Você está na página 1de 2

BUCH, Esteban. Música e Politica: a Nona de Beethoven. Edusc, 2001.

RESENHA
Thiago de Freitas Ferreira Costa
Doutorando em Performance – UFMG
Pianista colaborador – UFU

“Os estados da alegria”, escrito pelo autor Esteban Buch, em 1999 é na verdade a Introdução
do livro Música e Política: a Nona de Beethoven, traduzido por Maria Elena Ortiz Assunção em
2001 e publicado pela editora Edusc. O livro está organizado em duas partes, sendo cinco capítulos
dedicados à primeira parte, intitulada Nascimento das músicas políticas modernas, e sete capítulos
dedicados à segunda parte, Recepção política da Ode à alegria. Nascido na cidade de Buenos Aires,
em 1963, Esteban Buch, especialista nas relações entre música e política, é o diretor de estudos e
professor de história na Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais em Paris.
Na introdução proposta por Buch, no livro supracitado, o autor inicia sua análise explorando
a dualidade entre a obra de arte como refúgio das palavras e da miséria do mundo. Ele destaca a
nona sinfonia de Beethoven como uma obra de arte “pura”, integrada ao repertório clássico, onde o
ritual de um concerto permite aos indivíduos experimentarem a estética em um espaço quase sagrado
de liberdade individual. O autor discute como diferentes grupos ideologias interpretaram a obra de
Beethoven ao longo da história, desde os músicos do período Romântico que a consideravam um
símbolo de sua arte, até os nacionalistas alemães que admiravam sua potência heroica. Buch também
menciona como os comunistas viam a obra como o evangelho de um mundo sem classes, os
católicos como o Evangelho, os democratas como a democracia e até mesmo Hitler que a utilizava
em seus aniversários (p. 13).
Ao longo da seção, Buch destaca a Nona Sinfonia como uma exaltação da liberdade humana,
onde qualquer traço do Estado é ausente, contrastando com a ideia de Beethoven como músico
oficial de regimes políticos. Ele aborda a importância da obra na expressão artística e na reflexão
sobre questões políticas, ressaltando a complexidade das interpretações e significados atribuídos à
música de Beethoven.
O objetivo do texto é de explorar e analisar a relação entre música e política, com foco na
Nona Sinfonia de Beethoven nesse contexto. Buch busca examinar como a música pode ser utilizada
como uma forma de expressão política, refletindo ideais políticos e sociais e como a nona de
Beethoven se tornou um símbolo de valores universais ao longo da história.
A metodologia envolve uma abordagem interdisciplinar, analítica e interpretativa,
combinando elementos da história da música, história política e da crítica cultural. O autor se utiliza
de uma variedade de fontes e referências para embasar suas análises e argumentos, incluindo obras
de outros autores, documentos históricos e críticas da obra de Beethoven. Através de uma breve
revisão de literatura, Buch analisa a recepção política, as interpretações ao longo do tempo e as
diferentes visões de como a Nona Sinfonia foi apropriada e utilizada em diversos grupos sociais.
Em suma, a introdução da obra de Buch oferece uma análise multifacetada da Nona Sinfonia
de Beethoven, explorando suas conexões com a política, a sociedade e a liberdade individual,
convidando o leitor a refletir sobre o poder e a influência da música na esfera política e cultural.

Você também pode gostar