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A PERMACULTURA COMO FORMA DE INCLUSÃO SOCIOECONÔMICA

SOLIDÁRIA SUSTENTÁVEL

Gabriel Leonardo Fronza1


Cláudia Sombrio Fronza2
Erwin Hugo Ressel Filho3
Alessandro Guedes4
Valmor Schiochet5

RESUMO – O projeto "A Permacultura como forma de inclusão socioeconômica solidária


sustentável" surgiu da articulação das práticas de Economia Solidária da ITCP/FURB com as práticas
socioambientais do Instituto de Permacultura do Vale do Itajaí (IPEVI) e objetiva aliar práticas e
valores do associativismo econômico as práticas e valores da permacultura para promover a melhoria
das condições socioeconômicas de pessoas moradoras da região do bairro Passo Manso. Para isso, são
desenvolvidas ações de acompanhamento da implantação de compostagem termofílica (tecnologia
social – revolução dos baldinhos), do assessoramento para adoção de práticas agroecológicas, do
assessoramento técnico ao IPEVI enquanto Centro de Referência em Permacultura, e de
desenvolvimento de processos de sensibilização, mobilização e capacitação comunitária junto à
comunidade envolvida no projeto. Através do projeto, foram realizadas 35 visitas de assessoria no
conjunto habitacional, bem como oficinas e a construção de 7 composteiras com capacidade de 2,5m³
cada, atingindo em torno de 25 famílias. Através dessas ações, foi possível construir novos olhares da
comunidade para a implementação de práticas de destinação e uso dos resíduos orgânicos.

Palavras-chave: Permacultura; Tecnologia Social; Economia Solidária; Sustentabilidade.

INTRODUÇÃO
O projeto “A Permacultura como forma de inclusão socioeconômica solidária
sustentável” surgiu da articulação das práticas de Economia Solidária da Incubadora
Tecnológica de Cooperativas Populares da Universidade Regional de Blumenau
(ITCP/FURB), com as práticas socioambientais do Instituto de Permacultura do Vale do Itajaí
(IPEVI). Desde 2019, o projeto teve como objetivo o apoio a formalização do instituto e seu
fortalecimento, além de aliar práticas e valores do associativismo econômico com as práticas
e valores da permacultura para promover a melhoria das condições socioeconômicas de

1
Universidade Regional de Blumenau (FURB). Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares
(ITCP/FURB). gabriel_lfronza@hotmail.com
2
Universidade Regional de Blumenau (FURB). Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares
(ITCP/FURB). claudia.sfronza@gmail.com
3
Universidade Regional de Blumenau (FURB). Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares
(ITCP/FURB). erwin@furb.br
4
Universidade Regional de Blumenau (FURB). Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares
(ITCP/FURB). aleguedes@furb.br
5
Universidade Regional de Blumenau (FURB). Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares
(ITCP/FURB). valmor@furb.br
pessoas moradoras do conjunto habitacional Minha Casa Minha Vida na região do bairro
Passo Manso, na cidade de Blumenau em Santa Catarina.
O território foi definido pelo município de Blumenau no âmbito do Programa
Progredir coordenado pelo Ministério da Cidadania e envolve outros três territórios nos quais
a ITCP/FURB tem atuado com os CRAS para a inclusão produtiva de beneficiários dos
programas sociais (Bairros Fortaleza, Escola Agrícola e Velha).
A Permacultura ("Cultura permanente") é um sistema de desenvolvimento de
ambientes humanos sustentáveis, no qual abrange uma ampla gama de conhecimentos
derivados de diversas áreas científicas, e atualmente, transpassa da compreensão da ecologia,
da leitura da paisagem, do reconhecimento de padrões naturais, do uso de energias e do bem
manejar os recursos naturais, com o intuito de planejar e criar ambientes humanos
sustentáveis e produtivos em equilíbrio e harmonia com a natureza.
Dessa forma, cumprindo com os princípios de Permacultura e Economia Solidária, os
objetivos específicos do projeto são: promover ações socioeducativas de formação em
Permacultura e Economia Solidária, ampliar o espaço e a discussão da sustentabilidade e
agroecologia dentro das ações da ITCP; promover formas associativas de inserção no mundo
do trabalho e reaplicar tecnologias sociais, em especial da compostagem termofílica com as
famílias em condição de vulnerabilidade social.

METODOLOGIA
Com o objetivo de aliar práticas e valores do associativismo econômico com as
práticas e valores da permacultura, são desenvolvidas ações de acompanhamento da
implantação de compostagem termofílica (tecnologia social – revolução dos baldinhos), de
utilização do composto orgânico pela comunidade, do assessoramento para adoção de práticas
agroecológicas para a produção de hortaliças e plantas medicinais em quintais produtivos
agroecológicos, do assessoramento técnico ao IPEVI enquanto Centro de Referência em
Permacultura, e de desenvolvimento de processos de sensibilização, mobilização e
capacitação comunitária junto à comunidade envolvida no projeto.
Quando falamos na tecnologia social conhecida como “Revolução dos Baldinhos”,
utilizamos de uma atividade que propõe a compostagem de lixo orgânico de produção familiar
que produz adubo orgânico de alta qualidade e proporciona a fertilidade dos solos para uma
produção agroecológica por meio do desenvolvimento comunitário com trabalho de
sensibilização, envolvimento, capacitação e organização das famílias para a adequada
separação da fração orgânica dos resíduos sólidos, sua coleta e transformação através da
compostagem, bem como o uso final em processos de agricultura urbana ou para a
comercialização. Para a sustentabilidade desta tecnologia o projeto também proporcionou
apoio na organização e formalização do IPEVI e aquisição de equipamentos para a sua
estruturação através do projeto de fomento junto a CNPq com aquisição de bibliografias,
material áudio visual e equipamentos para a atuação do instituto.
O IPEVI, que possui o propósito maior de ser um centro de referência para
multiplicação dos conhecimentos da Permacultura na região do Vale do Itajaí, teve uma
participação significativa durante todo o processo, através do assessoramento técnico, no
desenvolvimento das atividades práticas e teóricas para promover ações socioeducativas de
formação em Permacultura e Economia Solidária. Essas formações foram realizadas através
de oficinas com o público-alvo e produção de materiais informativos, criando processos de
sensibilização, mobilização e capacitação comunitária.
Para a realização de todas essas ações, foram desenvolvidas reuniões com a equipe do
núcleo do projeto e com o IPEVI. Nessas reuniões, eram discutidas as atividades propostas
para o desenvolvimento e realização delas com a comunidade. Além disso, houve as visitas de
campo. Nesse momento, tínhamos a oportunidade de conversar com os moradores do
condomínio para identificar as necessidades e dificuldades nas ações. A comunicação
acontecia principalmente nos encontros presenciais, mas também de forma remota, utilizando
a ferramenta de grupos com os moradores no aplicativo WhatsApp.

RESULTADOS
Com base nas atividades planejadas, foram realizadas ações que puderam nos mostrar
o desenvolvimento do projeto. Em relação ao acompanhamento e assessoramento a
comunidade envolvida, no ano de 2020 e 2021, foram realizadas 35 visitas de assessoria no
conjunto habitacional, bem como oficinas, nas quais ficaram mais restritas por conta da
pandemia. Através dessas ações, o projeto conseguiu implantar e reforçar práticas
agroecológicas e de permacultura na rotina dos moradores, além de fazer uma manutenção e
melhora do que já havia sido implantado no ano anterior. Com a construção de
hortas/composteiras elevadas, houve a pintura dos quintais agroecológicos e a produção e
implementação de placas com material informativo sobre a compostagem, além de doação de
mudas para o plantio e de palhas para a realização do processo de compostagem.
Através dessas atividades, foi possível estabelecer os princípios de permacultura,
trazendo novos olhares para as práticas agroecológicas. O projeto conseguiu atuar diretamente
com aproximadamente 25 famílias, onde já estão implantadas e sendo utilizadas 7
composteiras com capacidade de 2,5m³ cada.
Em virtude da pandemia de Covid-19, foi necessário a diminuição da frequência de
visitas, além das ações de formações socioeducativas que também foram prejudicadas para
garantir a saúde dos participantes. Dessa forma, retardou-se o processo de adesão dos demais
moradores quanto ao projeto e fortalecimento dos vínculos e trabalho coletivo.
Nesse contexto, foi necessário o desenvolvimento de atividades alternativas que não
comprometessem a saúde dos participantes. Uma delas, está a colheita de plantas medicinais
em excesso nos quintais produtivos agroecológicos pela equipe do projeto, nas quais foram
levadas para as estufas do Laboratório de Farmacognosia da Universidade Regional de
Blumenau (FURB) para serem desidratadas e depois retornadas para os moradores dos
condomínios em saquinhos com informações sobre a indicação e modo de preparo para
consumo, desenvolvendo uma ação socioeducativa sobre os chás.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do que foi apresentado, é visto que o projeto já conseguiu realizar diversas
ações que impactaram positivamente as famílias moradoras dos condomínios. Os moradores
relataram a importância que o projeto teve no cotidiano das famílias, além dos aprendizados
com a troca de conhecimento proporcionada pela extensão universitária.
Através dessas ações, foi possível construir novos olhares da comunidade para a
implementação de práticas de destinação e uso dos resíduos orgânicos e maior consciência
econômico-social-ambiental através da compostagem e do conhecimento sobre hortaliças e
plantas medicinais.

REFERÊNCIAS
NÚCLEO DE ESTUDOS EM PERMACULTURA DA UFSC. O que é permacultura?.
Disponível em: <https://permacultura.ufsc.br/o-que-e-permacultura/>. Acesso em: 05 de jul.
de 2022.

ABREU, Marcos José de. Gestão Comunitária de Resíduos Orgânicos: o caso do Projeto
Revolução dos Baldinhos (PRB), capital social e agricultura urbana / Marcos José de
Abreu; orientador Oscar José Rover. Dissertação de mestrado, Universidade Federal de
Santa Catarina, Centro de Ciências Agrárias. Programa de Pós-graduação em
Agroecossistemas. Florianópolis, SC, 2013. 150 p.
FRONZA, Claudia Sombrio. Economia solidária em foco: cooperativas de trabalho e a
perspectiva de emancipação humana e social. 2002. 92 f. TCC Graduação - Curso de
Serviço Social, Universidade Regional de Blumenau, Blumenau, 2002.

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