos anéis de geleia da mochila antes de
largá-la pela porta. Ela colocou o almoço no mini refrigerador que
ela havia escondido alguns anos atrás antes de deixar cair os
donuts em sua mesa, que ela também pode ter ajudado a guardar,
pegou o controle remoto e ligou a TV de tela grande, que ela
também pode ter forçado a entrar aqui.

Depois de selecionar um filme para deixar de ouvir ruídos de


fundo, Charlie pegou seu segundo copo da Sonserina favorito,
caminhou de volta para o mini refrigerador que ela provavelmente
não deveria ter aqui e encheu-o de gelo, pegou uma Coca-Cola e
colocou na mesa antes de pegar a câmera e começar a trabalhar.
Vinte minutos depois, viu-se encarando o belo armário do andar
de baixo, certificando-se de que parecesse perfeito nessa resolução
enquanto tentava forçar o dedo a clicar em publicar, sabendo que
provavelmente seria vendido até o final do dia.

Talvez ela pudesse fazer isso, Charlie afirmou a si mesma,


assentindo distraidamente enquanto pensava sobre isso. Tinha o
dinheiro em sua conta para pagá-lo. Ela teria que ajustar algumas
coisas, adiar o prazo em alguns meses, no entanto poderia fazer
isso, disse a si mesma apenas para suspirar quando finalmente se
forçou a salvar. Por mais que ela adorasse pôr as mãos naquele
belo armário, Charlie queria mais começar seu próprio negócio. Já
tinha procrastinado o bastante. Estava na hora de ...

— Queria falar com você sobre uma coisa. — vieram as


palavras suavemente ditas que fizeram Charlie lentamente virar a
cabeça e contemplar o homem grande sentado na cadeira de couro
enorme que ela pode ter ajudado a si mesma pegar da sala de
espera e não pôde evitar, mas se perguntou por que Devin Bradford
estava em seu escritório.

Bem, tecnicamente, era o escritório dele, desde que era dono


do prédio, no entanto como ele não havia pisado nesta sala desde
que a havia banido para cá há cinco anos, ficou surpresa ao
encontrá-lo aqui. Ela ainda não tinha certeza do que aconteceu.
Um dia, ela estava presa num escritório pequeno e apertado, com
muita luz, espremida entre os banheiros e a sala de descanso,
tornando impossível para ela se concentrar, e no próximo ...

TJ a encontrou na porta dos fundos uma manhã com um


sorriso de simpatia e anunciou que deveria mostrá-la o seu novo
escritório. Quando ele lhe fez um gesto para segui-lo lá em cima,
ela hesitou quando percebeu que o único outro escritório
disponível era o da escada. Um momento depois, Charlie o estava
seguindo para cima, debatendo se entregava imediatamente seu
aviso prévio de duas semanas de antecedência ou esperava até
encontrar um novo emprego, porque não havia como ela conseguir
fazer alguma coisa se tivesse que lidar com o problema dos ruídos
vindos da loja abaixo ou os sons de pessoas indo e vindo o dia todo.

Simplesmente não podia fazer isso.

Antes que tivesse a chance de descobrir o que ia fazer, ele


passou pelo pequeno escritório pelas escadas e se dirigia para as
salas de armazenamento dos fundos. Curiosa, ela o seguiu,
notando os olhares compreensivos que ele continuava enviando, e
não pôde deixar de se perguntar o que eles estavam fazendo
quando ele abriu a porta do depósito extra que ninguém usava e
anunciou que aquele era seu novo escritório. Funcionava
perfeitamente, ela distraidamente recusou seu pedido de
desculpas e começou a trabalhar criando o espaço de trabalho
perfeito.

— Sobre o que você quer conversar? — Charlie perguntou,


incapaz de se ajudar, porém se questionou por que ele estava aqui
conversando com ela quando normalmente era TJ lidando com ela,
se ele tinha uma pergunta ou precisava dizer algo a ela.

— Eu queria... — Devin começou a dizer, apenas para fazer


uma careta quando seu olhar mudou para a mesa dela — Onde
você conseguiu isso? — ele perguntou, já se levantando para poder
passar a mão sobre a mesa dela.

— Eu encontrei? — Charlie hesitou, observando enquanto ele


se inclinava para poder passar as mãos sobre a frente da mesa
dela, enquanto seu olhar curioso contemplava todos os detalhes,
além dos dentes e arranhões que marcavam sua mesa.
— Onde? — ele perguntou, passando a mão por cima
enquanto se movia pela mesa.

Ela se viu pulando da cadeira e tropeçando para fora do


caminho quando ele se agachou para poder passar as pontas dos
dedos sobre as gavetas, cantos e ...

Clique.

— Isso não é meu. — Charlie se viu dizendo quando uma


gaveta escondida se abriu, revelando seu estoque secreto de barras
de chocolate.

Devin levantou os olhos da gaveta que poderia realmente usar


mais algumas embalagens de manteiga de amendoim Reese
quando ele estendeu a mão e ...

Clique.

— Ok, esses podem ser meus. — ela admitiu com relutância


quando ele encontrou a sacola de biscoitos M&M que ela pegou
ontem na Dixon's Bakery.

Mantendo o olhar fixo nela, ele puxou a gaveta de baixo que


ela usava para fios extras e ...

Clique.

— Eu não tenho ideia de como eles chegaram lá. — Charlie


tentou disfarçar, esfregando a ponta do nariz enquanto tentava
combater um estremecimento quando Devin lentamente virou a
cabeça e pegou o material de escritório que ela estava guardando.
— Pedirei para TJ trazer uma nova mesa. — declarou ele,
suspirando profundamente enquanto fechava as gavetas.

— Por que ele está trazendo uma nova mesa? — Charlie


perguntou, tentando descobrir o que ele estava falando.

— Para substituir esta. — respondeu Devin, apontando para


a mesa.

— O que há de errado com a minha mesa? — perguntou,


incapaz de se ajudar, porém franziu a testa enquanto tentava
descobrir como eles acabaram conversando sobre sua mesa em
primeiro lugar.

— Muitas falhas. — afirmou Devin, balançando a cabeça


enquanto gesticulava em direção à mesa que ela amava e planejava
comprar quando partisse.

— Não quero uma mesa nova. — apontou, no entanto ele não


estava ouvindo.

— Eu deveria ter jogado essa coisa fora anos atrás. —


informou Devin, movendo-se em torno da mesa dela enquanto
continuava a inspeção, balançando a cabeça em desgosto ao ver
todas as imperfeições que cobriam a mesa dela.

— Umm, você não jogará minha mesa fora. — Charlie alegou,


por que essa era a mesa dela.

— Se você não encontrar nada que goste no andar de baixo,


posso fazer uma nova para você. Pode demorar um pouco, porém,
devo terminar no Halloween. — ele disse enquanto voltava à mesa
dela para poder terminar sua inspeção.

— Não, tudo bem, não quero...

— Enquanto isso, mandarei TJ colocar isso na frente para ver


se alguém quer. — continuou Devin, interrompendo-a enquanto
Charlie olhava da mesa que ela amava mais do que tudo para o
homem que acabara de sugerir jogá-la no lixo e de volta e…

Isso simplesmente não iria funcionar para ela.


— Eu não terminei de falar com você. — Devin rosnou
enquanto olhava para a porta que tinha acabado de ser batida em
seu rosto.

— E você pode me dizer o que precisa daí. — falou a ingrata


pirralha, fazendo-o estreitar os olhos na porta enquanto pegava
um donut do pequeno saco de papel que não se lembrava de ter
pego e deu uma mordida na deliciosa rosquinha de geleia quando
ele estreitou os olhos na porta dela.

Como ele realmente não tinha nada que precisava lhe dizer,
Devin considerou falar sobre toda essa merda que ela tinha em seu
escritório, os pôsteres de filmes nas paredes, a televisão de tela
plana, a geladeira, frigobar, o micro-ondas e o som. Coisas que o
fariam demitir alguém, mas...

Foda-se, Devin pensou enquanto terminava o resto do donut


e voltava por onde veio. Ele não dava a mínima para o que ela tinha
em seu escritório, porque sabia que trabalhava duro. Apenas…

Ele só queria vê-la.

Depois desta manhã, ele só queria vê-la e tirar as coisas da


cabeça por um tempo. Não percebera o que estava fazendo até se
encontrar em pé na frente da porta dela. Eles não eram amigos,
nunca realmente conversaram antes, entretanto, ela era a única
com quem ele queria conversar depois que a professora dos gêmeos
deu a notícia de que seu filho provavelmente teria que repetir a
primeira série.

Ele não tinha a menor ideia do que ia fazer e não tinha ideia
do porquê queria vê-la. A única coisa que sabia era que, quando
se sentou na cadeira que ela se serviu da sala de espera dele,
observando-a trabalhar, ele se sentiu relaxar. Havia algo nela
que...

O fez perceber que ele era um idiota, Devin pensou,


balançando a cabeça com nojo enquanto se dirigia para a escada
dos fundos apenas para reprimir uma maldição quando a mulher
que havia tornado sua decisão de não namorar um desafio pessoal
se dirigiu a ele. Quando a contratou, alguns anos atrás, ele mal
conseguiu dizer o que era o trabalho dela antes que ela se
oferecesse para agradecê-lo com uma refeição caseira e um olhar
que lhe dizia exatamente o que podia esperar para a sobremesa.

— Aí está você! Eu estava esperando falar com você sobre uma


coisa. — exclamou Kelly com um sorriso enorme, como se não
estivesse esperando por ele.

— O que você precisa? — Devin perguntou, servindo-se do


outro donut de geleia e...

Encontrou-se observando a mulher cruel que o empurrou


para fora de seu escritório, arrancando a rosquinha da sua mão,
ela deu uma mordida com um triste aceno de cabeça e murmurou:
— Você me deve uma rosquinha. — enquanto ela se virava e
se afastava, deixando-o parado ali, incapaz de ajudar, mas
encarando-a, notando o jeito que sua bunda balançava
suavemente para frente e para trás enquanto ela se afastava.

— Você acabou de rosnar?

— Não. — Devin respondeu distraidamente enquanto


observava até Charlie desaparecer na esquina apenas para
encontrar-se movendo-se para ir atrás dela e...

— Então, eu estava pensando... — começou Kelly, pisando na


frente dele e interrompendo-o antes que ele fizesse algo estúpido.

— O que é? — ele perguntou, reprimindo uma maldição


quando forçou sua atenção de volta para a mulher sorrindo
docemente para ele.

— Bem, é sobre o site. Tenho algumas ideias que pensei que


realmente ajudariam a Bradford Creations. Eu estava pensando
que deveríamos mudar o esquema de cores para algo mais
acolhedor como o rosa e que talvez devêssemos integrar algumas
fotos de filhotes e gatinhos na página inicial para dar à página um
toque mais pessoal. — opinou Kelly, com um sorriso caloroso e um
encolher de ombros enquanto ele estava lá, tentando descobrir o
que os filhotes, os gatinhos e o esquema de cores rosa tinham a
ver com a Bradford Creations.

— Charlie está no comando do site. — falou Devin, decidindo


que havia perdido tempo suficiente aqui e se dirigiu para as
escadas.
— Bem, eu sei disso. No entanto, pensei em falar com você,
já que ela realmente não parece saber o que está fazendo ...

— Charlie está no comando do site. — ele repetiu,


interrompendo-a enquanto descia as escadas e se dirigia para a
parede de vidro que dividia na parte de trás. Foi a primeira coisa
que instalou quando comprou o prédio, para que seus filhos
tivessem um lugar seguro para brincar enquanto trabalhava. Ele
dividiu a grande sala pela metade, usando um lado para o
escritório e a outra metade para a sala de jogos das crianças, para
que pudesse ficar de olho nelas.

Ele abriu a porta do escritório e suspirou quando pisou numa


pilha de Legos. Depois de dar uma olhada no relógio, ele fez um
rápido trabalho de pegar todos os brinquedos que haviam chegado
ao seu lado e jogou-os de volta na sala de jogos antes de pegar o
cinto de ferramentas e ir para o computador que Charlie preparou
para ele, para verificar quais pedidos precisavam sair hoje.

— Como foi a reunião? — TJ perguntou quando se juntou a


ele na mesa dos fundos.

— Eles querem fazer Dustin repetir de ano. — informou


Devin, ainda tentando descobrir como ele iria consertar isso.
Dustin era incrivelmente brilhante. A professora continuou
insistindo várias vezes, mesmo quando ela lhe disse que eles não
teriam escolha a não ser reprová-lo.

Dustin não sabia ler e não estava aprendendo o alfabeto como


o resto das crianças e Abbi…
Deus, ele não sabia o que ia fazer sobre sua filha. Ela estava
decidida a garantir que seu irmão não fosse abandonado, o que
aparentemente significava recusar-se a fazer o trabalho de classe
enquanto Dustin lutasse com o dele. Queriam separar os gêmeos
e colocá-los em salas de aula diferentes, mas ele não achava que
isso terminaria bem.

Tinha até maio para nivelar Dustin com o resto das crianças
ou eles teriam que conversar sobre outras opções, incluindo a
possibilidade de colocar Dustin numa aula de reforço. Devin já
estava fazendo todas as coisas que eles recomendaram para ajudar
Dustin a acompanhar o resto da classe. Todos os dias, ele
trabalhava com Dustin em sua lição de casa, repassava o alfabeto
com ele, usava cartões de memória e lia uma história todas as
noites. Ele não tinha ideia do que mais deveria fazer para consertar
isso.

— É apenas outubro e eles já estão falando em reprová-lo? —


TJ questionou, franzindo a testa quando pegou o celular. — O que
você fez? — perguntou, os lábios tremendo quando leu algo em seu
celular.

— Do que você está falando? — Devin perguntou ao receber


os pedidos de hoje.

— Imaginando se havia uma razão para Charlie ameaçar


cometer violência se eu tocasse na mesa dela. — ponderou o
melhor amigo dele, parecendo divertido enquanto deslizava o
celular de volta no bolso.
— A mesa é defeituosa. — Devin rosnou, furioso, enquanto
percorria seus pedidos, se perguntando por que ela estava sendo
tão teimosa sobre isso. Ele se ofereceu para construir-lhe uma
mesa nova, uma melhor, porém, em vez de agradecer, a mulher
ingrata o empurrou para fora de seu escritório e disse para ele
manter as malditas mãos longe da mesa.

— Ela adora aquela mesa — murmurou TJ, distraído,


enquanto apontava algo na tela — Isso foi rápido.

— O que foi rápido? — Devin perguntou, ainda pensando em


fazer outra porra de mesa para irritá-la por bani-lo de seu
escritório.

— Charlie mal teve a chance de colocá-lo online antes que


alguém o comprasse. — alegou TJ, apontando para o pedido do
armário que ele havia terminado ontem.

— Fez o preço por dez? — ele perguntou, observando que era


um pedido internacional.

— Provavelmente poderia ter quinze por isso. — falou TJ,


suspirando quando olhou por cima do ombro para o armário que
eles teriam que colocar numa caixa — Charlie ficará com o coração
partido.

— Por que isso? — Devin perguntou distraidamente enquanto


clicava no pedido para se certificar de que estava tudo certo antes
de aceitar a oferta.
— Eu acho que foi amor à primeira vista. Ela perguntou
quanto era e parecia arrasada quando lhe disse que você
provavelmente a venderia por cinco. — TJ respondeu enquanto
Devin olhou por cima do ombro para o armário que levará um mês
para construir e faria dele uma pequena fortuna.

— Ela gostou? — Devin perguntou enquanto se afastava do


computador.

— Parece mais que adorou. — assegurou-lhe TJ, rindo


enquanto tomava o lugar de Devin para se certificar de que o
pedido estava correto antes de aceitá-lo.

Balançando a cabeça distraidamente, Devin ordenou:

— Cancele o pedido — enquanto tirava o celular do bolso


traseiro e pedia uma dúzia de rosquinhas de geleia na Dixon's
Bakery para a pirralha ingrata.

— Ei! Por que você está me batendo? — Ben perguntou,


puxando a mão dele antes que ela fosse forçada a dar um tapa
novamente.

— Você deveria estar trabalhando — Charlie apontou com um


triste aceno de cabeça, se perguntando por que era tão difícil
encontrar uma boa ajuda hoje em dia, pois ela demorou a escolher
um lápis azul.
— Não trabalharei até que você me dê uma rosquinha — Ben
impôs, cruzando os braços sobre o peito enquanto estreitava os
olhos castanhos escuros nela.

— Desculpe, as rosquinhas são para trabalhadores. —


declarou ela, lançando um olhar de pena ao melhor amigo,
enquanto desistia de procurar o giz de cera azul perfeito e se serviu
de um dos grandes donuts de geleia que haviam sido entregues em
seu escritório mais cedo.

— Então, por que ele conseguiu um? — Ben perguntou,


apontando para o menino bonitinho servindo-se de um donut.

— Por que ele é fofo? — Charlie falou, piscando para seu


melhor amigo.

— Sou mesmo. — confirmou Dustin, assentindo solenemente


enquanto se recostava na cadeira ao lado dela, enquanto ela
voltava sua atenção para encontrar o lápis azul perfeito para
ajudar a enfatizar a fofura de sua tartaruga.

— Por que eu tenho que desfazer as malas enquanto você


começa a colorir? — Ben exigiu enquanto apontava para a pilha de
livros de colorir que Dustin trouxe para que eles pudessem colorir
depois que ela trabalhou em suas cartas com ele.

— Porque a mudança foi sua ideia. — Charlie lembrou,


desistindo de procurar o azul perfeito e começou a procurar um
lápis marrom para colorir os olhos de sua tartaruga.
— Por falar em ideias. — começou Ben, puxando uma cadeira
para poder se juntar a eles — Você realmente acha que isso foi
uma boa? — perguntou com um olhar aguçado em torno de seu
novo apartamento.

— Provavelmente não. — ela falou enquanto pensava em


tornar os olhos de sua tartaruga esverdeados.

— Isso tornará as coisas estranhas. — apontou Ben,


suspirando profundamente enquanto tentava roubar uma
rosquinha apenas para encará-la quando ela puxou a caixa fora
de seu alcance.

— Provavelmente. — Charlie confirmou distraidamente


enquanto olhava da tartaruga marinha que estava colorindo para
a pilha de livros de colorir da Disney e não pôde deixar de se
arrepender de sua decisão de não colorir o Bisonho quando teve a
chance.

Deus, ela amava o Bisonho.

— E você realmente acha que conseguirá fazer isso?

— Absolutamente. — Charlie respondeu sem nenhuma


hesitação, porque ela estava mais do que pronta para finalmente
fazer isso.
— De novo. — Devin murmurou fracamente enquanto
esfregava as mãos bruscamente no rosto enquanto estava em
frente à porta do apartamento de Charlie, ouvindo os sons do
Mickey Mouse Clubhouse vindo do outro lado da porta, rezando
para que isso não estivesse acontecendo, porque honestamente
não tinha certeza de quanto mais ele poderia aguentar.

— Bom dia papai. — desejou a garotinha em torno de um


bocejo enquanto passava por ele, abriu a porta e o deixou sem
outra escolha a não ser segui-la.

— Abbi. — ele disse, suspirando pesadamente o nome dela


enquanto a seguia, rezando para que seus filhos tivessem pena
dele hoje, apenas para se encontrar dando um gemido quando ele
entrou no pequeno apartamento e encontrou Charlie deitada de
bruços, o queixo apoiado nos braços cruzados, vestindo uma
camiseta pequena e um par de cuecas boxer. Antes que pudesse
se conter, ele se viu passando os olhos por ela, observando a
delicada inclinação das costas dela escondida pela camiseta rosa
bebê macia, a generosa curva de sua bunda, pernas curtas e
bronzeadas e...

Suspirou quando Abbi subiu em cima da cama.


— Por que você tem que fazer isso comigo, papai? — Abbi
perguntou, suspirando profundamente quando Devin a jogou por
cima do ombro e alcançou Dustin, que estava mordiscando um
Cupcake Hostess.

— Precisamos nos preparar para a escola. Vamos lá. — ele


chamou, estendendo a mão para pegar Dustin e acabar
suspirando quando seu filho enfiou o resto do bolinho na boca,
pegou o outro bolinho da pequena bandeja entre eles, rastejou
para fora da cama e fez uma careta, correndo para ele.

Resignando-se a dar outro banho em Dustin, Devin se virou.

— A mesa fica. — veio o anúncio que fez seus lábios tremerem


enquanto se dirigia para a porta.

— Como exatamente isso está dentro do orçamento?

— Porque você está pagando o meu almoço. — afirmou


Charlie enquanto examinava o cardápio de hoje enquanto ela
estava na fila, esperando para pedir.

— Por que exatamente estou fazendo isso? — Ben perguntou


enquanto continuava jogando Scrabble em seu celular.

— Porque passei a maior parte da noite limpando a bagunça


que você fez no site da sua empresa — ela lembrou, enquanto
segurava um bocejo, desejando poder chamar de madrugada esta
noite, mas isso não era possível com o agitado horário que havia
estabelecido para si mesma.

Depois que passou nove horas no trabalho, ela teve que ir


para casa e trabalhar em seu novo negócio, criando seu site,
pesquisando, assistindo a vídeos e trabalhando em sua presença
nas mídias sociais, para que ela estivesse estabelecida na época
em que sua empresa fosse aberta, realmente precisava descobrir
um nome para continuar. Deus, havia muito o que fazer e ela
estava começando a se perguntar se um ano seria tempo suficiente
para fazê-lo.

— Isso foi na noite passada, o que você fez por mim hoje? —
Ben perguntou quando olhou para cima do celular para lhe dar
um olhar interrogativo.

— Você vive? — questionou, piscando para ele, enquanto


apontava para a grande tela de vidro onde a seleção de hoje de
doces, biscoitos, brownies, bolos e outros assados de aparência
deliciosa a aguardava.

— Você também está me comprando sobremesa.

— Na verdade, não estou. — declarou Ben, com um triste


gesto com a cabeça, enquanto voltava a atenção para o celular.

— Vão ser essas duas sobremesas. — Charlie murmurou


distraidamente enquanto ela mudava sua atenção para o homem
incrivelmente bonito que deveria pensar duas vezes antes de se
aproximar de sua mesa novamente enquanto entrava na padaria
de Dixon.
Ela observou Devin caminhar até o balcão e...

Ele apenas fez um gesto para ela? Charlie não pôde deixar de
se perguntar quando seus olhos se estreitaram no homem que
enviara seus capangas ao escritório dela hoje de manhã para fazer
seu trabalho sujo. Enquanto ela estava lá, reconhecidamente
olhando para ele, pegou-se olhando-o depreciativamente,
observando o ajuste apertado da camiseta preta de Bradford
Creations, seus bíceps grandes, calças cargo, e não podia deixar
de se perguntar se ele estaria disposto a trabalhar de topless...
para ajudar com a moral, é claro.

— Por que ele ainda não demitiu você?

— Sinceramente, eu não sei. — confessou Charlie, porque ela


estava pensando nisso há um tempo.

Ficou claro que ele não gostava dela, o que a fez pensar por
que a contratou em primeiro lugar. Quando ela apareceu na
entrevista, há cinco anos, ficou nervosa, porém, esperançosa de
que isso funcionasse apenas para se perguntar por que o homem
incrivelmente bonito que a entrevistou não parava de encará-la.
Esperando realmente que ele não acabasse sendo um daqueles
assassinos em série que a vovó Bea costumava avisá-la quando
assistia Dateline, Charlie havia lhe dado o melhor sorriso, rezado
para que ela saísse dali viva e fez o melhor possível para passar o
resto da entrevista sem fazer movimentos bruscos.

Quando acabou, ou melhor, quando ela ficou sem palavras,


pigarreou, agradeceu a chance e, depois de outro momento
constrangedor, quando ele não disse nada, ela assentiu, pigarreou
novamente, sorriu e esperou o melhor enquanto se levantava e se
dirigia para a porta, resignada a continuar olhando para a frente.
Antes de chegar à porta, ele a mandou uma mensagem,
informando que o trabalho era dela, se ela quisesse. Como isso
significava que ela não tinha mais que dormir no sofá de Ben,
aceitou o trabalho e acabou se perguntando se ele iria continuar
olhando na manhã seguinte quando aparecesse para o trabalho
bem cedo, só para descobrir que seu novo chefe esperava que ela
o deixasse em paz.

Isso tinha sido bom para ela, mais do que bom na verdade,
uma vez que reduziu as chances de ele tentar atraí-la para um
local secundário, algo que a vovó Bea a havia avisado depois de
assistir ao America's Most Wanted. Também lhe permitia fazer o
trabalho sem ter que se preocupar em ter um chefe que tentava
controlá-la. Para ser sincera, realmente esperava que ele a
demitisse no primeiro ano, só que nunca o fez e ela não tinha ideia
do porquê.

— Eu teria demitido você. — afirmou Ben, assentindo


solenemente.

— Sei que você teria. — assentiu Charlie, observando Devin


se dirigir à porta.

— Eu realmente teria. — Ben confirmou, enquanto se


aproximavam do balcão e ...
— Tudo pronto. — a caixa lhe falou com um sorriso enquanto
colocava uma grande bolsa marrom no balcão em frente a Charlie.

— Ainda não pedimos. — Charlie lhe informou, apenas para


franzir a testa quando o caixa indicou:

— O cavalheiro na sua frente teve a liberdade de pagar o


almoço.

— Ele comprou o almoço para nós? — Ben perguntou,


parecendo tão confuso quanto ela só para rir quando o caixa disse:

— Não, só comprou o almoço para ela.

— Ele fez? — Charlie perguntou apenas mais uma vez, para


encontrar os lábios tremendo quando o caixa virou a bolsa e ela
viu.

“A mesa irá”, escrita na parte de trás.


— Você não nos ama mais, papai? — Abbi perguntou, seu
lábio inferior tremendo quando ela olhou para cima do prato para
olhar para ele.

— Você está bravo conosco, papai? — Dustin perguntou com


a porra da expressão mais triste que Devin já tinha visto enquanto
empurrava uma porção de brócolis do prato com o garfo.

Suspirando, Devin estendeu a mão e colocou mais brócolis no


prato do filho.

— É bom para você. — prometeu a seu filho enquanto olhava


para encontrar Abbi jogando o peixe que havia assado no jantar
em seu guardanapo. Quando ela o viu olhando, deixou cair o
guardanapo no chão, limpou a garganta, mudou de posição,
limpou a garganta novamente, tentou discretamente chutar o
guardanapo cheio de peixe da cadeira enquanto tentava parecer
inocente.

Estreitando os olhos para ela, Devin empurrou a cadeira para


trás e ...

— Não sei como isso chegou aqui, papai. — alegou Abbi,


apertando os lábios enquanto pegava o guardanapo cheio de peixe
que deixara acidentalmente no forno por muito tempo e jogava no
lixo.
— Aposto que não. — murmurou Devin, colocando mais peixe
no prato da filha e estreitando os olhos nele.

— Por que você está fazendo isso conosco? — Abbi exigiu,


cruzando os braços sobre o peito enquanto se sentava na cadeira.

— Porque eu amo você e quero que você seja saudável. —


respondeu Devin, gesticulando para ela comer.

— Entendo. — ela murmurou, olhando do prato intocado para


o dele com um olhar aguçado.

Com os olhos estreitos na filha, ele deu uma mordida no peixe


e se forçou a continuar mastigando os flocos secos e sem sabor e
engolindo antes de colocar um pedaço morno de brócolis na boca
enquanto mantinha o olhar fixo na filha.

— Delicioso. — assegurou Devin, colocando outro pedaço de


brócolis na boca.

— Por que você mente para nós? — Abbi exigiu quando ela
estendeu a mão e empurrou o prato para longe.

— Por que você dificulta tudo? — Devin retrucou quando ele


empurrou o prato de volta na frente dela.

— Porque é o meu trabalho — declarou ela, afastando o prato


novamente e, em boa medida, estendeu a mão e afastou o prato do
irmão.

— Pensei que você tivesse dito que o Blackjack não entregava


aqui. — falou Dustin, chamando sua atenção para encontrar seu
filho vendo uma criança vestindo uma camiseta do Blackjack e
carregando uma grande sacola de entrega subir na entrada de
carros antes de cortar a pequena passarela que levaria para o
apartamento adjacente onde morava a mulher em que ele se
recusava a pensar.

— Outra mentira? — Abbi questionou com um triste aceno de


cabeça.

Estreitando os olhos para o pequeno causador de problemas,


Devin estendeu a mão e acrescentou outra colher de brócolis no
prato.

— Por favor, não me faça ligar para a vovó. — ameaçou Abbi,


o que lhe valeu outro pedaço de peixe que ele provavelmente
acabaria jogando fora depois do jantar.

— Papai, eu tenho que ir ao banheiro — anunciou Dustin,


mordendo o lábio inferior enquanto se mexia na cadeira.

— Vá, mas seja rápido, ou sua comida esfriará. — cedeu


Devin, dando um suspiro quando estendeu a mão e puxou o
assento de Dustin para ele.

— Obrigado papai! — Dustin falou enquanto corria para a


porta, deixando Devin com sua filha enquanto ela estreitou os
olhos nele.

— Não comerei isso — informou Abbi.

— Então acho que não poderei verificar seu quarto à procura


de monstros hoje à noite — Devin disse lentamente, observando
como um olhar de puro pânico tomou conta antes que ela
conseguisse escondê-lo com um encolher de ombros.

— Eu acho que você não irá.

— Bom. — ele falou, assentindo enquanto se obrigava a comer


mais peixe.

— Bom. — repetiu ela, mantendo aqueles lindos olhos azuis


bebê presos nele.

— Posso colocar sal, papai? — Dustin perguntou enquanto


voltava para a cadeira e pegava o saleiro.

— Só um pouquinho. — cedeu Devin, mantendo o olhar fixo


na garotinha teimosa olhando para ele, sabendo que não devia
desviar o olhar primeiro. Aprendeu bem essa lição durante o
treinamento potty e não era algo que ele iria esquecer tão cedo.

— Obrigado papai! — Dustin agradeceu enquanto envolvia a


mãozinha em torno do saleiro, descia cuidadosamente da cadeira
e voltava rapidamente para fora da cozinha, fazendo Devin franzir
o cenho enquanto empurrava a cadeira para trás, imaginando o
que seu filho estava fazendo.

— Opa! — Abbi falou, fazendo-o perceber seu erro enquanto


olhava para trás e encontrou sua filhinha de pé ao lado da lixeira,
jogando o resto do jantar no lixo.

Quando ele estreitou os olhos, ela largou o prato no lixo e ...

— Não faça isso!


Agarrou o prato do irmão, jogando-o no lixo antes que ele
conseguisse agarrá-la.

— Oh, você está com um grande problema agora. — informou


Devin, deslocando a filha nos braços enquanto procurava o filho
para ver o que estava fazendo.

— Valeu a pena. — respondeu Abbi, fazendo-o suspirar


quando abriu a porta da cozinha e se viu atraído pelos sons de Bob
Esponja Calça Quadrada, irritando a merda do Lula Molusco.

Realmente esperando que ele estivesse errado, Devin foi em


direção à porta entreaberta que levava ao apartamento adjacente
e suspirou, apenas quando viu Dustin sentado ao lado de Charlie
em sua cama com um prato de pizza no colo.

— Você deveria bater. — suspirou Dustin enquanto pegava a


grande fatia de pizza de queijo e dava uma mordida.

— E você deveria estar jantando. — Devin apontou com um


suspiro enquanto abaixava Abbi apenas para gemer quando ela
tomou isso como um convite para subir na cama e servir-se de
uma fatia de pizza.

Franzindo a testa, Dustin falou:

— Estou jantando, papai. Veja. — enquanto ele segurava sua


fatia de pizza, a atenção de Devin se voltou para Charlie e ficou lá.

Com os olhos estreitos nele, ela terminou sua mordida de


pizza com um olhar que lhe dizia exatamente o que aconteceria se
ele mencionasse tocar sua mesa novamente. Ela era tão adorável,
Devin pensou, olhando seus cabelos escuros encaracolados presos
num coque bagunçado, a camiseta do Time Sonserina que deixava
bem claro que ela não estava usando sutiã, o short de algodão
xadrez que terminava no meio da coxa e deu a ele uma visão sexy
de pernas curtas e curvas douradas, pés minúsculos e dedinhos
bonitos com as unhas dos pés pintadas de rosa bebê.

Quando ele encontrou seu olhar correndo pelas pernas dela,


Devin pigarreou e se forçou a se concentrar em fazer seus filhos
mexerem suas bundas, para que ele pudesse iniciar o longo
processo de colocá-los na cama que um dia o levaria a um colapso
nervoso. Com isso em mente, ele pegou Dustin e ...

Suspirou, apenas suspirou quando seu filho enfiou a fatia de


pizza na mão na boca e pegou outra fatia antes que Devin pudesse
detê-lo. Ele deslocou o filho para debaixo do braço e alcançou a
filhinha para que ela pegasse outra fatia de pizza e um pedaço de
frango da caixa que de alguma forma havia perdido, esquivou-se
do seu alcance e correu para pegá-lo.

— Eu amo pizza. — Dustin falou com um suspiro sonhador


enquanto mordia sua pizza, fazendo os lábios de Charlie se
contorcer.

— Eu sei que sim. — Devin assegurou, deslocando o filho nos


braços enquanto arriscava um último olhar para Charlie para
encontrá-la sorrindo enquanto observava Dustin.

Deus, ela era linda ...


— A mesa fica. — ordenou Charlie, sem se incomodar em
olhá-lo enquanto ela dava uma mordida na pizza.

É completamente adorável, Devin pensou quando ele


estendeu a mão e arrancou a pizza da mão dela com um murmúrio:

— Vamos ver. — e se dirigiu para a porta.

Sete horas esmagadoras de alma depois, Devin estava pronto


para encerrar a noite. Ele jogou o lápis que era pouco mais do que
um nó na mesa e empurrou a cadeira para trás com um suspiro
pesado. Ele precisava terminar esse desenho, porém estava
exausto demais para ver direito. Ele precisava começar na
segunda-feira, o que lhe dava dois dias para terminar. Decidindo
encerrar a noite, Devin empurrou a cadeira para trás e dirigiu-se
para a porta do escritório, certificando-se de trancá-la atrás dele
para que os gêmeos não pudessem se infiltrar e colorir seus
desenhos novamente.

Depois de se assegurar de que a porta estava trancada, Devin


seguiu pelo corredor, verificando os gêmeos ao longo do caminho
para se certificar de que eles estavam dormindo antes de ir para o
seu quarto. Dez minutos depois, ele estava de pé em seu banho,
saboreando a primeira pausa real que tinha tomado no dia todo.

Amava seus filhos, adorava-os, mas alguns dias ele pensava


que iria perder a cabeça. Desde o momento em que acordava até
estar cansado demais para fazer algo além de desmaiar, ele estava
trabalhando ou passando tempo com seus filhos. Aguardava
ansiosamente o momento em que seus filhos estivessem dormindo
e ele poderia finalmente relaxar e tirar sua mente de tudo o que o
esperava amanhã.

Era também o momento em que ele se viu incapaz de parar


de pensar na pequena mulher que disse a si mesmo que estava
fora dos limites. Todas as noites nos últimos cinco anos sem
falhas, Devin pensava nela. Ele pensou em como ela era linda, seu
sorriso, a maneira como mordia o lábio inferior quando estava
focada em algo, o modo como a camisa da Bradford Creations se
agarrava às suas curvas e se viu imaginando como seria tocá-la.

Deus, o que ele não daria para poder tocá-la, Devin pensou,
lambendo os lábios apenas para gemer quando alcançou entre as
pernas e passou a mão em torno de seu pênis endurecido. Quando
sua mão deslizou sobre a ponta, seu pênis estava duro e seus
pensamentos se voltaram para todas as coisas que queria fazer
com Charlie.

Queria transar com ela.

Ele nem tinha certeza de quando começou a pensar nela


assim, entretanto, sabia que ela era a única que queria. Tentou
imaginar tocar outra mulher, pensou na última vez que esteve com
Heather, todavia seus pensamentos sempre se voltavam para
Charlie. Ele pensou em como seria passar suas mãos sobre ela,
imaginou como seria colocar seus seios em suas mãos, como seria
tocar sua boceta, se ela estivesse molhada, como gemeria quando
a tocasse, lambesse e como seria quando deslizasse seu pênis
dentro dela.
Ele se perguntou se ela gemia, lambia os lábios ou
choramingava enquanto deslizava seu pênis dentro dela até suas
bolas tocarem sua bunda apenas para implorar para ele transar
com ela com mais força. Se perguntou o quanto ela gostava de ser
fodida, se gemia o nome dele em seu ouvido enquanto ele a fodia,
e se ela gostaria quando ele ...

— Charlie! — se viu gemendo quando seu pau estremeceu em


suas mãos quando os pensamentos de se perder dentro de Charlie
tiveram suas bolas apertando. Um momento depois, um orgasmo
arrancou outro gemido dele enquanto observava sua mão
trabalhar sobre seu pênis enquanto se encontrava gemendo o
nome dela uma última vez. — Charlie ...
— Fiz xixi na cama,. — veio o anúncio que fez Charlie franzir
a testa enquanto olhava por cima do ombro para encontrar Dustin
parado perto da porta, abraçando um cobertor contra o peito e se
mexendo nervosamente.

— Você está bem? — Charlie perguntou enquanto jogou o


caderno na mesa e empurrou a cadeira para trás.

Prendendo o lábio inferior entre os dentes, Dustin murmurou:

— Papai não acorda.

— Como assim, papai não acorda? — Charlie perguntou,


incapaz de evitar, mas franziu a testa quando ela se levantou e se
aproximou para se certificar de que Dustin estava bem, notando
que suas meias brancas pareciam molhadas.

— Ele não para de roncar. — Dustin reclamou com um


encolher de ombros, fazendo seus lábios tremerem quando ela se
inclinou e divertidamente passou os dedos pelos cabelos dele com
um:

— Bem, acho que depende de nós limparmos, hein?

— Eu preciso de um banho. — ele informou, assentindo


solenemente.
Combinando com a cabeça, Charlie disse:

— Acho que podemos lidar com isso.

— E um lanche. — ele acrescentou rapidamente, fazendo-a


sorrir quando ela se abaixou e pegou sua mão pequena na dela.

— O que você tem em mente? — perguntou quando eles


deixaram seu escritório e voltaram para casa.

— Algo gostoso — suspirou Dustin, fazendo-a rir enquanto


atravessavam a sala surpreendentemente limpa que não parecia
nada com a sala em que ela passou pela primeira vez que veio aqui.
Tudo estava de volta em seu lugar, brinquedos em cestos e livros
alinhados nas estantes.

— Algo gostoso, hmmm, o que soa gostoso às três da manhã?


— ela perguntou enquanto subiam as escadas.

— Panquecas — declarou Dustin, fazendo seus lábios


tremerem.

— Estava pensando em algo, tipo metade de um sanduíche


de manteiga de amendoim e geleia com algumas uvas — Charlie
respondeu enquanto desciam o corredor.

— E as panquecas? — ele perguntou quando chegaram à


primeira porta aberta.

— Eu estava pensando que poderíamos comer isso no café da


manhã. — Charlie falou distraidamente enquanto olhava para o
quarto bem iluminado e viu Devin desmaiado na grande cama box
com uma pequena pilha de papéis na mão.

— Com bacon? — Dustin perguntou, parecendo esperançoso.

— Com bacon. — Charlie afirmou com um aceno firme


enquanto gesticulava para ele ficar onde estava.

— Volto já. — sussurrou enquanto entrava silenciosamente


no quarto de Devin para se certificar de que ele estava bem.

Ela não conhecia Devin bem, porém, sabia que ele era um pai
incrível. Todos na Bradford Creations sabiam que era dedicado aos
filhos. Nos últimos cinco anos, ela teve vislumbres de seus filhos
quando os trouxe lá em cima para um lanche, ou quando estava
brincando lá fora no playground que ele construiu para eles e viu
o jeito que seu rosto se iluminou quando estava com eles. Também
sabia que ele colocara os filhos em primeiro lugar e ouvira as
histórias que a maioria das funcionárias compartilhava com
suspiros sinceros.

Deus, ele parecia exausto, Charlie pensou enquanto olhava


seu belo rosto e a sombra de uma barba que revestia seu queixo
quando pegou o cobertor dobrado sobre a cadeira perto da janela
e o jogou gentilmente sobre ele. Ela puxou o cobertor até os ombros
dele antes de pegar a pilha de papéis da cama e os colocou na mesa
de cabeceira ao lado da foto emoldurada de Dustin e Abbi sorrindo,
notando que eram artigos sobre como tentar ensinar uma criança
a ler. Um pai tão bom, Charlie pensou quando estendeu a mão e
desligou a lâmpada antes de voltar para o corredor e
silenciosamente fechou a porta atrás dela.

— Vamos te limpar. — Charlie disse com um sorriso caloroso


enquanto pegava a mão de Dustin na dela e o seguia até o quarto
em frente à de Devin.

— Minha cama está molhada — informou Dustin, estendendo


a mão e acendendo a luz, observando que ele amava dinossauros,
a pilha de livros infantis ao lado da cama e a foto de Devin sorrindo
para o bebê pequeno nos braços, na parede.

— Por que você não pega um novo par de roupas íntimas e


nós levamos isso lá embaixo e limpamos tudo? — Charlie sugeriu
enquanto fazia o trabalho rápido de tirar os lençóis da cama,
aliviada ao ver que o colchão estava forrado porque não tinha
certeza de como deveria limpar xixi de um colchão.

Depois que colocou os cobertores e lençóis nos braços, eles


voltaram para o apartamento dela. Depois de jogar tudo na
máquina de lavar, ela começou a preparar o banho de Dustin e
não pôde deixar de sorrir quando Dustin tirou a cueca e
rapidamente subiu na banheira com um suspiro satisfeito e um
murmúrio:

— Bolhas?

— Acho que poderíamos fazer isso. — falou Charlie,


escolhendo uma garrafa de banho de espuma no balcão e
derramando um pouco na banheira enquanto Dustin se servia de
uma toalha de rosto da pilha que ela havia colocado na banheira,
pegou seu sabão e começou a se ensaboar.

Uma hora depois, Dustin usava um novo par de pijama,


comeu seu lanche, os cobertores estavam na secadora e ela não
ficou tão surpresa quando ele subiu na cama dela e se aconchegou
ao seu lado. Decidindo encerrar a noite, Charlie tomou um banho
rápido, vestiu o pijama e se deitou na cama ao lado do garotinho
doce que havia roubado sua metade do sanduíche de geleia de
manteiga de amendoim quando não achou que ela estava olhando.

Quando estava prestes a fechar os olhos, Abbi entrou em seu


quarto e, após uma ligeira pausa, subiu na cama ao lado de seu
irmão, enrolou-se e foi dormir com um suspiro. Eles eram tão
malditamente fofos, Charlie pensou enquanto fechava os olhos
apenas para sorrir quando Dustin se aconchegou mais perto.

— Porra.

Devin conseguiu soltar um gemido enquanto esfregava as


mãos no rosto, imaginando quando foi a última vez que ele se
sentiu tão bem descansado.

Definitivamente antes do nascimento dos gêmeos, Devin


pensou enquanto desligava a luz do banheiro e voltava para o
quarto, repassando distraidamente tudo o que tinha que fazer
hoje. Ele precisava levantar as crianças, correr para a loja e...
Não pôde deixar de franzir a testa quando percebeu que ainda
estava escuro lá fora. Tentando entender o que estava vendo, Devin
olhou para o despertador ao lado da cama e sentiu o estômago
revirar quando viu que horas eram.

— Ah merda! — exclamou, tentando não entrar em pânico


quando percebeu que havia dormido por vinte horas.

Não havia como conseguir dormir o dia inteiro, não com duas
crianças de seis anos em casa. Com esse pensamento assustador,
Devin pegou o celular da mesa de cabeceira e moveu a bunda. Ele
atravessou o corredor para encontrar o quarto de seu filho vazio.
Uma rápida olhada no quarto de Abbi também encontrou o quarto
vazio e o fez correr em direção às escadas, rezando para que sua
mãe tivesse parado mais cedo e levado as crianças, embora
soubesse que ela nunca iria levá-las sem contar a ele.

— Dustin? Abbi? — gritou enquanto descia as escadas,


sentindo seu estômago revirar quando não os encontrou. —
Dustin! — ele chamou, movendo sua bunda e foi para a cozinha
para encontrá-la vazia e...

Virou-se e voltou para a sala de estar e a porta fechada que


estava tentando fingir que não existia, rezando para que as
crianças não o ouvissem. Ele não se incomodou em bater,
simplesmente entrou.

— Droga — vieram as palavras tristemente suspiradas que


chamaram sua atenção para a esquerda enquanto sua mente
registrava algo suave deslizando contra as pernas a tempo de ver
um grande lençol lilás cair sobre um grande pedaço na cama.
Houve um resmungo suave, e então, o lençol foi empurrado para o
lado e Devin suspirou de alívio quando viu seus filhos enrolados
na cama de Charlie, dormindo profundamente.

— Eles acabaram de cair no sono — veio o sussurro que


chamou sua atenção para Charlie e a encontrou sentada na cama
com um sorriso caloroso enquanto empurrava o lençol para o lado.
Ao seu olhar interrogativo, ela apontou distraidamente para o
lençol com um suspiro — Tentamos fazer uma barraca na sala de
estar, porém não conseguimos que ela ficasse montada, então
decidimos fazer uma aqui.

— Entendo. — falou Devin, observando enquanto ela


empurrava as cobertas para o lado e saía da cama.

— Eu odeio dizer isso, — Charlie começou com um triste


aceno de cabeça — mas sua filha trapaceia no jogo-da-velha,
damas e esconde-esconde.

— Ela realmente trapaceia — ele murmurou distraidamente


enquanto observava Charlie caminhar pela cama, desatando as
cordas de pular que eles usaram para criar uma barraca enquanto
ela passava.

— Seus filhos são bonzinhos — ela alegou com um sorriso


provocador enquanto passava por ele e seguia em direção a sua
sala de estar.

— Oh sim? — perguntou, seguindo-a pela sala e entrando em


sua cozinha.
Com um suspiro e um triste aceno de cabeça, Charlie foi até
a geladeira e disse:

— Eles não conseguiam parar de jogar Go Fish.

— Eles não gostam de perder — Devin murmurou


distraidamente enquanto a observava puxar dois pratos cobertos
com papel alumínio da geladeira e os colocou no balcão.

— Eles realmente não sabem. — ela afirmou, sorrindo


enquanto pegava uma caixa de leite com chocolate e alguns
condimentos da geladeira e os colocava no balcão antes de
começar a trabalhar para substituir o papel alumínio por toalhas
de papel e...

— Eu não sou um pai ruim — se viu dizendo, por algum


motivo, odiando a ideia de ela pensar que ele era um pai horrível
mais do que qualquer outra pessoa.

— Por que eu pensaria que você é um pai ruim? — Charlie


perguntou, parecendo genuinamente curiosa enquanto colocava
um prato com uma grande pilha de panquecas, bacon e batatas
fritas no micro-ondas.

— Não tenho o hábito de ficar na cama o dia todo — Devin


proclamou, suspirando profundamente enquanto tentava
descobrir como isso aconteceu. Por mais exausto que estivesse
antes, nunca deixaria seus filhos se defenderem sozinhos.

— Você estava exausto. — respondeu ela, encolhendo os


ombros como se não fosse grande coisa.
— Estou sempre exausto — falou, rindo sem humor enquanto
esfregava as mãos no rosto.

— Eu sei. — atestou Charlie, fazendo-o franzir a testa quando


ele soltou as mãos para encontrá-la encolhendo os ombros
enquanto ela puxava o prato do micro-ondas.

Ao seu olhar interrogativo, ela disse:

— As crianças me disseram, falaram que você sempre os


acorda de manhã e cuida deles. Eles ficaram nervosos quando você
não acordou, então verificamos você durante o dia para que eles
pudessem garantir que você estivesse bem, acho que as selfies
ajudaram.

Com os olhos estreitos nela, ele abriu o celular e ...

Sentiu os lábios tremerem quando viu a primeira foto das


crianças sentadas ao lado dele na cama, dando um polegar para
cima. A segunda foto era de Dustin deitado de costas, sorrindo.
Outro rodeado por dinossauros, um com a tiara rosa de princesa
da filha na cabeça, um com o filho beijando a bochecha, outro com
a filha beijando a bochecha e...

Charlie sentada no chão do quarto com Dustin e Abbi


sentados no colo, sorrindo. Por um momento, Devin simplesmente
ficou lá, olhando para a foto até que ele se viu murmurando

— Obrigado. — enquanto salvava a foto em sua pasta favorita.


Pelo menos ele não estava mais parecendo furioso, Charlie
pensou, apenas para conter um suspiro quando Devin levantou os
olhos de qualquer coisa que TJ estivesse mostrando a ele para
estreitar os olhos nela.

Ótimo.

Desistindo de tentar descobrir o que ela fez para irritá-lo,


Charlie mudou para ficar mais confortável em sua nova
espreguiçadeira quando estendeu a mão e pegou seu copo da
pequena mesa do pátio que ela comprou junto com esta
espreguiçadeira de manhã para ajudá-la a aproveitar o que estava
rapidamente se tornando sua parte favorita do apartamento. Ela
nunca tinha tido um baralho antes, no entanto, agora, estava
definitivamente viciada, pensou distraidamente enquanto tomava
um gole de sua bebida e observava o homem que realmente parecia
gostar de olhar quando ele subiu de volta na árvore em que eles
estavam construindo uma casa na árvore.

— Pensei que você estava tentando economizar dinheiro. —


veio a queixa profundamente suspirada que chamou sua atenção
para o homem que realmente não parecia saber o que estava
fazendo, para encontrá-lo passando a mão pelo cabelo preto
meticulosamente cortado enquanto ele lançou um suspiro
frustrado.
— E eu estou. — confirmou Charlie, tomando outro gole antes
de gesticular para todos os móveis do pátio que havia comprado
esta manhã, juntamente com a churrasqueira a gás que parecia
não ter terminado tão cedo, antes de acrescentar: — esse material
estava pela metade do preço.

— Não entendo por que eles não conseguiram montar isso na


loja. — ponderou Ben, suspirando enquanto tentava entender as
instruções que vinham na caixa.

— Teria custado mais vinte dólares. — ela apontou enquanto


gesticulava para ele voltar ao trabalho.

Com um resmungo, Ben voltou sua atenção para o manual


em suas mãos enquanto ela olhava para ver Dustin perseguir sua
irmã pelo grande quintal, tentando lhe mostrar algo em suas mãos.
Eles eram tão malditamente fofos, Charlie pensou quando se viu
olhando para a árvore cercada por ferramentas e pilhas de
madeira.

— Ele parece chateado — Ben apontou quando ela mais uma


vez encontrou Devin olhando-a.

— Ele realmente parece, não é? — Charlie murmurou


pensativa enquanto observava Devin continuar a encará-la
quando ele se abaixou e pegou o quadro que TJ estava entregando
a ele.

— O que você fez? — Ben perguntou, fazendo-a franzir a testa


quando ela olhou para trás e encontrou Ben tentando descobrir
como prender as duas barras de metal nas mãos dele.
— O que faz você pensar que eu fiz alguma coisa? — Charlie
perguntou, mesmo que estivesse se perguntando a mesma coisa.

Ontem à noite, ele a agradeceu por cuidar de seus filhos antes


de pegá-los em seus braços e os levou para o andar de cima para
colocá-los na cama apenas para voltar algumas horas depois,
quando voltaram às escadas e se arrastaram de volta para sua
cama. Foi quando o olhar começou ou melhor, recomeçou. Isso foi
seguido por encará-la quando ela fez bolos para as crianças e
ofereceu um para ele, o que a levou a decidir ir conferir o final das
vendas de verão no shopping, esperando que ele se cansasse de
encará-la na hora que ela voltou.

Ele não parou.

Não, essa pequena pausa pareceu rejuvenescer suas


habilidades gritantes. Ela mal teve a chance de abrir o porta-malas
do seu SUV porque ele estava lá, a olhando até que ela se afastou
para que ele pudesse descarregar o carro para ela. Quando Ben
apareceu alguns minutos depois, principalmente porque ela
mentiu para seu melhor amigo e se ofereceu para fazer o almoço
se aparecesse, ele lançou um último olhar para ela antes de jogar
a cadeira do pátio para Ben, que realmente precisava trabalhar em
seus reflexos, antes de voltar para dentro.

— Por que eu conheço você? — Ben respondeu com um olhar


que lhe dizia que era mais do que óbvio que ela tinha feito algo
para irritar o homem que tinha quase noventa por cento de certeza
que ainda a estava encarando.
— Isso dói, Benjamin — Charlie afirmou com um triste aceno
de cabeça enquanto pegava o iPad e voltava a atenção para o artigo
sobre contabilidade de pequenas empresas que ela estava
tentando ler.

— A verdade dói.

— Então, jogarei esse iPad na sua cabeça. — ela apontou


enquanto mexia os dedos dos pés, aproveitando o que
provavelmente seria o último clima quente que eles tinham antes
de cair.

Houve outro resmungo e depois:

— Você está pensando em me ajudar?

— Eu só iria atrapalhar. — Charlie apontou enquanto ela


passava para a próxima página

— Charlie, olha o que eu achei! — veio o animado anúncio


que a fez olhar a tempo de ver Dustin subir correndo a pequena
escada com a mão estendida apenas para acidentalmente tropeçar
na mesa, fazendo seu copo voar no processo antes que ela pudesse
agarrá-lo.

O som de vidro quebrando seguido de um pequeno suspiro a


fez se mover, ela estava fora da poltrona e tinha Dustin nos braços
antes que a primeira lágrima tivesse a chance de rolar pelo rosto.

— Shhh, está tudo bem — Charlie o acalmou, tentando não


entrar em pânico quando ela se virou e o colocou na cadeira.
— Foi um acidente — Dustin conseguiu escapar dos soluços
quando se inclinou e sentiu o estômago revirar quando viu o grosso
pedaço de vidro preso na parte inferior do sapato.

Forçando as mãos trêmulas a trabalhar, Charlie desamarrou


rapidamente seu tênis enquanto murmurava distraidamente.

— Está tudo bem, Dustin. Acidentes acontecem —


cuidadosamente tirou o sapato e ...

Sentiu seus ombros cederem de alívio quando viu a meia


branca imaculada cobrindo seu pequeno pé.

— Você está bem — declarou ela, dando-lhe um sorriso


caloroso enquanto se inclinava e beijava sua testa.

— Sinto muito — murmurou Dustin baixinho, fazendo-a rir.

— Não há nada para se desculpar. De qualquer forma, eu não


gostava daquele copo. — mentiu Charlie, enquanto fazia uma
anotação mental para entrar no eBay mais tarde e ver se conseguia
encontrar outro copo com o símbolo da Sonserina.

— Oh, merda... — vieram as palavras fracamente


sussurradas que a fizeram franzir a testa antes de Dustin ser
subitamente arrancado da cadeira.

Suspirando, Charlie olhou para cima para dizer a Devin que


seu filho estava bem, mas o olhar em seu rosto...

Realmente assustado a alertou, especialmente quando ele


entregou Dustin a TJ, que não estava tão bem agora, e o seguiu,
estendendo a mão e pegando-a e colocando-a na cadeira. Ela abriu
a boca para perguntar o que havia de errado quando o segundo:

— Oh, merda... — chamou sua atenção e a fez virar a cabeça


para ver o que havia de errado quando Devin estendeu a mão e a
deteve.

— Ficará tudo bem — ele assegurou, acariciando gentilmente


sua bochecha, porém, algo, principalmente o próximo “Oh
merda...” de Ben, disse a ela que definitivamente não ia ficar tudo
bem.

Do outro lado, tinha os soluços histéricos de Abbi e Dustin:

— De onde veio todo esse sangue?

A induziu ao fato de que algo estava muito errado.

— O que está acontecendo? — Charlie perguntou, tentando


não entrar em pânico quando Devin olhou para a parte inferior do
pé e apertou sua mandíbula enquanto outro “Oh, merda...”
chamou sua atenção para a esquerda.

— Oh, meu Deus... — Charlie se viu fracamente sussurrando


quando viu todo o sangue cobrindo o convés exatamente quando
ela percebeu a dor que rasgava seu pé esquerdo.

Ela provavelmente teria ficado bem se Ben não tivesse


seguido com outro:

— Oh, merda...
— Você sabe, provavelmente não é nada, em casa farei um
curativo. — Charlie alegou distraidamente enquanto segurava seu
braço se apertando, bem na hora que ela decidiu enterrar o rosto
no braço dele, choramingar e murmurar: ”Oh, Deus.” quando seu
primo Aidan pegou a primeira seringa.

— Receio que você precise de pontos. — falou Aidan com um


sorriso de desculpas, sentado, debatendo como ele retiraria os
grossos pedaços de vidro presos no pé de Charlie quando a mulher
em questão começou a sacudir a cabeça, com um "eu não quero
fazer isso", enquanto o segurava de alguma forma mais apertado.

— Acabará antes que você perceba. — Devin prometeu a ela,


enquanto lançava um olhar para o primo que dizia o que
aconteceria se ele estragasse tudo.

— Eu quero que isso acabe agora. — Charlie murmurou


tristemente enquanto Devin olhava de volta para o imbecil que
estava sempre ao seu redor enquanto ele abaixava a cabeça entre
os joelhos com outro: “Oh, merda...” enquanto lentamente exalava,
parecendo realmente pálido.

— Ben? — a mulher abraçando seu braço chamou.

— Sim? — respondeu o homem que não parou de dizer: “Oh,


merda...” desde que tudo isso começou.
— Você é o pior melhor amigo de todos os tempos! — Charlie
declarou com um gemido que Devin reprimiu uma maldição
quando ele puxou o braço para longe e a pegou, cuidando do pé
dela, e a deslocou até a metade da cama antes de subir com
cuidado atrás dela e puxá-la contra ele.

Antes de suas costas encostarem na maca, Charlie estava


segurando seu braço e o abraçando contra seu peito com um
murmúrio:

— Eu realmente o odeio.

— Que cacete mulher? Como isso é culpa minha? — Ben


exigiu, levantando a cabeça em indignação apenas para detectar
todo o sangue que cobria a cama e o chão e seguiu com outro: “Oh,
merda...” enquanto abaixava a cabeça entre os joelhos.

— Ficará tudo bem, Charlie. — Devin tentou acalmá-la,


pressionando um beijo no topo de sua cabeça quando Aidan deu a
suas pernas um olhar aguçado que fez Devin levantar as pernas e
colocá-las cuidadosamente sobre as dela para impedi-la de se
mover e piorar as coisas.

— Espera! Não estou pronta para isso! — a mulher em seus


braços gritou, começando a entrar em pânico quando percebeu o
que estavam fazendo. — Não podemos conversar sobre isso?

— Precisamos cuidar disso agora, Charlie. — disse-lhe Aidan


enquanto gentilmente segurava o pé pequeno de Charlie.
— Não, não, não, não! Por favor, apenas deixe isso quieto!
Findará por sair igual uma lasca, certo? — Charlie exclamou,
tentando puxar a perna para trás, no entanto não conseguiu movê-
la, não com a perna dele segurando-a.

— Tem que sair, Charlie. — falou Devin, feliz por ter


conseguido impedi-la de ver o dano, mas, Deus, como ela tinha
tentado.

Durante todo o percurso até aqui, ele foi forçado a dirigir com
uma mão no volante, para poder manter o pé preso no colo para
impedi-la de olhar. A única coisa que a impedirá de puxar o pé
para trás para poder vislumbrar os grandes pedaços de vidro que
o empalavam era o fato de que toda vez que tentava, ela acabava
ofegante de dor.

— Não, não! — ela soluçou, balançando a cabeça


freneticamente enquanto tentava puxar o pé para trás.

— Charlie!

Ela imediatamente relaxou e empurrou o braço para longe


com um suspiro entediado quando Dustin entrou correndo na sala
de exames, carregando um grande urso de pelúcia nos braços.

— Ei, querido, o que você está fazendo aqui? — Charlie


perguntou, parecendo relaxada e até um pouco entediada quando
o menino entrou na sala, parecendo preocupado.

— Eu queria ter certeza de que você estava bem. — lhe


informou Dustin, observando Aidan agarrar o pé dela e...
— Oh, eu estou bem, querido isso não é grande coisa —
respondeu Charlie, acenando com uma mão enquanto a outra mão
segurava a outra mão, onde o garoto não podia ver e se segurava
com força enquanto Aidan deslizava lentamente a agulha grande
na parte inferior do pé.

— Parece que dói. — Dustin murmurou enquanto olhava para


o pé dela antes de acrescentar: — Há muito sangue — o que fez o
imbecil sentado contra a parede cair de lado com um murmúrio.

— Acho que preciso me deitar.

— Sério, não tinha notado — Charlie murmurou


distraidamente enquanto ela fazia a pergunta que ele estava
pensando — Onde está Abbi?

— Nós a deixamos com vovó e vovô, porém, eu queria ter


certeza de que você estava bem — Dustin murmurou enquanto
observava Aidan trabalhar.

— O que é isso em seus braços? — Charlie perguntou,


distraindo-o.

— Tio TJ deixou-me pegar isso da loja de presentes para você.


— falou Dustin, estendendo a mão para ela enquanto a mão dela
apertou a dele e ele ouviu o que parecia o início de um gemido
antes que ela conseguisse segurar.

— Ah, isso é tão fofo! Obrigada, Dustin — agradeceu-lhe,


estendendo a mão para passar os dedos pelos cabelos de Dustin
quando Devin foi forçado a conter um grunhido quando de alguma
forma ela conseguiu apertar a mão dele com muito mais força do
que Heather quando deu à luz aos gêmeos.

— Aí está você. — suspirou TJ, entrando no quarto e se


encolheu quando viu o pé de Charlie antes que ele pudesse puxá-
lo de volta.

— Por que você não leva Dustin à lanchonete e faz um lanche


enquanto terminamos aqui? — Aidan sugeriu distraidamente
enquanto colocava a seringa na pequena bandeja de metal e
pegava outra.

— Isso parece uma boa ideia. — reiterou TJ, pigarreando


enquanto se esforçava a desviar o olhar do pé de Charlie.

— Quero ficar com Charlie. — afirmou Dustin, aproximando-


se da maca.

— Eu estava esperando que você me desse Charlie, parecendo


esperançosa.

Dustin apertou o lábio inferior entre os dentes, parecendo


rasgado apenas para relutantemente assentir.

— Ok, pegarei um sorvete para você. — confirmou Dustin,


assentindo enquanto se virava para sair.

— Ei, eu recebo um olá? — Devin perguntou, distraidamente


passando o polegar pelas costas da mão de Charlie, apenas para
suspirar quando seu filho fugiu sem dizer mais uma palavra,
determinado a pegar sorvete para Charlie. — Mas...que...porra…
— sussurrou Devin, balançando a cabeça em descrença enquanto
observava o filho sair apenas para acabar grunhindo quando a
mulher que estava brincando calmamente soltou sua mão para
que ela pudesse agarrar seu braço, envolveu-a nos braços para
trás enquanto ela enterrava o rosto no bíceps dele com um
murmúrio:

— Oh, Deus!

— Estou quase terminando de anestesiar seu pé. — anunciou


Aidan enquanto continuava trabalhando e Charlie balançava a
cabeça um tanto freneticamente com um:

— Não quero fazer isso, não quero fazer isso, não quero ...

— Esqueci de lhe dar seu urso! — Dustin exclamou, correndo


de volta para dentro da pequena sala com cortinas, exatamente
quando a pequena mulher abraçando seu braço repentinamente
empurrou seu braço.

— Oh, obrigada querido. — Charlie agradeceu, parecendo


emocionada quando Dustin colocou o urso de pelúcia na cadeira
que a enfermeira havia trazido aqui mais cedo para Devin.

— De nada! — Dustin disse, já correndo de volta para fora do


quarto quando mais uma vez encontrou o braço dele agarrado e...

— Apenas pare com isso. — ela sussurrou com voz rouca,


fazendo-o suspirar quando ele passou o outro braço em volta dela.

— Está quase no fim. — Devin a prometeu.

Ela fungou.
— Não, não está. — Charlie afirmou, mais uma vez
balançando a cabeça freneticamente quando Aidan alcançou o
fórceps. — Não, não, não, não, espere! Eu não posso fazer isso! —
falou, tentando afastar o pé, só que não havia para onde ir.

— Eu tenho que tirar o copo, Charlie, sinto muito. —


desculpou-se Aidan, passando cuidadosamente a mão em volta do
pé dela e ...

— Ah Merda…

— Oh meu Deus! Oh meu Deus! Oh meu Deus! — Charlie


murmurou freneticamente enquanto observava Aidan puxar um
pedaço grande de vidro do pé e colocá-lo numa pequena bacia de
metal na bandeja ao lado dele. — Ok, terminou, certo? — Charlie
perguntou, parecendo esperançosa apenas para começar a divagar
novamente quando Aidan voltou para mais.

— Não olhe para ele. — ordenou Devin, tentando não


estremecer quando Aidan deixou cair outro grande pedaço de vidro
na bacia.

— Diga para ele parar. — Charlie murmurou, parecendo


aterrorizada.

Dando um suspiro, Devin puxou seu braço livre para que ele
pudesse alcançar e segurar seu rosto, puxando seu foco para si.

— Está quase acabando, Charlie. — ele sussurrou,


acariciando seu queixo enquanto olhava seus lindos olhos azuis.

Balançando a cabeça, ela afirmou:


— Não, não está.

Deus, ela era linda, Devin pensou enquanto passava as


pontas dos dedos ao longo de sua bochecha.

— Você quer o urso, não é? — ele perguntou quando Charlie


apertou o lábio inferior entre os dentes.

Com um aceno de cabeça e uma fungada, ela respondeu:

— Eu realmente quero.
— Você está morto para mim. — Charlie informou-lhe,
cruzando os braços sobre o peito enquanto ela apontava para o
outro lado o homem com quem não estava mais falando.

Houve um suspiro pesado que ela realmente não apreciou no


momento e então...

— Eu tenho que ir trabalhar. — repetiu Ben, andando pela


cama apenas para resmungar algo que escolheu ignorar quando
ele se virou e voltou pelo caminho que veio quando ela virou a
cabeça novamente, decidindo que ele merecia nada menos, pelo
que a colocou ontem.

— Vamos lá, não fique assim, Charlie. Eu disse que estava


arrependido. — ele falou, suspirando quando ela virou a cabeça
para poder estreitar os olhos nele.

— Oh, eu devo ter esquecido isso, isso foi antes ou depois de


você sair do hospital gritando 'boa sorte!'? — questionou,
balançando a cabeça em desgosto.

— Eu não entendo por que você está brava, esperei até você
desmaiar antes de eu ir embora. — falou Ben com um encolher de
ombros impotente, como se ela não o tivesse repudiado e largou
uma sacola de padaria branca no colo, como se isso de alguma
forma compensasse essa traição mais recente.
— Eles estavam me costurando, seu imbecil! — Charlie
exclamou, pegando a sacola de padaria e foi jogá-la apenas para
decidir adiar o processo até que ela descobrisse o que havia na
sacola.

— E assistir você passar por isso foi demais para mim, porque
eu te amo muito. Isso não significa nada? — Ben perguntou com
um suspiro sincero quando ela abriu a bolsa e notou que o
miserável só lhe trouxe uma rosquinha de geleia.

— Não, não é verdade. — alegou Charlie, puxando a pequena


rosquinha para fora da bolsa e dando uma mordida enquantlo ela
estava sentada, olhando para ele.

— E faria você se sentir melhor se eu prometesse passar por


aqui e vê-la na hora do almoço? — perguntou, parecendo
esperançoso.

Ela considerou enquanto mordia a rosquinha que tinha um


gosto estranho.

— Você realmente planeja voltar aqui na hora do almoço ou


você espera que eu o perdoe e esqueça sua promessa quando você
não aparecer mais tarde?

Parecendo pensativo, Ben respondeu:

— O segundo.

— Eu deveria ter empurrado você para fora do balanço


quando tive a chance. — Charlie murmurou amargamente
enquanto dava outra mordida em sua rosquinha e foi forçada a
conter um estremecimento quando a mudança de alguma forma
fez com que seu pé atualmente envolto em gaze escovasse o
caminho errado, contra a pilha de travesseiros em que estava
apoiada.

— Eu teria dito a vovó Bea sobre você. — ele falou, dando de


ombros e fazendo os olhos dela se estreitaram.

— Ela nunca teria acreditado em você. — Charlie apontou


enquanto dava a última mordida.

— Ela realmente acreditaria desde que eu era o favorito dela.

Com os olhos se estreitando perigosamente no homem que


estava lá para ela, desde os cinco anos, disse:

— É isso mesmo que você pensa?

— É o que eu sei. — declarou Ben, assentindo enquanto se


levantava e gesticulava em direção ao pé dela. — Você precisa de
alguma coisa antes de eu ir?

— Você realmente me deixará assim? — Charlie perguntou,


mordendo o lábio inferior enquanto fazia o possível para parecer
patética.

Por um momento, Ben ficou lá, parecendo dividido, e então ...

— Sim, sim. — respondeu ele, encolhendo os ombros


enquanto pegava as muletas com as quais a sala de emergência a
enviara para casa e as colocava mais perto da cama com um
suspiro satisfeito.
— É por isso que eu te odeio. — afirmou Charlie, voltando a
encará-lo enquanto ela o observava empurrando a garrafa de água
na mesa de cabeceira dela alguns centímetros mais perto.

— Do que você está falando? Estou me certificando de que


você tenha tudo o que precisa. — expressou Ben, gesticulando
entre o controle remoto na cama ao lado dela e a garrafa de água.

— E se eu tiver que usar o banheiro? — ela perguntou,


estreitando os olhos nele.

— Está a apenas alguns metros de distância. — disse Ben,


gesticulando distraidamente para o banheiro que tinha levado
quinze minutos para chegar esta manhã.

— Comida?

— Que merda você está falando? Acabei de te alimentar. —


brigou Ben, apontando para a sacola de padaria vazia ao lado dela.

— Eu cuidei melhor de você depois que você retirou suas


amígdalas. — ela apontou com um olhar.

— Realmente fará essa comparação? Eu poderia ter morrido!

— Você teve um caso leve de amigdalite. Eles só o levaram


para fazer você parar de reclamar. — Charlie lembrou.

— Foi o que eles disseram para você não se preocupar.

— Você pode sair agora. — Charlie dispensou-lhe, assentindo


lentamente enquanto ela gesticulava para ele sair.
— Te vejo mais tarde. — prometeu Ben, estendendo a mão e
empurrando a garrafa de água um pouco mais para perto.

— Não falaremos mais tarde se você sair por aquela porta,


Benjamin Lopez. — ameaçou Charlie, observando enquanto ele se
dirigia para a porta.

— Vejo você mais tarde, Charlie Marshall. — se despediu ele,


zombando com uma risada que ela não gostou, nem um pouco.

— Você está morto para mim!

— Eu também te amo! — ele falou de volta quando fechou a


porta atrás dele, deixando-a sentada ali, fervendo de raiva.

Definitivamente deveria tê-lo empurrado para fora daquele


balanço, Charlie pensou, continuando a encarar a porta da frente
enquanto ela distraidamente pegava sua garrafa de água apenas
para acidentalmente jogá-la no chão.

— Droga. — ela xingou, suspirando profundamente enquanto


se sentava lá, debatendo em deixá-lo, porém...

A geladeira estava longe demais para chegar agora, Charlie


percebeu quando cuidadosamente se aproximou da beira da cama
com uma careta de dor quando a mudança fez seus pontos
puxarem. Fechando os olhos, ela exalou lentamente enquanto
esperava a dor desaparecer, apenas para sentir seus ombros
caírem em derrota quando a dor dobrou.

Ótimo.
Ela deveria ter tomado um Advil quando teve uma chance,
Charlie pensou quando abriu os olhos e se viu imaginando o que
Devin estava fazendo aqui desde que ele saiu para o trabalho mais
de uma hora atrás. Isso a levou a se perguntar o que havia na
pequena sacola de padaria branca que ele colocara na cama ao
lado dela. Curiosa, ela pegou a bolsa e olhou para dentro, notando
que havia dois grandes donuts de geleia esperando por sua
atenção.

Satisfeita com sua oferta, Charlie selecionou o mais gordo dos


dois donuts e deu uma pequena mordida enquanto ela observava
Devin mexer as sacolas de compras em seus braços para que ele
pudesse se inclinar e pegar sua garrafa de água. Sem dizer uma
palavra, o colocou de volta na mesa de cabeceira antes de adicionar
uma segunda garrafa de água e um pequeno frasco de remédio,
que ela assumiu ser os analgésicos que ela havia dito que não
precisava na noite passada.

Isso foi seguido por vê-lo caminhar até a cozinha e deixar de


lado as caixas de mudança que ela ainda não teve a chance de
desfazer, para que ele pudesse guardar a comida que havia trazido
para ela. Uma vez feito isso, Devin pegou um dos rolos de gaze que
seu primo lhes dera na noite anterior e voltou a se sentar na beira
da cama. Ela mordeu a rosquinha incrivelmente deliciosa
enquanto o observava desembrulhar a gaze no pé e inspecionar os
pontos antes de rolar cuidadosamente o novo rolo de gaze ao redor
do pé.

Feito isso, ele perguntou:


— Você precisa de mais alguma coisa?

Enquanto estava sentada ali, considerando o homem grande


a olhando enquanto ela continuava mordiscando sua rosquinha e
decidiu que havia uma ou duas coisas com as quais ela
provavelmente poderia usar a mão, já que ele estava oferecendo
tudo.
— Isso não é o que eu tinha em mente quando perguntei se
você precisava de mais alguma coisa. — Devin rosnou enquanto
ele estava lá, esfregando as mãos trêmulas pelo rosto enquanto
lutava para descobrir como isso aconteceu.

— É por isso que eu realmente aprecio isso. — veio a resposta


murmurada da mulher atualmente despida do outro lado da
cortina de chuveiro preta.

Ele deveria ter mantido a boca grande fechada, Devin pensou


observando impotente enquanto ela jogava a camiseta através do
pequeno espaço entre a cortina do chuveiro e a parede segundos
antes dos shorts cinza claro que ela usava se juntarem à camisa.

— Posso te perguntar uma coisa?

A razão pela qual ele estava prestes a perder a porra da mente


perguntou quando o último item foi jogado através da pequena
abertura, forçando-o a voltar e agarrar o balcão do banheiro antes
de suas pernas cederem.

— Não. — disse-lhe, tentando tirar a imagem da calcinha


branca dela no chão do banheiro.

Deus, ele realmente não podia suportar muito mais disso.


— É justo. — Charlie murmurou enquanto deslizava
cuidadosamente as pernas por baixo da cortina e sobre a pilha de
toalhas que ele colocara no chão, para que os pontos dela ficassem
secos enquanto ela tomava banho.

Logo quando ele se sentiu relaxar, ela falou:

— Estou pronta!

Suspirando pesadamente, Devin soltou o balcão e alcançou


dentro do chuveiro para que ele pudesse ligar o chuveiro para ela.

— Frio! — veio a resposta ofegante que o fez xingar baixinho


enquanto ele rapidamente girava o botão até ouvir: — Isso está
bom.

Decidindo que havia se torturado o suficiente por um dia,


Devin foi em direção à porta e ...

— Por que você me odeia?

Veio a pergunta que o fez esfregar as mãos trêmulas pelo rosto


com uma risada sem humor, porque Deus, ele realmente queria
poder odiá-la. Isso tornaria sua vida mais fácil se pudesse odiá-la,
dessa maneira não se acharia pensando nela a cada minuto do
dia.

— Eu não te odeio. — afirmou Devin, afastando as mãos


enquanto Charlie murmurava.

— Não, é claro não.


— Eu não. — ele mordeu uniformemente.

— E eu acredito totalmente em você. — confirmou Charlie,


fazendo-o estreitar os olhos na cortina do chuveiro.

— Eu não.

— Então explique as encaradas. — ela pediu, parecendo


curiosa.

— Eu não encaro. — ele respondeu, estreitando os olhos na


direção dela.

— Uh-huh. — ela murmurou lentamente antes de perguntar:


— E meu escritório?

— O que tem? — Devin perguntou, decidindo que


provavelmente não seria uma boa ideia contar a verdade.

— Só me pergunto se havia uma razão por trás do meu


banimento, só isso. — explicou-lhe Charlie enquanto começava a
mexer os dedos dos pés.

— Eu não bani você.

— Então, como você chamaria isso?

Recuperando o máximo de sua maldita sanidade possível.

— Dando a você um escritório maior. — respondeu, usando a


desculpa que ele inventou na época.

— E me evitando no trabalho?
— Eu não estava evitando você. — ele mentiu.

— Mesmo? Então, por que você tem alguém que lida comigo
sempre que precisar de algo, mas não faz isso com mais ninguém?

— Ben não deveria estar aqui cuidando de você? — Devin


perguntou, esperando mudar de assunto.

— Ele realmente deveria. — Charlie murmurou em


concordância, antes de perguntar: — Posso lhe perguntar outra
coisa?

— Não, por que Ben não está aqui?

— Nós não falamos o nome dele. — Charlie cochichou com


uma fungada.

— Por que não? — ele perguntou, recostando-se no balcão


enquanto a observava continuar mexendo os dedos dos pés e não
pôde deixar de achar a jogada agradável.

— Ele está morto para mim.

— É por isso que ele não está aqui?

Houve um suspiro de sofrimento e depois:

— Ele teve que ir trabalhar.

— Entendo — ele murmurou — E, exatamente, como você


estava planejando se locomover hoje?
— Senti que era do meu interesse mover o menos possível
hoje — veio a resposta que o fez dar um suspiro.

— E como isso funcionou para você? — Devin perguntou


enquanto tirava o celular do bolso de trás para avisar TJ que ele
iria trabalhar em casa hoje, já que Charlie não tinha ninguém para
ajudá-la.

— Não posso reclamar — ela falou, fazendo seus lábios


tremerem.

— Como está seu pé? — perguntou distraidamente ao enviar


a TJ um texto de tudo o que ele precisava fazer hoje.

— Está tudo bem. — Charlie murmurou após uma pequena


pausa que o fez olhar para cima do celular para fechar os olhos na
cortina do chuveiro enquanto perguntava:

— Você está mentindo para mim?

— Sim.

— Você quer um analgésico?

Ela fungou.

— Sim, acredito que seria adorável, obrigado — Charlie


murmurou, enquanto ele saia do banheiro, agradecido pelo
pequeno alívio.

Ele entrou na sala e mais uma vez se perguntou por que ela
não estava dormindo no quarto. Definitivamente era grande o
suficiente, Devin pensou pegando o pequeno frasco de remédios da
mesa de cabeceira quando encontrou sua atenção na porta
entreaberta do quarto enquanto voltava para o banheiro.

— Por que você não está usando seu quarto? — Devin


perguntou enquanto colocava a garrafa de analgésicos no balcão
do banheiro.

— Estou usando como meu escritório. — respondeu-lhe a


mulher que o estava deixando louco.

— O que havia de errado com seu último apartamento? —


perguntou, cruzando os braços sobre o peito e recostando-se no
balcão do banheiro, enquanto esperava que ela terminasse o
banho.

— Nada — ela falou com um suspiro triste.

— Então, por que você se mudou? — Devin perguntou,


decidindo usar essa oportunidade para descobrir algumas coisas
sobre a mulher que ele pensava mais do que deveria.

— Estou tentando reduzir minhas despesas mensais — ela


explicou enquanto ele estava lá, franzindo a testa.

— Você está tendo problemas? — perguntou, já pegando o


celular para poder enviar o bônus de Natal mais cedo quando ela
disse:

— Não, só estou tentando economizar, posso te perguntar


uma coisa?
— Não. — replicou Devin, movendo os braços para trás sobre
o peito, apenas para deixar cair a cabeça com um suspiro quando
ela perguntou de qualquer maneira.

— Acho que descobri por que você me odeia — ela alegou, sem
perguntar, ele notou quando estendeu a mão e beliscou a ponta do
nariz, sentindo uma enxaqueca se aproximando.

— Eu não odeio você. — ele tornou a falar.

— Eu tenho uma teoria — ela anunciou.

— E mal posso esperar para ouvi-la. — ele falou lentamente,


afastando a mão para olhar por cima do ombro para ver se ela
tinha algum Advil para que ele pudesse...

— Você está apaixonado por mim — Charlie anunciou,


fazendo tudo nele ficar quieto.

— O que? — ele perguntou com voz rouca enquanto


lentamente girava a cabeça para encarar a cortina do chuveiro.

— Shhh, está tudo bem, não há vergonha em seus


sentimentos. Eu tenho esse efeito nos homens. Eles simplesmente
não conseguem se ajudar. Deus, por que eu tenho que ser tão
irresistível? — ela perguntou com um suspiro sofrido, estreitou os
olhos na direção da pirralha quando ele estendeu a mão, e abriu a
pia.

— Frio!
— Você ainda está bravo? — Charlie perguntou ao
homenzarrão checando seu curativo para ter certeza de que ela
não o molhasse com movimentos cortantes, quando o músculo em
seu queixo tensionou novamente — Porque você parece bravo.

Quando Devin não disse nada, ela decidiu que provavelmente


seria um bom momento para parar de falar. Bem, isso e o fato de
que ela estava quase chorando. Deus, seu pé realmente doía,
Charlie pensou enquanto cuidadosamente rolava para o lado,
deslocando o pé machucado para que ele descansasse no outro pé.
Ela exalou lentamente enquanto deslizava a mão trêmula sob o
travesseiro e segurava o lençol enquanto respirava trêmula.

Sabendo o quão perto ela estava de chorar, Charlie falou:

— Obrigado por me ajudar — esperando que ele entendesse


isso como a desculpa de que precisava sair para que ela pudesse
descansar.

— Deus, você realmente é um pé no saco — afirmou Devin,


não parecendo muito feliz com algo que Ben aprendeu a aceitar
quando eles eram pequenos enquanto ela o observava partir.

— O que você está fazendo? — ela não pôde deixar de


perguntar alguns segundos depois, quando ele voltou para o
apartamento dela carregando uma cadeira.
— Você deveria ter sido mais cuidadosa — lhe repreendeu
Devin, parecendo irritado quando colocou a cadeira ao lado da
cama dela, sentou-se e olhou furiosamente quando ele estendeu a
mão e puxou a mão dela para que ele pudesse envolver sua mão.

— Não fiz exatamente de propósito. — replicou Charlie,


apertando a mão dele enquanto tentava respirar através da dor,
imaginando quando aquele analgésico que ele a forçou a tomar iria
finalmente entrar em ação e tirá-la de sua miséria.

Houve uma pausa e depois ...

— Por que você fez isso? — ele questionou, parecendo curioso


enquanto distraidamente passava o polegar pelas costas da mão
dela.

— Fiz o que? — Charlie perguntou distraidamente,


imaginando se ele tinha alguma ideia de quão bom era seu toque.

— O vidro, por que você fez isso por Dustin?

— Por que eu não faria isso por ele? Ele é meu melhor amigo
— respondeu Charlie, observando enquanto seus lábios se
contraíram.

— Eu notei que você roubou meu filho — declarou Devin,


rindo quando ela fechou os olhos, admitindo que ele tinha um
sorriso incrivelmente sexy.

— Ele é tudo o que eu poderia pedir num melhor amigo —


Charlie murmurou sonolenta, notando que a pílula estava
finalmente começando a funcionar.
Houve uma pausa e depois:

— E o Ben?

— Shhh, não falamos o nome dele — ela sussurrou


suavemente.

— Certo e há quanto tempo você e ele, que não deve ser


nomeado, são amigos? — perguntou, fazendo seus lábios
tremerem.

— Desde que tínhamos cinco anos e decidimos fugir —


Charlie murmurou em torno de um bocejo.

— Fugir de quê? — Devin perguntou, continuando a acariciar


gentilmente sua mão.

— Nossa mãe adotiva do mal — explicou ela, incapaz de


deixar de sorrir para a pobre sra. Manford, que não tinha ideia do
que se metera ao aceitar os dois.

— Você cresceu num orfanato? — veio a pergunta curiosa.

— Mais ou menos — Charlie falou, sorrindo enquanto


explicava: — Nós dois fomos colocados neste lar adotivo com uma
mulher que não sabia no que estava se metendo quando
concordou em nos acolher. Era Natal e ela não tinha uma árvore
de Natal, então decidimos encontrar uma durante uma nevasca.

— Isso soa como um excelente plano — ele declarou


lentamente quando ela sentiu a mão dele apertar a dela — O que
aconteceu?
— Bem, atravessamos a rua antes de percebermos que estava
frio demais para encontrar uma árvore de Natal de pijama. Em
seguida, decidimos que era tarde demais para voltar e que
teríamos que viver o resto de nossas vidas num iglu. Entretanto,
felizmente, a vovó Bea nos viu tentando construir um iglu no
jardim da frente e decidiu que provavelmente seria o melhor se ela
nos levasse para dentro antes que morressemos.

— Como sua mãe adotiva lidou com isso quando percebeu


que vocês tinham saído?

— Ela teve um colapso nervoso pelo qual pedimos desculpas


quando os paramédicos nos garantiram que ela não poderia sair
de suas amarras — explicou Charlie, muito agradecida pelos
paramédicos terem dobrado as restrições desde que a Sra.
Manford parecia determinada a torcer os seus pescoços por
assustá-la.

Não que Charlie a culpasse, porque ela realmente não podia.

— E vovó Bea... Era uma diretora aposentada do ensino


médio, pois descobriu-se que tinha uma queda por problemas.
Depois que ela nos limpou, ela nos sentou com uma xícara de
chocolate quente e alguns biscoitos de açúcar e explicou como era
importante seguir as regras. Isso foi seguido por nós, explicando
que ter uma árvore de Natal era uma regra. Depois de uma breve
partida ofensiva, ela entrou em sua garagem e começou a puxar a
falsa árvore de Natal que ela não colocava há anos, juntamente
com todas as decorações que conseguiu encontrar antes de
finalmente desistir e arrastar tudo para dentro. Isso foi seguido por
nós fazendo uma enorme bagunça decorando sua sala de estar,
enquanto ela nos fazia uma nova fornada de biscoitos de açúcar
para que pudéssemos ter algo a deixar para o Papai Noel.

— E depois disso?

— Ela não teve escolha a não ser nos adotar — informou


Charlie, incapaz de deixar de sorrir ao pensar na vovó Bea. Ela
tinha sido a coisa mais próxima que Charlie tinha de uma mãe,
sua melhor amiga, e não houve um dia que ela não sentisse sua
falta.

— O que aconteceu com seus pais? — Devin fez a pergunta


que ela estava pensando na maior parte de sua vida.

— Eu não sei — ela respondeu, dando de ombros. — Minha


mãe fugiu de casa quando tinha quinze e cinco anos depois, fui
deixada na porta do meu avô no meio da noite. Ele cuidou muito
bem de mim, porém era demais. Ele acabou tendo um ataque
cardíaco quando eu tinha três anos e teve que me colocar num
orfanato. Ele tentou encontrar minha mãe, esperando que ela
viesse cuidar de mim, porém eles não a encontraram.

— Sinto muito Charlie — falou Devin, apertando sua mão com


conforto.

— Não sinta, tive uma infância maravilhosa e cresci com meu


melhor amigo — respondeu Charlie enquanto se perguntava sobre
algo, mas...

Não era da sua conta.


— O nome da mãe deles é Heather — contou-lhe Devin,
adivinhando corretamente aonde seus pensamentos haviam ido.
Era algo que ela estava pensando há um tempo agora. É verdade
que todos no trabalho estavam se perguntando a mesma coisa, no
entanto até onde ela sabia, ninguém havia perguntado.

— O que aconteceu com ela? — perguntou, abrindo os olhos


para encontrar Devin a observando.

— Nada — ele murmurou com um leve movimento de cabeça.

— Então onde ela está? — Charlie perguntou, se


questionando por que as crianças nunca a mencionaram ou por
que não havia fotos dela em casa.

— Quando descobriu que estava grávida, tinha 24 anos, no


segundo ano da faculdade de direito, e não estava pronta para ter
filhos, porém, eu estava. Ela sabia o quanto eu os queria e que os
amaria mais do que qualquer coisa, pensei que ela mudaria de
ideia quando os gêmeos nascessem, no entanto ela fez as pazes
com a espera até que iniciasse sua carreira antes de ter uma
família.

— Você está bravo com ela? — Charlie perguntou, mordendo


o lábio inferior enquanto pensava em Dustin e Abbi crescendo sem
mãe.

— Nem um pouco — respondeu-lhe Devin com um sorriso


caloroso.

— Ela já viu as crianças?


— Não, eles não veem Heather como sua mãe. Eles a veem
como a mulher maravilhosa que nos tornou possível ser uma
família. — ele explicou, balançando a cabeça com tristeza
enquanto observava o polegar se mover lentamente sobre as costas
da mão dela enquanto ela sentia os olhos começando a se fechar
novamente.

— Estou com fome. — veio o anúncio de voz baixa que Charlie


abriu os olhos e se perguntou o que estava fazendo na sala de
Devin enquanto olhava para a direita para encontrar Dustin mais
uma vez de cueca, sentado na outra parte do sofá secional,
abraçando o ursinho de pelúcia que ele lhe dera num braço,
enquanto passava o tempo pintando o grande livro de colorir em
seu colo.

— Como cheguei aqui? — Charlie perguntou, esfregando as


mãos no rosto enquanto lutava para acordar e entender o que
estava acontecendo. A última coisa que ela lembrou foi deitada em
sua cama, esperando o analgésico fazer efeito.

— Papai te trouxe aqui para que possamos ficar de olho em


você. — explicou-lhe Abbi, chamando sua atenção para encontrar
a menininha que realmente parecia gostar de atormentar o pai,
sentada no final do sofá, do outro lado da pilha de travesseiros
onde o pé de Charlie estava apoiado ao lado de dois grandes pés
de botas que definitivamente não eram dela e nem aquela mão
gentilmente acariciando seu estômago.

— Você estava chorando enquanto dormia — informou-lhe


Dustin.
— O que? — Charlie perguntou enquanto lentamente
inclinava a cabeça para trás para encontrar Devin a observando.

— Papai ficou muito chateado porque você não parava de


chorar, tentamos acordar você, mas você continuou chorando. A
única coisa que ajudou foi quando papai te abraçou. — explicou
Dustin enquanto Charlie estava lá, incapaz de desviar o olhar
enquanto Devin a observava através de olhos azuis que pareciam
verdes por esse ângulo. Sem uma palavra, ele continuou
distraidamente acariciando seu estômago quando ela percebeu o
quanto ela gostava de estar em seus braços.
— Papai...

— Eu disse que não. — repetiu Devin calmamente enquanto


se inclinava e beijava a testa molhada de sua filha enquanto ela se
sentava lá, fazendo o possível para parecer triste.

— Eu tenho todo esse amor para dar e ninguém receber —


implorou Abbi com um encolher de ombros desamparado e um
triste aceno de cabeça enquanto concentrava sua atenção no
patinho de borracha que passava por ela.

— Você me tem — ele apontou enquanto derramava água


lentamente sobre a cabeça dela, tomando cuidado para não entrar
em seus olhos enquanto lavava os cabelos.

— Eu preciso de mais, papai, preciso de fofura — explicou-


lhe Abbi, assentindo solenemente enquanto inclinava a cabeça
para trás.

Rindo, ele falou:

— Você não ganhará um cachorro.

— Que tal um gato?

— Não.
— Um cavalo?

— Sim.

— Sério? — ela perguntou, parecendo realmente esperançosa.

— Não. — negou Devin, rindo quando terminou de enxaguar


os cabelos de Abbi enquanto ela ficava lá, olhando para ele.

— Não esquecerei esse momento — Advertiu sua filhinha


enquanto gesticulava para que ele terminasse de enxaguar os
cabelos.

— Tenho certeza de que não. — murmurou Devin, incapaz de


deixar de sorrir.

— Eu não irei — Abbi prometeu com um firme aceno de


cabeça.

— E faria você se sentir melhor se eu dissesse que te amo? —


Devin perguntou quando ele estendeu a mão e puxou o ralo para
cima.

— Só se você dissesse com fofura. — respondeu Abbi com um


suspiro de sofrimento enquanto segurava a lateral da banheira e
se levantava antes de gesticular em direção à toalha do Mickey
Mouse dobrada ordenadamente no pequeno armário ao lado dele
com um suspiro pesado. — Você pode me secar.

— Você é boa demais para mim. — ele falou enquanto pegava


a toalha dela.
— Eu sei, papai — assegurou-lhe Abbi, levantando os braços
para que ele pudesse enrolar a toalha em volta dela.

— Que tal isso? Você termina de se arrumar para dormir, para


que eu possa fazer algum trabalho e vou considerar levá-los ao
zoológico neste fim de semana. Combinado? — Devin perguntou
enquanto a pegava e a carregava para fora do banheiro.

— Charlie pode vir? — Abbi perguntou, parecendo pensativa


quando Devin a levou para o quarto e a colocou em sua cama.

— Você realmente gosta de Charlie, não é? — ele perguntou


enquanto pegava o pente da mesa de cabeceira.

Assentindo, Abbi anunciou:

— Decidimos mantê-la.

— E por que isso? — Devin perguntou distraidamente


enquanto cuidadosamente começava a passar o pente pelo cabelo
dela.

— Ela é muito legal — respondeu Abbi, assentindo.

— Sim, ela é. — Devin concordou facilmente, porque Charlie


era incrivelmente doce, gentil e se sentiu tão bem em seus braços
hoje.

Muito bom...

Fazia muito tempo desde que ele segurava uma mulher, mas
ele não conseguia se lembrar de uma mulher que se sentia tão bem
antes. A última vez que segurou uma mulher foi quando Heather
concordou em ter o bebê. A pegou nos braços e prometeu que tudo
ficaria bem. Também foi a última vez que ele a tocou, além de
segurar a mão dela quando os gêmeos nasceram. Por algum acordo
tácito, eles decidiram terminar as coisas depois de dois anos.

Depois que os gêmeos nasceram, Heather se mudou para


Nova York para terminar o curso de direito, ele decidiu se
concentrar na única coisa que importava para ele, seus filhos, se
concentrando em cuidar deles e garantir que eles soubessem que
eram amados.

— Ela faz você sorrir, papai — Abbi explicou enquanto


terminava de pentear o cabelo dela.

— Você me faz sorrir — respondeu Devin, inclinando-se para


beijar a ponta do nariz.

— Você sempre parece triste, papai — apontou Abbi,


apertando o lábio inferior.

— Não estou triste, querida — ele prometeu enquanto pegava


sua camiseta velha da Bradford Construction que ela gostava de
dormir.

— Não quando Charlie está por perto — ela replicou com um


aceno firme.

Suspirando, Devin perguntou:

— E como fico quando Charlie está por perto?


— Feliz — afirmou Abbi, puxando a camiseta por cima da
cabeça.

— Você e seu irmão me fazem feliz — assegurou ele, odiando-


se, porque isso deveria ser suficiente.

— Você sabe o que me faria feliz, papai? — Abbi perguntou


enquanto pegava a calcinha da princesa da Disney que ele teve que
ir a seis lojas diferentes para encontrar e a ajudou a vestir.

Com os olhos estreitos na garotinha desonesta que possuía


metade de seu coração, ele declarou:

— Você não está recebendo um filhote.

— Eu preciso de um pouco de fofura na minha vida, papai —


Abbi repetiu enquanto entrava debaixo das cobertas.

— Você precisa ir dormir, tem aula de manhã. — ele ordenou


com um olhar falso quando a colocou na cama.

— Eu dormiria melhor com a fofura, papai — explicou ela,


assentindo solenemente enquanto Devin começava o processo de
cinco minutos de checagem de monstros em seu quarto.

— Você dormiria melhor se eu prometesse deixar você


alimentar as cabras neste fim de semana? — ele perguntou,
acendendo a luz noturna dela antes de desligar a luz do quarto
dela.

— Isso pode ajudar — Abbi murmurou, fazendo-o rir


enquanto se inclinava e beijava sua bochecha.
— Eu te amo.

— E... — ela disse, estendendo a palavra.

— E seu quarto está livre de monstros — ele prometeu a ela,


dando-lhe um último beijo antes de se levantar.

Com um suspiro satisfeito, Abbi rolou para o lado e falou:

— Boa noite, papai.

— Boa noite, menina — respondeu Devin, fechando a porta


do quarto atrás dele e foi para o quarto ao lado do dela para
encontrar Dustin dormindo profundamente, enrolado em sua
cama com o ursinho de pelúcia que ele comprou para Charlie nos
braços.

Falando em Charlie...

Ele não tinha ideia do que faria sobre ela.

A única coisa que sabia era que não podia se arrepender de


deixá-la entrar, não quando ela fazia os gêmeos felizes. Quando
colocou o anúncio on-line para o apartamento adjacente, esperava
encontrar alguém legal que pudesse ajudar com os gêmeos, porém,
o que conseguiu foi muito mais. Charlie foi ótima com as crianças.

O que ela fez por Dustin ...

Ele ainda não conseguia entender a imagem de Charlie saindo


da cadeira e pisando no vidro para se certificar de que Dustin
estava bem fora de sua cabeça. Ela era muito mais do que ele
pensava, Devin decidiu enquanto descia as escadas e suspirava
quando não a encontrou onde a havia deixado. Ela era tão teimosa,
Devin pensou enquanto se dirigia para a porta do apartamento que
ela começou a deixar aberta à noite para os gêmeos e a encontrou
mancando lentamente em direção à cozinha, ofegando de dor
enquanto usava a parede para ajudá-la. Quando chegou à
esquina, respirou fundo, exalou lentamente e...

— Você sempre foi muito chata? — Devin perguntou


enquanto a pegava e a carregava até a cozinha para poder colocá-
la na ilha da cozinha.

— Sim — Charlie respondeu com uma careta quando ele se


inclinou para que pudesse verificar o pé dela e se certificar de que
ela não rasgou os pontos.

— O que você está fazendo fora do sofá? — ele perguntou,


reajustando a gaze para cobrir os pontos dela.

— Fazendo pão de banana — Charlie explicou, apontando


para a pia ao lado dela.

— Você deveria estar descansando — ele lembrou enquanto


lavava as mãos obedientemente.

— Eu deveria estar fazendo pão de banana — ela replicou,


apontando para as bananas no balcão.

— Por que isso? — Devin perguntou enquanto pegava as


bananas e as colocava ao lado dela.
— Porque prometi às crianças que lhes faria pão de banana
no café da manhã. — confessou-lhe Charlie, estendendo a mão
para pegar duas tigelas grandes do escorredor antes de gesticular
para o pão no balcão atrás dele.

Franzindo o cenho, Devin pegou o pão e ...

— Preciso de leite, creme de leite, ovos, queijo, presunto,


maionese e mostarda — ela listou, apenas para acrescentar —
Estou morrendo de fome — com o olhar interrogativo dele.

Estreitando os olhos para ela, Devin pegou tudo o que queria


e colocou no balcão ao lado dela.

— Eu fiz o seu jantar — ele a lembrou.

— E foi delicioso — respondeu a mulher que mal tocara no


jantar, assentindo solenemente quando estendeu a mão e pegou
um prato da prateleira e começou a fazer um sanduíche.

— Foi por isso que você não comeu? — Devin perguntou,


estreitando os olhos para a mulher que suspeitava ter adormecido
de propósito para evitar comer o jantar que havia feito.

— É exatamente isso, fiquei intimidada por sua delícia. —


explicou-lhe Charlie, assentindo enquanto puxava uma faca de
manteiga do escorredor.

— Foi saudável. — ele apontou defensivamente enquanto ela


espalhava maionese numa fatia de pão.
— Sim, definitivamente foi — ela murmurou, os lábios
tremendo de diversão quando terminou de fazer o sanduíche e
cortou ao meio.

— O que havia de errado com o que eu fiz? — ele exigiu com


um olhar, porque não havia nada errado com o que ele havia feito
para o jantar. Foi delicioso pra caralho.

— Além do fato de você realmente ter feito uma caçarola com


feijão-fradinho? — Charlie perguntou enquanto lhe entregava
metade do sanduíche.

— Sim — ele mordeu enquanto falava.

Ela deu de ombros com um murmúrio:

— Você se esforça demais — enquanto mordeu seu sanduíche


e antes que ele pudesse perguntar sobre o que ela estava falando,
ela acrescentou: — Decidi que seremos melhores amigos.

— E por que isso?

— Porque você precisa de mim — Charlie afirmou e ele não


pôde deixar de se perguntar se ela tinha alguma ideia do quanto.
— Por favor!

— Não. — veio a resposta firme que fez Charlie se perguntar


por que ele estava sendo tão difícil com isso.

— Se você fizer isso por mim, juro que nunca lhe pedirei mais
nada — prometeu ela, enquanto se mexia para se sentir mais
confortável no primeiro degrau, apenas para repensar a jogada
quando a parte de trás de seu pé acidentalmente roçou os
implacáveis pisos.

— Isso não está acontecendo, porra. — afirmou seu mais novo


melhor amigo, fazendo-a suspirar.

Por que ele tem que ser tão difícil?

— Ah, vamos lá, não seja assim — Charlie persuadiu


enquanto distraidamente se abaixava para ajustar a gaze e debatia
tentando fazer isso sozinha.

Ela não achou que era uma boa ideia, especialmente depois
do incidente desta manhã, quando tentou usar as muletas para ir
ao banheiro.

— Você deveria estar descansando.


— E eu pretendo fazer isso completamente, mas primeiro
precisamos decorar — falou Charlie com um sorriso esperançoso,
estendendo a mão e pegando a aranha gigante que ficaria
realmente bem pendurada na árvore na entrada da garagem.

Estreitando os olhos para ela, Devin cruzou os braços sobre


o peito e balançou a cabeça uma vez.

— Pense em como as crianças ficarão felizes quando virem


que decoramos a casa — tentou Charlie, apontando para os
caixotes cheios de decorações de Halloween que ela guardava
desde os dezoito anos.

Ela adorava festas.

Adorava tradições, decorações, reuniões de família, festas e


tudo o que elas envolviam. Quando ela era pequena, costumava
esperar exatamente vinte e cinco dias antes de qualquer feriado
antes de poder discutir seus planos em prol da sanidade da vovó
Bea. Era uma regra que Ben exigia que continuassem seguindo
depois que a avó Bea faleceu. Não que ela pudesse culpá-lo,
Charlie pensou, mesmo que não pudesse deixar de notar que a
casa inflável de pão de gengibre que ela estava olhando nos últimos
anos ficaria ótima neste quintal.

Quando ele apenas ficou lá, a olhando, ela suplicou:

— Por favor!

Com um suspiro e um murmúrio.

— Deus, você é um pé no saco.


Devin pegou a aranha e seguiu em direção à árvore de bordo
apenas para suspirar e seguir em direção ao carvalho quando ela
balançou a cabeça, pois planejava pendurar um fantasma na
árvore de bordo.

— Sou mesmo. — confirmou Charlie, estendendo a mão e


puxando a cesta cheia de lápides para mais perto.

— Posso te perguntar uma coisa? — Devin perguntou


enquanto jogava a corda preta sobre um galho e a amarrava.

— Você montará o cemitério se eu disser que sim? — Charlie


perguntou, porque queria garantir que o cemitério fosse montado,
caso contrário ela não teria onde colocar os zumbis que comprou
numa venda de quintal no ano passado.

Suspirando, ele se aproximou e pegou a cesta de lápides.

— Por que você estava chorando enquanto dormia? — Devin


perguntou enquanto colocava a cesta no chão e pegava a maior
lápide.

Expirando lentamente, Charlie balançou a cabeça quando


admitiu:

— Eu não sei, nunca me lembro o porquê.

— Há quanto tempo isso vem acontecendo? — Devin


perguntou, olhando para ela enquanto colocava a lápide no lugar
e pegou outra.
— Desde que eu era pequena — ela respondeu, dando de
ombros.

Isso costumava incomodar vovó Bea e Ben, no entanto eles


finalmente pararam de se preocupar com ela. Pelo menos, eles
pararam de avisá-la de que estavam preocupados, no entanto, ela
viu isso em seus rostos pela manhã, a maneira como a
observavam, os sorrisos forçados e os abraços extras para
acompanhar seu café da manhã favorito, panquecas silver dollar.
Não demorou muito tempo para ela começar a odiar acordar com
o cheiro de xarope de bordo.

— Alguma ajuda? — Devin perguntou, olhando para ela


enquanto pegava outra lápide.

— Não.

Pelo menos até ontem, Charlie pensou enquanto o observava.


Devin Bradford era um homem incrivelmente bonito. Não havia
como negar isso, porém até ontem, ela nunca havia percebido o
quanto gostava dele. Sempre soube que ele era um bom pai e um
chefe decente, entretanto isso era tudo que sabia sobre ele. Então
ontem, percebeu o quão bom era estar em seus braços. Ela gostou
do jeito que ele a segurou, do jeito que a tocou, mas foi o jeito que
a olhou que a fez perceber.

Ela não precisava de outra complicação em sua vida.

Agora não, quando ela finalmente estava tentando parar de


dar desculpas e começar seus negócios. Já seria difícil o suficiente
quando chegasse a hora de dizer a ele que estava deixando a
Bradford Creations, que não queria dificultar as coisas. O
problema era que ela realmente gostava dele e amava os filhos dele.
Sua única esperança era que não os perdesse quando tudo
terminasse.

— Diga-me novamente por que estamos fazendo isso. — pediu


Devin, olhando da televisão onde um lobisomem estava
despedaçando outro campista desavisado, para a pequena mulher
sentada ao lado dele com as mãos pressionadas sobre o rosto.

— Tradição. — foi tudo o que ela falou antes de soltar o que


parecia um gemido, virou para ele para poder jogar
cuidadosamente as pernas sobre o colo dele e apertou o rosto
contra o braço dele com outro gemido.

— Entendo. — ele murmurou, colocando o braço sobre as


pernas dela enquanto se inclinava para a frente, tomando cuidado
para não desalojar a pequena mulher que anuncia que eles
estavam tendo uma maratona de filmes de terror quando ele voltou
para casa depois de deixar as crianças na escola, e serviu-se da
tigela de doces de Halloween que ela colocara.

— Você não pode ter o Dia das Bruxas sem uma maratona de
filmes de terror — Charlie explicou enquanto desistia de tentar
cobrir os olhos para poder abraçar os dele e se segurar com força
enquanto os sons de rosnados enchiam a sala.
— Ainda não é Halloween — ele apontou para um punhado
de M&M’s enquanto o atleta do ensino médio sendo destruído por
um bando de lobisomens soltava um grito assustador.

— Perto o suficiente — ela murmurou contra o braço dele.

— E você faz isso todo ano? — Devin não pôde deixar de


pensar.

Assentindo, Charlie falou:

— Todos os anos desde que eu tinha doze anos.

— E antes disso?

— Vovó Bea me proibiu de assistir qualquer coisa que


pudesse me dar pesadelos. — ela murmurou, soltando o braço dele
para que pudesse cegamente voltar para trás, agarrar o cobertor
do Mickey Mouse que Dustin deixou no sofá e puxá-lo sobre a
cabeça.

— E ela mudou de ideia quando você tinha doze anos,


porquê?

— Porque prometi que ela não me encontraria escondida


debaixo da cama às duas da manhã novamente, se deixasse —
explicou Charlie, passando o braço em volta do dele.

— E ela achou? — Devin perguntou, descansando a outra


mão nos tornozelos dela.
— Não, eu mantive minha promessa. Em vez disso, ela me
encontrou à uma da manhã. — murmurou contra o braço dele,
fazendo-o rir enquanto ele distraidamente passava o polegar sobre
o tornozelo.

— E você adorou tanto ficar com medo que decidiu que era
uma boa ideia continuar a tradição? — Devin perguntou quando
se recostou no sofá com um suspiro pesado, enquanto se
resignavam a passar o dia assistindo a filmes de terror de merda.

— Sim — Charlie respondeu, estendendo a mão para puxar o


cobertor de volta quando começou a deslizar para baixo,
ameaçando expô-la ao filme de terror que ela havia escolhido.

— Você já pensou em fazer outra coisa? — perguntou,


olhando para a mulher encolhida contra ele.

Houve um suspiro sincero e depois:

— Eu amo tradições.

— Eu posso dizer que sim. — replicou Devin secamente.

— Eu. — Charlie começou a dizer, porém estava sem


palavras.

Ela fechou a boca, engoliu em seco e observou Devin


continuar destruindo sua vontade de viver enquanto ele dava os
últimos retoques em sua abóbora.
— O que você está fazendo? — ela se viu perguntando,
olhando para o homem que mantinha sua companhia o dia inteiro
enquanto secretamente trabalha em sua empresa que ela
realmente precisava inventar um nome, e depois para a abóbora
que ele tinha dado dois olhos redondos, um nariz triangular e um
pequeno "O" para a boca.

Franzindo a testa, ele apontou para a abóbora e falou:

— Decorando minha abóbora.

— Nós concordamos com um tema assustador — Charlie


apontou.

— E ele está com medo — afirmou Devin, balançando a


cabeça enquanto jogava o marcador sobre a mesa e sentou-se na
cadeira enquanto esperava os gêmeos terminarem de desenhar
seus desenhos nas abóboras.

— Eu apenas sinto que isso é um pedido de ajuda — Charlie


murmurou fracamente quando ela mais uma vez se viu olhando
para a grande abóbora com olhos minúsculos.

— Que raios está fazendo? — Devin perguntou quando ela se


levantou, cuidando do pé, mancou a curta distância até a cadeira
e sentou-se no colo dele.

— Salvando o Halloween. — Charlie respondeu, enquanto


pegava o marcador descartado, tirava a tampa e se concentrava
em dar à abóbora um rosto aterrorizante digno do Halloween,
enquanto o homem que desenhou a abóbora mais triste que ela já
tinha visto suspirou quando ele colocou o braço em volta dela.

— Não está tão ruim. — ponderou ele, apenas para


resmungar algo quando Dustin afirmou:

— Sim, está.

— Bem então deixe-me consertá-lo. — replicou Devin,


pegando o marcador dela apenas para soltar a mão dele quando
ela cegamente voltou e deu um tapinha distraído no rosto dele com
um:

— Shhhh, não enquanto estou trabalhando.

— Alguém já lhe disse que você é uma coisinha controladora?


— Devin perguntou enquanto ele distraidamente acariciava seu
estômago através da blusa, enquanto ela fazia o possível para se
concentrar na tarefa em mãos.

— Prefiro ser perfeccionista de férias. — respondeu Charlie,


mordendo o lábio enquanto transformava o triste "O" num sorriso
aterrorizante.

— E eu prefiro uma dor no... — Devin começou a dizer apenas


para ser cortado quando mais uma vez ela foi forçada a voltar e
bater com a mão na boca dele com outra:

— Shhh, não enquanto eu estiver trabalhando.


— Ah, não se esqueça da minha bolsa — lembrou-lhe a
mulher que se recusou a ouvir a razão, enquanto ele pensava em
deixá-la no carro por alguns minutos e correr para dentro para
garantir que tudo estivesse pronto.

Viu o jeito que ela estava olhando as muletas no banco de


trás desde que ele conseguiu colocá-la no carro. Se ela fosse outra
pessoa, ele simplesmente a ajudaria a sair do carro e entregaria as
muletas, mas essa era Charlie, que não conseguia se lembrar de
que não deveria colocar peso no pé ruim sempre que tentava usá-
los.

— E meu primo disse para você não ficar em pé. — Devin


falou enquanto colocava a mochila no colo, entregava a ela a sacola
de rosquinhas que havia pegado da Dixon Bakery.

— Não esqueça as fotos e o ursinho de pelúcia!

Pegou os itens que ela prometeu a Dustin que levaria para


trabalhar com ela e a pegou antes que pudesse discutir. Depois
que a abraçou, Devin se forçou a ignorar o quão boa ela se sentia,
chutou a porta do passageiro e se dirigiu para a porta dos fundos
da Bradford Creations.

— Devin, eu posso andar se você me deixar pegar as muletas


para que eu possa.
— E esquecer que você não deveria colocar peso no pé e
acabar ofegante por ar, lutando para não chorar enquanto eu
perco a cabeça tentando convencê-la a tomar um analgésico que
você é muito teimosa demais para tomar, porque isso faz você ficar
com sono. — ele falou, observando os olhos dela se estreitaram
nele.

— Não estamos mais falando. — anunciou Charlie,


balançando a cabeça lentamente enquanto abraçava toda a merda
em seus braços contra o peito e desviou o olhar enquanto ele se
mexia para poder abrir a porta e carregá-la para dentro.

— Espere. Aonde estamos indo? — a mulher que nunca


conseguia se lembrar de que não estava falando com ele,
perguntou enquanto a carregava pelas escadas dos fundos.

— Trabalhar — respondeu Devin, dirigindo-se ao escritório.

— Umm, meu escritório é lá em cima — falou Charlie,


apontando para a escada dos fundos.

— Não mais — replicou Devin, ainda se perguntando se ele


estava cometendo um erro ao deixá-la voltar ao trabalho tão cedo.

Ele lhe dera duas semanas de folga, porém, a mulher


incrivelmente adorável que passou os últimos quatro dias
dificultando a lembrança de porque ele não podia estar com ela se
recusou veementemente a ficar em casa mais um dia. Queria voltar
ao trabalho e, não importa o que ele dissesse, Devin não poderia
convencê-la a esperar até que seu pé estivesse melhor.
— Espera, do que você está falando? — Charlie perguntou,
lançando um olhar melancólico por cima do ombro em direção à
escada que não havia nenhuma maneira no mundo que ela seria
capaz de subir agora.

— Nós nos organizamos — explicou Devin, enquanto


empurrava a porta do escritório e a carregava para dentro,
tomando cuidado com todas as caixas cheias de coisas que TJ
empacotou e trouxe para ela.

— Organizamos? — Charlie perguntou enquanto olhava ao


redor do escritório, observando a outra metade da sala preparada
para os gêmeos antes de voltar sua atenção para as duas mesas,
uma de frente para a outro, com a geladeira pequena ligada no
canto, o computador e os monitores que estavam colocados em sua
nova mesa, as caixas, grandes janelas com vista para a oficina.

— Isso não funcionará. — Charlie afirmou, olhando


horrorizada para as grandes janelas de vidro.

— É isso ou você irá para casa — Devin respondeu a ela,


porque não havia como ele a deixar lá em cima naquele escritório
sozinha.

Mordendo o lábio inferior, Charlie olhou ao redor do escritório


novamente antes de olhar para sua nova mesa com um resmungo
triste:

— Essa não é minha mesa.


— É melhor — declarou Devin, decidindo não mencionar que
havia decidido tirar proveito dessa situação e mandou TJ pegar
uma nova mesa da despensa para ela.

— Eu amo minha mesa. — Charlie murmurou tristemente


quando voltou sua atenção para as janelas e recuou antes de
suspirar, abrindo a sacola branca de padaria que ela de alguma
forma conseguiu segurar e se serviu de um donut de geleia com
um suspiro desanimado, ele ficou lá, abraçando-a e se
perguntando por que ela tinha que ser tão malditamente difícil.

— A nova mesa é melhor — ele apontou.

— Não, não é. — Charlie murmurou em torno de uma


mordida de rosquinha enquanto se forçava a desviar o olhar da
mesa que era incrivelmente perfeita e encostou a cabeça no peito
dele com outra — Eu amo minha mesa.

— E voce adorará esta quando se acostumar, esta é nova. Não


há amassados, marcas ou arranhões. — listou Devin, movendo-se
para carregá-la até sua nova mesa quando ela murmurou:

— O pufe.

Segurando um suspiro, ele se virou e foi em direção à área de


recreação.

— Você está pensando em fazer beicinho pelo resto do dia?

Ela fungou.

— Sim.
— Você percebe que isso só funciona com Ben, certo? — ele
apontou apenas para encontrar outro suspiro — Não colocarei
aquela mesa no meu escritório, Charlie.

Nada.

— Eu construí aquela coisa com sucata para testar um


design, deveria ir para o lixo — explicou Devin para a pequena
mulher que achou que o tinha envolvido com o dedo mindinho.

Quando ela ainda não disse nada, ele estreitou os olhos nela.

— Irei trabalhar, não me deixe te pegar saindo do lugar — ele


ordenou enquanto ela continuava mordiscando sua rosquinha de
geleia com o mais triste suspiro que não iria funcionar nele. — Eu
não estou brincando, Charlie. Não deixe esse lugar — falou Devin
uma última vez antes de partir, determinado a se concentrar em
tudo o que precisava fazer para acompanhar os pedidos que o
esperavam. — Droga.

Devin suspirou, balançando a cabeça em desgosto enquanto


se dirigia para a escada dos fundos apenas para encontrar TJ
esperando por ele.

— Não gostou da mesa, não é? — seu melhor amigo


perguntou, apenas para rir quando Devin lançou um olhar para
ele e subiu as escadas para pegar a mesa.
— Ok, isso pode ter sido uma péssima ideia — Charlie
finalmente admitiu para si mesma enquanto se apertava ao redor
da estante de livros, lentamente abaixando o pé.

Rapidamente repensou a decisão com uma respiração


instável quando a dor atravessou seu pé. Não era tão ruim quanto
há alguns dias, mas também não parecia ótimo. Expirando
lentamente, ela abraçou a câmera contra o peito enquanto
deslizava lentamente a outra mão ao longo da borda da estante,
levantando o pé.

— Sim, isso não acontecerá. — Charlie murmurou, olhando


por cima do ombro para medir a distância de volta ao saquinho da
padaria antes de desviar a atenção para a porta do escritório.

— Desculpe, Charlie. Estou procurando por Devin — falou


Scott, enquanto Charlie estava lá, olhando o homem grande
encarregado do transporte e percebeu que ela poderia ter
encontrado uma maneira de fazer isso funcionar.

— Você poderia pegar essa cadeira para mim, por favor? —


ela perguntou com um sorriso esperançoso e um leve gesto com a
mão que segurava a câmera na direção da cadeira de Devin.

— Sim, é claro. — afirmou Scott, indo rapidamente para a


mesa de Devin e agarrou a cadeira grande que parecia muito
confortável para que ele pudesse empurrá-la quando ela se
sentasse.
— Alguma chance de você me empurrar para lá? — Charlie
perguntou, enquanto apontava para a pequena sacola de padaria
que ela foi forçada a abandonar.

Franzindo a testa, Scott caminhou até o saco da padaria e o


pegou.

— Você não deveria estar na loja — ele apontou, entregando


a ela.

— Será apenas por um minuto. Eu só preciso tirar algumas


fotos para o site — respondeu Charlie, já usando o pé bom para
movê-la em direção à porta do escritório.

— Eu não sei sobre isso.

— Será rápido, Devin nunca descobrirá. — o prometeu


enquanto pegava um dos deliciosos donuts que Devin comprou
para ela da bolsa e deu uma mordida.

— Devin não gosta de ninguém na loja que não pertence a ela


— ele a lembrou enquanto segurava a cadeira e a empurrava
lentamente pelo resto do caminho enquanto ela segurava os pés.

— É por isso que ele não descobrirá que eu estava aqui.


Entrarei e sairei antes que ele perceba — ela prometeu, pois sabia
que não devia deixar Devin pegá-la na loja.

Essa era a razão pela qual ela sempre fazia questão de chegar
aqui antes de Devin pela manhã e a razão pela qual ficava até tarde
algumas vezes por semana. Devin não brincava quando se tratava
de segurança. Se você não pertencesse à loja, é melhor ele não te
pegar em nenhum lugar perto dela. Se você trabalhava no andar
de cima, era automaticamente proibido de entrar na loja e, embora
ela estivesse absolutamente de acordo com essa regra, o problema
era que ela não podia segui-la.

Não se ela quisesse fazer seu trabalho.

Era por isso que ela chegava antes que as serras fossem
ligadas e tirava fotos, conversava com TJ para ver o que Devin
queria empurrar, pegava algumas fotos novas de qualquer coisa
que não havia vendido na semana passada para ver se ela podia
dar alguma atenção no Facebook e Instagram, e dava o fora dali
antes que Devin a pegasse. Normalmente, se ela faltasse ao
trabalho, o que não era frequente, esperaria que Devin fosse
embora um dia antes de descer e tirar as fotos. Entretanto, como
isso não era uma opção hoje...

Ela teria que arriscar e esperar que Devin tivesse pena dela
se a pegasse.

— Ele me matará. — afirmou Scott, xingando baixinho


enquanto a empurrava para as últimas criações.

— Você ficará bem — Charlie murmurou distraidamente


enquanto mordia seu donut e examinava a seleção à sua frente,
analisando todos os detalhes enquanto tentava decidir qual deles
deveria aparecer no site quando estivesse pronta. Uma mão
agarrou o apoio de braço da cadeira e lentamente a virou para que
estivesse de frente para Devin, que ela gostaria de salientar que
parecia realmente chateado quando ele se inclinou para frente,
para que não houvesse realmente esse fato.

Quando ele continuou a encará-la, ela levantou o último


pedaço de rosquinha de geleia para ele.

— Olha, guardei o melhor pedaço. — exclamou Charlie com


um sorriso esperançoso. Estreitando os olhos para ela, Devin se
inclinou para a frente e pegou o último pedaço da mão com os
dentes e terminou tudo enquanto a olhava — Eu precisava de fotos
para o site. — ela apontou, pigarreou e apontou para todos os belos
móveis que seus homens haviam terminado esta semana.

Quando ele começou a empurrá-la de volta para o escritório


que lhe dissera para não sair, ela lambeu nervosamente os lábios
e falou:

— Tomei cuidado? — quando ele continuou a encará-la, ela


se mexeu nervosamente na cadeira, resistiu de alguma forma ao
desejo de olhar por cima do ombro e disse: — Eu ainda preciso de
fotos para o site. — que foi recebido com um estreitamento dos
olhos e sua decisão de calar a boca.

Isso foi seguido por empurrá-la para dentro de seu escritório,


dando-lhe um olhar que lhe dizia exatamente o que aconteceria se
ela deixasse o escritório novamente antes que ele saísse, fechando
a porta atrás de si e deixando-a sentada ali, decidindo que iria
perguntar sobre as fotos depois.
— Vamos conversar sobre isso? — TJ perguntou enquanto
Devin estava lá, vendo Charlie sorrir para algo que Dustin estava
lhe mostrando enquanto Abbi carregava outra caixa pequena para
Charlie para que ela pudesse desfazer as malas.

— Não há nada sobre o que conversar — rosnou Devin,


forçando-se a desviar o olhar e se concentrar no escritório que
deveria estar construindo.

— Não acha que deixar a mulher que você ama se mudar com
você é algo que devemos discutir? — TJ perguntou em tom de
conversa enquanto Devin pegava um pedaço de lixa e o corria
cuidadosamente pela borda da gaveta secreta em que estava
trabalhando.

— Pare com isso — pediu Devin, quando se viu olhando para


o escritório novamente.

— OK. Então talvez devêssemos discutir sobre levá-la para o


seu escritório? — TJ perguntou enquanto Devin checava duas
vezes o slot para garantir que a gaveta deslizasse corretamente.

— Ela não pode subir as escadas sozinha — apontou Devin,


pegando a gaveta e deslizando-a para dentro da fenda secreta que
ele criara entre as duas primeiras gavetas.
— É verdade — murmurou TJ — parecendo pensativo antes
de perguntar: — Teremos finalmente essa conversa?

— E que conversa seria essa? — Devin perguntou


distraidamente enquanto checava a gaveta fina antes de se
concentrar nas fechaduras que estavam indo para fazer isso
funcionar.

— Aquela em que eu digo que você deve se dar uma chance e


finalmente convidá-la para sair.

— Isso não é uma opção e você sabe disso — respondeu


Devin, balançando a cabeça enquanto agarrava a trava de madeira
que havia esculpido ontem à noite em sua bancada. Suspirando
pesadamente, ele pegou uma chave de fenda e se ajoelhou na
frente da escrivaninha para poder deslizar dentro de seu
compartimento e garantir que ela se combinasse bem com o design
antes de retirá-la de volta.

— Por que não?

— Você sabe o porquê. — replicou Devin, colocando a


pequena trava de volta na bancada e pegando a pequena lata de
graxa.

— As crianças estão mais velhas agora e parecem realmente


amá-la — apontou TJ.

— Eu fiz uma promessa — disse Devin, pegando o pano e


mergulhando-o na graxa para que pudesse esfregar sobre a trava,
certificando-se de que a trava inteira estivesse coberta antes de
colocá-la de lado para secar com cuidado.

— E você cumpriu essa promessa, porém, acho que não


percebeu o que desistiria quando cumprisse.

— Não importa — desdenhou Devin, porque havia feito uma


promessa aos filhos e planejava cumpri-la.

Os filhos dele em primeiro lugar.

Fim da história.

Ele não tem tempo para o drama ou a besteira que vem com
o namoro ou ter que se preocupar com seus filhos chegando perto
de uma mulher, apenas para fazê-la desaparecer de repente de
suas vidas quando as coisas não derem certo. Além disso, ele tinha
o suficiente para lidar com o trabalho e as crianças.

— Papai! — Abbi gritou, parecendo chateada quando ela


chamou sua atenção para encontrá-la de pé na linha vermelha que
ele havia colocado no chão quando ela era criança, para impedi-la
de entrar na loja.

— O que há de errado, menina? — Devin perguntou,


limpando as mãos num pano enquanto se dirigia para sua
garotinha para descobrir o que a deixava tão chateada.

— A senhora má machucou Charlie!


— Eu sinto muito, foi um acidente — desculpou-se Kelly com
um estremecimento compreensivo, enquanto Charlie lutava para
respirar através da dor enquanto puxava Dustin para mais perto,
apenas para fazê-lo afastar as mãos e ficar firme no chão enquanto
olhava para Kelly.

— Não, não foi — Dustin afirmou enquanto Charlie desistia


de tentar puxá-lo para mais perto e passou o braço em volta dele.

— Estou bem, não se preocupe. — Charlie conseguiu dizer


quando puxou Dustin para mais perto, com medo de que ele fosse
chutar a mulher que “acidentalmente” chutou a parte inferior do
pé quando ela se encarregou de entregar o lixo eletrônico
empilhado na caixa de correio de Charlie nos últimos dias.

— Me sinto péssima com isso — proferiu Kelly, aproximando-


se apenas para recuar quando Dustin se moveu para detê-la.

— Está tudo bem — afirmou Charlie, mordendo o lábio para


não chorar.

— Você a chutou! Eu vi você! — Dustin retrucou, tentando


empurrar o braço dela e deixando Charlie sem escolha a não ser
puxá-lo no colo antes que ele fizesse algo que o colocasse em
problemas.

— Foi um acidente, eu não vi seu pé. — declarou Kelly com


um encolher de ombros impotente e, como Charlie não acreditou
nela, ela simplesmente respondeu:
— Não se preocupe com isso — pois foi forçada a fechar os
olhos e tentar respirar na dor.

Deus, essa dor, Charlie pensou, expirando lentamente


enquanto mais dor atravessava seu pé. Um momento depois,
sentiu Dustin sair do seu colo. Com medo de que ele fizesse algo
para piorar as coisas, ela abriu os olhos a tempo de ver Devin
entregar Dustin a TJ antes de se agachar na frente dela.

— Shhhh, está tudo bem. — Devin falou enquanto a pegava.

Ele a tinha nos braços e estava pressionando um beijo na


testa dela antes que ela conseguisse respirar fundo.

— O que aconteceu? — Devin perguntou enquanto a colocava


cuidadosamente em cima da mesa.

— Foi um acidente, ouvi dizer que Charlie estava de volta e


queria ver se ela precisava de alguma coisa. Não vi o pé dela e a
chutei acidentalmente — explicou Kelly, parecendo um pouco
distraída enquanto observava Devin se afastar de Charlie para que
ele pudesse se inclinar e checar o pé dela.

— Não, não foi! — Dustin esbravejou quando Devin moveu


cuidadosamente a gaze enrolada em torno de seu pé e tensionou o
queixo firmemente enquanto olhava para a parte inferior do pé
dela.

— Está tudo bem — Charlie respondeu, exalando lentamente


enquanto agarrava a borda da mesa e esperava a dor que passava
pelo seu pé parar, mesmo que ela não pudesse deixar de se
perguntar se os saltos altos de Kelly tinham com ponta de aço
porque, Deus, isso realmente doeu.

— Sinto muito, Charlie. — pediu Kelly, mordendo o lábio


inferior com um olhar lamentável voltado diretamente para Devin.

— Está bem, não se preocupe com isso — falou Charlie,


realmente desejando que Kelly fosse embora para que ela pudesse
se concentrar em passar por isso sem chorar.

— O que você está fazendo aqui embaixo? — Devin perguntou


a Kelly enquanto ele cuidadosamente puxava a gaze de volta sobre
os pontos de Charlie.

— Eu desci para trazer a correspondência de Charlie. — Kelly


murmurou, observando Devin se levantar e segurar o rosto de
Charlie em suas mãos e beijar sua testa com um sussurro suave:

— Você está bem?

— Estou bem. — Charlie prometeu, forçando um sorriso


quando ele se afastou o suficiente para olhar nos olhos dela.

— Você está mentindo — ele afirmou, suspirando


profundamente enquanto largava as mãos.

— Espera, o que você está fazendo? — ela não pôde deixar de


perguntar quando ele a pegou e a jogou por cima do ombro
enquanto voltava sua atenção para Kelly.

— Agradeço o gesto, no entanto você não deveria estar aqui


embaixo. A partir de agora, se você precisar de algo, envie um e-
mail, mas não quero vê-la aqui novamente — informou-lhe Devin
enquanto pegava a bolsa de Charlie e a entregava a TJ antes de ir
para a porta.

— Devin? — Charlie chamou, tentando não entrar em pânico


enquanto se dirigia para a saída. — Tenho trabalho a fazer.

— Você pode fazer isso em casa.

— Ainda preciso de fotos para o site — ela lembrou enquanto


tentava se levantar para que pudessem discutir isso enquanto ele
a carregava pela porta, apenas para encontrar Kelly parada no
andar de trás para encará-la.

Oh, isso não poderia ser bom, Charlie pensou enquanto


olhava para a mulher que parecia querer matá-la com as próprias
mãos e encontrou TJ carregando uma criança debaixo de cada
braço enquanto observavam cada movimento de Kelly.

— Você pode fazer isso quando voltar — retrucou Devin,


fazendo-a voltar sua atenção para o homem que a carregava como
um saco de batatas.

— E quando pode ser isso? — Charlie não pôde deixar de se


perguntar apenas para gemer quando ele murmurou para si
mesmo:

— Chata — já que isso não era exatamente indutor de


esperança.
— Acho que não deveríamos estar fazendo isso. — ponderou
a mulher incrivelmente bonita com quem ele finalmente conseguiu
ficar sozinho, quando ela estendeu a mão e segurou a parte de trás
do pescoço dele para poder puxá-lo para um beijo que tinha Aidan
apoiando-a em um canto para que pudesse se abaixar.

— Você o segurou por dez minutos, mulher! É a minha vez de


segurá-lo. — veio a demanda indesejável do outro lado da porta da
lavanderia que os deixou suspirando.

— Matarei meu irmão. — afirmou Aidan, roçando os lábios


nos da esposa uma última vez antes de se afastar.

— Provavelmente seria melhor — Melanie concordou com um


aceno solene enquanto ele segurava a mão dela, entrelaçando os
dedos enquanto a puxava para a porta.

— Christopher Bradford, me devolva esse bebê precioso


agora!

Ele se perguntou que se fingisse uma emergência poderia


salvá-los de mais três horas disso.

— Tenha seu próprio bebê, mulher — veio a resposta quando


Aidan abriu a porta da lavanderia e encontrou sua mãe
perseguindo seu irmão pelo corredor.
Ele realmente não estava ansioso para tentar recuperar o
filho, pensou Aidan, apenas para grunhir quando sua esposa o
puxou de volta para a lavanderia e o empurrou contra a parede.
Antes que ele pudesse perguntar o que estava fazendo, ela o puxou
de volta para outro beijo.

Rasgando um gemido dele quando ela o pegou pelas calças.


Deus, ele amava essa mulher, Aidan pensou enquanto ela
esfregava a palma da mão nele, provocando seu pau enquanto
deslizava a mão sobre o peito com um gemido. Quando ele sentiu
os dedos ágeis abrindo as calças, soltou o peito dela para que
pudesse pegá-la e carregá-la até a lavadora. Ele devorou a boca
dela enquanto deslizava as mãos sobre as pernas lisas dela,
prendia os dedos na calcinha trabalhada antes de enfiá-la no bolso
de trás enquanto ela terminava de abrir sua braguilha.

Em segundos, Melanie colocou a mão em torno de seu pênis


e estava acariciando-o, quando ele a puxou para mais perto da
borda. Ela continuou acariciando-o, passando a ponta entre as
pernas e fazendo-o gemer quando sentiu o quão molhada estava
até que ele não aguentou mais.

A puxou para fora da máquina de lavar, virou-a e arrancou


um gemido de sua esposa quando empurrou a saia por cima da
bunda e passou a ponta do pênis entre as pernas dela, traçando
lentamente a fenda molhada enquanto deslizava a outra mão por
baixo da blusa dela, passando a mão pelas costas dela. Por vários
minutos, Aidan ficou contente em ficar lá, provocando os dois,
porém, sua esposa tinha outros planos.
Gemendo seu nome, Melanie lentamente empurrou para trás,
levando-o para dentro dela enquanto ele estava lá, assistindo o
modo como seu pênis desapareceu dentro dela. Gemendo, Aidan
se inclinou e deu um beijo na nuca dela enquanto fechava os olhos.
Ele nunca se acostumaria com isso, pensou Aidan enquanto
passava a mão pelo meio das costas dela e voltava para a pequena
protuberância em sua barriga.

— Tudo bem? — Aidan perguntou contra o pescoço dela.

— Perfeito. — ela gemeu quando colocou a mão sobre a dele.

— Deus, eu amo você — Aidan gemeu, colocando a outra mão


na máquina de lavar perto da dela enquanto continuava a foder
lentamente, sabendo que eles teriam que começar a limitar suas
atividades a uma cama em breve.

Por enquanto, eles iriam gostar de fazer isso em todas as


chances que tivessem.

Seu aperto aumentou na borda da lavadora quando acelerou


seus impulsos, pressionando seus lábios contra a parte de trás do
pescoço dela com um gemido quando sentiu suas paredes se
apertaram ao redor dele e o apertou seco.

Deus, ela o destruiu, pensou Aidan, tentando recuperar o


fôlego enquanto a ajudava a se levantar. Sem uma palavra, ela
virou a cabeça para trás para um beijo quando ele se abaixou e
empurrou seu pênis amolecido de volta em sua cueca. Depois que
terminou, ele pegou a calcinha do bolso de trás e entregou a ela.
Com um sorriso provocador, Melanie colocou a calcinha de
volta enquanto ele se dirigia para a pia grande que ele instalou
depois que compraram a casa e rapidamente lavou as mãos apenas
para ser empurrado para o lado para que sua esposa pudesse fazer
o mesmo. Com um olhar zombador, Aidan pegou uma toalha de
mão na prateleira e secou as mãos enquanto se inclinava e beijava
sua bochecha.

— Você ainda me deve cinco coisas — ele declarou enquanto


pegava a mão dela e se dirigia para a porta.

— E você ainda me deve torta — lembrou sua esposa quando


Aidan abriu a porta.

— O que você está fazendo aqui? — ele perguntou quando viu


sua irmã encostada na parede, comendo uma tigela de macarrão
com queijo caseiro da mãe.

— Você quer dizer, além de fingir que não sei o que aconteceu
lá? — Kenzie perguntou, parecendo pensativa enquanto
gesticulava em direção à lavanderia atrás deles com o garfo.

— Sim, além disso — Aidan falou, curioso do porquê ela estar


aqui já que estava se esforçando para evitá-los desde o chá de
bebê. Ele tinha algumas perguntas, mais do que algumas
perguntas sobre o que aconteceu, porém conhecia sua irmã o
suficiente para saber que, se ele começasse a pressionar por
respostas antes que ela estivesse pronta, isso não terminaria bem.

— Não queria perder isso — respondeu Kenzie, balançando a


cabeça enquanto dava outra mordida.
— Isso o que? — Aidan perguntou, incapaz de evitar, e franziu
a testa.

— Devin está aqui — anunciou Kenzie com um brilho profano


nos olhos.

Incapaz de entender, franzindo a testa, ele disse:

— E?

— E nosso querido e doce primo, que xingou as mulheres até


os dezoito anos, trouxe uma para casa para conhecer a família.

— Acho que terei que repensar minha decisão de sermos


melhores amigos. — Charlie confessou com um lento aceno de
cabeça enquanto cruzava os braços sobre o peito.

— E acho que precisarei repensar minha decisão de não


espancar sua bunda — Devin explicou enquanto se movia para
tirá-la do colo apenas para parar quando ela soltou um suspiro de
dor e agarrou o braço, impedindo-a de escapar.

— Por favor, não faça isso — pediu Charlie, soltando um


suspiro trêmulo enquanto fechava os olhos.

— Fazer o que?

— Se mexer — ela sussurrou com voz rouca apenas para


acrescentar: — Dói quando você se move.
Fazendo-o reprimir uma maldição enquanto olhava de volta
para o corredor, imaginando onde raios estaria seu primo.

Talvez ele devesse tê-la levado para a sala de emergência.

— O que você está fazendo? — Devin perguntou à mulher que


finalmente desistiu de tentar rastejar de seu colo um momento
depois, quando ela se afastou para poder pegar o iPad da bolsa,
tomando cuidado para não mexer o pé.

— Você quer dizer além de te ignorar? — Charlie perguntou,


mudando cuidadosamente para se sentir mais confortável em seu
colo antes de se recostar contra ele com um suspiro resignado
quando ela abriu o aplicativo de calendário em seu iPad.

— Sim, além disso — respondeu, tentando ignorar o quanto


ele gostava de tê-la em seus braços.

— Estou estudando convenções de mídias sociais e marketing


on-line das quais quero participar no próximo ano — respondeu-
lhe Charlie enquanto passava para outra página.

— Por que você está fazendo isso? — ele perguntou, incapaz


de evitar e franziu a testa enquanto a observava trabalhar.

— Para que eu possa fazer meu trabalho melhor — Charlie


explicou ao abrir o Safari.

— E você precisa participar de convenções para fazer isso? —


Devin perguntou, relaxando o braço em volta dela.
— Sim — ela falou, inclinando a cabeça para trás para poder
olhá-lo, piscando inocentemente enquanto perguntava: — Ainda
preciso passar por TJ para que minha folga seja aprovada?

Com os olhos estreitos na pirralha que o levaria a se


embebedar, Devin pediu:

— Apenas me diga de que dias você precisa.

— Você tem certeza? Por que não me importo de passar por


TJ se isso facilitar as coisas para você?

Ele sabia que não deveria perguntar, mas...

— Facilitar o que para mim?

— Seus sentimentos por mim. — Charlie afirmou com um


triste aceno de cabeça enquanto ela voltava a atenção para o iPad
em suas mãos enquanto ele estava lá, fechando os olhos e
encostando a cabeça no sofá, porque ela estava matando-o —
Shhh, está tudo bem. — sussurrou enquanto se mexia até parar
com um suspiro de dor que o fez abrir os olhos para encontrar
seus primos sentados à sua frente, observando-os com um maldito
sorriso no rosto.

— Estou tão feliz que não perdi isso — declarou Kenzie,


sentando-se no sofá entre os irmãos com um suspiro satisfeito.
— Obrigada por me drogar — agradeceu Charlie enquanto os
remédios que o médico incrivelmente bonito lhe havia dado
começaram a trabalhar, envolvendo-a numa névoa quente e
fazendo com que ela não precisasse mais lutar para não chorar.

— De nada. — respondeu Aidan, rindo enquanto passava o


prato de bolo de carne para seu irmão Lúcifer, que parecia dividido
entre bajular sua esposa grávida e atormentar Devin junto com o
resto de sua família.

Exceto a tia Mary de Devin, já que ela estava sentada do outro


lado da mesa sorrindo para o bebê nos braços. Ela só reconheceu
a existência deles quando alguém pediu para segurar o bebê, o
qual foi respondido com um olhar assassino até que eles
desistiram e a deixaram em paz para que ela pudesse abraçar o
neto.

— Então, conte-nos sobre você, Charlie — Jason, primo de


Devin que entrou na sala de jantar e se juntou a eles alguns
minutos atrás com um enorme sorriso no rosto, pediu com um
suspiro sincero enquanto colocava o queixo nos punhos.

— Quero dizer, além dos cinco anos que passei na prisão, não
há muito o que contar — ela falou com um triste aceno de cabeça.
— Fascinante — Jason murmurou com um suspiro sonhador
antes de prosseguir. — E há quanto tempo você conhece nosso
pequeno Devin aqui?

— Eu matarei você. — prometeu Devin à direita, parando


enquanto colocava purê de batatas em pratos para os gêmeos
enquanto encarava seus primos.

— Provavelmente — Jason murmurou distraidamente


enquanto o resto de sua família estava lá, observando Devin com
um olhar predatório de antecipação em seus olhos que fez Charlie
se sentir em casa.

Deus, ela adorava refeições em família.

Sempre desejou que a vovó Bea pudesse ter mais filhos,


entretanto ela estava com as mãos cheias com os dois. Então,
Charlie foi forçada a atormentar Ben, que às vezes tarde da noite
quando ela não conseguia adormecer, sentia-se mal, então se
lembrava de como era divertido, adormecia com um sorriso no
rosto.

Ela planejava ter uma família numerosa um dia, quatro,


talvez cinco filhos, um cachorro e um marido que os amava tanto
quanto ela. Não estava com pressa de começar sua família dos
sonhos ainda, porém de vez em quando se perguntava como seria
finalmente pertencer a uma família própria. Ela adorou crescer
com a vovó Bea e Ben, entretanto era... diferente. Era difícil de
explicar, especialmente porque a vovó Bea os tratava como se a
pertencessem, no entanto ela sempre sentiu que uma parte dela
estava faltando.

— Cinco anos — respondeu Charlie, puxando a cadeira ao


lado dela e ajudando Dustin, que desapareceu para brincar com o
bebê junto com sua irmã quando chegaram aqui, a subir nela.

— Cinco anos... — Trevor, outro primo de Devin que apareceu


para atormentá-lo, repetiu, deixando suas palavras sumirem com
um olhar curioso voltado para Devin.

— E como você conhece nosso pequeno Devin? — Kenzie,


prima de Devin e uma mulher que parecia capaz de se sustentar
com seus irmãos e primos, perguntou quando ela estendeu a mão.

— Por favor, não me faça te machucar — Trevor falou com um


olhar quando ela se serviu do biscoito amanteigado em seu prato.
Sem uma palavra, Kenzie apontou para o final da mesa. Franzindo
o cenho, Trevor olhou para a direita e encontrou Aidan e Lúcifer
observando todos os seus movimentos e parecia que estavam a
segundos de separá-lo.

Com um suspiro resignado, Trevor pegou o outro biscoito do


prato e o colocou no prato de Kenzie com um murmúrio "pirralha",
antes de focar sua atenção novamente em Charlie.

— Você estava dizendo...? — continuou Kenzie em torno de


um bocado de biscoito e um olhar esperançoso.
— Há quanto tempo conheço Devin? — Charlie completou
quando uma pequena mão bronzeada se estendeu e colocou um
biscoito coberto com manteiga e geleia no seu prato.

— Mmmhmmm, e não deixe nenhum detalhe de fora — pediu


Jason, gesticulando para que ela continuasse.

— Precisamos de detalhes — disse Rebecca, assentindo


solenemente.

— Realmente precisamos — confirmou Melanie, combinando


com a cabeça da melhor amiga.

— Ela trabalha para o papai — respondeu Abbi, de onde


estava sentada do outro lado de Devin.

— Isso é verdade — assegurou Charlie, assentindo


solenemente enquanto pegava o biscoito que Dustin preparou para
ela e deu uma pequena mordida.

— Ela é minha senhora — reiterou Dustin em torno de um


bocado de bolo de carne.

— Isso também é verdade — Charlie admitiu.

— Ela é um pé no saco. — acrescentou Devin, que a fez


suspirar enquanto murmurava com um relutante aceno de cabeça

— Isso também é verdade.

— O que mais você pode nos dizer? — Melanie perguntou,


parecendo esperançosa.
— Ela mora conosco — respondeu Dustin, balançando a
cabeça enquanto pegava a tigela de macarrão com queijo caseiro.

— Tecnicamente, somos vizinhos — explicou Charlie,


trazendo a tigela para mais perto dele.

— Entendo... — Jason falou, parecendo pensativo enquanto


olhava dela para Devin e de volta quando seus lábios lentamente
se abriram num sorriso satisfeito.

— Precisamos conversar — anunciou Abbi enquanto entrava


no banheiro e subia na banheira com o irmão.

— Entendo e sobre o que precisamos conversar? — Devin


perguntou, dando um suspiro quando terminou de molhar os
cabelos do filho.

— Tudo — respondeu Abbi com um aceno firme enquanto o


irmão lhe entregava um patinho de borracha.

— E o que isso significa 'tudo'? — Devin perguntou com um


olhar zombador para sua linda menina.

— Fofura, papai — explicou Abbi, combinando o olhar dele


com o seu enquanto cruzava os braços sobre o peito e esperava
que ele falasse.

Estreitando os olhos para ela, Devin se inclinou e beijou sua


testa com um murmúrio:
— Não. — e uma risada que a fez assentir lentamente
enquanto ele se afastava.

— Terei minha fofura, papai.

— Tenho certeza de que sim — Devin murmurou


distraidamente enquanto apertava o xampu na mão e começou a
lavar o cabelo, imaginando se ela tinha alguma ideia de como
realmente era adorável.

Provavelmente, Devin pensou, sentindo seus lábios tremerem


enquanto ela continuava olhando para ele. Sabendo que isso
poderia continuar por um tempo, ele voltou sua atenção para
Dustin e encontrou seu filho olhando para o patinho de borracha
em suas mãos.

— O que há de errado, amigo? — Devin perguntou, colocando


mais xampu nas mãos.

— Eu não gosto dela — respondeu Dustin em voz baixa.

— De quem? — ele perguntou, gentilmente passando o xampu


no cabelo do filho.

— Aquela senhora que machucou Charlie — ele explicou-lhe,


dando de ombros.

— Foi um acidente — afirmou Devin com um sorriso


tranquilizador que fez seu filho morder o lábio inferior.
— Ela fez isso de propósito. — garantiu Abbi, pegando o copo
de enxaguar, apenas para suspirar profundamente quando ele
perguntou:

— Por que você diz isso? — Devin perguntou enquanto enchia


o copo com água e gesticulou para ela inclinar a cabeça para trás.

— Porque ela não gosta de Charlie — alegou Dustin, fazendo-


o franzir a testa.

— O que faz você pensar que ela não gosta de Charlie? —


questionou, curioso porque perguntou a Charlie sobre o que
aconteceu novamente quando a ajudou a entrar. Ela disse-lhe que
foi um acidente, porém não acreditou nela.

Ele também não podia provar que não era, o que significava
que não podia demitir Kelly.

— Só não confio nela, papai — anunciou Dustin, dando de


ombros enquanto selecionava outro patinho de borracha.

Ele também não confiava em Kelly e não gostava


particularmente dela, no entanto desde que ela ficasse fora do
caminho dele e fizesse seu trabalho, ele não se importaria. Ela era
boa no trabalho, e era a única razão pela qual não a despediu. Ele
a teria despedido hoje, entretanto Charlie lhe disse que não era
grande coisa e ...

Ele não podia demitir alguém só porque não gostava dela. Não
era certo foder com a vida de alguém assim. Contanto que ela
fizesse seu trabalho e ficasse longe de Charlie, ele a deixaria em
paz, porém, se fizesse Charlie chorar novamente, nada a salvaria.
DEZEMBRO
— Pensei que você estava pensando em voltar para o seu
escritório. — falou o homem que realmente precisava aprender a
se concentrar, enquanto pendurava o pôster de Indiana Jones na
parede junto à janela, apenas para suspirar e descer da escada
quando ela apontou para a outra parede.

— Eu estava, então decidi que seria do meu interesse ficar


aqui — Charlie respondeu enquanto lentamente girou a cadeira,
procurando o lugar perfeito para pendurar sua televisão.

— Porque Devin se recusou a deixar você sair e transformou


seu escritório num depósito para que você não pudesse voltar lá
em cima?

Assentindo, ela disse:

— Exatamente, no entanto também percebi que ficar aqui faz


mais sentido. Tenho um escritório maior, dois assistentes de meio
período incrivelmente adoráveis, uma caminhada mais curta até o
meu carro, minha correspondência é entregue diretamente na
minha mesa e...

— E você não precisa se preocupar com a mulher que você


irritou empurrando você por um lance de escada? — Ben
adivinhou corretamente enquanto carregava a escada para o outro
lado da sala.

— Isso pode ter sido um fator decisivo — Charlie murmurou


concordando quando se viu observando Devin enquanto ele
trabalhava.

— Ela ainda parece furiosa quando lhe vê? — Ben perguntou,


subindo a escada e cuidadosamente pendurou o pôster
emoldurado de Indiana Jones num dos pregos que conseguiu
convencer Devin a colocar para ela.

— Não, agora ela sorri — falou ela, incapaz de deixar de notar


o quão bonito Devin estava na camisa de Bradford Creations hoje.

— Ah, isso não é tão ruim — afirmou Ben, descendo a escada


apenas para suspirar e carregá-la pela sala quando ela apontou
distraidamente para o pôster da Sonserina que não se
centralizado.

— Na verdade, é de alguma forma mais aterrorizante —


Charlie murmurou distraidamente enquanto observava Devin
trabalhar até que percebeu o que estava fazendo e se viu
suspirando enquanto continuava a se virar na cadeira.

— Me diga uma coisa — pediu Ben enquanto ajustava o


pôster emoldurado na parede.

— O que? — perguntou, incapaz de deixar de notar que sua


televisão ficaria bem na parede à sua direita se ela movesse o
monitor do computador para o outro lado da mesa.
— Quando finalmente vamos conversar?

— Conversar sobre o quê? — Charlie perguntou enquanto


pensava em trocar sua mesa com a de Devin para que ela não
tivesse que mover o monitor para o outro lado apenas para decidir
contra isso, pois gostava de ver as crianças brincarem enquanto
trabalhava. Também tornou mais fácil ajudar Dustin com suas
palavras visuais e repassar o alfabeto enquanto continuava de olho
em Abbi para se certificar de que ela não estava tentando atrair
esquilos pela janela para que pudesse finalmente ter alguma fofura
em sua vida.

— Você tem algo que quer me dizer? — Ben questionou


enquanto descia da escada e pegava o pôster do Homem de Ferro.

— Eu te amo? — Charlie perguntou quando se abaixou e


soltou a trava escondida em sua mesa.

— Você me adora — respondeu Ben com um suspiro sincero.

— Se é isso que você precisa dizer a si mesmo à noite para


poder dormir — ironizou Charlie enquanto examinava a seleção de
barras de chocolate em seu esconderijo secreto.

O que aconteceu com os potes de manteiga de amendoim


Reese?

— É mesmo — Ben murmurou concordando enquanto ela


selecionava uma barra de chocolate para 3 mosqueteiros.
— Era sobre isso que você queria falar? — Charlie perguntou
enquanto gesticulava com sua barra de chocolate em direção ao
pôster assinado por Snape.

Rindo, Ben pegou o pôster e o pendurou diretamente atrás da


mesa.

— Não, eu queria saber se você tinha algo a me dizer.

— E o que exatamente você acha que preciso lhe dizer? —


Charlie perguntou enquanto mordiscava cuidadosamente a barra
de chocolate que teria que sustentá-la até Ben terminar, para que
eles pudessem almoçar.

— Eu estava pensando que poderíamos conversar sobre o que


está acontecendo com Devin — sugeriu Ben, lançando-lhe um
olhar interrogativo por cima do ombro.

— Do que você está falando? — Charlie perguntou, dando


outra mordida quando se viu olhando para as janelas que
realmente podiam ter algumas persianas e para o homem em
questão.

— Eu vi o jeito que ele olha para você. — respondeu Ben,


chamando sua atenção de volta para encontrá-lo olhando-a com
um olhar curioso.

— E como exatamente ele me olha? — ela perguntou, girando


a cadeira para encará-lo.

— Do mesmo jeito que você o olha — ele alegou com um olhar


aguçado enquanto pegava o poster Goonies.
— Não há nada acontecendo com Devin — Charlie afirmou,
suspirando profundamente enquanto gesticulava para o outro lado
da sala onde havia prometido às crianças que colocariam seus
pôsteres favoritos.

— Mas você quer que aconteça. — Ben adivinhou quando ela


se viu virando a cadeira e observando Devin.

— Não importa — ela desdenhou, girando a cadeira de volta


enquanto brincava distraidamente com a embalagem da barra de
chocolate.

— Por que não? — Ben perguntou, pulando da escada.

— Porque é complicado — respondeu Charlie, esperando que


ele deixasse por isso mesmo.

— Tudo em você é complicado — ele falou, rindo enquanto


pegava o pôster de Hogwarts e o trazia para o lado infantil da sala.

— Isso é verdade — murmurou distraidamente quando se viu


olhando para a janela e se perguntando o que havia de errado com
si.

Ela tinha um plano e isso não envolvia tornar sua vida mais
complicada em algo que definitivamente era uma má ideia, porém,
às vezes desejava que sim. Ele era seu chefe, seu senhorio, pai de
suas duas pessoas favoritas no mundo, um de seus melhores
amigos e o homem que ainda não fazia ideia de que ela planejava
se demitir. Realmente não estava ansiosa por essa conversa,
Charlie pensou, jogando o resto da barra de chocolate em sua
mesa.

Quando a vida dela ficou tão complicada? Charlie não pôde


deixar de pensar enquanto observava o homem que deveria ajudá-
la a decorar seu novo escritório pegar sua bolsa e ir para a porta.

— Aonde você vai?

— De volta ao trabalho — anunciou Ben, encolhendo os


ombros.

— Espera e o almoço? — Charlie perguntou, gesticulando em


direção ao frigobar onde o delicioso almoço que ela havia embalado
para ele estava esperando.

— A geladeira está vazia — alegou Ben, rindo enquanto se


dirigia para a porta, deixando-a se perguntando sobre o que ele
estava falando enquanto ela caminhava até o frigobar.

— Aquele filho da puta. — ela xingou, balançando tristemente


a cabeça ao fechar a porta, pegou o capuz de Devin da Bradford
Creations, puxou-o e dirigiu-se para a loja onde encontrou o
homem que roubava o almoço trabalhando numa estante de livros.
— Você me pagará o almoço. — foi tudo o que Charlie disse antes
que se virasse e se afastasse.

Sem se preocupar em olhar para trás, ela caminhou até a


escada dos fundos, subiu na segunda escada, virou-se e esperou.
Não teve que esperar muito antes de Devin parar na frente da
escada. Com um suspiro, ela estendeu a mão, agarrou seus
ombros e pulou em suas costas e disse:

— Então, eu estive pensando — deitando o queixo no ombro


dele enquanto ele segurava as pernas dela e seguia em direção à
porta.

— Em que? — ele perguntou enquanto se dirigia para a porta.

— Acho que precisarei trancar a geladeira — Charlie declarou


enquanto ele empurrava a porta com o pé e a carregava para fora.

— Não ajudaria — Devin apontou.

— Eu sei — ela murmurou tristemente. — Pensei que o


almoço de isca iria funcionar.

— Você pensou errado — ele afirmou, navegando


cuidadosamente da passarela coberta de sal e gelo até o caminhão
de trabalho.

— Para onde você está me levando? — ela perguntou quando


ele a abaixou no chão.

— Você escolhe — falou Devin, enquanto abria a porta para


ela.

— E você pagará? — ela perguntou com um olhar calculista


que o fez conter um sorriso.

— Eu tenho? — questionou, certificando-se de parecer


irritado.
— Sim — ela respondeu com uma fungada e um aceno de
cabeça enquanto entrava.

— Então me diga para onde estamos indo — pediu Devin,


subindo atrás dela.

— Dixon — Charlie disse com um suspiro satisfeito quando


ela se curvou.

— Dixon, então. — ele confirmou, ligando o caminhão.

— Posso te perguntar uma coisa? — ela se viu perguntando


quando ele saiu da garagem e se dirigiu à padaria de Dixon.

— Eu tenho uma escolha?

— Você já teve? — Charlie perguntou com um olhar de pena


que o fez rir.

— O que você quer saber, pirralha? — Devin perguntou,


lançando-lhe um olhar interrogativo.

— Muitas coisas — ela afirmou, assentindo solenemente.

— Alguma coisa em particular? — ele perguntou, desligando


a caminhonete enquanto ela estava sentada, com o lábio inferior
entre os dentes enquanto pensava se deveria ou não perguntar isso
e...

Talvez tenha sido uma péssima ideia, ela pensou, dizendo:

— Esqueça.
— Você tem certeza?

— Absolutamente — Charlie reiterou, acenando com a


cabeça, mesmo que ela não estivesse realmente certa de nada no
momento.

— Você me dirá por que está me olhando engraçado? — ele


perguntou, lançando-o outro olhar curioso.

— Não mesmo.
— Conhece as regras — falou a filhinha, cruzando os braços
sobre o peito enquanto o encarava, desafiando-o a tentar passar
por ela.

— Você me deixará entrar? — Devin perguntou, apontando


para a porta da cozinha fechada que ela estava guardando.

— Você finalmente cederá às minhas necessidades de fofura?


— Abbi rebateu, inclinando a cabeça para o lado enquanto o
considerava.

— Talvez... — ele respondeu, deixando suas palavras


sumirem.

— Talvez? — ela repetiu, estreitando os olhos nele.

— Bem, depende — ponderou Devin, ajoelhando-se para


poder olhar sua linda garotinha nos olhos enquanto lidavam com
as negociações de hoje.

— Do que, papai? — Abbi perguntou, franzindo a testa


adoravelmente quando Devin estendeu a mão e deu um puxão
suave na trança.

— Se você me diz ou não o que tem para o jantar — ele


persuadiu enquanto o cheiro de pão fresco o provocava.
— Não é caçarola de feijão fradinho — garantiu ela com um
sorriso rebelde que o fez estreitar os olhos novamente sobre a
pequena traidora.

— Minha caçarola de feijão é deliciosa — ele rosnou.

— Realmente não é, papai — afirmou Abbi com um triste


aceno de cabeça.

— Você é uma traidora, sabia disso? — Devin perguntou


quando se inclinou e beijou sua bochecha.

— Sim — ela respondeu, assentindo com absolutamente


nenhuma vergonha.

— Você tem sorte de eu te amar — ele falou, rindo quando se


levantou, levando a pequena traidora consigo.

— Eu também sei disso, papai — informo-lhe Abbi,


assentindo solenemente enquanto empurrava a porta da cozinha
e ele quase gemeu ao ver que o esperava.

Porra, ela estava o matando, Devin pensou enquanto


observava Charlie se curvar para puxar algo do forno

— Ele não deveria estar aqui — apontou Dustin enquanto


Charlie lhe entregava um rolo.

— Eu vim ajudar — explicou Devin, dando um último beijo


em Abbi antes de colocá-la no chão.
— É a minha vez de ajudar — declarou Dustin, mordendo seu
pão.

— E você está fazendo um trabalho maravilhoso — Charlie


disse com um sorriso caloroso enquanto pegava a bandeja de rolos
do balcão.

Sabendo que ela não o deixaria ajudar, principalmente


porque as crianças queriam ter certeza de que ele não tentaria
fazer brócolis para eles novamente, Devin tirou o celular do bolso
e sentou-se à mesa, afastando os livros que Charlie estava
trabalhando com Dustin fora do caminho antes de verificar se não
havia problemas com os pedidos enviados hoje.

— Obrigado. — ele agradeceu um momento depois, quando


um prato cheio de espaguete e almôndegas foi colocado na frente
dele.

— De nada. — Charlie falou enquanto Dustin colocava uma


tigela de salada no prato antes de voltar para o balcão da cozinha
para pegar o resto das tigelas enquanto Devin observava Charlie.

Ele não sabia quanto mais disso poderia aguentar.

Nos últimos dois meses, ela se tornou parte de sua família,


alguém com quem eles podiam contar, que fez as crianças sorrirem
e estava lentamente destruindo sua vontade de viver por uma
simples razão...

Ela o tinha colocado na zona da amizade.


Isso realmente tornou sua vida ainda mais especial, pensou
Devin, dando um suspiro enquanto observava a mulher que não
tinha a mínima ideia do que ela fazia quando o tocava, o abraçava,
ou quando sentava em seu colo e se aconchegava nos seus braços
como se não fosse grande coisa, quando ela se sentava em frente
a ele.

A queria mais a cada dia que passava e não havia nada que
ele pudesse fazer sobre isso.

— Assim é melhor. — Charlie falou com um suspiro satisfeito,


e ignorava o gemido de dor que vinha de trás dela enquanto se
acomodava entre as pernas dele para ficar mais confortável.

— Há outro sofá por lá. — apontou o homem que era a melhor


cadeira, enquanto a abraçava e a puxava para mais perto.

— Eu gosto daqui. — respondeu ela, mudando para ficar mais


confortável quando estendeu a mão e pegou um dos biscoitos de
açúcar que tinha feito antes com os gêmeos do prato na mesa de
café antes de se recostar nele com satisfação, suspirou.

— Você está me enlouquecendo. — alegou Devin enquanto


pegava o biscoito da mão dela e o terminava.

— Eu tenho esse efeito nas pessoas. — afirmou Charlie,


concordando com a cabeça quando estendeu a mão e selecionou
outro biscoito, levando um tempo enquanto decidia entre um
biscoito de açúcar com glacê verde e outro com glacê vermelho,
apenas para se escolher um biscoito com glacê branco, pois tinha
açúcar verde e vermelho sobre ele.

— Me diga uma coisa. — Devin falou baixinho enquanto os


gêmeos se acomodavam para assistir a Papai Noel nos sacos de
dormir com um prato de biscoitos e a pilha de livros que eles
estavam usando para ensiná-los a ler, entre eles.

— O que é? — Charlie perguntou, mordiscando seu biscoito


até que aquela mão bronzeada e familiar o roubou.

— Por que estamos assistindo outro filme de Natal? — Devin


questionou enquanto ela se sentava e agarrava o grande cobertor
que guardava na parte de trás do sofá, o puxando sobre suas
pernas antes de se deitar de costas contra ele.

— Tradição. — respondeu Dustin, mordendo um biscoito,


fazendo-a sorrir.

— E quando essa tradição termina? — Devin perguntou


enquanto colocava o braço em volta dela.

— No dia depois do Natal. — ela informou, sentindo a mão


dele deslizar sobre sua barriga enquanto ele a puxava para mais
perto.

— Alguma outra tradição que eu deva conhecer? — ele


perguntou enquanto gentilmente acariciava sua barriga.

— Provavelmente. — ela murmurou ao sentir uma trilha de


arrepios no pescoço quando os lábios dele roçaram sua orelha.
— Alguma chance de você me dizer com antecedência para
que eu possa me preparar?

— E estragar a surpresa? — Charlie perguntou com um triste


aceno de cabeça — Nunca faria isso.

— Deus, você é má. — disse ele, rindo.

— Eu realmente sou. — Charlie concordou prontamente


enquanto ela estava lá, lutando para assistir ao filme enquanto o
polegar acariciando suavemente sua barriga encontrou um pedaço
de pele nua.

O primeiro golpe do polegar a deixou presa, o segundo a


lambendo os lábios e o terceiro ...

O terceiro a fez pensar no que raios havia de errado com ela.


VÉSPERA DE NATAL
— Pensei que você estava tentando economizar dinheiro. —
falou Devin com um olhar voltado para a pequena mulher que
segurava a tesoura.

— Estou. — Charlie alegou enquanto terminava de cortar um


pedaço grande de papel de embrulho de Natal que não parecia ser
grande o suficiente para a caixa grande que ela estava tentando
embrulhar.

— Então explique tudo isso. — pediu Devin, gesticulando


distraidamente para a merda de novos brinquedos ao seu redor.

Piscando, Charlie respondeu:

— Não faço ideia do que você está falando.

— Nós tínhamos um acordo, mulher. — lembrou-lhe Devin,


estreitando os olhos para a mulher que estava mimando seus
filhos.

— Você quer dizer aquele em que tentou limitar minhas


necessidades de compra de presentes durante a época mais feliz
do ano? — ela perguntou, piscando para ele. — É disso que você
está falando?
Em vez de responder, principalmente porque ela era adorável
demais para ficar bravo, ele simplesmente estendeu a mão e pegou
a caixa com o dinossauro que era quase tão grande quanto Dustin
e começou a envolvê-la nas rígidas regras de embrulho da
valentona. Ela era uma coisinha exigente, Devin pensou, incapaz
de deixar de sorrir, porque ela era tão adorável.

— Posso te fazer uma pergunta? — Charlie perguntou


enquanto roubava a fita dele.

— Sim, pirralha. — respondeu Devin com um olhar zombador


da demanda familiar.

— É sobre a festa. — continuou ela com um olhar curioso,


estendendo a mão e arrancando o dinossauro dele para que ela
pudesse assumir o controle.

— O que é que tem? — Devin questionou, suspirando quando


estendeu a mão e pegou o grande urso de pelúcia.

— Por que você nunca vai? — ela perguntou, enviando-lhe um


olhar interrogativo.

— Por que eu deveria? — ele rebateu enquanto amarrava uma


fita em volta do ursinho de pelúcia que Abbi ia amar.

— Umm, por que é a sua festa? — a pequena maníaca por


controle disse quando ela estendeu a mão e ajeitou o laço.

— É a festa da Bradford Creations. — Devin a corrigiu


enquanto pegava o livro e o tablet que ela escolhera para Dustin.
— É a sua empresa. — Charlie apontou enquanto lhe
entregava o papel de embrulho vermelho com um Papai Noel
sorridente que Dustin iria amar.

— A festa é para os funcionários. — ele falou, tentado pela


primeira vez desde que começou a fazer isso há quatro anos,
entretanto…

Ele não era um masoquista.

Se ele fosse à festa, nada na terra seria capaz de impedi-lo de


puxá-la para seus braços e dançar com ela, e esse era o problema,
porque sabia que nunca seria capaz de deixá-la ir. Ele também não
tinha certeza de como iria lidar com ser forçado a assistir enquanto
outro idiota a puxava para seus braços. Preferia ficar em casa
tomando sorvete com os gêmeos e assistir a outra maratona de
filmes da Disney do que ver isso.

Quando a Bradford Creations começou a decolar, ele queria


fazer algo especial para todos que tornaram isso possível, e
perguntou ao pai de TJ se eles poderiam usar seu restaurante para
uma festa de véspera de Ano Novo. Ele entregou as rédeas à mãe
de TJ, pediu a TJ para garantir que não saísse do controle, passou
a noite com os gêmeos e fingiu que não estava pensando na mulher
que passou os dois últimos dias assando todas as sobremesas com
tema de Natal conhecidas pelo homem.

— E você tem uma namorada gostosa que não quer se


misturar com os camponeses? — Charlie perguntou, piscando
para ele.
— Eu não namoro, espertinha. — respondeu Devin
secamente, estendendo a mão e pegando a fita.

— Por que não, exatamente? — Charlie questionou , pegando


um biscoito de açúcar do prato e deu uma mordida, parecendo
pensativa enquanto esperava uma resposta.

— Eu simplesmente não preciso. — explicou Devin,


uniformemente, enquanto estendia a mão e pegava o biscoito da
mão dela e o terminava em uma mordida.

Assentindo, ela disse:

— Essa é uma resposta interessante.

— Por que você não namora? — disparou de volta

— Quem disse que não? — Charlie respondeu, pegando outro


biscoito apenas para suspirar profundamente quando ele o
roubou.

— Você não está namorando desde que se mudou para cá. —


ele apontou.

— Porque não seria certo para todos os homens que estão


ansiosos por mim. — Charlie afirmou com um triste aceno de
cabeça e um encolher de ombros impotente que o fez estreitar os
olhos nela.

— Você realmente é uma pirralha, não é? — Devin perguntou,


se perguntando se ela tinha alguma ideia do que fazia com ele.
— Sou mesmo. — confirmou Charlie, balançando a cabeça
solenemente enquanto batia as mãos e se ajoelhava para que
pudesse alcançar debaixo da cama e puxar uma caixa embrulhada
em papel prateado com um grande laço branco em cima.

— Aqui. — ela falou com um suspiro satisfeito enquanto


entregava o presente a ele.

— O que é isso? — perguntou enquanto pegava o presente


surpreendentemente pesado dela.

— Seu presente de véspera de Natal. — ela respondeu, apenas


para acrescentar. — Tradição. — enquanto gesticulava para ele
continuar com o presente e abrir o presente.

— Não devemos esperar pelas crianças? — ele perguntou,


dando um sorriso quando ela estendeu a mão e pegou o presente
de volta com um murmúrio:

— Você está demorando muito. — enquanto subia no colo


dele e sentava-se contra ele com um suspiro.

— Alguém já lhe contou que você é impaciente? — Devin


perguntou, passando um braço em volta dela enquanto a
observava cuidadosamente abrir o presente.

— Alguém pode ter mencionado isso em algum momento. —


ela murmurou distraidamente enquanto ele a observava revelar
uma caixa branca, levantou a tampa e...

— Onde você conseguiu isso? — Devin perguntou enquanto


pegava na caixa para poder passar a ponta dos dedos sobre a
marca de seu bisavô Noah esculpida na moldura antiga com a foto
dele segurando Dustin e Abbi apenas horas depois de nascerem.

— Tem mais. — Charlie informou enquanto cuidadosamente


pegava a foto emoldurada e a entregava para que ele pudesse
colocá-la de lado e sua atenção ia para a moldura correspondente
com uma foto dos gêmeos dando os primeiros passos.

Ela pegou a moldura e entregou-lhe para revelar uma foto que


ele nunca tinha visto antes.

— Quando você tirou isso? — Devin perguntou, traçando a


marca do bisavô e vendo ele a foto de seus filhos cobertos da
cabeça aos pés em farinha, abraçando-se enquanto sorriam para
a câmera.

— Tirei essa quando as crianças estavam me ajudando a fazer


tortas para levar para a casa de seus pais no Dia de Ação de
Graças. — Charlie contou enquanto tirava a última foto da caixa
antes de colocá-la de lado.

— Sei como você está sempre atento a tudo o que seu bisavô
fez, então fiz algumas pesquisas, esperando encontrar algo que
você gostaria quando me deparei com elas on-line. Sofreram algum
dano e o vidro original havia desaparecido há muito tempo, mas
as molduras ainda estavam em boas condições e mais
importante... — ela narrou, deixando suas palavras sumirem
enquanto passava os dedos pela parte inferior da moldura e
empurrava. — Isso ainda funciona. — Charlie explicou quando um
pequeno clique soou e uma gaveta fina deslizou para o lado,
revelando um pedaço de papel com as palavras:

“Eu te amo, papai. Com amor, Dustin.” escrito em giz de cera.


Devin ficou tão emocionado que lhe faltou ar. Nos últimos meses,
eles estavam lutando com Dustin, tentando ensiná-lo a ler e
escrever, esperando que eles pudessem ajudá-lo a alcançar o resto
das crianças a tempo.

Cristo, ele estava aterrorizado por não poder ajudar Dustin.


Seu filho era incrivelmente brilhante quando se tratava de
praticamente qualquer outra coisa, embora quando se tratava de
ler e escrever...

Ele lutou.

Eles estavam trabalhando com ele todos os dias, revisando


suas palavras, praticando suas letras, revisando sons, o alfabeto,
encontrando aplicativos no iPad que poderiam ajudar, jogando
todos os jogos de palavras e alfabeto que eles conseguiam criar
para o ajudar e ele estava trabalhando. Dustin estava
definitivamente fazendo progresso. Ele estava indo muito bem com
suas palavras visuais, sabia ler os livros que o professor lhe
designara e, agora, aparentemente estava aprendendo a escrever
também.

— Você deveria ter visto o rosto dele quando escreveu. Estava


tão orgulhoso de si mesmo. Ele queria te surpreender. — falou
Charlie, enquanto Devin sentia seus lábios se abrirem num
sorriso.
— Obrigado. — ele agradeceu enquanto abraçava o melhor
presente de Natal que já havia recebido.

— Oh, isso deixará uma marca. — Charlie afirmou,


reprimindo um estremecimento e um gemido enquanto
cuidadosamente rolava para o lado e não podia deixar de sorrir
quando viu a razão pela qual estava dormindo na beira da cama,
novamente.

Nunca imaginara que era possível amar tanto alguém, Charlie


pensou enquanto passava os dedos pelos cabelos bagunçados de
Dustin, e a outra pessoa que ela amava mais do que tudo se
esticava durante o sono com um suspiro e acabava jogando as
pernas do outro lado do irmão. Eles eram tão malditamente fofos,
Charlie pensou enquanto beijava a testa de Dustin e se abaixava
para fazer cócegas no pé de Abbi.

Com um resmungo, Abbi afastou os pés, rolou de bruços e


prontamente jogou as pernas sobre as do irmão. Incapaz de deixar
de sorrir, Charlie beijou a testa de Dustin uma última vez antes de
rolar e se encontrar olhando para Devin. Deus, ele era tão bonito,
ela pensou enquanto o observava dormir na cadeira que ele havia
arrastado aqui algum dia antes do Halloween para aquelas noites
em que as crianças exigiam que eles tivessem uma noite de cinema
aqui, olhando seu cabelo curto que parecia que tinha passado os
dedos, o bigode claro escurecendo seu queixo, a maneira como
seus músculos bronzeados mudavam a cada respiração que dava,
e os jeans não amarrados que tornavam a pose incrivelmente sexy.

Ele a assustou muito.

Não importa quantas vezes ela disse a si mesma que isso não
era uma boa ideia, Charlie não conseguia parar de pensar nele e
esse era o problema. Ele era seu chefe, seu senhorio, um de seus
melhores amigos.

Ele era uma complicação, o que era algo que ela


definitivamente não precisava no momento. Enquanto estava
deitada ali, observando-o dormir, não pôde deixar de imaginar o
que aconteceria se ela fosse até lá e o beijasse. Provavelmente
nada, Charlie pensou, dando um suspiro quando saiu da cama,
tomando cuidado para não acordar os gêmeos. Devin não estava
interessado e...

— Oh, meu Deus... — Charlie sussurrou fracamente quando


viu o grande armário com desenhos celtas pelos quais se
apaixonou ao lado dele com um grande laço vermelho preso à
porta.

Incapaz de acreditar no que estava vendo, Charlie caminhou


até o armário em que se via pensando sempre que olhava para
aquele local e corria os dedos pelo desenho celta intrincadamente
esculpido. Era ainda mais bonito do que ela lembrava.

— Gostou? — Devin perguntou, chamando sua atenção para


encontrá-lo olhando para ela.
— Adorei. — falou ela baixinho, olhando para o armário,
observando os dedos enquanto traçava o desenho celta que deve
ter levado dias para ser criado e espantado que alguém pudesse
criar algo tão bonito à mão. — Não entendo, TJ me enviou um e-
mail dizendo que havia sido vendido para que eu pudesse retirá-lo
da página de destaques. — disse Charlie, sem mencionar que ela
afogou suas mágoas em rosquinhas de geleia depois disso.

— Eu cancelei o pedido.

— Por quê? — ela perguntou, lançando lhe um olhar


interrogativo enquanto afastava a mão do armário.

— Porque eu queria que você ficasse com ele. — Devin


murmurou baixinho, gesticulando em direção ao armário
enquanto se levantava. — Não tinha certeza de onde você queria.
Se você quer que eu mude, posso...

— É perfeito. Obrigada! — ela agradeceu-lhe, cortando-o com


um guincho empolgado enquanto corria até ele e se jogava em seus
braços, provocando um grunhido quando ele caiu na cadeira,
levando-a consigo.

— De nada. — respondeu Devin, rindo quando ele estendeu


a mão para empurrar o cabelo dela para trás e acabou segurando
o rosto dela nas mãos dele. — Você tem certeza de que gosta?

— Eu amei. — ela assegurou, encontrando-se estendendo a


mão para poder passar os dedos pela mandíbula dele.
— E a escrivaninha? — ele perguntou, fazendo-a franzir a
testa enquanto olhava ao redor de seu pequeno apartamento
apenas para encontrar sua escrivaninha no lugar habitual.

— O que é que tem? — ela questionou apenas para sentir seus


lábios tremerem quando ele respondeu:

— Eu a odeio.

— O que há de errado com a minha escrivaninha? — Charlie


indagou com um olhar zombador que ele retornou facilmente.

— Além do fato de que eu a odeio? — Devin perguntou


enquanto ela se acomodava mais confortavelmente no colo dele.

— Sim, além disso. — ela murmurou distraidamente quando


percebeu o leve toque de loção pós-barba e quase gemeu quando
se viu se aproximando.

— Não combina com o armário. — replicou Devin enquanto


seu olhar se fixava no dela.

— Provavelmente porque a comprei há alguns anos. —


ponderou Charlie, incapaz de desviar o olhar quando sentiu os
polegares dele acariciando sua pele.

— Você deveria ter me dito que precisava de uma nova. — ele


falou suavemente, enquanto ela se aproximava ainda mais, até que
apenas alguns centímetros os separavam e perguntou a única
coisa que importava:

— Por quê?
Em vez de responder, Devin lentamente se inclinou para a
frente e pressionou os lábios contra a testa dela enquanto fechava
os olhos e soltava um suspiro trêmulo. Depois de uma leve
hesitação, ela sentiu os dedos dele deslizar pelo pescoço, enviando
um arrepio pelo corpo e...

Encontrou-se afastada de seu colo com um murmúrio:

— Feliz Natal, Charlie. — enquanto o observava se afastar.


— Realmente não posso te dizer o quão feliz estou por você
ter decidido vir. — Jason, o grande bastardo que de alguma forma
conseguiu rastreá-la e arrastá-la para cá, anunciou com um
suspiro satisfeito enquanto estendia a mão e lhe dava um tapinha
no topo da cabeça quando Kenzie lutou contra a corda, impedindo-
a de bater nele com a cadeira em que a amarraram.

— Eu também. — Trevor, o outro bastardo que ajudou a


arrastá-la para cá, disse, concordando com a cabeça quando
estendeu a mão e puxou a fita adesiva que eles usaram para
impedi-la de gritar por socorro.

— Eu te matarei... — ela calmamente começou a ameaçar os


primos antes de Jason enfiar um brownie na boca.

— Sinceramente, não sei por que você está nos evitando,


pookie. — Jason falou com um triste aceno de cabeça enquanto
Kenzie se sentava lá, mastigando rapidamente o brownie enquanto
olhava ao redor da sala de estar do irmão Reese, observando que
mais da metade da família deles estava aqui e não pôde deixar de
suspirar de alívio quando ela não viu o pai.

— Você sabe o porquê. — ela murmurou distraidamente


enquanto procurava algo que pudesse usar para tirá-la daqui
antes que fosse tarde demais.
— É por que você pensou que ficaríamos bravos por você ter
mantido de nós o fato de que você era casada com o idiota? —
Jason perguntou, enfiando o resto do brownie em sua boca e
perguntou: — Foi isso, pookie?

— Eu não tenho evitado você. — ela falou de maneira


uniforme depois que se forçou a engolir o brownie que estava
começando a deixá-la com sede.

— Não? — Garret seu irmão, que estava olhando para ela o


tempo todo, perguntou enquanto a observava — Como você chama
mudando seu número de celular e saindo daquele buraco em que
estava morando sem contar a nenhum de nós para onde foi? Ou o
fato de você aparecer do nada apenas por tempo suficiente para
sabermos que você está viva antes de desaparecer novamente?

— Você realmente achou que eu ia ficar onde estava para ter


que lidar com meus irmãos e primos que apareciam a qualquer
hora da noite para me interrogar? — ela atirou de volta.

— Eu não diria que era a qualquer hora da noite. —


murmurou Trevor, pensativo, enquanto ela olhava para o grande
filho da puta que costumava aparecer em sua casa às duas da
manhã para invadir sua geladeira e encher o saco dela.

— Você me empurrou num armário e me deixou lá para poder


terminar de assistir ao jogo. — ela retrucou.

Dando de ombros, Trevor replicou:

— Você não respondeu minhas perguntas.


— Não preciso responder suas perguntas. — falou Kenzie,
tentando mexer as mãos, mas a maldita corda não se mexeu.

— Você precisa quando se casa e não conta a nenhum de nós


sobre isso. — afirmou Garrett, chamando sua atenção de volta a
tempo de assistir quando ele se levantou e foi até a árvore de Natal
para ajudar a filhinha de Danny a pegar um bastão de doces da
árvore.

— Não se preocupe, — assegurou Jason, estendendo a mão


para enfiar outro pedaço de brownie na boca — ainda te amamos.

— Você pretende me desamarrar? — Kenzie exigiu,


estreitando os olhos no bastardo que parecia muito satisfeito
consigo mesmo.

— Sem chance. — respondeu Jason, terminando o resto do


brownie enquanto se levantava e se dirigia para a cozinha.

Isso deixou...

— Isso é para o seu próprio bem. — declarou Trevor,


levantando-se com um suspiro e a deixou sentada ali, lutando para
se libertar

— Mikey! — ela gritou, suspirando de alívio quando viu a


enteada de seu irmão descendo as escadas.

— Não posso. — Mikey falou com um aperto trêmulo antes


que Kenzie pudesse dizer mais alguma coisa.
— Como assim, você não pode? Desamarre-me. — implorou
Kenzie, observando a menininha que tinha o irmão enrolado em
seu dedo mindinho dar de ombros desamparados enquanto ela
jogava uma bola de beisebol entre as mãos.

— Bem, sim, só que aquele homem — replicou Mikey, fazendo


uma pausa no meio da bola para que ela pudesse apontar para
Reese, que estava tentando puxar sua esposa para debaixo do
visco para que pudesse roubar um beijo. — me disse que se eu
deixasse você ir, ele me bateria.

Revirando os olhos, Kenzie afirmou:

— Ele não baterá em você.

— É verdade. — murmurou Mickey, mordendo os lábios,


pensativa, enquanto acrescentava — Porém, ele também não me
dará os vinte dólares que prometeu se eu tivesse certeza de que
ninguém desamarraria você.

Estreitando os olhos para a sobrinha, Kenzie falou:

— Darei quarenta.

— E o tio Jared também — Mikey respondeu, gesticulando


para o tio dela que estava olhando para o neto enquanto Cole fazia
um show para terminar o que parecia ser o último cupcake.

— Cinquenta. — Kenzie aumentou.


— O tio Lúcifer já ofereceu isso. — falou Mikey, apontando
para o irmão de Kenzie, que estava ocupado reorganizando os
enfeites na árvore de Natal.

— Bem. O que você quer? — Kenzie perguntou, mais do que


disposta a fazer o que fosse necessário para sair daqui antes...

— Jogue bola comigo. — Mikey respondeu com um sorriso


enorme enquanto Kenzie estava sentada lá, incapaz de desviar o
olhar da bola de beisebol nas mãos de Mikey antes de voltar sua
atenção para Reese e a cicatriz acima de seus olhos que ele recebeu
pela primeira vez, com Mikey e-

— Não, eu estou bem onde estou. — afirmou Kenzie,


assentindo, porque realmente não estava com vontade de passar a
noite no hospital.

— Tem certeza? — Mikey questionou, parecendo realmente


muito esperançosa.

— Sim, absoluta. — assegurou Kenzie, lambendo os lábios


nervosamente, enquanto fazia o possível para não estremecer
quando olhou para o irmão Darrin e viu a cicatriz na têmpora que
ele recebeu da bola curva de Mickey.

— Mas... — Mickey começou a dizer apenas para suspirar


quando Sebastian, que estava escondido no canto com um livro
durante a última hora, se aproximou e agarrou a mão de Mikey,
afastando-a com um triste aceno de cabeça e murmurou:
— Ela nunca sobreviveria ao seu jogo duro. — isso fez Mikey
fazer beicinho enquanto permitia que seu melhor amigo a
arrastasse para longe.

Aliviada, Kenzie voltou sua atenção para o tio Shane e tia


Caylee para encontrá-los sorrindo enquanto observavam o filho
Devin, que não conseguia parar de encarar a mulher que ele estava
tentando evitar desde que chegaram, há algumas horas. Ela
realmente não entendia os homens de sua família às vezes, Kenzie
pensou enquanto desviava o olhar de Charlie, que estava lendo
para os gêmeos para olhar de novo para seu primo.

Encontrou-se perguntando-se por que o bastardo que


arruinou sua vida estava aqui.

— Eu esperava encontrar você aqui. — afirmou Roger,


suspirando profundamente enquanto se sentava ao lado dela.

— Assinou os papéis do divórcio? — Kenzie perguntou,


porque essa era a única coisa com a qual ela se importava.

— Não vamos nos divorciar. — declarou ele, balançando a


cabeça distraidamente enquanto observava todos os Bradford na
sala que pararam o que estavam fazendo para encará-lo.

— Sim, vamos. — ela confirmou, porque não havia nenhuma


maneira de ela desperdiçar mais um ano de sua vida com o homem
que quase a destruiu.

Assentindo, Roger distraidamente começou a brincar com


algo na mão esquerda, chamando a atenção dela.
Ela sentiu seu estômago revirar quando viu a aliança preta
que lhe dera no dia do casamento no dedo dele. Por vários minutos,
tudo o que ela pôde fazer foi ficar sentada ali, observando enquanto
ele girava o anel lentamente ao redor do dedo, algo que ela
costumava achar agradável. Agora tudo o que fez foi revirar o
estômago.

Houve um dia que eles tinham sido felizes. Verdadeiramente,


inacreditavelmente felizes, porém essa era outra vida em que tudo
era perfeito, ela era jovem, apaixonada e casada com o homem dos
seus sonhos com um bebê a caminho. Eles nunca planejaram
começar uma família tão cedo, no entanto quando ela descobriu
que estava grávida, oh, Deus, nunca tinha visto Roger mais feliz.
Ele apenas brilhava. Não havia outra maneira de descrevê-lo.

Ele queria sair da faculdade de medicina e trabalhar para o


tio Jared, porém ela não deixou. Ele trabalhou muito para chegar
onde estava, então eles se comprometeram. Eles iam finalmente
dar a notícia à família de que eles eram casados e voltar para
Massachusetts, para que ela não estivesse sozinha quando Roger
estivesse preso na aula ou no trabalho, no entanto...

A vida não funcionou dessa maneira.

Ainda não se lembrava do acidente, entretanto isso


provavelmente era o melhor. Porém ela nunca esqueceria o olhar
no rosto dele quando o médico os deu a notícia que havia perdido
o bebê. Ele a calou enquanto a dor dela a engolira inteira.
Quando sua família veio buscá-la no hospital, Roger não
tinha dito uma palavra. Simplesmente ficou parado, olhando pela
janela enquanto o pai lhe agradecia por cuidar dela, enquanto ela
estava ali, implorando silenciosamente a ele para dizer algo.

Mas ele não disse nada.

Não quando eles a ajudaram na cadeira de rodas que a levaria


embora, e não quando ela falou o nome dele. Ele apenas ficou lá.
Quando a tiraram do hospital, ela assegurou a si mesma que ele
só precisava de tempo, só precisava descobrir isso e que tudo ia
ficar bem, contudo não estava.

Nada estava bem depois disso.

Tivera tantas chances de contar à família sobre o bebê e, toda


vez que tentava, sua dor a engolia por inteiro. Tanto quanto sua
família sabia, ela estava deprimida porque o acidente a forçou a
abandonar a escola. Eles lhe disseram que tudo ficaria bem,
porém, ela sabia que não.

Nos primeiros meses, esperou por ele, esperou que a


chamasse, desse algum sinal de vida, todavia ele nunca o fez.
Enquanto ele se enterrava em seus estudos, mudando de cirurgia
plástica para pediatria e ginecologia, determinado a garantir que
isso nunca acontecesse com outro pai, ela estava lamentando a
perda de seu filho sozinha.

Ela nunca teve a chance de abraçar Brandon, nunca teve a


chance de dizer a ele que o amava, e nunca teve a chance de dizer
adeus e isso ...
Ela nunca seria capaz de superar isso.

Forçar-se a continuar sem o bebê ou Roger ao seu lado foi a


coisa mais difícil que já teve que fazer. Ela nunca quis passar por
tanta dor novamente e com certeza não queria ser lembrada disso
e foi isso que ele fez. Toda vez que o via, Kenzie lembrava o quanto
doía perdê-lo e ela não podia passar por isso.

De novo não.

— Assine os papéis. — ela ordenou secamente, forçando-se a


desviar o olhar.

— Não.

— Então por que você está aqui? — Kenzie, se perguntando


por que não apenas a deixou ir.

— Vim lhe contar uma coisa. — ele informou, virando a


cabeça para olhá-la.

— O que? — ela questionou, imaginando quando esse


pesadelo terminaria.

— Cansei de esperar.
VÉSPERA DE ANO NOVO
— Queremos ir à festa, papai.

— Realmente queremos. — confirmou Dustin, assentindo


distraidamente enquanto fazia uma pausa para selecionar um giz
de cera da caixa grande que Charlie o havia dado no Natal.

— E eu realmente quero que você coloque seu pijama. —


pediu Devin enquanto puxava Abbi da cadeira e a pendurava por
cima do ombro.

— Por que você não irá à festa, papai? — Abbi perguntou,


suspirando profundamente quando ela começou a desenhar
formas nas costas dele com o dedo.

— Porque eu prefiro passar a véspera de Ano Novo com vocês.


— respondeu passando o braço pelas pernas de Abbi enquanto
estendia a mão e ajudava Dustin a guardar seus gizes de cera.

Tão tentador quanto era ir à festa hoje à noite, não era uma
escolha. Se ele fosse, não haveria nada nesta terra que pudesse
impedi-lo de puxar Charlie para seus braços e isso ... isso era uma
má ideia.

Cristo, apenas estar perto dela era uma má ideia.


Durante a semana passada, ele manteve distância, esperando
que fosse o suficiente para impedi-lo de fazer algo que ele se
arrependeria.

Ele a amava.

Deus, ele a amava, porém, o problema era que seus filhos


também a amavam e ele nunca faria nada para machucá-los,
Charlie era a coisa mais próxima que eles já tiveram de uma mãe
e ele não estava disposto a fazer nada para tirar isso deles.

Nada mais importava, não o fato de que a queria, não


conseguia parar de pensar nela, ou que a ideia de nunca ser capaz
de mostrar o quanto ela significava para ele o estava
despedaçando, porque seus filhos vinham primeiro.

— Preferimos ir à festa. — anunciou Abbi com um suspiro


desamparado, trazendo-o de volta à realidade.

— Você é brutal. — afirmou Devin, rindo enquanto segurava


a mão de Dustin.

— O que você acha?

Veio a pergunta que chamou sua atenção para a mulher que


ele tinha que se lembrar de estar fora dos limites pelo menos cem
vezes por dia.

— Você está bonita. — garantiu Dustin, fazendo a mulher que


era muito mais do que bonita sorrir, enquanto Devin lentamente
passou os olhos por ela, observando a maneira que seus olhos
azuis brilhavam, o rosa suave de seus lábios, o jeito como os
cabelos encaracolados brincavam com os ombros nus, as unhas
dos pés pintadas de branco e o vestido branco e macio que o
deixava sem fôlego.

— Deus, você está linda. — ele se viu dizendo, incapaz de tirar


os olhos dela.

Ela abriu a boca para dizer algo apenas para franzir a testa
quando Abbi falou:

— Eu pensei que você estava com raiva de Charlie, papai.

— Por que você acha que eu estou bravo com Charlie,


menina? — Devin perguntou, franzindo a testa quando puxou Abbi
do ombro e a colocou sobre a mesa, mesmo que ele não pudesse
deixar de se perguntar se eles haviam notado que ele estava
evitando Charlie na semana passada.

— Porque você está sempre gritando o nome dela, papai. —


explicou Dustin, encolhendo os ombros enquanto Devin trocava
um olhar confuso com a mulher em questão.

— Do que você está falando, querida? — Charlie perguntou


enquanto distraidamente estendia a mão e passava os dedos pelos
cabelos desarrumados de Dustin.

— Ele rosna seu nome. — afirmou Abbi, assentindo.

— Muito. — acrescentou Dustin com um aceno de cabeça


correspondente.
— Quando? — Devin perguntou, perguntando-se sobre o que
eles estavam falando, já que ele nunca havia levantado a voz ao
redor dos filhos, apenas para sentir sua barriga gelar segundos
depois.

— Quando você está no chuveiro, papai. Você grita o nome da


Charlie. — replicou Dustin com um encolher de ombros.

Oh Deus…

— Ele parece bravo.

— Ele realmente parece.

— Ele faz isso quase todas as noites. — assegurou Abbi,


enquanto Devin estava lá com uma sensação de queimação
subindo por seu pescoço e ele encontrou Charlie olhando-o.

— Ele faz isso há muito tempo. — completou Dustin enquanto


selecionava outro lápis de cera.

— Por muuuuuuito tempo. — Confirmou Abbi, apenas para


abrir a boca para dizer outra coisa quando Charlie estendeu a mão
e colocou a mão sobre a boca de seu bebê com um:

— Por que não me mostram qual filme vocês escolheram hoje


à noite? — e um sorriso forçado que o deixou com o estômago
revirando.

— É uma boa ideia. — Devin murmurou fracamente,


limpando a garganta enquanto esfregava a parte de trás do
pescoço, incapaz de olhar Charlie nos olhos enquanto olhava ao
redor da sala, procurando algo para fazer apenas para murmurar
uma desculpa e voltar para a cozinha antes que eles pudessem
dizer outra coisa para piorar as coisas. — Porra!

Soltou um golpe quando bateu a porta da cozinha atrás de si


antes de agarrar o balcão da cozinha e soltar uma risada sem
humor, porque isso estava além da porra da perfeição.

Ele estava fazendo tudo o que podia pensar para garantir que
ela não soubesse o quanto a queria e agora, porque ele não
adicionou isolamento extra às paredes do banheiro quando
comprou o local, ela sabia exatamente quão patético que ele
realmente era.

— Irá à festa? — vieram as palavras ditas suavemente que o


deixaram saber que sua humilhação ainda não havia terminado.

— Não. — Devin respondeu uniformemente enquanto


apertava ao redor do balcão.

Houve uma pausa e depois ...

— Você me olhará de novo?

— Não. — replicou, imaginando como essa noite poderia


piorar quando suas próximas palavras o destruíram.

— Quanto tempo? — Charlie perguntou depois de uma ligeira


hesitação.

— Cinco anos. — falou Devin, decidindo que não havia mais


sentido em fingir.
— Você ia me contar? — perguntou, parecendo magoada.

— O que? — Devin exigiu enquanto apertava ao redor do


balcão até o ponto de dor. — O que deveria te contar? Que não
consigo parar de pensar em você? Que te queria desde o momento
em que te vi? Que estou tão apaixonado por você que está me
matando? Isso não importa, por que não posso arriscar partir o
coração dos meus filhos se isso não der certo? Era isso que você
queria ouvir?

Por um momento, ela não disse nada e então:

— Você realmente não me conhece se acha que eu faria algo


para machucar Dustin ou Abbi. Eu os amo e, não importa o que
aconteça entre você e eu, isso nunca mudará.

— Não posso arriscar. — respondeu ele, sentindo um nó no


estômago enquanto forçava as palavras.

— E é por isso que você está me evitando a semana toda —


ela completou, suspirando profundamente.

— Sim — afirmou, rezando para que ela fosse embora antes


que ele perdesse a cabeça.

— Entendo — murmurou, parecendo pensativa antes de


acrescentar: — Não estou jogando esse jogo com você, Devin.

— Não é um jogo. — falou com raiva.

— Como você chamaria isso?


— Mantendo a minha promessa. — disse uniformemente,
desejando que houvesse outra maneira, entretanto, ele não podia
arriscar.

Ele não podia arriscar, porra

Devin lembrou a si mesmo quando fechou os olhos.

— Mesmo que isso signifique partir meu coração? — vieram


as palavras ditas suavemente que o fizeram abrir os olhos e olhar
por cima do ombro a tempo de vê-la ir embora.
— Estou me divertindo muito, e você? — Ben perguntou
secamente quando se sentou na cabine em frente a ela com um
suspiro pesado.

— Muito. — Charlie respondeu, combinando seu suspiro com


o seu enquanto se sentava lá, tentando descobrir o que estava
fazendo aqui.

— Venha morar comigo. — chamou, fazendo-a franzir a testa


quando desviou o olhar da pista de dança cheia de funcionários da
Bradford Creations, vendedores e clientes locais que esperavam
ansiosamente por esta festa o ano todo. — Ei! — Ben gritou quando
ela foi forçada a tirar a bebida dele, porque claramente, já tinha
bebido demais se achasse que ela iria morar com ele.

— Você não bebe mais. — Charlie disse enquanto entregava


a garrafa de cerveja a uma garçonete que passava.

— Eu ainda estava bebendo isso. — resmungou enquanto


observava a garçonete se afastar e Charlie ficava lá, imaginando se
ela deveria providenciar uma intervenção.

— Você claramente já bebeu o suficiente se acha que morarei


de bom grado com você novamente depois do que você me fez
passar na faculdade. — afirmou ela com um movimento de pena
da cabeça enquanto observava os olhos dele se fecharem
perigosamente.

— Eu pensei que tínhamos concordado em nunca falar sobre


isso. — ele falou.

— Então não me peça para morar com você, sabendo como


isso acabará. — falou Charlie, pegando sua bebida apenas para
que Ben chegasse primeiro.

— Nós éramos crianças. — apontou.

— E nós dois estávamos pesquisando no Google o preço


cobrado por assassinos. — lembrou ela, agradecida pela distração
de seus pensamentos bastante deprimentes.

— Você quer falar sobre isso? — Ben perguntou, enviando-


lhe outro daqueles olhares preocupados que ele estava enviando
desde que a pegou algumas horas atrás.

— Nem um pouco. — garantiu ela, balançando a cabeça


quando se viu olhando para o relógio acima do bar, desejando que
a meia-noite se apressasse para que eles pudessem sair.

— É justo. — falou Ben, terminando a bebida antes de se


levantar e estender a mão.

— Venha dançar comigo.

— Prefiro me afogar em autopiedade. — afirmou Charlie,


apenas para gemer quando ele estendeu a mão e pegou a mão dela,
não lhe dando outra opção senão deixar o santuário de seu
estande.

— Que tal agora? — ele questionou, levando-a para o bar. —


Eu pegarei nossos casacos enquanto você paga a conta e nós
vamos dar o fora daqui, comprar uma porrada de álcool e voltar
para a minha casa, onde ficaremos bêbados, desmaiaremos no
chão e acordaremos pela manhã, com noventa por cento de certeza
de que estamos morrendo enquanto tentamos descobrir de quem
foi a ideia estúpida de beber.

— Parece perfeito. — respondeu ela, aceitando o dinheiro que


ele tirou do bolso e encontrou um lugar vazio no bar.

— Já atenderei você, Charlie. — o pai de TJ prometeu a ela


com um sorriso enquanto pegava outra garrafa de champanhe
para se preparar para a contagem regressiva.

— Não tem pressa. — assegurou-lhe Charlie, forçando um


sorriso enquanto estava lá, se perguntando como tudo tinha ido
para a merda tão rapidamente.

Uma semana atrás, ela percebeu o quão perto estava de se


apaixonar por Devin e hoje... hoje, tudo que queria fazer era
chorar. Não era a hora certa, falou a si mesma, dando a desculpa
de que precisava para fingir.

— Aí está você! — veio a saudação entusiástica da mulher que


a encarava a noite toda.

Assentindo, Charlie respondeu:


— Aqui estou. — com um sorriso forçado.

— Realmente sentimos sua falta lá em cima. — informou-lhe


Kelly com uma daquelas sacolas exageradas que tinham Charlie
sinalizando para outra bebida.

— Tenho certeza de que sim. — afirmou Charlie, olhando para


o relógio e notou que havia apenas mais quinze minutos até que
ela pudesse oficialmente fingir que este ano nunca aconteceu.

— Nós realmente sentimos, deve ser difícil fazer qualquer


trabalho no andar de baixo. — assegurou Kelly com um olhar de
pena enquanto distraidamente estendia a mão e pegava uma taça
de champanhe de uma bandeja que passava.

— Por que isso? — Charlie perguntou, incapaz de se ajudar,


mas se perguntou o que estava levando tanto tempo para Ben.

Em vez de responder, Kelly perguntou:

— Como está o pé? — com um sorriso que só poderia ser


descrito como presunçoso quando ela tomou um gole de
champanhe enquanto observava a pequena multidão ao seu redor.

— Curado. — replicou Charlie, decidindo tomar aquele sorriso


como confirmação de que ela chutou o pé de propósito.

— Que bom. — Kelly murmurou antes de perguntar: — E


onde está seu encontro?
Charlie teria lhe dito que provavelmente ele se distraiu com o
velho jogo de pinball no vestiário, porém, no momento ela estava
ocupada imaginando o que Devin estava fazendo aqui.

Além de prendê-la no balcão, ela se corrigiu alguns segundos


depois, quando o homem incrivelmente bonito que deixou claro
que nada iria acontecer entre eles colocou as mãos na barra de
cada lado dela e se inclinou.

— O que você quis dizer? — Devin exigiu saber quando se


inclinou para mais perto, para que ela pudesse ver que ele se
barbeou quando o perfume de sua loção pós-barba a alcançou
sobre os aromas de perfume barato, cerveja e o aroma doce das
bebidas mistas que o bar estava fazendo a noite toda. .

— Onde estão as crianças? — Charlie perguntou mesmo que


ela não pudesse se conter e estendeu a mão para passar as pontas
dos dedos sobre o queixo dele.

— Meu primo está com eles, agora me diga o que você quis
dizer quando disse que eu estava partindo seu coração. — ele
exigiu enquanto seus olhos procuravam os dela por uma resposta
que ela realmente não estava com disposição para dar-lhe agora.

— Esta não é a hora ou o lugar. — respondeu-lhe ela,


balançando a cabeça enquanto se movia para empurrar o braço
dele para que ela pudesse sair daqui antes de dizer algo do qual se
arrependeria.

— Eu te disse que estou apaixonado por você.


— E então você imediatamente completou dizendo que nada
iria acontecer, então cai fora. — ela falou, apenas para lembrar
tarde demais que eles tinham uma audiência.

Ignorando a expressão atordoada de Kelly, porque


honestamente não podia lidar com ela agora, Charlie passou por
debaixo do braço de Devin e foi em direção à porta, decidindo que
preferiria arriscar a hipotermia do que fazer isso. Ela mal chegou
a dois pés antes de Devin pegar sua mão na dele e levá-la para a
pista de dança.

— Devin, eu...

— Dance comigo. — pediu enquanto a puxava em seus


braços.

— Eu não quero dançar com você. — Charlie afirmou,


afastando-se apenas para parar com relutância e deixá-lo puxá-la
em seus braços quando ele disse:

— Por favor. — enquanto a abraçava. — Sinto muito

— Eu não quero falar sobre isso. — Charlie contou-lhe


enquanto se viu mais perto.

— Eu não quero te machucar. — assegurou suavemente


enquanto se inclinava para frente e beijava sua testa.

— Tarde demais. — murmurou quando fechou os olhos.

Deus, ela não poderia fazer isso.


Se ele não tivesse dito nada, ela poderia continuar fingindo
que estava tudo bem. Poderia ter dito a si mesma que não tinha
tempo para mais nada, focada em reunir sua vida e fingir que não
o queria, que não se achava pensando nele.

— Dez!

Veio o coro alto que a fez perceber que eles pararam de se


mover quando ela abriu os olhos para encontrar Devin a
observando.

— Nove!

— Oito!

— Eu te amo Charlie, — sussurrou suavemente.

— Sete!

— Então não faça isso. — pediu enquanto ele segurava o rosto


em suas mãos.

— Seis!

— Deus, você é linda. — vieram as palavras sussurradas


enquanto se aproximava.

— Cinco!

— Devin… — ela falou, colocando tudo o que tinha nessa


palavra enquanto observava sua expressão suavizar.

— Quatro!
— Três!

Veio o grito alto quando seu olhar caiu nos lábios dela.

— Dois!

Ele se aproximou.

— Um!

— Feliz Ano Novo, pirralha.

Vieram as palavras inesperadas quando se viu afastada de


Devin e nos braços do melhor amigo. Enquanto abraçava Ben, ela
viu a expressão de Devin se transformou em arrependimento
quando ele se virou e se afastou.

Ela ainda estava pensando naquele olhar em seu rosto algum


tempo depois, quando entrou em seu apartamento. Ela deveria ter
aceitado a oferta de Ben, Charlie pensou, apenas para sorrir
quando viu a razão de querer voltar para casa sentada em sua
cama, lendo um livro.

— Você sentiu saudades de mim? — Dustin perguntou com


um sorriso tímido que era adorável demais para palavras.

— Senti. — falou tirando o casaco e largando-o na cadeira


perto da porta.

— Deveríamos ter uma festa do pijama. — ele declarou com


um firme aceno de cabeça, já saindo da cama dela para pegar suas
coisas.
— Nós realmente deveríamos. Por que você não pega um bicho
de pelúcia e um livro e eu farei um lanche especial para nós? —
Charlie concordou enquanto se dirigia para as portas do pátio,
precisando de um minuto para clarear a cabeça.

— Ok! — Dustin afirmou, fazendo-a sorrir enquanto corria


para fazer isso.

Agradecida pelo pequeno alívio, Charlie saiu e exalou


lentamente quando o ar frio do inverno a envolveu quando fechou
a porta atrás de si. Caminhou até a grade e se perguntou como
deveria lidar com isso. Por mais que ela quisesse sair agora e
começar de novo em outro lugar, ainda não estava pronta.
Também não poderia fazer isso com Abbi e Dustin. Ela os amava
e não havia nenhuma maneira no mundo de poder abandoná-los.

— Eu deveria ter beijado você. — vieram as palavras de voz


suave, deixando-a saber que não estava sozinha, chamando sua
atenção para encontrar Devin sentado na outra área, olhando para
o quintal.

Por um momento, Charlie simplesmente ficou lá observando-


o até que ela decidiu que tinha o suficiente por uma noite. Ela
parou na porta do pátio e disse:

— Sim, você deveria. — antes de entrar e fechar a porta atrás


de si.

Fechando os olhos, ela ficou lá por um momento, expirando


lentamente.
— Oh, Deus e agora? — murmurou pateticamente quando
uma batida veio de sua porta da frente.

Realmente esperando que Ben não a estivesse vigiando para


ter certeza de que ela estava bem, Charlie caminhou até a porta da
frente, abriu e se viu puxada pelos braços de Devin quando a boca
dele pousou sobre a dela. Ela sentiu os olhos fecharem quando ele
moveu seus lábios contra os dela, escovando-os em provocações,
persuadindo-a a beijá-lo de volta enquanto ele a abraçava,
puxando-a para mais perto, de modo que cada centímetro de seu
corpo estava pressionado contra o dele, nenhuma ideia de onde ele
começava e ela terminava.

Segurava o rosto dela em suas mãos enquanto demorava a


beijá-la, roçando os lábios nos dela, provocando os lábios dela a se
moverem contra os dele enquanto ele aprofundava o beijo
lentamente. Quando a língua dele deslizou contra a dela, um
gemido lento foi arrancado dele.

— Charlie? — ela se viu de volta para dentro, tentando


recuperar o fôlego quando a porta se fechou silenciosamente atrás
dela e ela... e ela... — Você está bem? — Dustin perguntou,
abraçando o dinossauro empalhado que ela lhe deu no Natal
contra seu peito enquanto ele a encarava.

— Acho que sim? — Charlie disse, sem muita certeza do


porquê de isso ser uma pergunta.
— Bom dia, papai. — vieram as palavras docemente ditas que
cumprimentaram Devin quando ele abriu a porta do quarto.

— Bom dia querida. Onde está seu irmão? — perguntou


distraidamente enquanto olhava para a porta fechada do quarto
de Dustin, esperando que seu filho estivesse no quarto de Charlie
para que ele tivesse a desculpa de que precisava vê-la, e foi
provavelmente por isso que ele perdeu o sorriso malicioso que
normalmente o aterrorizava.

— Fiz seu café da manhã, papai. — anunciou Abbi,


estendendo a mão e pegando a mão dele.

— Você fez? — Devin perguntou, incapaz de deixar de sorrir


enquanto o conduzia escada abaixo.

— Uh — huh. — ela confirmou, acenando com a cabeça


enquanto caminhavam pela sala de estar em direção à mesa de
jogo, onde aguardavam um prato e o que parecia ser um cardápio
caseiro.

— O que é isso? — perguntou, pegando o menu que parecia


ter todos os seus favoritos listados.
— Seu cardápio para que você possa pedir o que quiser no
café da manhã. — explicou Abbi, pegando um pequeno caderno e
um giz de cera vermelho.

— Entendo. — respondeu, sentindo os lábios tremerem


quando se sentou, mais do que disposto a passar algum tempo
com sua filhinha brincando de restaurante esta manhã.

— Dustin e Charlie estão se juntando a nós? — Devin


perguntou enquanto olhava de volta para a porta de Charlie.

Ele estava tentado, mais do que tentado, a visitar Charlie no


meio da noite e atraí-la para que eles pudessem terminar aquele
beijo. Ele chegou no meio da escada antes de perceber que já
estava fodendo isso.

Em sua defesa, ele não tinha muita experiência quando se


tratava de mulheres. Além do óbvio, era isso. Nunca teve que se
esforçar muito para namorar porque honestamente não se
importava se uma mulher dissesse sim. Nunca se interessou por
nada além de sexo, simplesmente porque não estava procurando
por mais nada. Até Heather não passara de uma merda de amiga.
Nenhum deles estava interessado em nada além de sexo e, mesmo
depois de dois anos, ele nunca a via como algo além de apenas
uma boa amiga, no entanto, Charlie...

Ele queria muito mais com ela.

Não podia apressar isso, não se quisesse fazer isso funcionar,


e ele estava muito bem indo fazer isso funcionar. Isso significava
fazer isso direito, lembrou a si mesmo quando sua filhinha limpou
a garganta, lembrando que ela estava esperando.

— O que você gostaria? — Abbi indagou com o giz de cera


pressionado contra o bloco de notas, pronto para receber seu
pedido.

— Começarei com café. — ele pediu, apenas para franzir a


testa quando ela estremeceu.

— Sinto muito, mas não temos café esta manhã.

— Que tal suco de laranja? — perguntou, passando para o


próximo item no menu.

— Sim, não, humm, acho que ficamos sem suco de laranja


uma hora atrás. — murmurou com um sorriso de desculpas.

— Suco de maçã?

— Também não temos.

— Achocolatado?

— Posso pegar um copo de água gelada para você. — ela


ofereceu com um sorriso esperançoso.

— Perfeito. — ele falou, passando para o menu do café da


manhã.

— Como são as panquecas?


— Elas são deliciosas. — respondeu Abbi com um aceno de
aprovação quando começou a escrever seu pedido.

— Ótimo. Pedirei panquecas.

— Nós não temos. — ela falou com uma careta de simpatia


que tinha os olhos se estreitando.

— Você está sem panquecas?

— Receio que sim. — replicou Abbi, abanando tristemente a


cabeça.

— Torrada francesa?

— Não.

— Ovos?

— Sim, hum, seria melhor se discutirmos o cardápio de


cereais. — ela hesitou, apontando para o final da página.

— Bem, eu quero...

— Também estamos sem. — disse ela, interrompendo-o antes


que ele pudesse terminar.

— Então o que você tem? — Devin pediu apenas para ser


ignorado quando a pior garçonete que ele já tinha visto murmurou:

— Eu já volto. — enquanto caminhava para cumprimentar


Charlie e Dustin enquanto eles entravam na sala de estar. — Bem-
vindos ao Restaurante da Abbi's. — ela anunciou com um sorriso
caloroso que ele não pôde deixar de notar que ele não recebeu. —
Mesa para quantos?

— Dois. — Charlie falou com um sorriso caloroso para Abbi,


enquanto Devin estava lá, esperando que ela olhasse para ele.

Deus, ele era completamente patético.

— Por aqui, tenho uma mesa com uma linda vista para o
jardim que acho que você gostará. — Comenta Abbi, apontando
para a mulher que mal lhe lançou um olhar para segui-la até a
cozinha. E falou para ele: — Já volto. — Abbi foi até a cozinha para
mostrar seus lugares, deixando-o sentado ali, debatendo seu
próximo passo.

Talvez ele devesse correr e comprar flores para ela, Devin


pensou enquanto batia distraidamente as pontas dos dedos contra
a mesa enquanto esperava Abbi voltar. Deveria ver se sua mãe
poderia ficar de babá, decidiu Devin. Ele pegou o celular e começou
a mandar uma mensagem de texto para sua mãe apenas para
repensar a mudança, já que sua mãe acabaria se perguntando por
que precisava de uma babá na sexta à noite.

Esperando que Jane estivesse disponível, Devin mandou uma


mensagem para a universitária que morava na rua para ver se ela
estava disponível nesta sexta-feira. Alguns minutos depois, Devin
estava tentando decidir para onde ele deveria levar Charlie quando
percebeu que sua filha ainda não havia voltado. Pensando se ela
ficaria entediada em brincar de restaurante, Devin foi para a
cozinha.
— Oh, meu Deus. — ele se engasgou quando abriu a porta da
cozinha.

— Sinto muito, você não pode estar aqui. Este é um evento


privado. — informou Abbi com um olhar de pena, enquanto largava
o bolinho que estava mordiscando de volta no prato e caminhou
para levar Devin para fora da cozinha.

— Você disse que não havia panquecas. — objetivou ele,


olhando o prato de panquecas, torradas, ovos, batatas fritas,
bacon e todas as outras merdas que a pequena traidora disse que
estavam sem.

— Sinto muito por isso. — pediu Abbi, enviando um sorriso


de desculpas a Charlie e Dustin enquanto se serviam de toda a
comida deliciosa que lhe havia sido negado.

— Não precisa se desculpar. — afirmou Charlie, acenando


enquanto ele estava lá, vendo o filho pegar o último pedaço de
bacon ...

— É isso aí. — suspirou Devin, balançando a cabeça em


desgosto enquanto tirava o celular do bolso. — Estou deixando
uma crítica ruim para este lugar.

— Gostaria de falar com o gerente? — Abbi perguntou com


um suspiro desconcertado que ele não apreciava, nem um
pouquinho!
— Sim, sim, eu gostaria de falar com o gerente. — respondeu
ele, abrindo o Facebook apenas para acabar encarando a pequena
traidora quando ela disse:

— Sinto muito, ele não está aqui agora. Posso receber uma
mensagem se você quiser falar com ele mais tarde.

Sentindo a contração do olho direito, Devin estreitou os olhos


na filha mais uma vez antes de se concentrar no Facebook.

— Que merda...? — ele xingou, balançando a cabeça em


descrença quando clicou no post em que Charlie o marcou.

Ela bloqueou a porra da avaliação dele!

— Você deu a ela uma avaliação de cinco estrelas? — Devin


exigiu enquanto lançava um olhar acusador para a mulher que
deveria ter ficado do seu lado nisso.

— Claro. — Charlie falou enquanto tomava um gole de leite


com chocolate, a mesma porra de leite com chocolate que ela tinha
dito que eles estavam sem.

Outro toque chamou sua atenção de volta para o celular e...

— Você colocou seu comentário para ignorar o meu


comentário porque eu sou muito exigente? — ele perdeu a cabeça.

— Quero dizer, você realmente não me deixou com muita


escolha. — Charlie replicou com um triste aceno de cabeça
enquanto se servia de outra panqueca.
Estreitando os olhos para a mulher que ele amava mais do
que tudo, Devin enfiou o celular de volta no bolso, invadiu a mesa,
pegou o muffin que Abbi abandonou antes de roubar o prato de
Charlie e o bacon do prato de Dustin antes de se virar e exclamar:

— Este é o pior serviço que já tive!


— Por que papai está olhando para você?

— Porque ele quer ser tão legal quanto nós. — Charlie


respondeu, com um triste aceno de cabeça, sem se preocupar em
desviar o olhar do livro de marketing que ela estava lendo em seu
celular.

— Isso faz sentido. — ponderou Dustin, enquanto selecionava


outro livro da mesa de café antes de se recostar ao lado dela.

— Né? — murmurou distraidamente enquanto tocava na tela


para poder ver que horas eram.

Ela realmente deveria ir para a cama cedo, porém, queria dar


ao homem que a olhava o dia inteiro a chance de convidá-la para
sair. Afinal, era a coisa mais atenciosa a se fazer, Charlie pensou
enquanto arriscava um olhar para a outra extremidade do sofá e
encontrava Devin sentado ali, fervendo de raiva. Não que ela
pudesse culpá-lo.

— Podemos fazer um dia de cinema amanhã? — Abbi


perguntou, enquanto pegava um livro da pilha grande que Charlie
mantinha na mesa de café e subia no sofá ao lado de seu irmão.

— Sinto muito, querida, não posso amanhã. Eu tenho que


acordar cedo e ir a uma convenção. — desculpou-se Charlie,
desejando que ela tivesse ido para um quarto de hotel, já que
realmente não estava ansiosa para o passeio as duas horas da
manhã.

— E amanhã à noite? Poderíamos acampar na sala e assistir


filmes. — sugeriu Dustin.

— Sinto muito, querido, porém tenho planos para amanhã à


noite. — comunicou ela, apenas para acrescentar — Poderíamos
ter um dia de filme neste fim de semana e talvez brincar lá fora?

— Podemos construir um boneco de neve? — Abbi perguntou,


parecendo esperança.

— Você nos fará cantar a música Frozen? — Charlie


questionou, incapaz de deixar de sorrir quando viu o sorrisinho
desonesto que Abbi estava tentando segurar.

— Iremos sim. — confirmou Abbi, assentindo enquanto


jogava o livro no sofá e pulava com um suspiro e um — Hora do
banho?

— Seu pai terá que lhe dar um banho esta noite, querida,
tenho que fazer algumas coisas antes de amanhã. — Charlie falou,
suspirando tristemente porque ela esperava ansiosamente o
horário do banho todas as noites.

— Mas... — Abbi começou, apertando o lábio inferior entre os


dentes enquanto lançava para o pai, que parecia realmente irritado
agora, um olhar preocupado. — Papai não sabe como eu gosto das
minhas bolhas.
— E ele não me dá um beijo duplo quando me abraça. —
murmurou Dustin tristemente.

— Eu sei, pessoal, porém vocês só vão passar por isso hoje à


noite. — Charlie informou com um triste aceno de cabeça que ela
sabia que iria irritar o homem que estava tentando deixá-la
sozinha o dia todo.

Ela poderia ter facilitado as coisas para ele, entretanto...

Onde estaria a diversão nisso?

— Nós temos mesmo? — Abbi perguntou, certificando-se de


parecer adequadamente lamentável enquanto olhava de volta para
o pai, mas Charlie não perdeu o olhar desonesto nos olhos dela
quando o fez.

Reprimindo um sorriso, Charlie murmurou:

— Receio que sim.

Com o olhar apontado para ela, Devin exclamou.

— Hora de dormir. — apenas para estreitar os olhos quando


as crianças fizeram questão de suspirar tristemente enquanto
relutantemente se dirigiam a ela para seus beijos de boa noite.

Depois que terminaram, suspirou pesadamente e subiram as


escadas, fazendo beicinho o caminho inteiro, enquanto Devin
lançava um último olhar para ela antes de segui-los lá para cima.
Decidindo fazer um trabalho enquanto esperava, Charlie foi para
o apartamento dela enquanto calculava mentalmente quanto
tempo levaria Devin para dar banho nas crianças, vesti-las, colocá-
las na cama e ler uma história para dormir antes de ele vir aqui
para fazê-la pagar por atormentá-lo o dia todo.

Não que ela tenha feito isso de propósito ...

Ok, então talvez o tenha atormentado um pouco de propósito,


porém, isso era apenas porque estava nervosa. Ela passou a maior
parte da noite enlouquecendo e pensando naquele beijo até que
não aguentou mais. Se viu indo para a porta do apartamento, se
perguntando se aquele beijo era realmente tão bom quanto ela se
lembrava, apenas para descobrir que estava cozinhando tudo o
que podia pôr as mãos por volta das sete da manhã, quando a
lembrança de porque não podiam se apressar, vestindo roupas
brancas e um sorriso adorável.

Na esperança de se distrair, Charlie entrou em seu escritório,


incapaz de deixar de sorrir quando viu todos os desenhos que
cobriam as paredes que as crianças haviam feito para ela, sentou-
se à mesa e ligou o computador apenas para encarar o papel
timbrado que ela havia criado com o espaço em branco para onde
deveria ir o nome da empresa.

Ela realmente precisava inventar algo em breve, Charlie


pensou, suspirando profundamente enquanto se recostava na
cadeira e lentamente girava, procurando inspiração. Sem nome,
ela não poderia obter um domínio para seu site, criar sua página
no Facebook, Twitter, incorporar ou fazer mais da metade das
coisas que ela precisava…
Dustin e Abbi, pensou enquanto examinava todos os
desenhos ao seu redor e se viu sorrindo enquanto se voltava na
cadeira e começava a brincar com os nomes deles até encontrar o
Dabbi Digital Marketing.

— Isso é perfeito — disse Charlie, sorrindo, sentando-se na


cadeira e encarando o nome de seu novo negócio.

Absolutamente perfeito, Charlie pensou enquanto olhava a


hora e percebia o quão tarde era. Decidindo encerrar a noite, clicou
em Salvar e desligou o computador antes de ir ao banheiro tomar
um banho. Mil ideias correram por sua cabeça quando ela entrou
no chuveiro. Tinha que terminar a documentação da incorporação,
comprar um domínio, se inscrever para-

— Frio! — ela gritou quando a água quente de repente ficou


gelada.

— Quais são seus planos para amanhã à noite? — vieram as


palavras arrastadas quando sua atenção disparou para a torneira
onde a mão grande e bronzeada estava lentamente ligando a água
quente novamente.

— Ainda não tenho muita certeza. — ela admitiu enquanto


suspirava aliviada quando a água quente a atingiu.

— Entendo. — ele murmurou, parecendo pensativo do outro


lado da cortina escura enquanto ela tentava se lembrar se tinha
pendurado a toalha fora do chuveiro ou não.
— Existe algo que eu possa ajudá-lo? — Charlie perguntou,
esperando mantê-lo distraído quando ela alcançou a abertura do
outro lado, apenas para estremecer quando sua mão encontrou o
porta toalhas de metal vazio.

— Saia comigo amanhã à noite. — pediu, fazendo os lábios


dela se abrirem num sorriso.

— Bem, eu teria que verificar meu calendário para ver se...


está frio! — ela acabou ofegante quando o homem desonesto
desligou a água quente.

— Você sairá comigo, Charlie? — perguntou, parecendo


entediado enquanto lentamente ligava a água quente.

— Quero dizer, é muito em cima da hora. — Charlie ponderou,


apenas para se pressionar contra a parede do chuveiro quando
aquela mão grande lentamente desligou a água quente novamente.

— Saia comigo. — ele pediu, ligando a água quente alguns


segundos depois.

— Não devo considerar minhas opções? — ela perguntou


apenas para ofegar quando o homem mau novamente desligou a
água quente.

— Isso é um sim?

— Sim! Isso é um sim! — Charlie engasgou quando se afastou


tanto quanto o chuveiro permitia, o que infelizmente para ela não
era muito.
— Você poderia ter dito isso antes. — ele murmurou,
parecendo pensativo enquanto a mão grande lentamente ligava a
água quente.

— Bem, quero dizer, eu não queria que você pensasse que eu


era fácil ou qualquer coisa assim. — Charlie declarou, apenas para
gritar: — Oh, meu Deus! Pare de fazer isso! — segundos depois.

— Então pare de me enlouquecer. — mandou Devin, ligando


a água quente novamente para parar no meio da curva e
desligando-a quando ela disse:

— Eu realmente preciso? Tudo bem, pararei! — ela ofegou,


rindo quando ele ligou a água quente novamente — Pode me dar
licença para que eu possa sair?

Houve uma pausa e depois.

— Bem, isso depende. — veio a resposta murmurada que teve


seus olhos estreitando na grande mão bronzeada ainda segurando
a torneira de água quente.

— Do que?

— Se você me dá um beijo de boa noite ou não. — ele falou,


fazendo os lábios dela se contorcer.

Suspirando pesadamente, ela perguntou:

— Eu preciso?

Apenas para gritar:


— Ok! — quando o homem desonesto que ela subestimou
desligou a água quente novamente.

Quando ele desligou a água alguns segundos depois, Charlie


olhou furiosa enquanto ela observava a mão dele desaparecer
apenas para reaparecer um momento depois com uma toalha.

Pegando a toalha, Charlie continuou a encará-lo enquanto a


envolvia antes de estender a mão e abrir a cortina do chuveiro para
encontrar o homem incrivelmente bonito que pagaria por ficar
entre ela e a água quente encostada no balcão da pia, parecendo
muito satisfeito por ela gostar.

— Você foi longe demais, senhor. — ameaçou ela, saindo do


chuveiro.

— Fui? — Devin perguntou enquanto se afastava do balcão.

— Você realmente foi. — assegurou-lhe Charlie, assentindo


enquanto se dirigia para a porta do banheiro.

— E como você chama de atormentar o dia todo? — ele


perguntou, seguindo-a.

— Usando meu tempo livre de maneira eficaz — respondeu


ela, pegando uma calcinha e a camiseta da Bradford Creations que
pegou.

— Essa camisa não é minha? — perguntou, estendendo a


mão para pegá-la apenas para suspirar quando ela a puxou para
fora do alcance dele e gesticulou com a outra mão para ele se virar.
— Minha agora. — anunciou ela, esperando até que ele se
virasse antes que ela rapidamente se secasse e vestisse sua
calcinha e a camisa que sentia que era dela por direito agora.

— Primeiro você rouba meus filhos. — listou Devin enquanto


se virava lentamente com um triste movimento da cabeça e um
suspiro pesado. — Então você rouba meu escritório e agora rouba
minhas camisas.

— Quero dizer, você pode realmente dizer que eu os roubei


quando vieram de bom grado para mim? — Charlie perguntou,
incapaz de deixar de sorrir enquanto dava um passo para a porta
do apartamento.

— É verdade. — ele murmurou, parecendo pensativo


enquanto a seguia.

— E como você me impossibilitou de voltar ao meu escritório,


realmente fiquei sem outra opção senão tentar tirar o melhor
proveito disso. — explicou Charlie enquanto voltava a abrir a
porta.

— É assim que você chama assumir o meu escritório? — ele


perguntou suavemente quando estendeu a mão e agarrou a frente
da blusa dela e a usou para puxá-la para mais perto.

— Sim — ela replicou, estendendo os braços para envolvê-lo.

— E a minha camisa? — Devin perguntou, soltando a blusa


dela para que pudesse abraçá-la.
— Parece melhor em mim. — Charlie apontou, assentindo
solenemente enquanto passava a mão na parte de trás do pescoço
dele.

— Sim. — ele murmurou enquanto se inclinava e roçava os


lábios contra os dela uma vez, duas vezes e depois...

— Você não tem ideia do quanto eu te quero. — Sussurrou,


interrompendo o beijo que a fez se esforçar para não o puxar de
volta para mais.

— Precisamos levar isso devagar. — Charlie conseguiu dizer


quando se forçou a deixá-lo ir.

— Sim, nós devemos. — concordou Devin, inclinando-se e


roçando os lábios nos dela.

— Porque eu preciso ser adorada. — ela falou solenemente,


sentindo os lábios dele contra os dela.

— Você precisa? — ele perguntou suavemente.

— Eu realmente preciso. — respondeu Charlie, colocando as


mãos no peito dele e dando-lhe um empurrão suave.

— Eu acho que posso lidar com isso. — declarou Devin com


um sorriso incrivelmente sexy, permitindo que ela o puxasse de
volta.

— Vamos ver. — murmurou, notando o brilho de antecipação


em seus olhos quando ele disse:
— Sim, vamos.
— Você está bonito, papai. — elogiou Abbi, estendendo a
gravata azul marinho para ele.

— Obrigada, menina. — murmurou Devin, inclinando-se e


beijando a testa enquanto ela lhe entregava uma gravata.

— Muito bonito. — ela enfatizou com um firme aceno de


cabeça que o fez estreitar os olhos nela.

— O que você quer? — questionou enquanto puxava a


gravata.

— O que faz pensar que eu quero algo, papai? — perguntou


Abbi, piscando inocentemente para ele.

— Então, você não quer nada? — Devin indagou, lançando-a


um olhar interrogativo enquanto ele arrumava a gravata.

— Bem, quero dizer, eu não diria não. — ela falou, dando de


ombros.

— É muita generosidade da sua parte. — Devin afirmou


lentamente enquanto pegava a loção pós-barba do balcão do
banheiro.

— Eu sei. — confirmou Abbi, assentindo solenemente.


— Tio Aidan se casará de novo? — perguntou Dustin de onde
estava sentado no balcão do banheiro, observando-o com
curiosidade.

Rindo, Devin disse:

— Não. Levarei Charlie para jantar e queria ficar bonito.

— Oh. — Dustin murmurou, mordendo o lábio inferior


enquanto olhava para Devin apenas para suspirar profundamente
enquanto ele cuidadosamente descia do balcão com um murmúrio
— Eu já volto. — antes que rapidamente saísse do banheiro.

— Eu também. — concordou Abbi

Rindo, Devin checou seu cabelo e não pôde deixar de sorrir


quando um som chamou sua atenção para encontrar uma
mensagem de Charlie.

— Merda! — ele xingou, suspirando profundamente enquanto


olhava para o relógio.

— O que há de errado, papai? — Dustin perguntou quando


Devin debateu ligar para o restaurante para mudar sua reserva de
volta.

— Charlie está presa no trânsito. — ele explicou, olhando


para o filho e... Sentiu seus lábios tremerem enquanto observava
o filho vestir as calças.

— Ela está bem? — Dustin perguntou, parando no meio do


puxão para prender o lábio inferior entre os dentes.
— Ela está bem, só preciso ver se posso atrasar nossas
reservas de jantar em uma hora. — explicou Devin enquanto
gesticulava em direção às roupas que Dustin havia colocado no
balcão.

— O que é tudo isso?

— Tenho que ficar bonito para minha dama. — respondeu


Dustin, enquanto terminava de puxar as calças e pegou a camisa
preta que escolhera para a festa que sua família havia dado para
Aidan e Melanie depois que se casaram.

— Ah, entendo. — murmurou Devin, distraído, enquanto


tentava descobrir uma maneira de explicar isso ao filho — Você se
lembra de Jane?

— Sim. — replicou Dustin enquanto lutava para abotoar a


camisa.

— Bem, ela ficará vocês um pouco enquanto eu levo Charlie


para jantar. — explicou Devin, ajoelhando-se para poder ajudar
seu filho.

— Eu não quero ficar com Jane, quero jantar com Charlie. —


Dustin murmurou tristemente quando Devin pegou a pequena
gravata que combinava com a dele e a colocou ao redor do pescoço
de Dustin.

— Eu sei que sim, amigo. Mas realmente gostaria de levar


Charlie para jantar sozinha hoje à noite. Podemos ter um jantar
especial amanhã à noite. Como isso soa? — Devin sugeriu, dando
um sorriso tranquilizador ao filho enquanto ajeitava a gravata e
trabalhava para ajudá-lo a enfiar a camisa.

Após uma ligeira hesitação, Dustin relutantemente assentiu


com um murmúrio:

— Ok

Que fez Devin suspirar de alívio. Isto é, até que ele olhou para
cima e encontrou sua filha usando o vestido de princesa da Disney
que dera a ela no Natal, junto com a tiara e os sapatos de plástico
rosa que acompanhavam.

— Estou pronta. — anunciou Abbi com um aceno real quando


Devin passou por seu filho e pegou sua filha com um rosnado.

— Você está pronta, hein? — ele perguntou, cobrindo o rosto


dela com beijos enquanto carregava sua garotinha rindo e se
dirigia para a porta, decidindo ir ver se a babá estava aqui para
que ele pudesse se concentrar em tornar o resto da noite
absolutamente perfeita.

— Talvez ela tenha esquecido. — opinou Dustin enquanto


Devin passava as mãos pelo rosto, dizendo a si mesmo que isso
não estava acontecendo.

Agora não.
Tudo estava além da porra da perfeição. Ele tinha uma babá
pronta, reservas para dois no melhor restaurante da cidade,
conseguiu colocar as mãos num buquê de rosas brancas, colocou
uma garrafa de vinho branco na geladeira e brincou com as
crianças o dia todo, garantindo que eles estariam exaustos demais
para atormentar a babá hoje à noite e depois...

Tudo foi para o inferno.

A babá dele cancelou meia hora depois que ela deveria


aparecer, o que o levou a tentar encontrar uma babá no último
minuto de uma sexta-feira à noite e implorou ao restaurante para
empurrar sua reserva por uma hora apenas para acabar
chamando-os de volta, uma hora depois, para perguntar se havia
alguma chance de ele transformar essa reserva para dois em
reserva para quatro quando desistiu de tentar encontrar uma
babá.

Isso levou o restaurante a cancelar sua reserva e perceber que


ele teria que inventar outra coisa para salvar esse encontro. Foram
necessários vinte minutos procurando em sua cozinha e uma
rápida viagem ao supermercado, no entanto, tinha tudo o que
precisava para tornar esta noite memorável, exceto Charlie.

Duas horas atrás, ela estava atrasada uma hora e agora...

Agora ele se recusava a lhe enviar mais uma porra de texto,


tinha mais autoestima do que isso, assegurou a si mesmo
enquanto olhava para o celular para jogá-lo no sofá com um
suspiro de nojo quando se viu olhando para ver se ela lhe mandava
uma mensagem novamente.

— Nós ainda te amamos, papai. — declarou Abbi com um


sorriso de pena que o apaziguou...Um pouco.

— E eu realmente amo Charlie. — anunciou Dustin com um


suspiro melancólico que tinha os olhos estreitando o pequeno
traidor.

— Traidor. — resmungou Devin, quando mais uma vez pegou


o celular, e resignou-se a ligar para Ben para garantir que nada de
ruim tivesse acontecido com a mulher que o havia levantado no
momento em que a mulher em questão passava pela porta,
carregando uma pilha de caixas de pizza.

— Sinto muito pelo atraso, pessoal. — pediu Charlie,


suspirando profundamente enquanto colocava a pilha de caixas de
pizza dos Blackjacks na mesa de café.

— Por alguma razão, alguém pensou que seria uma boa ideia
começar a construção na 95 durante a hora do rush de uma sexta-
feira à noite, o que não teria sido tão ruim, porém um motorista de
dezoito rodas tentou passar todo mundo no ombro e acabou
bloqueando a única pista aberta. Tentei ligar, porém, meu cabo de
carregamento parou de funcionar.

— Você comprou pizza da Blackjack? — Abbi perguntou num


sussurro aterrorizado.
— Comprei. — Charlie confirmou, sorrindo calorosamente
quando ela se inclinou e beijou a bochecha de Abbi. — E eu
também senti sua falta.

— Você estava com saudades de mim? — Dustin perguntou


com um sorriso adorável.

— É claro que sim, querido. — concordou Charlie, mal


conseguindo abrir os braços antes que Dustin os encontrasse,
passando os braços pequenos em volta dela para que Charlie
pudesse lhe dar um grande beijo na bochecha que fazia seu filho
rir enquanto Devin ficou sentado lá... fervendo.

— Sinto muito pelo atraso. — desculpou-se ela, enviando um


sorriso de desculpas que não fez nada, absolutamente nada, para
acalmar sua raiva enquanto ele estava sentado ali, forçado a
assistir enquanto ela dava todos os beijos que deveriam ser dele
por direito, aos filhos dele.

Ela deveria estar beijando-o e dizendo o quanto sentia sua


falta, pensou Devin, estreitando os olhos para a mulher sem
coração quando ele estendeu a mão e roubou uma fatia de pizza,
bravo demais para apreciar a delícia que era a pizza do Blackjack.
Pelas duas horas seguintes, foi forçado a ficar sentado, assistindo-
a se aconchegar com seus filhos, assistindo a um filme da Disney
que eles provavelmente já haviam assistido centenas de vezes até
que chegou a hora de dormir e ele se viu abandonado com apenas
uma palavra.
Não esqueceria isso, decidiu Devin, tirando os sapatos e
soltando a gravata enquanto se deitava no sofá com um suspiro
pesado, além de exausto. Tinha sido um dia longo, pensou ele,
apenas para abrir os olhos algum tempo depois para encontrar a
mulher imprudente que o abandonara ajoelhando ao lado do sofá.

— Sinto muito. — disse Charlie, estendendo a mão para


deslizar as pontas dos dedos pelo queixo dele enquanto desviava o
olhar do dela e resmungava:

— Você está apenas me usando por meus filhos.

— Quero dizer, você pode realmente me culpar? Viu como eles


são fofos? — ela perguntou, parecendo divertida quando se
inclinou e beijou sua bochecha, apaziguando-o um pouco. Um
pouco.

— Não estamos mais falando. — declarou Devin, cruzando os


braços sobre o peito enquanto continuava olhando para a parede.

— Ah, você sentiu minha falta? — ela perguntou com uma voz
doce e melosa.

— Não, estou bravo com você. — ele respondeu com uma


fungada.

— Isso faria você se sentir melhor se eu dissesse que estou


arrependida de novo?

— Não.
— E se eu te contar que senti sua falta? — ela tentou, o que
o fez virar a cabeça para poder encará-la.

— Não minta para mim, mulher. — ele soltou um olhar que


lhe disse como se sentia por ela ter tentado enrolá-lo.

— Ou que pensei em você o dia todo? — Charlie ofereceu com


o sorriso mais doce de caralho.

— Não preciso da sua pena. — rosnou Devin, mais uma vez


virando a cabeça para longe da mulher cruel que brincava com
suas emoções.

Houve uma pausa e depois um suspiro prolongado que o fez


virar a cabeça.

— O que você está fazendo? — ele se viu perguntando


enquanto a observava lentamente desabotoar as calças enquanto
tirava os sapatos.

— Relaxando depois de um longo dia. — respondeu Charlie,


tirando a calça jeans enquanto ele estava deitado, forçado a conter
um gemido enquanto a observava lentamente revelar uma calcinha
de algodão branco macio e pernas curtas douradas.

Ele assistiu enquanto ela pegava o cobertor grande que


gostava de manter no sofá para aconchegar-se, puxou-o pelos
ombros segundos antes de destruí-lo completamente subindo no
sofá e deitando-se em cima dele com um suspiro satisfeito
enquanto pegava o controle da televisão da mesa de café. E
prontamente o ignorou.
— Não se importa que eu não estou mais falando com você?
— o homem que ela estava usando como colchão questionou
quando a abraçou e deu um beijo no topo de sua cabeça enquanto
ela debatia entre começar outra maratona de Harry Potter ou
assistir a algo que provavelmente lhe daria pesadelos.

— Me importo, realmente, no entanto assistir a filmes ajuda


a aliviar a dor. — ela murmurou distraidamente enquanto
percorria as opções de filmes de terror na Amazon, apenas para
acabar virando a cabeça e encarar o homem que arrancou o
controle remoto da sua mão.

— Eu exijo um recomeço. — exigiu Devin, fazendo-a franzir a


testa quando ele jogou o controle remoto de lado.

— Do que você está falando? — Charlie perguntou, incapaz


de evitar, notou o quão bom ele se sentia quando ela mudou para
ficar mais confortável.

— Quero outra chance de consertar isso. — falou ele,


empurrando uma mecha solta do cabelo para trás da orelha.

— Você me perdoou. — afirmou ela, franzindo a testa para o


homem incrivelmente bonito que não conseguia parar de pensar o
dia inteiro.
— Nosso primeiro encontro. — ele declarou suavemente
enquanto passava o braço em volta dela.

— O que tem?

— Eu quero repetir.

— Já passamos para o segundo encontro? — Charlie apontou.

— Nós passamos? — ele perguntou, parecendo adoravelmente


confuso.

— Sim.

— Quando?

— Há cinco minutos. — Charlie explicou com um triste aceno


de cabeça e murmurou — Eu realmente precisarei que você
continue aqui.

— Não é cedo demais para um segundo encontro?

— Nunca é cedo demais para um segundo encontro. —


instruiu ela, apenas para perguntar — Quanto tempo faz desde
que você saiu com alguém?

— Um pouco mais de sete anos. — Devin admitiu, com um


sorriso triste.

— Isso explica tudo. — ela suspirou com uma careta de


simpatia.

— Isso explica o que?


Suspirando tristemente, ela falou:

— As coisas mudaram.

— Elas mudaram? — murmurou enquanto passava as mãos


pelas costas dela.

— Elas realmente mudaram. — ela prometeu-lhe.

— Então eu acho que você terá que me ensinar. — pediu


Devin enquanto suas mãos serpenteavam sob a blusa dela e
corriam pelas costas dela.

— Suponho que eu poderia fazer isso. — ponderou Charlie,


colocando as mãos no apoio de braço para que ela estivesse
inclinada sobre ele.

— O que devo fazer agora? — ele perguntou, olhando para ela


quando a outra mão encontrou seu caminho sob a blusa dela.

— Você deveria me beijar.

— É isso que eu devo fazer? — ele murmurou enquanto seu


olhar se movia para a boca dela.

— De acordo com as novas regras. — afirmou ela, inclinando-


se para mais perto, enquanto o cobertor deslizava pelas costas
para a cintura.

— E não queremos ignorar as novas regras. — falou Devin,


enquanto levantava as mãos para poder puxá-la para mais perto.
— Nós realmente não queremos. — sussurrou enquanto seus
lábios roçavam os dele.

Ele demorou a beijá-la, roçando os lábios nos dela enquanto


suas mãos continuavam correndo pelas costas dela, incentivando-
a a se aproximar ainda mais, isso era o que ela estava pensando o
dia inteiro. Foi a maneira que ele a fez sentir quando ela estava em
seus braços que a fez lutar para se concentrar. Quando deveria
estar prestando atenção e tentando descobrir como colocaria
Dabbi em funcionamento dentro de um ano, pensara em Devin.
Pensou sobre o quanto sentia sua falta, o quanto gostava do jeito
que a tocava, o jeito que ele a beijava e o quanto ela queria estar
de volta em seus braços.

Esse foi o problema.

Ela amava seu trabalho e poderia trabalhar alegremente para


a Bradford Creations pelo resto de sua vida, contudo queria mais.
Queria outro desafio. Quando Devin a contratou, a Bradford
Creations estava ganhando atenção através do site de seu tio,
entretanto era isso. A página do Facebook havia sido criada um
ano antes e abandonada quase imediatamente. O site não passava
de um aviso de que estava em construção e que havia sido
praticamente isso.

Naquele momento, a Bradford Creations confiava muito no


boca-a-boca pela cidade e com os clientes da Bradford Furniture.
Ele tinha sido capaz de vender móveis suficientes para pagar as
contas e contratar alguns funcionários de meio período, no entanto
era isso. Na noite anterior à entrevista, ela havia pesquisado,
analisado a competição, conferido as resenhas da Bradford
Creations on-line e feito um plano. Ficou acordada a noite toda
criando um plano de marketing, animada para ver se conseguia
executá-lo e, quando ele lhe disse que o trabalho era dela, ela
começou a trabalhar.

Levou um ano para realmente estabelecer a Bradford


Creations, mas valeu a pena e agora...

Agora ela queria fazer de novo.

Adorava a empolgação resultante da construção de algo do


nada e o desafio de tornar outra empresa viral. Ela queria fazer
mais e o problema era que realmente não havia muito mais que
poderia fazer pela Bradford Creations. Tudo o que era necessário
agora era manter-se relevante, publicar fotos atraentes, criar
produtos irresistíveis, fornecer novos conteúdos para o blog e
continuar interagindo com os seguidores da Bradford Creations.

Ela precisava de mais, porém ...

Também precisava disto, Charlie pensou, percebendo que ela


teria que descobrir uma maneira de fazer isso funcionar.
Definitivamente terá que descobrir uma maneira de fazer isso
funcionar, ela decidiu enquanto se acomodava mais
confortavelmente em cima dele, apenas para gemer quando o
movimento fez com que a grande protuberância entre as pernas
dele esfregasse contra ela.
— Quão lento você quer ir? — Devin sussurrou contra seus
lábios quando as mãos dele deslizaram lentamente pelas costas e
por cima dela.

— Não mencionei que gosto de ser adorada? — ela sussurrou


de volta enquanto deslizava para trás, esfregando contra a
protuberância que parecia tão boa.

— Eu acredito que isso foi mencionado. — Devin murmurou


enquanto suas mãos gentilmente a seguravam pelo traseiro e a
encorajaram a continuar se movendo. — Está tudo bem?

— Mais do que tudo bem. — Charlie garantiu, gemendo


baixinho enquanto se demorava a se mover sobre ele, saboreando
cada centímetro duro pressionado contra ela.

— Por que não levamos isso para o seu quarto? — Devin


perguntou, já se movendo para se sentar.

— Você me carregará? — ela perguntou, amando o jeito que


seus lábios se contraíram nos dela quando a abraçou.

— Eu tenho uma escolha? — ele perguntou enquanto se


levantava lentamente, dando-lhe a chance de envolver as pernas
em volta dele.

— Você tem? — ela perguntou quando encontrou os olhos se


fechando quando sua cabeça caiu num gemido quando ele
pressionou um beijo em sua garganta.

— Não. — Devin gemeu, realmente não parecendo tão


chateado com isso quando uma de suas mãos encontrou seu
traseiro novamente e deu outro aperto enquanto a puxava com
força contra ele, para que ela pudesse sentir o quanto a queria.

Quando a levou para o quarto, ela esperava que ele a deitasse


na cama. Em vez disso, ele a abraçou mais forte, enquanto beijava
seu caminho de volta até a boca dela, e a mão na bunda dela
deslizava entre as suas pernas.

— Oh, Deus. — Charlie choramingou num gemido quando


sentiu os dedos dele se moverem sobre ela.

— Você não tem ideia de quantas vezes eu imaginei tocá-la.


— lhe contou Devin num gemido antes de tomar sua boca num
beijo que ficou faminto assim que seus lábios se tocaram.

Esse beijo foi diferente. Isso a fez mudar nos braços dele,
lutando para aproximar-se dele, precisando se aproximar. O nome
dele foi arrancado dos lábios dela num apelo desesperado,
enquanto ele pressionava com mais força até que seus dedos
deslizavam entre a fenda dela, pressionando o algodão macio
contra o clitóris enquanto se sentia molhada.

— É isso mesmo. — incentivou Devin, aprovando, gemendo


contra a boca dela enquanto seus dedos se moviam sobre o
material fino e úmido, forçando-a a interromper o beijo para que
ela pudesse enterrar o rosto no pescoço dele, ofegante enquanto
passava os dedos sobre ela. Fazendo-a se contorcer quando seus
dedos cravaram em seus ombros até que ela não conseguisse mais
lutar.
— Devin, por favor. — Charlie gemeu contra seu pescoço
quando o sentiu se mover, levando-a ainda mais para o quarto
enquanto a tensão lentamente começava a crescer dentro dela.

Antes que ela pudesse se perguntar o que ele estava fazendo,


viu-se montada em seu colo na cadeira enorme que ele mantinha
aqui. Assim que seus joelhos tocaram o assento de couro macio,
ela estava se movendo sobre ele. Não tinha certeza se era porque
ele a agarrou pelo traseiro e a estava encorajando a se mover e ela
não se importava, não quando era tão bom.

Deus, ela nunca tinha estado tão excitada antes, Charlie


pensou enquanto pressionava um beijo no pescoço dele antes de
se recostar apenas para gemer quando Devin tomou a boca num
beijo duro que a envolveu com os braços em volta dele. Segurando-
o, continuou a mover-se, girando os quadris para frente e para
trás, deslizando sobre a crista dura de sua ereção, enquanto
pressionava firmemente contra ela.

Não tinha percebido o quanto tinha sentido falta de sexo até


aquele momento. Realmente tinha sido desde a faculdade? Charlie
distraidamente se perguntou num gemido quando sentiu as mãos
de Devin deslizarem pelas costas de sua calcinha e apertou sua
bunda. Provavelmente, ela pensou enquanto Devin a usava para
segurá-la contra ele. Ela namorou ao longo dos anos, porém nunca
foi tentada por mais.

Com Devin…
Charlie tinha um mau pressentimento de que ela nunca seria
capaz de obter o suficiente dele. O queria. Deus, ela o queria. Ele
era incrivelmente sexy, gentil, doce e muito divertido de
atormentar, pensou, apenas para choramingar quando ele chupou
sua língua num movimento que a fez pressionar mais forte contra
ele, desesperada por mais.

Eles tinham que levar isso devagar, Charlie lembrou a si


mesma, repetindo-o várias vezes em sua mente para impedir-se de
implorar por mais. Deus, ela estava tentada. Mais do que tentado
a implorar para que ele a dobrasse e ...

Encontrou-se gemendo o nome dele quando o próximo


movimento de seus quadris fez com que a ereção dura empurrasse
entre seus lábios, fazendo com que seu clitóris esfregasse contra
ele com cada movimento de seus quadris, apenas para ofegar com
cada movimento quando o roçar a provocava, deixando-a se
sentindo vazia e desesperada por mais. Os gemidos incrivelmente
sexys que ele estava fazendo quando ela fez isso não estavam
ajudando.

Isso a estava deixando desesperada por mais, a fez rolar os


quadris com mais força, mais rápido até ...

— Oh Deus! — gemeu quando sua cabeça caiu para trás


quando Devin a apertou mais quando ela abriu as pernas.

— Porra! — Devin gemeu, enterrando o rosto no pescoço dela


quando ele ergueu os quadris, moendo contra ela quando a tensão
finalmente explodiu, enviando onda após onda de prazer por todo
o corpo, forçando-a a morder o lábio para não gritar seu nome
como Devin gemeu o dela.
Ele provavelmente deveria estar envergonhado por ter gozado
nas calças como uma criança. Deus, a maneira como ela se moveu
sobre si...

Ele queria mais.

Seu pênis estremeceu em antecipação quando pensou sobre


a sensação de tê-la se esfregando contra ele, moendo nele
enquanto ela soltava os pequenos gemidos mais sexys que já
ouvira. Quando ela suspirou o nome dele, Devin se perdeu. Ele
gozou mais forte do que em anos e foi tudo por causa da mulher
adorável enrolada, dormindo profundamente em sua cama.

Ela era tão linda, Devin pensou enquanto se sentava na cama


ao lado dela. Ele pretendia descer mais cedo, mas depois da noite
passada e passando o dia todo com as crianças, realmente
precisava fazer algum trabalho. Ele havia sido contratado para
projetar uma estante de livros de grande escala destinada a um
arquiteto na Alemanha que precisava terminar. Ele mal teve a
chance de dizer às crianças que não podia assistir a um filme com
elas esta tarde, quando Charlie estava lhe dizendo para não se
preocupar com isso.

Decidindo que ele a compensaria mais tarde, Devin subiu as


escadas para seu escritório e passou as oito horas seguintes
tentando descobrir a melhor maneira de criar uma passagem
secreta que levaria a um recanto de leitura numa mansão do
século XVIII, que se misturava com a arquitetura, sem revelar
nada. Não foi o primeiro design que ele foi contratado para criar ao
longo dos anos, todavia foi definitivamente um dos mais
desafiadores.

Antes que percebesse, já passava da meia-noite e se deu


conta de que havia trabalhado durante o jantar e a hora de dormir
das crianças. Terminou de salvar seu trabalho e foi checar as
crianças para encontrá-las na cama, dormindo profundamente.
Uma rápida parada na cozinha fez com que ele soubesse que
Charlie o havia guardado do jantar antes de ir para o apartamento
dela, esperando que ela ainda estivesse acordada e, quando
chegou lá, havia a encontrado enrolada com o iPad, dormindo
profundamente.

Por mais que a quisesse, e Deus, ele a queria, ele deveria


deixá-la dormir, Devin decidiu enquanto se inclinava e beijava sua
bochecha. Definitivamente, deixe-a dormir, pensou, resignando-se
a um banho frio enquanto se movia para ficar em pé apenas para
sentir seus lábios tremerem enquanto observava a pequena mão
dela agarrando sua camisa.

— Você está aqui para me adorar? — veio a pergunta


sonolenta que o fez sorrir enquanto ela usava a camisa dele para
puxá-lo para mais perto.

— Você quer isso? — Devin perguntou, obedientemente


inclinando-se para roçar seus lábios nos dela.
— Sempre. — Charlie murmurou, estendendo a mão para
segurar seu queixo enquanto ela roçava os lábios contra os dele.

— Eu quero fazer isso certo desta vez. — ele falou, roçando os


lábios nos dela uma última vez antes de se afastar.

— O que você tinha em mente? — ela perguntou enquanto


soltava a camisa dele para alcançar e passar as pontas dos dedos
sobre o queixo dele.

— Pensei em pegar aquela garrafa de vinho que ainda tenho


na geladeira, pegar um cobertor, sair e colocar a fogueira em bom
uso. O que você acha? — Devin perguntou, virando a cabeça para
poder dar um beijo na palma da mão dela.

— Suponho que poderíamos fazer isso. — ponderou Charlie,


sorrindo enquanto se sentava para poder beijá-lo.

— Só preciso checar os gêmeos primeiro para ter certeza de


que eles ainda estão dormindo e volto em alguns minutos. —
informou Devin, beijando-a uma última vez, enquanto se movia
para se levantar apenas para fazer uma pausa e para adicionar —
Não vá a lugar nenhum.

— Acho que posso lidar com isso. — declarou ela, assentindo


solenemente.

— Me dê cinco minutos. — pediu Devin, dando-lhe um último


beijo antes de ir para a porta e rapidamente subir as escadas.

Enquanto entrava no quarto de Abbi, ele tentou se lembrar se


tinha alguma taça de vinho e se perguntou se Charlie tinha alguma
coisa quando percebeu que a coisa mais próxima que ele tinha de
taças de vinho eram as xícaras de princesas Disney de Abbi. Ele
deveria pegar um pouco, decidiu Devin enquanto caminhava para
o quarto de seu filho. Depois de se certificar de que seus filhos
estavam dormindo, ele entrou silenciosamente no corredor e se
perguntou por que a porta do quarto estava aberta.

Curioso, Devin entrou em seu quarto. Quando ele avistou a


luz do banheiro, ele fechou cuidadosamente a porta do quarto e
entrou no banheiro quando Charlie terminava de enrolar uma
toalha em volta de si mesma.

— Pensei que você fosse me esperar. — falou Devin enquanto


fechava a porta do banheiro atrás dele.

— Eu ia, entretanto pensei que seria mais fácil para você. —


supôs Charlie, dando um sorriso para ele quando ela entrou dentro
do chuveiro e ligou.

— É muito atencioso da sua parte. — murmurou, expirando


lentamente enquanto observava a bela mulher diante dele.

— Eu tento o meu melhor. — Charlie murmurou enquanto


ajustava a temperatura e ele ficava lá, observando-a enquanto não
podia deixar de se perguntar se ele já esteve tão nervoso antes.

— Então, eu estava pensando. — ela começou enquanto


secava as mãos na toalha pendurada no chuveiro.

— A respeito? — ele perguntou distraidamente enquanto a


observava.
— Quero tentar algo diferente com o site e o Facebook, estava
pensando em adicionar algumas fotos suas com as crianças para
dar um toque mais pessoal. — explicou ela, voltando a atenção
para o chuveiro.

— Faça o que quiser. — ele consentiu, expirando lentamente


enquanto a observava pegar sua garrafa de sabonete corporal e
examiná-la.

— Você tem certeza? — Charlie perguntou, enviando-lhe um


olhar interrogativo por cima do ombro.

— Sim. — confirmou ele, reconhecidamente distraído quando


passava os olhos por ela, observando todos os detalhes dos cabelos
castanhos escuros encaracolados presos num coque bagunçado,
até o pescoço esbelto, os ombros e...

— Você se juntará a mim? — Charlie perguntou quando


estendeu a mão e puxou a toalha, largando-a no chão enquanto
ele ficava ali tentando entender o que ela havia dito e uma vez que
ele fez.

— Merda! — falou, lutando para soltar o cinto, mas suas mãos


não cooperavam.

— Aqui. — Charlie falou suavemente, gentilmente afastando


as mãos para que ela pudesse soltar o cinto dele.

Quando foi assumir, ela balançou a cabeça enquanto


desabotoava as calças dele. Abaixou o zíper lentamente enquanto
ele a observava. Ela era tão linda, Devin pensou enquanto pegava
a camisa dele. Mantendo os olhos fixos nos dele, ela desabotoou a
camisa dele até o último botão ser liberado.

Devin soltou um suspiro trêmulo quando sentiu as mãos


pequenas deslizarem sobre o peito apenas para gemer quando ela
se inclinou para frente e pressionou um beijo no peito dele.

— Sete anos, hein? — ela provocou, lançando lhe um sorriso


provocador enquanto tirava a camisa dele.

— Eu só me preocupo com os últimos cinco. — afirmou Devin,


colocando o rosto em suas mãos enquanto se inclinava e roçava os
lábios nos dela.

Quando sentiu as mãos pequenas dela abaixarem as calças,


Devin gemeu quando tirou os sapatos apenas para gemer quando
ela passou uma mãozinha levemente sobre seu pênis, provocando-
o através da cueca. Enquanto demorava a tirá-la dele, ele se
abaixou, tomando cuidado para não a atrapalhar e terminou de
tirar as calças. Antes das calças dele caírem no chão, ela estava
empurrando a cueca para baixo e envolvendo uma pequena mão
em torno de seu pênis.

O primeiro golpe o fez gemer, o segundo o fez tropeçar atrás


dela enquanto ela a usava para levá-lo ao chuveiro, e o terceiro ...
o terceiro o fazia perder a cabeça enquanto a abraçava para poder
correr, ele passou as mãos pelas costas dela e por aquela bunda
generosa com a qual ficou obcecado ao longo dos anos.

Ela se sentiu tão bem, Devin pensou enquanto ele dava um


aperto na bunda dela enquanto ela continuava a trabalhar com a
mão em seu pênis, dando um aperto na base antes de deslizar a
mão para passar a palma da mão sobre a cabeça sensível,
arrancando um gemido dele antes de fazer novamente.

— Posso te perguntar uma coisa? — perguntou, usando a


frase familiar que fazia seus lábios tremerem.

— Eu tenho uma escolha? — perguntou, dando um último


aperto na bunda dela antes de puxar a mão para trás, para que
ele pudesse envolver a mão em torno do peito grande com um
mamilo rosa suave e apertá-lo com os dois gemendo.

— Talvez…

— O que você quer saber, pirralha? — perguntou, tentando


decidir o que era melhor em suas mãos, a bunda dela ou os seios,
apenas para decidir que ele deveria verificar a terceira opção antes
de tomar uma decisão.

Definitivamente isso Devin decidiu gemer enquanto deslizava


a mão entre as pernas dela e...

— Você esqueceu... de desligar a televisão?


— Oh, meu Deus, ficaria tão bem na cozinha. — Charlie
sussurrou enquanto olhava para a porta do banheiro fechada, se
perguntando se a área ainda estava limpa.

Talvez ela devesse verificar? Charlie pensou enquanto ficava


sentada, olhando para a porta por mais um minuto antes de
relutantemente colocar a revista que já havia lido três vezes no
chão ao lado da banheira, apenas para pegá-la novamente e
colocar na página uma marca, desde que se sentia que Devin
deveria construir para ela um novo carrinho de cozinha para
compensar isso. Não que ela estivesse realmente brava com ele,
porque não estava. Não, o que ela queria era um carrinho de
cozinha novo para manter as tigelas e os itens de panificação ao
alcance, para facilitar as crianças ajudá-la a cozinhar.

O mais silenciosamente que pôde, Charlie lentamente saiu da


banheira e caminhou na ponta dos pés até a porta do banheiro,
estremecendo e se encolhendo cada centímetro até ficar em pé na
frente da porta, ouvindo qualquer sinal de vida vindo do outro lado.
Quando eles perceberam que tinham companhia, Devin
murmurou:

— Eu já volto.
Vestiu suas roupas e desapareceu enquanto ela terminava de
se vestir debatendo suas opções apenas para perceber que
realmente não sabia, não tinha nenhuma.

Por um tempo, ela ficou lá, olhando para a porta, esperando


que ele voltasse e lhe dissesse que a barra estava limpa, só para
acabar testando vários pontos no banheiro, procurando o lugar
mais confortável para esperar. Isso terminou com a busca de algo
para combater o tédio, quando ficou óbvio que ele não voltaria.

Quando não ouviu nada, Charlie lentamente, muito


lentamente, abriu a porta do banheiro e espiou pela porta para
encontrar os três Bradford desmaiados na cama. Pesos leves, ela
pensou, balançando a cabeça em desgosto enquanto ela
rapidamente, entretanto, silenciosamente, caminhava até a porta
do quarto e uma vez que estava lá ...

Ela correu.

Estava lá embaixo e em seu apartamento menos de um


minuto depois. Decidindo encerrar a noite, ela foi ao banheiro e se
preparou para dormir pela segunda vez naquela noite antes de
desligar as luzes e se arrastar para a cama, agradecida por poder
dormir hoje. Assim que sua cabeça bateu no travesseiro, ela fechou
os olhos, puxou os cobertores até os ombros e se perguntou se
deveria se preocupar com o fato de alguém estar se arrastando
para dentro da cama dela.
Provavelmente, Charlie pensou ao sentir aquele grande braço
envolvendo-a e puxando-a de volta contra o homem com quem não
estava mais falando.

— Sinto muito — veio o pedido de desculpas que a fez olhar


para a parede. — Você está brava?

Devin fez a pergunta para a qual ele já deveria saber a


resposta, então ela cruzou os braços sobre o peito e continuou
olhando para a frente.

Houve um suspiro pesado e então ...

— Eu não acho que seja uma boa ideia para eles descobrirem
sobre nós ainda, Charlie.

— Não estou brava com isso. — ela afirmou com um bufo de


descrença.

Houve uma pausa e depois...

— É sobre os lanches? — Devin perguntou e ela jurou que


realmente podia sentir o estremecimento dele no escuro.

— Você está certo, eu estou chateada com os lanches. — ela


retrucou, decidindo que isso não contava como falar com ele.

— Eu posso explicar. — ele se apressou em dizer, mas era


tarde demais e os dois sabiam disso.
— Você fez vaca preta e s'mores e não achou que deveria
esconder um pouco para mim? — Charlie exigiu com o olhar
furioso.

— Charlie, eu...

— Não. Apenas não. — ela mandou com uma fungada,


enquanto fazia uma anotação mental para correr para a loja de
manhã e pegar coisas para vaca preta e s'mores.

— Baby, eu realmente tentei. — Devin assegurou enquanto o


braço em volta dela a puxava de costas.

— Não, você não tentou. — retrucou ela, desviando o olhar


enquanto ele colocava a mão na barriga dela.

— E se eu prometesse compensar você? — ele sugeriu num


sussurro incrivelmente sexy que a fez lamber os lábios.

— Não estou falando com você. — impôs Charlie, garantindo


que ele entendesse exatamente o quão brava ela estava.

— Entendo. — murmurou quando a mão em seu estômago


começou a ir para o sul, parando apenas tempo o suficiente para
deslizar por baixo da calcinha enquanto ela abria as pernas para
facilitar as coisas para ele. — E faria você se sentir melhor se eu
dissesse que me matou deixar você assim? — Devin perguntou
gemendo enquanto a segurava.

— Quero dizer, provavelmente não faria mal. — Charlie


admitiu apenas ofegar quando sentiu os dedos dele deslizar por
sua fenda e roçarem contra seu clitóris.
— Depois de finalmente saber o quão suave sua boceta era e
o quão bom era na minha mão. — declarou ele num gemido antes
de acrescentar — Tive que sair quando tudo que eu queria fazer
era descobrir como era bom deslizar para dentro você. Isso quase
me matou.

Lambendo os lábios, Charlie lutou para não gemer quando


suas palavras a rolaram. Eles deviam levar isso devagar, tomando
o tempo para se certificar de que isso não era um erro, porém,
quando a boca dele encontrou o pescoço dela e os dedos
continuam se movendo, provocando-a, ela se viu perguntando:

— Você ainda quer descobrir?

Em vez de responder, ela sentiu que ele se mexia para que


estivesse ajoelhado ao seu lado enquanto soltava a mão. Segundos
depois, sentiu os dedos dele agarrarem sua calcinha e os puxou
para baixo enquanto ela se deitava ali, lambendo os lábios
enquanto levantava os quadris para facilitar as coisas para ele.
Depois que a calcinha se foi, Charlie sentou-se rapidamente para
que pudesse tirar a blusa e, uma vez que a tirou, a jogou para o
lado e deitou-se no mesmo instante em que Devin se movia para
se acomodar entre as pernas.

Ela nunca se sentiu tão desesperada antes, nunca precisou


tanto de um homem, nunca se sentiu tão vazia e pensou que iria
gritar se tivesse que esperar mais um segundo. Antes que ele
terminasse de se estabelecer entre as pernas dela, ela estava
abaixando e empurrando a cueca para baixo, indiferente ao fato
de nunca ter feito algo assim antes.
— Oh, porra! — Devin gemeu quando se sentiu começar a
empurrar dentro dela.

A respiração dela ficou presa quando sentiu a ponta deslizar


para dentro, lembrando-a que fazia muito tempo desde que ela
fizera sexo. Ele era maior do que estava acostumada e tão grosso
que ela começou a se preocupar que não iria se encaixar. Pouco
antes de se tornar demais, Devin se afastou quando sua boca
encontrou a dela.

Enquanto ele trabalhava lentamente a ponta dentro dela,


deslizando um pouco mais a cada vez que movia a boca sobre a
dela, roçando os lábios nos dela um segundo apenas para deslizar
a língua contra a dela no próximo, deixando-a louca até que não
fosse suficiente e se viu abrindo mais as pernas, desesperada por
mais. Com um gemido, ele deu a ela, deslizando seu pênis o resto
do caminho dentro dela até que ela sentia suas bolas pressionadas
contra seu traseiro.

Ele estava se mexendo.

Ele revirou os quadris, triturando dentro dela para se


acostumar com o tamanho dele, provocando-a quando a tensão
começou a aumentar, a pressão baixa em seu estômago.

— Tão bom pra caralho. — Devin rosnou quando começou a


se afastar mais para poder empurrar para dentro dela lentamente,
saboreando o movimento com um gemido. Sua respiração ficou
presa a cada impulso apenas para escapar dela num gemido
quando ele se afastou e seus quadris se arquearam, desesperados
por mais.

Era tão bom, Charlie pensou enquanto passava as mãos


sobre ele, apreciando o jogo de músculos trabalhando em suas
costas enquanto ele a fodia lentamente, os sons da cama rangendo
a cada impulso enchendo a grande sala junto com os sons de seus
gemidos. A tensão continuou a aumentar até que era demais.

— Charlie. — Devin gemeu quando se moveu mais rápido,


com mais força, até que ela não aguentou mais.

Envolvendo os braços em volta dele, ela enterrou o rosto no


pescoço dele e mordeu o lábio para não gemer seu nome, quando
ele revirou os quadris uma última vez com um gemido.

— Deus, eu te amo, porra. — enquanto ela estava lá, tentada


a dizer de volta, mas...

Não estava pronta para dizer isso, ainda não.


— Eu não posso fazer isso, papai. Eu simplesmente não
posso. — Abbi sussurrou com um triste gesto com a cabeça
enquanto olhava para baixo com uma fungada quase inexistente
enquanto passava os braços pequenos em volta da mochila.

— Por quê? — Devin perguntou, reprimindo um bocejo


quando estendeu a mão e desafivelou Dustin.

Deus, ele estava tão exausto, pensou, incapaz de deixar de


sorrir ao pensar na razão pela qual mal conseguiu mais do que
algumas horas de sono nos últimos dois dias.

Charlie.

Não conseguiu se cansar dela e, graças a Deus, ela não


parecia se importar. Ele viveu várias de suas fantasias nos últimos
dias e algumas que tinha vergonha de nunca ter pensado antes.

Ele não podia esperar até que pudesse puxá-la de volta em


seus braços, só que não poderia fazê-lo porque tinha outras coisas
para cuidar. Durante o dia, ele se concentrava em seus filhos e no
trabalho e, à noite, podia concentrar toda sua atenção fazendo
todas essas coisas com Charlie das quais ele parecia não conseguir
se cansar.
— É contra a minha religião. — falou a pequena espertinha,
lembrando que era hora de se concentrar em seus filhos, os
mesmos que tiveram o professor enviando-lhe um e-mail na noite
passada, pedindo que ele chegasse mais cedo para outra reunião.

— É contra a sua religião ter uma reunião com seu professor?


— ele perguntou, entregando a mochila a Dustin quando saiu do
carro.

— Receio que sim, papai. — afirmou Abbi com um suspiro


sincero e um triste aceno de cabeça.

— Entendo. — Devin murmurou enquanto fechava a porta de


Dustin e contornava o carro, encontrando sua filha freneticamente
tentando trancá-la. Isso era triste pra caralho, Devin pensou
enquanto tirava as chaves do bolso e apertava o botão de
desbloqueio quando estendeu a mão e abriu a porta.

— Você quer me dizer o que teme que sua professora me diga?


— Devin perguntou quando ele soltou o cinto de segurança e a
agarrou antes que ela pudesse mergulhar no banco da frente.

— E se ela não os mencionar? Então eu estaria fofocando


comigo mesma e você me disse que fofoca é errado. — Abbi
murmurou tristemente, fazendo-o conter um sorriso enquanto a
jogava por cima do ombro. Deus, ela era um punhado, Devin
pensava enquanto pegava sua mochila, fechava a porta e seguia
para a escola com Dustin ao seu lado.

— Então você definitivamente deveria me dizer. — implicou a


ela enquanto se dirigiam para a porta da frente.
— Isso parece errado, papai. — expôs Abbi, quando Devin
voltou sua atenção para Dustin.

— Você está quieto esta manhã. Está tudo bem?

Dustin encolheu os ombros, estendeu a mão e apertou a


campainha. Antes que ele pudesse perguntar ao filho o que havia
de errado, a porta estava se abrindo e a diretora estava lá, levando-
os para dentro.

— Bom dia, Sr. Bradford, como vai? — cumprimentou com


um sorriso caloroso enquanto eles caminhavam para dentro.

— Estamos bem. — respondeu Devin, embora não estivesse


tão certo sobre Dustin no momento.

— Por que não vamos conversar no meu escritório? — A


senhora Haskins falou antes de voltar sua atenção para Dustin. —
Dustin, por que você e sua irmã não vão lá para cima e vê se você
pode ajudar sua professora a se preparar para o trabalho da
manhã?

— Preferimos ficar com o papai. — Abbi anunciou, enquanto


Devin a colocava de pé.

— E prefiro descobrir por que sua diretora precisa falar


comigo. — explicou, entregando a mochila de Abbi a ela.

— Eu também, papai. — afirmou Abbi, assentindo


solenemente. — Eu também.

Estreitando os olhos para sua filhinha, ele mandou:


— Vá.

— Tudo bem. — Abbi suspirou profundamente quando


estendeu a mão e pegou a mão do irmão e começou a ir em direção
à sala de aula.

— Por aqui. — chamou a sra. Haskins, gesticulando para que


ele a seguisse.

— O que meus filhos fizeram agora? — perguntou, jogando-


lhe um estremecimento compreensivo que fez seus lábios
tremerem.

— Muitas coisas, Sr. Bradford. — respondeu ela, sorrindo


enquanto entravam em seu escritório. — No entanto eu realmente
liguei para você por um motivo diferente.

— Por quê? — Devin perguntou enquanto se sentava.

— Bem, não sei se você se lembra, porém no começo de


outubro sugerimos que Dustin fosse testado para que
soubéssemos quais eram seus pontos fortes e fracos, para que
tivéssemos uma ideia melhor de como poderíamos ajudá-lo. — ela
começou.

Devin ficou sentado, tentando se preparar para o que estava


por vir.

Dustin sempre foi quieto, mesmo quando bebê. Enquanto


Abbi chorava muito e por tudo, seu filho ... não. Ele simplesmente
sorria, contente em apreciar sua mamadeira ou assistir Devin
enquanto trabalhava. Naquele momento, Devin ficou aliviado por
seu filho ser calmo. Porém, quando Dustin ficou mais velho, Devin
começou a se preocupar. Ele era mais reservado que sua irmã,
podia sentar-se alegremente por horas brincando sozinho e não
parecia interessado em brincar com crianças da sua idade.

— Antes de chegarmos aos resultados, estou curiosa sobre


alguma coisa. Dustin passa muito tempo com seus primos,
Sebastian e Jonathan? — a senhora Haskins perguntou, fazendo
Devin estremecer porque ele ouvira falar sobre o inferno que os
gêmeos haviam criado quando eles estudaram nessa escola.

Pigarreando, Devin falou:

— Somos uma família próxima.

Assentindo, ela murmurou:

— Isso faz sentido.

— O que faz sentido? — Devin se viu perguntando enquanto


a observava puxar uma pilha de papel.

— Você sabia que seu filho tem planos para dominar o


mundo? — a senhora Haskins perguntou, limpando a garganta
enquanto visivelmente lutava para não sorrir enquanto entregava
o que ele agora percebia ser uma coleção de papéis que foram
grampeados para criar um livro.

— Entendo. — murmurou Devin, sem ter muita certeza de


como deveria responder ao abrir a primeira página e ver os
desenhos surpreendentemente limpos e bem organizados,
retratando os planos de seu filho de dominar o mundo.
— Ele planeja instalá-lo numa mansão numa ilha tropical. —
contou ela, fazendo seus lábios se abrirem num sorriso satisfeito
antes de acrescentar. — Porque ele não acha que você será capaz
de lidar com a pressão que vem com a administração do mundo,
fazendo-o encarar. Ele acha que seria melhor para todos os
envolvidos se você não estivesse envolvido nas coisas. — falou,
parecendo realmente divertida enquanto Devin estava sentado lá
... fervendo.

— Quais foram os resultados dos testes? — Devin perguntou


uniformemente enquanto jogava o livreto de volta na mesa dela,
recusando-se a perder mais um minuto conversando sobre os
planos de domínio do mundo de seu filho, uma vez que estavam
claramente com defeito.

Rindo, ela pegou um pedaço de papel da mesa e o entregou.

— Então, normalmente, teríamos uma reunião de grupo para


discutir esses resultados e ainda podemos fazer isso, se você
quiser. Apenas senti que era importante nos encontrarmos mais
cedo ou mais tarde, para que possamos discutir opções. Na
verdade, temos algumas, seu filho teve uma pontuação muito alta.
— informou ela, apontando para um número no topo da página. —
Esse é o QI dele.

— Cento e trinta e dois? — perguntou, enviando-lhe um olhar


interrogativo.

— Acredito que teria sido realmente maior se Dustin não


estivesse entediado com o teste e decidisse aproveitar a
oportunidade para discutir as seleções limitadas de almoço na
lanchonete. — explicou ela, fazendo os lábios dele tremerem. — O
teste é cronometrado. Na verdade, eu ficaria curiosa para ver como
ele se sai daqui a alguns anos, quando conseguir se concentrar
melhor.

— O que isso significa para ele? — Devin perguntou enquanto


estava sentado lá, tentando processar tudo.

Veio aqui esperando um problema, todavia eles estavam


discutindo o QI de seu filho e os planos para dominar o mundo, os
quais eles discutiam porque os dois sabiam que ele seria um ativo
maravilhoso.

— A preocupação era a leitura dele, contudo o professor me


disse que ele fez uma grande melhoria desde outubro, então, o que
quer que você esteja fazendo, continue fazendo. Ele está
alcançando rapidamente a sala, fazendo o trabalho de classe e,
pelo que o professor me diz, na maioria dos dias ele termina o
trabalho mais cedo e gosta de ler. Gostaríamos de vê-lo socializar
com mais crianças da sua idade, mas acho que isso não
acontecerá. — contou ela com um encolher de ombros
desamparado.

Ao seu olhar interrogativo, ela falou:

— Elas o incomodam.

— Claro que sim. — concordou Devin, esfregando as mãos


com força no rosto.
— Se ele puder continuar progredindo e estiver disposto a
trabalhar conosco durante o verão, temos algumas opções que
gostaríamos de discutir no próximo ano. Estamos debatendo que
ele pule uma série ou se inscreva em nosso programa de talentos,
possivelmente os dois.

— E Abbi? — perguntou, expirando lentamente enquanto


tentava descobrir como eles estavam indo.

— Estará encarregada das forças armadas. — explicou


Haskins com um olhar aguçado sobre os planos de seu filho para
dominar o mundo.

— Ele colocou sua irmã no comando das forças armadas? —


questionou.

— Mmmhmmm, e seus avós encarregados do tesouro. —


contou ela, claramente divertida às custas dele.

— E ele mencionou alguém chamado Charlie? — perguntou,


porque tinha que saber.

— Sim, acredito que ele colocou Charlie numa mansão


também. — lhe informou a sra. Haskins, acalmando-o um pouco,
porque pelo menos ele não era o único que seu filho achava que
era incompetente. Eles teriam que dividir uma mansão para
economizar dinheiro, é claro, Devin pensou apenas para acabar
olhando mais uma vez quando acrescentou — Ele a deu a mansão
ao lado da dele para que ela pudesse administrar o departamento
de comunicações com conforto.
— Algo mais? — falou uniformemente.

— Seus filhos aterrorizam a professora? — ela acrescentou,


parecendo muito divertida.

— Eles aterrorizam todo mundo. — declarou Devin,


levantando-se, decidindo que suas emoções haviam sido tocadas o
suficiente por um dia e dirigindo-se para a porta, não antes de
acrescentar: — Eu teria sido um recurso inestimável!

— Ele me colocou no comando da educação. — ela lhe falou,


parecendo muito orgulhosa.

Com um último olhar, Devin saiu, decidindo que se vingaria


mais tarde comendo todos os lanches na sala de jogos, para que
seu filho ficasse com nada além de frutas.

— Que porra...? — murmurou enquanto olhava para o celular


e via a mensagem de texto que TJ lhe enviou mais cedo.

Charlie ligou disse que estava doente.

Merda!

Talvez ele não devesse tê-la acordado tão tarde, pensou Devin
enquanto entrava no carro e se dirigia ao trabalho.

Ele tinha que ir vê-la e se certificar de que ela estava bem.

Após uma rápida parada na padaria de Dixon e vinte minutos


atrás de um ônibus escolar, Devin entrou silenciosamente em seu
apartamento e suspirou. Ela estava deitada de bruços, dormindo.
Ele provavelmente deveria ir, pensou, movendo-se para fazer
exatamente isso quando ... a bunda dela acabou de mexer?

Balançando a cabeça, Devin tirou o celular do bolso para


avisar TJ que ele estava a caminho quando o movimento chamou
sua atenção de volta para a cama e encontrou o lençol na cintura
dela, revelando suas costas nuas.

Outro meneio.

Rindo, Devin excluiu sua mensagem e enviou uma nova,


informando a TJ que ele estava no comando hoje antes de jogar o
celular na cadeira, abaixou-se e tirou as botas enquanto se dirigia
para a cama, tirando a camisa e jogando-a de lado. Soltou o cinto,
desabotoou a calça e puxou o pênis quando ele se arrastou para a
cama atrás dela. Ele conseguiu acariciar seu pau duro uma vez
antes de Charlie voltar, colocando sua linda bunda no ar.

Rasgou um gemido dele quando ele deslizou para casa.


— Você quer ir ao Fire & Brimstone para almoçar? — Devin
perguntou quando abriu a porta dos fundos para ela.

— Não posso, tenho que trabalhar desde que alguém decidiu


ligar ontem e dizer que estava doente. — Charlie falou com um
triste aceno de cabeça.

— Alguém, hein? — Devin perguntou, rindo quando pegou a


mão dela e se dirigiu para o escritório.

— Senti que você precisaria se animar depois da reunião com


a professora dos gêmeos ontem. — explicou ela, decidindo não
mencionar que estava exausta, já que ele provavelmente descobriu
isso quando convencera as crianças de que a festa da sexta seria
divertida depois que eles chegaram da escola ontem.

— Foi muito atencioso da sua parte. — respondeu, parecendo


divertido.

— Eu sou uma namorada muito atenciosa. — murmurou


distraidamente quando um som chamou sua atenção para o
celular.

— Algo errado?
— Alguém tentou invadir a conta do Facebook novamente. —
informou Charlie, suspirando pesadamente, porque era a quarta,
não, a quinta vez numa semana.

— Alguma ideia de quem está fazendo isso? — Devin


perguntou quando outro som a alertou para o fato de que alguém
havia tentado invadir a conta do Twitter.

— Não, mas eles estão determinados. — ela revelou, anotando


alterações nas senhas, além de atualizar a segurança no site.

— Isso é algo que eu deveria me preocupar? — Devin


perguntou enquanto reprimia um gemido quando percebeu que
também teria que desbloquear a conta do Instagram.

— A menos que o hacker possa adivinhar corretamente minha


senha de vinte caracteres. — declarou Charlie, já decidindo que
era hora de alterar as informações de login, pois quem estava
tentando invadir sabia o e-mail de Bradford Creations.

Por enquanto, ela começaria a usar o e-mail Dabbi Digital


Marketing que havia configurado, pois tornaria mais difícil para
quem estava fazendo isso continuar mexendo nas contas, porque
estava sinceramente cansada de ficar bloqueada diariamente. Ela
também configura as contas com um login secundário no nome de
Devin, já que ele precisaria quando fosse a hora de sair, o que era
algo que ela estava tentando não pensar no momento.

— E se eu pegasse o almoço do Dixon? Você almoçaria comigo


então? — Devin perguntou enquanto deslizava o celular de volta
no bolso.
— Trouxe o almoço. — anunciou, dando uma sacudidela na
mochila apenas para franzir a testa quando percebeu que sua
bolsa estava supostamente leve esta manhã.

— Fiquei entediado esperando por você. — respondeu Devin,


encolhendo os ombros.

— Quando? — ela exigiu, tentando descobrir quando ele teve


a chance de comer o almoço que ela havia embalado esta manhã.

— Quando você correu de volta para dentro para pegar o seu


iPad. — ele replicou em meio a um bocejo, parecendo entediado
enquanto ela ficou parada, incapaz de parar de encará-lo
horrorizada.

— Eu entrei lá dentro por trinta segundos, só isso. — Charlie


apontou fracamente.

— Eu estava com fome. — afirmou Devin enquanto a


estreitava os olhos nele.

— É melhor haver rosquinhas de geleia com esse almoço. —


ameaçou ela, virando-se para entrar no escritório deles apenas
para se virar e dar um tapa de brincadeira no braço dele.

— E pare de roubar minha comida.

— Se eu não fizesse isso, você não almoçaria comigo. —


explicou Devin, puxando sua bolsa para que ele pudesse alcançá-
la e largá-la no chão do escritório.

— Você poderia almoçar comigo na minha mesa. — Apontou.


— Eu poderia fazer isso. — ele admitiu antes de acrescentar
— Só que prefiro roubar seu almoço do que me segurar.

Estreitando os olhos para ele, ela falou:

— Estou registrando uma reclamação com o gerente.

— Ah, sim, e quem é esse? — Devin perguntou, parecendo


um pouco arrogante para o seu gosto.

— Dustin. — ela respondeu, sentindo um prazer insano em


tirar esse sorriso do rosto dele.

— Eu teria sido um ótimo trunfo! — ele estalou quando se


virou para sair, mas ela não podia deixá-lo sair assim, agora podia?

— Eu não recebo um beijo de despedida? — Charlie


perguntou com o suspiro mais triste que ela conseguiu.

— Não, você não precisa. — respondeu Devin, bufando,


cruzando os braços sobre o peito e desviando o olhar.

— Você tem certeza? — perguntou, mordendo o lábio inferior.

— Tenho. — afirmou enquanto ela tirava a bolsa do ombro e


a jogava no chão ao lado dele.

— Eu te darei um beijo de despedida. — TJ ofereceu com uma


piscadela enquanto se aproximava e... — Eu estava brincando! —
exclamou, rindo quando ele levantou as mãos em sinal de rendição
e recuou antes que Devin pudesse fazer outra tentativa para ele.
Com um último olhar para TJ, Devin se inclinou e deu-lhe
um beijo rápido na bochecha antes de se virar.

Parou quando ela soltou um suspiro de sofrimento, que o fez


girar lentamente e arqueou uma sobrancelha em questão.

— Só isso? — perguntou Charlie, fazendo uma pausa para


que ela pudesse soltar outro suspiro, este mais suave — Não
parece que aquele beijo transmite adequadamente seu amor eterno
por mim, só isso.

— Isso é tudo, hein? — Devin murmurou quando seus lábios


se abriram num sorriso satisfeito.

— Receio que sim. — respondeu ela, incapaz de deixar de


sorrir quando a alcançou.

Quando ele se inclinou e tomou a boca dela num beijo lento


e profundo, Charlie se viu estendendo a mão para abraçá-lo.

Piscando quando ele parou de repente e ela se virou e ofegou:

— Ei! — quando ele deu um tapa suave no traseiro dela.

— Comece a trabalhar. — mandou, rindo enquanto se virava


para fazer fazê-la franzir a testa quando ele falou por cima do
ombro. — Não esqueça de ver Patrick e ser reembolsada por essa
convenção.

— Eu sinto muito. O que é isso agora? — ela não pôde deixar


de pensar.
— Suba as escadas e participe da convenção. Você não
deveria ter que pagar por algo que a ajude a fazer seu trabalho. —
falou Devin com firmeza enquanto gesticulava para que ela
movesse sua bunda.

Ela abriu a boca para argumentar apenas para fechá-la com


um suspiro quando ele ordenou:

— Vá. — com um olhar que lhe dizia que era melhor ela mexer
a bunda.

Resmungando, Charlie subiu relutantemente as escadas e


caminhou para o refeitório, decidindo que passaria algum tempo
aqui antes de voltar para o andar de baixo, pois não tinha
absolutamente nenhuma intenção de tentar ser reembolsada por
isso. Ela precisava contar a Devin e precisava contar logo, Charlie
percebeu enquanto tentava descobrir como faria isso sem tornar
estranho. Por outro lado, talvez ela devesse se preocupar mais com
o quão chateado ele ficaria quando descobrisse que ela estava se
demitindo. Talvez se...

— Existem maneiras melhores de fazer o seu trabalho, você


sabe. — Kelly declarou com um olhar de pena enquanto passava
por ela e se serviu do bule de café que Charlie tinha certeza de que
estava lá desde que começou a trabalhar aqui há cinco anos.

— O que? — Charlie perguntou mesmo que ela não pudesse


deixar de pensar se seria melhor deixar o almoço aqui a partir de
agora para expulsar Devin.
— Dormir com o chefe. — explicou Kelly com um olhar
aguçado quando TJ entrou na sala junto com Scott e cerca de
metade da equipe do andar de cima, que provavelmente estavam
procurando sua dose de rosquinha matinal.

Quando as palavras de Kelly penetraram, houve um silêncio


constrangedor e então...

— Tem? — Charlie perguntou, piscando lentamente.

— Mmmhmmm. — Kelly respondeu, tomando um gole de café


ácido, que estava usando uma desculpa para tentar humilhar
Charlie, apenas para acrescentar um sussurro conspiratório — É
meio patético.

— Namorar o rapaz mais gostoso da cidade é patético? —


Charlie indagou, ganhando algumas risadas e um indignado “Ei!”
de TJ.

— Não, pensar que ele está interessado em mais do que uma


babá grátis. — Kelly explicou com um olhar aguçado para Charlie
enquanto ela tomava outro gole de café apenas para engasgar-se
quando Charlie disse.

— Putas não trabalham de graça.

— O que?

— Quero dizer, não que eu tenha realmente pensado muito


nisso, no entanto gostaria de pensar que, se eu fosse uma
prostituta, seria uma classe alta. — Charlie murmurou pensativa.
— Espere, não disse ...

— Eu gostaria de pensar pelo menos. — Charlie informou,


assentindo solenemente enquanto lutava para se lembrar daquela
conversa bizarra que tivera com Ben em seu vigésimo primeiro
aniversário, quando eles discutiram sobre quem ganharia mais
dinheiro com isso, prostituição. Ela não se importava com o que
ele dizia, definitivamente ganharia mais dinheiro que ele.

— Eu não disse...

— Que eu era uma prostituta? — Charlie completou, a


interrompendo com um triste movimento de cabeça. — Não, está
tudo bem, preciso aprender a aceitar minha nova posição na vida.
Isso facilitará as coisas, para que eu não tenha muitas esperanças
quando Devin se cansar de mim e for hora de encontrar outra
pessoa disposta a pagar pelos meus serviços.

— É tão doloroso de assistir. — TJ murmurou enquanto todos


concordavam, observando o rosto de Kelly ficar um interessante
tom de vermelho.

— Você me deu muito o que pensar, Kelly. — Charlie falou


com um triste aceno de cabeça enquanto se dirigia para a porta
apenas para fazer uma pausa o tempo suficiente para agarrar o
braço de TJ e arrastá-lo para trás enquanto ela jogava por cima do
ombro. — Ele é meu ‘dez horas’.
— Ela chamou Charlie de prostituta? — Devin perguntou,
largando o martelo quando ele se virou para...

— Não. — respondeu TJ ao redor de um copo de café


enquanto o segurava com a mão livre. — Ela tentou entrar numa
batalha de raciocínio com Charlie e perdeu. O que eu realmente
preciso que você se concentre é o fato de que sua namorada me
arrastou para Dixon depois e me fez comprar para ela uma dúzia
de rosquinhas de geleia.

— Por que você não veio me chamar? — Devin estalou,


esfregando a parte de trás do pescoço enquanto olhava de volta
para o escritório para encontrar Charlie trabalhando em sua mesa
enquanto mordiscava um donut.

— Você não acabou de me ouvir? Ela me arrastou escada


abaixo e depois apertou meu braço quando tentei escapar e me
arrastou pela rua até o Dixon. Eu temia pela minha vida a cada
passo do caminho!

— O que todo mundo está dizendo sobre mim e Charlie


namorando? — Devin perguntou enquanto lutava contra o desejo
de socar o punho em alguma coisa. Ele deveria ter pensado sobre
isso e mantido o relacionamento deles em segredo pelo bem de
Charlie.
— Não há nada além de estarem chateados que Scott ganhou
a aposta — disse TJ, encolhendo os ombros enquanto terminava o
último gole de café antes de pegar a sacola branca de padaria que
Devin decidiu que era sua por direito.

— Que aposta? — Devin estalou, arrancando a sacola da


mesa antes que TJ pudesse agarrá-la.

— A aposta que tínhamos desde que Charlie começou, cinco


anos atrás. — explicou TJ com um olhar de "duh" enquanto
gesticulava para Devin devolver a sacola. Quando Devin apenas
olhou, TJ soltou a mão com um suspiro e foi até o armário, pegou
uma sacola de padaria idêntica e serviu-se de outro rolo de café.
Estreitando os olhos em movimento, Devin pegou o último rolo de
café da sacola que roubou, mesmo que não pudesse deixar de
encarar a outra sacola, imaginando o que mais havia lá.

— Por que você teria uma aposta sobre Charlie? — Devin


perguntou, dando outra mordida quando se viu olhando para trás
a tempo de assistir Charlie pegar sua câmera da mesa e seguir
para a porta do escritório.

— Porque todos nós temos olhos que funcionam. —


respondeu TJ com um olhar aguçado enquanto Charlie entrava na
loja, ignorando a linha vermelha que marcava o chão, arrancando
o rolo de café das mãos de Devin e gesticulando para que ele
voltasse ao trabalho ela disse:

— Preciso de fotos.
Quando Devin continuou ali, ela trancou os olhos com ele e
terminou o rolo de café, fazendo sons deliciosos enquanto comia e
ele estreitava os olhos nela.

— Aquilo estava tão bom.

Assentindo devagar, Devin anunciou:

— Quero sair com outras pessoas.

— E você pode fazer isso assim que eu tirar minhas fotos. —


assegurou Charlie, gesticulando para que ele continuasse.

— Não. — disse Devin uniformemente enquanto olhava para


a mulher malvada que havia roubado seu precioso assado.

— Você prometeu. — ela apontou, mais uma vez gesticulando


para que ele continuasse.

— Parece que estou quebrando minha promessa.

— Tem certeza de que realmente deseja fazer isso? — ela


perguntou com um olhar de pena que o fez ranger os dentes.

— Absolutamente, porra. — rosnou Devin, olhando para a


pequena mulher enquanto esperava que ela lhe dissesse o que
aconteceu com Kelly.

— Bem, tirarei mais tarde, quando as crianças chegarem


aqui. — respondeu Charlie, encolhendo os ombros enquanto se
virava e voltava para o escritório apenas para parar com um
suspiro pesado quando ele disse:
— Você tem algo que quer dizer para mim?

— Meu “dez horas” têm uma boca grande? — Charlie


perguntou quando se virou para encará-lo.

— Você me manipulou, mulher! — TJ estalou em indignação.

Piscando, ela respondeu:

— E você deveria estar agradecido por eu não cobrar mais por


isso.

Suspirando pesadamente, Devin passou as mãos


bruscamente pelo rosto enquanto murmurava:

— Você não é uma prostituta.

— Por favor, não tente me limitar. — pediu a mulher que o


estava deixando louco.

— Não me faça bater em você. — ele ameaçou, afastando as


mãos.

— Isso custará mais. — Charlie apontou com um aceno de


cabeça, fazendo seus lábios tremerem.

— Você me contará o que aconteceu? — ele perguntou,


estendendo a mão e segurando o rosto dela em suas mãos.

— E arruinar meu crédito na rua? Acho que não. — afirmou


Charlie, suspirando profundamente enquanto se levantava na
ponta dos pés e lhe dava um beijo rápido antes de voltar para o
escritório.
Devin a observou se afastar e perguntou:

— Devo demiti-la?

— Quem? — TJ perguntou, caminhando para verificar os


desenhos do carrinho de cozinha em que Devin estava trabalhando
desde que viu que ela havia marcado uma página com carros de
cozinha numa de suas revistas.

Estava construindo este para Charlie, porém isso lhe deu


uma ideia. Estava curioso para ver o que poderia fazer com móveis
de cozinha, algo que ele estava brincando há alguns anos. Seu
primo Reese estava chegando na próxima semana para mostrar
alguns de seus projetos, para que Devin pudesse ver o que ele
poderia fazer com eles. Deveria ser interessante, pensou ao dizer:

— Kelly.

— Eu não faria, Charlie se controlou e ela realmente não


parece tão chateada com isso. — TJ apontou.

— Verdade, mas... — ele realmente não tinha certeza de que


era uma boa ideia deixar isso para lá.

— Seu pai me matará. — Charlie declarou sem fôlego, se


perguntando se sempre tinha sido tão difícil de respirar.
— Sentiremos sua falta. — respondeu Abbi com o maior
sorriso que Charlie já vira enquanto abraçava cuidadosamente o
coelho pelo qual Devin a mataria.

Ainda não tinha certeza de como aconteceu.

Um minuto, ela estava dizendo às crianças que tinha que


parar nos correios para deixar algo lá e no próximo...

— Seu pai me matará. — Charlie murmurou novamente,


esperando que uma das crianças lhe dissesse que não se
preocupasse com nada.

Elas não disseram.

Não, o que elas fizeram foi continuar aconchegando e


acariciando o coelho que a mataria. Isso era ruim. Isso era muito
ruim, pensou Charlie, enquanto olhava ao redor de seu
apartamento, procurando um lugar para esconder a grande gaiola
que o dono da loja de animais conseguiu convencê-la a comprar.

Isso não estava dando certo.

Ela abriu a boca para sugerir que eles trouxessem o coelho


de volta apenas para fechá-la com um gemido enquanto Abbi
anunciou:

— Eu amo meu coelho.

Condenando Charlie ao inferno.


— Deveríamos mantê-lo na sala de estar. — sugeriu Dustin,
estendendo a mão sobre as costas brancas do coelho enquanto ele
cutucava seu rosto cinza claro contra a mão de Abbi, exigindo mais
cenouras, e Charlie não podia deixar de se perguntar se as
crianças estavam tentando matá-la.

— Chamarei de molho de maçã. — falou Abbi com um firme


aceno de cabeça.

— Isso é legal. — Charlie murmurou distraidamente


enquanto se perguntava se deveria atualizar sua vontade.

— Ela é tão fofa! — Abbi, que não parava de sorrir desde que
o dono da loja colocou o coelho nos braços, afirmou enquanto
obedientemente pegava outra cenoura e a segurava.

— Ela é bonita. — assentiu Dustin, deslocando-se na cama


para se aproximar de sua irmã.

Eles eram tão adoráveis, Charlie pensou, sentindo seus


ombros caírem em derrota quando ela acariciou Molho de Maçã.

— Ela é fofa. — se viu admitindo apenas para estremecer


quando olhou para trás e encontrou Devin, que parecia realmente
chateado, de pé na frente da cama, olhando...para ela, que não
achou muito reconfortante no momento.

— Por que vocês não pegam o coelho e vão assistir televisão


enquanto falo com Charlie? — Devin sugeriu, nunca tirando os
olhos dela enquanto as crianças, que sabiam que não deviam
discutir agora, desciam da cama e seguiam para a porta, enquanto
Charlie estava lá, debatendo se juntar a elas quando Devin
acrescentou:

— Feche a porta atrás vocês.

— Espera! Vocês não precisam sair! — Charlie exclamou,


apenas para gemer quando ouviu a porta se fechar atrás deles.

— Explique-se. — Devin falou uniformemente.

Charlie abriu a boca para fazer exatamente isso, apenas


fechou e respirou fundo quando foi forçada a agarrar o edredom
quando uma onda de tontura a atingiu.

— Desculpe, minha vida apenas passou diante dos meus


olhos. — informou ela, pegando aquele leve movimento de seus
lábios como incentivo.

— Baterei em sua bunda. — Devin, afirmou, enquanto se


movia para agarrá-la.

— Isso custa extra! — Charlie anunciou, virando-se para


mergulhar na cama e acabar tentando desesperadamente agarrar
o edredom quando o homem que era muito mais rápido do que
parecia a agarrou.

— Vamos conversar, não é? — questionou calmamente


enquanto a arrastava da cama e a jogava por cima do ombro.

— Quero dizer, é o seu dinheiro. Se você quer gastar


conversando, acho que está tudo bem. — declarou Charlie,
encolhendo os ombros, mesmo que ela não pudesse deixar de
notar que ele a estava carregando para o banheiro.

— Sinceramente, não sei como Ben aguentava você. — Devin


falou enquanto a colocava no balcão do banheiro antes de fechar
a porta do banheiro e trancar a fechadura enquanto ela ficava ali,
se perguntando se isso contava como um local secundário.

— Com a ajuda do álcool e muita negação. — Charlie


murmurou distraidamente quando Devin voltou.

— Isso realmente não me ajudará agora, né? — Devin falou


demoradamente enquanto passava entre as pernas dela — Comece
a falar.

— Sobre minhas tarifas? — perguntou com um sorriso


esperançoso.

— Suponho que poderíamos conversar sobre isso, porém,


pensei em falar sobre o fato de você dar um coelho aos meus filhos.
— murmurou enquanto ela se sentia sendo puxada para mais
perto.

— Prefiro falar sobre minhas tarifas. Elas são muito


competitivas. — Charlie confirmou solenemente.

— Ouvi falar. — murmurou quando ela se viu puxada para


mais perto, até que estava sentada na beira e um gemido suave foi
arrancado dela quando sentiu a mão dele pousar entre as pernas.

— Você se lembra quando eu disse às crianças que elas não


podiam ter animais de estimação até serem mais velhas?
— Vagamente? — indagou, reconhecendo o problema em
prestar atenção no momento.

— Vagamente? — murmurou de volta a resposta dela,


parecendo pensativo quando parou de esfregar a mão entre as
pernas dela para puxá-la para fora do balcão.

— Eu lembro! — Charlie se viu admitindo quando de repente


se viu de frente para o espelho com as mãos segurando o balcão.

— Bom. Agora estamos chegando a algum lugar. — afirmou


Devin, estendendo a mão e desabotoando o jeans.

— Umm, as crianças estão lá embaixo. — ela lembrou, com


medo de que ele realmente tentasse bater na sua bunda, o que ela
tinha quase noventa por cento de certeza de que não iria gostar.

— Eles têm Bob Esponja e um coelho. Eles estão bem por pelo
menos uma hora. — respondeu enquanto o sentia empurrar as
calças para baixo junto com a calcinha.

— Provavelmente precisarei dela para escapar. — ela


apontou.

— Provavelmente. — Devin falou, não parecendo muito


preocupado quando se viu novamente sendo levantada e colocada
no balcão.

— Ajudaria se eu pedisse desculpas? — Charlie ofereceu


enquanto o observava tirar os tênis, um de cada vez, antes que ele
terminasse de tirar as calças e jogá-las para o lado.
— Por que você comprou o coelho, Charlie? — Devin
perguntou enquanto se ajoelhava na frente dela.

— Sou fraca? — murmurou distraidamente enquanto


observava Devin se inclinar para frente — Definitivamente fraca.
— Charlie admitiu livremente quando sentiu a língua dele deslizar
entre sua fenda.

— Tente novamente. — Devin falou com outro golpe lento de


sua língua.

— Hummm, ainda não tenho muita certeza do que aconteceu.


Estávamos indo para a agência dos correios e depois conversamos
sobre fofuras e eu estava descobrindo o quão caro era o feno. —
murmurou um pouco incoerentemente enquanto uma mão
encontrava a borda do balcão e a segurava com força e a outra
começava a passar os dedos, pelo cabelo, encorajando-o a
continuar fazendo aquilo com a língua, o que dificultava muito o
foco.

— E você não fará isso de novo, não é? — Devin disse,


arrancando um “Não!” segundos depois, quando ele deslizou a
língua dentro dela enquanto ela balançava a cabeça, porque
definitivamente aprendeu sua lição.
QUATRO MESES DEPOIS ...
— Isso não está acontecendo. — Devin falou, demorando um
momento para fechar os olhos e expirar lentamente, esperando,
rezando mesmo, que quando ele abrisse os olhos tudo não
passasse de um pesadelo, não foi.

— Eu tive que alimentar Bradford. — Abbi falou, e estava


coberta da cabeça aos pés em massa de panqueca com um
encolher de ombros desamparado, enquanto o grande pastor
alemão coberto de massa de panqueca que falhou na academia de
polícia por causa de seu amor por aconchegar-se e que conseguiu
quebrar Charlie em menos de dois minutos com um gemido,
inclinou-se e passou a língua no rosto da Abbi, limpando uma
pequena parte da pele dela.

— O que havia de errado com o café da manhã que eu fiz para


ele? — Devin exigiu com um olhar, desafiando-a a sugerir que ele
não cuidava bem do cachorro que decidiu ser dele.

— Ele merece uma delícia. — Abbi falou cruzando os braços


cobertos de massa sobre o peito para poder encará-lo.

— E foi exatamente isso que eu dei a ele. — Devin falou


combinando o movimento com um olhar aguçado na grande tigela
de metal que Bradford estava lambendo.
— Ele está apenas tentando poupar seus sentimentos. — Abbi
falou com um olhar decepcionado para o cachorro que também
precisaria de um banho.

— Sou um excelente cozinheiro. — Devin afirmou.

— Então explique o jantar da noite passada. — pediu ela,


parecendo muito orgulhosa para alguém vestindo pijama da Doc
McStuffins.

— Foi delicioso. — Devin falou com um olhar que a desafiou


a discutir.

— Mesmo? Então explique por que Bradford se recusou a


comer qualquer coisa. — falou Abbi, levantando uma sobrancelha
em questão.

Assentindo, Devin anunciou:

— Não falo mais com você.

— Sinto falta de Charlie. — Dustin murmurou tristemente de


onde Devin o colocou na tentativa de mantê-lo limpo para que ele
não tivesse que lhe dar um banho também.

— Eu sei que sim, amigo. — Devin, apenas deu um suspiro


quando Biscuits, o gatinho idiota que as crianças haviam
enganado Charlie na semana passada, decidiu subir na sua perna.

— Quando Charlie está voltando para casa? — Dustin


perguntou quando Devin se inclinou e cuidadosamente extraiu o
gatinho do inferno da perna dele e o colocou no chão. Mal a pata
psicótica do gatinho tocou o chão quando as orelhas de Bradford
se animaram e ele decidiu tentar inspecionar o gatinho novamente,
ganhando um assobio e um golpe antes que Biscuits corresse
embaixo do carrinho que ele havia construído para Charlie, para
se esconder.

— Bradford, você está sendo malcriado. — repreendeu Abbi.

— Sexta à noite. — Devin falou quando se viu olhando para o


relógio novamente e deu um suspiro.

Deus, ele sentia muita falta dela.

Nos últimos dois meses, ela frequentava palestras,


participava de convenções e fazia cursos on-line todas as semanas.

Não podia reclamar, pois o que ela estava fazendo estava


ajudando a Bradford Creations. Nos últimos meses, Charlie
conseguiu dobrar o número de seguidores da Bradford Creations
nas mídias sociais e agora eles tinham mais pedidos do que
podiam acompanhar. Ele havia contratado mais cinco funcionários
em período integral, tinha pedidos suficientes para manter a
Bradford Creations ocupada por muito tempo, e isso não parecia
suficiente para Charlie.

Ela estava determinada a aprender tudo o que havia para


saber sobre marketing online. Enquanto ajudava as crianças na
lição de casa, estava lendo artigos. Quando fazia o jantar, ela ouvia
podcasts e audiolivros. Depois que as crianças iam para a cama,
ela passava algumas horas em seu escritório trabalhando
enquanto ele fazia o mesmo no andar de cima. Porém uma vez que
eles terminavam ...

Ela era toda dele.

Aprenderam muito cedo que isso não seria fácil por causa das
crianças, contudo eles descobriram uma maneira de fazê-lo
funcionar. Eles geralmente conseguiam uma babá pelo menos
uma vez por semana e, quando não podiam, a transformavam
numa noite de encontros familiares. Eles terminaram suas noites
juntos, fazendo amor até tarde da noite, até que chegava a hora de
ele ir embora.

Ele odiava essa parte.

Apenas uma vez, ele queria saber como seria acordar com ela
em seus braços, entretanto isso não era uma escolha. Pelo menos
ainda não. Enquanto estava pronto para passar o resto de sua vida
com Charlie, ela ... não estava. Eles estavam namorando há pouco
mais de quatro meses e ela ainda não tinha dito a ele que o amava.

Ele não queria apressá-la, mas Deus, isso estava matando-o.


Ela dizia a seus filhos pelo menos cem vezes por dia que os amava.
Ela também falou ao seu melhor amigo, o coelho, o gatinho, o
cachorro e, em algumas ocasiões, uma rosquinha de geleia, no
entanto ela nunca lhe disse. Sabia que ela se importava com ele,
porém ele queria mais.

Queria Charlie.
— Papai, tenho que ir ao banheiro. — Dustin falou
lembrando-o de que eles precisavam se mexer se tivessem alguma
esperança de chegar à escola a tempo.

— Desculpe, amigo. — Devin murmurou enquanto ajudava o


filho a sair do balcão.

— Obrigado, papai! — Dustin agradeceu, cuidadosamente


passando por cima de uma poça de massa antes de ir rapidamente
para a porta da cozinha.

— Vamos sair num minuto. — Devin falou tentando descobrir


como ele conseguiria um cachorro de seis anos e cento e quinze
quilos coberto de massa no andar de cima sem fazer bagunça.

Talvez devesse experimentar a pia, pensou, olhando para a


pia em questão. Funcionou para Charlie, pensou ele, apenas
franzindo a testa enquanto observava o filho, que deveria estar lá
em cima se preparando para a escola, voltar com cuidado para a
cozinha e voltar para a geladeira, onde se serviu de um pedaço de
manteiga. Uma vez que ele tinha o que precisava, Dustin se virou
e saiu, deixando Devin segui-lo, realmente esperando que seu filho
não fizesse algo para piorar as coisas.

— Dustin, o que você está fazendo, amigo? — Devin


perguntou rapidamente entrando na sala a tempo de ver seu filho
entrar no apartamento de Charlie.

Merda!
Sempre que Charlie estava fora, Dustin gostava de ir ao
apartamento de Charlie e assistir televisão, para que ele pudesse
se aconchegar no lado dela da cama. Ele sentia falta de Charlie.
Não que Devin pudesse culpá-lo.

— As férias de verão estão chegando em breve. — ouviu o filho


explicar enquanto entrava no apartamento.

— Eu sei, estou muito empolgada em passar o verão com


vocês. — Charlie falou sorrindo calorosamente enquanto entregava
um prato cheio de panquecas, batatas fritas e salsichas, um
especial de Charlie como as crianças gostavam de chamar, para
Dustin, que felizmente levou e colocou na bandeja do café da
manhã que Charlie comprou para ele.

— O que você está fazendo aqui? — Devin perguntou, incapaz


de tirar os olhos dela enquanto caminhava pela cama.

— Por que eu não estaria aqui? — Charlie perguntou,


piscando para ele enquanto ela espetava uma salsicha no garfo.

— Porque você deveria estar em Boston numa convenção. —


Devin falou sentando-se na cama para poder beijá-la.

— Estou na convenção, tiveram que mudar algumas coisas,


porque um dos apresentadores teve uma emergência familiar.
Então, pensei em fazer algumas coisas hoje. — falou ela quando
ele se forçou a se afastar enquanto segurava a linguiça para ele
roubar.
— Parece que você está sentada na cama tomando café da
manhã com meu filho. — disse enquanto roubava a linguiça do
prato dela, sem se preocupar em apontar que eram três horas de
carro de volta a Boston desde que sentira sua falta.

— Bem, tecnicamente, ele é meu bebê. — Charlie falou com


um olhar de pena que o fez estreitar os olhos nela enquanto
terminava a linguiça.

— Eu realmente sou. — o pequeno traidor concordou


alegremente em torno de uma garfada de panqueca.

— E Abbi? — Devin perguntou, estreitando os olhos para a


bela mulher que gostava de atormentá-lo.

— Também é minha bebê. — Charlie, apontando para o


banheiro quando a Abbi entrou com Bradford ao seu lado. — Vá
tomar banho, sua comida está esperando por você no forno.

Sem uma palavra, Abbi obedientemente entrou no banheiro


enquanto Bradford caminhava até a cama para inspecionar o café
da manhã.

— Você também. — acrescentou Charlie, jogando uma


linguiça para o cachorro. Abanando a cauda, ele seguiu
alegremente Abbi até o banheiro. — Sua comida está esperando no
forno também. — Charlie falou , gesticulando para que ele mexesse
a bunda.

— É a sua vez. — Devin, servindo-se de um pedaço de batata.


— Limpei a bagunça de gelatina de limão na semana passada.
— apontou enquanto procurava as panquecas que pareciam
realmente boas.

— Isso foi há duas semanas, semana passada foi a cola de


Elmer. — lembrou enquanto se inclinava e roubava a panqueca do
garfo.

— Eu limpei isso também, é sua vez, grandalhão. — Charlie


gesticulou com o garfo para ele mover sua bunda.

Suspirando, Devin roubou outro pedaço antes de ir


relutantemente para o banheiro, dizendo a si mesmo que voltaria
em alguns dias e então eles poderiam.

— Papai, o que é isso? — Abbi perguntou, chamando sua


atenção para uma pequena caixa redonda de plástico rosa.

— São de Charlie, querida. — Devin falou, pegando as pílulas


anticoncepcionais das mãos da filha e fechando-as antes de
colocá-las novamente no armário de remédios.

— Para que servem papai? — Abbi perguntou enquanto tirava


a camisola suja e a jogava no cachorro, que parecia mais do que
feliz em ter algo para brincar.

— Nada. — Devin suspirou enquanto ligava o chuveiro, ainda


se perguntando como ia dizer a Charlie que ela não precisava
delas.
BOSTON, MA
— Oh vamos lá! Só mais cinco minutos. — Charlie falou
certificando-se de parecer adequadamente patética enquanto
olhava para o iPad.

— Não. — veio a resposta resmungada do homem que havia


apoiado o celular na cabeceira da cama para que ele pudesse se
enrolar com o travesseiro e ignorá-la.

— Mas sinto sua falta. — murmurou tristemente,


certificando-se de acrescentar uma fungada no final.

Quando Ben abriu um olho para que ele pudesse olhá-la, ela
permitiu que seu lábio inferior tremesse levemente.

— Não, você não sente, só está me usando porque Devin está


ocupado.

— Como você pôde dizer isso? — Charlie perguntou, mesmo


que ela não pudesse deixar de notar que Devin ainda não tinha
ligado.

— Você já contou a ele?

— Ainda não, porém tenho um plano. — Charlie prometeu a


ele, estendendo a mão e pegando a bebida na mesa de cabeceira,
tomando cuidado para não perturbar a pilha de folhetos, panfletos
e cartões de visita que ela pegou de cabines de informações,
palestras, e suas tentativas de interagir nos últimos dois dias.

— Espero que sim, já que você deve parar em seis meses. —


falou ganhando um olhar.

— Eu ainda tenho tempo. — ela o lembrou apesar de


continuar quando ele abriu a boca para discutir — Não precisarei
disso porque tenho um plano.

— Você me contará sobre esse seu maravilhoso plano ou


simplesmente continua me dizendo que tem um? — o espertinho
resmungou.

— É muito simples.

Começou a olhar para o celular quando ele disse:

— Parece.

— É por isso que eu não gosto de você. — Charlie o informou


distraidamente enquanto pegava o celular da cama e percebia que
já passava das dez horas. As crianças provavelmente já estavam
na cama, ela pensou, planejando ligar para Devin apenas para
descartar a ideia, já que ele provavelmente estava tentando
trabalhar.

— Ainda estou esperando. — veio a resposta resmungada que


chamou sua atenção de volta ao problema em questão.
Dizendo a Devin que ela estava se demitindo sem que as
coisas terminassem mal.

— Configurarei as contas de mídia social da Bradford


Creations para que Devin possa lidar com isso por conta própria.
— Charlie falou com um aceno de cabeça firme, porque esse era
realmente um bom plano.

Graças a todas as mudanças que ela fez nos últimos meses,


principalmente adicionando fotos das crianças ajudando Devin e
algumas que mostravam o quão incrivelmente sexys eram os
homens que trabalhavam na Bradford Creations, a Bradford
Creations tinha muitos seguidores ansiosos por Devin para
interagir com eles. Eles adoravam ouvi-lo, vendo os vídeos que ela
o convenceu a fazer e tudo o que ele tinha que fazer naquele
momento era mantê-lo.

Foi simples.

— E se ele não puder?

— Então eu ainda estarei lá para ajudá-lo. — Charlie


assegurou, dando de ombros, porque ela honestamente não viu
qual era o problema.

— E a qual é razão que você ainda não contou a ele.

— Eu quero mantê-lo em suspense? — Charlie respondeu,


apenas para cair de lado com um gemido porque era patética, ela
decidiu, acompanhando a revelação pessoal com um aceno de
cabeça.
Talvez ela estivesse exagerando e isso não fosse grande coisa.

— Acha que ele ficará chateado? — perguntou, enviando um


olhar esperançoso para o iPad em suas mãos e encontrou Ben
dando a ela um olhar de “Você está brincando comigo?”

— Apenas diga a ele. — o homem com quem a vovó Bea


deveria ter proibido que ela brincasse quando eram pequenos disse
com um suspiro que ela realmente não apreciava no momento,
quando ele rolou de costas.

— Eu irei — falou — mas...

Não queria perdê-lo e sabia que, comparado a muitas coisas,


isso não era grande coisa, porém mesmo sabendo que isso não a
impedia de se preocupar de que ela faria algo para destruir isso.
Nunca tinha sido tão feliz antes e estava aterrorizada que isso
pudesse ser tirado dela. Ela sabia o quanto doía ter a única pessoa
que você amava mais do que qualquer coisa arrancada de sua
vida…

Ela não queria passar por isso novamente.

— Então diga logo. Não sei por que você está fazendo um
grande negócio com isso. Apenas diga a ele que você está
começando sua própria empresa e que não o deixará pendurado.
Ele não ficará chateado porque você quer começar seu próprio
negócio, entretanto, ficará chateado se descobrir que você escondeu
algo dele. Por alguma razão, o homem está apaixonado por você.
— Isso é porque eu sou adorável. — Charlie explicou,
acenando com a cabeça apenas para encarar quando Ben seguiu
com isso.

— Você é?

— Eu te odeio. — falou mesmo quando decidiu que estava


sendo idiota sobre isso. Assim que chegasse em casa, ela iria
contar a ele.

— Então pare de me ligar para que eu possa dormir um pouco,


mulher! — Ben murmurou enquanto voltava para o estômago.

— Ben falo com você amanhã. — se despediu Charlie,


suspirando profundamente quando encerrou a ligação e jogou o
celular para o lado, já entediada.

Ela poderia fazer algum trabalho, contudo...

Não estava com vontade.

Ela também não estava com vontade de assistir outro filme,


encarar o teto ou tomar outro banho. O que ela queria fazer era
colocar Abbi e Dustin na cama e dar-lhes um beijo de boa noite
antes de terminar a noite nos braços de Devin, mas isso não era
uma opção hoje à noite, o que significava que ela provavelmente
acabaria tomando outro banho, solicitando serviço de quarto e
olhar fixamente para o teto até ela adormecer.

Decidindo que não havia por que adiar, Charlie pegou o


celular do quarto.
Se encontrou sorrindo quando um som a alertou para uma
mensagem de Devin, Charlie pegou o celular apenas para franzir a
testa quando leu o texto esperando por ela.

Você me deixará entrar?

Sentindo seus lábios aparecerem num sorriso animado,


Charlie desceu da cama e correu pelo quarto, abrindo a porta.

— Deus, como senti sua falta. — Devin falou rindo quando


Charlie pulou em seus braços.

— Onde estão as crianças? — Charlie perguntou, passando


os braços em volta dele enquanto ela o beijava.

— Sendo mimados pelos avós. — explicou, carregando-a de


volta para o quarto e fechou a porta atrás deles enquanto ela
lavava seu rosto com beijos.

— O que você está fazendo aqui? — perguntou quando se viu


colocada em cima da penteadeira.

— O que você acha? — Devin perguntou, tirando sua blusa.

— Que você percebeu que não poderia viver sem mim? —


Charlie perguntou, levantando os braços para que ele pudesse
puxar a camisa pelo resto do caminho.

— Eu já descobri isso há muito tempo. — Devin falou-lhe


enquanto pegava sua calcinha e Charlie puxava o cinto.
— E que você me adora? — falou, abrindo as calças enquanto
ela se mexia para que ele pudesse tirar sua calcinha.

— Deus, sim. — suspirou enquanto voltava e segurava sua


camisa e ela se inclinava para frente e pressionava um beijo em
seu peito.

— E você me ama? — Charlie perguntou, precisando ouvir


quando pressionou outro beijo contra o peito dele, enquanto
deslizava as mãos sob as costas da calça.

— Sim. — respondeu Devin sem absolutamente nenhuma


hesitação.

Mordendo o lábio inferior, Charlie olhou para ele e perguntou:

— Você tem certeza?

A expressão em seu rosto suavizou quando ele estendeu a


mão e segurou o rosto dela e disse:

— Sim. — enquanto ele se inclinava e roçava os lábios com


ternura nos dela, deixando-a saber o quanto ele a amava.
— Baby, eu tenho que ir. — anunciou Devin, incapaz de evitar
gemer quando a mãozinha que esfregava seu pênis nas calças lhe
deu um aperto suave.

— Você realmente tem. — falou a pequena provocação do


caralho quando sentiu aquela mão pequena abrir a braguilha.

Nunca deveria tê-la acordado para poder dizer adeus e ele


com certeza deveria saber melhor do que assistir quando o lençol
caiu quando ela se sentou. Deveria ter deixado um bilhete para
ela, beijado sua bochecha e movido sua bunda para fora. Em vez
disso, ele estava parado aqui, lutando para não se perder,
enquanto Charlie passava a mão em torno de seu pênis e o puxava
livre.

Ele definitivamente deveria ir, Devin disse a si mesmo


enquanto a observava passar a mão sobre si, acariciando
lentamente seu pau enquanto ela se inclinava para frente e lambia
a ponta, fazendo seus quadris dobrarem. Ele nunca conheceu uma
mulher que sabia como tirá-lo de sua mente com alguns
movimentos simples, entretanto isso provavelmente tinha algo a
ver com o fato de que elas nunca se importaram o suficiente para
descobrir o que gostava.
Elas fizeram o que ele queria para que pudessem obter o que
precisavam. Elas não tinham ideia de que ele gostava quando uma
mulher provocava seu pau, demorando um tempo para tirá-lo de
sua mente com as mãos, lábios, língua e dentes, fazendo-o pensar
que ele perderia a cabeça se ela não o tirasse de sua miséria e o
levasse para a boca dela, porém, Charlie sabia.

Sabia que ele acabaria transando com ela com mais força se
provocasse seu pênis, porque prestara atenção, observando o que
ele gostava, o que odiava, e o que o faria gemer seu nome mais
alto. Ela adorava ter esse tipo de controle sobre ele, adorava saber
que podia tirá-lo de sua mente, a ponto dele a foder sem pensar.
Porém ela não tinha sido a única prestando atenção nos últimos
meses...

A observou colocar a ponta na boca enquanto a mão o


acariciava uma última vez antes de se afastar. Quando ela tentou
puxá-lo de volta, ele riu quando se inclinou e a beijou.

— Fique de costas. — pediu Devin, quando se abaixou e


segurou a parte de trás dos joelhos e puxou-a, não lhe dando outra
opção a não ser se deitar.

Usando seu abraço, ele afastou as pernas dela enquanto se


ajoelhava e se viu gemendo quando o movimento causou a boceta
mais bonita que ele já vira se abrir, revelando o pequeno clitóris
inchado, brilhando de excitação. Incapaz de deixar de sorrir, ele se
inclinou para a frente e exalou, sabendo que o movimento a
provocaria. Quando ela se mexeu ansiosamente, ele virou a cabeça
e deu um beijo na coxa dela enquanto soltava o punho para poder
alcançar entre as pernas dela.

— Mmmhmmm. — Charlie gemeu baixinho enquanto passava


a ponta do dedo lentamente pela fenda dela.

Ela estava tão molhada, Devin pensou enquanto colocava a


mão em sua coxa para poder passar o polegar sobre a fenda dela,
provocando aquele pequeno clitóris inchado que adorava atenção.
Ele continuou acariciando sua fenda com o polegar enquanto se
levantava e colocava a outra mão na cama ao lado dela para que
ele pudesse se inclinar e levar o mamilo entre os lábios.

Enquanto chupava delicadamente o mamilo, ele moveu a mão


entre as pernas dela e lentamente deslizou o dedo dentro dela,
gemendo quando a encontrou molhada. Poderia transar com ela
agora e fazê-la gozar rapidamente, mas queria fazer isso durar. A
noite passada tinha sido incrível, ser capaz de levar o seu tempo
enquanto a tocava, lambia e transava com ela sem ter que se
preocupar com seus filhos acordando no meio da noite ou que
alguém no trabalho iria se intrometer.

Houve algumas vezes nos últimos meses em que eles foram


capazes de foder em seu lazer, porém não foi suficiente. Graças a
Deus seus filhos estavam ficando mais velhos. Em alguns anos,
eles não precisariam se preocupar com as crianças acordando no
meio da noite pedindo água ou exigindo que se certificassem de
que não havia monstros debaixo da cama e que ele mal podia
esperar. Até então, eles teriam que saborear momentos como esse,
Devin decidiu enquanto deslizava um segundo dedo dentro dela,
lentamente transando com ela enquanto soltava o mamilo, apenas
para pegar o outro entre os lábios e sacudi-lo com a língua.

Os gemidos da Charlie ficaram mais altos quando ela passou


os dedos pelos cabelos dele, encorajando-o a continuar enquanto
ela revirava os quadris, montando os dedos até que isso não fosse
suficiente.

— Devin? — chamou, gemendo o nome dele.

— Sim? — respondeu, liberando o mamilo para que ele


pudesse se inclinar e beijá-la.

— Eu preciso ser fodida, Devin — sussurrou sedutoramente,


sabendo exatamente o que isso faria com ele.

— Você precisa? — falou devagar, recuando apenas o


suficiente para poder olhá-la enquanto continuava a tocá-la
lentamente.

— Eu realmente preciso.

— Quanto? — Devin perguntou quando seu polegar


encontrou aquele pequeno clitóris inchado entre as pernas dela e
pressionou.

— Muito mesmo. — Charlie disse, assentindo solenemente.

— Você está molhada para mim? — perguntou, já sabendo o


quão molhada ela estava.

— Muito molhada. — falou lambendo os lábios com fome.


— O que você quer que eu faça? — perguntou, sentindo seu
pau empurrar em antecipação.

Gemendo, ela o puxou de volta e lentamente o beijou


enquanto passava a língua sobre a dele com carícias provocantes
que o fizeram gemer. Quando sentiu a mão dela envolver seu pênis,
sua respiração ficou presa. Ela o acariciou por vários minutos,
certificando-se de esfregar a parte inferior do pênis com o polegar
até que ele não aguentasse mais.

Quando ele interrompeu o beijo, ela deu um último aperto em


seu pênis antes de liberá-lo para que pudesse se virar e ficar de
joelhos e mãos. Agarrando seus quadris, Devin inclinou e deu um
beijo entre as omoplatas antes de se levantar. Soltando o quadril
dela, ele colocou uma mão na parte inferior das costas dela
enquanto passava a mão em torno de seu pênis e ...

— Oh, Deus… — Charlie gemeu enquanto traçava sua fenda


molhada com a ponta de seu pênis.

Incapaz de esperar mais, ele lentamente empurrou dentro


dela com um gemido. Ela estava tão apertada e molhada, Devin
pensou enquanto observava sua bunda generosa que amava tanto
pressionando contra ele. Quando se afastou, observando seu pênis
aparecer lentamente, brilhando com a excitação dela, ele
encontrou sua atenção voltando para sua linda bunda. Nunca
estivera tão obcecado com a bunda de uma mulher antes. Cristo,
ele amava a bunda dela.
Então, novamente, ele amava tudo nela, Devin pensou
enquanto a observava se afastar. No momento em que ela rolou de
costas, ele já estava lá, empurrando de volta dentro dela. Ela tinha
as pernas ao redor dele antes que terminasse a primeira estocada.
Ele demorou a foder com ela, indiferente ao fato de que iria ficar
preso no trânsito enquanto saboreava a sensação de sua boceta
molhada em volta dele, apertando-o com cada impulso dentro dela,
até que sentiu que ela o abraçava.

Ela gemeu o nome dele, sussurrando todas as coisas que


sabia que ele queria ouvir em seu ouvido enquanto suas mãos
deslizavam sobre sua bunda. Seus quadris rolaram mais e mais
rápido embaixo dele, desesperados para encontrar cada impulso
quando suas costas se curvaram da cama e o nome dele foi
arrancado de seus lábios enquanto ela o ordenhava, apertando,
sentiu suas bolas puxarem apertadas segundos antes que um
intenso prazer subisse seu pênis apenas para disparar sua
espinha quando seu pênis empurrou dentro dela a tempo com o
prazer rasgando através dele.

Por vários minutos, ele ficou lá, lutando para recuperar o


fôlego até que se forçou a deixá-la ir, sabendo que não podia ficar.
Quando se afastou, sentiu seus lábios tremerem quando
encontrou a pequena traidora fechando os olhos num murmúrio
sonolento. Quando se levantou, Charlie estava encolhida em seu
lado da cama, com o edredom puxado sobre ela, dormindo
profundamente. De alguma forma, ele resistiu ao desejo de se
inclinar e beijá-la e se forçou a se mover. Depois de uma rápida
parada no banheiro para se limpar, ele se dirigiu para a porta, com
cuidado para fechá-la silenciosamente atrás dele. Dez minutos
depois, ele estava caminhando para a recepção.

— Bom dia, como posso ajudá-lo? — veio a resposta calorosa


quando Devin sacou o cartão de crédito.

— Gostaria de pagar pelo meu quarto. — Devin falou


entregando seu cartão de crédito enquanto olhava para o saguão
deserto do hotel. Na noite anterior, quando ele chegou, estava
cheio de participantes da convenção, convidados procurando fazer
o check-in tardio e alguns convidados tentando descobrir onde
ficavam os quartos enquanto tropeçavam em direção aos
elevadores.

— Que quarto seria esse, senhor?

— Quarto 735. Deve estar sob a Bradford Creations. — disse


Devin, olhando para as portas de vidro do pátio com vista para a
piscina, se perguntando se as crianças gostariam.

— Esse quarto está sob o Dabbi Digital Marketing. Você tem


certeza de que tem o quarto certo?

— Acho que não. — respondeu Devin, franzindo a testa


enquanto pegava o cartão.

— Obrigado de qualquer maneira.

Por um momento, sentiu-se tentado a subir as escadas e


verificar o número do quarto, porém já estava atrasado. Decidindo
que ele pagaria a conta de Charlie quando ela chegasse em casa
para que pudesse reembolsá-la, ele se dirigiu para a porta.
Ainda estava pensando nisso várias horas depois, quando
finalmente chegou ao trabalho. Ele ficou preso no trânsito a
caminho de casa e não teve a chance de tomar o café da manhã
depois de pegar as crianças e deixá-las na escola, no entanto valeu
a pena, pensou Devin, incapaz de deixar de sorrir enquanto
entrava pela porta dos fundos da Bradford Creations, com
Bradford ao seu lado.

— Sinto muito incomodá-lo, Devin, porém, esperava ter a


chance de falar com você antes de tomar sua decisão. — falou
Kelly, chamando sua atenção para encontrá-la em pé no andar de
baixo, abraçando uma pequena pilha de correspondência contra o
peito dela. Quando ela viu Bradford, pigarreou e deu um passo
para trás, enquanto o cachorro que exigia amor de todos estava ao
seu lado, olhando em sua direção.

— Que decisão? — Devin perguntou, distraidamente


estendendo a mão para coçar Bradford atrás das orelhas.

— Eu sei que você provavelmente está ocupado e muitas


pessoas vão se candidatar, porém pensei como Charlie saindo e
tudo o que não faria mal em jogar meu chapéu no ringue. —
explicou Kelly com um sorriso esperançoso enquanto puxava um
dos envelopes da pilha em seus braços e entregou a ele.

— Do que você está falando? Charlie não está saindo. — falou


abrindo o envelope para encontrar um currículo organizado para
o trabalho de Charlie.
— Umm, me desculpe, pensei que você já sabia que Charlie
tinha o correio para o novo negócio dela enviado aqui e tudo mais.
— Explicou Kelly com um encolher de ombros enquanto entregava
o resto do correio.

Devin sentiu como se tivesse levado um soco quando viu


Dabbi Digital Marketing escrito no primeiro envelope.
DOIS DIAS DEPOIS…
— Merda, merda, merda, merda! — Charlie murmurou
enquanto entrava em seu apartamento porque era isso ou gritar.

Quando descobrisse quem estava mexendo com as contas de


mídia social da Bradford Creations, ela iria matá-los. Estava muito
irritada agora. Também estava morrendo de fome, exausta e
furiosa por alguém estar fazendo isso.

Graças a quem estava brincando com a Bradford Creations,


Charlie foi forçada a passar a noite inteira tentando consertar essa
bagunça. Oh, ela ia matar alguém, Charlie pensou, forçando-se a
respirar fundo quando deixou cair as malas perto da porta apenas
para amaldiçoar quando viu que horas eram.

Ela esperava dormir uma hora antes de ir para o trabalho,


mas entre o tráfego e tentando convencer a empresa de
hospedagem que ela procurou pela Bradford Creations de que não
havia cancelado sua conta, estava atrasada. Por um momento, um
momento muito breve, Charlie pensou em ligar e dizer que estava
doente para que pudesse desmaiar, no entanto ela não confiava no
idiota que tornava sua vida um inferno para não aproveitar e tentar
outra coisa.
Só precisava de um banho, uma quantidade saudável de
cafeína, um donut de geleia e ficaria bem. Mais do que bem,
Charlie disse a si mesma com um firme aceno de cabeça enquanto
se dirigia para o banheiro, tropeçando na bolsa ao longo do
caminho enquanto fazia o possível para se acalmar quando tudo
que queria fazer era estrangular alguém.

Pelo menos estar chateado era melhor do que querer chorar,


Charlie decidiu enquanto tirava as roupas e as jogava
furiosamente no cesto. Nos últimos dois dias, Devin a dispensou e
ela não tinha ideia do porquê. Toda vez que tentava ligar para ele
ou mandar uma mensagem de texto, ele dizia que estava ocupado
e ligava de volta mais tarde, porém, nunca ligava e agora ela estava
em casa, chateada e tentando se convencer de que estava tudo
bem.

Depois que descobrisse quem estava ferrando com ela, tudo


ficaria bem, Charlie decidiu enquanto entrava no chuveiro,
fazendo uma pausa para ajustar a temperatura antes de entrar na
água quente.

— Frio! — se viu gritando quando abriu os olhos e tropeçou


para trás quando a cortina do chuveiro foi lentamente aberta.

— O que é Dabbi Digital Marketing? — Devin perguntou


casualmente quando estendeu a mão e ligou a água quente
enquanto Charlie estava lá, incapaz de deixar de notar que ele
parecia chateado.

Realmente muito irritado.


— Eu posso explicar. — Charlie declarou, lambendo os lábios
nervosamente enquanto lutava para descobrir por onde começar a
ofegar e deixar escapar — É a minha companhia! — quando ele
desligou a água quente.

Assentindo, Devin ligou a água quente novamente.

— Por que você se mudou para cá?

— Por que você me encarou até eu assinar o contrato? — ela


o lembrou apenas de ofegar quando ele a recompensou com outra
rajada de água fria.

— Por que você se mudou para cá? — ele repetiu.

Ela abriu a boca para lhe dar outra resposta espertinha para
ganhar um pouco mais de tempo, mas a expressão em seu rosto...

Deus, ele parecia tão magoado.

— Eu me dei um ano para começar uma empresa de


marketing online. Tem sido algo que eu queria fazer há muito
tempo. Fiquei adiando, dando desculpas até Ben finalmente me
dar o empurrão que eu precisava. Então, estabeleci uma meta para
eu finalmente fazer isso acontecer. Dei-me um prazo, no entanto,
para fazê-lo precisava reduzir minhas despesas e economizar
dinheiro. Então tive que...

— Encontrar um apartamento mais barato. — ele terminou


por ela.
— Sim. — respondeu fracamente, sem muita certeza do que
mais ela deveria dizer.

— Por que você não me contou? — Devin perguntou enquanto


se recostava na parede, observando-a.

— A princípio, não havia motivo para lhe contar nada. Você


era meu chefe e eu nem tinha certeza de que seria capaz de tirar
essa coisa do chão. Não faria sentido te dizer que eu poderia sair
em um ano se não desse certo. Queria ter certeza de que fiz isso
direito, mas eu ia lhe contar, Devin. Não ia abandonar a Bradford
Creations. — ela prometeu a ele.

Ele olhou para longe por um momento enquanto ela estava


lá, tentando pensar em outra coisa para dizer a ele que ficaria tudo
bem quando a pegou de surpresa e perguntou:

— Você me ama, Charlie?

— Por que você está me perguntando isso? — ela perguntou,


franzindo a testa enquanto se aproximava dele.

— Porque você nunca disse isso. — Devin falou balançando a


cabeça com um suspiro enquanto olhava para ela. Quando não
respondeu nada, ele falou — Esqueça. — enquanto se afastava da
parede.

— Você me deixa nervosa.

— O que? — perguntou enquanto se virava lentamente.


— Você me deixa nervosa. — admitiu Charlie, assentindo
solenemente enquanto se aproximava e segurava a camisa dele.

— Eu te deixo nervosa? — ele perguntou, lançando-lhe um


olhar interrogativo quando permitiu que ela o puxasse para mais
perto.

— Mmmhmmm, muito nervosa. — Charlie respondeu quando


ela estendeu a mão e o abraçou.

— Isso é bom ou ruim? — Devin perguntou, passando os


braços em volta dela.

— Oh, é definitivamente bom. — falou, assentindo enquanto


dava um passo para trás, puxando-o para o chuveiro.

— Então, você está dizendo que me ama? — Devin perguntou,


estendendo a mão para puxar o celular do bolso para não molhar
e o jogou no tapete no chão atrás dele.

— Talvez. — ela disse, inclinando-se para poder beijar lhe o


queixo enquanto sentia as mãos dele deslizarem pelas costas.

— Talvez? — murmurou, seus lábios puxando num daqueles


sorrisos devastadores que ela amava quando alcançou seu cinto.

— Bem depende. — cedeu Charlie, soltando o cinto antes que


começasse a trabalhar em seus jeans.

— Do que? — Devin perguntou, abaixando a cabeça para que


pudesse beijar o lado de seu pescoço quando ela alcançou dentro
de suas calças e passou a mão em torno dele.
— Sobre o quanto você me adorar nos próximos trinta
minutos — Ela falou, decidindo que todo o resto poderia esperar
para que desse ao homem que amava a chance de trabalhar pelas
três pequenas palavras que nem chegavam perto de explicar o
quanto ele significava para ela.

— Charlie, chegamos. — anunciou Devin, estendendo a mão


para acordá-la e...

— Eu te amo! — ela gritou, acordando instantaneamente


enquanto se afastava até que suas costas estavam pressionadas
contra a porta do caminhão, lançando lhe um olhar de pânico.

— Ah, obrigada, querida. — disse Devin, sorrindo, ganhando


um gemido da mulher abraçando a sacola cheia de rosquinhas de
geleia contra o peito enquanto ela estava sentada, olhando-o
horrorizada enquanto ele se via incapaz de deixar de sorrir.

Ela o amava.

Concedido, teria preferido ouvi-la professar seu amor eterno


por ele durante um jantar romântico, entretanto ela estabeleceu
um desafio que fora incapaz de ignorar. Levou dez minutos para
fazê-la gritar aquelas três palavras mágicas e isso deveria ter sido
suficiente, porém...

Ele queria ouvir de novo.


Então, fez o que era necessário para ouvir essas palavras
repetidas vezes, até a mulher se encolher contra a porta,
observando todos os seus movimentos apontando histericamente
que eles realmente precisavam ir trabalhar. Pensou em convencê-
la a pular o trabalho e passar o resto do dia na cama com ele,
porém...

Queria que ela visse a surpresa de que ele estava preparando.


Os gêmeos ficariam irritados por não esperar por eles, entretanto,
queria garantir que recebesse o primeiro abraço e sabia muito bem
que, se os gêmeos estivessem aqui para isso, a mulher que
observava todos os seus movimentos os bainharia com beijos e
abraços que eram dele por direito.

— Está pronta? — Devin perguntou, estendendo a mão para


tocá-la apenas para repensar a decisão quando ela murmurou:

— Minha pobre vagina. — fazendo seus lábios tremerem.

Rindo, ele pulou da caminhonete e se virou, gesticulando para


ela se aproximar. Lambendo os lábios nervosamente, Charlie
balançou a cabeça enquanto se pressionava mais firmemente
contra a porta.

Suspirando, ele disse:

— Tenho que te mostrar uma coisa.

Balançando a cabeça, ela sussurrou:

— Eu já vi seu pênis. — fazendo-o rir quando ele estendeu a


mão. — Eu te amo! Oh meu Deus! Eu te amo! — Charlie
murmurou, um tanto histérica, quando ele a agarrou pelos
tornozelos e a puxou para mais perto.

— Ah, eu também te amo, querida. — respondeu Devin,


suspirando de satisfação quando a puxou para fora do caminhão,
colocou-a de pé e prontamente a arrastou pela lateral do antigo
quartel dos bombeiros.

— Por que exatamente você está me arrastando? — perguntou


a mulher que realmente estava começando a estragar isso para ele.

— Porque te mostrarei uma coisa. — ele falou, puxando-a pela


frente.

— Oh, meu Deus... — Charlie sussurrou fracamente


enquanto ficava ali, olhando a grande placa embaixo da Bradford
Creations.

— Você fez isso? — Charlie perguntou com um sorriso aguado


quando olhou para ele.

— Claro que sim. — afirmou Devin, aproximando-se para que


pudesse abraçá-la enquanto ela olhava de volta para a placa com
Dabbi Digital Marketing.

— É linda. Obrigada. — agradeceu ela, incapaz de desviar os


olhos do sinal de que ele pedirá alguns favores enquanto a
pergunta que o incomodava nos últimos dois dias o fazia
perguntar:

— O que Dabbi quer dizer?


— Dustin e Abbi. — explicou Charlie, confirmando suas
suspeitas e dando aos filhos outra razão para se vangloriar.

Nos últimos dois dias, eles estavam se gabando de que ela os


amava mais porque nomeou sua empresa em homenagem a eles e
agora, ele nunca ouvia o maldito fim disso. A menos que…

— Você sabe, o Bradford Marketing também tem um toque


muito legal. — mencionou casualmente enquanto se inclinava
para poder beijar sua bochecha.

— Há algo que eu ainda não entendo, como você descobriu


sobre isso? — Charlie perguntou, olhando para ele.

— Fui pagar pelo seu quarto de hotel, mas a recepção disse


que o quarto estava registrado para Dabbi Digital Marketing. Não
pensei muito nisso até entrar no trabalho e sua representante de
atendimento ao cliente favorita me apresentou seu currículo,
esperando que eu desse o emprego a ela.

Houve um suspiro pesado e depois:

— Eu sou uma idiota.


— O que está acontecendo? — Devin perguntou quando
Charlie rapidamente entrou no escritório, dizendo a si mesma que
estava errada.

— Lembra-se de alguns meses atrás, quando alguém estava


tentando invadir as contas de mídia social da Bradford Creations?
Bem, antes disso, alguém estava criando contas falsas e
destruindo as da Bradford Creations. Eu não estava muito
preocupada com isso porque esse tipo de coisa acontece, então
comecei a ser bloqueada pelas contas da Bradford Creations
depois de muitas tentativas fracassadas de acessar as contas.
Continuava acontecendo todos os dias, às vezes algumas vezes por
dia, até eu me cansar disso. — explicou Charlie enquanto passava
por Bradford, que estava feliz enrolado com um dos ursinhos de
pelúcia das crianças, e se dirigia para sua mesa.

— Então, alterei as informações de login do e-mail das mídias


da Bradford Creations para as que criei para Dabbi Digital
Marketing, para tornar impossível para quem estava fazendo isso,
pois ninguém sabia sobre esse e-mail. Também criei uma conta do
Gmail para você, para ter acesso à conta pelo mesmo motivo. Nos
últimos dois meses, não tive nenhum problema, só que ontem à
noite tudo deu errado.
— O que aconteceu ontem à noite? — Devin perguntou
quando Charlie pegou seu teclado, apenas para franzir a testa
quando uma pilha de correspondência em sua mesa chamou sua
atenção.

— Todas as contas de mídia social foram bloqueadas após


muitas tentativas fracassadas, o que significava que descobriram
que eu havia usado meu e-mail de Dabbi Digital Marketing para
proteger as contas. Eles também conseguiram se apossar das
informações de hospedagem da Bradford Creations e me
bloquearam, mudaram a senha e tentaram excluir o site. Levei
mais de uma hora hoje de manhã para convencê-los de que era
quem eu disse que era. Felizmente, quem fez isso não tinha ideia
do que estava fazendo, então pude colocar o site da Bradford
Creations em funcionamento novamente — explicou ela
distraidamente, franzindo o cenho para os envelopes endereçados
para Dabbi Digital Marketing — Onde você conseguiu isso?

— Eles foram enviados para cá. — explicou Devin enquanto


Charlie balançava a cabeça.

— Não usei esse endereço para nada. Não há razão para que
todo esse lixo tenha sido enviado aqui, Devin. — explicou ela,
concentrando sua atenção novamente no computador e acessando
o site da Dabbi Digital Marketing — Droga. — Charlie xingou
quando viu que seu e-mail estava na parte inferior da página
inicial, respondendo a uma de suas perguntas sobre como Kelly
conseguiu seu endereço de e-mail.
A questão era: como ela descobriu sobre a Dabbi Digital
Marketing em primeiro lugar.

Decidindo descobrir, Charlie foi até a porta.

— Eu a matarei. — prometeu, enquanto o celular a alertava


para o fato de ter sido bloqueada novamente a página de Facebook
da Bradford Creations depois de muitas tentativas fracassadas de
login.

— Espere, que merda está acontecendo? — Devin perguntou


quando Charlie deu um passo atrás sobre Bradford, que rolou de
costas nos últimos minutos e se dirigiu para o andar de baixo.

Em vez de responder, porque ela sinceramente não achava


que poderia fazê-lo sem gritar, Charlie subiu as escadas e foi direto
para o escritório à sua frente. Quando viu Kelly sentada em sua
mesa, falando ao celular, foi direto para ela.

— Ei! — Kelly ficou furiosa quando Charlie empurrou a


cadeira para fora do caminho e agarrou o mouse, clicando para
abrir a página que Kelly havia minimizado.

— Espera! — Charlie exalou lentamente quando se levantou


e olhou para a mulher que estava trabalhando muito duro para
derrubá-la.

— Que porra há errado com você? — perguntou, balançando


a cabeça em descrença.

— Você tem alguma ideia do que você poderia ter feito? O tipo
de dano que poderia ter causado?
— Eu não sei do que você está falando. — respondeu Kelly
com uma desafiante inclinação de cabeça que fez Charlie balançar
a cabeça com nojo novamente, porque ela realmente não conseguia
lidar com essa mulher.

— O que está acontecendo? — Devin perguntou enquanto


olhava para a tela do computador de Kelly. — Você está brincando
comigo?

Charlie ouviu Devin estourar enquanto se dirigia para a porta,


tendo tido mais do que suficiente por um dia.

— Não quero falar sobre isso. — disse a pequena mulher


enrolada no pufe com um saco de donuts, quando Devin entrou no
escritório duas horas depois.

— Eu a despedi. — anunciou Devin enquanto se sentava no


chão ao lado dela.

— Eu ouvi. — Charlie murmurou enquanto mordiscava


distraidamente um donut, fazendo-o estremecer porque ele tinha
certeza de que toda a cidade do caralho o ouviu gritando.

Ele deveria ter demitido Kelly na primeira vez que ela o irritou.

Pelo menos agora ele sabia por que ela queria tanto o trabalho
de Charlie. Aparentemente, Kelly começou a perceber quantos
pedidos estavam chegando. Isso a deixou curiosa, então ela
consultou o site e viu o quanto a Bradford Creations estava
cobrando por seu trabalho e decidiu que parte desse dinheiro
chegaria até sua conta bancária.

Foi isso que levou à rotina da rosquinha matinal, porque lhe


deu uma desculpa para andar pelos escritórios do andar de cima,
tentando descobrir o máximo possível sobre os pagamentos
administrados pela Bradford Creations, enquanto tentava
descobrir uma maneira de obter acesso às suas contas. Isso
também a levou ao seu interesse em assumir o cargo de Charlie.
Ela queria acessar o site porque achava que isso lhe daria acesso
aos pagamentos processados pelo site. Não seria porque eles
usavam um sistema de terceiros para processar pagamentos e ele
era o único que tinha essa senha, mas ela não sabia disso.

— Alterei todas as senhas principais da Bradford Creations.


Excluí seu acesso ao e-mail, liguei para a empresa de segurança e
recomendo o cancelamento dos cartões de crédito da Bradford
Creations, além de alertar o banco. Eu também troquei as
fechaduras e os códigos do painel de alarme, considerando seu
gosto por invadir coisas. — Charlie murmurou tristemente
enquanto terminava seu donut e pegava outro antes de
acrescentar — E encontrei a câmera.

— É uma boa. — Devin murmurou em concordância quando


ele estendeu a mão e empurrou uma mecha de cabelo para fora de
seu rosto.

Ele não mencionou que já sabia que ela encontrou a câmera


que Kelly escondia aqui desde que ele assistiu no andar de cima
no computador de Kelly enquanto Charlie destruía seu escritório,
procurando a câmera e uma vez que ela a encontrou ...

Ele viu como um jogo de emoções cruzou seus belos traços,


da descrença à percepção de que alguém os estava observando.
Soube o momento em que ela percebeu que todos aqueles
momentos privados que haviam compartilhado haviam sido
roubados. Seus olhos se fecharam quando ela expirou lentamente,
lutando contra o desejo de esmagar a câmera. De alguma forma,
conseguiu se recompor, levou a câmera para a loja e a colocou na
bancada de trabalho dele para a polícia pegar.

Quando viu o vídeo ao vivo do escritório na tela de Kelly, ele


queria matá-la.

Ela cruzou tantas merdas colocando a câmera em seu


escritório e, aparentemente, ela fez isso há muito tempo. Ele
encontrou pastas contendo arquivos de vídeo do antigo escritório
de Charlie, o refeitório, sua loja e os fundos, tirando todas as
últimas dúvidas que tinha de que ela não sabia que Charlie havia
sido ferida em outubro. Ela o viu carregar Charlie para dentro com
uma bandagem branca enrolada no pé e não conseguiu resistir à
vontade de descer e causar um pequeno estrago.

Puta do caralho.

Foi quando começou a gritar de verdade.

Ele tinha que lhe dar crédito, no entanto. Enquanto gritava


com ela, Kelly continuou parada ali, parecendo patética, chorando
baixinho enquanto lhe dizia que não sabia do que ele estava
falando. Tudo mudou quando a polícia apareceu. Ela deu uma
olhada no policial que vinha prendê-la e tentou fugir.

Foi quando Bradford lembrou a todos que, a certa altura,


havia sido o melhor cadete do K-9 na academia até que seu amor
por abraços o levou a desistir do programa. Ele bloqueou a fuga de
Kelly e rosnou, mostrando os dentes enquanto ela era presa.
Bradford ganhou mais do que um bife, pensou Devin, decidindo
que iria comprar o maior bife que pudesse pôr em suas mãos.

— Quero ir para casa. — pediu Charlie, parecendo exausta.

— Eu sei que você quer, querida. Acho que poderíamos fazer


isso. Terei que fazer algumas ligações e cancelar os compromissos
que fiz para você. — ele respondeu, suspirando profundamente
enquanto se levantava para acabar com um sorriso quando Charlie
perguntou:

— Que compromissos?

— Bem, eu pensei que a Dabbi Digital Marketing poderia


precisar de mais alguns clientes, então fiz algumas ligações e
marquei alguns compromissos para você hoje, mas desde que você
prefere ir para casa... — explicou Devin, deixando suas palavras
sumirem.

— Compromissos? — Charlie indagou, instantaneamente


alerta quando se sentou. — Para o Dabbi Digital Marketing?

— Mmmhmmm, de fato, sua primeira consulta deve estar


aqui em alguns minutos. — disse, rindo quando ela rapidamente
se levantou e correu para o outro lado do escritório para arrumar
tudo.

— Mesmo? Quem vem? — Charlie perguntou, parecendo


realmente adorável agora.

— Oh, apenas algumas pessoas...


13:00
— Isso simplesmente não funcionará para mim — declarou
Lúcifer, o homem muito grande que possuía o Fire & Brimstone,
um restaurante incrivelmente popular que deveria reabrir daqui
um mês, com um suspiro pesado e um movimento firme de cabeça.

— Do que está falando? — Charlie não pôde deixar de pensar,


principalmente porque eles ainda nem começaram.

Em vez de responder, ele simplesmente empurrou a cadeira


para trás com outro suspiro, deu a volta na mesa dela ...

A fez pular da cadeira e tropeçar para trás quando ele fez um


gesto para ela se mover, com outro suspiro, e murmurou:

— Isso exigirá uma viagem à The Container Store. — ele


assumiu a cadeira recém desocupada e começou a... organizar?

Não tendo muita certeza de como reagir, Charlie olhou para


sua esposa e encontrou Rebeca dando de ombros enquanto
demorava a selecionar um chocolate Hershey Kiss da grande bolsa
Ziplock que descansava em seu colo com um murmúrio:

— Ele está perturbado.


— Tudo bem. — Charlie disse, sem muita certeza de como
reagir enquanto observava Lúcifer parar na reorganização do
porta-lápis que Dustin fez para ela na aula de arte, para encarar
sua esposa.

Isso de alguma forma o levou a suspirar pesadamente quando


entrou na área de recreação infantil e murmurou:

— Definitivamente precisará de uma visita à The Container


Store. — antes de voltar sua atenção para organizar as canetas
dela.

Charlie voltou sua atenção para a esposa e franziu o cenho


quando viu Devin parado na loja ao lado de TJ, rindo muito. Ela
se sentiu relaxar enquanto o observava, aliviada por ele não
parecer mais querer matar algo com as próprias mãos.

Graças a Deus, Kelly não tinha ideia do que estava fazendo,


caso contrário ...

Charlie nem queria pensar no tipo de dano que ela poderia


ter causado.

Houve um suspiro pesado e, em seguida.

— Por favor, diga-me que você realmente não misturou


canetas pretas e azuis. — veio a reclamação que fez Charlie olhar
por cima do ombro para encontrar Lúcifer balançando a cabeça
em descrença quando desistiu de tentar ordenar as canetas e as
jogou na mesa.
Isso a levou a olhar para Devin e encontrar o bastardo rindo
mais.

Normalmente, ela não faria esse tipo de coisa, contudo...

— Se você acha que minha mesa está ruim, deve ver a


bancada de trabalho de Devin. Sinceramente, não sei como ele faz
alguma coisa nessa bagunça. — Charlie disse com um triste aceno
de cabeça enquanto observava Lúcifer franzir a testa e olhar para
a escritório de Devin.

Ela seguiu o olhar dele e observou Devin perceber que Lúcifer


estava o olhando. Um momento depois, aquele sorriso se foi
quando viu Lúcifer se dirigir à porta do escritório. Ela observou
Devin balbuciar:

— Oh, merda. — vendo Lúcifer se dirigir para a loja,


balançando a cabeça em desgosto enquanto passava.

Com isso feito, Charlie voltou para sua mesa e sentou-se com
um suspiro satisfeito enquanto olhava para cima para encontrar
Rebecca a observando enquanto colocava outro Hershey Kiss na
boca. Pigarreando, Charlie afirmou:

— Ele teve o que mereceu.

— Ele realmente teve. — Rebecca murmurou em


concordância quando Charlie acessou o site da Fire & Brimstone
e decidiu trabalhar.
14:00
— Onde raios eu errei com você? — Jared, ou melhor, tio
Jared, como lhe disseram para chamá-lo, perguntou, balançando
a cabeça lentamente enquanto olhava para o homem que havia
decidido se juntar a eles alguns minutos atrás.

Ignorando o pai, Jason perguntou:

— Então, onde estávamos?

— Você estava tentando me interrogar? — Charlie


distraidamente o lembrou enquanto ela se concentrava no site da
Bradford Construction.

— Eu estava fazendo um bom trabalho? — perguntou,


fazendo seus lábios tremerem enquanto ela fazia outra anotação.

— Na verdade não. — informou ela, rindo enquanto


concentrava sua atenção no tio Jared e...

— Precisarei de outra prateleira. — anunciou Lúcifer,


chamando sua atenção para encontrá-lo olhando para a pilha de
livros infantis que ele colocara no chão.

— Então, vamos voltar para você nos contando seus segredos


mais profundos e sombrios. — falou Jason, chamando sua atenção
de volta para encontrá-lo sorrindo imensamente enquanto
esperava.

— Já conversamos sobre o tempo que passei na prisão? —


Charlie perguntou, mordendo os lábios, pensativa.
— Sim e foi fascinante. — Jason murmurou, acenando com a
cabeça enquanto gesticulava para ela continuar.

— Que tal minhas aspirações de ser uma acompanhante de


luxo? — perguntou, observando enquanto seus lábios se
contraíram.

— Você tem que viver o seu sonho. — afirmou Jason,


assentindo solenemente.

— Você realmente entende. — Charlie murmurou


concordando, enquanto olhava para o site da Bradford
Construction e fazia outra anotação.

— Eu sonhei em sufocá-lo durante o sono. — confessou o pai,


estreitando os olhos no filho.

Com um suspiro sofrido, Jason estendeu a mão e afagou a


cabeça do pai com um murmúrio:

— Seu sonho me deixa triste. — antes de voltar sua atenção


para ela.

— O que mais?

— Eu te darei uma surra. — prometeu o pai, socando em sua


mão.

— E eu contarei a Haley que você disse isso. — retrucou


Jason enquanto os olhos de Jared se estreitaram nele.
— Quem lida com suas contas de mídia social? — Charlie
perguntou, esperando que os homens que se encaravam se
concentrassem.

— Você. — tio Jared rosnou enquanto olhava para o filho.

— Entendo. — Charlie murmurou enquanto abria o Facebook


e pesquisava “Bradford Construction” apenas para encontrar um
link para o site e percebeu que ela tinha um trabalho difícil pela
frente.

Assentindo, Charlie fez mais algumas anotações antes de


pegar o celular e abrir o calendário, tentando descobrir o melhor
dia para sair e tirar algumas fotos do último projeto da Bradford
Construction, quando um silêncio perturbador a fez franzir a testa
enquanto olhava para cima.

— Agora, de volta aos seus profundos segredos sombrios. —


disse Jason, fazendo-a suspirar.

15:00
— Você tem mais figuras da Sonserina? — o grande homem
que passou a organizar suas lembranças de Harry Potter
perguntou enquanto Charlie se sentava lá, expirando lentamente
enquanto esfregava as têmporas, tentando aliviar a dor de cabeça
que havia começado dez minutos atrás, quando o compromisso
das três horas apareceu.
— Eu não a machucarei, prometo. — disse Matt, apenas para
prosseguir — Eu só quero bater na bunda dela até que minha mão
caia. — pois seu irmão foi forçado a derrubá-lo com uma chave de
braço, enquanto o motivo pelo qual os proprietários da Bradford
Furniture estavam atualmente se espancando calmamente
continuou a passar pelos temas do site que Charlie havia sugerido.

— Eu gosto disso. — afirmou Jenn, a adolescente que levou


Bradford à violência com algumas palavras distraidamente
murmuradas, enquanto a atenção de Charlie se voltava para a
esposa de Reed, Joey, que estava silenciosamente sentada no pufe
atrás, lendo em seu Kindle enquanto, distraidamente, passava a
mão sobre a grande protuberância da barriga.

— Não sei como você conseguiu fazer alguma coisa com seus
clipes de papel e blocos de notas na mesma gaveta. — vieram as
pesadas palavras à sua esquerda que a deixaram saber que Lúcifer
havia se mudado e agora estava organizando o gabinete que servia
de armazenamento.

Acenando com a cabeça, porque ela honestamente não tinha


certeza do que mais deveria fazer, Charlie enfiou a mão na gaveta
de baixo para pegar o Advil, apenas para lembrar que Lúcifer o
havia mudado para o banheiro, onde decidira que pertencia.
Suspirando, ela empurrou a cadeira para trás, foi até a geladeira,
pegou uma Coca-Cola, tomou um gole e se viu mais uma vez
olhando para a esquerda para encontrar Devin ali, observando-a
com o sorriso mais sexy que ela já vira.
Isso por si só iria matá-lo, Charlie decidiu enquanto saía do
caminho quando Reed foi forçado a derrubar seu irmão com um
ataque que fez seu irmão mais novo murmurar:

— Estou morrendo.

E Charlie foi para o banheiro para tomar o Advil.

16:00
— Deus, isso é tão bom. — o Sr. Dixon sussurrou, incapaz de
deixar de gemer enquanto mordia um dos grandes cupcakes que
sua neta grávida havia trazido para a reunião deles enquanto ela
dormia na cadeira ao lado dele.

Ela parecia exausta, pensou Charlie, enquanto mordia o


delicioso bolinho de chocolate com cobertura de creme de
manteiga que se serviu e não pôde deixar de acenar com a cabeça
em concordância, porque estes eram realmente bons. Enquanto
saboreava a combinação perfeita de cobertura de chocolate e
creme de manteiga, Charlie se viu olhando para a barriga grande
de Nessie.

Não, ela não estava indo para lá.

Pelo menos não agora.

Ela ia se preocupar com isso amanhã, Charlie prometeu a si


mesma com firmeza enquanto voltava a atenção para o site da
Dixon Bakery...
— Você precisa de porta-copos. — veio a queixa com um
suspiro pesado ao encontrar o cupcake arrancado da mão pelo
homem que ela pensava ter deixado uma hora atrás. Piscando, ela
viu Lúcifer devorar seu cupcake de uma só vez antes de voltar para
a área de recreação infantil para organizar seus Legos.

Forçando sua mente a voltar ao tópico em questão, Charlie


pigarreou.

— É melhor não ser um bolinho na sua mão. — vieram as


palavras frias da porta que fizeram o Sr. Dixon ficar parado
enquanto Duncan, que parecia realmente chateado, entrou na
sala.

Os bombeiros eram definitivamente gostosos, Charlie não


pôde deixar de notar, mesmo quando ela se viu imaginando como
Devin ficaria em seu uniforme quando ele era policial.

Provavelmente mais gostoso.

— Isso não é o que parece. — tentou o Sr. Dixon, engolindo


em seco, enquanto apressadamente colocava o cupcake em cima
da mesa e, em seguida, seguia empurrando-o na direção dela.

— Não? Porque parece que alguém está voltará com a dieta.


— declarou Duncan enquanto caminhava até a esposa e colocava
a mão na barriga dela enquanto olhava para o avô.

— Você não ousaria! — o Sr. Dixon falou, visivelmente aflito


enquanto Charlie se viu novamente esfregando as têmporas.
— Ah, eu ousaria sim. — Duncan disse uniformemente
enquanto o Sr. Dixon balançava a cabeça lentamente e dizia:

— Nunca deveria ter deixado minha neta baixar seus padrões.


— que foi seguido por um suspiro de indignação que fez Charlie se
perguntar se era tarde demais para reagendar o restante de seus
compromissos.

17:00
— Eu quero o divórcio. — Trevor anunciou, olhando para a
esposa enquanto Charlie estava lá, debatendo com quem ela
deveria começar primeiro.

Zoe dirigia um pequeno negócio de contabilidade com foco em


escrituração, o que era bastante direto enquanto Trevor virava
casas e não parava de encarar sua esposa, que realmente não
parecia tão preocupada enquanto ela vasculhava os pacotes de
marketing que Charlie criara.

Quando Trevor percebeu que sua esposa ainda o estava


ignorando, ele desviou o olhar para ela.

— Matarei seu amigo. — ele prometeu, fazendo Charlie franzir


a testa e lançar um olhar aguçado para Ben, que havia parado
alguns minutos atrás para checá-la, para encontrá-lo olhando
para Zoe, apreciando todas as suas curvas generosas enquanto
comia um cupcake.
Reprimindo um suspiro, Charlie empurrou a cadeira para
trás, levantou-se e caminhou até seu melhor amigo, que
aparentemente estava alheio ao quão perto ele estava de levar um
chute no traseiro. Ela agarrou Ben pelo braço e o arrastou em
direção à porta.

— Espera o que você está fazendo? — Ben perguntou


enquanto empurrava o resto do cupcake em sua boca e olhava
além dela para lançar a Zoe um último olhar apreciativo. — Ah
Merda… — finalmente percebeu que tinha um Bradford muito
grande olhando para ele.

Suspirando, ela empurrou Ben para fora de seu escritório e


se viu se afastando rapidamente quando Trevor decidiu que ele
deveria ajudar Ben a encontrar o caminho de volta para o carro.

Por um momento, Charlie ficou lá, pensando em ajudar seu


melhor amigo, mas...

Ele ficaria bem, disse a si mesma enquanto voltava para sua


mesa, decidindo usar essa oportunidade para voltar ao trabalho
apenas para suspirar quando viu Lúcifer sentado em sua mesa,
murmurando:

— Isso simplesmente não funcionará para mim.

18:00
— Por que ele está aqui? — Ethan, o tio de Devin e médico
incrivelmente bonito, que queria contratá-la para lidar com o
marketing on-line de sua clínica, perguntou enquanto observava
seu filho reorganizar o arquivo que ele trouxe de um dos escritórios
do andar de cima.

Charlie levantou as mãos e as deixou cair com um murmúrio:

— Eu sinceramente não sei.

— Entendo. — respondeu Ethan, suspirando profundamente


enquanto caminhava até o filho e ...

— Espera! Ainda não terminei! — Lúcifer exclamou quando


seu pai o arrastou em direção à porta do escritório dela e disse por
cima do ombro:

— Já volto. — enquanto ele empurrava o filho para fora da


porta.

— Tudo bem. — falou Charlie, suspirando enquanto voltava


a esfregar as têmporas, imaginando quando esse pesadelo
terminaria.

19:00
— Por que meu pai não preencheu isso? — Aidan perguntou,
olhando do iPad em suas mãos para lhe dar um olhar
interrogativo.
— Porque ele foi forçado a arrastar Lúcifer para fora do meu
escritório. — Charlie explicou, continuando a esfregar as têmporas
e assistia Aidan franzir a testa enquanto olhava para ela à direita
e encontrou Lúcifer tirando seu pôster da Sonserina para que
pudesse trocá-lo com o de Indiana Jones.

Ao olhar interrogativo de Aidan, ela falou:

— Ele voltou depois que seu pai foi embora.

Aidan disse:

— Entendo.

Como a razão pela qual todos os Bradford têm sites


incrivelmente impressionantes continuando a observá-la
enquanto ela mordiscava um cupcake.

— Você fez um ótimo trabalho com a Bradford Creations —


elogiou Melanie, balançando a cabeça distraidamente enquanto
olhava de volta para o celular para verificar o restante das
publicações da Bradford Creations.

— Obrigada — Charlie agradeceu, perguntando-se por que o


Advil ainda não tinha feito efeito.

— Você acha que pode fazer a mesma coisa por nós? — Aidan
perguntou, colocando o iPad em cima da mesa para poder se
abaixar e pegar o filho na cadeirinha para suspirar quando Lúcifer
se aproximou e arrancou o bebê de suas mãos.
— Acho que posso ajudá-lo… — Charlie começou a dizer
apenas para deixar suas palavras sumirem quando Aidan se
levantou da cadeira e foi atrás do irmão, exigindo que ele
devolvesse o bebê.

Isso levou Charlie a procurar mais Advil quando Melanie a


lançou um olhar de pena e disse:

— Fica pior.

20:00
— Você está bem? — Charlie não pôde deixar de perguntar
enquanto observava Kasey abaixar a cabeça entre as pernas.

— Sim. É só um pouco de enjoo matinal. — respondeu Kasey,


assentindo com a cabeça.

No entanto algo, principalmente o fato de que agora estava se


levantando e lentamente se dirigindo ao pufe no fundo da sala com
um murmúrio fraco:

— Preciso me deitar.

...disse a ela que não estava.

— Talvez devêssemos ligar para o seu pai? — Charlie sugeriu,


voltando sua atenção para a menina bonitinha com tranças que
distraidamente jogava uma bola de beisebol entre as mãos.
— Estou bem. — veio a resposta murmurada que Charlie
escolheu ignorar.

— Já mandei uma mensagem para ele. — informou


Sebastian, o garoto que assumiu o lugar de Kasey quando ela
começou a ficar com um tom interessante de branco, enquanto
continuava vasculhando os pacotes que ela ofereceu.

— Isso acabará mal. — Mikey previu com um movimento


cabeça.

— O que? — Charlie perguntou quando sua atenção foi


atraída para a esquerda e encontrou Lúcifer em pé na porta do
escritório, olhando furiosamente enquanto ele murmurava:

— Eu não terminei.

Mas foi a chegada do seu compromisso às nove horas que a


fez estremecer enquanto Kenzie, que havia sido chamada para
ajudar Lúcifer, olhou para Roger, um pediatra e, se o boato estava
correto, o ex-marido de Kenzie.

— T-talvez devêssemos reagendar. — Charlie se viu


murmurando enquanto observava Kenzie pegar um extintor de
incêndio.

— Oh, vamos lá, porra!

Roger gritou quando se viu coberto de espuma e Charlie


decidiu que era definitivamente hora de encerrar a noite.
Ele provavelmente deveria estar preocupado com o fato de ela
tentar sufocá-lo com um travesseiro, quando colocou seu peso em
cima dele, Devin decidiu que ela poderia fazer o que quisesse.

Deus, como se sentia bem com ela, Devin pensou enquanto


passava as mãos pelas coxas nuas dela.

— Pare com isso! Estou tentando sufocá-lo. — exclamou


Charlie, parecendo adoravelmente chateada quando se mexeu, de
modo que a toalha que ela enrolou em si mesma escovou suas
coxas. — Você está brincando comigo? — exigiu enquanto jogava
o travesseiro para o lado para poder cruzar os braços sobre o peito
enquanto dava uma sacudida na bunda, que parecia realmente
muito boa.

— Algo está errado, baby? — Devin de alguma forma


conseguiu perguntar com uma cara séria.

Com os olhos estreitando-se perigosamente, ela mordeu:

— Eu te odeio.

— Ah, o que há de errado? — perguntou, fingindo que não


sabia que sua família havia passado o dia testando sua sanidade.

— Não estou falando com você. — Charlie o informou


enquanto continuava olhando para ele.
Não que ele pudesse culpá-la, Devin pensou enquanto
passava as mãos pelas coxas lisas dela e as deslizava sob a toalha.

— O que você está fazendo? — perguntou, seguindo o


movimento com um olhar curioso nos olhos.

— Estou fazendo as pazes com você. — disse ele, passando as


mãos pelas coxas dela.

— Eu não acho que seja humanamente possível. — a mulher


que ele assistiu entrar dentro de seu apartamento há pouco tempo,
murmurando todos os tipos de ameaças à bunda dele enquanto
caminhava para o banheiro, onde continuou a vocalizar seu desejo
de torcer o pescoço dele, falou.

— Você tem certeza? — Devin perguntou, cruzando um braço


atrás da cabeça enquanto o outro continuava deslizando pela coxa.

Ele a observou enquanto seu polegar encontrava a sua fenda,


trazendo um gemido suave da mulher bonita com quem ele queria
passar o resto de sua vida. Ela era tão linda, Devin pensou,
observando-a enquanto o polegar corria lentamente entre as
pernas dela, roçando levemente seu clitóris enquanto lambia os
lábios.

— Você ainda está brava? — Devin perguntou, sentindo seus


lábios tremerem quando ela murmurou algo incoerentemente
enquanto se mexia nele, fazendo com que sua boceta molhada
deslizasse através de seu pênis, fazendo a ponta doer por contato.
— Furiosa. — afirmou, com um gemido e um aceno solene
quando estendeu a mão e puxou a toalha solta, deixando-a cair
em volta deles.

— Ajudaria se eu dissesse que senti sua falta? — perguntou


enquanto deslizava os olhos lentamente pelo corpo dela,
observando a suave inclinação de sua garganta, seus grandes seios
em forma de gota de lágrimas, com mamilos rosa claro
endurecendo a cada movimento suave de seus quadris.

Deus, ela o destruiu porra, Devin pensou, passando os olhos


pelo suave inchaço de sua barriga até que ele se viu observando o
polegar provocando seu clitóris enquanto os lábios rosados e
gordos entre as pernas dela se abriam sobre seu pênis,
envolvendo-o num abraço molhado, enquanto ela se movia sobre
ele. Um pequeno suspiro chamou sua atenção quando Charlie se
inclinou para que seus seios pressionassem contra ele, fazendo
seus mamilos duros se moverem contra ele com cada movimento
lento de seus quadris enquanto ele puxava as mãos livres.

Alcançou entre eles e encontrou um peito grande enquanto a


outra mão se movia para a bunda dela e a encorajava a continuar
se movendo enquanto ele se inclinava e a beijava. Passou tantas
noites pensando nela, pensando em como seria tocá-la e abraçá-la
e agora que ele podia...

Ele nunca iria deixá-la ir.

— Isso é tão bom. — Charlie sussurrou suavemente enquanto


se movia sobre ele.
— Você ainda está brava comigo? — Devin perguntou,
roçando os lábios nos dela enquanto a abraçava e lentamente a
rolava de costas.

— Absolutamente. — assegurou, fazendo-o rir quando ele se


posicionava entre as pernas dela.

— Ajudaria se eu dissesse que te amo? — perguntou, rolando


os quadris para que ele estivesse se movendo contra ela.

— Não. — negou ela, fazendo-o sorrir apenas para fazê-lo


gemer quando ela abriu as pernas.

O fez gemer novamente quando o movimento o fez deslizar


lentamente dentro dela com o próximo movimento de seus quadris.
Deus, ela se sentia incrível, Devin pensou enquanto a beijava. Ele
desejava poder voltar no tempo para o dia em que ela entrou na
Bradford Creations. Ele teria feito tantas coisas de maneira
diferente e, uma vez que a tivesse, nunca a teria deixado ir.

— E se eu disser que te adoro? — Devin perguntou enquanto


se levantava para poder observá-la enquanto se movia.

— Prefiro tê-lo por escrito. — respondeu Charlie, fazendo-o rir


quando ela estendeu a mão, colocando as mãos em seu o rosto e
puxando-o para um beijo.

— Eu acho que posso lidar com isso. — ele assegurou antes


de beijá-la, aproveitando o tempo para se mover dentro dela,
saboreando a sensação de deslizar dentro dela apenas para gemer
quando suas paredes se comprimiram ao redor dele, apertando-o
enquanto ela agarrou seus ombros e gemeu seu nome, as costas
se arqueando da cama e o prazer se espalhava por seu pênis,
puxando suas bolas com força antes de abrir sua espinha quando
seu nome foi arrancado dele num gemido.

Por vários minutos, ele se contentou em ficar ali, olhando em


seus lindos olhos azuis.

— Eu te amo. — afirmou Charlie, sem ter ideia do que ouvir


essas palavras fizeram com ele até que ela acrescentou — Mas se
você me ferrar novamente para seu próprio entretenimento, serei
forçada a matá-lo enquanto dorme. — fazendo-o estremecer.

— Devidamente anotado. — falou rindo quando a beijou pela


última vez antes de se afastar dela com relutância. Sem uma
palavra, pegou a mão dela e a puxou gentilmente, fazendo-a sair
da cama e ir ao banheiro. Eles passaram a meia hora seguinte no
chuveiro, onde ele demorou a adorá-la até a água quente acabar e
era hora de encerrar a noite.

Foi quando ele vestiu as roupas enquanto observava Charlie


se enrolar ao seu lado.

Ele não conseguiu.

Não conseguiu se forçar a sair pela porta mais uma vez e


passar o resto da noite em sua cama, sozinho.

Pelo menos ainda não.

Dizendo a si mesmo que teria certeza de que sairia antes que


as crianças acordassem, Devin subiu na cama atrás dela e puxou
a mulher que havia roubado outra de suas camisas em seus
braços. Ele pressionou os lábios contra a nuca dela quando fechou
os olhos e sentiu-se relaxar apenas para abrir os olhos algum
tempo depois, quando sentiu algo empurrar suas costas.

Franzindo o cenho, Devin olhou por cima do ombro.

— Você está em nosso lugar. — informou Abbi, estreitando os


olhos nele.

Antes que ele pudesse abrir a boca, falou Dustin:

— Ela era nossa primeiro.

Isso foi seguido por eles rastejando sobre a cama e


empurrando-o, ignorando seu grunhido de dor enquanto se
estendiam com suspiros satisfeitos que o estavam encarando os
pequenos valentões.

— Eles são brutais. — Charlie murmurou sonolenta,


parecendo divertida quando um pequeno joelho foi alojado contra
suas costas.

— Eles realmente são. — Devin murmurou quando se viu


mais uma vez empurrado com um grunhido de dor quando o
cachorro pulou na cama e outro pequeno joelho foi pressionado
contra suas costas.
— Estou muito desapontado com você, minha jovem. —
declarou Ben com um suspiro de sofrimento que o mataria.

— Por favor, não me faça matá-lo agora. — pediu Charlie,


abaixando a cabeça entre as mãos e se encontrando de pé,
andando pelo banheiro quando sentar se tornou impossível.

— Sexo antes do casamento. — disse Ben, balançando a


cabeça com um suspiro decepcionado que foi rapidamente cortado
com um grunhido de dor quando o pé dela de alguma forma se
conectou ao tornozelo dele. — Deus, você é malvada. —
murmurou, esfregando o tornozelo distraidamente enquanto
olhava para o teste de gravidez que ela o convenceu a pegar e
suspirou.

— Ainda em contagem regressiva. — assentindo


distraidamente, Charlie continuou andando pelo banheiro até que
isso não bastasse e ela se viu pegando o celular e checando duas
vezes se tinha contado direito.

Ela estava definitivamente atrasada, percebeu, incapaz de


deixar de sorrir, quando finalmente se permitiu pensar no que isso
poderia significar. Não tinha planejado que isso acontecesse, mas
agora que era, Charlie percebeu o quanto ela queria isso. Não
importava que ela não fosse casada ou que finalmente estivesse
tirando o Dabbi Digital Marketing do chão, porque queria isso
mais.

Ela queria outro bebê, um que ela pudesse estar lá desde o


início, assistir crescer e estar lá para todas as coisas que ela tinha
perdido com a Abbi e Dustin. Ela queria outro menino que adorava
sair com sua mãe e uma menininha que tinha o pai em volta do
dedo mindinho.

— Devin não deveria estar aqui para isso? — Ben perguntou,


tomando um gole de café enquanto olhava de volta para o teste.

— Ele nem sabe que estou atrasada. — Charlie respondeu,


balançando a cabeça enquanto soltava uma respiração trêmula.

— Você quer isso. — Ben murmurou pensativo enquanto a


considerava.

— Isso seria tão ruim? — Charlie perguntou, colocando o


lábio inferior entre os dentes enquanto lhe enviava um olhar
interrogativo para encontrá-lo balançando a cabeça.

— Não, acho que não seria um coisa ruim, não quando isso a
deixa feliz. — respondeu ele, dando-lhe uma piscadela que a fez
morder o lábio para não chorar.

— Obrigada. — agradeceu ela, olhando para o teste que


estava demorando uma eternidade, rezando para que-

— O que está acontecendo? — veio a pergunta que fez Charlie


olhar para trás e encontrar Devin parado na porta, encarando o
teste de gravidez com um olhar que ela não conseguia entender.

— O que você está fazendo aqui? — Charlie perguntou, se


mexendo nervosamente enquanto enviava a Ben um olhar
interrogativo.
— Bem, parece que o meu trabalho aqui está concluído. —
declarou Ben, levantando-se e dirigindo-se para a porta, apenas
para fazer uma pausa para poder beijar o topo da cabeça dela
enquanto dizia:

— Ligue-me quando descobrir. — saindo pela porta.

— Você disse que estaria trabalhando em casa hoje, então


pensei em surpreendê-la com rosquinhas. — afirmou Devin,
segurando a pequena sacola branca de padaria que ela não havia
notado antes. — O que porra está acontecendo aqui, Charlie? —
perguntou enquanto olhava impotente para o teste de gravidez que
deveria estar terminado agora.

Lambendo os lábios, Charlie falou:

— Eu posso estar grávida. — enquanto forçava as pernas a


levá-la através da pequena distância para que ela pudesse olhar
para o teste de gravidez.

— Não, você não está. — Ele declarou com firmeza, fazendo-


a franzir a testa quando ela olhou para ele e o viu observando-a
com algo próximo ao pavor quando acrescentou — Não posso ter
filhos.
— Do que você está falando? — Charlie perguntou quando ela
olhou de volta para o teste de gravidez, quando ele foi forçado a
ficar lá e assistir o último vislumbre de esperança morrer
lentamente em seus olhos.

— Não posso ter mais filhos, Charlie, fiz uma vasectomia. —


ele afirmou, forçando as palavras para fora da boca enquanto
jogava a bolsa no balcão.

Por vários minutos, ela não disse nada. Apenas ficou lá,
olhando para o teste de gravidez que confirmava tudo, até que ele
não aguentou mais.

— Diga alguma coisa. — ele implorou.

— Quando? — veio a palavra dita suavemente que o exalou


lentamente.

— Logo após o nascimento dos gêmeos. — respondeu Devin,


observando enquanto ela assentiu lentamente, sem tirar os olhos
daquela porra de teste.

— Você ia me contar? — ela perguntou, finalmente o olhando.

— Eu não sei. — falou enquanto observava as lágrimas


escorrerem pelo rosto dela.
— Você não sabe. — Charlie repetiu, balançando a cabeça
distraidamente, apenas para sacudir a cabeça com nojo enquanto
esfregava freneticamente as lágrimas que ele daria qualquer coisa
para parar quando ela acrescentou — Bem, isso é perfeito.

— Charlie, prometi aos meus filhos que...

— Não quero ouvir sobre sua promessa estúpida, Devin. OK?


Eu simplesmente não quero! — ela estalou quando passou por ele
e entrou em seu quarto.

— Não foi estúpida! — ele retrucou enquanto a seguia.

— Não, você está certo. — Charlie admitiu com um firme


aceno de cabeça quando ela se virou e o encarou. — Não foi
estúpida, foi cruel.

— O que? Como foi malditamente cruel ter certeza de que


meus filhos foram cuidados e nunca, nem uma vez, tiveram que
questionar o quanto eu os queria? Assegurei que eles soubessem
que eram amados e que sempre viriam primeiro.

— E você realmente não acha que poderia ter feito isso sem
renunciar a tudo? Você realmente acha que Abbi e Dustin queriam
ver o pai infeliz? Você realmente acha que eles precisavam que o
pai se punisse porque a mãe não os queria?

— Você não sabe do que está falando. — ele falou, decidindo


que eles terminariam a conversa mais tarde, depois que ela tivesse
a chance de se acalmar e se encaminhou para a porta apenas para
se ver interrompido pela pequena mulher que ele nunca tinha visto
ficar brava antes.

— Você não acha que eu sei como é ter uma mãe que não te
quer? Você está falando sério? É tudo o que sei, Devin!

Quando ele foi procurá-la, ela afastou as mãos dele enquanto


continuava.

— Mas seus filhos não! Eles não têm ideia de como é não ser
desejada pela mãe e isso é por sua causa! Ela nunca teve a chance
de machucá-los porque você nunca deu a ela uma chance. Você
nunca os lembrou que a mãe deles não os queria. Em vez disso,
você fez questão de dizer a eles o quanto os queria e isso fez a
diferença. Você deu a eles mais amor do que eles jamais poderiam
ter esperado e não precisava de uma promessa para fazer isso,
Devin. A única coisa que a promessa fez foi causar dor.

Por um momento, ele não pôde dizer nada enquanto a


observava abanar a cabeça com nojo enquanto se virava para sair.

— Por que a Abbi e Dustin não são suficientes? — perguntou,


observando enquanto ela lentamente se voltava para encará-lo.

— Você está brincando comigo? — Charlie perguntou,


balançando a cabeça lentamente em descrença. — É por causa
deles que eu quero filhos. Você tem alguma ideia do quanto eu amo
essas crianças? Quanto me mata que eu não estive lá por eles? Eu
perdi muito com aquelas crianças. Eu senti falta de segurá-los
quando eles nasceram, vendo seus primeiros sorrisos, a primeira
vez que rastejavam, andavam e centenas de outras coisas que
nunca experimentei com eles e isso me mata!

— E eu não quero passar por isso de novo! Não quero ter que
ficar assustado toda vez que um dos meus filhos está com febre.
Não quero ter que me sentar ao lado dos berços à noite, quando
estiverem doentes, porque estou com pavor de que piorem se eu
não estiver lá! Não quero ter que me preocupar com o que
acontecerá se eu tirar meus olhos dos meus filhos por um
segundo, porque eles continuam se metendo em tudo! Eu não
quero me deitar na minha cama à noite, aterrorizado para fechar
meus olhos, porque meus filhos podem precisar de mim e eu não
estarei lá para eles! Não quero me preocupar que não estou
fazendo o suficiente por eles ou que não estou dando-lhes o que
precisam! Não quero ter que me preocupar com o que acontecerá
com meus filhos se algo acontecer comigo. Eu não quero ter que
passar por isso sozinho de novo.

— Você não estaria sozinho, Devin.

— Charlie, eu.. — ele falou, alcançando-a apenas para ela se


afastar dele novamente.

— Você é um ótimo pai, Devin, e é um péssimo namorado. —


Ela afirmou, pegando sua bolsa.

— Por que eu não quero mais filhos? Isso me faz um péssimo


namorado? — ele perdeu a cabeça.
— Não, é porque você estava disposto a me machucar para
manter uma promessa que nunca deveria ter feito em primeiro
lugar. — explicou Charlie e, com isso, ela saiu.

— Vamos precisar de mais rosa. — anunciou Abbi,


suspirando profundamente enquanto olhava os pequenos copos de
tinta que a professora havia colocado na mesa para olhar em volta
para ver se conseguia encontrar mais tinta rosa.

— Charlie não gosta de rosa. — afirmou Dustin, levantando-


se e caminhou até a estação de artesanato e pegou a garrafa de
tinta verde, sua favorita.

— Verdade. — murmurou Abbi, enquanto ela segurava o copo


de tinta verde imóvel para que ele pudesse derramar mais
enquanto a Sra. Greer terminava o que estava fazendo em sua
mesa para voltar à frente da classe, carregando uma grande
moldura branca numa mão e um vaso branco de flores na outra.

— Todos estão prontos para fazer o presente do Dia das Mães?


— ela perguntou com um sorriso caloroso quando Dustin
compartilhou um olhar com sua irmã porque eles estavam mais
do que prontos.

Eles estavam fazendo planos nas últimas semanas desde que


a professora anunciou que precisaria de dez dólares de cada para
que pudessem fazer um presente de dia das mães este ano. Assim
que o pai os pegou naquele dia, eles pediram e continuaram
pedindo até chegarem em casa e ele deu dez dólares a cada um
para levar para a escola.

Assim que teve o dinheiro, Dustin colocou-o num envelope


que ele havia trazido do escritório de seu pai, selou e colocou em
sua mochila. Para garantir que não perdesse, ele escondeu a
mochila debaixo do travesseiro e a segurou a noite toda enquanto
dormia. Na manhã seguinte, colocou a mochila e se recusou a tirá-
la até que finalmente estivesse na escola e pudesse entregar o
envelope à Sra. Greer e, desde então...

Ele estava contando os dias.

O Dia das Mães demoraria mais algumas semanas, mas ele


queria estar pronto. Ele já havia quebrado o cofrinho, deu todo o
dinheiro ao pai e pediu que comprasse os chocolates favoritos de
Charlie na Sarris Candies, porque se lembrava do quanto ela
gostava deles no Dia dos Namorados. Ele também estava
planejando comprar para ela um ursinho de pelúcia que Abbi já
prometeu não levar e ele ia fazer o café da manhã favorito dela e
surpreendê-la com ele.

O Dia das Mães seria perfeito.

Ele se certificou disso.

— Talvez devêssemos arranjar outro coelho para ela. —


ponderou Abbi, fazendo seus lábios tremerem.
— Ela quer uma tartaruga. — Dustin lembrou, ainda se
perguntando como conseguiria uma sem o papai ficar bravo.

Por outro lado, como papai amava Charlie quase tanto quanto
eles, ela provavelmente poderia se safar. Para ser sincero, ele não
se importaria com outro cachorro, pensou Dustin, enquanto
observava a sra. Greer empurrar o carrinho cheio de molduras e
vasos de flores que eles deveriam pintar.

Eles precisam de mais verde, decidiu Dustin enquanto


apertava mais tinta em seu copo.

— Qual você quer fazer? — perguntou Abbi.

— A moldura. — ele respondeu com um firme aceno de cabeça


porque tinha a foto perfeita para colocar nela.

— Terei que pegar flores então. — declarou Abbi, assentindo


pensativamente enquanto observavam o carrinho finalmente
chegar à mesa.

Quando a sra. Greer alcançou a caixa para pegar sua


moldura, ele não pôde deixar de sorrir e então...

Não era uma moldura.

— Então, — começou a sra. Greer, sorrindo calorosamente


enquanto colocava duas canecas de café brancas sobre a mesa na
frente deles — pensei que, já que você comemoraria o Dia das Mães
com seu pai, seria bom fazer algo realmente especial para ele.
— O que? — Dustin perguntou, sentindo seu estômago revirar
quando olhou da caneca de café que não queria pintar para as
outras mesas e viu como todo mundo começou a pintar os
presentes do Dia das Mães para as mães.

— Eu apenas pensei que seu pai provavelmente gostaria disso


mais do que um vaso de flores ou uma moldura. — supôs a sra.
Greer, voltando sua atenção para a caneca.

— Eu não quero pintar uma caneca. — ele objetivou,


balançando a cabeça quando estendeu a mão empurrando a
caneca enquanto a Abbi estava lá, parecendo que iria chorar.

— Dustin.

— Quero fazer um presente de Dia das Mães para minha mãe.


— ele respondeu, gesticulando para o carrinho dela.

Houve um suspiro e depois:

— Dustin, está tudo bem. Nem todo mundo tem mãe e isso
não é motivo de preocupação. Você tem um pai realmente ótimo
que ama você e eu acho que seria muito bom...

— Eu não quero fazer uma caneca para o meu pai! Quero


fazer um presente de Dia das Mães para minha mãe! — Gritou,
sabendo que ia ter problemas, porém, não se importou.

Ele tinha uma mãe e ia fazer um presente para o Dia das


Mães.

— Dustin, talvez devêssemos...


— Eu tenho uma mamãe!

— Shhh, está tudo bem. — disse a sra. Greer quando o


alcançou.

— Eu tenho uma mamãe! — ele gritou quando colocou as


mãos sobre os ouvidos e fechou os olhos com medo, com medo de
que ela lhe dissesse que ele não tinha mãe mais uma vez.
— Eu não quero falar sobre isso. — declarou Devin assim que
TJ abriu a boca.

— É justo. — falou seu melhor amigo, enquanto Devin pegava


uma tábua...

— Porra! — ele rugiu enquanto jogava a tábua do outro lado


da sala, batendo-o contra a parede enquanto fechava as mãos em
punhos, lutando contra o desejo de socar o punho na parede.

— Então... ainda não estamos falando sobre isso? — TJ


murmurou, parecendo pensativo quando Devin agarrou a borda
de sua bancada e expirou lentamente.

— Deixe-me em paz. — Devin pediu, olhando para a superfície


cicatrizada enquanto tentava fazer a imagem do sorriso de Charlie
morrer quando ela percebeu que eles nunca teriam filhos fora de
sua cabeça.

Ele deveria ter dito a ela antes. Deveria ter certeza de que ela
sabia o que ele queria antes...

— Ei, imbecil. — veio a saudação que o fez se virar.

Batendo contra sua bancada quando Ben o socou. Antes que


ele percebesse o que estava acontecendo, Ben balançou
novamente, batendo-o em sua bunda.
— Qual é a porra do seu problema? — TJ gritou, agarrando
Ben e tentando arrastá-lo de volta, mas o homem que
normalmente exibia um sorriso despreocupado ainda não havia
terminado.

Ele agarrou Devin pela camisa, puxou-o de pé.

— Filho da puta! — Ben gritou quando Devin retribuiu o favor


e o bateu, dividindo os lábios.

— Você só acertou um. — provocou Devin, limpando o sangue


do queixo.

— E se você alguma vez a fizer chorar de novo, eu te matarei,


você me ouviu? — Ben ameaçou, ficando na cara dele.

— Você não tem ideia do que aconteceu, então eu sugiro que


você saia da minha frente agora. — Devin falou.

— Eu nunca deveria ter deixado você se aproximar dela. —


afirmou Ben calmamente, porém ele não se mexeu.

— Não, você não deveria. — Devin falou porque pelo menos


eles poderiam concordar numa coisa, ele pensou enquanto
empurrava Ben para fora do caminho e se dirigia para a porta,
querendo mais do que acabar com esse dia quando as próximas
palavras de Ben o pararam.

— Ela não chora mais, não é?

— O que? — Devin perguntou enquanto se virava lentamente.


— Ela não chora mais no sono, não é? — Ben repetiu,
limpando o sangue do queixo.

— Não, ela não chora. — ele se viu dizendo enquanto tentava


se lembrar da última vez que as crianças entraram correndo em
seu quarto porque Charlie estava chorando enquanto dormia e não
parava.

— É porque ela se sente segura. — disse Ben, servindo-se de


um pano do banco para limpar o sangue da mão.

— Demorou um pouco para descobrir, mas percebemos que


Charlie só chorava enquanto dormia quando pensava que algo
ruim iria acontecer. Quando seu avô teve outro ataque cardíaco e
teve que parar de visitá-la, ela chorou por meses, aterrorizada por
algo acontecer com ele. O mesmo acontecia sempre que os serviços
sociais apareciam e lhe diziam que ainda procuravam uma boa
família que a afastasse de nós. Ela fez o mesmo quando a vovó Bea
começou a ficar doente. Estava com medo de perdê-la. Eu
costumava entrar furtivamente no quarto dela à noite e segurá-la
porque nada mais funcionava. Ela choraria até que isso era demais
e então ela simplesmente estava deitada em meus braços
tremendo. Ela tem pavor de perder as pessoas que ama e você sabe
por quê?

Apertando a mandíbula, Devin balançou a cabeça uma vez,


sem ter certeza de que queria ouvir isso.
— Você sabe o que aconteceu com a mãe dela? — Ben
perguntou, jogando o pano no lixo enquanto Devin estava lá,
sentindo-se mal do estômago.

— Ela não sabe. — afirmou Devin.

— Ela não se lembra, o que é o melhor. — Ben corrigiu,


suspirando profundamente enquanto esfregava a parte de trás do
pescoço.

— O que aconteceu com a mãe dela? — Devin perguntou.

— Ela tentou matar Charlie. — contou Ben, balançando a


cabeça em desgosto quando todo o ar nos pulmões de Devin o
deixou com pressa.

— Puta merda... — TJ xingou, parecendo que ele ia vomitar.

— Ela não se lembra disso. A única coisa de que se lembra no


conto genérico que os serviços sociais lhe falaram é que sua mãe
a abandonou no degrau da frente do avô. O que eles nunca
disseram a ela foi que sua mãe ficou cansada de cuidar de uma
criança pequena e tentou se livrar dela. — narrou Ben, dando de
ombros.

— O que aconteceu com a mãe dela? — Devin se viu


perguntando, porque honestamente não tinha certeza de que seria
capaz de ouvir o que a mãe dela fazia com ela.

— Nenhuma pista e isso não importa. A única coisa que


importa é que Charlie merece mais do que ser tratada como algo
secundário. — afirmou Ben, voltando ao assunto em questão.
— Eu não a trato como algo secundário. — Devin rosnou.

— Não? Então, como você chamaria a maneira como a trata?


Você não achou que ela tinha o direito de saber que nunca iria ter
um filho? Você está brincando comigo? Estamos falando de Charlie
aqui. Você tem alguma ideia do que ela passou? Tem alguma ideia
do que significa pertencer a alguém? O que significaria para
Charlie ter um filho? Ser parte de alguém assim? Porque eu te direi
agora, que se você tivesse alguma ideia do que isso significaria
para ela, você nunca teria mexido com a cabeça dela. —
repreendeu Ben, balançando a cabeça em desgosto.

— Eu a amo. — anunciou Devin, mesmo quando as palavras


de Ben chegaram e quando o fizeram...

Ele tinha fodido tudo.

— Ela merece ser feliz. — afirmou Ben quando o celular de


Devin tocou.

Reprimindo uma maldição, Devin atendeu seu celular apenas


para empurrá-lo de volta no bolso menos de um minuto depois e
mover sua bunda.

— O que está errado? — TJ gritou atrás dele.

— Algo aconteceu com Dustin na escola. — falou Devin,


correndo para o escritório e percebeu que Charlie ainda não havia
chegado enquanto pegava as chaves e corria para a porta.

Estava em sua camionete um minuto depois e cinco minutos


depois ele estava jogando sua camionete no estacionamento e
correndo dentro da escola. Antes que a porta da frente tivesse a
chance de fechar atrás dele, ele ouviu.

— Eu quero minha mãe! — veio o grito histérico que o fez


franzir a testa enquanto se dirigia para a recepção, porque isso
soava como Dustin...

Ele nunca tinha ouvido seu filho gritar assim antes.

— Eu quero minha mãe! — veio o grito novamente, chamando


sua atenção para a direita, apenas para encontrar Dustin sentado
no chão, com as costas contra a parede, uma das mãos sobre os
ouvidos e os olhos apertados com força enquanto continuava a
gritar — Quero minha mãe! — enquanto a Abbi estava sentada ao
lado dele, chorando enquanto ela segurava a outra mão.

— Oh, graças a Deus, você está aqui. — suspirou a Sra.


Haskins, parecendo aliviada quando o viu.

— O que aconteceu? — Devin perguntou, andando pela


recepção e indo em direção aos filhos.

— Nós não sabemos. As crianças estavam fazendo presentes


de Dia das Mães e a professora estava tentando fazer algo de bom
para elas. Ela trouxe algo especial para eles fazerem para você e
ele ficou chateado. — explicou ela, apertando as mãos enquanto
Dustin continuava a gritar.

— Eu quero minha mãe! — a voz de Dustin saiu como um


soluço.
— Isso é porque eles têm mãe. — respondeu Devin, sentindo
o coração partir pelos filhos quando se ajoelhou na frente deles.

Quando Abbi o viu, ela soltou a mão do irmão e se jogou nos


braços de Devin. Ele passou um braço em volta dela enquanto
alcançava seu filho, mas Dustin não estava com ele.

— Eu só quero minha mãe. — soluçou Dustin enquanto seu


pequeno corpo tremia. — Eu tenho uma mamãe. Diga a eles que
eu tenho uma mãe...por favor!

Engolindo em seco, Devin falou:

— Você tem uma mamãe.

— Eu só quero minha m-mamãe. — pediu Dustin, chorando


quando alguém passou por ele e...

— Estou bem aqui. — anunciou Charlie, puxando Dustin em


seus braços.

— Mamãe. — Dustin murmurou, chorando mais enquanto


seus braços pequenos a envolviam e a seguravam com força.

— Shhh, eu estou bem aqui. — Charlie o acalmou enquanto


se levantava com Dustin nos braços. — Tudo ficará bem. — ela
prometeu a Dustin quando Devin se levantou, ajustando Abbi em
seus braços enquanto observava Charlie se afastar pela segunda
vez naquele dia e percebeu o quanto ele tinha estragado tudo.

Ele também percebeu que precisava fazer algo sobre isso.


— Eu preciso de fofura na minha vida, mamãe. — anunciou
Abbi, fazendo os lábios de Charlie se contorcer, apesar de tudo o
que queria fazer era se enrolar numa bola e chorar.

— Você tem fofura em sua vida. — Charlie respondeu com um


olhar aguçado para o pequeno gatinho tentando atacar os pés
debaixo do cobertor e o coelho atualmente aconchegado em seus
braços, comendo uma cenoura.

— Eu preciso de mais. — insistiu Abbi, assentindo


solenemente enquanto Bradford, a quem Charlie gostaria de
salientar, que ela apenas sugeriu chamar Bradford quando o
pegaram, pulou no sofá perto dos pés de Abbi e se enrolou,
parecendo lamentável enquanto esperava para alguém lhe dar
outro petisco.

— Direi uma coisa. — falou Charlie, parando para beijar a


bochecha de Dustin enquanto continuava a dormir — Se você
puder ficar bem e super quieta para que seu irmão possa tirar uma
soneca, considerarei seriamente perguntar ao seu pai se podemos
ir para o zoológico neste fim de semana.

— O zoológico com a pequena área de carinho ou aquele onde


você pode andar com os cervos? — Abbi perguntou com um olhar
calculista nos olhos, que deixou Charlie saber que ela
provavelmente já estava fazendo planos para tentar roubar o cervo,
novamente.

— Aquele com o cercado de veados, é claro. — afirmou


Charlie, um tanto ofendida por sua filha pensar que se contentaria
com algo menos do que o melhor nível de fofura.

Assentindo, Abbi disse:

— Isso pode ser aceitável.

— E se você for super boa e me deixar trabalhar enquanto seu


irmão tira uma soneca, posso pedir a pizza do Blackjack para o
jantar. — ela prometeu, incapaz de deixar de sorrir quando Abbi
disse:

— Eu serei super boa.

— Ok, temos um acordo então. — afirmou Charlie, apontando


para o apartamento dela. — Deixarei a porta aberta caso você
precise de algo.

— Quando o papai volta? — perguntou Abbi, distraidamente


acariciando seu coelho enquanto Charlie forçou um sorriso em seu
rosto.

— Provavelmente depois do jantar, querida. Ele teve que


correr de volta para sua loja e terminar um projeto. — respondeu
ela, repetindo o que Devin disse a eles depois que ele os deixou.

— Tudo bem. — cedeu Abbi, voltando sua atenção para o


filme que estava assistindo enquanto Charlie passava os dedos
pelos cabelos de Dustin uma última vez antes de se forçar a entrar
em seu apartamento.

Ela falou a si mesma que não tinha absolutamente nenhum


motivo para ficar chateada, especialmente depois de hoje, quando
as crianças a chamaram de mamãe, o que significava mais para
ela do que qualquer coisa neste mundo. Ela os amava e isso era
mais do que suficiente, Charlie disse a si mesma enquanto pegava
a câmera da cama e seguia para o escritório...

— Sinto muito. — vieram as palavras inesperadas que


chamaram sua atenção para encontrar Devin sentado em sua
mesa, esperando por ela com um buquê de rosas brancas nos
braços.

— Não há por que se desculpar. — respondeu Charlie,


forçando as palavras que esperava que terminassem essa conversa
quando saiu do escritório e seguiu para a cozinha, decidindo que
seria o momento perfeito para limpar sua câmera.

— Então, por que você parece estar prestes a chorar? — um


momento depois, veio a pergunta tensa, quando ela colocou a
câmera na ilha da cozinha e pegou o kit no armário inferior.

— Apenas deixe em paz, Devin, ok? Estou bem. — Charlie


prometeu a ele enquanto tentava remover a lente, porém suas
malditas mãos não paravam de tremer.

— Eu não estou. — ele lhe contou firmemente enquanto


colocava as flores na ilha da cozinha na frente dela.
Expirando lentamente, Charlie fechou os olhos e pediu:

— Por favor. — porque ela não tinha certeza de que poderia


lidar com isso agora.

— Baby, olhe para mim. — implorou Devin, contudo ela não


queria olhá-lo, não agora, quando estava lutando para não a
compostura.

— Olha. — começou, lambendo os lábios, segurando a ilha da


cozinha enquanto lutava para não chorar. — Eu te amo, Devin, e
posso aceitar o fato de que nunca terei filhos, entretanto não faça
isso agora. Eu só preciso de um tempo para aceitar isso, ok?

— Quando eu fiz essa promessa... — Devin começou a


explicar, mas ela não queria ouvir sobre essa maldita promessa
agora.

— Devin, por favor, não. — pediu Charlie, tão perto de


desabar agora.

— Quando fiz essa promessa, nunca planejei quebrá-la. —


afirmou Devin, ignorando seu pedido e continuando. — Eu só
queria estar lá para os meus filhos e poder cuidar deles. Não queria
fazer nada que tornasse mais difícil para eles. O único problema é
que eu nunca esperava passar o resto da minha vida com alguém
e o que minha promessa significaria para você.

— Você não precisa explicar. — falou Charlie, porque ela já


sabia por que ele fez essa promessa e por mais que ela odiasse...
não podia odiá-lo por isso.
— Sim, Charlie. Se eu soubesse que você entraria na minha
vida um dia e a destruiria completamente, eu teria feito tantas
coisas de maneira diferente. Nunca teria feito essa promessa e,
com certeza, nunca teria perdido os últimos cinco anos tentando
cumpri-la. Quando fiz essa promessa, não considerei o que isso
significaria para você, porque nunca esperava encontrar o amor da
minha vida.

— Por favor, pare de explicar, Devin. — implorou Charlie,


abrindo os olhos enquanto se afastava da ilha da cozinha. — Você
não precisa explicar nada, sei por que você fez o que fez e eu
entendi, mas só preciso de tempo para aceitá-lo, ok? — Charlie
pediu, indo para a porta.

— Charlie, espere. — chamou Devin enquanto ela pegava sua


bolsa, decidindo que pegaria a pizza em vez de pedir para entregar,
para dar algum tempo para limpar a cabeça. — Charlie, por favor,
espere. — disse Devin enquanto se dirigia para a porta.

— Eu já volto. — falou ela, abrindo a porta...

— Charlie, por favor! — ele exclamou, ofegante de dor,


fazendo-a franzir a testa quando ela se virou para encontrar Devin,
que estava realmente pálido, segurando a ilha da cozinha
enquanto lutava para se levantar.

— O que merda aconteceu? — ela indagou, largando a bolsa


no chão e correndo para ajudá-lo.
Balançando a cabeça, Devin continuou a ofegar de dor
enquanto ela estava lá, lutando para não surtar, mas era
realmente difícil fazer com ele murmurando:

— Por favor, me mate. — quando ele caiu de joelhos.

— Tudo bem. — ela concordou, assentindo como uma idiota


porque não tinha ideia do que estava acontecendo. Lambendo os
lábios, ela caiu de joelhos, procurando algo que explicasse por que
Devin agora estava caindo de lado com outro murmuro:

— Mate-me. — enquanto ele se enrolava na posição fetal.

— Eu realmente precisarei que você me conte o que


aconteceu, Devin. — pediu Charlie, desistindo de tentar descobrir
o que estava errado e correndo de volta para a bolsa dela para
pegar seu celular e franzir a testa quando ele disse:

— Quatro meses.

— O que há com quatro meses, Devin? — ela perguntou,


tentando descobrir para quem deveria ligar.

Houve um suspiro de dor e então, ele explicou:

— Até que eu possa lhe dar um bebê. — fazendo-a franzir a


testa enquanto olhava para trás e o encontrava na posição fetal,
segurando-se e fazendo-a franzir a testa enquanto repetia as
palavras dele na cabeça dela e quando ela entendeu...

— Meu Deus, Devin! Que porra você fez? — ela perguntou,


largando o celular na bolsa e correndo para o freezer.
— Implorei ao meu primo que me fizesse um favor. — ele
declarou, apenas para terminar com outro suspiro de dor
enquanto Charlie pegava o balde de gelo do freezer e rapidamente
fazia um bloco de gelo para ele.

— Eu não entendo. — afirmou Charlie, correndo para ele e se


pensando onde colocar a bolsa de gelo nele apenas para decidir
que provavelmente seria melhor se ele fizesse isso.

— Duas semanas para curar, quatro meses antes que eu


possa lhe dar um bebê. — Devin conseguiu dizer enquanto rolava
de costas e empurrava a bolsa de gelo na frente da calça enquanto
exalava lentamente.

— Melhor? — Charlie perguntou, colocando o lábio inferior


entre os dentes.

— Nem um pouco. — ofegou ele, balançando a cabeça


enquanto pressionava as mãos sobre o rosto.

— Você ficou fora por quatro horas, Devin. Como isso


aconteceu? — Charlie perguntou, correndo para o banheiro para
pegar o Advil.

— Foram necessárias apenas duas horas para reverter a


vasectomia. Os remédios para dor começaram a desaparecer um
pouco mais cedo do que eu pensava. — ele explicou quando ela
voltou para a sala.

— Devin, eu...
— Eu te darei um bebê. — ele lhe falou com firmeza enquanto
ela pegava uma garrafa de água da mesa de cabeceira antes de
correr para se juntar a ele no chão.

— Eu não entendo por que você faria algo assim. — Charlie


respondeu, jogando dois Advil nas mãos, apenas para se encolher
de simpatia quando ele pegou as pílulas da mão dela e as
empurrou na boca, engolindo-as secas.

— Porque eu te amo. — ele afirmou, rolando para o lado com


um murmúrio — Isso é melhor. — apenas para virar de costas
alguns segundos depois com — Não, não é.

— E eu te amo, Devin, mas você não precisava fazer isso. —


falou ela, odiando vê-lo com tanta dor.

— Vamos nos casar e ter outro filho. — jurou Devin com


firmeza enquanto segurava a mão dela.

— Devin, eu ...

— Também vamos torná-lo oficial. Mandei um e-mail para


meu primo Garrett e ele está redigindo os papéis de adoção. — ele
anunciou, apertando a mão dela com tranquilidade.

— Realmente? — Charlie perguntou, sentindo seus lábios se


abrirem num sorriso aguado.

— Realmente. — respondeu Devin. Segurando-a pela mão,


puxou-a para mais perto, para que ele pudesse alcançar e segurar
o rosto dela nas mãos.
— Você tem certeza? — questionou, colocando a mão sobre a
dele enquanto procurava sua expressão, tentando se certificar de
que era isso que ele realmente queria.

— Absolutamente. — assegurou-lhe Devin, puxando-a para


mais perto para que pudesse beijá-la, roçando lentamente os
lábios nos dela.

— Quantos? — perguntou, fazendo-o rir.

— Acho que poderíamos lidar com mais dois, talvez três. —


respondeu ele, fazendo-a sorrir.

— Sim? — ela confirmou, distraidamente, enquanto


lentamente se perdia naquele beijo.

— Mmmhmmm. — concordou Devin, passando as mãos pelas


costas dela.

— Contanto que você seja finalmente minha.


DUAS SEMANAS E CINCO DIAS DEPOIS ...
É isso.

Queria o divórcio, decidiu Devin, sentado lá, fervendo


enquanto era forçado a ver sua esposa abraçando seus filhos e
animais de estimação enquanto ele estava preso do outro lado do
sofá, sozinho. Enquanto estava sentado ali, distraidamente
passando o polegar sobre a parte de baixo da aliança preta que
agora usava com orgulho no dedo, uma coisa ficou dolorosamente
clara.

A esposa dele estava tentando matá-lo.

Nos últimos dezenove dias, ela manteve suas mãozinhas


impertinentes longe dele e isso estava matando-o. No começo, ele
apreciara isso e até acreditava totalmente que ela estava fazendo
isso porque o amava, mas então o médico o liberou para voltar às
atividades regulares e...

Nada.

Nem um maldito beijo, carinho ou toque para tirá-lo de sua


maldita miséria. O máximo que conseguiu foi um beijo na
bochecha e um rápido abraço segundos antes de ser forçado a vê-
la dar a seus filhos o dobro dos beijos que ele recebeu. Então,
novamente, isso provavelmente não deveria surpreendê-lo, dado o
que aconteceu na noite de núpcias...

Desde que estava um pouco incapacitado na época, ele foi


forçado a pedir ajuda para fazer isso. Considerou esperar até ser
curado antes de se casarem, mas não queria correr o risco de que
ela mudasse de ideia. Então, ele fez o que todo Bradford que se
preze tinha feito antes dele.

Ele sequestrou sua noiva.

Certo, o sequestro pode ser um pouco exagerado, já que o que


realmente fez foi dizer a ela que eles estavam levando as crianças
ao cinema com a ajuda de Ben e TJ e, em seguida, simplesmente
foram de carro a New Hampshire, fingindo que não a ouvia
murmurar, algo sobre um local secundário. Uma vez que estavam
em New Hampshire, ele usou descaradamente os gêmeos para
atraí-la para fora do carro e entrar no tribunal e uma vez que ele a
teve onde a queria...

Ela disse-lhe que não tinha certeza de que poderia se casar


com ele, porque não estava se sentindo adorada o suficiente para
encontrar a energia necessária para atravessar o corredor.

Isso foi seguido por ele concordando que ela deveria se sentir
adorada no dia do casamento antes de trancá-la num armário de
armazenamento até que ela concordasse em se casar com ele. Isso
o levou a deixá-la lá até que ela admitiu que o amava e o adorava
e mal podia esperar para se casar com ele. Depois de convencê-la
a soltou para que pudesse torná-la a mulher mais feliz viva.
Ele ignorou os olhares dela enquanto a Juíza de Paz os casou
e se concentrou na noite seguinte. O médico não o autorizou, mas
ele decidiu não deixar que isso o impedisse. Ele planejava passar
a noite mostrando a sua esposa o quanto a amava apenas para
descobrir que sua esposa havia feito outros planos, planos que
terminavam com ele dormindo sozinho enquanto sua esposa e
filhos se aconchegam na outra cama de hotel, assistindo filmes da
Disney a noite toda enquanto ele estava lá, irritado.

Ela era má, decidiu Devin, sentado ali, indiferente ao fato de


estar fazendo beicinho. Quando ficou mais do que óbvio que sua
esposa não se importava que ele estivesse fazendo beicinho,
estreitou os olhos nela até ficar entediado e decidiu fazer algum
trabalho. Com isso em mente, levantou-se e começou a subir as
escadas apenas para se virar com um suspiro enquanto procurava
quem estava batendo na porta.

Ele abriu a porta.

— Você me deve. — cobrou Ben, largando uma mochila perto


da porta antes de ir para o sofá e imediatamente resmungou
quando as crianças o atacaram.

— O que está acontecendo? — Devin perguntou, observando


como sua esposa se levantava, parando para coçar Bradford atrás
das orelhas antes de se inclinar e beijar cada criança que ria na
bochecha antes de se virar com um suspiro satisfeito e subir as
escadas, deixando-o ali parado pensando se ele... — Eu perdi
alguma coisa.
Quando ficou óbvio que ninguém estava planejando
responder a ele, Devin subiu as escadas e...

— Você está aqui para me adorar?

Sentiu nos lábios aparecerem num sorriso satisfeito quando


ele entrou no quarto e viu sua esposa deitada na cama deles com
apenas um lençol cobrindo-a.

— Eu posso estar. — murmurou, passando o olhar sobre a


esposa, absorvendo o sorriso desonesto que lhe dizia que ela estava
tramando algo quando ele fechou a porta do quarto atrás de si. —
Você me dirá o que está acontecendo?

— Estou lhe dando uma oportunidade de me adorar. —


anunciou Charlie, assentindo regiamente enquanto gesticulava
para que ele continuasse.

Rindo, Devin tirou as botas e as jogou para o lado.

— Isso é, hummm, muito generoso da sua parte. — falou ele,


voltando a puxar a camisa.

— Eu sei. — ela respondeu, recostando-se nos travesseiros


enquanto o observava.

— E o Ben? — ele perguntou, tirando o cinto.

— Ofereceu-se generosamente para cuidar das crianças


durante o fim de semana. — anunciou ela, assentiu solenemente.
— Ofereceu-se? — murmurou, agarrando a palavra que
chamou sua atenção, porque ele conhecia sua esposa o suficiente
para saber quando estava tramando algo.

— Eu posso, ou não, ter usado chantagem, mas desde que ele


concordou em fazê-lo, sinto que isso deve ser oferecido. — Charlie
explicou, fazendo os lábios tremerem enquanto tirava as calças.

— Entendo. — murmurou Devin enquanto empurrava a


cueca para baixo. — Mais alguma coisa que eu deva saber?

— Ele se ofereceu para olhá-los no próximo fim de semana


também. — afirmou ela, fazendo seus lábios tremerem quando ele
se abaixou e agarrou o lençol que a cobria.

— Isso foi muito generoso da parte dele. — ele declarou


enquanto lentamente puxava o lençol dela, revelando todas as
curvas devastadoras que o tiravam da porra da sua sanidade.

— Não foi? — ela murmurou com um suspiro satisfeito


enquanto estava lá, esperando ser adorada, algo que ele estava
mais do que feliz em fazer.
SEIS MESES DEPOIS…
— Você nos prometeu um bebê. — Abbi soltou um olhar
acusador que foi correspondido por seu irmão enquanto Devin
continuava a andar em frente ao banheiro, esperando para
descobrir se eles teriam outro filho que adoraria deixá-lo louco.

— Vocês são brutais. — afirmou Devin, rindo apenas para


expirar lentamente enquanto olhava de volta para o banheiro e
encontrava Ben olhando para o teste de gravidez enquanto
colocava um pedaço de batata na boca.

— Então? — Devin perguntou, coçando a nuca enquanto


esperava o cunhado não oficial dar a notícia.

— Ainda está em contagem regressiva. — respondeu Ben,


colocando outra batata na boca quando Devin olhou por cima do
ombro para encontrar sua esposa passando o olhar pelo armário
que ele fez no Natal.

— Não desistiu ainda? — ele perguntou, caminhando para se


juntar a ela.

— Nunca. — replicou Charlie, dando-lhe um sorriso quando


ele se abaixou e coçou Bradford atrás das orelhas.
— Estou disposto a lhe dizer onde estão os compartimentos
ocultos. — ele persuadiu enquanto abraçava a esposa e a puxava
para mais perto, para que ele pudesse beijar a lateral do pescoço
dela antes de acrescentar — Por um preço.

— Eu descobrirei. — Charlie afirmou com um aceno de cabeça


determinado quando ela estendeu a mão e passou os dedos sobre
o desenho celta que ele havia esculpido na lateral.

— Você tem certeza? Seria tão fácil te contar... — falou Devin,


deixando suas palavras sumirem, sabendo o quão tentada ela
estava finalmente a ceder.

Fazia oito meses desde que ele lhe deu o armário e, até agora,
ela não foi capaz de descobrir como abrir qualquer um dos
compartimentos secretos que construiu no armário. Ele se
ofereceu para lhe dizer onde estavam, mas sua esposa estava
determinada a encontrá-los por conta própria.

Houve uma pausa e depois...

— Quanto me custará? — perguntou, fazendo-o sorrir


enquanto pensava em todas as coisas que adoraria fazer com ela.
Como seus pais estavam na cidade durante a semana, ele
provavelmente poderia convencê-los a levar as crianças para o fim
de semana, para que pudesse passar um pouco de tempo sozinho
com a esposa.

Seria...
— Eu posso te mostrar, mamãe. — se ofereceu Dustin,
estendendo a mão e empurrando contra o design celta ao abrir a
porta do armário ao mesmo tempo, soltando a alavanca e fazendo
Devin estreitar os olhos para o pequeno traidor.

Um pequeno clique acompanhou o painel lateral deslizando,


fazendo Charlie sorrir quando se inclinou e recompensou Dustin
com um beijo que deveria ter sido dele.

— Obrigada, querido.

— De nada, mamãe. — respondeu Dustin, lançando lhe um


sorriso presunçoso que Devin estreitou os olhos em seu filho.

— Traidor. — Devin murmurou enquanto observava Charlie


abrir o painel lateral o resto do caminho, revelando o cartão de
Natal que havia colocado lá para ela, o mesmo que ele nunca
esperasse que ela encontrasse.

— O que é isso? — Charlie perguntou, lançando lhe um olhar


interrogativo.

— Abra. — pediu Devin baixinho, enquanto se recostava na


parede e a observava, esperando o momento em que ela perceberia
o quanto a amava.

Quando o escreveu, ele já havia se resignado a viver sem ela,


mas não resistiu em dizer o quanto a amava, embora soubesse que
ela provavelmente nunca iria ler. Levou a maior parte da noite para
expressar o quanto a amava.
Lançando lhe um olhar curioso, Charlie virou o envelope
entre as mãos e o abriu antes de olhar para baixo enquanto ela
pegava o pedaço de papel que ele havia colocado lá.

— Oh, meu Deus. — ela murmurou com um sorriso


lacrimejante quando seus olhos lacrimejaram e ele se preparou
para todo o amor e adoração que estava prestes a aparecer em seu
caminho enquanto ela lia o que ele escreveu e...

— Obrigada, querido! — Charlie conseguiu escapar de uma


fungada quando ela se abaixou e puxou Dustin nos braços
enquanto Devin estava lá, imaginando o que raios estava
acontecendo.

— De nada, mamãe! — Dustin respondeu com um sorriso


adorável quando Charlie lhe deu um grande beijo na bochecha.

— O teste está concluído. — anunciou Ben, enquanto entrava


no quarto e se jogava sobre a cama, parecendo entediado enquanto
Devin tentava entender o que estava acontecendo.

— Por que ele está recebendo meus beijos? — ele exigiu saber
enquanto Charlie colocava o pedaço de papel dobrado na mão com
um murmúrio:

— Isso foi tão fofo. — antes de ir para o banheiro.

— A propósito, deu positivo. — falou Ben, apenas para rir


quando Abbi pulou nele uma fração de segundo depois.

— Um bebê? Mesmo? Estamos tendo um bebê! — sua filha


exclamou com um suspiro de excitação quando Devin sentiu seus
lábios se abrirem num sorriso enorme quando ele abriu o pedaço
de papel dobrado em suas mãos apenas para sentir aquele sorriso
morrer lentamente quando leu as palavras escritas
ordenadamente no papel em giz de cera .

Você é a melhor mamãe do mundo. Eu te amo!

Amor,

Dustin

Com os olhos estreitos, Devin olhou para cima e viu Dustin


observando-o com um sorriso malicioso enquanto dizia:

— E é por isso que você não está preparado para dominar o


mundo. — disparando uma piscadela antes de correr para abraçar
Charlie quando ela saiu da sala para o banheiro, deixando Devin
parado ali, um pouco aterrorizado com o fato de seu filho
realmente deixar sua bunda numa ilha deserta um dia.

Então, novamente, isso pode não ser tão ruim, Devin pensou
enquanto se aproximava e puxava sua linda esposa em seus
braços, decidindo que ele teria que levá-la com ele, porque não
havia nenhuma maneira no mundo que ele fosse deixar ela ir.
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