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A Mulher na Sociedade

MODULO IIII
MODULO
A MULHER NA SOCIEDADE – CONQUISTA DE DIREITOS
A MULHER NA SOCIEDADE – CONQUISTA DE DIREITOS
No dia 08 de março comemoramos o Dia Internacional da Mulher. A data
nasceu após uma série de manifestações feministas por melhores condições
de trabalho no século XX, e é celebrada até hoje para lembrar das
conquistas das mulheres ao longo da história rumo à igualdade de gênero, e
para não esquecermos o quanto ainda temos a conquistar.
Uma projeção feita pelo Fórum Econômico Mundial em 2018 mostra
que serão necessários mais de dois séculos para haver igualdade de
gênero no mercado de trabalho. Em outros segmentos, como educação,
saúde e na política, as desigualdades entre homens e mulheres precisarão
de 108 anos para chegarem ao fim.
O processo de empoderamento feminino passa pela educação e pela
comunicação. Foi apenas em 1827, a partir da Lei Geral é que as
mulheres foram autorizadas a ingressar nos colégios e a estudar
além da escola primária. Mas somente em 1852 foi lançado um jornal
editado por mulheres e direcionado para elas, o ‘Jornal das Senhoras’.
O veículo, entretanto, afirmava que as pessoas do sexo feminino
apenas deveriam executar afazeres do lar. “Uma reflexão que faço
sobre esses primeiros jornais que foram dirigidos para o público
feminino da segunda metade do século 19, é sobre o compromisso
deles muito mais com as ideias de padrão, norma, conduta, o
comportamento desejável para a criação de um tipo de mulher. Estes
jornais, em geral, traziam notícias de moda, normas de etiqueta,
culinária, crônicas e tinham muitas crônicas direcionadas às mulheres.
Mas na verdade ali existia uma vontade no imaginário social de criar o
tipo ideal de mulher no Império. Se for observar até os nomes destes
jornais são conservadores, ‘Jornal das Senhoras’. Quem é essa
senhora? A que mulheres esses jornais estão dedicando suas linhas?”,
Esses jornais não estão refletiam, de modo crítico, o
lugar social das mulheres na escala da humanidade,
as conquistas femininas, os desafios das mulheres.
Não problematizavam, por exemplo, a condição
subalternizada e inferiorizada das mulheres na
sociedade. Então são jornais de cunho conservador
voltados para a criação de tipos sociais, mas não
deixam de ser uma conquista, na medida em que
estão enxergando o feminino como público
consumidor.
Conquistas das mulheres na política

No Brasil, a mulher conquistou o direito ao voto em 1932. O


sufrágio feminino, garantido pelo primeiro Código Eleitoral
brasileiro, foi uma conquista que aconteceu graças à
organização de movimentos feministas no início do século
XX, que tiveram grande influência na luta por direitos
políticos das mulheres nos EUA e na Europa. Um ano após
conquistarem o direito ao voto, em 1933, foi eleita a Carlota
Pereira de Queirós, a primeira deputada federal brasileira.
No ano seguinte, em 1934, a professora Antonieta de
Barros, filha de uma escrava liberta, foi eleita para a
Assembleia de Santa Catarina. Ela foi a primeira
parlamentar negra da História do Brasil.
Atualmente, as mulheres representam 52% do
eleitorado brasileiro, segundo dados do Tribunal
Superior Eleitoral (TSE). Mesmo assim, elas ainda
são minoria na política. Apenas 12% das prefeituras
brasileiras são comandadas por mulheres, segundo o
TSE.
Imagine que o voto no Brasil, sempre existiu. Em
todos os períodos, império, República, inclusive na
colônia, o voto sempre existiu e as mulheres nunca
foram vistas como sujeitas, como cidadãs com direito
ao voto. A gente, enquanto Brasil, ensaia uma
democracia, então é importante termos a participação
feminina neste ensaio geral.
Linha do tempo com as principais conquistas
das mulheres ao longo da história:

1827 – Meninas são liberadas para frequentarem a escola


Somente em 1827, a partir da Lei Geral – promulgada em 15 de outubro – é que
mulheres foram autorizadas a ingressar nos colégios e estudassem além da escola
primária.
1852: Primeiro jornal feminino
Editado por mulheres e direcionado para mulheres, surgiu o Jornal das Senhoras, que
afirmava que as pessoas do sexo feminino não deveriam executar afazeres do lar. Depois
disso, outros jornais foram lançados, como o Bello Sexo, em 1862 e O Sexo Feminino,
em 1873.
1879 – Mulheres conquistam o direito ao acesso às faculdades
O acesso à educação é um dos principais recursos para a emancipação das mulheres,
antes resumidas à esfera doméstica. Somente em 1879 elas têm acesso às
universidades, mas hoje elas são maioria na educação superior brasileira, segundo o
Censo da Educação Superior 2018, realizado e divulgado pelo Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep).
1910 – O primeiro partido político feminino é criado
O Partido Republicano Feminino reivindicava o direito ao
voto e à emancipação feminina.
1932 – Mulheres conquistam o direito ao voto
O sufrágio feminino foi garantido pelo primeiro Código
Eleitoral brasileiro em 1932. Uma conquista que
aconteceu graças à organização de movimentos
feministas no início do século XX, que tiveram grande
influência da luta por direitos políticos das mulheres nos
EUA e na Europa.
1962 – Criação do Estatuto da Mulher Casada
Somente em 27 de agosto, com a promulgação da Lei nº
4.212/1962, foi permitido que mulheres casadas não
precisassem mais da autorização do marido para
trabalhar. A partir de então, elas também passariam a ter
direito à herança e a chance de pedir a guarda dos filhos
em casos de separação.
1977 – É aprovada a Lei do Divórcio
Somente a partir da Lei nº 6.515/1977,
promulgada em 26 de dezembro de 1977, é
que o divórcio tornou-se uma opção legal no
Brasil.
1979 – Direito à prática do futebol
Um decreto da Era Vargas estabelecia que as mulheres não
podiam praticar esportes determinados como incompatíveis
com as “condições de sua natureza”.

1988: Primeiro encontro nacional de mulheres negras


Aproximadamente 450 mulheres negras promoveram diversos
eventos em diferentes estados do Brasil para debater questões
do feminismo negro
2006 – Lei Maria da Penha
A Lei nº 11.340/2002 foi sancionada para combater
a violência contra a mulher e ganhou o nome de
Maria da Penha em alusão a farmacêutica que
lutou por quase 20 anos para que seu marido fosse
preso após tentar matá-la por duas vezes.
Até 2006, o Brasil não tinha nenhuma lei que tratasse
especificamente da violência doméstica. Casos como estes
eram enquadrados na lei 9099, a dos Juizados Especiais
Cíveis, conhecidos como “pequenas causas”. Foi então que,
após pressões populares, a Justiça concluiu que a violência
doméstica não podia ser considerada um delito de menor
potencial ofensivo, porque existe uma escalada dessa
violência que pode levar ao feminicídio.
2015 – É sancionada a Lei do Feminicídio
A Constituição Federal reconhece a partir da
Lei nº 13.104 o feminicídio como um crime
de homicídio.
2018 – A importunação sexual feminina
passou a ser considerada crime
A partir da Lei nº 13.718/2018 o assédio
passa a ser considerado crime no Brasil
Relação trabalhista: Direitos da mulher!
A conquista pelos direitos da mulher foi o fruto
de grandes manifestos sociais e lutas femininas
que, devido a sua grande relevância,
vêm alterando a visão da sociedade ao longo
dos anos e garantindo sua inserção e condição
de igualdade no mercado de trabalho.
Mesmo assim, elas ainda sofrem com preconceito e
discriminação no ambiente laboral. Para combater esse
problema, empresas e funcionárias devem conhecer os
direitos da mulher.
A regulamentação do trabalho da mulher
Antigamente, a mão de obra feminina era
amplamente explorada, sem critério algum.
Com o passar dos anos e o aumento da sua
inclusão no mercado de trabalho, os direitos
da mulher foram estabelecidos na legislação
brasileira.
Contudo, o princípio da igualdade entre homens e mulheres
traz discussões e algumas controvérsias no meio jurídico, pois
a própria constituição conta com normas voltadas
exclusivamente para o trabalho feminino. Por isso, é
importante conhecer as particularidades sobre o assunto para
se manter bem informada.
Direitos da mulher no período da gestação
A gravidez, na grande maioria dos casos, não
impede a mulher de exercer normalmente
suas funções laborais até o início de sua
licença-maternidade (salvo casos especiais
de gestação ou trabalho).
A própria constituição brasileira assegura à gestante o direito
de estabilidade no emprego, desde a confirmação de sua
gravidez até cinco meses após o nascimento da criança. Além
disso, a mulher pode ser dispensada durante seu horário de
trabalho para a realização de suas consultas médicas e
exames. A empregada poderá ser transferida de função, se for
necessário, sendo assegurada a retomada do posto anterior logo após o
retorno da licença-maternidade.
Muitas pessoas não sabem, mas, conforme a Lei Nº 9.029/95, a gestação
— ainda que esteja apenas no início — não pode ser um motivo para a
negativa de uma admissão.
Licença-maternidade (filho natural ou por adoção)
Toda gestante tem o direito de tirar
a licença-maternidade a partir de seu oitavo
mês de gestação, sem prejuízo de seu
emprego e salários, que devem ser pagos
integralmente durante os 120 dias de licença.
Caso a empregada receba salário variável, o valor a ser recebido
mensalmente será a média de seus seis últimos rendimentos,
assim como as vantagens e benefícios inerentes ao cargo. Além
disso, empresas que fazem parte do programa Empresa
Cidadã (Lei 11.770/08) podem ampliar o período da
licença-maternidade por mais 60 dias.
Mães que adotam crianças também têm direito garantido à
licença-maternidade, assim como as gestantes, respaldadas pelo
Artigo 71-A da Lei 12873. Para esses casos, licença é pelo período
de 120 dias, independentemente da idade do adotado.
Período de amamentação
O aleitamento materno é mais um dos
direitos da mulher garantidos pela lei. A
partir do período nascimento da criança até
os seus 6 meses de idade (que pode ser
prorrogado a partir de um atestado
a funcionária temmédico),
direito a dois intervalos de descanso
durante a jornada de trabalho, cada um com trinta minutos
de duração, para amamentar o bebê.
Além disso, nas empresas que possuem a partir de 30 profissionais do
sexo feminino acima dos 16 anos de idade, é obrigatório ter um local
apropriado para que as empregadas possam dar assistência a seus
filhos durante o período da lactação.
Limite de carregamento de peso
Outra proteção que a lei dá à mulher é o
limite de carregamento de peso permitido
durante a execução de suas atividades. Por
motivos óbvios, uma funcionária do sexo
feminino não pode carregar a mesma carga que um
homem, devido à diferença de força física entre ambos.

CLT Art. 390 — Ao empregador é vedado empregar a mulher em


serviço que demande o emprego de força muscular superior a 20
(vinte) quilos para o trabalho contínuo, ou 25 (vinte e cinco) quilos
para o trabalho ocasional.
Descanso para realização de horas extras
Toda empregada tem o direito a um
intervalo de 15 minutos antes de iniciar uma
jornada extraordinária (hora extra),
respaldada pelo artigo 384 da CLT:
CLT Art. 384 — Em caso de prorrogação do horário normal,
será obrigatório um descanso de 15 (quinze) minutos no
mínimo, antes do início do período extraordinário do
trabalho.

O empregador que não cumprir o intervalo previsto deverá fazer o


seu pagamento como hora extra, além de seus reflexos nas demais
verbas trabalhistas, que podem ser bastante significativos, caso o
episódio seja recorrente.
Idade para aposentadoria
Até pouco tempo atrás, a idade mínima para os
homens era de 65 anos e, para a mulher, 60
anos.
Mas, com as mudanças recentes nas regras da
aposentadoria, não existe mais uma idade
mínima para se aposentar. O que conta é o tempo de
contribuição, que é de 35 anos para os homens e 30 para as
mulheres.
Para ter direito ao benefício, é preciso somar a idade com o
tempo de contribuição e atingir 85 pontos para mulheres e 95
para os homens. Por exemplo: Uma mulher de 53 anos que já tiver
contribuído com a previdência durante 32 anos (53 + 32 = 85
pontos), já tem o direito de se aposentar.
Licença para aborto natural além da
licença-maternidade
A lei trabalhista também protege os direitos
da mulher que sofreu aborto espontâneo ou
acidental, garantindo a ela duas semanas de
repouso remunerado em razão do problema
sofrido.
CLT Art. 395 — Em caso de aborto não criminoso,
comprovado por atestado médico oficial, a mulher terá um
repouso remunerado de 2 (duas) semanas, ficando-lhe
assegurado o direito de retornar à função que ocupava antes
de seu afastamento.
A igualdade salarial na CLT
No Brasil, a mulher ganha cerca de 30% a
menos que o homem, ainda que execute
as mesmas atividades inerentes ao cargo,
tenham qualificação profissional
equivalente e experiência, o que não
justifica a diferença salarial.
Para tentar fazer a equiparação salarial, a CLT adotou medidas
que reforçam o direito da mulher, com a intenção de coibir os
casos de discriminação e aumentar o acesso feminino ao mercado
de trabalho, com a proteção à maternidade e assuntos
específicos.
Acerca da igualdade salarial, o artigo 377
da CLT afirma:
CLT Art. 377 — A adoção de medidas de
proteção ao trabalho das mulheres é
considerada de ordem pública, não
justificando em hipótese alguma, a redução
de salário.
Logo, a profissional não pode ter sua remuneração reduzida ou
inferior ao homem. Empresas que não obedecerem a lei podem ser
penalizadas com multas determinadas pelas Delegacias Regionais
do Trabalho e Emprego em até vinte vezes o valor do salário-base.
É importante que todas as trabalhadoras tenham ciência dos
direitos da mulher e não aceitem nenhum tipo de discriminação no
aspecto profissional ou pessoal. Todos são iguais aos olhos da lei e
a trabalhadora deve ter sua relação de emprego protegida contra
injustiças e arbitrariedades.
FABIO MARCIO TAVARES SOUZA

GUARDA MUNICIPAL
PROF. DE HISTÓRIA PELA UNESA
FORMADO EM ATENDIMENTO A MULHERES EM SITUAÇÃO
DE VIOLENCIA PELA SENASP
fabio.marcio2007@gmail.com

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